Para 16/06/03

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Pronunciamento do Deputado
Carlos Nader em 18/06/2003
“A IMPORTÂNCIA DO DIÁLOGO”
Senhor Presidente,
Senhoras e Senhores Deputados
Um dos sinais de grandeza do homem é a capacidade de rever posições, reavaliar
conceitos. Ninguém está impedido de ser a favor de alguma coisa porque foi contra
no passado. Quando esta reavaliação se dá com sinceridade, e não por
oportunismo, mostra que o homem tem dignidade.
Assistimos hoje a uma voz quase que geral no País reivindicando a redução dos
juros. O falecido jornalista Nelson Rodrigues já dizia que toda a unanimidade é
burra. Em alguns casos, sem dúvida, mas, nesta questão cabe perguntar se a quase
unanimidade do povo brasileiro está mesmo errado ou se a insistência do governo
em ratificar juros tão elevados não carrega também um tom de arrogância, de
necessidade de provar autoridade, causando danos irreparáveis ao Brasil e aos
brasileiros.
Até mesmo o Conselho de Desenvolvimento nomeado pelo excelentíssimo senhor
Presidente da República reivindica a redução dos juros. Houve um momento,
principalmente no auge da campanha eleitoral, que justificou a elevação dos juros
para evitar uma conjunção de fatores que poderiam por em marcha um processo
inflacionario.
Todavia, hoje temos um cenário perigoso, com sinais claros e evidentes de
recessão econômica, cujo preço, todos sabemos, é pago por todos os setores, mas
principalmente pela população mais pobre. É ela que sente os efeitos mais pesados
da redução de investimentos, da produção menor e de todos os efeitos de um
quadro recessivo.
Os economistas costumam dizer que às vezes é preciso um remédio amargo para
curar uma doença. Mas eles se esquecem de dizer que qualquer remédio, quando
utilizado além da conta, pode causar a morte do paciente. E o que vemos é que os
juros elevados estão deixando a sensação de que, em vez de curar, o remédio
amargo corre o risco de matar a economia brasileira, impondo uma recessão que os
brasileiros não terão como suportar.
Num cenário recessivo crescem as dificuldades. Qualquer um sabe que retomar o
crescimento após um longo período recessivo é uma caminhada lenta, vagarosa.
Ou seja: certamente estaremos pagando bem adiante o preço da irredutibilidade de
hoje da equipe econômica em relação aos juros.
Uma posição que já criou a impressão de ter sido ratificada, como disse antes, pela
necessidade da prova de autoridade. Membros do governo chegaram a afirmar que
os juros não baixaram porque havia pessoas falando demais, numa clara referência
ao vice-presidente da República, que tem sido a voz mais freqüente dentro do
próprio governo a favor da redução dos juros.
Será que, para não dar o braço a torcer, para não passar a impressão de que se
curva diante de pressões, o Banco Central está enforcando a economia, mantendo o
laço cada vez mais apertado? Custa-me a crer, mas também não duvido nem
mesmo desta possibilidade, pois muitos ocupantes de cargos públicos têm
dificuldades para manter a humildade e admitir que erram.
Não é possível que esteja todo mundo errado e apenas o governo certo. Toda a
sociedade clama pela redução de juros, como se gritassem “salvem o paciente”,
enquanto o governo, tomado por uma injustificável surdez, assiste imóvel o clamor
nacional.
Muito Obrigado.
CARLOS NADER - PFL/RJ
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