N_13_2_agro_manejo_ daninhas_ soja_176

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MANEJO E INTERFERÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS EM SOJA:
UMA REVISÃO
INTERFERENCE AND MANAGEMENT OF WEEDS IN SOYBEAN: A
REVIEW
Fernanda Lopes Salvador1
RESUMO
As plantas daninhas são pioneiras em diversidade dos ecossistemas, estão em vários
lugares e conseguem esta diversidade em função de sua agressividade, de sua rápida
disseminação e grande capacidade de extrair nutrientes do solo, dentre outras qualidades. A
soja é uma cultura que sofre com a presença das plantas daninhas, tendo sua produtividade
reduzida, afetando a qualidade dos grãos e diminuindo a colheita. O manejo das plantas
daninhas na cultura da soja deve ser realizado com base nas características biológicas da
cultura e da planta daninha, determinando o período de interferência para que seja escolhido o
método mais adequado de controle evitando as perdas na produção. A busca por
produtividade e economia torna mais rígido o controle de plantas daninhas, fazendo dos
métodos considerados eficientes, como os herbicidas, uma solução para todos os problemas. É
nesse contexto que a cultura da soja está inserida, buscando a escolha do melhor herbicida
para o controle de determinada planta daninha, visando a melhor produtividade.
Palavras-chave: Glycine max, L., interferência, planta daninha.
ABSTRACT
The weed plants are pioneering in diversity of the ecosystems, they are in several
places and they get this diversity in function of its aggressiveness, of its fast spread, great
capacity to extract nutrients in the soil among other qualities. The soybean is a culture that
suffers with the presence of weed plants, which causes losses in the harvest, besides to affect
the quality of the grains and to reduce the amount of harvested grains. The soybean is a native
culture of temperate climate, and it is a disadvantage to compete with the weeds, which are
adapted to the tropical climate. The management of the weed plants in soybean should be
1
Engª Agrª Mestranda, Pós Graduação em Fitotecnia. ESALQ-USP, Piracicaba, SP. [email protected]
Revista da FZVA.
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Manejo e interferência...
accomplished in the biological characteristics in the crop and in the own weed plant; to
determine the interference period is the solution to the problems, because it is possible to
choose the most appropriate method of control avoiding the losses in production. The
productivity search and economy turns more rigid the control of weed plants, doing the
methods that are considered efficient, as the herbicides, a solution for all of the problems. In
this context the soybean culture is inserted, looking for the choice of the best herbicide to
control weed plants, trying to get the best productivity.
Key words: Glycine max (L.) Merrill, interference, weed plant.
infestantes da área é importante para os
INTRODUÇÃO
produtores, pois facilita a utilização de um
A soja [Glycine max (L.) Merrill] é
manejo
adequado
destas
plantas
e
a oleaginosa mais cultivada no mundo,
principalmente
originária do Extremo Oriente, é a base da
constante de qualquer tipo de mudança da
alimentação dos povos da região da China,
flora daninha, tanto ao nível de espécies
Japão e Indonésia (MATOS, 1987). Apesar
predominantes quanto de biótipos dentro de
de ser uma cultura muito explorada, a soja
cada espécie (CHRISTOFFOLETI, 1998).
encontra
problemas
monitoramento
de
As plantas daninhas apresentam,
produtividade quando na presença de
basicamente, as mesmas necessidades que
plantas daninhas, as quais reduzem lucros e
as
aumentam custos, tornando o produto final
nutrientes. Entretanto, devido à sua maior
menos competitivo no mercado. Segundo
habilidade em aproveitá-los, conseguem
LORENZI
interferências
acumulá-los
causadas pelas plantas daninhas reduzem a
quantidades
produção agrícola em cerca de 30 a 40%.
cultivadas (DEUBER, 1986).
A
alguns
um
(2000),
as
competição
com
as
plantas
plantas
cultivadas
em
em
seus
maiores
que
termos
tecidos
as
de
em
plantas
Os prejuízos na cultura da soja
daninhas é um dos fatores que mais afeta a
variam
produtividade da cultura da soja, causando
infestantes existentes na cultura, com o tipo
prejuízos não só na produção agropecuária,
de cultivar e a intensidade de interferência
mas
que a cultura está sofrendo (VOLL et al.,
também
ao
homem,
infestando
diversas áreas industriais, margens de
estradas, leitos de ferrovias, parques,
jardins,
entre
conhecimento
outros
das
lugares.
plantas
de
acordo
com
as
espécies
2002).
A utilização de técnicas de controle
O
das infestações não são simples, pois já no
daninhas
ano de 1982 as perdas provocadas por
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daninhas,
irão interferir não só na produtividade mas
atingiram 35 bilhões de dólares. Só com o
também na operacionalização do sistema de
controle foram gastos 10 bilhões de dólares
produção empregado.
pragas,
doenças
e
plantas
As
e 10% deste total era representado pelas
plantas
daninhas
são
perdas ocasionadas pelas plantas daninhas
competitivas devido as características de
(SHAW, 1982).
sobrevivência
que
apresentam.
Para
Em vista da competição que a
tornarem-se mais competitivas, as daninhas
cultura sofre há necessidade de um manejo
desenvolveram inúmeros mecanismos de
utilizando diferentes métodos de controle
agressividade,
como
de plantas daninhas, visando minimizar ou
sobrevivência
em
mesmo extinguir a interferência causada na
grande produção de sementes, com grande
cultura da soja cultura.
facilidade de dispersão e longevidade;
a capacidade de
condições
adversas;
mecanismos de propagação eficientes como
DEFINIÇÕES
rizomas, tubérculos, que resistem no solo
por longos períodos (LORENZI, 1982).
PLANTA DANINHA
O conceito de planta daninha baseia-
INTERFERÊNCIA
se nos princípios da indesejabilidade em
A interferência das plantas daninhas
relação ao homem. Considera-se planta
sobre culturas agrícolas constitui o conjunto
daninha uma planta que cresce onde não é
de ações sofridas pela população da planta
desejada (SHAW, 1982; LORENZI, 1982).
cultivada como conseqüência da presença
Planta daninha já foi um dia
de plantas daninhas no ambiente comum. A
definida como uma “erva” estranha a uma
interferência pode ser direta, envolvendo a
cultura e que compete com ela por luz,
competição pelos recursos do meio, a
umidade e nutrientes. Botanicamente não
alelopatia e o parasitismo; ou indireta
existe a palavra “erva” e nem mesmo “ erva
envolvendo prejuízos à colheita e tratos
má”,
culturais ou atuando como hospedeiras
mas
são
assim
chamadas
por
invadirem as culturas, prejudicando seu
intermediárias
desenvolvimento (SAAD, 1968).
nematóides (PITELLI, 1985).
PITELLI
plantas
daninhas
espontaneamente
(1985)
como
conceitua
aquelas
emergem
as
Em
de
pragas,
relação
à
doenças
avaliação
e
da
que,
interferência imposta pelas plantas daninhas
nos
às culturas, as estimativas de perdas podem
ecossistemas agrícolas podendo causar uma
ser
série de fatores às plantas cultivadas que
interferência
calculadas
pelos
períodos
daninha-cultura,
sendo
de
o
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Manejo e interferência...
Período Anterior à Interferência (PAI), o
Período
Crítico
de
a
Para o entendimento dos períodos de
Interferência (PCPI) e o Período Total de
interferência, SPADOTTO et al. (1992),
Prevenção de Interferência (PTPI). Quando
realizou um estudo com plantas de picão-
PAI é menor que o PTPI encontramos o
preto (Bidens pilosa) na cultura da soja e
Período
a
verificaram que o período de interferência
Interferência (PCPI). O PCPI é, por
inicial, ou o período anterior a interferência
definição, o período do ciclo durante o qual
(PAI), foi da emergência até 49 dias do
a convivência da cultura com as plantas
ciclo da cultura. A partir dos 49 dias a
daninhas
na
planta daninha começou a interferir na
produtividade da espécie de interesse
cultura, reduzindo a produtividade de 2.355
econômico,
kg.ha-1 (na ausência de plantas daninhas)
Crítico
Prevenção
PERÍODOS DE INTERFERÊNCIA
de
resultam
Prevenção
em
corresponde
prejuízo
aos
limites
máximos entre os dois períodos (PAI e
para 2.131 kg.ha-1.
PTPI). O PAI é o período em que, a partir
da emergência ou semeadura da cultura,
esta pode conviver com a comunidade
infestante antes que sua produtividade ou
outras
características
sejam
afetadas
negativamente. O PTPI é o período, a partir
da emergência ou semeadura da cultura, em
que esta deve ser mantida livre da presença
da comunidade infestante para que sua
produtividade
não
seja
afetada
negativamente (PITELLI & DURIGAN,
1984).
período
de
interferência
de
Euphorbia heterophylla (amendoim bravo,
leiteiro) na cultura da soja foi estudado por
MESCHEDE et al. (2002). O experimento
objetivava avaliar os efeitos da interferência
em
baixa
densidade
de
semeadura,
utilizando 17 plantas por metro linear, com
espaçamento de 0,45m entre linhas. O
estande final era composto pela densidade
de 12 plantas por metro linear. Constataram
que o período total de prevenção à
interferência (PTPI) foi de 44 dias e o
Esses períodos de interferência têm
sido o alvo de inúmeros trabalhos recentes
de
O
pesquisa
em
diferentes
culturas
(FREITAS et al., 2002; KOZLOWSKI et
al., 2002; SALGADO et al., 2002; KUVA
et al., 2003; SKÓRA NETO, 2003).
período anterior a interferência foi de 17
dias, inferior a outros estudos. Os dados
indicam uma suscetibilidade precoce da
cultura
à
interferência
imposta
pelo
amendoim bravo, sob condições de baixo
estande da soja. Segundo a maioria dos
trabalhos, o período anterior a interferência
(PAI) em densidades normais de plantio,
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situa-se entre 20 e 50 dias após a
contados a partir da emergência da mesma.
emergência (ROSSI, 1985; HARRIS &
Concluíram que o período anterior a
RITTER, 1987; VELINI, 1989), bem maior
interferência (PAI) foi de sete dias, o
do
período
que
o
período
encontrado
neste
crítico
de
prevenção
da
interferência (PCPI) localizou-se entre o
experimento.
CARVALHO & VELINI (2001),
sétimo e o 53° dia e o período total de
estudaram os períodos de interferência das
prevenção da interferência (PTPI) foi de 53
plantas daninhas na cultura da soja, cultivar
dias, para o espaçamento de 30 cm. Para o
IAC-11. Os tratamentos foram compostos
espaçamento de 60 cm, o PAI foi de 18
de testemunhas capinadas e sem capina e de
dias, o PCPI de 14 a 47 dias e o PTPI de 47
diferentes épocas de controle das plantas
dias.
daninhas, onde a cultura foi mantida na
espaçamento menor tem o PAI menor, ou
presença ou na ausência das mesmas.
seja, o controle deve ser realizado mais
Constataram que o período anterior a
precocemente (MELO et al., 2001).
Assim,
a
soja
plantada
em
interferência (PAI) foi de 49 dias e o
período total de prevenção a interferência
(PTPI) como sendo de 20 dias. Deste modo,
QUANTIFICAÇÃO DAS PERDAS POR
INTERFERÊNCIA
não houve período crítico de prevenção a
Inúmeras são as perdas causadas
interferência, pois o período anterior a
pelas daninhas na cultura da soja. Segundo
interferência (49 dias) foi maior que o
alguns dados, as perdas na região de
período total (PTPI). Como método de
Campinas, SP, chegaram a 90% em dois
controle
é
experimentos quando a competição ocorreu
recomendado um herbicida pós-emergente,
durante todo o ciclo da cultura (BLANCO,
cujo efeito residual vai de 20 dias até o
1973).
das
daninhas
neste
caso,
término do PAI (49 dias) ou um pré-
BRIDGES et al. (1992) verificaram
emergente que apresente um efeito residual
que a cultura da soja apresenta reduções de
que ultrapasse o PTPI (20 dias). Um outro
produtividade de 30 a 50% quando há
estudo foi realizado para avaliar os períodos
infestação do leiteiro (E. heterophylla), nas
de interferência de plantas daninhas em
densidades de 12 e 32 plantas.m-2. Em
soja, utilizando dois espaçamentos, 30 e 60
trabalho com Euphorbia dentata, JUAN et
cm. Os tratamentos foram: ausência e
al. (2003), constataram que a competição
presença de plantas daninhas por 0, 10, 20,
desta planta daninha com a cultura da soja
30, 40, 50 e 60 dias do ciclo da soja,
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Manejo e interferência...
causou redução de 40% no número de
atrasa do começo de Maio ao começo de
legumes por planta de soja.
Junho. As perdas no campo originadas de
O processo de tomada de decisão de
1,7 daninhas.m-1 na linha foram de 10, 18 e
controle de plantas daninhas é baseado em
20% para soja plantada no começo de Maio,
níveis de danos econômicos, apoiados nos
meio de Maio e começo de Junho,
modelos existentes de previsão de perda. A
respectivamente. Para 6,7 daninhas.m-1 as
partir desta constatação, SPADOTTO et al.
perdas foram ainda maiores para as mesmas
(1992) estudaram os parâmetros para o
datas anteriormente citadas, 17, 31 e 35%.
monitoramento da interferência de plantas
Para o algodão, com 1,7 daninhas.m-1 na
daninhas na cultura da soja. A cultura
linha, as perdas foram de 33 e 28% para
permaneceu na presença e na ausência da
início de Maio e de Junho e para 6,7
comunidade infestante de folhas largas
daninhas.m-1 as perdas chegaram a 50% em
desde a emergência até os 0, 10, 20, 30. 40,
cada uma das datas anteriores. Concluíram
50, e 60 dias de seu ciclo. Os autores
que, para o algodão, a data de plantio não
observaram que o monitoramento do nível
influiu nos níveis de interferência das
de dano econômico deve ser realizado tendo
daninhas pelo fato do estudo não ter sido
como referência o acúmulo total de matéria
suficiente para comprovar a interferência.
seca da comunidade infestante e os
Para a soja é necessário o estabelecimento
seguintes parâmetros de crescimento das
de datas de plantio bem definidas, podendo
plantas
assim, reduzir as perdas causadas pela
de
soja:
número
de
folhas
trifolioladas, área da lâmina foliar, acúmulo
interferência das daninhas.
de matéria seca de folhas e matéria seca
total.
VOLL et al. (2002) estudaram a
competição de espécies de plantas daninhas
KLINGAMAN & OLIVER (1994),
conduziram
campos
com dois cultivares de soja de ciclo precoce
experimentais
(Embrapa-48) e ciclo médio (Embrapa-62).
separados de soja e algodão e avaliaram as
O objetivo do trabalho foi avaliar a
datas de plantio como fator determinante da
competição de E. heterophylla (amendoim-
perda durante a colheita. A soja estava
bravo), Brachiaria plantaginea (capim-
infestada com Ipomoea hederacea var.
marmelada), Ipomoea grandifolia (corda-
integriuscula
Senna
de-viola) e S. obtusifolia (fedegoso) na
obtusifolia (fedegoso). As perdas no campo
redução da produtividade da soja. Segundo
resultantes da interferência das plantas
os
daninhas aumentam conforme o plantio
apresentou uma produtividade de 2.819
(corda-de-viola)
e
resultados,
o
cultivar
Embrapa-48
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kg.ha-1 na ausência de plantas daninhas;
resultados obtiveram que as melhores
quando na presença de amendoim bravo na
variáveis explicativas da previsão de perdas
-2
a
de rendimento de grãos de soja pela
produtividade da soja sofreu uma redução
interferência de picão-preto foram as
de 56%, apresentando uma produtividade
características
de 1.689 kg.ha-1 . Para o capim marmelada a
densidade de folhas e a área foliar. Deste
redução foi de 20%, para a corda-de-viola
modo,
foi de 33% e o fedegoso, 55%. Para o
quantificação de perdas e métodos de
cultivar Embrapa-62, com produtividade de
controle que evitem ou amenizem os danos
2.565 kg.ha-1 houve uma redução de 60%
causados pelas plantas daninhas na cultura
com
da soja.
densidade
a
de
22,1
presença
plantas.m
de
fedegoso.
A
morfológicas,
percebe-se
a
como
importância
da
quantificação de perdas ocasionadas pela
planta daninha E. heterophylla na cultura da
soja foi estudada em trabalho realizado no
OUTROS TIPOS DE
INTERFERÊNCIA
Paraná, onde esta planta daninha é uma das
MEROTTO et al. (2002) estudaram
principais infestantes. Constataram que a
os efeitos da competição artificial e da
presença da daninha proporcionou perdas
competição natural (própria planta daninha)
diárias de produtividade de 5,15 kg.ha-1,
na cultura da soja e do arroz. Foram
enquanto que a ausência desta planta
realizados dois experimentos: o primeiro
daninha
de
avaliando as fontes de luz artificiais e o
kg.ha-1
segundo avaliando a variação da presença
representou
produtividade
de
ganho
7,27
diário
(MESCHEDE et al., 2002).
de daninhas na área total ou na entrelinha.
Avaliações de diferentes variáveis
Concluíram que as plantas daninhas até os
para o uso no modelo de previsão de perdas
15 e 16 dias após a emergência diminuíram
pela interferência de picão-preto em soja foi
o crescimento da soja e do arroz. As plantas
estudado por FLECK et al. (2002b). As
daninhas podem ser consideradas como
densidades das plantas daninhas foram
fatores
avaliadas aos 20 e 30 dias após a
quantidade de luz e interferência no
emergência da soja (DAE) e na pré-
desenvolvimento inicial das culturas, por
colheita. As características morfológicas
sombreá-las.
principais
de
alteração
da
das plantas de picão-preto, como densidade
O condicionamento osmótico de
de folhas, área foliar e cobertura foliar do
sementes é uma técnica eficiente utilizada
solo foram avaliadas aos 20 DAE. Como
para melhorar a germinação e o vigor das
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Manejo e interferência...
sementes. Em experimento para avaliar essa
técnica. O efeito competitivo cultura-planta
técnica, dois cultivares de soja, Doko e
daninha foi verificado pelos menores
UFV-5
diferentes
valores de biomassa seca das daninhas nos
temperaturas. As sementes desses cultivares
tratamentos em que foram utilizadas as
foram
sementes
foram
testadas
submetidas
ao
em
condicionamento
colhidas
no
estádio
R8
e
osmótico, utilizando o polietileno glicol
condicionadas osmoticamente, concluindo
6000, uma solução que foi colocada nos
que o condicionamento osmótico é uma
papéis de germinação, no interior de alguns
técnica que permite a cultura ser mais
gerbox para a semente ser acondicionada
competitiva.
nas câmaras de germinação. Concluíram
que essa técnica é eficiente para melhorar o
vigor das sementes e a qualidade de
MÉTODOS DE MANEJO DE
PLANTAS DANINHAS
As etapas de controle utilizadas
germinação (GIÚDICE et al., 1999).
de
como manejo de plantas daninhas são:
GIÚDICE et al., (1999), NUNES et al.
erradicação ou supressão, prevenção e
(2002) desenvolveram um experimento para
controle
verificar o efeito do condicionamento
(CONSTANTIN, 2001).
Baseado
no
experimento
propriamente
dito.
na
As medidas de erradicação visam a
habilidade competitiva da cultura com as
eliminação de determinadas plantas na área,
plantas daninhas. Quando as sementes são
sendo destruídas suas sementes ou qualquer
submetidas ao condicionamento osmótico,
outra forma de propagação. Nesta categoria
absorvem
água,
o controle utilizado engloba produtos
se
químicos que promovam a desinfecção do
osmótico
das
sementes
mais
permitindo
reestruturem
que
de
de
lentamente
as
soja
a
membranas
forma
ordenada,
solo (BARARPOUR & OLIVER, 1998).
aumentando o vigor das sementes. Os
As medidas de prevenção incluem
experimentos avaliaram sementes colhidas
métodos que dificultem a introdução e a
no estádio fenológico R8 com e sem o
disseminação de plantas daninhas em áreas
condicionamento osmótico. Deste modo,
onde elas ainda não foram introduzidas. As
observaram que os estandes iniciais e finais
medidas de prevenção incluem o uso de
de plantas colhidas em R8 foram maiores
sementes
certificadas
quando
legislação
vigente,
utilizou-se
o
condicionamento
de
que
a
preparo
sigam
limpeza
do
solo
a
de
osmótico, mas o número de sementes por
equipamentos
e
planta não foi alterado pela utilização desta
colhedoras; utilização de mudas livres de
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plantas daninhas; cuidados com adubos
alternativa quando há a possibilidade de ser
orgânicos; cuidados com canais de irrigação
utilizada, pois um grande número de plantas
e outras áreas próximas à propriedade que
daninhas não sobrevive quando uma área é
possam estar contaminadas por algum tipo
inundada e as plantas são totalmente
de daninha; utilização de sistema adequado
imersas (VICTORIA FILHO, 2000). Essa
de manejo do solo na entressafra, como
técnica não é muito utilizada.
As
rotação de culturas (CONSTANTIN, 2001).
coberturas
plásticas
para
Se as medidas preventivas não forem
controlar daninhas, segundo GELMINI et
suficientes e as daninhas conseguirem
al. (1994) podem ser utilizadas. Há relatos
disseminar-se, os focos iniciais de novas
de sucesso desse recurso em algumas
plantas
culturas como morango, videira e algumas
daninhas
também
devem
ser
isolados, evitando o seu alastramento
(GELMINI
et
al.,
1994;
VICTORIA
frutíferas.
Controle cultural
FILHO, 2000).
A adoção de medidas de controle
culturais envolvem métodos que permitam
TIPOS DE CONTROLE
O controle é o manejo propriamente
dito que irá reduzir o número de plantas
daninhas
a
fim
de
impedir
que
a
interferência sobre as plantas cultivadas
reduza a produção econômica, além de
prevenir
o
aumento
no
número
de
propágulos (POOLE & GILL, 1987). O
controle pode ser físico, cultural, biológico,
mecânico ou químico.
que a relação entre daninha-cultura seja
favorecida, considerando que as raízes das
plantas daninhas e das culturas cultivadas,
ao se desenvolverem em um mesmo
ambiente
o
mesmo
espaço,
competindo por água e nutrientes. Um bom
manejo permite que a planta cultivada
ganhe no aspecto competitivo, em relação
as daninhas (VICTORIA FILHO, 2000).
A
Controle físico
ocupam
escolha
de
cultivares
é
determinante no sucesso do controle de
Como medidas de controle físicas
plantas daninhas. Especial atenção deve ser
pode-se utilizar o calor, onde há a
dada as cultivares que tenham fechamento
coagulação do protoplasma em células
mais
vegetais, provocando a morte da planta
daninhas (LIEBAMN et al., 2001).
(BRYANT, 1989).
rápido,
controlando
melhor
as
O período de controle deve ser
A água, tanto na inundação quanto
respeitado, não só visando a interferência
na drenagem também pode ser uma
das plantas daninhas sobre a produção da
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Manejo e interferência...
cultura como também o controle até a
funciona
colheita (CARVALHO & VELINI, 2001).
dificultando
REGNIER
&
JANKE
(1990)
incluem no controle cultural: utilização de
como
ou
uma
barreira
mesmo
física,
impedindo
a
germinação das daninhas (VELINI &
NEGRISOLI, 2000).
cobertura morta e rotação de culturas, a
A eficiência do manejo pela palhada
utilização de cultivares competitivos e/ou
da cultura, utilizada como cobertura morta,
alelopáticos e a utilização de diferentes
pode ser constatada pela dificuldade dos
espaçamentos e épocas de semeadura.
processos de germinação dos propágulos e
A rotação de culturas visa modificar
a
população
de
plantas
daninhas
pela presença de dormência, pois a palha
atua na incidência da luz, na temperatura e
predominantes, propiciando a diversificação
na
dos métodos de controle, pois quando
barreira
diferentes culturas exploram uma mesma
emergência das plântulas das infestantes
área, a intensidade de competição e os
anuais, tendo um efeito alelopático muitas
efeitos
vezes (CORREIA & DURIGAN, 2004).
alelopáticos
são
modificados,
umidade,
funcionando
física
de
como
uma
impedimento
à
possibilitando a oportunidade de utilização
A alelopatia é considerada como um
de herbicidas com mecanismos de ação
método de manejo ou controle aleloquímico
diferenciados, realizando uma rotação de
de daninhas não manipulável pelo homem,
herbicidas e de métodos de controle
estando
(GRAVENA et al., 2004).
ambientais,
A rotação de culturas é um manejo
ligada
a
vários
incluindo
estresses
temperaturas
extremas, deficiências de nutrientes e de
dos
umidade, incidência de luz, insetos, doenças
benefícios de melhor uso e enriquecimento
e herbicidas (EINHELLIG, 1996). Essas
do solo, há uma redução de dissemínulos de
condições
espécies que vegetam na área. Além disso,
aumentam a produção de aleloquímicos,
a rotação de cultura com o plantio direto
aumentando o potencial de interferência
tem
eficaz,
alelopática (EINHELLIG, 1995), o que
soja
contribui para o controle de plantas
cultural
importante,
sido
cada
principalmente
na
pois
vez
além
mais
cultura
da
(DEUBER, 1997).
de
estresse
freqüentemente
daninhas na cultura da soja.
A cobertura do solo influencia
Quimicamente, a palhada atua com
diretamente na germinação das plantas
seu efeito alelopático, pois a cobertura
daninhas, uma fez que há alterações nas
libera substâncias no meio que diminuem a
comunidades infestantes e a cobertura
germinação e o desenvolvimento das
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plantas daninhas. A Crotalaria juncea é
densidade de plantio da cultura na linha,
uma
segundo
mais precoce e efetivo é o fechamento da
CALEGARI et al. (1993), tem efeito
cultura, sendo então mais eficiente o
alelopático e/ou supressor de invasoras
controle das plantas daninhas (LIEBAMN
bastante expressivo, sendo utilizada muitas
et al., 2001). Em maiores espaçamentos,
vezes como cobertura morta para o plantio
onde a soja não cobre totalmente o solo, a
da soja.
umidade
leguminosa
anual
que,
existente
no
local
também
Os efeitos alelopáticos nem sempre
favorece as maiores infestações de plantas
são benéficos para a cultura. Em estudo
daninhas e tornam-se fatores limitantes de
com os efeitos alelopáticos e de competição
produção,
da
umidade é deficiente em estádios anteriores
invasora
capim-marmelada
(B.
plantaginea) na soja, ALMEIDA (1991)
principalmente
quando
a
(DOUGHERTY, 1969).
observou que houve alterações na soja após
A época de semeadura da soja após
45 dias da semeadura. A soja foi semeada e
a dessecação da cobetura vegetal é um
logo após, os vasos foram irrigados com
outro fator que influi na produtividade da
extratos aquosos da parte aérea do capim-
cultura. Um estudo foi realizado com o
marmelada nas concentrações de 0, 1, 5, 10
objetivo
e 13,3%. A produção de matéria seca das
semeadura e o controle de B. plantaginea,
raízes
sobre
da
soja
foi
reduzida
nas
de
a
determinar
produtividade
a
da
época
soja.
de
O
concentrações de 10 e 13,3% e também a da
experimento foi realizado em Eldorado do
parte aérea e a altura das plantas, na
Sul, utilizando as coberturas vegetais de
concentração de 13,3%. O número total de
aveia-preta
nódulos e o peso unitário dos mesmos
forrageiro (Raphanus sativus) e ervilhaca
reduziram-se gradativamente até atingirem
(Vicia sativa). Os tratamentos das parcelas
as concentrações de 10 e 13,3% , quando
principais foram épocas de semeadura da
inibiram completamente a sua formação.
soja (1 e 10 dias após aplicação de
Concluíram que existe um efeito alelopático
dessecante – DAD) e das subparcelas as
do extrato aquoso do capim-marmelada,
épocas de controle da B. plantaginea (11,
que não é benéfico à soja.
17, 24, 31, 38 e 45 dias após a emergência
(Avena
strigosa),
nabo-
O planejamento do espaçamento é
da soja – DAE, em semeadura de 1 DAD; e
um outro tipo de controle cultural, onde
8, 15, 22, 29, 36 e 42 DAE na semeadura
temos que, quanto menor o espaçamento
realizada aos 10 DAD). Constataram que o
entre as linhas de plantio e maior a
atraso na aplicação do controle da planta
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Manejo e interferência...
daninha causou reduções na estatura da soja
dano econômico. O equilíbrio entre a
e no rendimento de grãos, aos 10 DAD a
população
perda aumentou 0,67% para cada dia de
população da planta daninha ocorre em um
atraso no controle da daninha. Concluíram
nível abaixo do dano econômico e não há
que a soja deve ser semeada próximo do
erradicação da planta daninha.
momento da aplicação do dessecante,
do
agente
biológico
e
a
Controle mecânico
proporcionando um intervalo de aplicações
O controle mecânico conta com
de controle maior (FLECK et al., 2002a).
Em outro estudo sobre os efeitos da
época de semeadura da soja em relação a
dessecação da cobertura vegetal sobre a
produção de sementes de picão-preto (B.
pilosa) e guanxuma (Sida rhombifolia) os
autores verificaram que quanto mais cedo a
soja for plantada, logo após a dessecação da
cobertura vegetal, menor é a produção de
sementes
competição
pelas
plantas
intraespecífica
daninhas.
A
(competição
entre a própria planta daninha) é aumentada
quando a densidade de plantas daninhas
aumenta, os recursos ficam mais escassos ,
o que resulta na diminuição da produção de
sementes das daninhas e diminuição da
competição com a soja (FLECK et al.,
técnicas
de
eliminação
de
daninhas
mecanicamente. Um outro tipo de controle
envolve o controle manual de daninhas, que
é feito através do arranquio manual das
plantas daninhas. É um método muito
eficiente, porém lento e de difícil execução;
sendo uma prática que evita que uma nova
planta daninha venha a ser um problema
sério no futuro (CONSTANTIN, 2001).
A utilização de um cultivador
motomecanizado é uma boa alternativa e as
plantas daninhas perenes são facilmente
controladas por ele. A aração rotacional
pode ser uma alternativa viável de controle
mecânico, pois a flora das plantas daninhas
é modificada de uma maneira ampla,
permitindo o seu controle (CUSSAN &
2003).
MOSS, 1982).
Controle biológico
Controle químico
De acordo com VICTORIA FILHO
(2000), o controle biológico das plantas
daninhas pode ser definido como a ação de
parasitas, predadores ou patógenos na
manutenção de uma população de planta
daninha em uma densidade menor a àquela
que ocorre naturalmente, e que não cause
O controle químico consiste na
utilização de herbicidas, produtos que
interferem nos processos bioquímicos e
fisiológicos, podendo matar ou retardar
significativamente
o
crescimento
das
plantas daninhas. Podem ser utilizados
Revista da FZVA.
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herbicidas seletivos ou não à cultura e que
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
podem ser aplicados no manejo antes do
As plantas daninhas infestantes da
plantio, em pré-plantio incorporado (PPI),
soja estão representadas por espécies que se
em pré-emergência (Pré) da cultura e das
desenvolvem de acordo com as condições
plantas daninhas e em pós-emergência
agroecológicas da cultura, sendo importante
(Pós) da cultura e das plantas daninhas
que os produtores de soja conheçam as
(DEUBER, 1997).
principais áreas infestadas para fazer o
Segundo SHAW (1982) a utilização
monitoramento
adequado.
As
plantas
de herbicidas oferece algumas vantagens,
daninhas são um sério problema pois
tais como disponibilidade no mercado a
hospedam pragas e doenças, transmitindo-
preços acessíveis, no caso de alguns
as para as culturas, contribuindo cada vez
produtos; ação rápida e eficiente em densas
mais para a diminuição da produção.
populações de daninhas, disponibilidade de
equipamentos,
seletividade
de
alguns
produtos.
Para VICTORIA FILHO (1982) o
O manejo das plantas daninhas é um
componente muito importante para que a
sustentabilidade
na
agricultura
seja
atingida, ou melhor, o manejo adequado
controle químico deve ser bem monitorado,
dos
observando alguns parâmetros como atingir
ambiente desfavorável a elas mediante o
o alvo ao qual é dirigido, apresentar
emprego de métodos preventivos, culturais,
retenção do produto pela folha, absorção e
mecânicos, biológicos e químicos.
translocação pela planta e aplicação no
solo.
recursos
Deste
naturais,
modo,
mantendo
é
evidente
um
a
importância econômica do controle das
Para GELMINI et al. (1994) há
plantas daninhas na cultura da soja na fase
algumas desvantagens na aplicação de
inicial, para evitar a competição pelos
herbicidas, pois é necessário mão-de-obra
fatores de produção, evitando a queda na
especializada e responsável, orientação
produtividade na fase final do ciclo da
técnica, grau de controle variável em
cultura.
função de inúmeros fatores como tipo de
solo, distribuição das chuvas; possibilidade
de residual no solo, prejudicando a sucessão
ou rotação de culturas e favorecendo o
aparecimento de outras daninhas devido à
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