Pronunciamento do Deputado Carlos Nader em 18/06/2003 “A IMPORTÂNCIA DO DIÁLOGO” Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados Um dos sinais de grandeza do homem é a capacidade de rever posições, reavaliar conceitos. Ninguém está impedido de ser a favor de alguma coisa porque foi contra no passado. Quando esta reavaliação se dá com sinceridade, e não por oportunismo, mostra que o homem tem dignidade. Assistimos hoje a uma voz quase que geral no País reivindicando a redução dos juros. O falecido jornalista Nelson Rodrigues já dizia que toda a unanimidade é burra. Em alguns casos, sem dúvida, mas, nesta questão cabe perguntar se a quase unanimidade do povo brasileiro está mesmo errado ou se a insistência do governo em ratificar juros tão elevados não carrega também um tom de arrogância, de necessidade de provar autoridade, causando danos irreparáveis ao Brasil e aos brasileiros. Até mesmo o Conselho de Desenvolvimento nomeado pelo excelentíssimo senhor Presidente da República reivindica a redução dos juros. Houve um momento, principalmente no auge da campanha eleitoral, que justificou a elevação dos juros para evitar uma conjunção de fatores que poderiam por em marcha um processo inflacionario. Todavia, hoje temos um cenário perigoso, com sinais claros e evidentes de recessão econômica, cujo preço, todos sabemos, é pago por todos os setores, mas principalmente pela população mais pobre. É ela que sente os efeitos mais pesados da redução de investimentos, da produção menor e de todos os efeitos de um quadro recessivo. Os economistas costumam dizer que às vezes é preciso um remédio amargo para curar uma doença. Mas eles se esquecem de dizer que qualquer remédio, quando utilizado além da conta, pode causar a morte do paciente. E o que vemos é que os juros elevados estão deixando a sensação de que, em vez de curar, o remédio amargo corre o risco de matar a economia brasileira, impondo uma recessão que os brasileiros não terão como suportar. Num cenário recessivo crescem as dificuldades. Qualquer um sabe que retomar o crescimento após um longo período recessivo é uma caminhada lenta, vagarosa. Ou seja: certamente estaremos pagando bem adiante o preço da irredutibilidade de hoje da equipe econômica em relação aos juros. Uma posição que já criou a impressão de ter sido ratificada, como disse antes, pela necessidade da prova de autoridade. Membros do governo chegaram a afirmar que os juros não baixaram porque havia pessoas falando demais, numa clara referência ao vice-presidente da República, que tem sido a voz mais freqüente dentro do próprio governo a favor da redução dos juros. Será que, para não dar o braço a torcer, para não passar a impressão de que se curva diante de pressões, o Banco Central está enforcando a economia, mantendo o laço cada vez mais apertado? Custa-me a crer, mas também não duvido nem mesmo desta possibilidade, pois muitos ocupantes de cargos públicos têm dificuldades para manter a humildade e admitir que erram. Não é possível que esteja todo mundo errado e apenas o governo certo. Toda a sociedade clama pela redução de juros, como se gritassem “salvem o paciente”, enquanto o governo, tomado por uma injustificável surdez, assiste imóvel o clamor nacional. Muito Obrigado. CARLOS NADER - PFL/RJ