- Prof. Renata Valente

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Universidade Nove de Julho
MATERIAL DE APOIO PARA AS AULAS DE
CIÊNCIAS SOCIAIS
Profa. Me. Renata V. F. Vilela (*)
2014
* Material elaborado pela profa. Alzira Jorri de Tomei
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A ciência da Sociologia
emergido em grande parte da convicção de Comte de que ela
eventualmente suprimiria todas as outras áreas do conhecimento científico, hoje ela é mais
uma entre as ciências.
Ainda que a Sociologia tenha
Atualmente, ela estuda organizações humanas, instituições sociais e suas interações
sociais, aplicando mormente o método comparativo. Esta disciplina tem se concentrado
particularmente em organizações complexas de sociedades industriais.
Ao contrário das explicações filosóficas das relações sociais, as explicações da
Sociologia não partem simplesmente da especulação de gabinete, baseada, quando muito,
na observação casual de alguns fatos. Muitos dos teóricos que almejavam conferir à
sociologia o estatuto de ciência, buscaram nas ciências naturais as bases de sua
metodologia já mais avançada, e as discussões epistemológicas mais desenvolvidas. Dessa
forma foram empregados métodos estatísticos, a observação empírica, e um ceticismo
metodológico a fim de extirpar os elementos "incontroláveis" recorrentes numa ciência ainda
muito nova e dada a grandes elucubrações. Uma das primeiras e grandes preocupações
para com a sociologia foi eliminar juízos de valor feitos em seu nome. Diferentemente da
ética, que visa discernir entre bem e mal, a ciência se presta à explicação e à compreensão
dos fenômenos, sejam estes naturais ou sociais.
Como ciência, a Sociologia tem de obedecer aos mesmos princípios gerais válidos
para todos os ramos de conhecimento científico, apesar das peculiaridades dos fenômenos
sociais, quando comparados com os fenômenos de natureza e, conseqüentemente, da
abordagem científica da sociedade. Tais peculiaridades, no entanto, foram e continuam
sendo o foco de muitas discussões, ora tentando aproximar as ciências, ora afastando-as e,
até mesmo, negando às humanas tal estatuto com base na inviabilidade de qualquer controle
dos dados tipicamente humanos, considerados por muitos, imprevisíveis e impassíveis de
uma análise objetiva.
A Sociologia, assim, vai debruçar-se sobre todos os aspectos da vida social. Desde o
funcionamento de estruturas macro-sociológicas como o Estado, a classe social ou longos
processos históricos de transformação social ao comportamento dos indivíduo num nível
micro-sociológico, sem jamais esquecer-se que o homem só pode existir na sociedade e que
esta, inevitavelmente, lhe será uma "jaula" que o transcenderá e lhe determinará a
identidade. Para compreender o surgimento da Sociologia como ciência do século XIX, é
importante perceber que, nesse contexto histórico social, as ciências teóricas e
experimentais desenvolvidas nos séculos XVII,XVIII e XIX inspiraram os pensadores a
analisar as questões sociais, econômicas, políticas, educacionais, psicológicas, com enfoque
científico.
Sociologia Aplicada
Sociologia Aplicada formula explicações sobre processos sociais que exigem tratamento
peculiar e combinação entre indução e prática. Tem ela o atributo de estudar a natureza e as
significações da organização sociocultural em sua história e de analisar as tendências
regulares e fundamentos das mudanças sociais. Seu desenvolvimento pode parecer discreto,
caso se pretenda exigir da Sociologia o que não é sociológico. Não se pode esperar dela
uma teoria de administração, ou fórmulas práticas para resolver problemas que ocorrem nas
relações do trabalho, ou para solucionar questões relativas à eficácia do gerenciamento e
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dos conflitos nas relações do trabalho. Mesmo assim, ela é cada vez mais requisitada – só
ou em conjunto com outras ciências – para as pesquisas necessárias nessa fase de
transformações estruturais de nossa sociedade. Dupla é a preocupação do livro: oferecer um
texto com os fundamentos da Sociologia
CASTRO, Celso Antonio Pinheiro - Sociologia aplicada à Administração
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Você é hands on ou hands off?
Vi um anúncio de emprego. A vaga era de Gestor de Atendimento Interno, nome
que agora se dá à Seção de Serviços Gerais. E a empresa exigia que os
interessados possuíssem - sem contar a formação superior - liderança, criatividade, energia,
ambição, conhecimentos de informática, fluência em inglês e não bastasse tudo isso, ainda
fossem HANDS ON. Para o felizardo que conseguisse convencer o entrevistador de que
possuía essa variada gama de habilidades, o salário era um assombro: R$ 800,00. Ou seja,
um pitico. Não que esse fosse algum exemplo fora da realidade. Ao contrário, é quase o
paradigma dos anúncios de emprego.
A abundância de candidatos permite que as empresas levantem cada vez mais a
altura da barra que o postulante terá de saltar para ser admitido.
E muitos, de fato, saltam. E se empolgam. E aí vêm as agruras da super-qualificação,
que é uma espécie do lado avesso do efeito pitico...
Vamos supor que, após uma duríssima competição com outros candidatos tão bem
preparados quanto ela, a Fabiana conseguisse ser admitida como gestora de atendimento
interno.e um de seus primeiros clientes fosse o seu Borges, Gerente da Contabilidade.
Seu Borges: - Fabiana, eu quero três cópias deste relatório.
Fabiana: - In a hurry! Seu Borges: - Saúde.
Fabiana: - Não, Seu Borges, isso quer dizer "bem rapidinho". É que eu tenho fluência em
Inglês. Aliás, desculpe perguntar, mas por que a empresa exige fluência em Inglês se aqui só
se fala Português?
Seu Borges: - E eu sei lá? Dá para você tirar logo as cópias?
Fabiana: - O senhor não prefere que
tenho profundos conhecimentos de informática.
eu
digitalize
o relatório?
Porque
eu
Seu Borges: - Não, não. Cópias normais mesmo.
Fabiana: - Certo. Mas eu não poderia deixar de mencionar minha criatividade. Eu já
comecei a desenvolver um projeto pessoal visando eliminar 30% das cópias que tiramos.
Seu Borges: - Fabiana, desse jeito não vai dar!
Fabiana: - E eu não sei? Preciso urgentemente de uma auxiliar.
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Seu Borges: - Como assim?
Fabiana: - É que eu sou líder, e não tenho ninguém para liderar. E considero isso um
desperdício do meu potencial energético.
Seu Borges: - Olha, neste momento, eu só preciso das três cópias.
Fabiana: - Certamente, mas antes vamos discutir meu futuro...
Seu Borges: - Futuro? Que futuro?
Fabiana: - É que eu sou ambiciosa. Já faz dois dias que eu estou aqui e ainda não
aconteceu nada.
Seu Borges: - Fabiana, eu estou aqui há 18 anos e ainda não me aconteceu nada.
Fabiana: - Sei. Mas o senhor é hands on?
Seu Borges: - Hã?
Fabiana: - Hands on....Mão na massa.
Seu Borges: - Claro que sou!
Fabiana: - Então o senhor mesmo tira as cópias. E agora com licença que eu vou sair por aí
explorando minhas potencialidades. Foi o que me prometeram quando fui contratada.
MAGALHÃES, Nilo - Cronista da Revista VEJA - Edição de
outubro 2007
CANDIDATOS EMPREGÁVEIS VALEM TANTO COMO OS QUALIFICADOS?
Então, o mercado de trabalho está ficando dividido em duas facções:
1 - Uma, cada vez maior, é a dos que não conseguem boas vagas porque não têm as
qualificações requeridas.
2 - E o outro grupo, pequeno, mas crescente, é o dos que são admitidos porque possuem
todas as competências exigidas nos anúncios, mas não poderão usar nem metade delas,
porque, no fundo, a função não precisava delas.
Alguém ponderará - com justa razão - que a empresa está de olho no longo prazo: sendo
portador de tantos talentos, o funcionário poderá ser preparado para assumir
responsabilidades cada vez maiores. Em uma empresa em que trabalhei, nós caímos nessa
armadilha. Admitimos um montão de gente super qualificada. E as conversas ficaram de tão
alto nível que um visitante desavisado confundiria nossa salinha do café com a Fundação
Alfred Nobel.
4
Pessoas super qualificadas não resolvem simples problemas! Um dia um grupo de
Marketing e Finanças foi visitar uma de nossas fábricas e no meio da estrada, a Van da
empresa pifou. Como isso foi antes do advento do milagre do celular, o jeito era confiar no
especialista, o Cleto, motorista da Van.
E aí todos descobriram que o Cleto falava Inglês, tinha informática, energia e criatividade e
estava fazendo pós-graduação... só que não sabia nem abrir o capô.
Duas horas depois, quando o pessoal ainda estava tentando destrinchar o manual do
proprietário, passou um sujeito de bicicleta. Para horror de todos, ele falava "nóis vai" e
coisas do gênero. Mas, em 2 minutos, para espanto geral, botou a Van para funcionar.
Deram-lhe uns trocados, ele foi embora feliz da vida. Aquele ciclista anônimo era o protótipo
do funcionário para quem as empresas modernas torcem o nariz:
O QUE É CAPAZ DE RESOLVER, MAS NÃO DE IMPRESSIONAR
MIRANDA, Cléo - Fundadora do Projeto “O Jovem Empreendedor”
EXERCÍCIOS DE VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
1. Por que a nova Psicologia irá propor, como conceitos básicos de análise, a atividade,
a consciência e a identidade do homem, como suas propriedades ou características
essenciais para expressarem o movimento humano?
2. Faça um comparativo entre Sociologia e Sociologia aplicada.
3. Você acredita em alguma diferença entre Administração e Sociologia aplicada à
Administração? Explique.
4. Você vê alguma influência e importância da Sociologia sobre o comportamento
humano nas organizações? Por quê?
5. Você leu duas histórias ao final do capítulo explicativo sobre Sociologia. Compare a
personagem Fabiana do primeiro conto, com o “sujeito da bicicleta” do segundo
conto. Caracterize-os, comente sobre o perfil de ambos.
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6. Como você explica a expressão “empregável”?
Capítulo II
A EVOLUÇÃO SOCIOLÓGICA DO HOMEM E DO TRABALHO
O trabalho
Para chegar a uma definição de trabalho, é preciso procurar os elementos que
definem, ao longo da trajetória humana sobre o planeta, as relações estabelecidas entre o
homem e o ambiente onde vive. Ora, “o trabalho só começa quando uma determinada
atividade altera os materiais naturais, modificando sua forma original” (COGGIOLA, 2002, p.
182). Ou seja, pode-se definir o trabalho como o processo que realiza a mediação entre o
ambiente e o homem, quando este põe em ação as forças de que seu corpo está dotado –
braços, pernas, cabeça, mãos –, transformando os elementos que encontra disponíveis na
natureza em produtos, suprindo assim suas necessidades, não importando “se elas se
originam do estômago ou da fantasia” (MARX, 1985, p. 45).
O trabalho assim concebido – ação deliberada sobre o meio, caracterizada e dirigida
pela inteligência e pela capacidade de abstração e formulação de conceitos – nada tem a ver
com as atividades que realizam outros animais, como as abelhas ou as formigas. O homem,
ao atuar “sobre a natureza externa a ele e ao modificá-la, modifica, ao mesmo tempo, sua
própria natureza” (MARX, 1985, p. 149). O trabalho humano não é ação sobre o meio
realizada de forma instintiva ou mecânica, mas processo complexo de aprendizagem, onde o
homem não se limita a repetir ações e processos, como os outros animais, mas desenvolve
técnicas e tecnologia que lhe são úteis. Ou seja, o homem se diferencia pois cria suas
próprias ferramentas e sua ação não se limita a modificar os materiais que encontra
disponíveis na natureza:
No fim do processo de trabalho obtém-se um resultado que já no início deste existiu
na imaginação do trabalhador, e portanto idealmente. Ele não apenas efetua uma
transformação da forma da matéria natural; realiza, ao mesmo tempo, na matéria natural seu
objetivo, que ele sabe que determina, como lei, a espécie e o modo de sua atividade e ao
qual tem de subordinar sua vontade. (MARX, 1985, p. 149-50).
Desde os primeiros tempos da humanidade houve uma divisão do trabalho, que no
início se dava em função de características fisiológicas, como gênero, idade, força física etc.
Mas, à medida que o trabalho se diversificava e se tornavam mais complexas a técnica e a
tecnologia, essa primeira divisão do trabalho foi sendo superada pela divisão entre o trabalho
material e o trabalho intelectual. Passava a haver, quanto à função imediata do indivíduo no
meio social, um trabalho realizado pela mente e um trabalho realizado pelas mãos, sendo o
primeiro entendido como afastado da prática humana, um produto da consciência humana e
não de um órgão. Cada indivíduo ficou limitado a esferas profissionais particulares,
exclusivas, não devendo sair delas, sendo unicamente caçador, operário, professor ou
administrador. Com essa divisão, o trabalho e seus produtos passaram a ser, qualitativa e
quantitativamente, distribuídos de forma desigual. (MARX; ENGELS, 1996, p. 44-8).
6
Engels e o macaco
Embora mais conhecido como um dos pioneiros do materialismo histórico, Engels
dedicou parte de sua vida intelectual ao estudo das chamadas “ciências naturais”.
Para Engels, o fato de um grupo de macacos, há alguns milhões de anos, ter deixado
de necessitar das mãos para caminhar, passando a adotar cada vez mais uma posição ereta
e deixando as mãos livres para executar as mais variadas funções, foi o “passo decisivo para
a transição do macaco em homem”. Usava-se antes as mãos apenas para tarefas como
“recolher e sustentar alimentos (...) construir ninhos nas árvores (...) construir telhados entre
os ramos (...) empunhar garrotes, com os quais se defendem se seus inimigos, ou para os
bombardear com frutos e pedras” (ENGELS, s.d., p. 269-70). Tendo descido das árvores e
fazendo uso da postura ereta, nossos ancestrais teriam aos poucos adaptado as mãos a
novas tarefas. Embora nesse período de transição as funções que a mão cumpria fossem
bastante simples, ela adquiriu ao longo do tempo mais destreza e habilidade, transmitindo de
geração em geração essa flexibilidade adquirida.
Também destaca Engels a fala como característica essencial da evolução do homem,
pois, dado o fato de os humanos viverem coletivamente, de precisarem se comunicar e
comunicar o que aprendiam e observavam, tiveram a necessidade de desenvolver uma
linguagem articulada que pudesse expressar idéias, conceitos, signos etc.
Nisso residiria a explicação para o surgimento da linguagem, no processo onde o
organismo sofreria várias modificações: a laringe pouco desenvolvida do macaco foi-se
transformando, lenta mas firmemente, mediante modulações que produziam por sua vez
modulações mais perfeitas, enquanto os órgãos da boca aprendiam pouco a pouco a
pronunciar um som articulado após o outro. (ENGELS, s.d., p. 271).
Engels afirma que o trabalho e a palavra articulada “foram os dois estímulos principais
sob cuja influência o cérebro do macaco foi-se transformando gradualmente em cérebro
humano”
Engels o Homo erectus
Sabe-se que, entre sete e 2 milhões de anos atrás, uma grande quantidade de
diferentes espécies de macacos bípedes evoluiu, adaptando-se a diferentes condições
ambientais. E que essas espécies se assemelhavam com os humanos apenas no modo de
andar.
Como a sinalizar a origem do gênero Homo, “em meio a essa proliferação de espécies
humanas houve uma, entre 3 e 2 milhões de anos atrás, que desenvolveu um cérebro
significativamente maior” (LEAKEY, 1997, p. 14). Esses ancestrais humanos começaram a
produzir suas primeiras ferramentas, batendo duas pedras uma contra a outra, o que
propiciou a eles, entre outras coisas, o acesso a alimentos que até então lhes eram negados.
“Os primeiros conjuntos de artefatos encontrados têm 2,5 milhões de anos de idade; eles
incluem, além de lascas, implementos maiores tais como cutelos, raspadores e várias pedras
poliédricas” (LEAKEY, 1997, p. 46). Nesse sentido, temos que a história da evolução humana
está marcada, conforme assinalava Engels, pela fabricação de ferramentas utilizadas no
trabalho.
O homem teve um grande número de antepassados, alguns distantes, outros mais
próximos, não tendo evoluído de forma linear do macaco até nós. Quando falamos em
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evolução, falamos antes de mais nada em adaptação local, que, no caso do homem, não se
dá apenas pela modificação biológica com descendências, mas tem no trabalho um
mecanismo que permite tentar diminuir as conseqüência negativas das intempéries do meio
ou suprir necessidades vitais, como comer ou se proteger do frio.
A EVOLUÇÃO DA SOCIEDADE E DO TRABALHO
Foi o trabalho o fator que diferenciou a adaptação humana da adaptação de outros
animais. Se todos os ancestrais humanos e seus contemporâneos, de diferentes regiões e
épocas, têm características próprias, é óbvio que isso se deu em função das diferentes
formas encontradas para se adaptar ao meio. Se havia diferentes formas de adaptação ao
meio, é porque havia diferentes formas de trabalho. Então temos, retomando Engels, que
não é apenas em função de uma determinação biológica que o homem se transforma, mas
também pela sua intervenção, pelo trabalho, sobre a natureza.
O trabalho humano desenvolveu não apenas uma grande diversidade de técnicas e
ferramentas como diferentes formas de organização das sociedades. Foi a cooperação entre
mãos, os órgãos da linguagem e o cérebro que produziu as artes e a política, a cerâmica e
as navegações, o direito e as religiões, a escravidão e o capitalismo etc.
Referências bibliográficas:
COGGIOLA, Osvaldo. O capital contra a história: gênese da crise contemporânea. São
Paulo: Xamã; Edições Pulsar, 2002.
DARWIN, Charles. A origem do homem e a seleção sexual. São Paulo: HEMUS, 1974.
ENGELS, Friedrich. Sobre o papel do trabalho na transformação do macaco em homem
[1876]. In: ENGELS, Friedrich; MARX, Karl.
A ORIGEM DA SOCIEDADE CAPITALISTA
Trabalho manual / intelectual / qualificado /não qualificado
Cada vez mais pessoas percebem e se preocupam com a situação de injustiça,
miséria, corrupção e exploração a que são submetidas. Poucos, porém, têm clareza sobre as
origens e as causas desta situação. Queremos mostrar, como surgiram e o que defendem o
Capitalismo e o Socialismo. E para o trabalho ficar mais completo, apresentamos uma
análise crítica dos dois tipos de sociedade.
Pensamento capitalista
A sociedade capitalista teve sua origem na Idade Média, quando as antigas
corporações feudais se desintegraram e, com isso, os mestres e aprendizes instalaram
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empresas de propriedade
manufaturados em série.
individual, com
operários assalariados que fabricavam
Nasceu assim a burguesia (nome derivado de “burgo”, isto é “cidade”, pois os donos
das empresas moravam na cidade, enquanto os senhores feudais, pelo fato de serem
grandes proprietários de terra, moravam nos castelos rurais).
Nesta sociedade, as funções produtivas, as prerrogativas, os direitos e deveres de
cada um eram pré-estabelecidos e definitivos do nascimento até a morte. Esta estrutura
feudal padronizada e hereditária não era interessante para os novos empresários.
Essa burguesia nascente não aceitou a sociedade feudal “fixa e fechada”, porque a
liberdade de empresa (a liberdade de produzir e comercializar) inexistia, uma vez que todos
os aspectos da vida social eram codificados e controlados pelos senhores feudais, a
começar pelo primeiro deles, o rei, associados à Igreja (também grande proprietária de
terras). Essa contestação colocou em dúvida também a origem divina do poder e colocou o
indivíduo como devendo ser o articulador (com base num pacto com os outros indivíduos) da
ordem social.
Esta idéia de uma sociedade construída sobre a base de um “contrato” entre
indivíduos livres e iguais (em oposição às desigualdades da sociedade feudal), que
instituem o Estado, para serem por ele protegidos no exercício das respectivas liberdades
individuais (compatíveis com a convivência social) encontra sua formulação mais clara na
obra “O Contrato Social”, de J. J. Rousseau. Esta obra serviu como base teórica para a
Revolução Francesa, mãe da sociedade capitalista.
Na Inglaterra, a burguesia tinha conquistado, aos poucos, a liberdade de empresa e o
direito de participar das decisões políticas a partir de um pacto com o poder real e o dos
senhores feudais.
Na França, a revolução apoiada nas idéias do “Contrato Social”, de Rousseau,
conseguiu abolir a estrutura de poder absoluto dos monarcas feudais, como também
conseguiu abolir (na sua primeira fase) o poder temporal e espiritual da Igreja. A religião foi
substituída pela filosofia (o “livre pensamento”) na determinação das pautas morais de
convivência.
Foi assim que a Revolução Francesa marcou o nascimento da sociedade capitalista
na sua plenitude.
As idéias básicas defendidas na Revolução Francesa foram: “Liberdade, Igualdade e
Fraternidade”. Essas três palavras, em particular as duas primeiras, Liberdade e Igualdade,
sintetizam a imagem que a sociedade capitalista tem de si mesma e a imagem que ela
pretende que todo homem tenha dela.
O Estado, nesta nova sociedade, teria a função de garantir o cumprimento dos direitos
individuais. Neste Estado, o Poder Legislativo codificaria tais direitos nas leis, o Poder
Judiciário julgaria os conflitos inter-individuais segundo esses direitos e leis, e o Poder
Executivo faria com que fossem respeitados uns e outros, se necessário pelo uso da força,
que a todos representaria face ao eventual infrator.
Todos estes princípios são até hoje defendidos pelos chamados “liberais”, para quem
a sociedade capitalista é o modelo social que efetivamente os realizou e os realiza.
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Marx, numa abordagem crítica pessoal, pegou ao pé da letra os princípios de
“Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, sobre os quais dizia descansar a sociedade
capitalista, e fez um questionamento a fundo dessa sociedade a partir dos seus próprios
princípios.
Marx mostrou como a suposta igualdade era ilusória no Capitalismo, uma vez que
todo homem, ao nascer, encontrava uma sociedade dividida em dois blocos desiguais: de um
lado, o bloco dos proprietários dos meios de produção (empresas, terras, máquinas), e do
outro lado, os proletários que, pelo fato de não serem proprietários destes, se viam obrigados
a vender a sua força de trabalho aos donos das empresas, e desta forma ganhar o
necessário para subsistir.
Para Marx, o capitalista se enriquece apropriando-se, sem qualquer tipo de retribuição,
de uma parte do produto do trabalho realizado pelo operário.
Marx mostrou, também, que a liberdade individual no Capitalismo estava condicionada
pela divisão da sociedade em classes: de um lado, os proprietários dos meios de produção e,
do outro lado, os trabalhadores.
Nessas circunstâncias, o filho do operário,vindo ao mundo não tem escolha livre do
seu projeto de vida; carente dos meios de produção, ele não tem outro remédio senão
vender a sua força de trabalho ao capitalista (este sim tem a “liberdade” de contratá-lo ou
não) e perpetuar a estirpe deste novo tipo de escravo moderno, gerado pelo Capitalismo.
Escravo, porque uma vez vendida a sua força de trabalho, é o capitalista e não o operário
quem decide pela vida deste (o que produzir, como produzir, horários, regulamentos da
empresa com as devidas sanções e a sempre possível demissão e condenação ao
desemprego).
De fato, pensava Marx, o que defendem os capitalistas quando falam de “liberdade”,
não é nada mais do que a sua “liberdade de empresa”, isto é, a sua “liberdade” de
enriquecerem às custas do trabalho operário não remunerado.
Sírio Lopez Velasco
QUESTÕES PARA DEBATE
1 - Por que os empresários liberais (burgueses) entraram em conflito com os senhores
feudais?
2 - Qual a ligação (relação) entre o Capitalismo e a Revolução Francesa?
3 - Como surgiu o Capitalismo?
4- Qual a função do Estado no Capitalismo?
5 - O que defende e propõe o Capitalismo, como nova sociedade, em oposição ao
Feudalismo?
6- Qual é o conceito de trabalho na sociedade capitalista?
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CAPÍTULO III
A SOCIOLOGIA DO TRABALHO
Organização e processos de trabalho
Há um uso constante de equipes multidisciplinares e formais que se sobrepõem à
estrutura formal tradicional e hierárquica:
Há um uso constante de equipes "ad-hoc" ou temporárias, com grande autonomia,
totalmente dedicadas a projetos inovadores: pequenas reorganizações ocorrem com
frequência, de forma natural, para se adaptar às demandas do ambiente competitivo:
Realizam-se, com frequência, reuniões informais, fora do local de trabalho, para a
realização de brainstorms:
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Os lay-outs são conducentes à troca informal de informação (uso de espaços abertos
e salas de reunião). São poucos os símbolos de status e hierárquicos. As decisões são
tomadas no nível mais baixo possível . O processo decisório é ágil; a burocracia é mínima:
A Organização por Processos
Os objetivos da organização horizontal são: focar a empresa em seus clientes; atingir
padrões de qualidade total; descentralizar o poder e criar um ambiente adequado para o
aprendizado e a melhoria contínua. Para atingir isto, as empresas necessitam se organizar
em torno de seus processos e de equipes e não em torno de funções e indivíduos.
Inicialmente, foram reportados vários casos de sucesso com esta abordagem, principalmente
em termos de redução dos tempos de ciclo de produção ou serviço, melhoria da qualidade e
redução de custos. As avaliações mais recentes destes esforços, entretanto, aludem muito
mais a fracassos do que a sucessos.
A Organização Circular do Projeto Saturno
Os valores iniciais definidos foram os seguintes:

compromisso com o cliente;

compromisso com a excelência;

trabalho em equipe;

confiança e respeito pelo indivíduo;

melhoria contínua.
A unidade de trabalho básica da empresa se constitui de equipes de trabalho com
cerca de 15 pessoas. Durante a formação de cada célula de trabalho, a equipe dispõe de um
líder e de duas outras pessoas com participação temporária: um representante do sindicato e
outro do "management". À medida que a equipe se consolida, depois de dois a três anos, a
função do líder desaparece e a equipe se torna, de fato, auto-dirigida.
IMPACTOS DA GERÊNCIA CIENTIFICA
OBJETIVOS
•
•
Discutir fundamentos da organização e do controle dos processos de trabalho, bem
como de sua evolução ao longo da primeira metade do século XX
Particularmente, discussão do Taylorismo e do Fordismo
POSICIONAMENTO
•
•
•
Época: 1880 1920…
Local: EUA e Inglaterra
Principais setores de aplicação: metal-mecânica, siderurgia, têxtil, automobilística
12
•
Organização da produção: grandes corporações, gerência
TAYLORISMO, NO QUE CONSISTIU?
•
•
•
Sintetizar num todo razoavelmente coerente idéias que ganharam força nos EUA e na
Ingl. no final do século XIX
Taylor juntou partes que já vinham sendo criadas desde o século XVII
Objetivo: organização e controle de tempos e movimentos = racionalização do
trabalho
TAYLOR: TIMING E OBCESSÃO
O que é neurótico no indivíduo pode ser normal no modo de produção
• A mudança definitiva do controle sobre o processo produtivo – a luta entre
aprendizado e controle sobre o processo
• Reprodução individual x coletiva
• Tudo contra, tudo a favor: a maior expressão do conflito de classes
UM DIA ÓTIMO DE TRABALHO
•
•
Racionalidade da valorização
A vigência universal do marcapasso não recomendava confiar na iniciativa dos
trabalhadores...a oficina não deveria ser acionada pelos operários, mas passar a ser
acionada pelos patrões.
GERÊNCIA CIENTÍFICA
•
•
•
•
Por que gerência e por que científica? Por que não trabalho científico?
Primeiro princípio: o administrador deve reunir todo o conhecimento sobre o processo
produtivo e reduzi-lo a regras, leis e fórmulas. É a “dissociação do processo de
trabalho das especialidades dos trabalhadores”.
Segundo princípio: todo possível trabalho cerebral deve ser banido da oficina e
centrado no departamento de planejamento ou projeto. É a separação entre
concepção e execução
Terceiro princípio uso centralizado do monopólio do conhecimento para controlar cada
fase do processo de trabalho e seu modo de execução. Definir não apenas o que deve
ser feito mas como deve ser feito e o tempo exato permitido para isso
O FORDISMO É UMA SUPERAÇÃO DO TAYLORISMO
•
•
•
•
•
fordismo não se restringia somente à disciplina no interior da fábrica: é um padrão de
acumulação
O processo de trabalho característico do fordismo é a cadeia de produção semiautomática, estabelecida principalmente nos EUA nos anos 20
instaura a produção em massa
retoma e intensifica os princípios do taylorismo
controla a reprodução global da força de trabalho pela íntima articulação entre o
processo de produção e o modo de consumo
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TAYLORISMO E FORDISMO NO BRASIL: BREVE COMENTÁRIO
•
•
•
•
•
O taylorismo teve a sua difusão conduzida por empresários paulistas no início da
década de trinta
Os princípios foram difundidos, mas as técnicas da gerência não
Aumento de salários eram nos EUA peça fundamental, já no Brasil…
Lá, a luta sindical, aqui a qualificação (este é um ponto fundamental)
Têxtil e ferrovia: técnicas de controles de tempos e movimentos
BUROCRACIA - COMANDO HIERARQUIZADO
A teoria da burocracia foi formalizada por Max Weber que, partindo da premissa de
que o traço mais relevante da sociedade ocidental, no século XX, era o agrupamento social
em organizações, procurou fazer um mapeamento de como se estabelece o poder nessas
entidades. Construiu um modelo ideal, no qual as organizações são caracterizadas por
cargos formalmente bem definidos, ordem hierárquica com linhas de autoridade e
responsabilidades bem delimitadas.
Assim, Weber cunhou a expressão burocrática para representar esse tipo ideal de
organização, porém ao fazê-lo, não estava pensando se o fenômeno burocrático era bom ou
mau. Weber descreve a organização dos sistemas sociais ou burocracia, num sentido que
vai além do significado pejorativo que por vezes tem. Burocracia é a organização eficiente
por excelência. E para conseguir essa eficiência, a burocracia precisa detalhar
antecipadamente e nos mínimos detalhes como as coisas deverão ser feitas. Segundo
Weber, a burocracia tem os seguintes princípios fundamentais:

Formalização: existem regras definidas e protegidas da alteração arbitrária ao serem
formalizadas por escrito.

Divisão do trabalho: cada elemento do grupo tem uma função específica, de forma a
evitar conflitos na atribuição de competências.

Hierarquia: o sistema está organizado em pirâmide, sendo as funções subalternas
controladas pelas funções de chefia, de forma a permitir a coesão do funcionamento
do sistema.

Impessoalidade: as pessoas, enquanto elementos da organização, limitam-se a
cumprir as suas tarefas, podendo sempre serem substituídas por outras - o sistema,
como está formalizado, funcionará tanto com uma pessoa como com outra.

Competência técnica e Meritocracia: a escolha dos funcionários e cargos depende
exclusivamente do seu mérito e capacidades - havendo necessidade da existência de
formas de avaliação objetivas.

Separação entre propriedade e administração: os burocratas limitam-se a administrar
os meios de produção - não os possuem.

Profissionalização dos funcionários.
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
Completa previsibilidade do funcionamento: todos os funcionários deverão comportarse de acordo com as normas e regulamentos da organização a fim de que esta atinja
a máxima eficiência possível.
EXERCÍCIOS DE ADAPTAÇÃO AO CONTEÚDO
1. Comente as características do pensamento da administração científica.
2. As adaptações subalternas controladas pelas funções das chefias geram desconfortos
empresariais. Que características são fundamentais para os funcionários, para que
esse desgaste ou coesão não ocorra?
3. O processo de produção é uma das maiores preocupações do homem nas empresas.
Por quê?
4. Existe alguma relação entre as teorias da administração e a Sociologia? Explique.
5. É necessário que haja modelos teóricos em organizações. Relacione esse tópico do
capítulo com estratégias de trabalho.
CAPÍTULO IV
PRINCIPAIS TEÓRICOS
SOCIOLOGIA CRÍTICA: MARX E AS RELAÇÕES ENTRE CAPITAL E TRABALHO
Robôs trabalham. Sobram operários
Nas utopias de um mundo do futuro é freqüente a imagem de uma fábrica em que só
os robôs trabalham. Ao mesmo tempo em que essa visão do futuro traz a idéia de “folga” no
trabalho, na realidade, temos dois caminhos que se contradizem e se complementam. Ao
mesmo tempo em que cresce a capacidade produtiva, cresce também o desemprego. Assim,
as máquinas substituem os homens no processo produtivo, mas os beneficiados são os
donos do capital constante. A divisão entre capital constante e capital variável é importante
para uma análise do sistema capitalista. O capital constante são os fixos no território, os
meios de produção, isto é, as fábricas, as máquinas. Já o capital variável é a parte do capital
a ser investido na compra da força de trabalho – para se pagar o salário do trabalhador. Essa
15
questão, no entanto, não é nova. Parte desse problema já foi abordado pelo filósofo alemão
Karl Marx [1818 - 1883] em sua obra mais importante, O capital. O conhecimento que Marx
produziu sobre a natureza de exploração capitalista é um dos caminhos para se entender o
período atual.
A teoria de Marx se mantém relevante no presente. Quando ele trata do processo de
acumulação de capital e de seus efeitos sobre o mercado de trabalho - em particular em um
contexto de elevação da composição orgânica do capital, que expressa a relação entre o
capital constante e o capital variável – ou seja, a reprodução capitalista como um processo
social, historicamente determinado e mediado por relações conflituosas - ele está abordando,
“a difusão do progresso técnico e a maior tecnificação dos processos produtivos, que tornam
parte da população trabalhadora um excedente de mão-de-obra ou, de acordo com suas
categorias [de Marx], uma superpopulação relativa”.
O período atual parece ser perverso para alguns e libertador para outros. Ao mesmo
tempo em que aumentam relativamente as funções técnicas e que requerem menor esforço
físico, as possibilidades de emprego para uma parcela grande da população ficam mais
reduzidas. O período atual, que o geógrafo Milton Santos denominou "meio técnico científicoinformacional" é marcado pela rapidez do avanço tecnológico e pelo aumento na
racionalização da produção, com efeitos importantes sobre o emprego. Com os novos
processos produtivos é possível uma menor quantidade de trabalho humano por produto
fabricado. Atualmente, teríamos ainda um acelerado desenvolvimento tecnológico que
transforma a relação sociedade-espaço, causando alterações na paisagem que denotam
uma “artificialização do planeta”.
Marx e a contemporaneidade
Marx, na tarefa de entender a submissão do trabalho ao capital e as transformações
nas relações sociais de produção, utiliza dois conceitos para explicar ao que chamou de
“subsunção do trabalho ao capital”. Num primeiro momento, ele explica essa relação por
meio da subsunção formal do trabalho ao capital, para depois expor a subsunção real do
trabalho ao capital.
O trabalho é formalmente subsumido (incluído, tornado parte) ao capital quando há
uma primeira transformação nas relações sociais de produção, quando o artesão passa a ser
um proletário. Apesar das transformações no processo produtivo e de uma nova
configuração espacial terem surgido com as fábricas, o trabalhador ainda tinha a capacidade
de conhecer todos os caminhos da fabricação do produto, mesmo estando submetido, ou
seja, mesmo vendendo sua força de trabalho ao capitalista. A subsunção passa a ser real
com o advento da primeira Revolução Industrial, na segunda metade do século XVIII. Nesse
momento, de acordo com Marx, está completo o processo do conhecimento técnico, que foi
transferido do trabalhador para o sistema de máquinas. Essa transferência de conhecimento
torna o trabalhador subordinado ao capitalista e, ao mesmo tempo, à máquina. O
conhecimento se torna segmentado e o operário não conhece mais o processo produtivo por
completo.
Estamos vivendo em um período em que a indústria está mais desenvolvida. Há uma
mudança no paradigma tecnológico no interior da fábrica, ou seja, não é uma passagem da
produção não-industrial para uma industrial, mas há um processo de substituição de
máquinas, isto é, passamos do domínio de uma tecnologia eletro-mecânica para um domínio
da tecnologia micro-eletrônica.
16
O avanço tecnológico tem um potencial libertador, mas ele precisa ser inserido em
novas relações sociais e novas relações de trabalho. As pessoas não trabalham menos
porque o capital resiste em diminuir a jornada de trabalho e, assim, esse potencial libertador
tecnológico não consegue desenvolver seu papel.
Os efeitos do avanço tecnológico no emprego podem ser combatidos de diversas
formas. De acordo com Raul Bastos, uma das formas seria o crescimento econômico, pois
este gera emprego e a outra é a redução da jornada de trabalho. “Creio também que o
processo de globalização traz implicações sobre o emprego, pois na medida em que as
economias se tornam mais abertas, acirra a concorrência e colocam-se novos parâmetros de
competitividade para as empresas. O que acontece é que os setores que estão mais
envolvidos com competitividade internacional são os mais afetados”. Bastos lembra que com
exceção de alguns países da Ásia, o resto do mundo está num período modesto de
crescimento e, portanto, há um agravamento dos problemas de desemprego.
É incorreto atribuir o desemprego ao despreparo do trabalhador em lidar com as novas
tecnologias. Ao aceitar essa proposição, fica subentendido que há uma perfeita adequação
entre a quantidade de empregos disponíveis e a população economicamente ativa. Há
desempregados porque eles não conseguem ocupar os postos de trabalho por falta de
qualificação. Mas as pessoas estão desempregadas não por falta de qualificação e sim
porque não existe emprego para todos. Há uma desestruturação do mercado de trabalho.
SOCIOLOGIA DAS INSTITUIÇÕES: TEORIA DE MAX WEBER E A BUROCRACIA
Considerando-se as instituições como mediações entre estruturas e comportamentos
individuais, sustenta-se que é possível encontrar, tanto em Ciência Política como em
Economia e Sociologia, um mesmo desenvolvimento básico do institucionalismo, dividido em
três grandes correntes, cada uma com sua própria genealogia. Na teoria econômica francesa
essas três correntes correspondem à teoria da regulação, à nova economia institucional e à
economia das convenções.
Basicamente os novos institucionalismos se diferenciam a partir de duas grandes
oposições: 1) o peso que atribuem na gênese das instituições aos conflitos de interesse e de
poder ou à coordenação entre indivíduos; 2) o papel que atribuem à racionalidade
estritamente instrumental, ou então às representações e à cultura.
A ESCOLA DE RELAÇÕES HUMANAS: ELTON MAYO E O INÍCIO DOS ESTUDOS
CIENTÍFICOS DA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Escola das Relações Humanas
Principais vultos: Eltom Mayo (1880/1947), Kurt Lewin (1890/1947), John Dewey,
Morris Viteles e George C. Homans.
A Teoria das Relações Humanas, surgiu nos Estados Unidos como conseqüência
imediata das conclusões obtidas na Experiência em Hawthorne, desenvolvida por Elton Mayo
e seus colaboradores. Foi basicamente um movimento de reação e de oposição à Teoria
Clássica da Administração.
A origem da Teoria das Relações Humanas são:
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1- A necessidade de humanizar e democratizar a administração, libertando-a dos conceitos
rígidos e mecanicistas da Teoria Clássica e adequando-a aos novos padrões de vida do povo
americano.
2- O desenvolvimento das chamadas ciências humanas, principalmente a Psicologia e a
Sociologia.
3- As idéias da filosofia pragmática de John Dewey e da Psicologia Dinâmica de Kurt Lewin
foram capitais para o humanismo na administração.
4- As conclusões da Experiência em Hawthorne, desenvolvida entre 1927 e 1932, sob a
coordenação de Elton Mayo.
Os estudos em Hawthorne de Elton George Mayo (1880-1949)
A Western Eletric era uma companhia norte-americana que fabricava equipamentos
para empresas telefônicas. A empresa sempre se caracterizara pela preocupação com o
bem estar de seus funcionários, o que lhe proporcionava um clima constantemente sadio de
relações industriais. Durante mais de 20 anos não se constatara nenhuma greve ou
manifestação. Um diagnóstico preliminar nos diria que o moral na companhia era alto e os
funcionários confiavam na competência de seus administradores.
No período entre 1927 e 1932 foram realizadas pesquisas em uma das fábricas da
Western Electric Company, localizada em Hawthorne, distrito de Chicago. A fábrica contava
com cerca de 40 mil empregados e as experiências realizadas visavam detectar de que
modo fatores ambientais - como a iluminação do ambiente de trabalho- influenciavam a
produtividade dos trabalhadores.
As experiências foram realizadas por um comitê constituído por três membros da
empresa pesquisada e quatro representantes da Escola de Administração de Empresas de
Harvard. Em 1924, com a colaboração do Conselho Nacional de Pesquisas, iniciara na
fábrica de Hawthorne uma série de estudos para determinar uma possível relação entre a
intensidade da iluminação do ambiente de trabalho e a eficiência dos trabalhadores, medida
pelos níveis de produção alcançados. Esta experiência que se tornaria famosa, foi
coordenada por Elton Mayo, e logo se estendeu ao estudo da fadiga, dos acidentes no
trabalho, da rotação de pessoal e do efeito das condições físicas de trabalho sobre a
produtividade dos empregados.
Entretanto a tentativa foi frustada, os pesquisadores não conseguiram provar a
existência de qualquer relação simples entre a intensidade de iluminação e o ritmo de
produção. Reduziu-se a iluminação na sala experimental. Esperava-se uma queda na
produção, mas o resultado foi o oposto, a produção na verdade aumentou.
Os pesquisadores verificaram que os resultados da experiência eram prejudicados por
variáveis de natureza psicológica. Tentaram eliminar ou neutralizar o fator psicológico, então
estranho e impertinente, razão pela qual a experiência prolongou-se até 1932, quando foi
suspensa em razão da crise econômica de 1929.
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Os estudos básicos efetuados por Mayo e seu grupo tiveram três fases:
Sala de provas de montagem de Relés
Programa de Entrevista
Sala de observações da montagem de terminais
Conclusões da Experiência em Hawthorne
A experiência em Hawthorne permitiu o delineamento dos princípios básicos da Escola
das Relações Humanas que veio a se formar logo em seguida. Destacamos a seguir as
principais conclusões.
1- Nível de Produção é Resultante da Integração Social
Quanto mais integrado socialmente no grupo de trabalho, tanto maior a sua disposição de
produzir.
2- Comportamento Social dos Empregados se apóiam totalmente no grupo. Os
trabalhadores não reagem isoladamente como indivíduos, mas como membros do grupo. O
grupo que define a quota de produção. O grupo pune o indivíduo que sai das normas
grupais.
3- Grupos informais – Os pesquisadores de Hawthorne concentraram suas pesquisas sobre
os aspectos informais da organização. A empresa passou a ser visualizada como uma
organização social composta de diversos grupos sociais informais. Esses grupos informais
definem suas regras de comportamento, suas formas de recompensas ou sanções sociais,
seus objetivos, sua escala de valores sociais, suas crenças e expectativas. Delineou-se com
essa teoria o conceito de organização informal.
4- As Relações Humanas são as ações e atitudes desenvolvidas pelos contatos entre
pessoas e grupos. Os indivíduos dentro da organização participam de grupos sociais e
mantêm-se uma constante interação social. Relações Humanas são as ações e atitudes
desenvolvidas pelos contatos entre pessoas e grupos.
Cada indivíduo é uma personalidade diferenciada que influi no comportamento e
atitudes uns dos outros com quem mantém contatos. É exatamente a compreensão da
natureza dessas relações humanas que permite ao administrador melhores resultados de
seus subordinados.
5- A importância do Conteúdo do Cargo. A maior especialização e portanto a maior
fragmentação do trabalho não é a forma mais eficiente do trabalho. Mayo e seus
colaboradores verificaram que a extrema especialização defendida pela Teoria Clássica não
cria necessariamente a organização mais eficiente. Foi observado que os operários trocavam
de posição para variar a monotonia, contrariando a política da empresa. Essas trocas eram
negativas na produção, mas elevava o moral do grupo.
6- Ênfase nos aspectos emocionais. Os elementos emocionais, não planejados e mesmo
irracionais do comportamento humano passam a merecer atenção especial por parte de
quase todas as grandes figuras da Teoria das Relações Humanas.
Teoria Clássica Teoria da Relações
Trata a organização como uma Máquina
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Trata a organização como um grupo de pessoas
Enfatiza as tarefas ou a tecnologia
Enfatiza as pessoas
Inspirada em sistemas de engenharia
Inspirada em sistemas de psicologia
Autoridade Centralizada
Delegação plena de autoridade
Linhas claras de autoridade
Autonomia do empregado
Especialização e competência Técnica
Confiança e abertura
Acentuada divisão do trabalho Ênfase nas relações humanas entre as
pessoas
Confiança nas regras e nos regulamentos
Confiança nas pessoas
Clara separação entre linha e staff
Dinâmica grupal e interpessoal
Decorrência da Teoria das Relações Humanas
Com o advento da Teoria das Relações Humanas, uma nova linguagem passa a
dominar o repertório administrativo: Fala-se agora em motivação, liderança, comunicação,
organização informal, dinâmica de grupo etc. Os princípios clássicos passam a ser
duramente contestados. O engenheiro e o técnico cedem lugar ao psicólogo e ao sociólogo.
O método e a máquina perdem a primazia em favor da dinâmica de grupo. A felicidade
humana passa a ser vista sob um ângulo completamente diferente, pois o homoeconomicus
cede lugar ao homem social. A ênfase nas tarefas e na estrutura é substituída pela ênfase
nas pessoas.
Motivação
A teoria da motivação procura explicar os porquês do comportamento das pessoas.
Vimos na Teoria da Administração Cientifica que a motivação era pela busca do dinheiro e
das recompensas salariais e materiais do trabalho.
A experiência de Hawthorne veio demonstrar que o pagamento, ou recompensa salarial, não
é o único fator decisivo na satisfação do trabalhador. Elton Mayo e sua equipe passaram a
chamar a tenção para o fato de que o homem é motivado por recompensas sociais,
simbólicas e não materiais.
A compreensão da motivação do comportamento exige o conhecimento das
necessidades humanas. A Teoria das Relações Humanas constatou a existência de certas
necessidades humanas fundamentais:
O MORAL E A ATITUDE. A literatura sobre o moral teve seu inicio com a Teoria das
Relações Humanas. O moral é um conceito abstrato, intangível, porém perfeitamente
perceptível. O moral é uma decorrência do estado motivacional, uma atitude mental
provocada pela satisfação ou não satisfação das necessidades dos indivíduos.
O moral elevado é acompanhado de uma atitude de interesse, identificação, aceitação fácil,
entusiasmo e impulso em relação ao trabalho, em geral paralelamente a uma diminuição dos
problemas de supervisão e de disciplina. O moral elevado devolve a colaboração.
LIDERANÇA. A Teoria Clássica não se preocupou virtualmente com a liderança e
suas implicações. Com a Teoria das Relações Humanas, passou-se a constatar a enorme
20
influência da liderança informal sobre o comportamento das pessoas. A Experiência de
Hawthorne teve o mérito – entre outros – de demonstrar a existência de líderes informais que
encarnavam as normas e expectativas do grupo e que mantinham estrito controle sobre o
comportamento do grupo, ajudando os operários a atuarem como um grupo social coeso e
integrado.
Liderança é a influência interpessoal exercida numa situação e dirigida através do
processo da comunicação humana à consecução de um ou de diversos objetivos específicos
A liderança constitui um dos temas administrativos mais pesquisados e estudados nos
últimos cinqüenta anos.
COMUNICAÇÕES. Com o desenrolar das conseqüências das Experiências de
Hawthorne e das experiências sobre liderança, os pesquisadores passaram a concentrar sua
atenção nas oportunidades de ouvir e aprender em reuniões de grupo e notar os problemas
das comunicações entre grupos de empresas.
Passou-se a identificar a necessidade de elevar a competência dos administradores através
do trato interpessoal, no sentido de adquirirem condições de enfrentar com eficiência os
complexos problemas de comunicação, bem como de adquirir confiança e franqueza no seu
relacionamento humano.
Neste sentido, a Teoria das Relações Humanas criou uma pressão sensível sobre a
Administração no sentido de modificar as habituais maneiras de dirigir as organizações. O
enfoque das relações humanas adquiriu certa imagem popular cujo efeito líquido foi compelir
os administradores a:
a- Assegurar a participação dos escalões inferiores na solução dos problemas da empresa.
b- Incentivar maior franqueza e confiança entre os indivíduos e os grupos nas empresas.
A comunicação é uma atividade administrativa que tem dois propósitos principais:
a- Proporcionar informação e compreensão necessárias para que as pessoas possam
conduzir-se nas suas tarefas.
b- Proporcionar as atitudes necessárias que promovam motivação, cooperação e satisfação
no cargo.
Estes dois propósitos, em conjunto, promovem um ambiente que conduz a um espírito de
equipe e um melhor desempenho nas tarefas.
Para a Teoria das Relações Humanas, a comunicação é importante no relacionamento entre
as posições e no conhecimento e na explicação aos participantes inferiores das razões das
orientações tomadas.
DINÂMICA DE GRUPO. Fundada por Kurt Lewin a Escola da Dinâmica de grupo
desenvolve uma proposição geral de que o comportamento, as atitudes, as crenças e os
valores do indivíduo baseiam-se firmemente nos grupos aos quais pertence. Dinâmica de
grupo é a soma de interesses dos componentes do grupo, que pode ser ativada através de
estímulos e motivações, no sentido de maior harmonia e aumento do relacionamento. As
relações existentes entre os membros de um grupo recebem o nome de relações intrínsecas.
O chefe deve estar atento às relações entre os componentes do grupo, deve procurar
desenvolver o sentido de equipe, estimulando os seus elementos ao respeito e à estima
recíprocos. As reuniões periódicas, as palestras, as conversas informais com os
componentes do grupo colaboram para que estes resultados sejam alcançados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
21
AGLIETTA, M. (1997). "Postface", in Croissance et crises du capitalisme. Paris,
Odile Jacob.
BASLE, M. (1995). "Antécédents institutionnalistes méconnus ou connus de la
théorie de la régulation", in BOYER, R. e SAILLARD, Y. (orgs.), Théorie de la
régulation. LÉtat des savoirs. Paris, La découverte.
LEITE, Márcia - PESQUISADORA DA UNICAMP
REVISÃO EM SÍNTESE
1. Explique duas características do pensamento de Karl Marx, Max Weber e Elton
Mayo.
2. O que você entendeu sobre Sociologia crítica?
3. Explique a inovação da escola de relações humanas.
4. Em que se baseiam o comportamento, crença, atitudes e valores do indivíduo?
5. Qual a intenção da Teoria das Relações Humanas na organização, sob a ótica
de Elton Mayo?
6. Qual a importância das comunicações nas Experiências de Hawthorne
conduzidas por Elton Mayo?
CAPÍTULO V
Durkheim e a teoria sociológica
Émile Durkheim (Épinal, 15 de abril de 1858 — Paris, 15 de novembro de 1917) é
considerado um dos pais da sociologia moderna. Durkheim foi o fundador da escola francesa
de Sociologia. É reconhecido amplamente como um dos melhores teóricos do conceito da
coesão social.
Partindo da afirmação de que "os fatos sociais devem ser tratados como coisas",
forneceu uma definição do normal e do patológico aplicada a cada sociedade, em que o
normal seria aquilo que é ao mesmo tempo obrigatório para o indivíduo e superior a ele, o
que significa que a sociedade e a consciência coletiva são entidades morais, antes mesmo
de terem uma existência tangível. Essa preponderância da sociedade sobre o indivíduo deve
22
permitir a realização desse, desde que consiga integrar-se a essa estrutura. Para que reine
certo consenso nessa sociedade, deve-se favorecer o aparecimento de uma solidariedade
entre seus membros. Uma vez que a solidariedade varia segundo o grau de modernidade da
sociedade, a norma moral tende a tornar-se norma jurídica, pois é preciso definir, numa
sociedade moderna, regras de cooperação e troca de serviços entre os que participam do
trabalho coletivo (preponderância progressiva da solidariedade orgânica).
Objetividade científica
Seu trabalho principial é na reflexão e no reconhecimento da existência de uma
“Consciência Coletiva”. Ele parte do princípio que o homem seria apenas um animal
selvagem que só se tornou Humano porque se tornou sociável, ou seja, foi capaz de
aprender hábitos e costumes característicos de seu grupo social para poder conviver no meio
deste.
A este processo de aprendizagem, Durkheim chamou de “Socialização”, a consciência
coletiva seria então formada durante a nossa socialização e seria composta por tudo aquilo
que habita nossas mentes e que serve para nos orientar como devemos ser, sentir e nos
comportar. E esse “tudo” ele chamou de “Fatos Sociais”, e disse que esses eram os
verdadeiros objetos de estudo da Sociologia.
Nem tudo que uma pessoa faz é um fato social, para ser um fato social tem de atender
a 3 características: generalidade, exterioridade e coercitividade. Isto é, o que as pessoas
sentem, pensam ou fazem independente de suas vontades individuais, é um comportamento
estabelecido pela sociedade. Não é algo que seja imposto especificamente a alguém, é algo
que já estava lá antes e que continua depois e que não dá margem a escolhas.
Em seus estudos, ele concluiu que os fatos sociais atingem toda a sociedade, o que
só é possível se admitirmos que a sociedade é um todo integrado. Se tudo na sociedade está
interligado, qualquer alteração afeta toda a sociedade, o que quer dizer que se algo não vai
bem em algum setor da sociedade, toda ela sentirá o efeito. Partindo deste raciocínio ele
desenvolve dois dos seus principais conceitos: Instituição Social e Anomia.
A instituição social é um mecanismo de proteção da sociedade, é o conjunto de regras
e procedimentos padronizados socialmente, reconhecidos, aceitos e sancionados pela
sociedade, cuja importância estratégica é manter a organização do grupo e satisfazer as
necessidades dos indivíduos que dele participam. As instituições são, portanto,
conservadoras por essência, quer seja família, escola, governo, polícia ou qualquer outra,
elas agem fazendo força contra as mudanças, pela manutenção da ordem.
Durkheim deixa bem claro em sua obra o quanto acredita que essas instituições são
valorosas e parte em sua defesa, o que o deixou com uma certa reputação de conservador,
que durante muitos anos causou antipatia a sua obra. Mas Durkheim não pode ser
meramente tachado de conservador, sua defesa das instituições se baseia num ponto
fundamental: o ser humano necessita se sentir seguro, protegido e respaldado.
Uma sociedade sem regras claras (num conceito do próprio Durkheim, "em estado de
anomia"), sem valores, sem limites leva o ser humano ao desespero. Preocupado com esse
desespero, Durkheim se dedicou ao estudo da criminalidade, do suicídio e da religião. O
homem que inovou construindo uma nova ciência, inovava novamente se preocupando com
fatores psicológicos, antes da existência da Psicologia. Seus estudos foram fundamentais
para o desenvolvimento da obra de outro grande homem: Freud.
23
Basta uma rápida observação do contexto histórico do século XIX, para se perceber
que as instituições sociais se encontravam enfraquecidas, havia muito questionamento,
valores tradicionais eram rompidos e novos surgiam, muita gente vivendo em condições
miseráveis, desempregados, doentes e marginalizados.
Ora, numa sociedade integrada essa gente não podia ser ignorada, de uma forma ou
de outra, toda a sociedade estava ou iria sofrer as conseqüências. Aos problemas que ele
observou, ele considerou como patologia social, e chamou aquela sociedade doente de
“Anomana”. A anomia era a grande inimiga da sociedade, algo que devia ser vencido, e a
sociologia era o meio para isso. O papel do sociólogo seria portanto estudar, entender e
ajudar a sociedade.
Na tentativa de “curar” a sociedade da anomia, Durkheim escreve “A divisão do
trabalho social na problematica budista”, onde ele descreve a necessidade de se estabelecer
uma solidariedade orgânica entre os membros da sociedade. A solução estaria em, seguindo
o exemplo de um organismo biológico, onde cada órgão tem uma função e depende dos
outros para sobreviver, se cada membro da sociedade exercer uma função na divisão do
trabalho, ele será obrigado através de um sistema de direitos e deveres, e também sentirá a
necessidade de se manter coeso e solidário aos outros. O importante para ele é que o
indivíduo realmente se sinta parte de um todo, que realmente precise da sociedade de forma
orgânica, interiorizada e não meramente mecânica.
Refletindo sobre a importância da dependência entre os membros da sociedade,
inúmeros estudiosos que se seguiram a Durkheim desenvolveram o que ficou conhecido
como “Funcionalismo”. Creio que não é possível chegar a esse ponto sem lembrar de Marx
conclamando a “união” dos trabalhadores. Uma união consciente dos indivíduos ou uma
união dependente, de um jeito ou de outro, ambos se opõe ao individualismo possessivo, o
que nos remete a dificuldade de convivência entre os homens. Mais de 1 século depois o
conflito ainda não está resolvido, Durkheim se visse nossa sociedade ficaria chocado com
seu grau de “anomia” e talvez ficasse decepcionado ao saber que os sociólogos já não
querem mais “salvar o mundo”. Contudo, a História está cheia “durkheims” e assim
continuará.
Valor da Sociologia
Na sociologia, os valores vão ser abordados com produto das relações sociais e
relacionados com "normas", "representações", etc.
Conceito de fato social
O fato social também pode ser distinguido pelo estado de independência em que se
encontra em relação às suas manifestações individuais: “O que ele exprime é um certo
estado da alma coletiva.” (DURKHEIM, 2003, p.31). Para ele, um fenômeno coletivo é aquele
que é geral, ou seja, comum a todos os membros da sociedade, ou, pelo menos, à maior
parte deles. O autor assim resume sua definição de fato social:
Os fatos sociais podem ser menos consolidados, fluidos, como as maneiras de agir,
ou ter uma forma já cristalizada na sociedade, como as maneiras de ser. Maneiras de agir
seriam expressas pelas correntes sociais, movimentos coletivos, correntes de opinião. As
maneiras de ser seriam expressas pelas regras jurídicas, morais, dogmas religiosos e
sistemas financeiros.
24
Conceito de coerção social
A idéia de coerção social está na origem da Sociologia. Foi desenvolvida por
Durkheim em seus primeiros trabalhos, na virada para este século, justamente na tentativa
de demonstrar a existência de fenômenos especiais que influenciam alguns acontecimentos
e atitudes individuais, e que escapam a uma explicação puramente psicológica.
Segundo Durkheim, quando o homem vive em sociedade, boa parte de suas ações
não são resultado exclusivo de decisões isoladas, mas também de princípios exteriores a
sua própria vontade.
Esses princípios são os valores e os comportamentos que são convenientes para
sociedade em questão, e que ela de alguma forma tenta induzir aos seus integrantes. É essa
"pressão" que a sociedade exerce sobre seus membros para adequar-lhes a conduta que
recebeu o nome de coerção social. A coerção social pode manifestar-se de várias maneiras,
anteriores ou posteriores ao ato individual, e todas elas são refletidas nos comportamentos
das pessoas envolvidas. Uma das mais importantes formas de coerção é anterior a atitude, e
coincide com a socialização: ao ser educado, o indivíduo assimila princípios que já existiam
antes dele, e que de uma forma ou de outra limitam-lhe o leque de alternativas para ação.
Por exemplo, no convívio com outras pessoas, o indivíduo adapta o desejo natural de
encontrar um(a) companheiro(a) e procriar, transformando-o em uma busca pelo casamento
e por constituir uma família.
Sociologia funcionalista
Refletindo sobre a importância da dependência entre os membros da sociedade,
inúmeros estudiosos que se seguiram a Durkheim desenvolveram o que ficou conhecido
como “Funcionalismo”. Não é possível chegar a esse ponto sem lembrar de Marx
conclamando a “união” dos trabalhadores. Uma união consciente dos indivíduos ou uma
união dependente, de um jeito ou de outro, ambos se opõem ao individualismo possessivo, o
que nos remete à dificuldade de convivência entre os homens. Mais de um século depois, o
conflito ainda não está resolvido, Durkheim se visse nossa sociedade ficaria chocado com
seu grau de “anomia” (1) e talvez ficasse decepcionado ao saber que os sociólogos já não
querem mais “salvar o mundo”. Contudo, a História está cheia de “durkheims” e assim
continuará.
Solidariedade mecânica e solidariedade orgânica
Solidariedade mecânica e orgânica: a divisão de trabalho, além dos serviços
econômicos, tem como importância o efeito moral; criam entre duas ou mais pessoas, um
sentimento de solidariedade, gerando um equilíbrio interligado.
A solidariedade mecânica é oriunda das semelhanças individuais, é uma necessidade
de vivência social, pois liga o indivíduo à sociedade, tornando harmônicas as suas relações.
Para isto, necessita de pressão (Direito repressivo) contra qualquer desvio de limite, imposto
pela consciência coletiva.
A solidariedade orgânica é a independência individual, mas depende da sociedade
25
porque depende das partes que a compõem. Contudo, a solidariedade orgânica dá
parâmetros de liberdade à consciência individual (Direito restitutivo), surgindo um novo tipo
de solidariedade.
Divisão do trabalho social
Na tentativa de “curar” a sociedade da anomia, Durkheim escreve “A divisão do
trabalho social”, onde ele descreve a necessidade de se estabelecer uma solidariedade
orgânica entre os membros da sociedade. A solução estaria, seguindo o exemplo de um
organismo biológico, onde cada órgão tem uma função e depende dos outros para
sobreviver, se cada membro da sociedade exercer uma função na divisão do trabalho, ele
será obrigado através de um sistema de direitos e deveres, e também sentirá a necessidade
de se manter coeso e solidário aos outros. O importante para ele é que o indivíduo realmente
se sinta parte de um todo, que realmente precise da sociedade de forma orgânica,
interiorizada e não meramente mecânica. (1) A anomia é um estado de falta de objetivos e
perda de identidade, provocado pelas intensas transformações ocorrentes no mundo social
moderno.
A partir do surgimento do Capitalismo, e da tomada da Razão, como forma de explicar
o mundo, há um brusco rompimento com valores tradicionais, fortemente ligados à
concepção religiosa.
A Modernidade, com seus intensos processos de mudança, não fornecem novos
valores que preencham os anteriores demolidos, ocasionando uma espécie de vazio de
significado no cotidiano de muitos indivíduos. Há um sentimento de se "estar à deriva",
participando inconscientemente dos processos coletivos/sociais: perda quase total da
atuação consciente e da identidade. Este termo foi cunhado por Durkheim em seu livro O
Suicídio. Durkheim emprega este termo para mostrar que algo na sociedade não funciona de
forma harmônica. Algo desse corpo está funcionando de forma patológica ou
"anomicamente". Em seu famoso estudo sobre o suicídio, Durkheim mostra que os fatores
sociais - especialmente da sociedade moderna - exercem profunda influência sobre a vida
dos indivíduos com comportamento suicida.
Referências bibliográficas
Durkheim, E. As regras do método sociológico. São Paulo, Ed. Martin Claret, 2002; Aron, R. As etapas do pensamento sociológico.
(págs: 297 a 369); Goldman, L. Ciências humanas e filosofia. São Paulo, Ed. Difel. 1967 (págs: 27 a 70); Martins, J. de S. Ideologia e
sociedade. Rio, 1930 (págs: 23 a 45).
Exercícios para debate
1. Explique o que é sociologia funcionalista.
2. O que é divisão do trabalho social?
3. O que é fato social e quais são as suas características?
26
4. Onde são refletidas as formas da coersão social?
5. A que princípio científico se refere Durkheim?
CAPÍTULO V
SÍMBOLOS E CULTURA
Conceito de cultura
Na sua primeira acepção, cultura é um termo que vem do alemão e que é oriundo de
palavras como "folk" e "kulture" que quer dizer povo (agricultura)
Voltaire, um dos poucos pensadores franceses do século XVIII partidários de um
concepção relativista da história humana.
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Diversos sentidos da palavra variam consoante a aplicação em determinado ramo do
conhecimento humano.

Ciências sociais - (latu sensu) é o aspecto da vida social que se relaciona com a
produção do saber, arte, folclore, mitologia, costumes, etc., bem como à sua
perpetuação pela transmissão de uma geração à outra.

Sociologia - o conceito de cultura tem um sentido diferente do senso comum.
Sintetizando simboliza tudo o que é aprendido e partilhado pelos indivíduos de um
determinado grupo e que confere uma identidade dentro do seu grupo de pertença. Na
sociologia não existem culturas superiores, nem culturas inferiores pois a cultura é
relativa, designando-se em sociologia por relativismo cultural, isto é a cultura do Brasil
não é igual à cultura portuguesa, por exemplo: diferem na maneira de se vestirem, na
maneira de agirem, têm crenças, valores e normas diferentes... isto é têm padrões
culturais distintos.

Filosofia - cultura é o conjunto de manifestações humanas que contrastam com a
natureza ou comportamento natural. Por seu turno, em biologia uma cultura é
normalmente uma criação especial de organismos (em geral microscópicos) para fins
determinados (por exemplo: estudo de modos de vida bacterianos, estudos
microecológicos, etc.). No dia-a-dia das sociedades civilizadas (especialmente a
sociedade ocidental) e no vulgo costuma ser associada à aquisição de conhecimentos
e práticas de vida reconhecidas como melhores, superiores, ou seja, erudição; este
sentido normalmente se associa ao que é também descrito como “alta cultura”, e é
empregado apenas no singular (não existem culturas, apenas uma cultura ideal, à
qual os homens indistintamente devem se enquadrar). Dentro do contexto da filosofia,
a cultura é um conjunto de respostas para melhor satisfazer as necessidades e os
desejos humanos. Cultura é informação, isto é, um conjunto de conhecimentos
teóricos e práticos que se aprende e transmite aos contemporâneos e aos vindouros.
A cultura é o resultado dos modos como os diversos grupos humanos foram
resolvendo os seus problemas ao longo da história. Cultura é criação. O homem não
só recebe a cultura dos seus antepassados como também cria elementos que a
renovam. A cultura é um fator de humanização. O homem só se torna homem porque
vive no seio de um grupo cultural. A cultura é um sistema de símbolos compartilhados
com que se interpreta a realidade e que conferem sentido à vida dos seres humanos.

Antropologia - esta ciência entende a cultura como o totalidade de padrões aprendidos
e desenvolvidos pelo ser humano. Segundo a definição pioneira de Edward Burnett
Tylor, sob a etnologia (ciência relativa especificamente do estudo da cultura) a cultura
seria “o complexo que inclui conhecimento, crenças, arte, morais, leis, costumes e
outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade”.
Portanto corresponde, neste último sentido, às formas de organização de um povo,
seus costumes e tradições transmitidas de geração para geração que, a partir de uma
vivência e tradição comum, se apresentam como a identidade desse povo.
A principal característica da cultura é o chamado mecanismo adaptativo: a
capacidade de responder ao meio de acordo com mudança de hábitos, mais rápida do que
uma possível evolução biológica. O homem não precisou, por exemplo, desenvolver longa
pelagem e grossas camadas de gordura sob a pele para viver em ambientes mais frios – ele
simplesmente adaptou-se com o uso de roupas, do fogo e de habitações. A evolução cultural
é mais rápida do que a biológica. No entanto, ao rejeitar a evolução biológica, o homem
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torna-se dependente da cultura, pois esta age em substituição a elementos que constituiriam
o ser humano; a falta de um destes elementos (por exemplo, a supressão de um aspecto da
cultura) causaria o mesmo efeito de uma amputação ou defeito físico, talvez ainda pior.
Além disso a cultura é também um mecanismo cumulativo. As modificações trazidas
por uma geração passam à geração seguinte, de modo que a cultura transforma-se
perdendo e incorporando aspectos mais adequados à sobrevivência, reduzindo o esforço das
novas gerações.
Um exemplo de vantagem obtida através da cultura é o desenvolvimento do cultivo do
solo, a agricultura. Com ela o homem pôde ter maior controle sobre o fornecimento de
alimentos, minimizando os efeitos de escassez de caça ou coleta. Também pôde abandonar
o nomadismo; daí a fixação em aldeamentos, cidades e estados.
Cultura nas organizações
DEFININDO AS ORGANIZAÇÕES
Segundo Srour, podemos definir organização como “agentes coletivos, à semelhança
das classes sociais, das categorias sociais e dos públicos” que “são planejadas de forma
deliberada para realizar um determinado objetivo”
As organizações, desde o tempo dos mais antigos estudiosos da administração, como
Fourier, Morelly, Blanc, Saint Simon, passando pelos tradicionais Taylor e Fayol,
preocupavam-se primordialmente com a estrutura. Foi Elton Mayo, já na terceira década
deste século, quem começou o questionamento sobre as relações humanas, dando algumas
das primeiras contribuições a essa temática, seguido principalmente por Follet e Barnard.
Este, no seu estudo da “Autoridade e Comunicação”, defendia que “as pessoas têm
motivações individuais e cooperam com os outros para atingir certos propósitos” (Apud
PARK, 1997).
A visão mecanicista, que encara a organização como estruturas rígidas, tem sido
deixada de lado de maneira inflexível por alguns estudiosos - como por exemplo Fritjof Capra
- e por algumas organizações, que propõem a chamada visão sistêmica, pela qual se
encaram as organizações como organismos vivos, as quais, dentro do paralelo,
desenvolvem-se e adaptam-se aos impulsos da realidade. Segundo Capra, “o controle não é
a melhor abordagem, mas sim a cooperação, o diálogo e a colaboração”, deixando claras as
suas posições sobre o poder e suas manifestações no âmbito organizacional.
Vivemos, em fins do século XX, um momento de busca incessante pelo conhecimento da
organização, em que os staffs buscam prioritariamente a essência de
suas corporações(1).
Cultura, subcultura, contracultura
Na Sociologia, Antropologia e estudos culturais, uma subcultura é um grupo de
pessoas com características distintas de comportamentos e credos que os diferenciam de
uma cultura mais ampla da qual elas fazem parte. A subcultura pode se destacar devido à
idade de seus integrantes, ou por sua raça, etnia, classe e/ou gênero, e as qualidades que
determinam uma subcultura como distinta podem ser de ordem estética, religiosa,
ocupacional, política, sexual, ou por uma combinação desses fatores.
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O termo contracultura pode se referir ao conjunto de movimentos de rebelião da
juventude que marcaram os anos 60: o movimento hippie, a música rock, uma certa
movimentação nas universidades, viagens de mochila, drogas e assim por diante. Trata-se,
então, de um fenômeno datado e situado historicamente e que, embora muito próximo de
nós, já faz parte do passado. De outro lado, o mesmo termo pode também se referir a
alguma coisa mais geral, mais abstrata, um certo espírito, um certo modo de contestação, de
enfrentamento diante da ordem vigente, de caráter profundamente radical e bastante
estranho às forças mais tradicionais de oposição a esta mesma ordem dominante. Um tipo
de crítica anárquica – esta parece ser a palavra-chave – que, de certa maneira, ‘rompe com
as regras do jogo’ em termos de modo de se fazer oposição a uma determinada situação.
Uma contracultura, entendida assim, reaparece de tempos em tempos, em diferentes épocas
e situações, e costuma ter um papel fortemente revigorador da crítica social.
A partir de todos esse fatos era difícil ignorar-se a contracultura como forma de contestação
radical, pois rompia com praticamente todos os hábitos consagrados de pensamentos e
comportamentos da cultura dominante, surgindo inicialmente na imprensa, foi ganhando
espaço no sentido de lançar rótulos ou modismos.
Cultura real e cultura ideal.
Cultura de Equipe Ideal
O perfil de cultura ideal criado pela organização indica que se exige um estilo de
equipe que reúne papéis do tipo inovador e pioneiro. Essa equipe deve:
* Obter resultados com base em fatos e informações.
* Absorver e transmitir informações técnicas.
* Prestar atenção aos detalhes ao atingir objetivos.
* Procurar tarefas desafiadoras em sua área específica.
* Tomar decisões de maneira sistemática e lógica.
* Ter um interesse amigável pelas pessoas.
* Influenciar e convencer os outros para obter comprometimento.
* Assegurar a manutenção da qualidade e dos padrões.
* Motivar os demais e mantê-los concentrados nas respectivas metas.
* Aderir a regras, procedimentos e diretrizes da organização.
* Procurar encontrar soluções satisfatórias para os problemas.
* Proceder com confiança depois de qualificar uma ação e concluir sua análise.
* Concentrar-se na obtenção de resultados e no aprimoramento dos padrões.
* Ter uma determinada cautela antes de agir.
* Avaliar informações analíticas.
Papel Da Equipe Ideal
Para que a equipe ideal possa trabalhar com sucesso, é vital que pelo menos um dos
papéis descritos a seguir esteja representado.
Pioneiro
O pioneiro busca resultados, é ativo e exigente, especialmente diante de incertezas
e/ou oposição. Estimula a si mesmo e os demais a desenvolver e atingir objetivos, metas e
resultados de longo prazo.
Inovador
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O inovador consegue enfrentar novos desafios e desenvolver soluções imaginativas
para problemas difíceis, criando e desenvolvendo idéias novas e inovadoras.
Líder Ideal Para Essa Equipe
Em decorrência das diferenças entre a cultura real e ideal da equipe, provavelmente
será necessário um processo de mudança na equipe. A pessoa ideal para liderar essa
equipe durante uma mudança deve ter um perfil que se ajuste à Cultura Ideal ou deve ter
competência para modificar o próprio comportamento a fim de se enquadrar às necessidades
dessa Cultura Ideal.
Cultura de Equipe Real
A cultura da equipe real mostrada anteriormente foi ajustada para mostrar claramente
a forma do gráfico. Isso se faz necessário quando é gerada uma forma "fechada". O perfil de
cultura "fechado" da equipe real indica que os membros da equipe estão bem equilibrados
em termos de talento profissional. Contudo, em termos de comportamento, os integrantes
podem ter os seguintes problemas:
* Conflito.
* Indecisão.
* Trabalhar em subgrupos opostos.
* Frustrações, problemas e estresses.
* Desorientação.
* Rejeição e insegurança.
* Resistência a mudanças.
Se o líder e os membros da equipe estiverem dispostos a modificar consideravelmente seu
comportamento, terão uma oportunidade razoável de sucesso. A seguir, mostramos
possíveis talentos e limitações da equipe.
Talentos Da Equipe
Essa equipe amigável e otimista inspira as pessoas com seu entusiasmo. É capaz de
motivar e de criar uma atmosfera que estimula todos a se dedicar às respectivas tarefas.
Considera os resultados importantes, bem como um ambiente de mudanças rápidas. Atua
com um senso de urgência, compete para vencer e está sempre à procura de tarefas
desafiadoras. Previdente, questiona o status quo e arrisca-se no desconhecido. Comunica-se
verbalmente com os outros e oferece um ótimo nível de estímulo, treinamento e apoio.
Orientada para as pessoas, procura desenvolver uma cultura de participação e envolvimento,
ao mesmo tempo que compete para vencer e atingir metas.
Reação Da Equipe A Mudanças
Bastante otimista, essa equipe acata, aceita e gera mudanças prontamente. Os
resultados são importantes; por isso, se a mudança agregar algum valor, será tratada com
entusiasmo e sem receio. Contudo, às vezes a equipe pode se mostrar impulsiva e deixar de
avaliar a fundo as possíveis conseqüências das próprias ações. É ativa, vigilante e reage
rapidamente a mudanças.
Líder Ideal Para Essa Equipe
O líder ideal para essa equipe deve saber lidar com pessoas e influenciar e convencêlas a fim de que se comprometam. O ambiente deve ser amigável e o líder, além de
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entusiasta e orientado para resultados, deve irradiar otimismo, responder a desafios e elevar
o moral dos outros membros da equipe.
Valor Da Equipe
O ambiente no qual uma equipe trabalha, o nível em que opera e o valor que agrega à
organização são fatores vitais para seu sucesso ou fracasso. O valor que essa equipe
agrega à organização é o seguinte:
* Cumprir metas por meio de pessoas.
* Ter o desejo de obter o apoio de outros para concluir tarefas.
* Ter disposição para questionar o status quo.
* Causar impressões favoráveis e incentivar o envolvimento.
* Ter habilidade para se comunicar, interna e externamente.
* Identificar e criar mudanças inovadoras.
Limitações Da Equipe
Toda equipe tem talentos que agregam valor à organização, mas, do mesmo modo,
também tem limitações. As limitações dessa equipe são tais que podem:
* Não desenvolve estratégias e objetivos de longo prazo.
* Toma decisões rapidamente, sem confirmar os fatos.
* Assume coisas demais e não acompanha nem conclui as tarefas.
BIBLIOGRAFIA
BARROS FILHO, Clóvis. Ética na Comunicação - da informação ao receptor. São
Paulo, Moderna, 1995.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Editora
Nova Fronteira, 1975.
FRANÇA, Fabio. Comunicação institucional na era da qualidade total. São Paulo, 1997. Dissertação de
Mestrado, ECA-USP.
EXERCÍCIOS
1. O que é cultura real e cultura ideal? Dê exemplos.
2. Qual a diferença entre cultura, subcultura e contracultura nas organizações?
3. Quais são os elementos que definem a cultura de uma organização?
6. Identificar os pontos fortes da cultura de uma organização ou setor da organização.
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7. Como você melhoraria a cultura de alguma organização onde você convive ou
conhece?
CAPÍTULO VI
INTERAÇÃO SOCIAL / SOCIALIZAÇÃO
Conceito de interação social
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É a ação social, mutuamente orientada, de dois ou mais indivíduos em
contato.Distingue-se da mera interestimulação em virtude de envolver significados e
expectativas em relação às ações de outras pessoas.Podemos dizer que a interação social é
a relação de ações sociais. Fenômeno cuidadosamente estudado pela psicologia social,
originando um novo corpo de ciência que buscou descobrir e estudar as leis e as
modalidades dos pequenos grupos, o que inclui dinâmica própria, sua origem e fases de
desenvolvimento.
O aspecto mais importante da interação social é que ela modifica o comportamento
dos indivíduos envolvidos, como resultado do contato e da comunicação que se estabelece
entre eles. Desse modo, fica claro que o simples contato físico não é suficiente para que haja
uma interação social.
Os contatos sociais e a interação constituem, portanto, condições indispensáveis à
associação humana. Os indivíduos se socializam por meios dos contatos e da interação
social; e a interação social pode ocorrer entre uma pessoa e outra, entre uma pessoa e um
grupo e outro.
Conceito de contato social e processo social
Os indivíduos estão constantemente envolvidos em uma infinidade de processos
sociais que os levam a aproximar-se ou afastar-se de seus semelhantes, modificando
situações de distância anteriormente existentes. As relações sociais, por sua vez, não
correspondem a outra coisa senão a estas situações de maior ou menor distância entre os
sujeitos, tomadas em um dado momento do desenvolvimento de processos de associação e
dissociação. São o resultado de processos sociais em determinado instante.
A intensidade das relações é, pois, determinada pela distância existente entre as
pessoas. O conceito de distância social, em Wiese, é multifacetado, sendo inúmeros os
fatores que conduzem à aproximação e ao afastamento entre os homens - a linguagem, o
sexo, a idade, a classe social, os hábitos etc. - e diversos, também, os pontos de vista sob os
quais esta distância pode ser medida. Entre um grupo de indivíduos que obedece certas
regras de etiqueta, por exemplo, pode-se identificar a proximidade decorrente do convívio,
que é facilitado por tais regras, e, ao mesmo tempo, o distanciamento imposto pela
preservação da intimidade, também imposta pela etiqueta.
A exemplo das demais categorias da sociologia wieseniana, a noção de contato social
é de caráter formal; seu conteúdo e a finalidade com que são estabelecidos não são, em
princípio, objeto da investigação sociológica. A categoria do contato social é ampla, e
compreende contatos físicos, psíquicos e físico-psíquicos. São fenômenos de curta duração,
que não constituem processos sociais de associação e dissociação mas que podem, todavia,
desencadeá-los, dando origem a novas relações sociais. Os contatos sociais provocam,
também, modificações e até a eliminação de relações já existentes.
A principal classificação dos contatos sociais é a que os divide em primários e secundários.
Aqueles são contatos próximos, imediatos, estabelecidos através do tato, da visão frente à
frente, da fala ou até do olfato, ao passo que estes últimos são contatos que se produzem a
maiores distâncias . Os contatos secundários podem ser mantidos com o auxílio de meios de
comunicação a distância - telefone, carta, rádio etc. – ou consistir, simplesmente, no pensar
em outra pessoa, no desejar sua presença etc. Estes últimos contatos, vividos apenas
internamente, também são classificados por Wiese como contatos unilaterais.
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A categoria do contato social não está entre as mais importantes para a teoria de Wiese, que
se interessa, antes de tudo, pelos processos de associação e dissociação entre indivíduos e
grupos e pelas relações sociais decorrentes de tais processos. A noção de contato social é,
em comparação a estas outras categorias, uma noção ainda mais geral e abstrata, já que
são caracterizados como contatos sociais tanto aqueles contatos que resultam no
aparecimento de processos sociais (um encontro entre pai e filho, por exemplo) como
aqueles que desaparecem sem deixar vestígios (o contato, que pode ser meramente visual,
entre dois desconhecidos que viajam juntos no mesmo ônibus e que nunca mais voltam a se
encontrar). Embora também possa ser entendida como o resultado de infinitos contatos
sociais, não é sob esta perspectiva, mas, sim, sob a perspectiva
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