Unidade III Unidade III Se conhecemos o inimigo (ambiente externo) e a nós mesmos (ambiente interno), não precisamos temer uma centena de combates. Se nos conhecemos, mas não ao inimigo, para cada vitória sofreremos uma derrota. Se não nos conhecemos nem ao inimigo, perderemos todas as batalhas (Sun Tzu, In: A arte da guerra). 5 1 1 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio 4 AMBIENTE EXTERNO E AMBIENTE INTERNO No desenvolvimento da estratégia de uma organização, independente de sua natureza (pública, privada, ONGs, governo, 10 serviços a sociedade – saúde, educação, etc), a análise do micro e do macroambiente (também chamado por alguns autores de ambiente de marketing41) e o entendimento no seu impacto e tendências são fundamentais para o sucesso da organização e a criação de vantagem competitiva. O ambiente de marketing 15 consiste nos participantes e forças de mercado que afetam a capacidade de uma organização de operar efetivamente no fornecimento de seus produtos e serviços ao mercado. Resumidamente, o desenvolvimento da estratégia é como a teoria da evolução. Ela tem como alicerce a capacidade de adaptação 20 ao identificar oportunidades no ambiente e desenvolver ou construir capacitações estratégicas (tecnológica, humana, física, financeira...) para tirar vantagem dessas oportunidades: entregar o maior número de produtos42 a seus clientes com a melhor qualidade, menor preço e menor custo. 25 2 2 3 O tema deste capítulo trata sobre como os gestores, sejam eles de uma organização publica ou privada, Os termos utilizados são diversos. Alguns autores denominam como ambiente de marketing o micro + o macroambiente. Outros denominam como ambiente externo. 42 Bens, serviços ou informações. 41 70 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 70 21/6/2010 14:51:22 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA 5 10 15 20 25 Para entender o ambiente das organizações com o objetivo de ajudar a identificar os pontos-chave e ajudar a lidar com as complexidades e mudanças do ambiente corporativo, alguns fatores de impacto na organização têm que ser considerados em sua plenitude. Esses modelos são organizados em uma série de “camadas“ que serão detalhadas ao longo do capítulo e estão esboçadas na figura 943: 30 G. Johnson, K. Scholes e R. Whittington, “Exploring Corporate Strategy”, FT Prentice Hall, 2005 43 71 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 71 21/6/2010 14:51:22 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio podem perceber e utilizar a seu favor as incertezas do ambiente que circunda sua organização – o ambiente de negócios organizacional. Esta não é uma tarefa simples. Pode ser difícil por inúmeras razões. Primeiramente, o ambiente de negócios engloba diversas variáveis relevantes que atuam simultaneamente na organização e o problema esta justamente nesta diversidade. O segundo problema encontra-se na complexidade que surge desta diversidade, pois muitas destas variáveis estão inter-relacionadas. Por exemplo, uma mudança tecnológica pode mudar a natureza do trabalho que, consequentemente, muda o estilo de vida que, por sua vez, mudará os hábitos de consumo para diversos produtos, criando oportunidades para algumas e novas organizações enquanto obrigará a algumas a sair do mercado. Portanto, entender estas conexões é de fundamental importância para que o gestor possa ter um plano estratégico adequado para o ambiente de negócios dele. Para terminar, existe a questão da frequência e velocidade das mudanças no ambiente de negócios. Mais do que nunca, o ritmo de mudanças tecnológicas, a velocidade da comunicação e fluxo de informação global exigem constantes e rápidas respostas e mudanças ao ambiente de negócios. Unidade III Macroambiente de negócios Indústria (ou setor de atuação) Competidores e mercado Organização ambiente interno Figura9: Fatores que influenciam o ambiente de negócios. Fonte: Scholes, Johnson and Whittingsin, “Exploring corporate strategy”, Capítulo 2, pág 64. Essas camadas funcionam como uma espécie de funil, onde uma análise é feita do aspecto mais geral para o mais específico ou vice-versa (conhecidos como top-down ou down-up analysis). 5 A camada mais geral é conhecida como macroambiente de negócios e consiste numa abordagem ampla dos fatores que afetam quase todas as organizações em diferente intensidade. É muito importante entender como mudanças no macroambiente provavelmente causarão impacto na organização. Um bom ponto inicial pode ser fornecido por um modelo chamado PESTEL, que pode ser usado para identificar futuras tendências nos ambientes Político, Econômico, Social, Tecnológico, Ambiental (environment) e Legal que circundam a organização. Esta análise oferece uma ampla quantidade de dados que possibilitam identificar as agentes-chave para a mudança necessária. Naturalmente, eles diferem dentre cada industria, setor e país. Consequentemente, eles terão impactos diferentes em cada organização.44 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio 10 15 20 1 1 2 Adaptado do livro EXPLORANDO A ESTRATEGIA CORPORATIVA: TEXTO E CASOS 44 72 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 72 21/6/2010 14:51:22 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Como parte deste macroambiente de negócios, a próxima camada é pertinente a uma indústria ou setor. Este se refere a um grupo de organizações que produzem os mesmos produtos ou prestam os mesmos serviços. A análise estrutural da indústria, conhecida como modelo das cinco forças competitivas, de Porter, e o conceito de “ciclos da competição de mercado” podem ser úteis para entender como as dinâmicas no modo de competir estão mudando, na indústria específica e ao redor dela. O ambiente interno é o nível de ambiente dentro da organização composto de sua estrutura , seus processos, suas áreas... Sua análise essencial para se avaliar os pontos fortes e fracos da organização, refere-se aos fatores internos: os 5 recursos que aplica e os ativos intangíveis que considera,desde sua estrutura de trabalho até os aspectos humanos, materiais, tecnológicos, de mercado e financeiros. 10 15 20 A análise do macroambiente investiga as questões amplas do universo social, econômico e político, e sua influência no setor de atuação analisado, com o objetivo de identificar ameaças e oportunidades do seu mercado de atuação. São questões que as organizações, individualmente, pouco conseguem influenciar, mas que influenciam diretamente o seu setor de atuação. “As organizações bem-sucedidas são aquelas que podem reconhecer e responder rentavelmente às necessidades não atendidas e às tendências do macroambiente” (Kotler, 1998). As organizações são afetadas por pelo menos quatro forças macroambientais em seus mercados de atuação: político-legais; econômicas; tecnológicas; e sociais. Por isso, aquelas que passam a operar em 73 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 73 21/6/2010 14:51:22 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio 4.1 Ambiente geral externo ou macroambiente Unidade III outros mercados necessitam ampliar o processo de análises macroambientais para considerar essas forças em cada mercado distinto, o que representa aumento da complexidade da análise estratégica.45 A – Análise do macroambiente: modelo PESTEL 5 A figura 1046 apresenta o modelo PESTEL, que categoriza as influências ambientais em seis fatores principais: político, econômico, social, tecnológico, ambiental e legal. Estes fatores não são independentes uns dos outros. Muitos estão conectados. 10 1 Que fatores afetam a organização? Quais fatores são mais importantes no presente? E no futuro? Legal Político 1 Fatores econômicos – Leis de competição – Estabilidade governamental – Ciclos de negócios – Leis de empregabilidade – Política de impostos – Tendência do PIB – Saúde e segurança – Leis de comércio internacional – Juros – Comercialização dos produtos – Políticas sociais – Inflação – Taxa de desemprego 2 – Política monetária Ambiental – Leis de proteção ambiental Organização – Receita per capita – Consumo de energia Fatores socioculturais Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio – Disposição do lixo 2 – Distribuição de renda Fatores tecnológicos – Mobilidade social – Despesas do governo em pesquisa e desenvolvimento – Demografia populacional – Taxas de obsolescência – Nível educacional – Rapidez de transferência tecnológica – Hábitos de consumo – Foco do governo e indústria em desenvolvimento tecnológico – Mudanças no estilo de vida – Novas descobertas, patentes, direitos autorais, etc Figura 10: Influências do ambiente externo. Fonte: Scholes, Johnson and Whittingsin, “Exploring Corporate Strategy”, Capítulo 2, p. 68. Texto dos Cadernos de excelência, da FNQ. G. Johnson, K. Scholes e R. Whittington, “Exploring Corporate Strategy”, FT Prentice Hall, 2005 45 46 74 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 74 21/6/2010 14:51:22 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Porém, entender como os fatores do PESTEL impactam e alavancam mudanças na organização é realmente o ponto inicial. Os gestores precisam entender tanto os fatores-chave “alavancadores” de mudança quanto o impacto diferencial 5 dessas influências externas e os direcionadores em determinada indústria, mercado e organizações que serão discutidos em 1.1.2. Eles também variam de acordo com culturas e países. É muito importante que PESTEL seja usado visando o futuro impacto dos fatores ambientais, que 10 provavelmente serão diferentes dos fatores passados em decorrência das mudanças já ocorridas no ambiente. Quando existem muitas incertezas a respeito das mudanças futuras no ambiente, projetar cenários pode ser bem eficiente para cercar todas as possibilidades. Os fatores listados no PESTEL na figura 2 são de valores limitados se eles forem vistos apenas como uma lista de influências. É importante identificar um número de fatores-chave direcionadores de mudança, que são as prováveis forças a afetar a estrutura de uma indústria (setor ou mercado). Embora haverá diversas mudanças ocorrendo no ambiente externo de negócios da maioria das organizações, será o efeito combinado de apenas alguns desses fatores que serão de fato importantes e não todos os fatores separadamente. Zip47 demonstra um bom exemplo de direcionadores-chave que estão aumentando a globalização de alguns setores. 20 25 47 G. Zip, “Total Global Strategy II”, FT/Prentice Hall, 2003, capítulo 2 75 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 75 21/6/2010 14:51:22 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio B – Análise do macroambiente: fatores-chave direcionadores de mudança 15 Unidade III Mercado – Clientes globais – Transferência de marketing – Necessidades similares dos clientes Globalização de políticas governamentais – Políticas de comércio – Padrões técnicos – Políticas do governo hospedeiro Organização Globalização de custos – Economia de escala – Altos custos de desenvolvimento de produtos – Custos es pecíficos de um país – Eficiência em fornecedores globais 1 1 Competição – Competidores globais – Independência – Altas taxas de importação e exportação 2 Figura 11: Direcionadores de estratégia global Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio Fonte: G. Zip. Total global strategy II. FT/Prentice Hall, 2003, capítulo 2. 5 10 2 Existe uma tendência mundial de globalização cada vez maior dos mercados. A atual crise econômico-financeira demonstrou isso ao impactar o mundo inteiro em um intervalo de tempo infinitesimal. Na maioria dos mercados, as necessidades e preferências dos clientes estão tornando-se cada vez mais similares. Mc Donald’s é um bom exemplo disso, cujo cardápio padrão é oferecido em quase todos os países do mundo com grande sucesso. Com a globalização dos mercados, as organizações que operam em mercados internacionais, tornam-se clientes globais e procuram 3 3 76 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 76 21/6/2010 14:51:22 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA 10 15 20 25 30 35 A globalização dos custos pode fornecer uma vantagem competitiva, pois algumas organizações terão maior acesso e\ou estarão mais cientes dessas vantagens que alguns competidores. Este é o caso de grandes indústrias em que grandes volumes de um produto padrão são requeridos para estabelecer economias de escala. Existe também a possibilidade de se construir vantagens de custo por meio da experiência adquirida em operações de larga escala. Outra possibilidade de se obter vantagens de custo está nas eficiências de uma fonte central de abastecimento por fornecedores de baixo custo (fornecedor de um requisito necessário é fonte para todas unidades de operação). Os custos específicos de um país, como mão de obra ou taxa de câmbio, incentivam as organizações a procurar globalmente por baixo custo nestes quesitos como meios para reduzir os custos a um nível melhor que seus competidores (por exemplo, Índia usada como central de call center de empresas americanas e europeias). O alto custo de desenvolvimento de produtos também incentiva mais as organizações a operarem com menos produtos ou prestarem menos serviços, mas com alcance global do que absorver custos de uma linha de produtos maior para uma escala geográfica de atuação menor. 77 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 77 21/6/2010 14:51:23 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio 5 fornecedores que podem operar globalmente. O desenvolvimento da comunicação global e de canais de distribuição estão conduzindo a globalização (um exemplo óbvio é a internet). Como consequência, este movimento permite o aparecimento de oportunidades de mercado como uma transferência de marketing para um nível global. Políticas de marketing, marcas, identidade e campanha publicitária podem ser desenvolvidas em nível mundial. Este esforço gera demanda global e novas expectativas para os clientes, além de possibilitar redução de custo de marketing. Unidade III 5 10 15 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio 20 As atividades dos governos mundiais também tendem a direcionar ainda mais a globalização dos mercados. As políticas de comércio, a criação dos blocos econômicos, o incentivo ao mercado aberto, o reconhecimento da importância das nações emergentes (G20) são ações visando operações globais. A dinâmica das mudanças no ambiente externo estão aumentando a competição global que por sua vez, incentiva a busca de por mais mercados e mais globalização. Se os níveis de importação e exportação entre os países é alto, isto aumenta a interação entre os competidores em uma escala mais global. Se um mercado está competindo globalmente, isto tende a pressionar os competidores a uma globalização maior, principalmente se eles já operam globalmente, o que pode gerar vantagem competitiva para seu negócio. É importante lembrar que a Figura 16 – Direcionadores de Estratégia Global é só um exemplo de como os fatores-chave direcionadores de mudança podem ser identificados e entendidos. Fatores específicos variarão de indústria para indústria, setor para setor e país para país. C – Análise do macroambiente: o diamante de Porter 25 30 PESTEL mostrou como podemos analisar e identificar os fatores que influenciam mais diretamente o ambiente geral competitivo ou macroambiente de uma organização. A relativa importância desses fatores e o impacto combinado deles no ambiente competitivo diferem entres países. Um exemplo da importância deste contexto na competição global é providenciado por Michael Porter no seu livro “A vantagem competitiva das nações“. O que tornou-se 1 78 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 78 21/6/2010 14:51:23 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA 5 conhecido como o “diamante de Porter”, sugere que existem algumas razões inerentes que definem o porque algumas nações são mais competitivas que outras (figura 17). Este é um outro exemplo de como o impacto dos fatores do ambiente externo de negócios podem ter um caráter estratégico. Estratégia, estrutura e rivalidade da organização Características específicas do país Características da demanda Indústrias relacionadas e de suporte Fonte: M. Porter, Competitive Advantage of Nations, Macmillan, 1990. Porter sugere que a base nacional de uma organização tem um papel muito relevante para criar vantagem competitiva numa escala global. A base doméstica fornece características 10 em as organizações são capazes de construir e expandir para atingir tal vantagem. Algumas características específicas do país ajudam a explicar a base de vantagem competitiva em um nível nacional. Elas fornecem vantagens iniciais que são, subconsequentemente, 79 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 79 21/6/2010 14:51:23 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio Figura 12: O diamante de Porter Unidade III desenvolvidas para gerarem mais fatores mais avançados de competição. Por exemplo, na Suécia ou no Japão, onde por lei e por costumes, é difícil demitir a mão de obra e, portanto, um esforço maior na automação das organizações tem sido 5 feito. As características da demanda doméstica são a base para determinar como as vantagens de uma organização são formadas. Por exemplo, a alta expectativa dos consumidores japoneses para equipamentos eletrônicos tem fornecido o 10 impulso necessário para fazer das organizações japonesas o benchmark 48mundial destes setores. 1 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio O sucesso de uma organização pode levar as industrias ou organizações relacionadas e de suporte a desenvolver uma vantagem competitiva. O sapato de couro italiano, por exemplo, 15 desenvolveu e beneficiou a indústria de maquinário para couro e os serviços de design. Em Cingapura, os serviços portuários e a industria de reparo de navios têm benefícios mútuos. 1 As características da estratégia da empresa, da estrutura da industria e a rivalidade em diferentes países também 20 determinam as bases de vantagem competitiva. Na Alemanha, a sistemática de trabalho, normalmente com alta hierarquia, permitiu o desenvolvimento de processos de gerenciamento em que a engenharia técnica é reconhecida por sua excelência e confiabilidade. A rivalidade doméstica e a busca por vantagem 25 competitiva dentro de um país pode fornecer às organizações uma base para atingir tal vantagem em uma escala mais global (ex: industria farmacêutica e financeira da Suíça ou de fabricação de cervejas da Holanda). 2 2 O diamante de Porter tem sido usado em diversas formas. 30 Em nível nacional, ele tem sido empregado por governos para considerar políticas a serem seguidas para incentivar o desenvolvimento de vantagem competitiva em suas indústrias. Já que o argumento é que, em essência, as características a 3 Benchmark significa “o referencial”, “a referência”. Benchmarking refere-se ao processo de se comparar com outras organizações concorrentes ou com processos similares ou distintos, mas considerados modelos, referenciais em determinado processo, prática de gestão ou resultado. 48 80 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 80 21/6/2010 14:51:23 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA competição doméstica deveriam gerar uma vantagem num sentido mais amplo, a implicação é que a competição deveria ser encorajada em nível nacional ao invés de serem protegidas da competição externa. Entretanto, os governos podem promover 5 tais vantagens através de meios para, por exemplo, garantir altas expectativas no desempenho dos produtos, desenvolver padrões de segurança ou ambientais, ou ainda incentivando a cooperação vertical entre compradores e fornecedores num nível nacional, o que poderia gerar inovação. 10 As implicações do diamante de Porter também se aplicam à relativa competitividade de diferentes regiões dentro de uma nação. Isso leva a considerar a importância dos aglomerados49 de organizações da mesma industria ou setor em uma mesma localidade dentro de um país específico – uma consideração 15 importante para a política econômica regional. Mas a política econômica regional preocupa-se também com a eliminação de circunstâncias desvantajosas e/ou com a atração de investimentos em novos setores para regiões com privações econômicas e o modelo pode ajudar nessas considerações da 20 mesma forma. D – Construção de cenários 25 Quando os negócios estão em um ambiente cercado de altas incertezas que surgem da complexidade e\ou rápida mudança, pode ser que tornar-se-á impossível o desenvolvimento de uma única visão de como as influências do macroambiente podem afetar as estratégias da organização. Diante deste contexto, um formato diferente será necessário para que o futuro impacto no ambiente de negócios da organização 30 49 M. Porter, The competitive Advantage of Nations, Free Press, 1990 81 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 81 21/6/2010 14:51:23 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio As organizações também usam o diamante de Porter como um meio para tentar identificar a extensão em que eles podem desenvolver as vantagens domésticas para criar uma vantagem competitiva ante aos outros no fronte global. Unidade III 5 10 15 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio 20 25 seja entendido. Os cenários são visões plausíveis e detalhadas de como o ambiente de negócios da organização pode desenvolver-se baseados no agrupamento dos fatores chave onde existe um alto grau de incerteza. Atuação, a possível escassez de petróleo e água doce já levam diversas empresas a desenhar modelos de negócio para o futuro de 20 a 30 anos. O planejamento de cenários não visa “prever o imprevisível” e, portanto, considerar-se cenários múltiplos, todos igualmente plausíveis. Eles não são baseados em palpite. Eles são logicamente consistentes, mas diferentes uns dos outros. Ao compartilhar e debater esses cenários, o aprendizado organizacional aumenta ao tornar os gestores mais perceptíveis das forças presentes no ambiente que realmente são importantes para seu negócio. Eles devem desenvolver e avaliar as estratégias (os planos de contingência) para cada cenário. E, naturalmente, devem monitorar o ambiente para acompanhar como ele esta se desenrolando para o ajuste apropriado das estratégias e planos. 1 1 2 Em resumo, os cenários são especialmente úteis onde é importante ter uma visão estratégica de longo prazo, onde existe um número limitado de fatores chave influenciando o sucesso daquela determinada estratégia e onde existe um alto grau de incerteza sobre tais influências. 2 4.2 Ambiente setorial ou microambiente 3 Esse ambiente refere-se ao mercado de atuação, pelo qual a 30 organização é influenciada, assim como o influencia. Ele abrange atuais e potenciais, setores de atuação, concorrentes, clientes, fornecedores. 82 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 82 21/6/2010 14:51:23 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Fatores relevantes, como, concorrência atual e potencial, perfil dos fornecedores e sua capacidade de fornecimento, evolução e sazonalidade da demanda, de produtos e de novos produtos, participação nos segmentos, preços relativos, pontos 5 de venda, prazos de entrega, negócios perdidos, cancelamentos de contratos, perfil dos compradores, usuários ou demandantes, seu comportamento na decisão de compra, seu poder de compra e valor a eles agregado pelos produtos, dentre outros, devem ser considerados. 15 20 25 30 I Indústria ou setores O impacto das mudanças no ambiente externo de negócios situa-se nas mudanças das forças competitivas da organização e de sua indústria ou setor. A teoria econômica define indústria como “um grupo de firmas que produzem produtos que são substitutos próximos uns dos outros”. Este conceito pode ser estendido, incluindo para o serviço público, com a ideia de setor (saúde, educação, serviços sociais). Do ponto de vista da perspectiva do gerenciamento estratégico, é útil para os gestores de qualquer organização entender as forças competitivas que agem entre as organizações da mesma do mesmo setor já que elas é que determinam a atratividade desse setor e os meios de como cada organização pode competir. Isto pode providenciar a tomada de decisões importantes a respeito da estratégia de produtos e mercados e se deve entrar ou sair de determinadas indústrias ou setores. É importante lembrar que as fronteiras de uma indústria podem mudar com o passar do tempo como, por exemplo, com a convergência de setores que antes eram distintas como telecomunicações, computação e entretenimento. Convergência pode ser constatada quando setores que eram anteriormente separados 83 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 83 21/6/2010 14:51:23 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio 10 Unidade III começam a sobrepor em termos de atividades, tecnologias, produtos e clientes50. Existem dois tipos de força que pode alavancar convergência. Elas podem ser originadas em decorrência do sistema de fornecimento, no qual as organizações começam a comportar-se como se houvesse conexões entre setores distintos como, por exemplo, no serviço público (Ministério da Cultura e Esporte) Este tipo de convergência pode ser iniciada por fatores externos no ambiente de negócios como, por exemplo, por meio de uma legislação que possa favorecer ou impedir a convergência como o ocorrido com os serviços financeiros em diversos países. 5 10 O segundo tipo de convergência pode ser originada pelas forças do mercado (demanda), no qual os clientes começam a se comportar como diferentes produtos fossem “um”. Eles passam a substituir produtos uns pelos outros (ex: TVs e PCs), ou eles passam a ver links entre produtos complementares que eles querem que se tornem um só (passem a ser uma venda casada – Laptop com DVD, celular com internet). Abaixo, serão analisadas as forças que determinam a competição e atratividade de cada industria ou setor. 15 20 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio II Fatores de competição e atratividade – as cinco forças de Porter 25 Ineremente, dentro da noção de estratégia, situa-se a questão da competitividade. Nos negócios, isto está relacionado com o ganho de vantagem sobre a competição. Normalmente, os gestores têm uma visão muito paroquial das fontes de competição, focando somente nos concorrentes mais diretos. Mas existem muitos outros fatores que influenciam esta competitividade. O modelo das cinco forças competitivas de Porter51 foi, originalmente, desenvolvido como um meio de avaliar a atratividade (potencial de lucro) de 30 1 1 L. Van den Berghe and K. Verweire, “Convergence in the financial services industry”, Geneva Papers vol. 25, n°2, 2000. 51 M. Porter. Competitive strategy: techniques for analysing industries and competitors. Free Press, 1980, capítulo 1. 50 84 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 84 21/6/2010 14:51:24 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA setores diferentes. Como tal, ele pode ajudar a identificar as fontes de competição de determinado setor (figura 18). Embora usado inicialmente com os negócios em mente, ele serve para qualquer tipo de organização. As cinco forças competitivas Entrantes potenciais Concorrentes na indústria Fornecedores Clientes Rivalidade entre as empresas existentes Produtos substitutos Figura 13: As cinco forças de Porter 10 15 Ao usar este modelo para entender as forças competitivas, é fundamental ter em mente os seguintes pontos: • O modelo deve ser usado no nível das unidades estratégicas de negócios e não no nível da organização como um todo devido á diversidade das operações e dos mercados da maioria das organizações (ex: uma companhia aérea tem estratégias diferentes para turistas e viajantes a negócios assim como para rotas de curta e longa distância, locais de fluxo sazonal etc). • Entender as conexões entre as forças competitivas e os fatores chave do ambiente externo é fundamental 85 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 85 21/6/2010 14:51:24 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio 5 Unidade III (ex: uma mudança tecnológica pode destruir mercados como o aparecimento do CD fez com a fita cassete e o DVD com o VHS). 5 10 • As cinco forças não são independentes uma das outras. Acontecimentos e pressões de uma direção podem iniciar mudanças em outras em um processo dinâmico no qual as bases de competição alteram-se constantemente. Por exemplo, novas organizações que possam estar enfrentando um bloqueio nos meios tradicionais do mercado, podem cortar o canal de distribuição tradicional e vender diretamente aos clientes finais, o que por sua vez ocasionará em uma mudança profunda na comercialização dos produtos. 1 1 15 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio 20 25 30 • O comportamento competitivo preocupa-se em destruir essas forças ao invés de simplesmente acomodá-las. Esta dinâmica de competição será discutida posteriormente. Ao estar consciente dessas recomendações, o modelo das cinco forças é um ponto de partida extremamente útil para entender as forças competitivas de um setor. 2 A ameaça de novos entrantes no mercado 2 A ameaça de novos entrantes dependerá das barreiras para se entrar em um determinado mercado. Esses são fatores que devem ser superados pelos novos entrantes caso eles venham a competir com sucesso. Eles devem ser vistos como atrasos para a entrada no mercado e não como barreiras permanentes para determinados entrantes potenciais. Eles podem deter alguns potenciais entrantes, mas não outros. Algumas barreiras típicas são: 3 86 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 86 21/6/2010 14:51:24 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA 10 15 20 25 • Capital de entrada: varia de acordo com o grau tecnológico e escala de produção (ex: uma “ponto. com” exige quase nenhum capital em comparação com uma mineradora). A globalização pode deixar algumas organizações vulneráveis à medida que o custo de capital é baixo (ex.: EUA com juros de 0,25% X Brasil com juros de 8,75%). • Acesso a canais de distribuição ou de fornecimento: em muitos setores, organizações têm detido o controle sobre os fornecedores ou canais de distribuição. Às vezes isto decorre da propriedade vertical (integração vertical – detém toda cadeia de produção) e eventualmente apenas pela lealdade do fornecedor mediante a longa relação ou poder do comprador (volume adquirido em relação ao total produzido). • Lealdade do cliente ou fornecedor: é difícil entrar em um setor se nele existe uma ou mais organizações que conhecem bem o setor e que possuem um bom relacionamento com clientes e fornecedores chave. 30 • Experiência: pioneiros de um setor adquirem experiência antes que os outros. Isto pode originar vantagens em termos de custos e/ou uma lealdade dos clientes/fornecedores (fenômeno relacionado 87 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 87 21/6/2010 14:51:24 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio 5 • Economias de escala: decorrente da redução de custos unitários à medida que se expande a escala de produção. Vitalmente importante para setores com padronização de produtos e serviços e que operam globalmente. Podem impedir novos entrantes à medida que a economia de escala passa a existir somente quando a quantidade demandada atinge escala grandiosa, que um iniciante não pode absorver. Unidade III com o conceito de “curvas de experiência”). Naturalmente, esta experiência torna-se menos valiosa à medida que os ciclos de vida dos produtos estão encolhendo. 5 10 15 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio 20 • Retaliação esperada: se uma organização acredita que a retaliação de uma empresa existente será grande caso ela entre no mercado, isso é uma barreira significante. Em mercados globais, esta retaliação pode acontecer em diferentes pontos ou localidades. 1 • Legislação ou ações do Governo: restrições legais de competição variam, desde proteção de patentes, regulamentação dos mercados, até direta intervenção do governo. É claro que gestores em que até então atuam em mercados protegidos, podem enfrentar pressões da concorrência caso o governo remova as proteções. 1 • Diferenciação: isso significa um produto que é considerado pelo consumidor como algo de maior valor do que a concorrência. A linha de produtos pode criar diferenciação caso os clientes prefiram comprar pacotes aos produtos separadamente. 2 A ameaça dos substitutos 25 30 A substituição reduz a demanda para uma “classe” particular de produto à medida que os clientes mudam para as alternativas, podendo até deixar tal produto ou serviço obsoleto. Isto vai depender se o substituto oferece um maior beneficio ou valor percebido pelos consumidores. Substituição pode ter diversas formas: 2 3 • Produto por produto: ex: e-mail substituindo serviços postais. Pode acontecer por intermédio 88 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 88 21/6/2010 14:51:24 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA 5 10 de convergência de setores. Existem também as organizações que são complementares, o que significa que eles possuem produtos ou serviços que fazem os seus produtos mais competitivos e vice versa (Ex: Sistema de reservas de companhias aéreas, hotéis e locação de carros). Os complementares levam a substituição de produtos atuais por gerações novas em ambas organizações com certa regularidade, como, por exemplo, como ocorre entre Intel e Microsoft em seus chips e softwares. 15 • Substituição genérica: ocorre quando produtos ou serviços competem por receita disponível. Por exemplo: móveis competem com televisores e utensílios domésticos nas despesas destinadas ao imóvel, que por sua vez competem com carro, férias etc. 20 Poder dos clientes e fornecedores 25 30 As próximas duas forças podem ser consideradas juntas, pois elas podem ter efeitos similares na limitação da liberdade estratégica de uma organização e nas margens (e assim, na atratividade) desta organização. Coletivamente, eles representam a rede de valores em que a organização opera. O poder relativo de uma organização perante aos seus clientes e fornecedores influenciam diretamente no lucro de diferentes partes do setor de atuação (manufatura, distribuição, fornecimento etc...). O poder dos clientes será alto quando as seguintes condições estivem presentes: 89 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 89 21/6/2010 14:51:24 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio • Existem também as substituições de necessidade por um serviço ou produto novo, deixando o existente redundante e percebido como de pior atributo (Ex: Geladeira que consome menos energia elétrica). Unidade III 5 10 15 • Existe uma concentração de clientes, principalmente se a quantidade adquirida pelos clientes é alta e/ou se o setor de fornecimento compreende um grande número de pequenos participantes. Se um produto ou serviço é responsável por um grande percentual do total da compra co cliente, seu poder é alto já que ele poder barganhar junto a outros fornecedores para obter um preço melhor. • O custo de troca de fornecedor é baixo e envolve pouco risco como contratos de longo prazo ou requerimentos de aprovação do fornecedor. 1 • Existe a possibilidade do fornecedor se adquirido pelo cliente/comprador ou do comprador vir a se tornar competidor do fornecedor. Este movimento é chamado de integração backward e pode acontecer se preços satisfatórios ou se a qualidade do fornecedor puder ser obtida. 1 O poder dos fornecedores será impactante quando: Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio 20 25 30 • Existe uma concentração de fornecedores ao invés de uma fonte fragmentada de fornecimento. O poder dos fornecedores também é realçado se eles possuem uma ampla gama de clientes, diminuindo sua dependência em um só cliente. 2 • O custo de troca de fornecedor é alto, talvez porque os processos da organização dependem de produtos especiais de um fornecedor, como na industria aeroespacial. A marca de um fornecedor também pode ser poderosa. Alguns varejistas não conseguem atrair clientes se não tiverem determinadas marcas renomadas na sua gama de produtos. 2 3 90 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 90 21/6/2010 14:51:24 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA • Existe a possibilidade dos fornecedores competindo diretamente com seus compradores (integração “forward”) caso eles não obtenham os preços desejados e com isso, as margens que buscam. Rivalidade competitiva 5 As quatro forças anteriores refletem diretamente na rivalidade entre uma organização e seus mais diretos concorrentes, que são organizações com produtos e serviços similares direcionados para o mesmo grupo de clientes. Existe uma série de fatores que interferem no grau de rivalidade em um determinado setor: 10 15 20 • Taxa de crescimento do setor: A ideia de ciclo de vida sugere que o estágio de desenvolvimento de um setor é importante em termos de comportamento competitivo. Por exemplo, em situações de crescimento, uma organização espera alcançar seu crescimento por meio do crescimento do mercado enquanto em situações em que o mercado está maduro, este crescimento tem que ser atingido por meio da absorção da fatia de mercado de concorrentes. A figura 1952 resume algumas condições que podem ser esperadas em diferentes estágios do ciclo de vida. 25 30 A. McGahan, “How industries Evolve”, Business Strategy Review, vol. 11 (2000) 52 91 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 91 21/6/2010 14:51:24 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio • Equilíbrio entre competidores: Existe um grande risco de competição intensa quando concorrentes são de tamanho semelhante, pois um tenta ganhar terreno sobre o outro. Por outro lado, setores menos competitivos tendem a ser aqueles com uma ou duas organizações dominantes e os participantes menores têm que se acomodar a esta situação (por exemplo, tentando evitar chamar a atenção dos dominantes para não ter o risco de retaliação). Unidade III Desenvolvimento Usuários / compradores Características do mercado competitivo Crescimento Poucos: Usuários aumentando pioneiros testam e testando os produtos o produto. ou serviços Poucos competidores Entrada de competidores disputa por fatia de mercado produtos idênticos Consolidação Maturidade Declínio Cresce a compra seletiva Saturação de usuários confiança no retorno do cliente Diminuição de uso Vários redução de preços em busca de volume crise de competidores mais fracos Briga por mercado dificuldades para adquirir mercado foco em baixo custo Saída de alguns competidores distribuição seletiva 1 1 Figura 14: Modelo de ciclo de vida de um mercado Fonte: A. McGahan. How industries evolve. In: Business strategy review, vol. 11, 2000. Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio 5 10 15 • Alto custo fixo: pode provocar guerra de preços e margens baixas caso o setor exceda a demanda quando a capacidade de fornecimento torna-se maior que o mercado. Se esta capacidade extra puder ser adicionada apenas em grandes incrementos (como por exemplo, muitas manufatureiras que produzem em lotes), a organização que toma tal atitude cria um excesso de produtos no mercado no curto prazo e aumenta a competição. Por essa razão, em muitos setores, os concorrentes colaboram na construção de unidades de produção de propriedade conjunta com objetivo de evitar excesso de capacidade produtiva. Eventualmente os concorrentes colaborarão para reduzir os custos fixos. Este movimento permite que estas organizações criem barreiras para potenciais participantes ou permitem o desenvolvimento de 2 2 3 92 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 92 21/6/2010 14:51:25 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA 10 15 • Barreiras de saída: a dificuldade em sair do mercado, pode fazer com que organizações fiquem em atividade por um tempo maior que o desejado ou economicamente possível. Novamente, pode-se criar o problema de excesso de capacidade e, consequentemente, uma concorrência mais acentuada. As barreiras de saída podem existem por diversas razões: alto investimento em patrimônio não transferível, altos custos trabalhistas, burocracia para sair do mercado. Este, aliás, é um dos maiores problemas no Brasil e afugenta muitos investidores internacionais já que por aqui, leva-se em média 115 dias para fechar um negócio, ante 02 dias na Austrália e 04 nos EUA. 20 • Diferenciação: pode mais uma vez ser muito importante. No mercado de commodities, por exemplo, no qual os produtos ou serviços são homogêneos, não há o que evite a fuga do cliente para os concorrentes, o que aumenta a competição no mercado. 25 Questões que surgem do modelo de Porter 30 As cinco forças de Porter podem ser usadas para obter ideias das forças e fatores que atuam no ambiente setorial de uma unidade de negócios, que necessita uma atenção especial para o desenvolvimento de um plano estratégico. O modelo deve ser usado como mais do que uma simples lista de fatores. As questões que seguem abaixo ajudam a focar nas implicações dessas forças para a organização: 93 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 93 21/6/2010 14:51:25 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio 5 novos produtos e\ou serviços (Ex: Gol e Tam podem unir-se para patrocinar o desenvolvimento de uma nova aeronave pela Embraer com um custo menor ao possibilitar um volume maior de produção pela Embraer, motivando sua participação no projeto). Unidade III 5 10 15 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio 20 25 30 • Alguns setores são mais atrativos que outros? Esta era a ideia original do modelo sob o argumento de que a atratividade (em termos de potencial de lucro) de um setor existe quando as forças de Porter são fracas. • Quais são os fatores-chave no macroambiente que estão direcionando a competição? É necessário conectá-lo com a análise do PESTEL. Por exemplo, o Programa “Minha Casa, Minha Vida” cujo foco na baixa renda (Fator Social) tem proporcionado um crescimento de construtoras voltadas para baixa renda e menos estabelecidas no mercado, levando as construtoras maiores a aumentar sua competitividade seja por intermédio de aquisições, seja por abertura de um novo braço de negócios direcionado para o público do programa. 1 1 • É provável que as forças mudem de perspectiva? Como? Por exemplo, a telefonia no Brasil era pública e um monopólio, com serviços caros e de baixa qualidade. A privatização do mercado permitiu o desenvolvimento do mercado, com aumento da qualidade e redução de custos e consequentemente, crescente concorrência. Ou seja, o mercado que tinha altas barreiras de entrada com alto poder do comprador e fornecedor, passou a perdeu gradativamente estas três forças. • Quais são as forças e fraquezas da organização em relação às forças que importam para ela? Como os concorrentes diretos situam-se perante essas forças? • O que os gestores podem fazer para influenciar as forças que afetam sua unidade de negócios? Podem-se criar barreiras de entrada? Aumentar 94 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 94 21/6/2010 14:51:25 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA o poder sobre os compradores e fornecedores? Encontrar meios de diminuir a rivalidade? Essas questões são fundamentais para lidar com a estratégia competitiva. As dinâmicas do ambiente competitivo 5 10 15 Organização Novo participante Cria ou herda barreiras de entrada Ataque leve a um segmento de mercado Sem resposta Amplifica o ataque para outros mercados Reforço das barreiras criadas Inicia uma batalha de preços Ataque ao mercado do novo participante Reinicia o ciclo em outros mercados Figura 14 Ciclos da competição Fonte: R.A. D`Aveni e R. Gunther. Hyper-competitive rivalries: competing in a highly dynamic environment, Free Press, 1995. Adaptado de R.A. D`Aveni e R. Gunther, “Hyper-Competitive Rivalries: Competing in a highly dynamic environment”, Free Press, 1995 53 95 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 95 21/6/2010 14:51:25 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio A vantagem competitiva de uma empresa pode ser corroída devido à presença das forças mencionadas acima e\ou os concorrentes conseguem dar um jeito de superar as forças adversas. Este processo de erosão pode ser acelerado por mudanças no ambiente externo de negócios como tecnologia, globalização ou legislação. Portanto, a vantagem competitiva pode ser temporária, embora a rapidez com que ela ocorra seja diferente entre setores ao longo do tempo. As organizações tendem a responder a esta erosão na sua posição perante a concorrência, criando o chamado “ciclo de competição” (figura 14)53. Unidade III 5 10 15 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio 20 25 30 35 A ilustração mostra que o ciclo pode levar a uma escalada na competição a um novo nível. Os vários movimentos e contra movimentos resultaram em um participante conduzindo a competição para mercados adjacentes. Para organizações de atuação global, os movimentos e contra movimentos das organizações e seus concorrentes podem ocorrer em diversas localidades simultaneamente e um entendimento amplo de uma competição de pontos múltiplos tem que ser plenamente entendida. A velocidade em que esses ciclos se movem é de vital importância para uma organização. Se o processo é relativamente devagar, existirão significantes espaços de tempo quando a competição em um setor se acalma para um padrão estabelecido e outra escalada na competição. Em contraste, quando a validade do ciclo é muito rápida, acontece a chamada “hipercompetição”. 1 1 A hipercompetição ocorre onde a frequência, ousadia e agressividade de movimentos dinâmicos pelos competidores aumentam até criar uma situação de constante desequilíbrio e mudança. Enquanto a competição em ambientes mais lentos está primariamente preocupada em criar e sustentar vantagens competitivas que são dificilmente imitáveis, os ambientes hipercompetitivos requerem que as organizações reconheçam que as vantagens serão temporárias. A competição trata-se também de quebrar o status quo para que ninguém seja habilitado a sustentar as vantagens em um longo prazo, independentemente do cenário. Portanto, a vantagem competitiva de longo prazo é adquirida por meio de uma sequência de movimentos pequenos, mas fortes e frequentes. Ao contrário do que muitos pensam, algumas pesquisas mostram que, 2 2 3 96 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 96 21/6/2010 14:51:25 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA no geral, os mercados não estão se tornando mais hipercompetitivos.54 III Competidores e mercado A análise setorial pode vir a ser muito geral para fornecer um entendimento detalhado da competição do mercado. Seriam Ferrari e Gurgel concorrentes, disputando o mesmo mercado no setor automobilístico? Em um determinado setor, podem existir muitas organizações onde cada uma tem atributos diferentes e competem com uma base diferente. Este é o conceito dos grupos estratégicos. Porém, a competição ocorre em muitos mercados que não estão confinados nas fronteiras de atuação do setor e com absoluta certeza, existirão diferenças importantes nas expectativas e necessidades dos diversos grupos de clientes. Este é o conceito de segmento de mercado. O que conecta estes dois assuntos é o entendimento do que os clientes valorizam. 5 10 15 São organizações dentro de um setor com características estratégicas similares, isto é, seguem estratégias parecidas ou competem num mesmo formato. Essas características diferem daqueles outros grupos estratégicos que participam do mesmo setor como, por exemplo, o Pão de Açúcar, o Seven Eleven e a Quitanda do Português. Estes são três grupos estratégicos diferentes. Existem muitas características que distinguem os grupos estratégicos, mas elas podem ser agrupadas em duas categorias principais55: 20 25 30 • Conjunto de atividades: diversidade da linha de produtos ou serviços, cobertura geográfica, número G. McNamara, P. Vaaler and C. Devers, “Same as ever it was: the search for evidence of increasing hypercompetition”, Strategic Management Journal, vol 24, 2003. 55 Adaptado de M. Porter, “Competitive Strategy of Nations, Free Press, 1980. 54 97 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 97 21/6/2010 14:51:25 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio Grupos estratégicos Unidade III de segmentos de mercado atendido, canais de distribuição usados. 5 10 • Comprometimento com recursos: número de marcas, esforços de marketing (gasto com publicidade, tamanho de quadro de vendas, etc), qualidade do produto ou serviço, liderança tecnológica, extensão da integração vertical da cadeia produtiva. Quais dessas características são especialmente relevantes para um determinado setor precisa ser entendido em termos de história e desenvolvimento daquele setor assim como os fatores que influenciam aquele ambiente. Este conceito é útil no planejamento estratégico em diferentes aspectos: 1 1 15 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio 20 • Ajuda a entender quem são os concorrentes mais diretos de qualquer organização. Também ajudar a focar na base do modelo de competição dos concorrentes de cada grupo estratégico e como eles diferem de um grupo para o outro. 2 • Ajuda a constar a viabilidade de um movimento de um grupo estratégico para outro. Mobilidade entre grupos depende da amplitude das barreiras de entrada entre os grupos. 2 • Permite identificar potenciais oportunidades e ameaças de uma organização. Segmentos de mercado 3 25 Os grupos estratégicos ajudam a entender as diferenças e similaridades nas características dos competidores de um setor. Entretanto, o sucesso ou o fracasso de uma organização está também relacionada em como eles entendem as necessidades dos clientes e estão 98 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 98 21/6/2010 14:51:25 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA capazes a satisfazer essas necessidades. Em razão disso, entender o mercado é crucial. Na maioria dos mercados existem varias necessidades de clientes a serem atendidas e o conceito de segmento de mercado ajuda a entender as diferenças e similaridades destes grupos de clientes. O segmento de mercado é um grupo de clientes que possuem necessidades similares cujas são diferentes em outras partes do mercado. Este conceito deveria lembrar os gestores de vários pontos importantes para o sucesso de suas organizações: 5 10 15 20 • O market share relativo tem que ser considerado. As organizações que possuem maior experiência atendendo um segmento de mercado específico devem não ter somente baixos custos, mas também relacionamentos sólidos que são difícil de quebrar. O que os clientes valorizam varia entre segmentos e, portanto, os “produtores” buscarão construir sua vantagem em segmentos onde ele possui mais força. 25 30 • Como os segmentos de mercado podem ser identificados e atendidos é influenciado por vários dos fatores do ambiente mencionados até então e é a análise desses dados que permitirá à organização 56 Scholes, Johnson and Whittingsin, “Exploring Corporate Strategy”, Capítulo 2, pag 68 99 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 99 21/6/2010 14:51:25 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio • As necessidades do cliente podem variar por diversas razões (figura 21)56. Teoricamente, qualquer um desses fatores poderia ser usado para identificar segmentos de mercado. Entretanto, em termos práticos, é importante considerar quais as bases de segmentação são mais importantes em qualquer mercado (geografia, idade, receita, frequência de compra, status,...) e o mais indicado é considerar o uso de diferentes bases de segmentação para ajudar no entendimento das dinâmicas de tal mercado e como elas estão mudando. Unidade III definir quais são os segmentos de mercado pertinentemente estratégico para ela e qual o método de participação no mercado a ser adotado. Tipo de fator Mercado consumidor Mercado institucional Idade, sexo, raça, Setor, direção, Características renda, estilo de vida, localidade, das pessoas / tamanho da família, tamanho, organizações localidade, tecnologia, estágio do ciclo de vida. lucratividade. Tamanho da compra, lealdade à marca, Situação de propósito de uso, compra \ uso comportamento de compra, critérios de escolha, importância da compra. Similaridade do produto, Necessidades dos clientes e atributos preferidos preferência por preço qualidade, atributos desejados, preferência por marca. 1 Volume, aplicação, critérios de escolha, importância da compra, procedimento de compra, frequência, 1 canal de distribuição. Requisitos de desempenho, qualidade, preferência por marca, suporte de fornecedores, 2 atributos desejados. Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio Tabela 2: Algumas bases de segmentação de mercado Fonte: Scholes, Johnson and Whittingsin, “Exploring Corporate Strategy”, Capítulo 2, pág 68 5 10 2 Entendendo o que os clientes valorizam: fatores críticos de sucesso. Embora o conceito de segmento de mercado seja útil, os gestores pecam a serem realistas sobre o modo como os mercados são segmentados e quais as consequências desta segmentação. Os consumidores valorizam diversos atributos dos produtos e\ou serviços, porém, em diferentes escalas. 3 100 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 100 21/6/2010 14:51:26 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA 5 10 Do ponto de vista dos fornecedores potenciais, é importante identificar quais são as características de particular importância de um devido segmento. Essas características são conhecidas como fatores crítico de sucesso e as organizações devem atendê-las em sua plenitude para poder deixar a concorrência para trás. É essencial ver o valor requerido através dos olhos do cliente. Embora isto pareça uma declaração óbvia, não é fácil alcançar por diversas razões, entre elas: (...) 20 25 30 • As organizações estão frequentemente confusas sobre quem é seu cliente estratégico. Mas o reverso também ocorre. Muitas manufatureiras podem estar distantes de seu cliente final por muitos intermediários – outras manufatureiras e distribuidores. Embora esses sejam clientes estratégicos, existe o risco da organização não saber o que valoriza o produto para o consumidor final. Eles não estão em contato com o que realmente move a demanda por seus produtos ou serviços. • A maioria dos produtos e serviços é produzida internamente (por engenheiros, designers, acadêmicos, etc.) e não são propriamente testados com o segmento de mercado direcionado. Isto acaba resultando numa visão distorcida do que 101 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 101 21/6/2010 14:51:26 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio 15 • As organizações podem não ser capazes de desvendar a complexidade que elas vivenciam em seus mercados. Frequentemente elas possuem uma vasta quantidade de dados a respeito do comportamento, preferências e padrões de compra do cliente, mas falta capacidade de tirar conclusões adequadas para esses dados coletados. Unidade III é realmente valorizado pelos clientes e, portanto, das competências necessárias para ser bem sucedido. Os conceitos e modelos discutidos até aqui permitem que os fatores do ambiente externo, setor e competidor e mercado sejam identificados e analisados. A questão crítica é como este entendimento guiará as escolhas e decisões estratégicas. Até aqui, foi possível usar ferramentas para identifica oportunidades e ameaças da organização. Porém, para que a organização possa realmente fazer as escolhas estratégicas coerentes, os pontos fortes e fracos da organização precisam ser identificados. Este é o próximo tema em questão: o ambiente interno organizacional.57 5 10 1 4.3 Ambiente interno 15 O ambiente interno é o nível de ambiente da organização que está dentro dela e normalmente tem implicação imediata e específica na administração da organização, desde sua estrutura de trabalho até os aspectos financeiros. Os componentes do ambiente interno são mais facilmente perceptíveis e controláveis por se encontrarem dentro da organização. A análise do ambiente interno tem por finalidade colocar em evidência as deficiências e qualidades da empresa que está sendo analisada, ou seja, os pontos fortes e fracos da empresa deverão ser determinados diante da sua atual posição produto-mercado. Essa análise deve tomar como perspectiva para comparação as outras empresas do seu setor de atuação, sejam elas concorrentes diretas ou apenas concorrentes potencias. 20 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio 1 25 30 2 2 3 O ponto forte é a diferenciação conseguida pela empresa que lhe proporciona uma vantagem 57 Texto adaptado de Explorando a estratégia corporativa. 102 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 102 21/6/2010 14:51:26 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA operacional no ambiente empresarial (variável controlável). Corresponde às forças impulsoras internas, que facilitam o alcance dos objetivos organizacionais, as quais devem ser reforçadas. 10 15 20 25 30 O ponto fraco é uma situação inadequada da empresa que lhe proporciona uma desvantagem operacional no ambiente empresarial (variável controlável). Constituem-se das limitações e forças restritivas, que dificultam ou impedem seu alcance e que devem ser superadas. Na realidade, além dos pontos fortes e fracos da empresa, devem-se considerar também os pontos neutros que são aqueles que, em determinado momento ou situação, não estão sendo considerados nem como qualidades nem como deficiências da empresa. Como o planejamento é um processo dinâmico, estes pontos neutros são enquadrados como pontos fortes ou pontos fracos ao longo do tempo. A definição dos pontos neutros é muito importante pelo fato de o planejamento estratégico ser um sistema que considera a empresa como um todo. E como tal deve considerar todos os seus componentes e partes (subsistemas) visando formar o todo unitário. Portanto, não se podem deixar partes de fora do sistema. E, às vezes temos dificuldade de saber se determinada variável, componente ou item é um ponto forte ou fraco da empresa. É fundamental para o sucesso da estratégia da empresa que a área de atuação da empresa seja escolhida, considerando aquilo que ela melhor pode fazer, ou seja, a empresa deve ser “puxada pelas suas principais capacidades”. 103 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 103 21/6/2010 14:51:26 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio 5 Unidade III Isso absolutamente não quer dizer que a empresa deve abandonar atividades nas áreas em que não está devidamente capacitada. No caso de a empresa ter de realizar atividades em que não haja pontos fortes, o reconhecimento desta fraqueza torna mais fácil o processo corretivo.58 5 Não existe uma abordagem única para a realização do diagnóstico do ambiente interno. Em geral, envolve o estudo de pelo menos dois fatores: análise das competências da organização, baseada nas informações provenientes da análise do desempenho (resultados versus metas versus informações comparativas e relatórios de avaliação); e a análise de recursos. 10 1 A Análise das competências da organização59 propicia a identificação de principais forças e fraquezas da organização a partir da determinação de suas competências essenciais em relação à de seus competidores. As competências essenciais compreendem os recursos e as capacidades que servem como fonte de vantagem competitiva a uma empresa em relação a seus concorrentes. Geram ativos intangíveis responsáveis pelos principais diferenciais em relação a eles e refletem a “personalidade” da empresa. Na condição de adotar medidas de ação, as competências essenciais são atividades que a empresa executa especialmente bem em comparação aos concorrentes e adiciona valor ímpar a seus bens e serviços por um longo período de tempo. 15 20 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio 1 25 2 2 3 30 Vários métodos podem ser utilizados para identificar as competências essenciais de uma organização em relação à de seus concorrentes principais. O primeiro deles é constituído de quatro critérios específicos (capacidades) — valiosas, raras, de Texto disponível em: <http://www.strategia.com.br/Alunos/2000-2/ Analise_Ambiente/Ambiente%20Interno.html>. 59 FNQ – Fundação Nacional da Qualidade, “Cardernos de Excêlencia 2007, Estratégias e Planos”, 2007 58 104 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 104 21/6/2010 14:51:26 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA 5 10 15 A identificação dessas competências é a base para o desenvolvimento dos ativos intangíveis que mais agregam valor ao negócio e mais geram diferenciais competitivos. As empresas podem utilizar essas informações para selecionar as competências que devem ser desenvolvidas e aquelas que podem ser terceirizadas por representarem commodities. 20 25 A Análise dos recursos60 propicia a identificação dos bens que podem ser vistos e quantificados para determinar pontos fortes e fracos. Eles variam conforme o perfil da organização, mas pode-se resumi-los em pelo menos três categorias de análise: 30 • Recursos financeiros – caixa, créditos, orçamentos autorizados e outros realizáveis; FNQ – Fundação Nacional da Qualidade, “Cardernos de Excêlencia 2007, Estratégias e Planos”, 2007 60 105 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 105 21/6/2010 14:51:26 Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio imitação, dispendiosa e insubstituíveis — que as organizações podem usar para mapear seus recursos e capacidades, e identificar as competências essenciais. O segundo instrumento é a análise da cadeia de valor da organização e identificação de competências críticas na geração de diferenciais. Em ambos os casos, a identificação pode ser realizada com base na captação da opinião de clientes e outros atores (pesquisas, grupos de foco etc.) quanto aos maiores diferenciais percebidos, seguida de brainstormings com a finalidade de inventariar quais são as competências ou conhecimentos da organização que propiciam aquelas percepções. Um terceiro método é o da análise de resultados comparativos, quando a organização identifica em quais indicadores possui vantagem significativa em relação à concorrência, para depois investigar as competências ou conhecimentos responsáveis pelas vantagens. Unidade III • Recursos organizacionais – sistema de gestão, estrutura organizacional, humanos, sistemas de informação e comunicação etc. • Recursos físicos – infraestrutura, capacidade produtiva, produtividade de equipamentos, meios de distribuição etc. 5 Sendo complementados por cinco aspectos primordiais da organização: • Aspectos organizacionais: rede de comunicação; estrutura da organização; registro dos sucessos; hierarquia de objetivos, política, procedimentos e regras; habilidade da equipe administrativa. 10 • Aspectos do pessoal: relações trabalhistas; práticas de recrutamento; programas de treinamento; sistema de avaliação de desempenho; sistema de incentivos; rotatividade e absenteísmo. 15 • Aspectos de marketing: segmentação do mercado, estratégia do produto, estratégia de preço, estratégia de promoção, estratégia de distribuição. • Aspectos de produção: layout das instalações da fabrica; pesquisa e desenvolvimento; uso de tecnologia; aquisição de matéria-prima; controle de estoques; uso de subcontratação. Revisão: Nízia - Diagramação: Márcio - 31/05/10 - 2ª Revisão Nízia - Correção Fabio 20 • Aspectos financeiros: liquidez; lucratividade; atividades; oportunidades de investimento.61 25 Disponível no site: http://www.strategia.com.br/Alunos/2000-2/ Analise_Ambiente/Ambiente%20Interno.html 61 106 Administracao Estrategica_Unidade III.indd 106 21/6/2010 14:51:26