AT 1 - Universidade Castelo Branco

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Universidade Castelo Branco
Centro de Ciências Humanas
Faculdade de Letras
Aluno: Gilberto Dejoss da Silva
Matrícula: 2008000118
Turma: REEADLI0112081
Disciplina: LET610
AT 1
Caro aluno,
Para a compreensão da prosa literária, refletimos, em especial,sobre as diferenças e as
aproximações entre os conceitos de ficção e realidade. Analise o conto abaixo,
relacionando as duas noções.
O aquário
Contava tudo que se passava em sua vida. O cotidiano era gravado e filmado e os
amigos o assistiam muito interessados.
Não satisfeita, e querendo se tornar cada vez mais atraente, trocou as paredes de sua
casa por transparentes vidros, e uma noite, percebendo-se fixamente observada,
verificou que em lugar dos braços brotaram-lhe nadadeiras e escamas vermelhas
cobriam-lhe o corpo que se movimentava ágil entre plantas aquáticas. (SIMÔES, Maria
Lucia. o aquário. IN: SIMÔES, Maria Lúcia. Contos Contidos. BH: RHJ, 1996, p.18)
Você deve consultar o material e também outras fontes como internet e outras
bibliografias. Apenas não esqueça de mencionar o que foi consultado.
O trabalho é individual.
O trabalho deverá ser entregue on line até 17 de junho.
Boa sorte!!!
Não é fácil estabelecer limites sobre o que pode ser ficcional, e o que pode ser uma
“interpretação real”. A Enciclopédia Larousse define ficção como “ato ou efeito de
simular, fingimento; criação do imaginário, aquilo que pertence à imaginação, ao irreal;
fantasia, invenção”.
Realidade (do latim realitas isto é, "coisa") significa em uso comum "tudo o que existe".
Em seu sentido mais livre, o termo inclui tudo o que é, seja ou não perceptível,
acessível ou entendido pela ciência, filosofia ou qualquer outro sistema de análise.
No conto apresentado o autor narra a realidade da personagem, obcecada por uma
necessidade doentia de se mostrar, essa obsessão foi crescendo que, gravar e filmar
para os amigos já não a satisfazia mais, foi quando a personagem usou em sua casa
paredes de vidros transparentes para alcançar um público maior. Em uma fronteira
ambígua entre o real e o imaginário, se transforma em uma fantástica metamorfose
solitária, em um desdobramento de identidade,
nesta lógica, parece inevitável
concluir que a capacidade humana é conseqüência da sua faculdade de sonhar, que a
construção de um espaço transparente o remetia a outra realidade.
Criou um mundo para efetuar desejos. A imaginação opera por meio de associações
variadas, até mesmo para trazer a personagem para realidade sua obsessão .
AT 2
Caros alunos,
Na página 26 de nosso material didático aparece o conceito de Helmut Hatzfeld, citado
por Domício Proença Filho. Nele as unidades periodológicas em que costumamos
dividir a história da literatura servem apenas para que compreendamos as marcas
gerais da faixa de tempo considerada. Diante disto, selecione duas músicas e
enquadre-as em um dos estilos de época. Lembre-se de citar as características de cada
estilo, ou melhor dizendo os aspectos que favoreceram esta sua análise.
O trabalho é individual.
Pode ser postado on line até o dia 17 de junho.
Boa sorte!!!
Música 1
Mulheres de Atenas
Chico Buarque e Augusto Boal
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos, orgulho e raça de Atenas
Quando amadas, se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem, imploram
Mais duras penas
Cadenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Sofrem por seus maridos, poder e força de Atenas
Quando eles embarcam, soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam sedentos
Querem arrancar violentos
Carícias plenas
Obscenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Despem-se pros maridos, bravos guerreiros de Atenas
Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar o carinho
De outras falenas
Mas no fim da noite, aos pedaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas
Helenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas
Elas não têm gosto ou vontade
Nem defeito nem qualidade
Têm medo apenas
Não têm sonhos, só têm presságios
O seu homem, mares, naufrágios
Lindas sirenas
Morenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Temem pro seus maridos, heróis e amantes de Atenas
As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas
Não fazem cenas
Vestem-se de negro se encolhem
Se confortam e se recolhem
Às suas novenas
Serenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos, orgulho e raça de Atenas.
A musica “Mulheres de Atenas” faz referência a sociedade ateniense na antiguidade e
sua letra faz alusão aos famosos poemas épicos Ilíada e Odisséia - uma
intertextualidade - ambos atribuídos a Homero. É uma canção que pode ser
considerada uma advertência para as mulheres contemporâneas que ainda vivem
oprimidas, o autor faz uma advertência sugerindo que elas mudem de conduta. O autor
mostra aquilo que elas não devem fazer, mirem-se no exemplo delas e façam o
contrario, uma ironia que não se prende somente á falta de clareza da própria condição
da mulher.
O autor estende sua ironia também aos homens que se consideram superiores e
elevados, em relação ao sexo feminino o que parece querer enaltecer as habilidades e
as características dos maridos atenienses torna-se outra ironia de grande dimensão. Os
seus maridos, orgulho e raça, poder e força, bravos guerreiros, procriadores, heróis e
amantes, na verdade são ausentes, agressivos, mal amantes, violentos, irresponsáveis
e infiéis. É nesse sentido que ironicamente o autor se refere à supremacia masculina
dos maridos das “Mulheres de Atenas”. Essa ironia presente na canção de Chico
Buarque de Holanda, nos remete as formas culturas que apareceram nos anos 60, o
pós-modernismo, uma continuação dos aspectos mais radicais do modernismo,
misturando o popular e o erudito, a pós-modernidade assume a ironia como um
elemento revisor do passado.
Música 2
Domingo no Parque
Composição: Gilberto Gil
O rei da brincadeira
Êh José!
O rei da confusão
Êh João!
Um trabalhava na feira
Êh José!
Outro na construção
Êh João!...
A semana passada
No fim da semana
João resolveu não brigar
No domingo de tarde
Saiu apressado
E não foi prá Ribeira jogar
Capoeira!
Não foi prá lá
Prá Ribeira foi namorar...
O José como sempre
No fim da semana
Guardou a barraca e sumiu
Foi fazer no domingo
Um passeio no parque
Lá perto da boca do Rio...
Foi no parque
Que ele avistou
Juliana!
Foi que ele viu
Foi que ele viu!
Juliana na roda com João
Uma rosa e um sorvete na mão
Juliana seu sonho, uma ilusão
Juliana e o amigo João...
O espinho da rosa feriu Zé
(Feriu Zé!) (Feriu Zé!)
E o sorvete gelou seu coração
O sorvete e a rosa
Oh José!
A rosa e o sorvete
Oh José!
Foi dançando no peito
Oh José!
Do José brincalhão
Oh José!...
O sorvete e a rosa
Oh José!
A rosa e o sorvete
Oh José!
Oi girando na mente
Oh José!
Do José brincalhão
Oh José!...
Juliana girando
Oi girando!
Oi na roda gigante
Oi girando!
Oi na roda gigante
Oi girando!
O amigo João (João)...
O sorvete é morango
É vermelho!
Oi girando e a rosa
É vermelha!
Oi girando, girando
É vermelha!
Oi girando, girando...
Olha a faca! (Olha a faca!)
Olha o sangue na mão
Êh José!
Juliana no chão
Êh José!
Outro corpo caído
Êh José!
Seu amigo João
Êh José!...
Amanhã não tem feira
Êh José!
Não tem mais construção
Êh João!
Não tem mais brincadeira
Êh José!
Não tem mais confusão
Êh João!...
Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh!
Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh!
Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh!
Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh!
Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh!...
Em“domingo no Parque” podemos notar as características fundamentais do
tropicalismo, como comenta Augusto de Campos: “na gravação definitiva, a composição
é uma verdadeira assemblagem de fragmentos documentais (ruídos do parque),
instrumentos de música erudita, ritmo marcadamente regional (capoeira), com o
berimbau associado à maravilha dos instrumentos elétricos e à vocalização de Gil
contraponteando com o acompanhamento coral da música jovem – montagem de
ruídos, palavras, sons e gritos”.
Relativamente à letra podemos citar os comentários de Fred de Góes: “se caracteriza
pela construção cinematográfica em que, após situar os personagem e descrever o
cenário onde a ação se desenvolverá, o compositor passa a narrar os fatos,
empregando técnicas de montagem em flashes. Além da letra em melodia, o
compositor invoca realisticamente o parque de diversões”.Complementa: “o texto que
vinha no compasso narrativo até os versos /o espinho da rosa feriu o Zé / o sorvete
gelou o seu coração /, ganha neste momento o âmbito de particularização descritiva.
Observe que Gil utiliza o recurso da substituição, na verdade, o que fere José não é o
espinho, mas o ciúme, e o que gel o seu coração não é o sorvete, mas a condição de
traído. É usada a metonímia como figura de linguagem”.
Era preciso fazer também o João e o José se encontrarem. O João tinha ido “pra lá”,
pra ribeira; tinha ido “namorar” (pra rimar com “lá”). Onde? Na Boca do Rio, pra onde o
José, de outra parte da cidade, também foi. No parque vinha a conformação dos
caracteres psicológico dos dois. Um, audacioso, aberto, expansivo. O outro, tímido,
recuado. Esse, louco por Juliana mas sem coragem de se declarar, vivia havia tempos
um amor platônico, idealizando uma oportunidade para falar com ela. Naquele dia ele
chega ao parque e a encontra com João, que estava ali pela primeira vez e não a
conhecia, mas já tinha cantado Juliana e se divertia com ela na roda gigante. É a
decepção total pro José, que não resiste.
Era só concluir. A roda gigante gira, e o sorvete, até então sorvete só, já é soverte de
morango para ser vermelho, e a rosa, antes rosa só, é vermelha também, e o vermelho
vai dando a sugestão de sangue – bem filme americano - , e, no corte, a faca e o corte
mesmo. O súbito ímpeto, a súbita manifestação de uma potência em José: ele se revela
forte, audaz, suficiente. A coragem que ele não teve para aborda a Juliana, ele tem
para matar.
Gil e Caetano deram o início ao movimento tropicalista que se caracterizava pela
incorporação do todo cultural em um só lugar, todos os gêneros em um só.
O Tropicalismo se deu em vários âmbitos artísticos (Artes plásticas, poesia, música,
teatro e cinema) a peça “Rei da Vela” de Oswald de Andrade remontada e o filme “Terra
em Transe” de Glauber Rocha demonstram isso claramente.
Bibliografia:
BUARQUE, Chico, BOAL, Augusto. In: Chico Buarque – letra e música. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
Dantas, Jose Maria de Souza, 1936 – Língua(gem), literatura e comunicação. Rio de Janeiro, F. Alves, 1977 – 4ª
Edição.
HOLLANDA, H. B. de, GONÇALVES, M. A. Cultura e Participação nos anos 60. 2a Ed. São Paulo: Brasiliense,
1982.
GOÉS, Fred de. Literatura comentada. São Paulo: Abril, 1982.
CAMPOS, Augusto de. Balanço da Bossa e outras bossas. São Paulo: Perspectiva, 1978.
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