Para Sustentar o Planeta

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Publicação Interna da Rede VITA • Ano XII • 1º Trimestre 2012
Para Sustentar
o Planeta
A sustentabilidade é uma ideia simples, mas
difícil de realizar; entenda porque é tão importante
e o que está sendo feito na Rede VITA
Seja cuidadoso
ao consultar o
“Dr Google”
Mais de 4.600
crianças já
nasceram na
Maternidade VITA
Central de
Prescrição
eleva segurança
do paciente
expediente
VITA
www.redevita.com.br
Hospital VITA Batel
(41) 3883-8482;
[email protected]
Hospital VITA Curitiba
(41) 3315-1900;
[email protected]
Hospital VITA Volta Redonda
(24) 2102-0001;
[email protected]
Maternidade VITA Volta Redonda
(24) 3344-3333;
[email protected]
Grupo VITA
(11) 3030-5333;
[email protected]
Presidente:
Edson Santos
Vice-Presidente Executivo:
Francisco Balestrin
Diretor Regional Rio de Janeiro:
José Mauro Rezende
Diretor Regional Curitiba:
José Octávio Leme
Diretor de Controladoria e Finanças:
Ernesto Fonseca
Superintendente Hospital e Maternidade VITA Volta
Redonda:
Deumy Rabelo
VITAL é uma publicação interna da
Rede VITA.
Editor: Francisco Balestrin
Conselho Editorial: Ligia Piola, Josiane
Fontana e Iana Adour.
Apoio Volta Redonda: Ygor Rodrigues
Salgueiro
Fotos Volta Redonda: Fátima Fonseca
Apoio Curitiba: Rafael Martins, Carlos
Zermiani, Luis Felipe Thomé e Central
Press
Fotos Curitiba: Rafael Danielewicz e
Rafael Martins
Produção: Headline Publicações e
Assessoria (11.3951-4478).
Jornalista responsável: João Carlos de
Brito
Mtb 21.952. Direção de arte: Alex
Franco. Revisão: Ligia Piola. Tiragem:
10.000 exemplares. Impressão: Gráfica
Josemar (11.3865-6308)
Email: [email protected].
Correspondência: Av. Pedroso de Moraes
1788
São Paulo SP Cep 05420-002
capa
• Sustentabilidade: um conceito que está
transformando o mundo
Nesta edição, inauguramos uma nova e
simpática seção: “Histórias de nossa VITA”,
que vai trazer sempre uma crônica baseada
em histórias reais ocorridas com pessoas
ligadas aos hospitais da Rede VITA. Se você
conhece ou viveu alguma história divertida,
envie-nos pelo email [email protected].
br. Quem sabe sua história não vira uma
crônica?
Equipe Revista Vital
índice
opinião
04
• Educação, por Francisco Balestrin
05
qualidade
assistencial
• “Gestão de Indicadores”,
por Alexandre Raicherth
saúde
06
• Tratamento para hemorroidas com recuperação rápida
• Separação de hemocomponentes beneficia paciente
• Buscar informações no “Dr Google” requer cautela
• Saiba mais sobre o refluxo gastroesofágico
• Equipe bicampeã em trabalho sobre cirurgia bariátrica
artigo médico
09
• “O papel do Enfermeiro Hospitalar”, por Rucieli Toniolo
10
ping pong
• Paulo Câmara, da Pró-Saúde, explica porque é vantajoso para os hospitais adotarem
atitudes sustentáveis
12
túnel do tempo
17
• A estranha evolução da transfusão de sangue
18
em rede
vida digital
• Aplicativos para iPad que vão
auxiliar os médicos
19
• Novos credenciamentos na Rede VITA em Curitiba
• Hospital VITA Batel cria Central de Atenção à Prescrição
• Em Volta Redonda, Maternidade completa sete anos de atividade
• Hospital Regional do Médio Paraíba vai ampliar rede pública
21
perfil
• O talento inato de Ernesto Fonseca
para os números
histórias de nossa VITA
• A curiosa história de amor que começou com uma internação
22
opinião
Educação
A ciência e a educação são igualmente importantes,
mas a educação perdura.
Há alguns anos (aliás, muitos), tive a oportunidade de visitar junto com o Edson Santos a
unidade central da Mayo Clinic, em Rochester,
no estado americano de Minnesota. Uma
cidade aprazível, porém situada no norte dos
EUA e, consequentemente, próxima ao Canadá,
com todas as condições meteorológicas ligadas
a esta região. Os diversos prédios da cidade,
inclusive hotéis, shopping centers, cinema e até
o edifício hospitalar central, eram interligados
por passarelas de vidro que favoreciam um
deslocamento entre os edifícios sem sair à rua.
A explicação, mais do que a modernidade e o
conforto, era de que podíamos ter temperaturas
no inverno próximas a 20 graus negativos,
com muita neve e condições impossíveis de
se locomover ao ar livre. Pensei comigo: o que
faz alguém morar por aqui e, ainda, o que
atrai alguém para trabalhar aqui, e mais, o
que faz alguém vir buscar assistência médica
nesta “filial do Polo Norte”? Ao se conhecer
melhor a história desta grande Instituição, uma
das maiores referências médicas do Mundo,
constata-se que, realmente, muitas vezes o não
conhecimento histórico nos faz pagar um alto
preço à falta de percepção
Pois não é que a Clínica aí está exatamente
pela visão de futuro e responsabilidade social
de dois irmãos, Charles e William Mayo? Que
unindo a percepção empreendedora, juntamente com a vontade de servir e retornar à
sociedade parte daquilo que esta os havia
permitido usufruir, resolveram criar uma Instituição de saúde num lugar inóspito, onde até
por falta de outros atrativos, a dedicação aos
doentes seria máxima, junto com a localização da cidade como grande entroncamento
ferroviário, o que, com certeza facilitaria a
Charles H. Mayo
locomoção dos clientes. Bingo! Simples assim,
claro e evidente se não fossem as condições
há mais de 100 anos. A fixação e a atração
de pessoas, adeptos, cientistas, pacientes
deveu-se a intensa atividade de produção
educacional aí desenvolvida. A sabedoria de
educar, de desenvolver tesouros internos em
cada profissional onde certamente eles seriam
os donos desse precioso bem – o saber –
atraiu e ainda atrai multidões!
Que nós possamos também, como geradores
de bem estar, cultura, sabedoria e educação
termos uma legião de seguidores que permitam ao Grupo VITA, inclusos aí todos os que
militam ou militaram em nossos Hospitais,
seja nas áreas técnica ou administrativa, e que
no dia a dia estejam conosco ou em novos
desafios, que aquilo que aprenderam aqui
lhes seja útil para si próprios, sua família e
para a sociedade que juraram respeitar.
Tudo isto, com muito orgulho, para falar
desta nossa VITAL que chega às mãos de
seus fieis leitores. Temos coisas belíssimas e
novas desta vez. Aliás, a gente sempre busca
fazer com muita paixão este instrumento de
comunicação. Sabemos que muitas vezes ele
ocupa ou ajuda a ocupar um pouco o tempo
das pessoas que nos querem conhecer melhor
ou daquelas que precisam de um leitura que
os ajude, às vezes, numa angustiante espera.
Seria injusto se dessa vez colocássemos luzes
sobre esta ou aquela matéria. Leiam com paz
e tranquilidade, com sua visão crítica e analisando se, no final, se “educaram” com algo
que foi publicado. Daí, se gostarem, por favor,
nos digam. Ah! Se não gostarem, nos digam
também, assim a gente se educa.
Francisco Balestrin
4
Gestão de
Indicadores
Alexandre Raicherth
O espaço Qualidade Assistencial abordou, nas
últimas edições da revista VITAL, as principais e
melhores práticas que os Hospitais VITA adotam
para a manutenção e garantia da qualidade
e segurança assistencial, temas abordados por
Paulo Pontes, auditor clínico, e Vanuza Vitoreli,
coordenadora do Escritório da Qualidade, ambos do Hospital VITA Volta Redonda.
Gostaria de apresentar neste número a Gestão
de Indicadores, que está intimamente ligada
aos assuntos tratados. Em linhas gerais e
no conceito mais simplificado, indicadores
seriam o conjunto de metas e números que
medem o desempenho e resultados de uma
instituição, frente ao planejamento e melhores
práticas adotadas.
A qualidade, enquanto conceito, foi uma das
linhas de conhecimento na administração moderna que mais evoluiu nos últimos anos. Esta
evolução em grande parte foi determinada pelo
nível crescente de exigências e expectativas
que os clientes, correta e legitimamente, têm
imposto às indústrias e prestadores de serviços.
Afinal, é o cliente quem deve ser o centro das
atenções e esforços de qualquer organização.
Neste cenário de mudança constante e
evolução é que ganha importância a Gestão
de Indicadores, como um método de obter
envolvimento e comprometimento de todos
colaboradores, independentemente dos níveis
hierárquicos, em uma mesma linha de visão,
planejamento e ações, já que os resultados
vão indicar claramente como está desempenhando a organização.
Vale também ressaltar que, acompanhando a
evolução da qualidade, tratar a Gestão de Indicadores como estratégia, e não apenas como
uma boa prática, é fundamental para que as
empresas façam uma reavaliação constante
de seu próprios processos e desempenho. O
que deve ser medido se altera em função de
uma série de variáveis, tais como: tecnologia,
evolução da ciência, mercado, legislação, expectativa de clientes entre outros itens.
O sistema de indicadores dos Hospitais VITA é
desenhado de tal forma que mostra em tempo
real como estamos executando nossas práticas
clínicas e cuidados, com qual nível de qualidade e segurança, qual é o impacto e o valor para
os clientes e, por último, quais os esforços de
investimentos estamos despendendo.
O acompanhamento é constante e se dá sob
quatro perspectivas: desempenho dos colaboradores; resultado de nossos processos e
atividades; percepção e expectativa dos clientes
em relação aos nossos serviços; e os resultados de sustentabilidade. São informações que
permitem às equipes e seus gestores tomar
as decisões necessárias e oportunas para
melhoria contínua dos cuidados na assistência.
São vários os exemplos de indicadores, que
vão desde os tempos necessários para definição de um diagnóstico da forma mais rápida
e precisa, passando pela medição da atuação
das equipes multidisciplinares, até o nível de
adesão às praticas assistenciais internacionais
como os Bundles (pacotes) de segurança e
Protocolos Assistenciais, assuntos detalhados
em edições anteriores. O mais importante:
todos estes indicadores traduzem claramente
os resultados assistenciais e de qualidade
que estamos entregando aos nossos clientes.
No momento em que desejamos “Ser reconhecidos internacionalmente por utilizar as
melhores práticas e, através da melhoria
contínua, alcançar a excelência na qualidade
dos serviços prestados a todos os clientes”,
nosso sistema de indicadores mostra de forma
objetiva o quanto nós nos aproximamos e o
que temos que corrigir para mantermos a
nossa Missão como Instituição...
Alexandre Raicherth é Coordenador da Qualidade
dos Hospitais VITA Curitiba e VITA Batel
5
saúde
Nova técnica trata origem arterial de hemorroidas
O Hospital VITA Batel oferece um novo procedimento
para tratamento de hemorroidas que dispensa incisões
Uma nova técnica deve revolucionar o tratamento de hemorroidas: trata-se da THD, ou Desarterialização Hemorroidária Transanal guiada por
Doppler, um procedimento que ataca a origem
do problema, o fluxo arterial aumentado. A
pioneira em THD no Paraná é a médica coloproctologista Sonia Time, do Hospital VITA Batel.
mais rápida do paciente: em média, a pessoa
volta a suas atividades normais em quatro
dias. Sonia explica que a THD não é indicada
para todos os casos: “é preciso fazer uma avaliação de cada paciente, mas de modo geral a
THD pode ser usada para tratar hemorroidas
internas ou externas pequenas”.
Até hoje o único tratamento disponível para
hemorroidas era uma cirurgia que atua sobre
as veias. O procedimento dá bons resultados,
mas a recuperação costuma ser demorada e
incômoda. Já a THD atua sobre o fluxo sanguíneo nas artérias que dão origem ao problema.
Mitos e tratamento
A hemorroida é uma doença venosa caracterizada pela dilatação das veias da região do
ânus, com possível inflamação, hemorragia ou
trombose, e seu aparecimento em geral é devido a um fator hereditário. Ter uma alimentação
rica em fibras e beber água regularmente pode
diminuir as chances de ter o problema, mas
estamos todos sujeitos a sofrer de hemorroidas.
A THD utiliza um exame do tipo Doppler para
localizar o fluxo arterial que está originando a
hemorroida. Uma vez identificadas as artérias,
o fluxo sanguíneo nelas é reduzido com uma
ligadura, feita com um aparelho que dispensa
incisões. Isso permite uma recuperação muito
e que não evolui para câncer. “Fala-se muito
da pimenta”, diz Sonia, “que pode provocar
incômodo durante uma crise, mas não causa
hemorroidas”.
Embora nem todos precisem operar, não existe
cura apenas com medicamentos:
o tratamento é sempre cirúrgico. “Cada caso é um caso”,
explica Sonia. “Há pessoas
que podem conviver com o
problema se não lhes causa muito incômodo”. Mas
se as crises ficam mais
frequentes e atrapalham
a vida do paciente, é indicado fazer uma cirurgia,
convencional ou THD.
Segundo Sonia, existem muitos mitos sobre
hemorroidas, suas causas e tratamento. Ela
ressalta que não se trata de uma doença grave
O sangue e seus componentes
O Hospital VITA
Volta Redonda
oferece aférese,
procedimento
para separar
hemocomponentes
no paciente
Luiz Gonzaga Lula de Oliveira Lima, o doutor Lula
A medicina considera o sangue um tecido como
a pele e os músculos, porque é composto por
diversos tipos de células, como hemácias, plaquetas e glóbulos brancos. Algumas pessoas
sofrem de doenças que afetam somente um
tipo de célula; por exemplo, glóbulos brancos.
Outras precisam receber apenas um componente; por exemplo, plaquetas, responsáveis pela
6
coagulação. A separação
dos diferentes componentes
do sangue em uma pessoa,
seja para tratamento, seja
para doação, é conhecida
como aférese.
Faça da doação
um hábito
Ainda são raras as pessoas
que no Brasil se dispõem a fazer
doação voluntária de sangue, o que
resulta em uma falta constante do
material nos hospitais. Se apenas
3% da população tivesse o hábito de
doar uma vez por ano, isso já seria
suficiente para manter os bancos de
sangue abastecidos.
Para doar basta ter entre 16 e 67
anos, pesar mais de 50 kg e não
estar doente. A doação é precedida
de uma entrevista, e depois o doador
ganha um belo lanche. Os telefones
do Banco de Sangue do Hospital VITA
Volta Redonda são (24)3344-3298 e
(24)3344-3297.
Luiz Gonzaga Lula de Oliveira Lima, o doutor Lula, está há aproximadamente
15 anos no Hospital VITA Volta Redonda, onde
atua como responsável técnico pelo Serviço
de Hemoterapia e Aférese. Ele explica que a
aférese terapêutica consiste na retirada de al-
gum componente anômalo
prejudicial do sangue. Existe
também a aférese nãoterapêutica, que é a doação
de apenas um componente do sangue, geralmente
plaquetas. “A vantagem de
se fazer aférese é elevar a
segurança para o receptor,
que vai receber plaquetas
de um doador apenas, em
vez de vários”, explica Lula.
No Hospital VITA Volta Redonda ocorre diariamente
o processamento dos três
hemocomponentes: concentrado de hemácias, concentrado de plaquetas e plasma fresco. O serviço
de Hemoterapia e Aférese oferece todo tipo de
procedimento, inclusive coleta, triagem clínica e
sorológica, pesquisa de anticorpos irregulares,
fenotipagem e outros.
Dr Google, use com moderação
A Internet está repleta de informações sobre saúde, mas não é fácil
distinguir o que é confiável e o que se adequa ao caso de cada pessoa
Uma pesquisa realizada em 2011 pela
British United Provident Association com 12
mil pessoas em 12 países (Austrália, Inglaterra, China, França, Alemanha, Índia, Itália,
Rússia, Espanha, Brasil, México e Estados
Unidos) indica que 81% das pessoas que
acessam a Internet buscam informações
sobre saúde, remédios e médicos na rede.
O Brasil estava em quarto lugar entre os
que mais pesquisavam.
Isso é natural, e os médicos até incentivam; é
uma forma de ajudar o paciente a entender
sua doença e o tratamento proposto. “Eu indico páginas da Internet para que o paciente
compreenda o que está acontecendo com ele,
e porque estou recomendando determinado
tratamento”, diz Jackson Baduy, diretor clínico
do Hospital VITA Curitiba.
Como o Google funciona
A Internet é formada por uma imensa rede
de computadores que hospedam informações,
as quais foram colocadas neles por diversas
pessoas, empresas e instituições. Não existe
uma “lista telefônica” da Internet, e seria
impossível encontrar essas informações se não
fossem os mecanismos de pesquisa, e é aí que
entra o Google.
O Google é uma empresa que desenvolveu
um poderoso sistema de pesquisa: são computadores que ficam acessando dia e noite a
Internet e catalogando as páginas publicadas.
Quando alguém acessa a página do Google
e digita uma palavra, por exemplo, “aspirina”,
o sistema do Google devolve uma lista de
páginas publicadas na Internet que contêm
esse termo. Essas páginas são classificadas de
acordo com critérios do próprio Google, inclusive comerciais: é possível pagar para estar entre
os primeiros resultados de uma pesquisa.
Ou seja, não existem especialistas humanos
examinando a lista que é entregue ao internauta e selecionando apenas os resultados
confiáveis. Vem tudo junto: pesquisas científicas, notícias, anúncios, lendas, piadas, sites de
empresas confiáveis e sites mentirosos. Cabe
ao leitor a tarefa de escolher em quais informações acreditar, o que nem sempre é fácil. É
importante ressaltar que essas informações
não foram publicadas pelo Google, que apenas
as cataloga, mas não se responsabiliza pela
confiabilidade do conteúdo.
Mas a Internet pode ser má conselheira. Pessoas
mais ansiosas podem ir além da simples pesquisa e cair na tentação de não só informar-se,
mas também diagnosticar-se e até escolher
um tratamento, com base nas informações que
coletou.. “O paciente pode formar um conceito da
doença completamente diferente da realidade”,
diz Luiz Fernando Kubrusly, diretor clínico do
Hospital VITA Batel. “Tive um paciente que ficou
tão transtornado com as informações que obteve
na Internet que chegou a cancelar uma cirurgia,
dois dias antes da data, porque estava com
medo de morrer na operação”. Para Kubrusly,
a maior parte das pessoas não sabe como a
Internet funciona e tende a acreditar em tudo
que acessa, simplesmente porque está na tela
do computador.
Luiz Fernando Kubrusly
Não é recomendável confiar em tudo que o “dr
Google” indica. A Internet é um ambiente aberto
e qualquer um pode publicar qualquer coisa. “O
problema é a quantidade de informações, que
não vêm filtradas”, afirma Rônel Mascarenhas,
diretor clínico do Hospital VITA Volta Redonda.
“Algumas são muito boas, e algumas são muito
ruins, e até perigosas”, acrescenta.
Uma pesquisa no Google não pode substituir
a experiência que um médico adquiriu após
anos de estudo, de orientação por professores
e colegas, e de experiência prática diária. Estar
informado é uma coisa, achar que sabe tanto
quanto o médico é outra e pode levar a um
estremecimento na confiança entre médico
e paciente. “Mesmo depois de formados, os
médicos não param de estudar, de ir a congressos, de se atualizar”, diz Baduy, “e a própria
Internet é uma importante via de acesso para
pesquisas e acesso a bibliografia”.
“É importante ressaltar que, ao fazer uma pesquisa no Google, você não está consultando
um médico eletrônico, está simplesmente
acessando um mecanismo de busca”, diz
Mascarenhas. Seu médico pode ser parceiro
na busca de informações confiáveis sobre o
seu tratamento. Pergunte para ele quais sites
ele recomenda, faça dele seu orientador na
busca por mais informações na Internet.
Jackson Baduy
Rônel Mascarenhas
7
saúde
As muitas faces do refluxo
O sintoma mais comum é a queimação, mas o
refluxo pode ter outros efeitos
O paciente entra no consultório e, sério, afirma para o médico: “Doutor, preciso operar da
hérnia”. Surpreso, o médico questiona qual o
motivo de uma decisão tão drástica, ao que o
paciente responde: “Tenho refluxo”.
É uma cena inventada, mas o médico Gassan
Traya, cirurgião do aparelho digestivo e gastroenterologista dos Hospitais VITA Curitiba e
VITA Batel, já viu algumas parecidas no seu
consultório, com ele no papel do médico surpreso. “As pessoas se informam pela internet
e descobrem que o refluxo muitas vezes é
provocado pela hérnia hiatal, e concluem que
é preciso operar”, explica. “Mas a cirurgia é
apenas uma das possibilidades de tratamento, e na maioria dos casos há alternativas a
serem experimentadas antes”.
Segundo Traya, com o aumento de peso da
população, a incidência de refluxo gastroe-
sofágico aumentou no mundo todo. Trata-se
da subida do ácido clorídrico produzido no
estômago para o esôfago, tubo que liga
a boca ao estômago, e que não tem uma
mucosa própria para resistir à acidez, por
isso a sensação de queimação. O refluxo
pode gerar vários outros sintomas, além
desse: “Alguns pacientes procuram primeiro
o cardiologista, porque sentem dor no peito,
e outros, o otorrinolaringologista, porque têm
uma tosse que não passa, mas a origem era
o refluxo”, conta Traya.
e café também favorecem o aparecimento do
problema”, explica.
Segundo ele, a maioria dos pacientes com
refluxo está acima do peso, mas pode ocorrer
a qualquer pessoa, inclusive a quem faz muitos
exercícios abdominais, que podem provocar um
deslocamento do esôfago. “Existem hábitos que
aumentam a propensão ao refluxo; por exemplo, dormir logo depois das refeições, ou tomar
muito líquido nas refeições, consumo de álcool
Medidas preventivas, ou para reduzir um refluxo
leve, são: elevar a cabeceira da cama (não basta
colocar travesseiros extras); evitar consumo de
álcool, cigarro, alimentos gordurosos, chocolate,
café, etc.; perder peso; não usar roupas muito
apertadas. O recomendável é fazer uma consulta
com um gastroenterologista, que poderá avaliar
o problema e sugerir um tratamento.
Gassan Traya
Equipe de cirurgia bariátrica do Hospital
VITA Batel é bicampeã em Congresso
A equipe do cirurgião José Alcides Branco
Filho também realizou a transmissão de uma
videolaparoscopia para um evento nos EUA
Pelo segundo ano consecutivo, a equipe
liderada pelo cirurgião José Alcides Branco
Filho apresentou o melhor trabalho sobre
videolaparoscopia no Congresso Brasileiro de
Cirurgia Bariátrica, realizado em novembro
do ano passado na cidade de Gramado (RS).
A equipe havia recebido a mesma distinção
também na edição anterior do evento, ocorrido
em novembro de 2010 em Bonito (MS). O
Congresso é realizado pela Sociedade Brasileira
de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).
A equipe de Branco Filho faz cirurgias bariátricas (redução do estômago) por videolaparoscopia, minimamente invasivas, no Hospital
VITA Batel, o qual é membro do Programa
Internacional de Excelência em Cirurgia
8
Bariátrica da entidade Surgical Review
Corporation (SRC).
o congresso Best em
Portugal. Mas segundo Branco, os EUA
exigem uma licença
especial para se fazer
cirurgia em território
americano, de modo
que a solução foi
realizá-la no Brasil
e transmitir, ao vivo,
para os EUA.
Outro destaque da
atuação da equipe
de Branco Filho foi a
Alcides Branco Filho faz apresentação no Congresso
Brasileiro de Cirurgia Bariátrica, em Gramado (RS)
transmissão de uma
cirurgia para o conO procedimento realizado foi uma re-operação
gresso internacional Best (Bariatric Endoscode cirurgia bariátrica, um caso de fístula, uma
pic Surgical Trend), um dos mais importantes
comunicação inesperada no tubo digestivo
da especialidade, que aconteceu dias 3 e 4
por onde passa o alimento. “É um caso raro
de novembro no Mount Sinai Hospital, em
e por isso foi selecionado e coincidiu com o
Nova York.
congresso”, diz Branco. Segundo ele, pode ter
sido a primeira transmissão de uma cirurgia
Em 2010, essa mesma equipe de cirurgia
do Brasil para os EUA.
bariátrica realizou um procedimento durante
artigo médico-hospitalar
O papel
do Enfermeiro
Hospitalar, uma
nobre missão
Rucieli Toniolo
No Brasil, temos atualmente um sistema de Enfermagem que comporta três níveis profissionais
com funções muito específicas no atendimento
ao paciente: o Enfermeiro (nível superior), o Técnico de Enfermagem (nível médio) e o Auxiliar
de Enfermagem (nível fundamental).
A Enfermagem historicamente tem se destacado como a “ciência do cuidar”, tendo
como principal objetivo restaurar a saúde do
paciente e realizar assistência integral quando
a doença não responde ao tratamento curativo. É uma das poucas profissões na área da
Saúde que mescla o humano com o científico,
cuidando do paciente quando enfermo, na
prevenção de doenças e na produção de
pesquisas preventivas. Seu foco de atuação no
ambiente hospitalar é garantir a melhora da
qualidade de vida, tanto para o paciente, como
para seus familiares, que têm a Enfermagem
como elemento de referência, uma vez que é
sempre a ela que recorrem.
No segmento hospitalar, a Enfermagem representa mais de um terço dos profissionais
que atuam nestes estabelecimentos; segundo
o Ministério da Saúde, o total abrange mais
de 650 mil profissionais da área em todo o
País. Não existe dúvida sobre a importância,
necessidade e valor das ações assistenciais
desenvolvidas por esses profissionais nas
instituições de Saúde.
Pode-se imaginar, hoje, uma organização
hospitalar saudável sem a presença marcante
da equipe de Enfermagem?
Dentre os vários papéis exercidos pela equipe
de Enfermagem, o profissional Enfermeiro é responsável por coordenar, planejar e supervisionar
a assistência prestada pela equipe, por meio da
Sistematização da Assistência de Enfermagem
(SAE), método que proporciona melhoria significativa da qualidade da assistência prestada ao
paciente através do planejamento individualizado das ações de Enfermagem, proporcionando
visibilidade à profissão. É preparado para atuar
nas áreas assistencial, administrativa, gerencial
e, opcionalmente, educacional (exercendo a
função de professor e mestre).
Desta forma, compete ao Enfermeiro monitorar
a evolução do paciente, para certificar-se de
que seus cuidados foram efetivos, cabendolhe a responsabilidade final pela qualidade
dos cuidados prestados aos pacientes durante
a internação e na preparação para alta. Cabe
ao Enfermeiro realizar Educação em Saúde,
por meio de orientação do paciente e/ou familiar, com o intuito de estabelecer segurança
para garantir a continuidade dos cuidados no
ambiente domiciliar.
É, também, responsabilidade do profissional
Enfermeiro trabalhar de forma integrada
com a equipe multidisciplinar, o que permite
atender de forma mais abrangente as necessidades do paciente; nesse caso, o Enfermeiro
tem o papel de facilitador da relação do cliente
com os outros profissionais da equipe.
Garantido pelo Ministério da Saúde, o Enfermeiro está habilitado a conduzir todo e
qualquer parto normal, desde que não haja
doença associada à gravidez, como hipertensão, diabetes ou cardiopatias. Pode examinar
a gestante, verificando contrações, dilatações
ou encaminhando-a aos cuidados médicos
se houver qualquer alteração patológica. No
período pós-parto, realiza cuidados necessários à mãe, orientando-a no auto-cuidado e
no cuidado com o recém-nascido.
No acompanhamento geriátrico, o Enfermeiro
enfrenta desafios devido à diversidade da
saúde física, cognitiva e psicossocial dos
pacientes, pois o envelhecimento é um processo complexo.
Na reabilitação de pessoas, os cuidados do
Enfermeiro têm o intuito de restaurar o seu
desempenho individual normal ou adaptá-los
às novas situações de saúde, nunca descuidando do aspecto psicológico.
Além da ação de cuidar, mais uma atividade
do Enfermeiro é a de administrar, cuja função
é organizar, controlar e favorecer as práticas
de cuidar, seja na elaboração de processos, na
auditoria e manutenção da qualidade.
Neste cenário, a Enfermagem é fundamental
na área da Saúde, valorizada por seu conhecimento científico e especializado e suas
habilidades no cuidado, que contribuem para
melhorar o padrão de saúde da população,
garantindo uma assistência segura, efetiva e
de qualidade.
Rucieli Toniolo é gerente de Enfermagem do
Hospital VITA Curitiba
ping pong
As vantagens de ser sustentável
Paulo Câmara
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ent
el implem
impossív
“
”
Para Paulo Câmara, sustentabilidade não é apenas uma questão ética, é uma questão de sobrevivência
para um hospital. Segundo ele, que é superintendente da Pró-Saúde (associação beneficente que
administra mais de 20 hospitais em todo o País), só seguindo os princípios da sustentabilidade e
tendo uma gestão profissionalizada e eficiente uma entidade tem condição de manter-se competitiva.
Câmara é também presidente da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares, e vicepresidente da Federação Latino Americana de Administradores de Saúde. Ele recebeu a reportagem da
revista VITAL para conversar sobre Sustentabilidade, um assunto que toma boa parte da sua agenda.
VITAL - A sustentabilidade é um tema importante para os hospitais hoje?
Paulo Câmara - Sem dúvida. A Federação
Brasileira de Administradores Hospitalares tem
concentrado seu foco em dois temas: a sustentabilidade na área da Saúde e as parcerias
público-privadas, que temos abordado no nosso congresso, alternadamente, há alguns anos.
VITAL - E certamente é importante para os
hospitais geridos pela Pró-Saúde, também.
Câmara - Sim, do ponto de vista do meio
ambiente, nossa sede, em São Paulo, é como
um laboratório de testes: reciclamos todo o
lixo, fazemos treinamento com os colaboradores, trocamos todas as torneiras para evitar
o desperdício de água, abolimos o uso de
copos descartáveis internamente, e os resíduos
recicláveis são encaminhados para uma instituição, o que gera receita para a comunidade.
Estamos trocando nossas lâmpadas fluores-
10
centes por lâmpadas de LED, o que vai nos
proporcionar uma economia de quase 70%
na energia gasta com iluminação, além de
evitar os resíduos tóxicos das fluorescentes.
Quando as experiências que a gente faz na
sede dão bons resultados, nós as levamos
para as unidades hospitalares. São mais de 20
hospitais no País todo e aproximadamente 15
mil colaboradores. Ter ações sustentáveis na
sede nos ajuda a passar a imagem de sustentabilidade e economia para os colaboradores
e o mercado. É uma cultura que a Pró-Saúde
tenta espalhar por toda a sua rede e temos
que ser exemplo. Em Cubatão, que era uma
das cidades mais poluídas do planeta, temos
um projeto muito forte, apoiado pela prefeitura,
de sustentabilidade no nosso hospital.
A sustentabilidade também passa pela viabilidade financeira: antes de mais nada, a
empresa tem que ser viável. Os projetos sociais
são o terceiro pilar da sustentabilidade, e temos vários: mais de mil crianças em creches
patrocinadas pela Pró-Saúde, temos casas de
idosos, treinamento de jovens para afastá-los
das drogas e do álcool, estamos implementando casas de tratamento em São Paulo
para dependentes de droga e álcool. Quanto
à saúde do trabalhador, além da assistência
médica, também criamos um projeto chamado
"Alimentação Saudável", que funciona assim:
toda semana cada colaborador recebe uma
fruta, de preferência de cultivo orgânico, para
estimular uma alimentação melhor, mais rica
em vegetais; também trazemos palestrantes e
incentivamos o esporte.
VITAL - Ter uma gestão profissionalizada
contribui para a sustentabilidade?
Câmara - É fundamental. Ter uma gestão
profissionalizada é essencial, porque sem ela
você não implementa projeto nenhum. Tem
que ter organização, política de ação, definição de metas e financiamento. Sem gestão é
impossível implementar sustentabilidade; mas,
infelizmente, do meu ponto de vista, ainda há
uma grande falta de profissionalização da
gestão na área de Saúde, como também em
outros setores. Para minha tese de mestrado,
realizei uma pesquisa junto a 2 mil entidades
filantrópicas hospitalares, e constatamos que
na maioria delas o executivo principal não é
administrador, e em 7,4% delas o executivo
principal não tem formação nenhuma. Estamos empenhados na Federação (Federação
Brasileira de Administradores Hospitalares)
para melhorar esse quadro.
e o custo ficou muito alto. Essa informação
nos chegou como um custo muito elevado
por refeição, e fomos investigar a causa. As
informações são fundamentais, você precisa
ter parâmetros para tudo.
VITAL - Como ser competitivo e viável financeiramente em um mercado em que nem todos
adotam a mesma atitude?
VITAL - Quais outros benefícios as ações
sustentáveis trazem?
Câmara - Quando você fala em sustentabilidade do meio ambiente, você está falando
em economizar. Não desperdiçar, poupar,
otimizar. Quando de fato se implementa e
controla esses projetos, percebe-se que, não
a curto prazo, mas a médio e longo existe um
retorno financeiro. A troca de uma torneira é
um investimento alto, mas já sabemos em
quanto tempo essa torneira vai se pagar.
Isso só é possível quando se tem informações, quando se medem os gastos. É muito
importante ter os indicadores, saber quanto
você consome de papel, de água, de energia, quanto lixo você produz. Por exemplo,
quando fizermos o projeto de troca das
lâmpadas fluorescentes por lâmpadas de
led, nós chamamos um engenheiro e fizemos o teste em algumas salas para medir a
economia de energia. Então nós percebemos
que o investimento, além de trazer benefícios
ecológicos para o País, também iria dar retorno financeiro. Não vamos ter prejuízo com
essa medida; a longo prazo nós vamos ser
reembolsados pelo investimento. Um caso
curioso foi o do tomate...
VITAL - Tomate? Vocês têm um indicador para
consumo de tomates?
Câmara - Aconteceu em um hospital no
Maranhão. Quando analisamos os dados do
mês desse hospital, vimos que o orçamento
de nutrição havia estourado. Fomos analisar o
que aconteceu e descobrimos que o culpado
era o tomate. A nutricionista esqueceu de
que não era época de tomate, e ela manteve
o produto no cardápio. Ela não teve a sensibilidade de mudar para vegetais da safra
Um hospital que não tiver informações e
parâmetros sobre sua atividade está liquidado, ou estará em breve. Sem controle de
medicamentos, de consumo de produtos, de
energia, de água, os custos ficam elevados e
esse hospital não tem condições de sobreviver.
Câmara - Estar comprometido com a sustentabilidade é muito positivo para a imagem
da instituição, em outras palavras, marketing.
Quando realizamos essas ações, temos um
marketing que não custa nada, que atua
por si só. E não apenas isso: passamos a
ser modelo para outras instituições, somos
convidados a falar sobre as nossas experiências, nossos diretores foram à Inglaterra,
eu inclusive, e a instituição não teve de arcar
com o custo, pois o Reino Unido tinha interesse em conhecer nosso trabalho. Isso vai
agregando valor à marca. Isso é fundamental
em qualquer setor, seja saúde, finanças,
comércio, etc. Além disso, a gente percebe
que, graças a essas iniciativas sustentáveis,
a comunidade nos aceita melhor.
Mesmo sendo uma entidade filantrópica e
nacional, quando íamos a uma cidade o que
se dizia era mais ou menos "os paulistas
chegaram pra invadir nossa praia". Graças
às nossas ações e ao trabalho integrado
com a comunidade, o relacionamento com
as populações locais fica muito mais fácil. Por
exemplo, se acontece uma enchente no Pará,
os nossos colaboradores estão ali, apoiando a
comunidade, trabalhando e ajudando no que
for preciso. Temos sete hospitais no Pará, todos
fora da capital. Em 1999 assumimos a gestão
do Hospital de Trombetas, em Oriximiná (PA), e
começamos a monitorar os casos de malária
da região, e eram mais de 2 mil casos por ano;
atualmente são 27 por ano. Isso nos valeu
um prêmio na Austrália sobre prevenção de
malária. O atendimento à população ribeirinha
é feita por barco.
Na Amazônia fazemos tratamento de água,
de esgoto, vacinação, combate ao mosquito,
campanha contra a malária; no interior de São
Paulo temos centro de atividades para idosos,
centro de educação infantil; e muitas outras
ações nos Estados em que estamos presentes:
Maranhão, Rio Grande do Norte, Tocantins,
Minas Gerais e outros. Em muitas iniciativas,
nosso porta-voz é o Prozinho.
VITAL - O que é o Prozinho?
Câmara - É o mascote da Pró-Saúde que
usamos nas campanhas de sustentabilidade.
Em vez de colocar alguém da diretoria falando, nós colocamos o Prozinho. Temos filmes
educativos para crianças em que ele é o
personagem, por exemplo, ensinando hábitos
alimentares, escovar os dentes. Também temos
um Manual de Práticas em Saúde Ambiental,
que é distribuído para todos os colaboradores,
com algumas orientações para seguir dentro
da instituição, mas também levar para sua
residência e sua comunidade.
VITAL - Como criar um compromisso da instituição com a sustentabilidade?
Câmara - Sustentabilidade não pode ser uma
coisa jogada na instituição. Na Pró-Saúde,
ela faz parte da missão ("Promover soluções
na área de Saúde e de Assistência Social,
orientando-se pelas necessidades dos clientes e qualidade de vida do ser humano") e
dos valores da instituição (Profissionalismo,
Qualidade, Responsabilidade Social, Trabalho
em Equipe, Ética).
VITAL - Quando um hospital planeja começar
a trabalhar a sustentabilidade, por onde você
acha que ele deve começar?
Câmara - Em primeiro lugar, pela conscientização dos colaboradores. Se não fizer
isso, iniciativa nenhuma vai dar certo. A
sustentabilidade está nas ações e no comportamento das pessoas. É difícil, mas com
muita conversa, treinamento, uma política
definida e a participação dos colaboradores
nessa política é possível. Mas a diretoria tem
que querer e acreditar, senão também não
vai funcionar. Felizmente, hoje está muito
mais fácil passar essa mensagem de sustentabilidade do que antigamente. A população
brasileira, de uma maneira geral, está se
conscientizando do problema climático e
pensando que se não cuidarmos do planeta
teremos problemas em breve.
11
Os pilares da
Preservação do meio
ambiente, justiça social e
viabilidade dos negócios:
esse é o tripé que
torna uma empresa ou
instituição sustentável;
entenda o conceito de
sustentabilidade e conheça
as iniciativas da Rede VITA
nesse setor.
“A civilização, no verdadeiro
sentido da palavra, não
consiste em multiplicar
nossas necessidades, mas em
reduzi-las voluntariamente,
deliberadamente.”
Mahatma Gandhi
12
capa
Sustentabilidade
“Essa situação é insustentável!” Quem ouve essa frase já fica alerta para
os perigos à frente. O conceito de sustentabilidade deriva exatamente
dessa ideia: estamos em um momento da história em que os recursos
naturais, o equilíbrio social e a economia enfrentam desafios inéditos,
e se não tomarmos medidas em breve, as futuras gerações herdarão
sérios problemas. A reunião de líderes internacionais que acontece este
ano no Brasil, a Rio+20 (leia box), tenta alcançar um acordo mundial
para que os países, a economia e as pessoas mudem os comportamentos que estão colocando a sobrevivência da humanidade em
risco. O tema principal da conferência é “desenvolvimento sustentável”.
Para que uma instituição (ou um país, ou uma empresa, ou mesmo
uma pessoa) possa considerar-se “sustentável”, precisa levar em
consideração três aspectos de sua existência no mundo: a ecologia,
a viabilidade e a responsabilidade social. Para não complicar muito,
podemos dizer que a ecologia é a preocupação com o ambiente, a
viabilidade é a preocupação com os negócios, e a responsabilidade
social, com a comunidade. Trata-se de uma tendência irreversível.
As empresas estão sendo cada vez mais pressionadas, pela opinião
pública, pelo governo e pelo próprio mercado, a adotarem cada vez
mais atitudes sustentáveis.
Cada resíduo, um destino
A face mais visível da sustentabilidade é, sem dúvida, a ecologia. Todos
os hospitais da Rede VITA fazem segregação entre resíduo comum, reciclável e infectante, e aprimoram constantemente o processo. “Quando
eu faço o descarte correto de cada resíduo para o local correto, e depois
dou o destino correto para eles, nós não só poupamos o meio ambiente
como também reduzimos o risco para a comunidade”, diz Vanuza Vitoreli,
coordenadora do Escritório da Qualidade do Hospital VITA Volta Redonda.
Vanuza considera que notícias sobre descarte inadequado de resíduos
criaram certa apreensão na população quanto a resíduos hospitalares,
mas muitas vezes infundada. “Nem tudo que sai do hospital é resíduo
hospitalar”, explica Vanuza. “Os resíduos comuns e recicláveis que um
hospital produz são como quaisquer outros e não oferecem perigo, até
mesmo um frasco de soro, dependendo do uso, pode perfeitamente
ser descartado como resíduo reciclável”. O descarte correto tem como
primeiro objetivo a segurança, mas considera também o aspecto
financeiro, porque o descarte de material contaminante e perfurocortante envolve custos elevados (leia box). Resíduos comuns podem ser
recolhidos pela prefeitura, infectantes devem ser recolhidos e tratados
por empresas especializadas. Bateria e lâmpadas fluorescentes têm
destinação específica devido ao potencial contaminante. O Hospital
também implantou um importante programa para economia de energia,
conhecido como “VITA Consciente”.
13
mudança nas normas ambientais do Estado.
Os efluentes são tratados por oxidação química,
por ultravioleta e por processos físicos, para evitar
qualquer risco de contaminação. Outra medida
para reduzir o impacto ambiental foi a instalação
de arejadores em todas as torneiras, o que reduz
o consumo de água em até 70%.
Reciclagem máxima
Rafael Marting
O Hospital VITA Volta Redonda está perto de
concluir um grande processo de reforma na
estação de tratamento do esgoto que lança na
rede pública. “São quatro sistemas, dimensionados para as necessidades do Hospital e com
diferentes tipos de tratamento conforme o tipo
de efluente gerado por diferente setores”, explica
José Paulo Coimbra Lages, chefe do Setor de Manutenção do Hospital. Segundo ele, o sistema de
tratamento funciona há muitos anos, a reforma
atual está sendo realizada para atender uma
No último ano, o Hospital VITA Curitiba
conseguiu aumentar em duas toneladas por
mês a quantidade de resíduos enviados para
reciclagem. Segundo Rosana Cruz, chefe de
Hotelaria, isso foi possível com a troca da
empresa de reciclagem, por uma capacitada a
reciclar mais tipos de resíduos que o fornecedor anterior, de modo que uma parte do que
era tratado como resíduo comum passou a
ser visto como reciclável. “A Recisul tem uma
usina de reciclagem e é capaz de reciclar
praticamente tudo”, diz Rosana.
“A partir do segundo semestre de 2012, pretendemos também fazer campanhas com pacientes
e visitantes, para que eles também entendam
e pratiquem a segregação de resíduos, e levem
esse hábito para suas casas”, diz Rosana. Outra
iniciativa no Hospital VITA Curitiba é o Projeto
Consumo Consciente, para redução de consumo de energia, copos recicláveis e papel de
impressão. “Vamos recomendar que as pessoas
usem as folhas de sulfite como rascunho, que
imprimam os dois lados do papel e que só
imprimam o necessário”, diz Rosana.
No Hospital VITA Batel está sendo preparada
a campanha “Meu Setor, Minha Casa”, que vai
abranger todos os setores, inclusive médicos,
enfermagem e demais colaboradores. “Nós
vamos ter painéis de acompanhamento com
os resultados de cada setor, em termos de
consumo consciente e separação de resíduos”,
Francisco Naruke
14
José Roberto Pimenta
explica Luciana Zanetti, chefe de Hotelaria.
Segundo ela, o objetivo é elevar a conscientização de todos para reduzir o consumo de
material de expediente (papel de impressão,
toners, etc.), aumentar a segregação de lixo,
economizar energia, e fazer uso consciente
dos serviços de rouparia, entre outras questões. O Hospital VITA Batel, além de separar
lixo comum de lixo reciclável, ainda segrega
os recicláveis entre plástico, papel e papelão.
Energia renovável
A maior inovação do Hospital VITA Curitiba
em termos de sustentabilidade foi a troca do
combustível de seu gerador de energia elétrica para emergências. Antes movido a diesel,
agora funciona com pellets, bolinhas feitas
com restos de madeira. “Em 2010 o Hospital
consumiu 66.500 litros de diesel”, conta José
Roberto Pimenta, chefe de manutenção e
segurança do trabalho do Hospital, “e esse
consumo caiu para 10.000 litros em 2011 com
o uso de pellets”. Segundo Pimenta, além de
ser um combustível muito mais ecológico que
o diesel, o uso de pellets também representou
uma economia de 50% em termos de custo:
ou seja, melhorou a viabilidade financeira
do Hospital. “Nossos fornecedores são certificados”, acrescenta, “e isso quer dizer que
os pellets são feito com resíduos de madeira,
temos certeza de que esse material não é feito
a partir de desmatamento”.
Para contribuir com a redução do consumo,
foram instalados sensores de presença nos
setores de expurgo de resíduos hospitalares e no
depósito de material de limpeza: “essa medida
também contribui na prevenção de contaminações, porque evita que os colaboradores tenham
de acionar interruptores”, diz Pimenta. O Hospital
VITA Curitiba também instalou torneiras com
acionamento por pedal nas áreas em que são
José Octávio
Leme
capa
feitos procedimentos médicos, e foram iniciados
três projetos para redução de consumo de copos,
de papel de impressão e de papel toalha.
A sociedade tem que pedir
Socialmente responsáveis
As ações de responsabilidade social dos Hospitais VITA Curitiba e VITA Batel estão sob a
responsabilidade do setor de marketing que
atende ambos. “Temos várias ações sociais,
algumas que são compartilhadas entre os dois
Hospitais, outras que são exclusivas de cada um”,
explica Rafael Martins, analista de marketing.
Por exemplo, cada convidado para o Camarote
VITA (espaço para assistir confortavelmente as
apresentações do coro infantil de Natal do HSBC,
no centro de Curitiba) contribuiu este ano com
CDs ou DVDs infantis que foram doados para
o instituto Pequeno Cotolengo, que atende
crianças carentes.
Os Hospitais patrocinam a Universidade Livre
para Eficiência Humana (Unilehu), entidade
que atua na empregabilidade de portadores
de deficiência, e mantêm portadores de deficiência em seus quadros. Também participam
anualmente do Feijão da Fundação, promovido pela Fundação Francisco Bertoncello,
que mantém o Lar André Valério Correa, que
atende crianças órfãs ou em situação de risco,
encaminhadas por órgãos competentes sob
a tutela da Vara de Infância e Juventude. Os
pacientes também estão sendo convidados a
participar das ações sociais dos Hospitais VITA
Batel e VITA Curitiba através do preenchimento
das pesquisas de satisfação. “A cada pesquisa
preenchida, nós iremos doar uma quantia
para o lar André Valério Correa”, explica
Martins. Além disso, são realizadas regularmente em Curitiba campanhas preventivas,
de hipertensão, diabetes e outras doenças,
Ewaldo Russo
Ewaldo Russo, sócio-conselheiro dos
Laboratórios Fleury, empresário e médico
endocrinologista, vem se dedicando ao tema
da Sustentabilidade há alguns anos, dando
palestras sobre o assunto e incentivando,
como investidor, iniciativas empresariais sustentáveis. Nesta entrevista, ele defende que
a sociedade pressione governos e empresas
para que adotem atitudes mais sustentáveis.
É viável para uma empresa abraçar a sustentabilidade?
Sustentabilidade é ambiente, social e negócio,
mas é preciso pensar nos três conceitos ao
mesmo tempo, não um separado do outro. A
Unilever, por exemplo, ganhou o prêmio de
empresa mais sustentável, porque diminuiu a
quantidade de sal e sódio nos seus alimentos.
Provavelmente os seus produtos ficaram menos
saborosos por conta da mudança, o que pode
afetar as vendas. Em compensação, a imagem
da marca melhorou muito; há um benefício de
marketing por adotar uma postura sustentável.
com o ser humano, o que torna as coisas bem
mais complexas, são muitos detalhes e as discussões que envolvem o atendimento ao ser humano são amplas. Muitos hospitais estão tendo
iniciativas de ecologia, por exemplo, redução no
consumo de papel ou de energia, mas isso tem
que acontecer em conjunto com a viabilidade do
negócio e envolver os colaboradores e pacientes.
É essencial envolver toda a rede de suporte da
empresa na sustentabilidade; por exemplo, não
comprar produtos de empresas que utilizem
madeira não certificada, ou que trabalhem com
mão de obra infantil ou escrava.
A Medicina pode reduzir o uso de descartáveis?
Penso que devemos usar menos descartáveis, em todos os setores. Por exemplo, eu
vou à academia e recebo duas toalhas limpas,
embaladas em saquinhos de plástico. Aí eu
sempre pergunto: pra quê? É um gasto desnecessário de descartáveis. Temos de mudar
de atitude e passar a reaproveitar ao máximo
tudo que pudermos para gerar a menor quantidade de lixo possível.
Os fabricantes de produtos médicos têm
interesse em vender mais, mas isso também
precisa mudar. A indústria precisa passar a
produzir materiais que possam ser reutilizados
ou descartados mais facilmente. A tendência é
que isso mude, porque em breve os fabricantes passarão a ser responsabilizados quanto
ao destino final de seus produtos.
E no setor de Saúde, como adotar essa atitude?
A maior diferença do setor de Saúde é lidar
Como podemos fazer surgir uma sociedade
mais sustentável?
Nós cidadãos temos que pressionar pela
sustentabilidade, escolhendo as empresas e os
políticos que têm preocupação ambiental. Ninguém muda de atitude espontaneamente, só
porque tem bom coração; as coisas só mudam
quando há uma pressão da sociedade. Então
é nossa responsabilidade criar uma sociedade
que exija isso
que são realizadas em locais públicos, como
shoppings e parques, e também estendidas
para o público interno dos Hospitais. “Uma
ação de responsabilidade social, além de
beneficiar a comunidade, sempre é positiva
para a imagem da instituição”, diz Martins.
Uma segregação positiva
Em hospitais, é essencial que os colaboradores separem o lixo infectante do lixo comum. O
lixo infectante, como o próprio nome diz, pode
transmitir doenças, e deve ser processado por
empresas especializadas em tornar esses resíduos inofensivos para serem descartados. É um processo caro, que envolve produtos químicos e calor,
e quanto menos lixo infectante o hospital produz,
melhor. Então, mesmo que seja só um papel de
bala ou uma embalagem de chocolate, é importante não descartá-lo junto com o lixo infectante,
porque no fim do ano milhares de embalagens
podem representar dezenas de quilos a mais de
processamento, a um custo bastante elevado.
Marta Fragoso
José Paulo Coimbra Lages
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Viver Mais VITA
As palestras do programa
Viver Mais VITA, promovidas pelo
Hospital VITA Batel, são gratuitas e voltadas para o público da
terceira idade. Incluem exame de
saúde, café da manhã, integração,
palestra e uma atividade física ou
cultural. Para participar, inscrevase pelo telefone (41) 3883-8414 ou
3883-8465.
• 28 de abril - Alimentação saudável
• 26 de maio - Incontinência urinária
• 30 de junho - Artrose e osteoporose
• 28 de julho - Doenças do coração
• 25 de agosto - Doenças do aparelho digestivo
• 29 de setembro - Depressão e stress
Local: Hospital VITA Batel - r. Alf. Ângelo Sampaio,
1896, Curitiba (PR)
“Viver Mais VITA” é um programa de palestras
promovido pelo Hospital VITA Batel e empresas
parceiras, que reúne periodicamente pessoas
da terceira idade, para uma manhã de informação, exames e confraternização. Coordenado pela médica Marta Fragoso, gerente do
Núcleo de Segurança Assistencial do Hospital,
o programa começa com um exame clínico
gratuito, normalmente glicemia ou hemograma,
oferecido pelo Laboratório Frischmann. Depois
os participantes recebem um café da manhã
saudável, oferecido pela MedRest, empresa de
refeições hospitalares. Acontece ainda uma
atividade de integração orientada por psicólogos e também uma palestra sobre assuntos
relativos à terceira idade, como osteoporose,
vacinação, obesidade, etc. (veja box com a
programação dos próximos eventos). “É uma
forma de construir um relacionamento sólido
com a comunidade”, comenta Marta; “além
disso, os participantes passam a nos ver como
referência para qualquer assunto de saúde”.
ser lucrativa, de modo a atrair
os investimentos necessários
para atualização tecnológica,
ampliação, capacitação e muitos outros”, acrescenta Leme.
“Sem rentabilidade, a empresa
não é viável”. Para ele, a sustentabilidade vai exigir uma
grande mudança na cultura
empresarial: “É preciso que os líderes de uma empresa tenham
consciência da importância
da sustentabilidade, para que
essa cultura se desenvolva e as ações tenham
resultado”.
Existem muitas oportunidades para fazer escolhas sustentáveis dentro das atividades de um
hospital, inclusive na escolha dos materiais
utilizados, por exemplo, as embalagens de
soro. “Utilizamos uma grande quantidade de
soro, e decidimos por um fornecedor que atende os quesitos de qualidade e preço, e fornece
uma embalagem flexível, que ocupa muito
menos espaço no momento do descarte”,
conta Francisco Naruke, gerente de Logística
dos Hospitais VITA Batel e VITA Curitiba.
Os fornecedores também devem fazer parte
do esforço de sustentabilidade. “Buscamos
selecionar fornecedores que tenham a mesma
proposta, que obedeçam aos mesmos valores”,
diz Naruke. Um exemplo é a campanha que a
Johnson & Johnson tem feito junto aos médicos
para evitar desperdício de material cirúrgico. “O
fabricante também tem interesse em ser sustentável”, acrescenta. “Neste momento, temos de
reinventar os modelos de prestar serviços e de
fazer negócios, e utilizar nossos recursos com
muito mais responsabilidade”, comenta Naruke.
Negócios viáveis
Um dos avanços mais importantes do conceito
de sustentabilidade foi reconhecer a viabilidade
dos negócios como um de seus três pilares fundamentais. Ou seja, se as empresas não tiverem
lucro e gerarem empregos, não haverá como
preservar o meio ambiente nem como fazer
inclusão social. “O planejamento estratégico
da Rede VITA prevê que ela seja sustentável
ao longo do tempo”, diz José Octávio Leme,
diretor regional para Curitiba. “Uma empresa do
setor de Saúde precisa, como qualquer outra,
16
Desafios da Rio+20
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, será realizada
de 13 a 22 de junho de 2012, no Rio de Janeiro. O
nome Rio+20 marca os vinte anos de realização
da Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92). A pauta
principal da conferência é a definição da agenda
do desenvolvimento sustentável para as próximas
décadas. Ativistas temem que na Rio+20 a questão da ecologia seja ofuscada pelos problemas
econômicos e sociais que diversos países vêm
enfrentando.
“Nos últimos 20 anos o que vimos? Vimos desenvolvimento econômico, mas ao mesmo tempo
vimos o mundo ficando cada vez mais insustentável. Falta integração dos três pilares da sustentabilidade”, disse o secretário-geral da ONU para
a Rio+20, o chinês Sha Zukang, durante sua visita
ao Brasil em março deste ano. A ONU recomenda
aos países o investimento de 2% do PIB mundial
em meio ambiente. Para o físico José Goldemberg, o esboço das discussões da conferência
Rio+20 já mostra que o evento tende a ser muito
mais focado no desenvolvimento social, um dos
temas prediletos do governo brasileiro. Goldemberg defende que os avanços sociais precisam
estar associados a uma reformulação do modelo
produtivo e da forma de consumo.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) calcula que, se a degradação
ambiental continuar nos níveis atuais, até 2050
os avanços sociais conquistados começarão a
regredir. O Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH) vem aumentando desde os anos 1970: cerca
de 41% na média mundial e 61% nos países com
baixo IDH. Mas o PNUD prevê que em 2050 o IDH
já não será tão positivo, devido principalmente aos
efeitos do aquecimento global na produção agrícola, no acesso à água potável, além dos fatores saneamento e poluição. Em outras palavras, é preciso
que a economia continue crescendo, para que mais
pessoas saiam da pobreza; mas o crescimento econômico sem preocupação ambiental a longo prazo
fará com que esses ganhos desapareçam.
Vanuza Vitoreli
Rosana Cruz
túnel do tempo
Uma história escrita
com sangue
Na busca pela tranfusão usou-se
até sangue de animais
Desde a antiguidade, os homens veem o
sangue como um elemento essencial para
sustentação da vida. Há relatos de que na
Roma antiga, nobres bebiam sangue de
gladiadores mortos para incorporar sua força
e também como tratamento da epilepsia. Na
tradição cristã, o vinho simboliza o sangue
de Cristo, e a ressurreição para a vida eterna.
Mesmo sem ter o conhecimento científico
necessário, os médicos da antiguidade já
imaginavam que uma transfusão poderia
ser benéfica, já que aumentaria as chances
de sobrevivência das vítimas de hemorragia.
Não há consenso sobre a data, mas por volta
de 1492 o papa Inocêncio VIII foi convencido
a beber sangue como tratamento de saúde,
sem muito sucesso. Além do próprio papa, os
“doadores” também vieram a morrer.
Em 1569, o médico italiano Andrea Cesalpino
descobre a circulação sanguínea, que é descrita
em 1627 pelo inglês William Harvey. Essas
descobertas tornam-se a base do conhecimento
científico que levará, séculos depois, ao desenvolvimento da Hemoterapia. Em 1667, em Paris,
o médico Jean Baptiste Denis, fez a primeira
transfusão em humanos, mas com sangue de
animal. O “voluntário” para a experiência foi
Antoine Mauroy, de 34 anos, doente mental
que andava pelas ruas de Paris. Denis acreditava que o sangue de animais estaria
menos contaminado que o humano, e
infundiu sangue de
carneiro em Mauroy,
que suportou duas
“transfusões”, mas não
resistiu à terceira.
A primeira transfusão humana
Em 1818, o médico
inglês James Blundell
concluiu que uma transfusão de sangue seria
apropriada para tratar
hemorragias severas pósparto. Ele havia testemunhado a morte de muitas
de suas pacientes e buscou criar uma transfusão
Selo em
humana - na época já
homenagem a Karl
estava comprovado que
Landsteiner
Os médicos recomendaram ao papa
a transfusão sanguínea
interespécies era fatal. Inocêncio VIII a ingestão de sangue humano
como tratamento
Blundell tirou cerca de
120 ml de sangue do braço do marido de uma Adquirida (AIDS, pela sigla em inglês), que
paciente usando uma seringa e conseguiu tomou as manchetes dos jornais no início
transfundi-lo nela. Ao longo de cinco anos, dos anos 1980, tornou-se paradoxalmente um
ele realizou dez transfusões de sangue, cinco grande incentivo para o desenvolvimento de
das quais foram benéficas para os pacientes. testes que elevaram a segurança das transBlundell desenvolveu diversos instrumentos fusões. Os testes de AIDS surgiram em 1985.
para transfusão de sangue, e também descobriu Na época, o prazo mínimo para se detectar
a importância de retirar o ar da seringa antes AIDS era de 60 dias após a contaminação do
doador; hoje, os testes de biologia molecular
da transfusão.
para AIDS e Hepatite C, conhecidos como NAT,
Mas foi só em 1901 que o pesquisador austrí- têm um prazo de apenas 10 a 15 dias após
aco Karl Landsteiner descobriu e descreveu os a contaminação para uma detecção positiva.
tipos de céulas vermelhas: A, B, O e AB; foi ele
também o descobridor do fator RH anos mais Outro fator que tornou a transfusão mais segura
tarde. A partir de então, foi possível determinar foi o fim das doações pagas. Segundo Fabio Nasa compatibilidade entre o sangue de doadores tari, superintendente do Banco de Sangue de São
e receptores. O armazenamento de sangue foi Paulo, até 1980 no Brasil havia doações pagas e
boa parte do sangue doado era de má qualidade
possibilitado pela descoberta de substâncias
anticoagulantes, e o primeiro banco de sangue e não podia ser aproveitado, porque os doadores
foi criado na Espanha em 1936. No Brasil, os mentiam na entrevista, para poderem vender o
primeiros Bancos de Sangue foram os de Porto sangue. Pela constituição brasileira de 1988, o
Alegre e Recife, em 1942, sangue deixa de ter valor comercial, portanto não
e o da Lapa, no Rio de pode ser vendido. Além disso, as entrevistas com
os doadores tornaram-se mais rigorosas, o que
Janeiro, em 1944.
elevou a qualidade do sangue coletado.
Ajuda inesperada
S e g u n d o C r i s t i n a Mesmo com toda a segurança e as campanhas
superinten- por doação, o Brasil vive um déficit constante
Balestrin, superinten
dente do Centro de de sangue para seus hospitais. “A porcentagem
Hematologia de São da população brasileira que doa sangue não
chega a 2%, enquanto o ideal seria pelo menos
Paulo (CHSP), a epiepi
demia da Síndrome 3%”, afirma Cristina. Ainda hoje o sangue é um
de Imunodeficiência material extremamente perecível, e seu tempo
de armazenamento é limitado a cerca de 30
dias, o que exige que haja uma renovação
Ilustração de 1692 mostra
constante nos estoques. Seja você também
transfusão de sangue de
um doador e ajude a diminuir essa carência.
ovelha para homem
17
vida digital
iPad para
iDoutor
O novo iPad
Acaba de chegar às lojas nos EUA a nova versão
do iPad, o tablet digital da Apple que definiu
o padrão para esse tipo de dispositivo. Como
muitos médicos já utilizam o iPad, decidimos
publicar uma pequena lista de alguns dos aplicativos mais populares voltados especificamente
para a Medicina – a maioria também funciona
no iPhone. É uma lista restrita, mas escolhida
conforme indicações em sites e blogs feitos por
profissionais de saúde. Não incluímos os links
para baixar os aplicativos, mas é fácil encontrálos na loja da Apple (http://itunes.apple.com/br/)
ou pesquisando no Google.
Human Body Encyclopedia ($)
(somente iPad)
Indicado para estudantes, excelente auxílio no aprendizado de
anatomia. Traz informações (em
inglês) sobre os órgãos, suas
funções e partes. É possível
ampliar texto e imagens, e
copiá-los para utilizar em um
documento ou e-mail.
MedCalc ($) (iPad / iPhone)
Calculadora que facilita o
trabalho com fórmulas, escalas e classificações médicas.
Possui fórmulas para diversas
especialidades, como nefrologia,
cardiologia, pediatria, obstetrícia
e outras. As telas foram adaptadas para facilitar a utilização na
tela do iPhone.
18
Lançado na sexta-feira, 16 de
março, em 12 países, o novo
iPad vendeu 3 milhões de
cópias em 3 dias, o que o torna o
mais bem sucedido lançamento da Apple
até hoje. Algumas das novas características vão
ser úteis para os médicos; por exemplo, a tela com 2.048 x
1.536 pontos de resolução, que pode mostrar imagens com qualidade
inédita. A velocidade também aumentou, graças ao processador de quatro núcleos, e o iPad agora traz recurso de ditado em quatro idiomas: inglês, francês, japonês e alemão.
A câmera de vídeo, capaz de gravar vídeo em alta resolução, também pode contribuir para a telemedicina.
CID-10 Pro (gratuito)
(iPad / iPhone)
Guia da Classificação
Estatística Internacional de
Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID10), em português, com
mais de 12.000 códigos
atualizados pelo DATASUS.
Tem recurso de pesquisa
por código, sintoma, descrição e nome da doença.
Permite compartilhar os
códigos por e-mail.
Medscape (gratuito) (iPad /
iPhone)
O Medscape, da WebMD, é
um dos sites preferidos pelos
médicos na pesquisa por notícias e informações científicas
atualizadas, tratamentos, além
de educação continuada.
Oferece alertas e notícias para
34 especialidades. As informações estão em inglês; parte
dos recursos é gratuita.
Genéricos BR (gratuito) (iPad /
iPhone)
Guia em português de medicamentos de referência e seus
equivalentes genéricos destinado
tanto a profissionais de saúde
brasileiros como também ao público em geral. Oferece busca por
princípio ativo ou medicamento
de referência, consulta às bulas e
lista de fabricantes.
Medicamentos de A a Z ($)
(iPad / iPhone)
Medicamentos de A a Z é
baseado em um livro de mesmo nome, que contém mais
de 500 drogas comumente
usadas na medicina moderna.
Inclui informações como preço de mercado, nomes comerciais, genéricos, prescrição, etc.
Contém um campo de busca
para encontrar os medicamentos de forma rápida.
em rede
Hospitais VITA em Curitiba
conquistam novos credenciamentos
Nova estrutura comercial da Rede VITA em Curitiba
também melhora a comunicação com as operadoras de saúde
credenciamentos, em especial para o Hospital VITA
Batel, que tem poucos anos de atividade, entre
eles: Saúde Bradesco; Volvo, plano de saúde de
autogestão da empresa para funcionários; e Fusex, que atende militares do Exército e familiares.
Elaine Costa
Desde o final de 2010, os Hospitais VITA Curitiba
e VITA Batel realizaram um trabalho de reformulação do setor comercial, que atende a ambos. A
iniciativa trouxe benefícios para os pacientes, as
operadoras de saúde e os Hospitais. “Essa equipe possibilita mais agilidade e flexibilidade nas
negociações”, explica José Octávio Leme, diretor
regional do Grupo VITA em Curitiba. Ele ressalta
que isso permitiu alcançar novos e importantes
A nova estrutura comercial é composta pela
gerente comercial Elaine Costa, três duplas que
atendem carteiras de operadoras de saúde, além
de um analista de custos e dois colaboradores
para atender pacientes particulares de cada
Hospital. “As operadoras são muito criteriosas na
liberação de procedimentos, o que demanda um
bom relacionamento com o departamento comercial do Hospital, para que tudo flua de maneira
satisfatória para o paciente”, diz Leme. A equipe
comercial pode intervir em qualquer situação
Farmácia Clínica aperfeiçoa
segurança dos medicamentos
A nova Central de Atenção à Prescrição do Hospital VITA
Batel confere medicamentos e posologia, evita interações
medicamentosas, orienta o paciente e muito mais
O Hospital VITA Batel está colhendo importantes
resultados de sua mais recente iniciativa no
setor de Farmácia Clínica: a implantação da
Central de Atenção à Prescrição (CAP), com duas
farmacêuticas e duas estagiárias. Em pouco
tempo, as iniciativas do CAP mostraram grandes
resultados: cada erro que se previne evita riscos
para o paciente e custos para o Hospital.
Christiane Lobo, supervisora de farmácia clínica
do Hospital VITA Batel, explica que a CAP dedicase exclusivamente a examinar os remédios que
cada paciente recebe, com o objetivo de evitar
erros, doses elevadas, interação com outros
medicamentos e alimentos (verificar se um medicamento pode causar reações adversas com a
alimentação do paciente) ou outros problemas.
Esse tipo de controle faz parte da
atividade de qualquer hospital, mas
o VITA Batel elevou essa função para
um novo patamar de segurança e utilidade. Veja a seguir um resumo das
principais iniciativas da Central
de Atenção à Prescrição:
Análise de prescrição verifica a legibilidade da
prescrição (receita), a posologia e outros detalhes.
Acompanhamento farmacoterapêutico - previne problemas como
interação medicamentosa
(quando um medicamento
imprevista, como liberação de procedimentos e
outras, para chegar à melhor solução possível.
“A equipe atua além da negociação do credenciamento”, afirma Elaine. “Estamos sempre visitando
e fazendo reuniões com as operadoras de saúde,
e essa proximidade é vantajosa para o segurado”.
Segundo Elaine, os hospitais da Rede VITA podem
atender operadoras de saúde de qualquer porte.
“Atendemos por exemplo a Judicemed, a operadora de saúde dos juízes do Paraná, que cobre 2.000
vidas”, cita Elaine. O atendimento a particulares
também está a cargo da equipe comercial, que
negocia procedimentos e internação de acordo
com as necessidades do paciente e seu médico. O
telefone de contato da equipe comercial da Rede
VITA em Curitiba é (41) 3315-1881.
interfere na ação de outro) e reações adversas.
Central de Informação ao Medicamento (CIM)
- informações por e-mail e telefone para esclarecer dúvidas sobre dose, prescrição, posologia,
etc., tanto para pacientes quanto para profissionais da equipe ([email protected]).
Orientação de alta para usuários de varfarina - orientação específica para pacientes
que utilizam o anticoagulante oral varfarina.
Reconciliação de medicamento trazido
- evita que o paciente tome medicamentos duplicados - aqueles que traz
de casa e os que recebe no Hospital.
“A Central de Atenção à Prescrição traz
maior tranquilidade tanto para o paciente quanto para o médico, que
conta com o apoio de profissionais para ajudá-lo a prevenir
interações medicamentosas
e outros riscos”, diz Francisco
Naruke, gerente de Logística do Hospital VITA Batel.
Segundo ele, além de ser
um importante diferencial
de mercado, o departamento
também atende a padrões internacionais de qualidade.
Christiane Lobo
19
em rede
Muita felicidade, muitos anos de Maternidade!
A Maternidade VITA Volta Redonda acaba de completar sete anos de
existência, período no qual buscou uma inovação constante, para
aperfeiçoar os padrões de atendimento para mães, bebês e crianças
de toda a região. Nesses sete anos, mais de 4.600 crianças nasceram
nas sua instalações, além das milhares de outras que foram atendidas
ou estiveram internadas. Para comemorar o aniversário, estamos publicando as fotos de cinco mamães com seus pimpolhos, e os presentes
comemorativos da data.
Várias campanhas educativas para as gestantes foram realizadas ao
longo desses anos, inclusive para incentivar a amamentação, tirar dú-
vidas quanto aos primeiros cuidados com os bebês e afastar os receios
mais comuns das mães de primeira viagem. Uma das experiências
mais bem-sucedidas foi a implantação da brinquedoteca, em 2006, um
espaço onde as crianças podem se divertir e até esquecer que estão
ali para tratar da saúde. A UTI Neonatal também inovou ao permitir e
incentivar que os pais fiquem o maior tempo possível ao lado dos seus
pequenos. As crianças internadas também tiveram oportunidade de
continuarem seus estudos, graças à iniciativa de Pedagogia Hospitalar
que a Maternidade implementou em 2010. As novidades não param de
chegar, e a Maternidade VITA Volta Redonda prepara grandes mudanças
ainda em 2012.
Jandaíra com o Luiz Felipe
Marilan com
o Pedro Henrique
Raquel com o Samuel
Ranay com o Paulo Henrique
Sidicleia com o Jonathan
Hospital do Médio Paraíba
inicia atividades em 2013
Unidade atenderá rede pública de toda a região e se
concentrará em procedimentos de média e alta complexidade
Está previsto para entrar em operação no
primeiro semestre de 2013 o maior hospital
público da região de Volta Redonda. Quando
concluído, o Hospital Regional do Médio Paraíba terá uma área construída de 25 mil metros
quadrados, 231 leitos, dos quais 47 em UTI, seis
salas de cirurgia de alta complexidade, estacionamento para 370 veículos e heliponto. O ambulatório (área de consultórios) terá capacidade
para realizar cerca de 7.500 consultas por mês.
O hospital está localizado estrategicamente ao
lado da Rodovia Presidente Dutra, para facilitar
o acesso de pacientes de toda a região.
O engenheiro Sebastião Faria, diretor do Hospital
Municipal São João Batista, em Volta Redonda,
que já foi presidente da Companhia Siderúrgica
Nacional, coordena a obra do Hospital Regional
20
do Médio Paraíba. “A vocação do hospital serão os procedimentos de média e
alta complexidade, como neurocirurgia,
transplantes renais e de córneas, cirurgia
bariátrica e outros”, explica Faria.
As obras foram iniciadas em abril de
2011 e a conclusão está prevista para dezembro
deste ano, com entrada em atividade no primeiro
semestre de 2013. É um projeto do Governo
Estadual, com a participação de 12 prefeituras
fluminenses: Volta Redonda, Barra Mansa, Barra
do Piraí, Resende, Itatiaia, Pinheiral, Piraí, Porto Real,
Quatis, Rio Claro, Rio das Flores e Valença. Estimase que quando estiver em funcionamento tenha
1.300 colaboradores, dos quais 180 médicos, 170
enfermeiros e 430 técnicos de enfermagem, além
de pessoal de cozinha, limpeza, lavanderia, etc.
Sebastião Faria no canteiro de obras do
Hospital Regional do Médio Paraíba
“Hoje, casos do SUS de traumato-ortopedia
e neurocirurgia de toda a região vêm para o
Hospital São João Batista, e o novo hospital
vai diminuir a espera e proporcionar melhor atendimento”, diz Faria. Segundo ele, a
demanda por atendimento de média e alta
complexidade no SUS hoje é enorme e a
nova unidade irá melhorar significativamente
o atendimento em Saúde pela rede pública.
perfil
Ernesto Fonseca
prato preferido: feijoada
e rabada
esporte: correr e tênis
de praia
hobby: filmes de ação e
Fórmula 1
mania: cautela
frase: “Se algo pode dar
errado, vai dar errado”
(lei de Murphy)
Ernesto, Adelaide e a filha Maíra em Oslo
Um sexto sentido
para os números
Ernesto Fonseca, diretor de Controladoria e
Finanças do Grupo VITA, admite que gostar
de contabilidade não é realmente para qualquer um: “contabilidade, ame-a ou deixe-a”,
brinca. Para ele, o gosto pela contabilidade
é decorrente de uma característica pessoal, a
de gostar de planejar, organizar e deixar tudo
“certinho”, conforme ele próprio define.
Ernesto nasceu e cresceu na Vila Guilherme,
bairro da zona norte de São Paulo, onde viveu
até casar, aos 23 anos. Foram
as circunstâncias e as oportunidades que o levaram para a
Contabilidade: seu plano inicial era tornar-se engenheiro.
“Quando eu terminei o ginásio,
já queria muito trabalhar,
então precisava estudar à
noite”, conta ele. Procura daqui,
procura dali, ele encontrou
vaga para o curso técnico
noturno de contabilidade, de
um colégio particular no Brás.
Contabilidade era na área de
exatas, então servia. “Eu já trabalhava no escri
escritório de uma empresa de transportes fazendo
lançamentos contábeis, mas não sabia o que
estava fazendo”, diz Ernesto. “Foi só depois que
comecei a estudar contabilidade que passei a
entender o que eram todos aqueles números que
eu datilografava”. No fim das contas ele acabou
gostando do assunto e fez o curso até o final.
Depois do colegial em contabilidade, ele fez
faculdade de administração, com especiali
especialização em finanças. Após trabalhar em várias
empresas do setor de varejo, Ernesto teve a
oportunidade de ser gerente financeiro de um
hospital paulistano e posteriormente, em 1997,
foi convidado a trabalhar para o Grupo VITA.
Intuição numérica
A experiência adquirida na convivência
diária com os números trouxe a Ernesto
uma espécie de “intuição”: quando ele
examina longas listas de dados, muitas
vezes consegue perceber rapidamente
onde estão as distorções, a origem
dos erros, os números que não estão
como deveriam ser. “Se você conhece a atividade da empresa, uma olhadinha na contabilidade já basta pra identificar os erros”, diz.
Segundo ele, um hospital deve dar lucro como
qualquer outra empresa, caso contrário não
haverá dinheiro para comprar equipamentos,
fazer manutenção, pagar os colaboradores e o
resultado será um serviço de baixa qualidade:
“um hospital tem receitas e despesas como
qualquer outra empresa, e quem trabalha
nela precisa ser remunerado”.
Com tanta experiência com números e finanças, Ernesto acredita que as pessoas têm
problemas com suas finanças pessoais por não
saberem como gastam seu dinheiro, e para ele
a solução não requer muita tecnologia: “para
controlar as finanças pessoais, não precisa
nem de uma planilha, basta um pedaço de
papel”, afirma. Ele recomenda que as pessoas
registrem, durante um mês, tudo que gastam,
até o cafezinho, para saber onde o dinheiro
está indo, e se ele vai dar retorno no futuro.
“Uma coisa é estar em dificuldade financeira
por causa da prestação do apartamento ou da
faculdade, outra coisa é estar no negativo por
causa de uma viagem de férias ou de um carro
novo”, diz ele; “os primeiros são investimentos,
dão retorno; os últimos representam gastos”.
Viagens e corridas
Sempre que pode, Ernesto viaja com sua mulher,
Adelaide, e a filha, Maíra - o último passeio foi
para a Rússia e países escandinavos, em 2011.
Na foto, estão os três em Oslo, capital da Noruega.
Ernesto corre regularmente, o que lhe permite
manter a saúde e continuar comendo e bebendo
tudo que gosta. Sua outra diversão é acompanhar
a Fórmula 1: ele vai todo ano ao autódromo de
Interlagos, em São Paulo, para ver as corridas e
ouvir o “maravilhoso” barulho dos carros.
Após 15 anos trabalhando no Grupo VITA,
Ernesto se prepara para deixar a posição de
diretor de Controladoria e Finanças. “Quero
diminuir a carga de trabalho e voltar a atuar
como consultor”, comenta. “Além disso, é uma
boa oportunidade para a entrada de outras
pessoas, com novas ideias para o Grupo”.
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histórias de nossa VITA
O Cupido passou por aqui
Ligia Piola
“Mas tudo isso não adianta nada
Se nesta selva escura e desvairada
Não se souber achar a grande amada
Para viver um grande amor!”
(Vinícius de Moraes, Para Viver um Grande Amor)
Adão e Eva, Cleópatra e Marco Antonio,
Romeu e Julieta, John Lennon e Yoko Ono,
Lampião e Maria Bonita, Rômulo e Hildimila...
Rômulo e Hildimila?
Era uma vez um engenheiro metalúrgico,
formado também em matemática e educação
física. Ganhava o pão de cada dia como
professor de matemática, de física e técnico
de natação.
E era uma vez uma psicóloga, que resolveu
aplicar sua psicologia também como assessora
comercial da Nextel.
Eram contemporâneos, concluíram
o ensino médio na
mesma escola, frequentavam o mesmo clube e a mesma
roda social da cidade. Mas raramente
se falavam.
Uma paixão juvenil, uma admiração de adolescente
que para Rômulo
se transformou em
atração física. Tentou
se aproximar algumas vezes, um convite para jantar, um chope
num bar, encontrar os amigos numa pizzaria...
nada deu certo. Ela sempre o considerou muito
antipático.
Até que em 11 de fevereiro de 2011, uma
sexta-feira, ele precisou se submeter a um
procedimento cirúrgico para implantação de
uma prótese via veia cava, para solucionar um
problema de comunicação intra atrial. Internouse no Hospital Frei Galvão, em Guaratinguetá, a
cirurgia durou aproximadamente 4 horas e ele
teve alta no dia seguinte pela manhã.
Mas na segunda-feira seguinte Rômulo
acordou com febre. Deu entrada no Hospital
VITA Volta Redonda, pela manhã, com endocardite, uma infecção bacteriana no coração.
22
Duas opções de tratamento foram sugeridas
pelos médicos: uma nova cirurgia “a céu aberto”,
para retirada da prótese no coração, que com
a infecção já existente seria um grande risco
para evoluir a uma infecção generalizada; ou
um tratamento difícil, a base de antibióticos por
42 dias. Foi escolhida a segunda.
Com essa ocorrência, nem se lembrou de
que seu aparelho Nextel tinha sido furtado.
Uma vez internado e por tanto tempo,
resolveu “cutucar a onça”. Pediu a uma prima que entrasse em contato com a “Mila”,
assessora comercial da empresa fabricante,
para saber como proceder para reaver sua
linha telefônica. Claro que esse pedido não foi
feito por acaso; estava repleto de segundas e
terceiras intenções.
E num belo dia recebeu uma ligação de
Mila, que se propôs a dar uma solução ao problema. Como prova de confiança, forneceu a ela
todos os seus dados pessoais e passado pouco
tempo... surpresa! Recebeu seu rádio de volta.
Obviamente precisava lhe agradecer
por tão grande favor. E em um telefonema,
convidou-a para jantar assim que tivesse alta
do Hospital. E começaram a se falar por telefone, a trocar e-mails e numa dessas conversas,
Rômulo lhe disse estar se perguntando o por
quê de tudo isso que estava acontecendo,
inconformado e espiritualmente intranquilo. Foi
quando ela lhe deixou um livro do Dalai Lama,
de presente, na recepção do Hospital.
E a amizade foi se estreitando até que um
dia Mila resolveu visitá-lo no VITA.
Ah!, o amor. Como em um conto de fadas,
conversaram sobre casamento, noivado, filhos
e programaram uma vida nova a partir de
quando ele tivesse alta.
Apesar de exercerem profissões distintas,
eram muito parecidos. Gostavam das mesmas
músicas, tinham muitos amigos em comum
desde quando eram mais jovens, adoravam a
vida no campo. Enfim, concluíram que foram
feitos um para o outro.
E todo o planejamento, não só do casamento,
mas de suas vidas, teve início no Hospital. Perceberam que tinham também sonhos em comum.
Mila sempre quis se casar de branco em
uma igrejinha do interior. Rômulo foi criado em
Passa Vinte, uma pequena cidade no interior de
Minas Gerais. Ela, saída de um relacionamento
anterior e já com duas filhas adolescentes, não
acreditava que poderia
realizar seu sonho aos
41 anos de idade. Para
ele, esse sonho já estava
adormecido, pois aos 45
anos de idade achava
que já tinha esgotado
todas as suas chances.
E resolveram aproveitar a oportunidade
que Deus lhes deu e
foram fundo em seus
adormecidos sonhos.
Ficaram noivos no
dia 26 de agosto (data do
aniversário de Rômulo).
Casaram-se no dia 17 de dezembro em
uma linda cerimônia, na igrejinha de Passa
Vinte, conforme sonhado. A recepção foi na
fazenda onde ele foi criado.
Muitos amigos, parentes, só pessoas queridas. Uma data realmente emocionante, que
ficaria para sempre em suas memórias.
Rômulo e Mila sempre “deixaram a vida lhes
levar”. Mas a partir desse reencontro, quando
viram tantos planos realmente se concretizando
(noivado, casamento) resolveram desejar que
um próximo plano lhes brinde com sucesso: se
Deus lhes permitir, um filho fruto desse amor.
(Rômulo Rezende é primo do Dr. José Mauro Rezende, Diretor Regional em Volta Redonda – RJ).
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