diagnóstico de enfermagem em emergencia: desafio de sua

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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM CONDUTAS DE
ENFERMAGEM A PACIENTES CRITICOS
FERNANDO DE AGUIAR
DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM EM EMERGENCIA: DESAFIO DE
SUA APLICABILIADADE
CRICIUMA, AGOSTO 2008
1
FERNANDO DE AGUIAR
DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM EM EMERGENCIA:
DESAFIO DE SUA APLICABILIDADE
Monografia apresentada ao Setor de PósGraduação da Universidade do Extremo Sul
Catarinense - UNESC, para a obtenção do
título de especialista em Condutas de
Enfermagem a Pacientes Críticos.
Orientadora: Profª. MSc. Maria Augusta da
Fonte
CRICIUMA, AGOSTO 2008
2
Dedico a Deus e a todas as pessoas que
fizeram parte desta trajetória, contribuindo
para a realização desta pesquisa: esposa,
filha, pais, irmã, amigos, colegas de trabalho
e colegas onde foi realizada a pesquisa.
3
A Deus que sempre esteve me iluminando;
A minha família, em especial minha esposa
Andréa e minha filha Amanda - fortaleza
onde renovo minhas forças e encontro a
mais
pura
paz;
Aos
amigos,
pela
compreensão da ausência; A equipe de
enfermagem do HNSC, por possibilitar a
concretização desta pesquisa; A todos que
direta ou indiretamente, contribuíram em
todas as fases deste trabalho.
4
DE TUDO FICARAM TRÊS COISAS:
a
certeza
de
que
estamos
sempre
começando...
a certeza de que é preciso continuar...
a certeza de que seremos interrompidos
antes de terminar...
PORTANTO DEVEMOS
fazer da interrupção um caminho novo...
da queda, um passo de dança...
do medo, uma escada...
do sonho, uma ponte...
da procura...um encontro.
Fernando Sabino
5
RESUMO
Este trabalho apresenta uma pesquisa qualitativa de cunho interpretativo-reflexiva,
realizada junto às enfermeiras do Hospital Nossa Senhora da Conceição – Centro,
município de Tubarão - SC, no período de janeiro a fevereiro de 2008. O estudo teve
como objetivo, analisar a determinação do diagnóstico de enfermagem em unidade
de emergência do HNSC. Esta pesquisa baseia-se na resolução COFEN – 272/2002
– onde relata sobre a implantação da Sistematização da Assistência de
Enfermagem. Centralizou-se o estudo na aplicação do Diagnóstico de Enfermagem.
Os dados foram obtidos por meio de entrevista semi-estruturada, realizada com as
enfermeiras componentes da equipe de enfermagem da emergência do HNSC,
totalizando 02 questionários. A pesquisa segmentou-se em três momentos.
Primeiramente, foi realizada a caracterização geral do campo da pesquisa e
reconhecimento do processo de trabalho. No segundo momento, foi aplicada e
analisada a entrevista semi-estruturada. Finalizando a prática, foi elaborado uma
proposta visando melhorias para a qualidade da assistência e aplicação do
Diagnóstico de enfermagem. A partir do questionário, foi constatado que a qualidade
de atendimento à população tem sido prejudicada pela deficiência da não realização
de um processo sistematizado. Para contribuir com o aperfeiçoamento do processo
de trabalho, propostas como treinamentos, reuniões periódicas, proposta de adequar
o dimensionamento de pessoal foram sugeridos para a sistematização e otimização
do processo. A comunidade será diretamente beneficiada com a iniciativa, sentindo
o reflexo da qualidade no atendimento da equipe.
Palavras-chave:
Atendimento.
Enfermagem;
Diagnóstico;
Sistematização;
Qualidade;
6
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
COFEN – Conselho Federal de Enfermagem.
COEP – Comite de Ética em Pesquisa.
HNSC – Hospital Nossa Senhora da Conceição.
PS – Pronto Socorro.
SAE – Sistematização da Assistencia de Enfermagem.
SC – Santa Catarina.
7
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 08
2 REVISÃO TEÓRICA ............................................................................................... 12
2.1 Processo de trabalho em saúde em unidade de emergência ...................... 12
2.2 Trabalho de equipe em emergência ................................................................ 14
2.3 Sistematização da assistência de enfermagem ............................................. 18
2.4 Diagnóstico de enfermagem............................................................................. 22
3 METODOLOGIA ..................................................................................................... 25
3.1 Caracterização do estudo ................................................................................. 25
3.2 Local do estudo .................................................................................................. 25
3.3 População............................................................................................................ 26
3.4 Procedimentos de coleta de dados ................................................................. 26
3.5 Análise e Interpretação dos dados .................................................................. 27
3.6 Aspectos éticos .................................................................................................. 27
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ...................................................... 28
4.1 Primeiro momento: descrição da observação realizada em campo de
estágio........................................................................................................................ 28
4.2 Segundo momento – análise da entrevista semi-estruturada ..................... 30
4.3 Propostas ............................................................................................................ 34
5 CONCLUSÃO.......................................................................................................... 36
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 38
APÊNDICES ............................................................................................................... 39
ANEXOS ..................................................................................................................... 43
8
1 INTRODUÇÃO
A performance do profissional da enfermagem pode contribuir muito para
o melhoramento da saúde da população quando se refere em otimização e
qualidade nas condições a oferecer para a sociedade. Estamos inseridos num
contexto histórico da enfermagem, onde a valorização da ciência do cuidar tem sido
constante e por isso a nossa atualização deve ser da mesma forma para atingir os
objetivos adequadamente e proporcionar ao cliente segurança e confiança quando
estiverem sob nossos cuidados.
O cuidado de enfermagem consiste no respeito, dignidade e saber. Este
torna-se o produto essencial do nosso trabalho, por isso que a atuação do
profissional tem que ser bem orientada por conhecimentos sólidos e com
embasamentos técnico-científico sobre as características a serem desenvolvidas
pelo nosso trabalho, assim, podemos contribuir para as alterações de saúde do
cliente de forma contínua e intermitente.
Como todos os clientes da enfermagem, o cliente de pronto socorro é visto
como especial, porem tem suas especificidades devido às exigências de tomar
decisões imediatas com segurança, agilidade, eficiência e eficácia. As diversidades
de patologias graves e não graves encontradas deverão ser tratadas ou iniciadas no
pronto
socorro
dando
continuidade
na
própria
rede
hospitalar
ou ainda
encaminhando para saúde pública para tratamento ambulatorial.
Para atender as inúmeras urgências e emergências encontradas em
pronto socorro o profissional de enfermagem deverá primeiramente ter intenso
conhecimento técnico-teórico e fazer parte integralmente da equipe de enfermagem,
ou seja, um conjunto de pessoas que lutam pelo mesmo objetivo, tentando alcançálos com mais rapidez e sendo liderado pelo enfermeiro. A qualidade do atendimento
a esses clientes tem que ser individualizada, rápida e coerente com as
possibilidades do ambiente hospitalar.
O enfermeiro e sua equipe devem incorporar um dinamismo generalista
quando se refere a toda amplitude de situações encontradas e ao mesmo tempo
individualizando o atendimento para cada cliente.
O enfermeiro é o profissional com graduação generalista, capaz de
trabalhar em equipe, tomando decisões em frente a situações em que intervir no
9
processo saúde-doença é necessário; além disso, deverá coordenar e direcionar os
membros da equipe para suas funções, estabelecendo sempre o registro das
atividades realizadas.
O Conselho Federal de Enfermagem através da resolução COFEN272/2002 (Anexo A), onde fala que:
[...] A Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE, sendo atividade
privativa do enfermeiro, utiliza método e estratégia de trabalho científico
para a identificação das situações de saúde/doença, subsidiando ações de
assistência de Enfermagem que possam contribuir para a promoção,
prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família e
comunidade; considerando a institucionalização da SAE como prática de um
processo de trabalho adequado às necessidades da comunidade e como
modelo assistencial a ser aplicado em todas as áreas de assistência à
saúde pelo enfermeiro.
Ainda citando a Resolução COFEN-272/2002 (Anexo A)- Artigo 3º:
A Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE deverá ser
registrada formalmente no prontuário do paciente/cliente/usuário, devendo
ser composta por: histórico de enfermagem, exame físico, diagnóstico de
enfermagem, prescrição da assistência de enfermagem, evolução da
assistência de enfermagem.
Sabendo da imensurável importância do registro de enfermagem e de
constituir e formalizar a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) no
âmbito hospitalar mais precisamente em Pronto Socorro frente aos clientes críticos e
semi-críticos, o estudo tentou desvendar os problemas encontrados por enfermeiros
da Emergências do Hospital Nossa Senhora da Conceição de Tubarão – SC, para
realizar o Diagnóstico de enfermagem.
O diagnóstico de enfermagem é o registro efetivado pelo enfermeiro após
colher informações do cliente como histórico e exame físico, e identificando as
dificuldades/problemas tecendo avaliação clínica sobre as respostas do individuo.
O estudo surgiu através da vivencia encontrada durante toda a vida
acadêmica e posteriormente atuando como profissional de enfermagem ao depararse com a frustração de não visualizar a prática da sistematização da assistência de
enfermagem por muitos enfermeiros.
A vida acadêmica mostra uma realidade permeada pela teoria e pratica e
suas aplicações, muitas vezes, não compatível com o discurso encontrado na
realidade de profissionais enfermeiros.
10
Frente ao exposto, esse estudo determinou os tipos de problemas que
dificultam a aplicação da sistematização da assistência de enfermagem e a
realização do diagnóstico de enfermagem em setor de emergência.
Sabendo da importância da aplicação do SAE, foi tentado estimular os
profissionais enfermeiros a realização do mesmo, instigando o exame físico e a
coleta de dados, para que assim, possa ter elementos suficientes para a analise das
necessidades e construção do diagnóstico de enfermagem, teve como tema deste
estudo DIAGNOSTICO DE ENFERMAGEM EM EMERGENCIA: DESAFIO DE SUA
APLICABILIDADE.
Analisar a determinação do diagnóstico de enfermagem em unidade de
emergência de um hospital Nossa senhora da Conceição do município de Tubarão
no período de janeiro a fevereiro de 2008 foi o objetivo geral do presente estudo
Foi utilizado como objetivos específicos os que se seguem:
• Identificar os problemas relativos à implementação do diagnóstico de
enfermagem apontados pelos enfermeiros.
• Identificar os fatores administrativos que corroboram para a não
implementação do Diagnóstico de Enfermagem.
• Identificar o conhecimento dos enfermeiros a respeito da determinação
do Diagnóstico de Enfermagem
Com o alargamento estabelecido pela ciência de enfermagem e iniciada
no século XIX pela pioneira de nossa profissão – Florence Nighingale, onde se
tornou a prática desenvolvida empiricamente em ciência do cuidar, vimos que o
crescimento foi constante e as habilidades dos profissionais de enfermagem
tornaram-se indispensáveis para o tratamento clínico do enfermo.
Através das atualizações, estudos, leis, normas e diretrizes estabelecidas
pelo nosso órgão regulamentador – COFEN - temos em mãos a intensa vontade de
instituir a Sistematização da Assistência de Enfermagem, dando ênfase principal no
diagnóstico de enfermagem.
O enfermeiro por natureza de sua formação generalista, tem inserido
inúmeras habilidades como: capacidade de liderança, comunicação eficaz, visão
clinica, destreza, capacidade de administrar e gerenciar, planejar, programar entre
outras. Com este estudo apresentamos como objetivo contribuir para o crescimento
cultural e científico dos profissionais que foram alvo da pesquisa, possibilitando o
11
aperfeiçoamento de novas habilidades como a coleta de dados e conseqüentemente
o diagnóstico de enfermagem.
Partindo dessa idéia – o crescimento de habilidades do profissional
enfermeiro – podemos garantir que a qualidade do serviço prestado a população
seria significativamente elevada, criando um aumento da socialização, respeito e
confiança entre o cliente e o enfermeiro.
Com a realização do diagnóstico de enfermagem, o profissional estará
adquirindo informações importantes para a prática do cuidado a ser prestado e o
cliente tendo maior confiança acaba dando elementos que facilitarão as ações de
enfermagem.
Sabendo das dificuldades encontradas na realidade do trabalho pelos
enfermeiros, a aplicação do diagnóstico de enfermagem é um grande desafio para
todos os profissionais, portanto é pretendido que a documentação deste estudo
tenha sido de cunho importantíssimo para aqueles que têm interesse em
acrescentar na cientificidade do trabalho, adquirindo mais uma habilidade essencial
para o benefício do resultado esperado.
Através da metodologia utilizada incluímos como o foco principal e
também como problema de estudo a seguinte indagação: Qual a aplicabilidade do
diagnóstico de enfermagem em Pronto Socorro do HNSC?
As prováveis hipóteses da pesquisa foram:
Os enfermeiros do Hospital Nossa Senhora da Conceição apresentam em
relação à realização do diagnóstico de enfermagem:
• Não ter conhecimento sobre a Sistematização da Assistência de
Enfermagem, mais precisamente sobre o diagnóstico de enfermagem;
• Alta demanda do fluxo de clientes, sobrecarregando a equipe deixando
tempo insuficiente para realização do diagnóstico de enfermagem;
• Número de membros da equipe inferior ao recomendado legalmente;
• A instituição não tem interesse na realização do diagnóstico de
enfermagem.
12
2 REVISÃO TEÓRICA
2.1 Processo de trabalho em saúde em unidade de emergência
No mundo globalizado no qual vivemos, onde instituições e empresas
tentam demonstrar cada vez mais que é são capaz de vencer, o trabalho no serviço
publico de saúde como nas Unidades de emergências, possui suas próprias
especificidades, com um orçamento restrito para operar o sistema e nos deparamos
com o crescimento da demanda de atendimento, devido ao aumento de número de
acidentes, violência e também pela precária estrutura da rede ambulatorial,
contribuindo consideravelmente para a sobrecarga do fluxo em Pronto Socorro (PS).
Neste contexto, o empenho dos integrantes da equipe multiprofissional se torna
fundamental para a oferta de uma assistência de qualidade.
O trabalho em saúde é realizado por profissionais ou categorias de
qualificação em saúde que procuram somar o conhecimento, buscando um ideal em
comum, ou seja, alcançar um melhor desempenho na atenção à saúde.
O atendimento em Pronto Socorro é o tratamento imediato e provisório
dado em casos de acidentes, situações que provocam risco imediato de vida ou de
lesões irreparáveis ao cliente. Deverá garantir a preservação da vida, órgãos e
funções, proporcionando a continuidade do tratamento, seja ambulatorial ou dando
segmento à internação clinica/cirúrgica/ginecológica/pediátrica/intensiva.
São os profissionais desta equipe que vinculados ao serviço publico
seguem regras pra atingir o principal objetivo das unidades de emergências –
preservar a saúde da população.
Encontramos divergências entre as exigências de propor um local onde o
atendimento teoricamente é ágil, seguro, eficaz frente a uma estrutura de
superlotação, equipamentos sucateados e até mesmo sobrecarga de trabalho pelo
número insuficiente de funcionários habilitados para as funções requisitadas.
Para conseguir sucesso na assistência prestada as pessoas que
necessitam de atendimento em saúde, são necessário alguns requisitos de
imensurável importância como implantar e oferecer acolhimento digno; compor uma
equipe multiprofissional qualificada e com subsídios para oferecer tratamento
13
adequado; ter estrutura física e material compatível com as necessidades dos
serviços que serão oferecidos a população e oferecer alta resolutividade. Alem
disso, se torna imprescindível estabelecer processos interativos entre os integrantes
da própria equipe e também entre estes e a população que busca os serviços.
As situações de emergências são condições ou problemas que
necessitam de cuidados especializados imediatos para evitar potencialmente as
complicações de ameaça a vida ou à ação normal de qualquer órgão e função vital.
Já o atendimento de urgência é um “conjunto de ações empregadas para
a recuperação de pacientes, cujos agravos à saúde necessitam de assistência
imediata. As condições do paciente são agudas, mas não há perigo eminente de
falência de qualquer de suas funções vitais”. (GOMES, 2001 apud SARQUIS, 2004,
p.29).
Então podemos dizer que urgência é o atendimento feito a vitimas de
qualquer acidente ou mal súbito dentro de um reduzido espaço de tempo em
situações que não há risco de vida ao cliente, nem de agravamento da situação.
O trabalho na unidade de emergência é a busca continua pela satisfação
do cliente pelo resultado da qualidade do atendimento, através da equipe
multiprofissional e sua interação comunicativa e assistência para a comunidade,
enfrentando as barreiras referentes à saúde e contexto social no qual a população
esta inserida.
Para alguns, o objeto do trabalho em saúde é a cura ou a promoção e a
proteção da saúde. No entanto compartilhamos da idéia de que o objeto é a
produção do cuidado, através da qual poderão ser atingidas a cura e a saúde. Para
Merhy (1995), esse processo está fundado numa intensa relação interpessoal,
dependente de vínculo entre os envolvidos, para a eficácia do ato. Pela sua natureza
dialógica
e
dependente,
constitui-se
também
num
processo
de
ensino-
aprendizagem. E um serviço que se realiza com base numa intersecção partilhada
entre o usuário e o profissional, onde o primeiro deve ser visto também como sujeito,
e não como objeto desse processo. Toma-se, assim, um co-participe do processo de
trabalho e, quase sempre, um co-responsável pelo êxito ou insucesso da ação
terapêutica.
A produção de serviços de saúde pode ser entendida dentro da categoria
serviço, expressando a necessidade de cumprir uma finalidade útil, entretanto os
resultados do trabalho não constituem mercadorias passíveis de comercialização,
14
como produtos mercantis em si mesmos (Souza et al. 1993), mas são serviços
produzidos pelo encontro entre quem produz e quem recebe, ou seja, a produção é
singular e se dá no próprio ato.
Nesse sentido, o trabalho em saúde é um serviço que não se realiza
sobre coisas ou sobre objetos, como acontece na indústria; dá-se, ao contrário,
sobre pessoas, e, mais ainda, com base numa intercessão partilhada entre o
usuário e o profissional, na qual o primeiro contribui para o processo de trabalho, ou
seja, é parte desse processo. Ele fornece valores de uso necessários ao processo
de trabalho, não apenas a informação acerca do que ocorreu consigo, qual a
história de sua queixa ou doença; é solicitada dele uma participação ativa, para que
sejam corretamente aplicadas as normas e prescrições médicas e de enfermagem.
Enquanto fornecedor de valores de uso substantivos, o usuário torna-se um coparticipe do processo de trabalho e, quase sempre, um co-responsável pelo êxito ou
o insucesso da ação terapêutica.
2.2 Trabalho de equipe em emergência
Especialistas garantem que o futuro pertence a organizações baseadas
em equipes. Grupos existem em todas as organizações, no entanto, as equipes
ainda são raras, embora ostentem essa denominação com freqüência.
O sucesso no processo de trabalho em qualquer instituição seja pública
ou privada, depende da integração e do empenho da equipe.
Segundo Kotzemback (1994, p.24), “as equipes superam o desempenho
de pessoas que atuam sozinhas ou em meio a agrupamento organizacionais
maiores, quando o exigido inclui múltiplas habilidades, capacidade de julgamento e
experiências diversas”.
De acordo com Shermerhorn (1999, p.55), “equipe é um pequeno grupo
de pessoas com habilidades complementares, que trabalham juntas com o fim de
atingir um propósito comum pelo qual se consideram coletivamente responsáveis”.
A criação de uma equipe de enfermagem em emergência bem sucedida
está relacionada a um grande desafio, ou seja, é sempre o resultado do
enfrentamento de um grande obstáculo para todos os envolvidos.
15
Kotzemback (1994, p.10), afirma que:
As equipes não são soluções para todas as necessidades, elas não vão
resolver todos os problemas, melhorar os resultados de todos os grupos,
mas sim, representam uma das melhores formas de se apoiar às amplas
mudanças que se fazem necessárias para que as organizações passem a
apresentar maior performance.
Em muitas situações, onde seu contexto exige diversos conhecimentos,
experiências e poder de discernimento, como em situações de emergências, as
equipes atuam com maior desempenho, alcançando melhores resultados do que
conjunto de pessoas que esteja fragmentado ou com responsabilidades limitadas.
Segundo Kotzemback (1994, p.15):
Quando as equipes trabalham, elas representam a melhor maneira, já
comprovada, de converter visões e valores embriônicos em modelos
consistentes de ação, porque elas se apóiam em pessoas que trabalham
juntas e que compartilham o compromisso assumido com o propósito
comum.
As equipes que demonstram um maior desprendimento são as que têm
maior desempenho, sendo uma complementação da iniciativa e realização pessoal
à sua disposição, pois equipes não perduram por muito tempo sem que haja o
objetivo de superar o desempenho e dar continuidade para o trabalho realizado. Da
mesma forma funcionam as equipes de enfermagem em emergência que devem
apostar em seu desempenho absoluto, como objetivo a alcançar, para fornecer a
melhor assistência ao cliente.
De acordo com Kotzemback (1994), as equipes encontram-se também
muito compromissadas. Eles compreendem que a sensatez das equipes surge ao
se dar enfoque aos produtos do trabalho coletivo, ao crescimento pessoal e ao
resultado da performance.
As equipes eficientes assumem importantes papéis sociais e de liderança,
como: contestar, interpretar, apoiar, integrar, lembrar e resumir. Tais papéis ajudam
na promoção da confiança mútua e do conflito construtivo necessário ao sucesso da
equipe. (KOTZEMBACK, 1994).
Existe uma pequena confusão entre os conceitos de grupos e equipes,
mas existem nos grupos diversos parâmetros que os diferenciam de equipes.
Segundo Shermerhorn (1999, p.33), “grupo é um conjunto de pessoas
16
que interagem uma com as outras numa base regular a fim de atingir metas
comuns”.
Shermerhorn (1999), ainda afirma que, existem dois tipos de grupos: os
formais que são designados pela organização para realizar um propósito oficial,
exemplos são unidades de trabalho, comitês, etc. E os informais que não são
oficiais e surgem espontaneamente em conseqüência de interesses especiais, eles
podem trabalhar a favor ou contra as necessidades organizacionais.
Para Kotzemback (1994, p.24), “grupos de trabalho são ao mesmo tempo
prevalentes e eficazes nas grandes organizações. Eles se desenvolvem em
estruturas hierárquicas em que as responsabilidades individuais são mais
valorizadas”.
Os grupos que possuem melhor trabalho se reúnem para compartilhar
informações, perspectivas e discernimento, visando à tomada de decisão que
ajudam cada pessoa a desempenhar melhor sua função, e que as pessoas possam
reforçar os padrões de desempenho uns dos outros.
Segundo Moscovici (1994), um grupo transforma-se em equipe quando
passa a prestar atenção à sua própria forma de operar e procura resolver os
problemas que afetam seu funcionamento. Esse processo de auto-exame e
avaliação é contínuo, em ciclos recorrentes de percepção de fatos, diagnose,
planejamento de ação, prática, implementação, resolução de problemas e avaliação.
“Grupo são pessoas trabalhando juntas ao mesmo tempo num projeto. Equipe é um
grupo em funcionamento qualificado”. (MOSCOVICI, 1994, p.16).
Moscovici (1994), afirma que a tática de resolução de problemas inicia-se
com o diálogo, a ser realizado em duas etapas: diferenciação e integração.
A autora prossegue seu raciocínio dizendo que as melhores equipes não
estão livres de dificuldades e problemas; todas enfrentam, ocasionalmente,
obstáculos desencorajadores. Portanto, uma equipe de enfermagem em emergência
madura, hábil, motivada, encontrará maneiras de enfrentar e superar os maiores
desafios, principalmente com uma prática de comunicação aberta e autêntica,
considerada condição indispensável para superação das expectativas e demandas
expressas.
Atualmente, há provas evidentes de que as equipes superam o
desempenho de indivíduos agindo sozinhos ou em pequenos grupos.
As equipes absorvem e aplicam conhecimentos, experiências de vida de
17
seus membros para responder agilmente a novos desafios. (MOSCOVICI, 1994).
Moscovici (1994) garante que a orientação produtiva de equipe relaciona
os obstáculos aos objetivos globais de desempenho.
O desempenho em si é o fator mais energizante quando há possibilidade
de êxito.
Para criar a atmosfera de sucesso, a equipe de enfermagem em
emergência pode escolher algum objetivo alcançável e atingível, marcando pequena
vitória. Essas pequenas vitórias constituem reforço motivacional de primeira ordem
para enfrentar os estorvos que venham a surgir. Relevando que as pessoas
dependem umas das outras em seu relacionamento e interação, verifica-se que o
sistema pessoal está em constante interação com os sistemas pessoais dos outros
e com o sistema organizacional. Cada pessoa relaciona-se com outras no ambiente
de trabalho e este relacionamento assume modalidades específicas que influem
decisivamente sobre o comportamento de cada um. Portanto, o relacionamento
interpessoal é essencialmente um processo, não uma categoria estática, por isso
mesmo, fica sujeito a variações conjunturais de espaço, tempo e contexto.
Segundo Minicucci (1989), paga-se mais pela habilidade de se lidar com
as pessoas, do que por qualquer outra habilidade imaginável. A autora afirma ainda,
que a compreensão pessoal é o primeiro passo para entender o comportamento do
outro. E que é necessário dar oportunidade para que cada pessoa se manifeste e
posso explorar o que possui de melhor.
Minicucci (1989) garante que reconhecer as diferenças entre as pessoas
e saber respeitá-los no seu modo de pensar, agir e sentir, certamente é um dom e
só desta forma, é possível ampliar o potencial de sensitividade que se tem
personificado em si. “Se as pessoas descobrem como agem, por que agem e
tentam descobrir maneiras para compensar tais comportamentos, isso as ajudará a
agir com mais eficiência no relacionamento interpessoal e na compreensão
intrapessoal”. (MINICUCCI, 1989, p.22).
A personalidade da equipe de enfermagem em emergência é constituída
pelo conjunto de valores de seus membros, portanto, é preciso ter plena consciência
da impressão que se passa aos outros durante o processo de comunicação. As
atividades empáticas são essenciais para efetivar os relacionamentos.
Considerar e reconhecer que o trabalho de equipe de enfermagem em
uma unidade de emergência tem seu valor e é necessário, pois o bom desempenho
18
dos resultados esperados depende da confiança apostada em cada componente da
equipe.
2.3 Sistematização da assistência de enfermagem
Há décadas em que a enfermagem vem buscando tornar-se cada vez
mais independente e indispensável no contexto científico, tentando enfatizar o
cuidado como essência e valorizando sua prática. Podemos garantir sua ascensão,
pois ficou visível seu crescimento no que se refere ao espaço conquistado por
nossos teoristas e também a mudança de uma enfermagem empírica para uma
enfermagem voltada para o científico.
Acredita-se que o foco principal do cuidar em enfermagem seja a
interação e o contato com o paciente, assim podemos resgatar o crescimento e
individualidade em desenvolver uma relação interdependente entre profissional e
paciente/cliente.
Sendo assim, nós enfermagem, temos que garantir o desenvolvimento e
crescimento teórico-científico e continuar em busca de novas atualizações ao nosso
meio, por isso a incansável e imensurável vontade de aprender têm que estar
impregnado, para que o saber seja maior que a displicência do cotidiano em que
vivemos.
A Sistematização da Assistência de Enfermagem é mais um dos veículos
que conseguimos obter para o melhoramento da qualidade do serviço da
enfermagem.
De acordo com a resolução COFEN-272/2002:
[...] a Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE, sendo
atividade privativa do enfermeiro, utiliza método e estratégia de trabalho
científico para a identificação das situações de saúde/doença, subsidiando
ações de assistência de Enfermagem que possam contribuir para a
promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo,
família e comunidade; considerando a institucionalização da SAE como
prática de um processo de trabalho adequado às necessidades da
comunidade e como modelo assistencial a ser aplicado em todas as áreas
de assistência à saúde pelo enfermeiro.
A enfermagem e suas especificidades começaram a ter um novo marco
19
em busca de seu maior reconhecimento, realizando o atendimento das expectativas
esperadas ao cliente e assim documentando suas ações com uma metodologia
específica e completa para o melhoramento da qualidade do trabalho.
A Sistematização da Assistência de Enfermagem veio como uma arma
para documentarmos todo o contato que tivemos com o cliente. Segundo a
Resolução COFEN-272/2002 - Artigo 3º:
A Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE deverá ser
registrada formalmente no prontuário do paciente/cliente/usuário, devendo
ser composta por: histórico de enfermagem, exame físico, diagnóstico de
enfermagem, prescrição da assistência de enfermagem, evolução da
assistência de enfermagem.
No histórico de Enfermagem, fizemos um levantamento de dados do
cliente, onde tentaremos identificar os principais problemas, para assim, mais tarde,
encontrar sua resolutividade adequada.
Para Horta (1979, p. 42) “o histórico de enfermagem deve ser conciso –
sem repetições, claro e preciso, Tem que ter informações que permitam dar um
cuidado imediato, deverá respeitar a individualidade do cliente alcançado tal objetivo
e tomar o cuidado para não duplicar as informações”.
Poderemos dizer que, o histórico de enfermagem deverá conter
informações genuinamente de enfermagem, respeitando a não duplicidade de dados
realizados por outros profissionais e também deverá seguir uma seqüência dos fatos
relatados pelo cliente, facilitando a assimilação para os cuidados que devidamente
será prestado a ele neste momento. Ainda poderia dizer que, o histórico de
enfermagem é a maneira mais próxima de estar ciente das informações e problemas
prévios que já tenha vivido e que poderá ser útil para o tratamento individualizado e
específico.
O próximo passo no processo de enfermagem é o exame físico que tem
como finalidade identificar os problemas específicos de enfermagem diferenciando
de outras classes profissionais.
Para Barros e Cols (2002, p. 22) “a parte de exame físico inclui
mensuração de sinais vitais, perímetros, peso e estatura, além de dados coletados
por meio de inspeção, palpação, percussão e ausculta, a fim de identificar sinais
normais e anormais nos diversos sistemas biológicos do cliente [...]”.
Ainda Barros e Cols (2002, p. 36) define que “[...] o exame físico é o traço
20
de união entre a arte e a ciência de enfermagem. É através dele que acontece a
fusão entre estes dois componentes da profissão”.
Com os diferentes tipos de classes, culturas e princípios éticos que
encontramos em cada cliente, podemos definir que a enfermagem é uma ciência
que busca atender a todas essas diferenciações, portanto, toda informação coletada
deve ser registrada de forma individualizada respeitando o cliente.
Assim, o exame físico é um método em que podemos obter informações
anatomicamente e fisiologicamente normais ou as que estiverem por algum motivo
em períodos de anormalidades momentâneas. Ainda é importante ressaltar que o
exame físico é além de tudo uma técnica, do qual sua metodologia nos aproxima e
nos clarificam os problemas do cliente, propiciando o melhor diagnostico de
enfermagem e melhorando a qualidade do cuidado.
Seguindo com processo de enfermagem segundo a sistematização da
assistência de enfermagem proposta pelo nosso órgão regulamentador – o COFEN temos como próxima etapa o diagnostico de enfermagem.
Através do histórico e exame físico, encontramos uma variedade de
informações que nos auxiliarão no diagnostico de enfermagem, que nada mais é que
um promovedor das ações de enfermagem que o cliente está necessitando naquele
momento.
Segundo Horta (1979, p. 57) “analisando os dados colhidos no histórico,
são identificados os problemas de enfermagem. Estes, em nova analise, levam à
identificação das necessidades básicas afetadas e do grau de dependência em
relação à enfermagem, para seu atendimento”.
Portanto, o diagnostico de enfermagem é a analise de todas as
informações coletadas do cliente por meio do histórico e do exame físico,
identificando suas necessidades básicas e o grau de dependência do cuidado,
dando base e direcionamento para o planejamento da assistência do cuidador.
Tendo todos esses passos estabelecidos, partimos para o planejamento
de cuidados ou prescrição de enfermagem que seria a delimitação completa da
assistência de enfermagem que o cliente necessita em frente às dificuldades nele
encontradas. Horta (1979, p. 65) Define que “o plano assistencial é resultado da
análise do diagnóstico de enfermagem, examinando-se os problemas de
enfermagem, as necessidades afetadas e o grau de dependência”.
Ainda para Horta (1979, p. 66) “a prescrição de enfermagem é um roteiro
21
que coordena a ação da equipe de enfermagem nos cuidados adequados ao
atendimento das necessidades básicas e específicas do ser humano”. Este plano de
cuidado é a padronização de ações com o olhar no melhoramento da assistência de
enfermagem. Tem que ser de forma simples, clara e enumerando-as para uma
melhor organização e facilidade no entendimento da equipe de enfermagem e
poderá conter ações imediatas ou ações de curto, médio e até mesmo de longo
prazo. Com o plano de cuidados estabelecido com base no tratamento de
enfermagem, nossas ações ganham benefícios na qualidade atendendo, assim às
necessidades para cada deficiência encontrada no cliente.
A prescrição de enfermagem tem como principal objetivo proporcionar ao
cliente uma assistência de qualidade realizando um levantamento das prioridades a
partir do diagnostico de enfermagem estabelecido previamente. Na execução do
planejamento, precisamos ter profissionais que acreditam na eficiência do plano de
cuidados e que eles estejam familiarizados com as técnicas e procedimentos que
serão requisitados.
E para finalizarmos a sistematização da assistência de enfermagem,
temos que falar sobre a evolução de enfermagem que é a ultima etapa do processo
e consiste no relato diário das mudanças e determinação da resposta do cliente às
intervenções realizadas pela equipe de enfermagem e solicitadas através do plano
de cuidados. Na evolução de enfermagem é realizado a analise de todas as outras
etapas anteriormente realizadas e que faz parte do processo de enfermagem. Tem
como objetivo delimitar as mudanças de melhoras ou de pioras em frente ao plano
de cuidado prescrito para aquela situação diária.
Segundo Felisbino (1994, p. 40):
Entende-se a evolução de enfermagem como sendo a avaliação diária das
alterações do estado de saúde do cliente baseada em fatos disponíveis, da
sua resposta às prescrições implementadas; é também, como
conseqüência, a identificação de novos problemas e tomada de decisão
para solucioná-los.
Assim a evolução de enfermagem é o fechamento e analise diário do
processo da sistematização da assistência de enfermagem, podendo ser alterável e
inconstante, dependendo da resposta identificada na manutenção das ações
presentes no planejamento de cuidados.
Com base em toda essa conceituação que vimos, é fato dizer que a
22
Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e sua implantação no serviço
de saúde geram diretamente um maior contato entre os clientes e o enfermeiro,
adequando a equipe ao treinamento e preparando para atender as situações
diversas. As atividades propostas pelo SAE são atribuições privativas do enfermeiro
que possibilita um atendimento de maior qualidade, metodologia técnica eficiente,
socialização e interpessoalidade entre cliente e enfermeiro e controle de toda a
evolução encontrada no tratamento.
A enfermagem cada vez mais esta se preocupando com sua excelência
profissional e seu reconhecimento de qualidades pertinentes na ciência adquirida ao
longo de toda sua história. Podemos dizer que desenvolver novas destrezas tendo o
foco no cuidar têm sido propriedades presentes para manter a empregabilidade
constante e maior competitividade no mercado de trabalho, então podemos garantir
que a sistematização da assistência é e será por seu contexto, uma arma muito
importante para o enfermeiro elevar o seu papel técnico e cientifico.
2.4 Diagnóstico de enfermagem
Entre todas as etapas do processo de enfermagem, a escolha em falar
sobre o diagnostico de enfermagem é algo extremamente estimulante e realizador
devido sua importância no processo da sistematização da assistência de
enfermagem. Dizer que o enfermeiro realiza o diagnóstico de enfermagem é
sinônimo de que ele avalia e interpreta os dados coletados do cliente e isso resulta
na diminuição de falhas em seus cuidados e chegando próximo à perfeição do
cuidado.
Segundo Horta (1979, p. 58), “diagnóstico de enfermagem é: a
identificação das necessidades básicas do ser humano que precisam de
atendimento e a determinação, pelo enfermeiro, do grau de dependência em
natureza e extensão”. A autora do processo de enfermagem – Wanda de Aguiar
Horta - defendia em suas teses que o enfermeiro poderia realizar o diagnóstico para
estabelecer os problemas e necessidades básicas encontradas no individuo e ainda
caracterizando-os pelo grau de dependência, e assim, constituir um planejamento
para as situações em déficit do cliente.
23
Assim, como muitas outras habilidades do enfermeiro, o diagnóstico de
enfermagem é a que hoje mais nos respalda para a busca da cientificidade de nosso
trabalho. O significado da coleta de dados, nossa avaliação e julgamento facilitando
as ações em busca do melhoramento do processo saúde/doença do cliente nos
torna capaz de aproximar da qualidade pretendida tendo a informação das respostas
humanas alteradas.
Segundo Brunner (2002, p. 26):
O propósito em estabelecer uma lista formal de diagnóstico de enfermagem
foi identificar as funções de enfermagem para as quais os enfermeiros
conseguem responsabilidade legal e credibilidade. Os diagnósticos de
enfermagem têm promovido o desenvolvimento da autonomia e
credibilidade na enfermagem e tem ajudado a delinear o escopo da prática.
Está de acordo com a contribuição em adotar o exercício do diagnóstico
de enfermagem como referencia do crescimento desenvolvido pela melhor
assistência ao cliente.
Incluir o diagnóstico de enfermagem na prática do nosso cotidiano é
assumir a designação do alargamento de conhecimentos, aumentando a
competência do profissional enfermeiro. Sabemos que este aprimoramento implica
na possibilidade de estimular o acompanhamento dos resultados atualizados das
ações do enfermeiro.
As fases diagnósticas inserida no processo de enfermagem em
emergência contem suas dificuldades devido às características encontradas em
setores críticos, porem é de responsabilidade individual do enfermeiro com suas
bases científicas introduzir o julgamento crítico da problematização a ser
preconizada em busca do sucesso das ações realizadas. Portanto a comparação
entre as respostas dos problemas e as ações deve ser permanente para que o
resultado e as manifestações possam contribuir para validação do diagnóstico
constituído.
O diagnóstico de enfermagem em seu objetivo primordial determina as
dificuldades de saúde estabelecendo a natureza do problema. Os diagnósticos de
enfermagem devem ser elaborados a partir do conhecimento das informações
clínicas obtidas durante o histórico de enfermagem do paciente.
Cada diagnóstico de enfermagem descreve o registro dos problemas
encontrado no paciente e que poderá ser observado e tratado pelo enfermeiro com o
24
olhar holístico, auxiliando a cura e o conforto em cada situação de necessidade, seja
física, emocional e psíquica.
A responsabilidade de elaborar o diagnóstico é exclusiva do enfermeiro e
o seu foco é a exposição de respostas, reações ou comportamento, as
dificuldades/problemas de saúde e aos processos vitais.
O enfermeiro expressa sua avaliação profissional de acordo com as
condições clínicas encontradas no paciente, as respostas terapêuticas e as
necessidades de assistência de enfermagem, assim, o diagnóstico do enfermeiro
define todos os problemas de enfermagem estabelecendo o cuidado individualizado
e momentâneo para cada situação em que o paciente está desprovido.
Realizando um roteiro para chegar ao diagnóstico, podemos dizer que o
enfermeiro encontra-se com o paciente e obtém informações através da coleta de
dados e exame físico, tenta conhecer as evidências e características do paciente, e
através dos dados encontrados é realizado o agrupamento dos mesmos e a partir
destes, o enfermeiro gera algumas hipóteses diagnósticas. No momento que existe
as hipóteses, fica pertinente ao enfermeiro realizar a escolha do diagnóstico para
seu registro.
O registro do diagnóstico de enfermagem deve seguir orientações básicas
para realizar o termo diagnóstico correto de forma que a terminologia seja
apropriada e que induza a reflexão das necessidades de enfermagem encontradas
no paciente. Deverá ser uma declaração concisa e empregando palavras precisas,
promovendo a compreensão por outro profissional.
Portanto, podemos arriscar em dizer que o diagnóstico de enfermagem
como parte da sistematização é etapa essencial e de imensurável valor, pois
determina as intervenções da equipe de enfermagem, prioriza as necessidades dos
pacientes, obriga o compromisso de avaliação e aproximação do enfermeiro em
relação ao paciente, auxilia no processo de desenvolvimento de educação
continuada e pesquisa. Serve como documentação para auditorias em enfermagem.
Enfim é um grande desafio à enfermagem que a sua pratica
impreterivelmente eleva a autonomia do enfermeiro e a credibilidade da ciência do
cuidar.
25
3 METODOLOGIA
3.1 Caracterização do estudo
A investigação teve como objetivo central desenvolver uma proposta que
pudesse facilitar a avaliação do processo em que os enfermeiros possam utilizar
para a realização do diagnóstico de enfermagem em emergência do Hospital Nossa
Senhora da Conceição – Tubarão/SC, buscando referenciais sobre o embasamento
da resolução 272/02 COFEN e nos pressupostos filosóficos do Materialismo
histórico dialético. Como abordagem metodológica optamos pela realização de uma
pesquisa qualitativa de cunho interpretativo-reflexivo com opção pelo estudo de
caso.
Ao adotarmos a pesquisa qualitativa, buscamos coerência com a
resolução 272/2002 – Sistematização da Assistência de Enfermagem, ou, mais
precisamente, com sua crítica penetrante e sistemática aos fundamentos e
importância da realização do diagnóstico de enfermagem.
A pesquisa qualitativa estabelece o contato direto com os pesquisadores
em seu ambiente de trabalho e permite um melhor entendimento do contexto e sua
influencia nas concepções de seus atores, manifestadas em seus gestos de
linguagem. (CHIZZOTTI, 2002, apud COSTA, 2002).
3.2 Local do estudo
O presente estudo foi realizado na Unidade de Emergência do Hospital
Nossa Senhora da Conceição situado na cidade de Tubarão, no período de Janeiro
de 2008.
A unidade desenvolve suas atividades segundo a lógica da assistência
emergencial que população necessita.
A localização desta unidade é estrategicamente situada como porta de
entrada da rede hospitalar, sendo de fácil acesso a população solicitante.
26
Com relação à estrutura física, a unidade possui instalações próprias para
o atendimento de urgências e emergências, contando com recepção dos clientes,
sala de triagem, consultório médico, sala de sutura, sala de emergências, sala de
observação e leitos para observações. A estrutura física pode ser considerada
adequada diante das normas preconizadas pelo ministério da Saúde e também de
acordo com as atividades que a unidade oferece e a demanda por serviços.
A escolha desta unidade de saúde se deu, devido esse hospital ser
referencia da região sul Catarinense e pela possibilidade de adquirir novas
experiências vivenciando a realidade de um hospital de grande porte.
3.3 População
Participaram deste trabalho como população e foco da investigação as
enfermeiras integrantes da equipe de enfermagem da Unidade de Emergência do
Hospital Nossa Senhora da Conceição.
3.4 Procedimentos de coleta de dados
A técnica adotada para o levantamento de dados foi a entrevista semiestruturada, isso facilitou uma maior espontaneidade entre entrevistador e
entrevistado, servindo na verdade para iniciar o dialogo entre ambos. (LUDKE,
1986).
A elaboração das questões que nortearam a pesquisa semi-estruturada foi
elaborada a partir da problematização que originou os questionamentos. (Apêndice
A).
Também foi adotada a técnica da observação participante, uma vez que
se trata de um estudo de caso e o pesquisador esteve atuando diretamente junto
aos indivíduos pesquisados.
Inicialmente, foi realizada uma caracterização geral da situação e
reconhecimento do processo de trabalho como um todo. A seguir, foi aplicada a
27
entrevista semi-estruturada para avaliar os dados pertinentes ao estudo. Num
momento seguinte, foi elaborada uma proposta de ação que visa à realização do
diagnóstico de enfermagem entre os enfermeiros da Unidade de Emergência,
aplicando na prática estas ações, para após validá-las ou reformulá-las e deixar
como contribuição a equipe de saúde.
3.5 Análise e Interpretação dos dados
A análise dos dados foi efetuada segundo a técnica da Análise de
Conteúdo proposta por Minayo (1996), que ira buscar, a partir da leitura das falas
dos sujeitos, fazendo uso da hermenêutica, elaborar categorias de análise da
situação.
3.6 Aspectos éticos
Os aspectos éticos do estudo estão fundamentados na resolução 196 de
outubro de 1996 do Conselho Nacional de Saúde do Brasil, que dispõem sobre
pesquisas com seres humanos, utilizando-se o consentimento livre informado.
Inicialmente foi solicitada a autorização para desenvolvimento do estudo nas
dependências do hospital Nossa Senhora da Conceição à direção daquela
instituição através do Termo de Consentimento Institucional (Apêndice A). Após a
formalização deste trâmite encaminharemos o projeto ao Comitê de Ética da UNESC
para apreciação.
Tendo obtido o parecer consubstanciado daquele CoEP foi início à coleta
de dados junto a cada um dos integrantes da equipe de saúde que concordar em
participar do estudo.
A proposta de trabalho foi apresentada a cada um dos participantes e nos
responsabilizamos da garantia do sigilo, confidencialidade, privacidade, e anonimato
de suas participações sendo que a proteção de imagem será assegurada aos
participantes no decorrer de todo o processo de pesquisa.
28
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
O estudo foi desenvolvido em momentos distribuídos no decorrer do
estágio. A seguir passamos a apresentar os resultados do estudo quando
escolhemos por referir as falas dos entrevistados seguidos de considerações nossa
e auxilio da literatura especializada sobre o assunto.
4.1 Primeiro momento: descrição da observação realizada em campo de
estágio
Primeiramente,
foi
realizada
a
caracterização
da
situação
e
reconhecimento do processo de trabalho como um todo.
O estágio foi efetuado na Unidade de emergência do Hospital Nossa
Senhora da Conceição – HNSC, situado na cidade de Tubarão/SC, no período de
21/01/2008 a 25/01/2008, com o intuito de avaliar como que as enfermeiras desta
unidade realizavam o diagnóstico de enfermagem, quais os problemas encontrados
em sua realização e suas dificuldades.
Neste momento, observamos como é o processo de trabalho de toda a
equipe de enfermagem, tentamos identificar a realização do diagnóstico de
enfermagem por enfermeiros que trabalham nesta equipe e quais os fatores que
interferem na realização processo de enfermagem e mais precisamente no
diagnóstico de enfermagem no setor de emergência.
A equipe de enfermagem desta unidade de emergência é composta por
duas enfermeiras, sendo que uma tem carga-horaria de 8 horas diárias, iniciando as
07h até 17h sendo que na maioria dos dias, permanece por um tempo superior a
esse para suprir as necessidades e organização da unidade. A outra enfermeira
realiza 6 horas diárias, iniciando às 17h até às 23h tendo que fazer supervisão nos
finais de semana, intercalando sábados e domingos.
Ainda nesta equipe é composta por 24 funcionários técnicos de
enfermagem, divididos em turnos matutino, vespertino e noturno.
A unidade de Emergência do HNSC conta uma equipe multiprofissional
29
que auxiliam no atendimento da população em geral. E ainda podem contar com
residentes de medicina, acadêmicos de enfermagem, fisioterapia, nutrição.
Ao avaliar as atribuições do enfermeiro desta Unidade de Emergência,
podemos observar que assim como todas as outras unidades de emergência dos
hospitais públicos – a grande demanda de pacientes acaba desfavorecendo a
qualidade do trabalho pretendida.
Neste primeiro estágio da pesquisa, foi visto como é realizado o trabalho
de toda equipe de enfermagem e mais especificamente das enfermeiras que
coordenam esta equipe e sua metodologia de trabalho, tendo um viés maior na
construção do diagnóstico de enfermagem que seria a proposta inicial deste
trabalho.
O objetivo do trabalho foi determinar e analisar o processo de enfermagem
direcionando para o diagnóstico propriamente dito, de acordo com a resolução do
COFEN – 272/2002 que fala sobre a obrigatoriedade do enfermeiro em instituir a
Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE, uma vez, sendo atividade
privativa do mesmo.
A implantação desse modelo assistencial - o SAE – a enfermagem
subtraiu um grande veículo para o melhoramento da qualidade do trabalho e
diminuindo a distância entre o conhecimento adquirido pelo profissional enfermeiro
durante toda sua história acadêmica e o paciente com seus déficits, proporcionando
um contato maior entre ambos.
Esse é o processo sistematizado, onde o profissional enfermeiro tem a
fundamentação científica e responsabilidade na assistência prestada ao paciente,
em busca da resolutividade de problemas identificados do bem-estar. Realizar o
processo de enfermagem tem sido uma tarefa árdua para o enfermeiro no contexto
que estamos inseridos e a realidade de trabalho que nos encontramos. As
dificuldades como a alta demanda de pacientes, número reduzido da equipe de
enfermagem, sobrecarga de trabalho profissional, sucateamento de materiais e
equipamentos são encontrados em muitas instituições hospitalares.
Com base nestas informações e na observação realizada na unidade de
emergência do HNSC, constatamos dificuldades que dificultam a implantação da
sistematização da assistência. O hospital é considerado de grande complexidade e
por isso, é referência de toda a região, acomodando um número importante de
pacientes a serem atendidos. Com isso, podemos observar que o número de
30
funcionários da equipe de enfermagem é inferior ao ideal preconizado pelo
dimensionamento pessoal, ocorrendo sobrecarga de trabalho, cansaço físico e
mental, diminuição da qualidade do atendimento. Portanto, instituir a sistematização
da assistência de enfermagem nessa unidade de saúde, ainda não foi possível em
decorrência das limitações encontradas.
Em virtude da não aplicação do processo de enfermagem e do diagnóstico
- etapa do processo a ser estudado - nosso próximo estágio da pesquisa foi
identificar através das falas das enfermeiras entrevistadas, quais são as dificuldades
encontradas por elas e seu conhecimento em relação ao tema.
No segundo estágio da pesquisa, onde tratamos da aplicação da
entrevista semi-estruturada e avaliamos os dados pertinentes ao estudo. Esta
entrevista procurava saber sobre os dados das profissionais enfermeiras e sua
formação, explicitar o que elas pensam a respeito da sistematização da assistência
de enfermagem, quais as dificuldades que elas vivenciam e quais alternativas que
elas vêem para a realização deste processo.
No terceiro estágio da pesquisa, tratamos da elaboração de uma proposta
de ação a fim de contribuir com a equipe e instituir a sistematização da assistência.
Partindo desta identificação e das idéias propostas como estratégias pela
própria equipe ao responder o questionamento semi-estruturado, foi deixado como
proposta, alguns roteiros que servirão como auxilio da aplicação do processo de
enfermagem e do diagnóstico.
4.2 Segundo momento – análise da entrevista semi-estruturada.
A) Você conhece a Sistematização da Assistência de Enfermagem? Se
conhece, quais são as etapas que você considera mais importante?
• Nesta questão, encontramos uma categoria que representa as falas
das entrevistadas, trata-se do conhecimento das enfermeiras a respeito da
determinação da Sistematização da Assistência de Enfermagem.
31
Entrevistada nº. 01: ”Conheço. Considero que todas as etapas são
•
importantes, pois só através de todo o processo (histórico, exame físico,
diagnóstico de enfermagem, prescrição e evolução) que conseguimos
elaborar um bom planejamento de assistência ao paciente”.
•
Entrevistada nº. 02: “Exame físico, dialogo com o cliente”.
COFEN-272/2002 (Anexo A)- Artigo 3º:
A Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE deverá ser
registrada formalmente no prontuário do paciente/cliente/usuário, devendo
ser composta por: histórico de enfermagem, exame físico, diagnóstico de
enfermagem, prescrição da assistência de enfermagem, evolução da
assistência de enfermagem.
Desta forma, podemos considerar o conhecimento das enfermeiras da
emergência do HNSC em frente à temática proposta e ainda comparando com a
normatização, poderia dizer que as mesmas têm acesso ao que é estabelecido pelo
nosso órgão regulamentador – o COFEN, e tem noção plenamente da importância
de sua aplicação, estabelecendo o que consideram a etapa mais importante de todo
o processo da sistematização.
B) Fale sobre o que você acha sobre a realização do Diagnóstico de
enfermagem.
• Nesta questão, encontramos uma categoria que representa as falas
das entrevistadas, trata-se do conhecimento das enfermeiras a respeito da
determinação do Diagnóstico de Enfermagem.
•
Entrevistada nº.01: É Através do diagnóstico de enfermagem que
elaboramos um plano de assistência ao nosso paciente, nos permite
identificar as necessidades básicas do paciente, bem como o grau de
dependência de nossos cuidados, Portanto, o diagnóstico para ser
levantado depende do histórico e exame físico, permitindo a realização da
prescrição e posteriormente evolução do paciente. É um conjunto e por
isso são todos importantes.”
Entrevistado nº.02: “É através do diagnóstico que conseguimos
•
identificar as necessidades afetadas e determinar o cuidado. Lembrando
também que através do levantamento do histórico, a enfermeira inicia e
mantém a relação terapêutica.”
Segundo Horta (1979, p. 58), “diagnóstico de enfermagem é: a
identificação das necessidades básicas do ser humano que precisam de
atendimento e a determinação, pelo enfermeiro, do grau de dependência em
32
natureza e extensão”.
Portanto, aquilo que foi citado pelas entrevistadas é pertinente ao que é
proposto pela temática instigada nesta pesquisa, constituindo plena noção da
importância do diagnóstico de enfermagem como etapa da Sistematização da
Assistência de enfermagem.
C) Você realiza o diagnóstico de Enfermagem?
• Nesta questão, encontramos uma categoria que representa as falas
das entrevistadas, trata-se da aplicação da sistematização da assistência de
enfermagem e mais precisamente do diagnóstico de enfermagem em emergência.
•
•
Entrevistado nº.01: “Não realizo.”
Entrevistado nº.02: “Não.”
De acordo com a resolução COFEN-272/2002:
[...] a Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE, sendo
atividade privativa do enfermeiro, utiliza método e estratégia de trabalho
científico para a identificação das situações de saúde/doença, subsidiando
ações de assistência de Enfermagem que possam contribuir para a
promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo,
família e comunidade; considerando a institucionalização da SAE como
prática de um processo de trabalho adequado às necessidades da
comunidade e como modelo assistencial a ser aplicado em todas as áreas
de assistência à saúde pelo enfermeiro”.
Através desta citação identificamos a necessidade da realização da SAE,
uma vez, sendo atividade privativa do enfermeiro, o mesmo poderá assim, identificar
os problemas e situações que necessitam de cuidados. A não realização da SAE e
do diagnóstico de enfermagem implica na diminuição da qualidade da assistência
constituído por diversos fatores que aperfeiçoam o cuidado quando a realização e
aplicação da SAE são estabelecidas.
D) Qual a dificuldade que você encontra para não realizar o diagnóstico de
enfermagem em emergência?
• Nesta questão, encontramos uma categoria que representa as falas
das entrevistadas, trata-se dos problemas relativos à implementação do diagnóstico
de enfermagem apontados pelos enfermeiros.
33
Entrevistado
nº01: “Primeiramente
devido
às
exigências
•
administrativas que devemos cumprir mensalmente. Também somos em
somente duas enfermeiras, além disso, nossa demanda é muito grande
(250 atendimento/dia), vários pacientes graves, vários pacientes ficam aqui
internados, fica inviável sistematizar a assistência.”
•
Entrevistado nº02: “A minha justificativa é devido a emergência do
HNSC ser de grande porte, excesso de consultas ambulatoriais, alto
volume de atendimento diário, elevada taxa de ocupação de leitos por
pacientes internados e ter somente uma enfermeira durante o dia para
realizar, administração e assistência de um setor complexo (sala de gesso,
recepção, alta complexidade, sala de primeiro atendimento, triagem, posto
de medicação, internados e entre outras funções.”
O atendimento em emergência é o tratamento imediato e provisório dado
em casos de acidentes, situações que provocam risco imediato de vida ou de lesões
irreparáveis ao cliente.
A qualidade deste atendimento poderá estar ligada à concretização e
implantação da SAE, se a realidade da instituição proporcionar respaldo
administrativo frente a essa problemática, ou seja, com a alta demanda de clientes,
conseqüentemente requer uma equipe de número adequado para suprir com as
necessidades de dimensionamento e as demais atribuições da equipe de
enfermagem.
E) O que você acha que poderia ajudar para a realização do diagnóstico de
enfermagem em emergência?
• Nesta questão, encontramos uma categoria que representa as falas
das entrevistadas, trata-se de sugestões e hipóteses encontradas pelas enfermeiras
entrevistadas que poderiam ajudar na implantação da SAE.
Entrevistado nº.01: “Acredito que o aumento do numero do quadro de
•
enfermeiros e a preconização de um método (por exemplo, realizar a
sistematização dos pacientes que ficam internados), pois todos os
atendimentos são inviáveis. O aumento do quadro, considerando que um
enfermeiro fique responsável pela parte administrativa. Assim o restante
poderá dedicar-se a assistência e possível sistematização da mesma.”
Entrevistado nº.02: “O ideal é ter cinco enfermeiros (01 administrativo
•
e 04 assistencial) dividido em turnos.”
Considerando as falas, temos como proposta primordial das entrevistadas,
estabelecerem um quadro de pessoal adequado às necessidades da clientela e às
da organização. No entanto, deverão conhecer as necessidades de assistência dos
pacientes tendo o contato direto com a realidade de trabalho da enfermagem no
34
hospital, permitindo evidenciar os problemas relacionados às deficiências de
recursos, em particular os humanos. Portanto, o desenvolvimento de qualquer
proposta esbarra na argumentação das enfermeiras que apontam como dificuldade
o reduzido número de profissionais que compõem o quadro de pessoal da
instituição, inviabilizando assim o êxito da mesma.
4.3 Propostas
Diante de todos os conteúdos manifestados pelas entrevistadas, os quais
possibilitam identificar a diversidade de problemas e vivências que os acompanham
no enfrentamento diário da emergência do HNSC, ficamos tão ou mais inquietos do
que no início desta investigação. Isto porque acreditamos que o próprio serviço, a
cultura do serviço hospitalar precisa ser redirecionada, especialmente nos aspectos
referentes aos processos da Sistematização da Assistência de Enfermagem e mais
especificamente do diagnóstico de enfermagem.
Os resultados também nos remetem a dificuldades encontradas no que se
refere às cobranças da instituição e o resultado da assistência como produto final
oferecido aos clientes. Julgamos necessários, portanto a sensibilização das pessoas
envolvidas neste percurso, em primeira instância gerentes e profissionais da ponta
do serviço de saúde do HNSC, para o encontro com estas particularidades, através
do qual se criará a possibilidade da descoberta de novas oportunidades e
atribuições. Assim, a responsabilidade e o compromisso com o trabalho haverá de
ser mais fortalecidos.
Para tanto, elaboramos algumas recomendações que apresentamos a
seguir:
ϖ Realizar um planejamento de dimensionamento de pessoal para
emergência do HNSC, propondo o melhoramento do quadro de funcionários e
conseqüentemente a qualidade da assistência de enfermagem.
ϖ Realizar uma agenda de reuniões semanais entre a própria equipe de
saúde para que seja possível planejar as atividades a serem desenvolvidas em
conjunto.
ϖ A equipe necessita conhecer melhor as estratégias que determinam a
35
Sistematização da assistência de enfermagem, para adotar atitudes pertinentes ao
êxito do processo de trabalho.
ϖ E fundamental que a equipe de saúde esteja sintonizada e que haja um
respeito mútuo entre todos os participantes.
ϖ Reforçar a importância do trabalho em equipe através de dinâmicas
vivenciais. O trabalho em equipe é essencial para melhorar a qualidade e a
produtividade, necessita de pessoas comprometidas que colaborem umas com as
outras, interagindo de maneira complementar, desenvolvendo suas potencialidades.
ϖ Elaboração de um fluxograma organizacional, estabelecendo as
atividades inerentes a cada profissional para que não ocorra omissão de alguns e
sobreposição de atividades para outros,
ϖ Elaborar manuais, protocolos clínicos e materiais de apoio que possam
subsidiar e respaldar os profissionais a redirecionar as atividades, propiciando a
melhoria na qualidade e resolubilidade no atendimento;
ϖ Elaborar roteiros que facilitarão a sistematização da assistência de
enfermagem. (Anexo A).
ϖ Capacitar os profissionais para a utilização dos manuais e protocolos
clínicos, além de desenvolver ações de educação continuada e treinamento em
serviço;
36
5 CONCLUSÃO
Por meio da regulamentação do COFEN 272/2002 a pesquisa qualitativa e
das propostas sugeridas, constatamos a necessidade de priorizar a formação da
sistematização da assistência de enfermagem e mais especificamente o Diagnóstico
de Enfermagem, tendo em vista os problemas encontrados que possibilitam a não
realização do processo de enfermagem.
Os membros da equipe reconhecem as suas dificuldades, no entanto,
sente-se impossibilitados para modificar o quadro devido à alta demanda de
atendimentos, dimensionamento pessoal insuficiente, desgaste profissionais, pouco
conhecimento sobre o assunto (SAE).
Neste contexto, os propósitos desta pesquisa visaram identificar os
problemas relativos à implementação do diagnóstico de enfermagem, identificar os
fatores administrativos que corroboram para a não implementação do diagnóstico e
também identificar o conhecimento dos enfermeiros a respeito da determinação do
diagnóstico de enfermagem e tentar instituir como proposta algumas ações
proporcionando o melhor desempenho da equipe e conseqüentemente, da qualidade
no atendimento oferecido à população.
Finalizando, ressaltamos a importância do desenvolvimento deste trabalho
para a maior flexibilização de cada indivíduo, membro da equipe, frente às
adversidades encontradas no processo de enfermagem e o estabelecimento da
atuação do enfermeiro na sistematização da assistência de enfermagem.
De modo geral concluímos que:
-
O processo de enfermagem entre a equipe é fragmentada, sendo
realizada apenas etapas dispersas, sem seqüência lógica estabelecida;
-
Tem conhecimento limitado sobre a Sistematização da Assistência de
Enfermagem, mais precisamente sobre o diagnóstico de enfermagem;
-
Alta demanda do fluxo de clientes, sobrecarregando a equipe deixando
tempo insuficiente para realização do diagnóstico de enfermagem;
-
Número de membros da equipe inferior ao recomendado legalmente,
ou seja, falhas no dimensionamento de pessoal;
enfermagem;
A instituição não demonstra interesse na realização do diagnóstico de
37
O interesse pelo tema trazido nesse trabalho permeia nossa trajetória de
vida e o fato de convivermos no meio do serviço de saúde possibilitou a observação
de que o princípio da sistematização da assistência de enfermagem é ainda
insuficiente.
Alguns questionamentos foram sendo delineados. Na medida em que
verificávamos dificuldades dos entrevistados durante o processo de trabalho, e falta
de tempo para organizar/pensar as atitudes tomadas. Essa constatação permitiu-nos
chegar à outra constatação de que o ambiente de trabalho nos serviços de saúde é
carregado de contratempos, é estressante, existe acúmulo de tarefas e poucos
recursos humanos.
Temos clareza que, por sua própria natureza, trata-se de um tema que
suscita questões abrangentes e complexas, que fazem parte de um processo amplo,
se consideramos as estruturas das organizações em que se encontram alicerçados
os serviços de emergências de saúde.
Vale ressaltar, no entanto, que após as leituras, os contatos com a equipe
e reflexões sobre os dados que obtivemos, nos sentimos ainda mais sensibilizadas
frente a interrogações que nortearam esse estudo, o que, seguramente nos deu
mais clareza sobre a importância da realização da Sistematização da Assistência de
Enfermagem no serviço de Emergência.
Neste estudo não nos propusemos ao aprofundamento dessa discussão,
mas apontamos à necessidade de tomada de consciência acerca dos resultados
encontrados, com vistas à implantação de um sistema formal de assistência ao
cliente, onde o cuidado realizado torna-se coerente.
Os resultados deixam claro ainda que os entrevistados percebem e
referem a importância de ter um método sistematizado e também de estabelecer o
Diagnóstico de Enfermagem como etapa primordial para a articulação de todo o
processo.
Defendemos, portanto, o investimento no desenvolvimento de um
processo sistematizado que venha organizar/sistematizar os cuidados aos clientes
na unidade de emergência do Hospital Nossa Senhora da Conceição onde este
estudo foi desenvolvido, mas também estendido às demais instituições de saúde.
38
REFERÊNCIAS
BARROS, Alba Lucia Botura Leite. Anamnese e exame físico. 4.ed. Porto Alegre:
Artmed, 2001.
BRUNNER, L. S.; SUDDART, D. S. Tratado de enfermagem médico-cirúrgico.
9.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
COSTA, E. A práxis da ação comunicativa numa escola técnica: a contribuição de
Jürgen Habermas. 2002. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Tecnologia do Centro Federal de Educação Tecnológica do
Paraná.
Curitiba.
Disponível
em:
<http://www.ppgte.cefetpr.br/dissertacoes/2002/edilson.pdf>.
Acesso
em:
25/09/2007.
FELISBINO, Janete Elza. Processo de enfermagem na UTI – uma proposta
metodológica. São Paulo: EPU, 1994.
HORTA, Wanda de Aguiar. Processo de enfermagem. São Paulo: EPU, 1979.
LÜDKE, Menga. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo:
EPU, 1986
KOTZEMBACK, Jon R.; SMITH, Douglas K. A força e o poder das equipes. São
Paulo: Afiliada, 1994.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa social: teoria, método e criatividade.
21.ed. Petrópolis: Vozes, 2002.
MINICUCCI, Agostinho. Relações humanas: psicologia das relações interpessoais.
3.ed. São Paulo: Vozes, 1989.
MERHY, E. E. O ato de cuidar como um dos nós críticos chaves dos serviços
de saúde. São Paulo: Mimeo. DMPS/FCM/UNICAMP, 1999.
MOSCOVICI, Fela. Equipes dão certo. 6.ed. Rio de Janeiro: José Oympio, 1994.
SARQUIS, Sávio Ignácio J. S; KLINGER, Fontinele Junior. Urgência e emergência
em enfermagem. Goiânia – GO: Afiliada, 2004.
SHERMERHORN, Jr; HUNT, James G.; OSBORN, Richard N. Fundamentos de
comportamento organizacional. 2.ed. Porto Alegre: Bookman, 1999.
SOUZA, A. M. A.; SANTOS I. Processo Educativo nos Serviços de Saúde – Série
Desenvolvimento de Recursos Humanos n. 01 – OPAS – Brasília,1993.
39
APÊNDICE
40
APENDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO INSTITUCIONAL
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CONDUTAS DE ENFERMAGEM A
PACIENTES CRÍTICOS.
Ilmo (a) Sr.(a):
Hospital Nossa Senhora da Conceição - Tubarão
Venho respeitosamente, através do presente solicitar sua autorização para
coleta de dados na instituição que irá subsidiar a construção de minha monografia
de conclusão de curso de pós-graduação de condutas de enfermagem a pacientes
críticos da Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC.
O objetivo do trabalho é que através de entrevistas com os Enfermeiros da
Emergência do HNSC, possa colher informações para o meu estudo, cujo tema é
“Diagnóstico de enfermagem em emergência – Desafio de sua Aplicabilidade”.
Asseguro o compromisso com a ética e o sigilo neste trabalho,
respeitando a privacidade e valores de cada paciente.
Fernando de Aguiar
Anexo cópia do projeto de pesquisa.
41
APÊNDICE B -Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do Participante
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CONDUTAS DE ENFERMAGEM A
PACIENTES CRÍTICOS
Pelo presente termo de consentimento, declaro minha concordância em
participar nesta pesquisa, que tem como título de Diagnóstico de Enfermagem em
Emergência – Desafio da aplicabilidade com intuito de identificar qual a
aplicabilidade do diagnostico de enfermagem em emergência, com a finalidade de
fornecer subsídios para realização do trabalho de conclusão de curso de pósgraduação, e também para que a enfermagem possa ter um grande ganho com a
possibilidade de indagar-se sobre a realização do diagnostico de enfermagem e sua
importância na emergência de hospitais. Estando também ciente de que será
mantido sigilo, o anonimato, e que não há qualquer tipo de risco, pois as entrevistas
repassadas por escrito sem uso de fotografias ou filmagens e na apresentação do
trabalho a população pesquisada será identificada por códigos, mantendo a ética
profissional e o respeito ao ser humano. Também fui informado (a) que tenho o
direito de interromper a pesquisa se for de minha vontade. Neste sentido, pelo
presente consentimento, também autorizo a divulgação dos resultados desta
pesquisa.
Responsável pela pesquisa
Fernando de Aguiar
Local e Data:
Assinatura do entrevistado:
,
de
2008.
42
APENDICE C - Formulário de pesquisa
Formação:
Especialização:
Idade:
Sexo:
Questionário Semi-estruturado
A) Você conhece a Sistematização da Assistência de Enfermagem? Se
conhece, quais são as etapas que você considera mais importante?
B) Fale sobre o que você acha sobre a realização do Diagnóstico de
enfermagem.
C) Você realiza o diagnóstico de Enfermagem?
D) Qual a dificuldade que você encontra para não realizar o diagnóstico de
enfermagem em emergência?
E) O que você acha que poderia ajudar para a realização do diagnostico
de enfermagem em emergência?
43
ANEXOS
44
ANEXO A - Ferramenta para o diagnostico de enfermagem
Nome:
Idade:
Estado Civil:
Cidade:
Acompanhante ( ) Sim ( ) Médico:
Não
História clínica prévia:
Histórico de chegada no PS:
Internações prévias ( ) Sim ( ) Motivo desta internação:
Não
Alergia a medicamento ( ) Sim ( ) Qual medicamento:
Não
Tabagismo ( ) Sim ( ) Alcoolismo (
Não
)Sim ( Outras drogas:
)Não
Doenças crônicas: DM ( ) HAS( ) Câncer( ) HIV( ) Hepatite( ) outras ( )
descrever:
Medicações que faz uso:
Queixas principais:
Sinais Vitais
PA:
TAX:
R:
Pulso:
mmhg
ºC
rpm
mpm
Dispositivos SNG ( SNE
)
Dor ( ) sim ( )Não
( SVD ( Cateter
)
)
Drenos ( Cateter
intravenoso ( )
)
O² ( )
Ausculta Cardíaca:
Ausculta Pulmonar:
( )normal
( )MV –
( )roncos
)estertores ( )sibilos
Eupneico ( )
Taquipnéia ( Bradipnéia ( Apnéia ( Kussmaul ( Cheyne)
Nível de consciência:
)
)
)
Stokes ( )
(
45
Acordado ( )
Lúcido ( )
Comatoso
( Torporoso ( Confuso ( )
)
)
( )
Escala de Coma de Glasgow: AO (
)
Pupila: Normal ( )
Miose ( ) Isocórica (
Midríase ( )
Desorientado
MRV (
) MRM (
)
Total:
) Anisocoria E ( )
Anisocoria D ( )
Renal: Indolor ( ) Dor (
) com irradiação (
) Sem irradiação (
) Sinal de
Giordano ( )
Abdome: RHA ( ) incisão cirúrgica( ) colostomia( ) Indolor( ) dor( ) plano( )
globoso( ) flácido à palpação( ) resistente à palpação( ) ascite ( )
Localização da dor
Hipocôndrio D ( )
Epigastro ( )
Hipocôndrio E ( )
Flanco D ( )
Região Umbilical ( )
Flanco E ( )
Região inguinal D ( )
Região suprapúbica ( )
Região inguinal E ( )
Sinal Murphy ( Sinal Jobert ( Sinal Rosving ( Sinal Mcburney Blumberg
)
)
Membros:
)
( )
Dor ( )sim ( Irradiação:
Edema:
)não
/4+
(
)
Fratura:
Escoriação:
Sensibilidade ( ) pulsos periféricos palpáveis ( ) paresia ( ) hemiplegia ( )
Pele e mucosas:
Eliminações:
Vesicais: presente ( ) ausente ( ) odor (
) coloração (
) depósito
( )sim ( )não
Intestinais: presente ( ) ausente ( ) melena ( ) diarréia ( )
fecaloma ( )
Nutrição/Dieta:
Outros achados:
GRAU DE DEPENDENCIA
1. Independente
Grau 01 ( )
Grau
02 ( )
2. Dependência parcial
3. Dependência moderada
4. Dependência total
Grau
03
(
)
46
Grau 04 ( )
Exames realizados no PS:
Medicações usadas no PS:
Aspectos psicossociais:
Conhecimento sobre seu problema de saúde:
Condições que o cliente apresenta-se para o auto cuidado:
Conhecimento dos familiares sobre o problema de saúde:
Análise/diagnóstico de enfermagem
¬
¬
¬
¬
¬
¬
¬
¬
¬
¬
¬
¬
¬
¬
¬
¬
Cuidados realizados no cliente/paciente dentro do PS:
Prescrição/plano de cuidado – enfermagem:
¬
¬
¬
¬
¬
¬
¬
¬
47
¬
¬
¬
¬
¬
¬
¬
¬
Encaminhado para setor:
Enfermeiro (a):
Hora:
COREN/SC:
Data:
Fonte: Barros & Cols – Anamnese e exame físico (elaborado Enfº Fernando de
Aguiar - COREN/SC: 113730)
48
ANEXO B – Resolução COFEN-272/2002
O Conselho Federal de Enfermagem - COFEN, no uso de suas atribuições legais e
regimentais;
CONSIDERANDO a Constituição Federativa do Brasil, promulgada em 05 de
outubro de 1998 nos artigos 5º, XII e 197;
CONSIDERANDO a Lei nº 7.498/86 c.c. o Decreto nº 94.406/86, respectivamente no
artigo 11, alíneas "c", "i" e "j" e artigo 8º, alíneas "c", "e" e "f";
CONSIDERANDO o contido no Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem,
aprovado pela Resolução COFEN 240/2000;
CONSIDERANDO o disposto nas Resoluções-COFEN nºs 195/1997, 267/2001 e
271/2002;
CONSIDERANDO que a Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE,
sendo atividade privativa do enfermeiro, utiliza método e estratégia de trabalho
científico para a identificação das situações de saúde/doença, subsidiando ações de
assistência de Enfermagem que possam contribuir para a promoção, prevenção,
recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família e comunidade;
CONSIDERANDO a institucionalização da SAE como prática de um processo de
trabalho adequado às necessidades da comunidade e como modelo assistencial a
ser aplicado em todas as áreas de assitência à saúde pelo enfermeiro;
CONSIDERANDO que a implementação da SAE constitui, efetivamente, melhora na
qualidade da Assistência de Enfermage;
CONSIDERANDO os estudos elaborados pela CTA/COFEN, nos autos do PADCOFEN Nº 48/97;
RESOLVE:
Art. 1º - Ao Enfermeiro incumbe:
I - Privativamente: A implantação, planejamento, organização, execução e avaliação
do processo de enfermagem, que compreende as seguintes etapas: Consulta de
Enfermagem
Compreende o histórico (entrevista), exame físico, diagnóstico, prescrição e
evolução de enfermagem. Para a implementação da assistência de enfermagem,
devem ser considerados os aspectos essenciais em cada uma das etapas, conforme
49
descriminados a seguir: Histórico: Conhecer hábitos individuais e biopsicossociais
visando à adaptação do paciente à unidade de tratamento, assim como a
identificação de problemas. Exame Físico: O Enfermeiro deverá realizar as
seguintes técnicas: inspeção, ausculta, palpação e percussão, de forma criteriosa,
efetuando o levantamento de dados sobre o estado de saúde do paciente e
anotação das anormalidades encontradas para validar as informações obtidas no
histórico. Diagnóstico de Enfermagem: O Enfermeiro após ter analisado os dados
colhidos no histórico e exame físico, identificará os problemas de enfermagem, as
necessidades básicas afetadas e grau de dependência, fazendo julgamento clínico
sobre as respostas do indíviduo, da família e comunidade, aos problemas,
processos de vida vigentes ou potenciais. Prescrição de Enfermagem: É o conjunto
de medidas decididas pelo Enfermeiro, que direciona e coordena a assistência de
Enfermagem ao paciente de forma individualizada e contínua, objetivando a
prevenção, promoção, proteção, recuperação e manutenção da saúde. Evolução de
Enfermagem: É o registro feito pelo Enfermeiro após a avaliação do estado geral do
paciente. Desse registro constam os problemas novos identificados, um resumo
sucinto dos resultados dos cuidados prescritos e os problemas a serem abordados
nas 24 horas subsequentes.
Artigo 2º - A implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem SAE - deve ocorrer em toda instituição da saúde, pública e privada.
Artigo 3º - A Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE deverá ser
registrada formalmente no prontuário do paciente/cliente/usuário, devendo ser
composta por: Histórico de enfermagem; Exame físico; Diagnóstico de enfermagem;
Prescrição da assistência de enfermagem; Evolução da assistência de enfermagem;
Relatório de enfermagem.
Parágrafo único: Nos casos de Assistência Domiciliar - HOME CARE - este
prontuário
deverá
permanecer
junto
ao
paciente/cliente/usuário
assistido,
objetivando otimizar o andamento do processo, bem como atender o disposto no
Código de Defesa do Consumidor.
Artigo 4º - Os CORENS, em suas respectivas jurisdições, deverão promover
encontros, seminários, eventos, para subsidiar técnica e cientificamente os
profissionais de Enfermagem, na implementação da Sistematização da Assistência
de Enfermagem - SAE;
Artigo 5º - É de responsabilidade dos CORENS, em suas respectivas jurisdições,
50
zelar pelo cumprimento desta norma.
Artigo 6º - Os casos omissos, serão resolvidos pelo COFEN.
Artigo 7º - A presente resolução entra em vigor na data de sua publicação,
revogando disposições em contrário.
Rio de Janeiro, 27 de agosto de 2002.
GILBERTO LINHARES TEIXEIRA
COREN-RJ Nº2.380
PRESIDENTE
CARMEM DE ALMEIDA DA SILVA
COREN-SP Nº 2.254
PRIMEIRA SECRETÁRIA
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