UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NANOPARTÍCULAS MAGNÉTICAS DE DERIVADOS DA QUITOSANA PARA APLICAÇÃO COMO SISTEMAS DE LIBERAÇÃO DE INDOMETACINA ALINE DEBRASSI Itajaí - 2011 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PROGRAMA DE MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS BIOATIVAS ALINE DEBRASSI SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NANOPARTÍCULAS MAGNÉTICAS DE DERIVADOS DA QUITOSANA PARA APLICAÇÃO COMO SISTEMAS DE LIBERAÇÃO DE INDOMETACINA Dissertação submetida à Universidade do Vale do Itajaí como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas. Orientador: Rodrigues Itajaí, Julho de 2011 Prof. Dr. Clóvis Antonio D353s Debrassi, Aline, 1987Síntese e caracterização de nanopartículas magnéticas de derivados da quitosana para aplicação como sistemas de liberação de indometacina [manuscrito] / Aline Debrassi . – Itajaí, 2011. 137 f. : il. (tab.). Inclui lista de figuras, tabelas e abreviaturas. Referências: p. 122-137. Cópia de computador (Printout(s)). Dissertação submetida à Universidade do Vale do Itajaí como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas. “Orientador: Prof. Dr. Clóvis Antonio Rodrigues.” 1. Indometacina 2. Nanopartículas. 3. Quitosana. II. Título. CDU: 615.03 Bibliotecária Eugenia Berlim 14/963 SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NANOPARTÍCULAS MAGNÉTICAS DE DERIVADOS DA QUITOSANA PARA APLICAÇÃO COMO SISTEMAS DE LIBERAÇÃO DE INDOMETACINA Aline Debrassi ‘Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em Ciências Farmacêuticas, Área de Concentração Produtos Naturais e Substâncias Bioativas e aprovada em sua forma final pelo Programa de Mestrado em Ciências Farmacêuticas da Universidade do Vale do Itajaí.’ ____________________________________ Clóvis Antonio Rodrigues, Dr. Orientador __________________________________________________________ Tania Mari Bellé Bresolin, Dra. Coordenador do Programa Mestrado em Ciências Farmacêuticas Apresentado perante a Banca Examinadora composta pelos Professores: ______________________________________ Dr. Clóvis Antonio Rodrigues (UNIVALI) Presidente ______________________________________ Dr. Valfredo Tadeu de Fávere (UFSC) Membro ______________________________________ Dra. Ruth Meri Lucinda da Silva (UNIVALI) Membro Itajaí (SC), 05, julho de 2011 Dedico esta dissertação àqueles que sempre apoiaram minhas decisões profissionais. “O riso é eterno, A imaginação não tem idade E os sonhos são para sempre” (Walt Disney) SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NANOPARTÍCULAS MAGNÉTICAS DE DERIVADOS DA QUITOSANA PARA APLICAÇÃO COMO SISTEMAS DE LIBERAÇÃO DE INDOMETACINA Aline Debrassi Julho/2011 Orientador: Clóvis Antonio Rodrigues, Dr. Área de Concentração: Produtos naturais e substâncias bioativas. Número de Páginas: 136. As partículas magnéticas têm sido objeto de estudo em diversas áreas, possuindo diferentes aplicações, dentre elas na hipertermia induzida magneticamente e como sistemas de liberação vetorizada de fármacos. Os óxidos de ferro, principalmente a magnetita (Fe3O4) e a maguemita (!-Fe2O3), são os principais materiais magnéticos utilizados para aplicações biomédicas devido à sua biocompatibilidade e estabilidade, além de apresentarem o comportamento desejável de superparamagnetismo. A quitosana é um bom candidato para o preparo de partículas magnéticas por suas características biocompatíveis. Dessa forma, o objetivo do trabalho foi sintetizar partículas magnéticas de óxidos de ferro e derivados da quitosana, caracterizá-las e utilizá-las para a vetorização de fármacos, empregando a indometacina como modelo de fármaco hidrofóbico. As partículas foram preparadas com os polímeros O-carboximetilquitosana e O-carboximetilquitosana-N-benzil através de duas metodologias: formação in situ e incorporação. As nanopartículas foram caracterizadas através das técnicas de determinação do teor de ferro, espectroscopia no infravermelho, termogravimetria, calorimetria exploratória diferencial, microscopia eletrônica de varredura, caracterização magnética e espectroscopia Mössbauer. Verificou-se que a metodologia in situ produz, em geral, partículas menores, menos agregadas e com características de superparamagnetismo mais intensas que as obtidas por incorporação. A indometacina foi incorporada nas partículas magnéticas por duas metodologias: evaporação do solvente e incorporação in situ, e as partículas contendo indometacina foram caracterizadas pelas mesmas técnicas utilizadas para as nanopartículas sem o fármaco, além de microscopia eletrônica de transmissão e da determinação do teor e da eficiência de incorporação da indometacina. Verificou-se a manutenção das propriedades magnéticas das nanopartículas após a incorporação do fármaco. As partículas apresentaram eficiência de incorporação entre 33,7 e 86,2% para a metodologia de evaporação do solvente e entre 28,3 e 30,2% para a incorporação in situ. Foi realizada a liberação in vitro da indometacina em fluido corporal simulado pH 7,4 a 37 °C, observando-se um perfil semelhante para todas as partículas, com uma liberação inicial rápida da indometacina seguida de posterior liberação lenta e manutenção da quantidade de fármaco liberado. As partículas com a indometacina incorporada por evaporação do solvente apresentaram entre 55 e 85% do fármaco liberado em cinco horas, enquanto que as obtidas por incorporação in situ liberaram entre 65 e 80%. O modelo matemático mais adequado para explicar a liberação da indometacina da maioria das nanopartículas magnéticas foi o de Korsmeyer-Peppas, indicando mecanismo de difusão Fickiana. Considerando a facilidade do preparo, o comportamento de superparamagnetismo mais pronunciado, a eficiência de incorporação do fármaco e sua liberação, as nanopartículas preparadas com a O-carboximetilquitosana pela metodologia de formação in situ seguida de incorporação da indometacina por evaporação do solvente foi a mais apropriada para futuros testes com fármacos antitumorais. Palavras-chave: Indometacina. Magnetismo. Nanopartículas. Quitosana. SYNTHESIS AND CHARACTERIZATION OF MAGNETIC NANOPARTICLES PREPARED WITH CHITOSAN DERIVATIVES FOR TARGETED INDOMETHACIN DELIVERY Aline Debrassi July/2011 Advisor: Clóvis Antonio Rodrigues, Dr. Area of Concentration: Natural Products and Bioactive Synthetic Substances Number of Pages: 136. Magnetic nanoparticles have been applied for many areas, including for magnetically induced hyperthermia and drug-targeted delivery. The iron oxides, especially magnetite (Fe3O4) and maghemite (!-Fe2O3), are the main magnetic materials employed for biomedical applications due to their biocompatibility and stability, besides the desirable superparamagnetic behavior. Chitosan is a good candidate for preparing magnetic nanoparticles with iron oxides due to the biocompatible characteristics. Therefore, the aim of this work was synthesize magnetic nanoparticles with iron oxides and chitosan derivatives; characterize them and applied the nanoparticles to magnetic drug targeting. Indomethacin was chosen as model drug due to its hydrophobic characteristic. The nanoparticles were prepared with O-carboxymethylchitosan and O-carboxymethylchitosan-N-benzyl through two methods: in situ co-precipitation and incorporation. The nanoparticles were characterized by determination of the iron content, infrared spectroscopy, thermogravimetric analysis, differential scanning calorimetry, scanning electron microscopy, magnetic measurements, and Mössbauer spectroscopy. The characterization techniques showed that the in situ method yields, in general, smaller and less aggregated particles, with more intense superparamagnetic behavior than the particles prepared by incorporation technique. Indomethacin was incorporated on the particles through two methodologies: solvent evaporation and in situ incorporation. The obtained nanoparticles were characterized by the same techniques used to characterize the nanoparticles before the drug incorporation and, additionally, by transmission electron microscopy and determination of the drug loading content and efficiency. It was observed the maintenance of the magnetic properties of the nanoparticles after the drug incorporation. The particles showed incorporation efficiency between 33.7 and 86.2% for solvent evaporation method and between 28.3 and 30.2% for in situ incorporation. The in vitro drug release study was performed in simulated body fluid pH 7.4 at 37 °C. All the nanoparticles presented similar behavior, with an initial fast release of indomethacin followed by a slower release and maintenance of the percent released drug. The materials obtained through solvent evaporation released between 55 and 85% of the drug in five hours, whereas the materials obtained through in situ incorporation released between 65 and 80%. Korsmeyer-Peppas was the best-fitted mathematical model for explaining the drug release profile, indicating a Fickian diffusion mechanism. Considering the facility of synthesis, the more pronounced superparamagnetism behavior, the drug loading efficiency and its release, the nanoparticles prepared with O-carboxymethylchitosan by in situ methodology followed by indomethacin incorporation through solvent evaporation method were the best material for further tests with antitumor agents. Keywords: Chitosan. Indomethacin. Magnetism. Nanoparticles. LISTA DE FIGURAS Figura 01 Representação esquemática de nanopartículas magnéticas multifuncionais com revestimento polimérico e possíveis modificadores superficiais. Fonte: VEISEH; GUNN; ZHANG, 2010............................................................................................. 22 Figura 02 Curva de histerese magnética. Fonte: ALPHAMAG, 2010............................................................................................. 24 Figura 03 Representação esquemática da vetorização magnética de fármacos. Fonte: CORCHERO; VILLAVERDE, 2009.................. 27 Figura 04 Esquema do sistema de captura magnética in vitro. Adaptado de Xu et al. (2005)........................................................................ 28 Figura 05 Esquema do sistema de captura magnética in vivo. Adaptado de Xu et al. (2005)........................................................................ 29 Figura 06 Estrutura do principal monômero da OCMQTS........................... Figura 07 Estrutura do principal monômero da OCMQTS-Bz...................... 33 Figura 08 Estrutura química da indometacina.............................................. 39 Figura 09 Esquema da síntese da OCMQTS a partir da quitosana............. 50 Figura 10 Esquema da síntese do derivado OCMQTS-Bz a partir da OCMQTS..................................................................................... 51 Figura 11 Mecanismo de reação da síntese da imina para a obtenção do derivado OCMQTS-Bz................................................................. 52 Figura 12 Mecanismo de redução da imina utilizando o NaBH4 como agente redutor.............................................................................. 52 Figura 13 Curva da titulação condutimétrica da OCMQTS. Massa de amostra: 50 mg, temperatura: 25 ºC, titulante: NaOH 0,100 mol L-1.......................................................................................... 54 Figura 14 Espectros no infravermelho da OCMQTS na forma ácida e do derivado OCMQTS-Bz................................................................. 55 Figura 15 Espectro de RMN 1H da OCMQTS em D2O/CD3COOD a temperatura ambiente.................................................................. 57 Figura 16 Espectro de RMN 1H do derivado OCMQTS-Bz em D2O/CD3COOD a temperatura ambiente..................................... 58 Figura 17 Partículas magnéticas inorgânicas dispersas em água (A) na ausência e (B) na presença de um campo magnético externo.... 60 Figura 18 Difratograma de raios-X do material magnético inorgânico (Fe3O4/!-Fe2O3)............................................................................ 63 Figura 19 Espectro no infravermelho do material magnético inorgânico (Fe3O4/!-Fe2O3)............................................................................ 64 33 Figura 20 Curvas (verde) TG e (azul) DSC do material magnético inorgânico (Fe3O4/!-Fe2O3).......................................................... 66 Figura 21 Micrografia eletrônica de varredura do material magnético Fe3O4/!-Fe2O3 em aumento de 500x........................................... 67 Figura 22 Curvas de magnetização de dois lotes de Fe3O4/!-Fe2O3 à temperatura ambiente. No detalhe, a expansão da parte central da curva....................................................................................... 69 Figura 23 Partículas magnéticas inorgânicas dispersas em água na (A) ausência e (B) na presença de um campo magnético externo em aumento de 40x..................................................................... 70 Figura 24 Espectros Mössbauer do material Fe3O4/!-Fe2O3 a (A) 77 K e (B) 300 K. As linhas coloridas representam as diferentes espécies presentes no material................................................... 72 Figura 25 Espectros no infravermelho das partículas magnéticas contendo polímero: (A) OC in situ, (B) OC-Bz in situ, (C) OC inc 1:1, (D) OC inc 2:1, (E) OC-Bz inc 1:1 e (F) OC-Bz inc 2:1......... 76 Figura 26 Curvas TG das partículas magnéticas: (verde) OC in situ, (vermelho) OC-Bz in situ, (azul escuro) OC inc 1:1, (ocre) OC inc 2:1, (roxo) OC-Bz inc 1:1 e (azul claro) OC-Bz inc 2:1........... 77 Figura 27 Curvas DSC das partículas magnéticas: (verde) OC in situ, (vermelho) OC-Bz in situ, (azul escuro) OC inc 1:1, (ocre) OC inc 2:1, (roxo) OC-Bz inc 1:1 e (azul claro) OC-Bz inc 2:1........... 79 Figura 28 Micrografias eletrônicas de varredura das partículas (A) OC in situ e (B) OC-Bz in situ em aumento de 500x.............................. 80 Figura 29 Micrografias eletrônicas de varredura das partículas (A) OC inc 1:1, (B) OC inc 2:1, (C) OC-Bz inc 1:1 e (D) OC-Bz inc 2:1 em aumento de 2000x........................................................................ 81 Figura 30 Curvas de magnetização dos materiais Fe3O4/!-Fe2O3, OC in situ e OC-Bz in situ à temperatura ambiente. No detalhe, a expansão da parte central da curva............................................. 82 Figura 31 Espectros Mössbauer da partícula OC in situ a (A) 77 K e (B) 300 K. As linhas coloridas representam as diferentes espécies presentes no material................................................................... 86 Figura 32 Espectros Mössbauer da partícula OC inc 1:1 a (A) 77 K e (B) 300 K. As linhas coloridas representam as diferentes espécies presentes no material................................................................... 87 Figura 33 Espectros no infravermelho dos materiais (A) Indometacina, (B) Fe3O4/!-Fe2O3/INDev, (C) OC in situ/INDev, (D) OC-Bz in situ/INDev, (E) OC inc 1:1/INDev, (F) OC inc 2:1/INDev, (G) OC-Bz inc 1:1/INDev e (H) OC-Bz inc 2:1/INDev......................... 94 Figura 34 Espectros no infravermelho dos materiais (A) OC 1:1/INDis, (B) OC-Bz 1:1/INDis e (C) OC-Bz 2:1/INDis...................................... 95 Figura 35 Curvas TG da indometacina e das partículas magnéticas contendo o fármaco incorporado pela metodologia de evaporação do solvente: (verde) Indometacina, (vermelho) Fe3O4/!-Fe2O3/INDev, (azul escuro) OC in situ/INDev, (ocre) OC-Bz in situ/INDev, (roxo) OC inc 1:1/INDev, (azul claro) OC inc 2:1/INDev, (bordô) OC-Bz inc 1:1/INDev e (preto) OC-Bz inc 2:1/INDev...................................................................................... 96 Figura 36 Curvas DSC da indometacina e das partículas magnéticas contendo o fármaco incorporado através da metodologia de evaporação do solvente: (verde) Indometacina, (vermelho) Fe3O4/!-Fe2O3/INDev, (azul escuro) OC in situ/INDev, (ocre) OC-Bz in situ/INDev, (roxo) OC inc 1:1/INDev, (azul claro) OC inc 2:1/INDev, (bordô) OC-Bz inc 1:1/INDev e (preto) OC-Bz inc 2:1/INDev. No detalhe, a curva DSC da mistura física de indometacina e Fe3O4/!-Fe2O3 (5,0%)......................................... 97 Figura 37 Curvas TG da indometacina e das partículas magnéticas contendo o fármaco incorporado através da metodologia de incorporação in situ: (verde) Indometacina, (vermelho) OC 1:1/INDis, (azul) OC-Bz 1:1/INDis e (ocre) OC-Bz 2:1/INDis....... 98 Figura 38 Curvas DSC da indometacina e das partículas magnéticas contendo o fármaco incorporado através da metodologia de incorporação in situ: (verde) Indometacina, (vermelho) OC 1:1/INDis, (azul) OC-Bz 1:1/INDis e (ocre) OC-Bz 2:1/INDis. No detalhe, a curva DSC da mistura física de indometacina e Fe3O4/!-Fe2O3 (5,0%)................................................................... 98 Figura 39 Micrografia eletrônica de varredura do material OC 1:1/INDis em aumento de 3000x.................................................................. 99 Figura 40 Micrografias eletrônicas de varredura dos materiais (A) OC-Bz 1:1/INDis e (B) OC-Bz 2:1/INDis em aumento de 3000x.............. 100 Figura 41 Micrografias eletrônicas de transmissão dos materiais (A) OCBz in situ/INDev e (B) OC-Bz inc 2:1/INDev. Os detalhes apresentam micrografias das partículas em aumento maior....... 101 Figura 42 Distribuição do tamanho de partícula das partículas (A) OC-Bz in situ/INDev e (B) OC-Bz inc 2:1/INDev determinada a partir das micrografias de TEM.............................................................. 102 Figura 43 Curvas de magnetização das partículas magnéticas Fe3O4/!Fe2O3 e OC-Bz inc 2:1 e dos materiais contendo indometacina OC-Bz inc 2:1/INDev e OC-Bz 2:1/INDis. A escala do eixo y à direita corresponde à partícula Fe3O4/!-Fe2O3 e à esquerda é referente aos outros materiais...................................................... 103 Figura 44 Espectros Mössbauer do material OC-Bz in situ/INDev a (A) 77 K e (B) 300 K. As linhas coloridas representam as diferentes espécies presentes no material.................................................... 105 Figura 45 Espectros Mössbauer do material OC-Bz inc 2:1/INDev a (A) 77 K e (B) 300 K. As linhas coloridas representam as diferentes espécies presentes no material.................................................... 106 Figura 46 Espectros Mössbauer do material OC-Bz 2:1/INDis a (A) 77 K e (B) 300 K. As linhas coloridas representam as diferentes espécies presentes no material.................................................... 107 Figura 47 Perfis de dissolução e liberação da indometacina em FCS pH 7,4 a 37 °C incorporada nas partículas magnéticas pela metodologia de evaporação do solvente. As linhas representam apenas a tendência do processo e as barras de erro representam o desvio padrão para a duplicata............................ 110 Figura 48 Perfis de liberação da indometacina em FCS pH 7,4 a 37 °C presente nas partículas magnéticas obtidas pela metodologia de incorporação in situ do fármaco. As linhas representam apenas a tendência do processo e as barras de erro representam o desvio padrão para a duplicata............................ 112 Figura 49 Modelos matemáticos aplicados para a liberação da indometacina em FCS pH 7,4 a 37 °C das partículas Fe3O4/!Fe2O3/INDev, OC-Bz inc 1:1/INDev, OC-Bz inc 2:1/INDev e OC-Bz in situ/INDev. (A) Ordem zero, (B) Primeira ordem, (C) Higuchi, (D) Hixson-Crowell e (E) Korsmeyer-Peppas não linear............................................................................................. 116 LISTA DE TABELAS Tabela 01 Parâmetros hiperfinos de espectroscopia Mössbauer do material Fe3O4/!-Fe2O3 a 77 e 300 K........................................... 73 Tabela 02 Partículas magnéticas sintetizadas de acordo com a metodologia e os polímeros empregados.................................... 74 Tabela 03 Teor de ferro nas partículas magnéticas utilizando o método espectrofotométrico da 1,10-fenantrolina..................................... 75 Tabela 04 Perda percentual de massa das partículas magnéticas através de TG........................................................................................... 78 Tabela 05 Parâmetros magnéticos obtidos a partir da curva de magnetização das partículas à temperatura ambiente................ 83 Tabela 06 Parâmetros hiperfinos de espectroscopia Mössbauer dos materiais OC in situ e OC inc 1:1 a 77 e 300 K........................... 88 Tabela 07 Partículas magnéticas contendo indometacina de acordo com a metodologia de incorporação do fármaco e proporção polímero:material inorgânico........................................................ 89 Tabela 08 Teor e eficiência de incorporação do fármaco nas partículas magnéticas obtidas pela incorporação da indometacina através da metodologia de evaporação do solvente................................ 90 Tabela 09 Teor e eficiência de incorporação do fármaco nas partículas magnéticas obtidas através da incorporação in situ da indometacina................................................................................ 92 Tabela 10 Parâmetros magnéticos obtidos a partir da curva de magnetização da OC-Bz inc 2:1 e dos materiais contendo indometacina OC-Bz inc 2:1/INDev e OC-Bz 2:1/INDis à temperatura ambiente.................................................................. 103 Tabela 11 Parâmetros hiperfinos de espectroscopia Mössbauer dos materiais OC-Bz in situ/INDev, OC-Bz inc 2:1/INDev e OC-Bz 2:1/INDis a 77 e 300 K................................................................. 108 Tabela 12 Constantes de liberação e coeficientes de correlação das equações matemáticas aplicadas na liberação da indometacina contida nas partículas magnéticas. Destacados em negrito estão os modelos que melhor se adequaram para cada material......................................................................................... 117 LISTA DE ABREVIATURAS AINEs: Anti-inflamatórios não esteroidais b: Liberação inicial abrupta do modelo de Korsmeyer-Peppas Bhf: Campo magnético hiperfino COX: Ciclo-oxigenase DSC: Calorimetria exploratória diferencial emu: unidade eletromagnética FCS: Fluido corporal simulado Fe3O4/!-Fe2O3: Material magnético inorgânico composto por uma mistura de magnetita e maguemita Fe3O4/!-Fe2O3/INDev: Material magnético inorgânico composto por uma mistura de magnetita e maguemita com a indometacina incorporada pela metodologia de evaporação do solvente K0: Constante de liberação de ordem zero K1: Constante de liberação de primeira ordem KH: Constante de liberação de Higuchi KHC: Constante de Hixson-Crowell l: Tempo de latência MEV: Microscopia eletrônica de varredura mPEG-PCL: Metiléter de polietilenoglicol-poli(!-caprolactona) n: Constante indicativo de mecanismo do modelo de Korsmeyer-Peppas OCMQTS: O-carboximetilquitosana OCMQTS-Bz: O-carboximetilquitosana-N-benzil OC in situ: Partículas magnéticas preparadas com O-carboximetilquitosana pela metodologia in situ OC in situ/INDev: Partículas magnéticas preparadas com O-carboximetilquitosana pela metodologia in situ e com a indometacina incorporada pela metodologia de evaporação do solvente OC inc 1:1: Partículas magnéticas preparadas com O-carboximetilquitosana pela metodologia de incorporação na proporção 1:1 (polímero:material magnético inorgânico) OC inc 1:1/INDev: Partículas magnéticas preparadas com O-carboximetilquitosana pela metodologia de incorporação na proporção 1:1 (polímero:material magnético inorgânico) e com a indometacina incorporada pela metodologia de evaporação do solvente OC inc 2:1: Partículas magnéticas preparadas com O-carboximetilquitosana pela metodologia de incorporação na proporção 2:1 (polímero:material magnético inorgânico) OC inc 2:1/INDev: Partículas magnéticas preparadas com O-carboximetilquitosana pela metodologia de incorporação na proporção 2:1 (polímero:material magnético inorgânico) e com a indometacina incorporada pela metodologia de evaporação do solvente OC 1:1/INDis: Partículas magnéticas preparadas com O-carboximetilquitosana e com o fármaco incorporado pela metodologia de incorporação in situ na proporção 1:1 (polímero:material magnético inorgânico) em única etapa OC-Bz in situ: Partículas magnéticas preparadas com O-carboximetilquitosana-Nbenzil pela metodologia in situ OC-Bz in situ/INDev: Partículas magnéticas preparadas com O- carboximetilquitosana-N-benzil pela metodologia in situ e com a indometacina incorporada pela metodologia de evaporação do solvente OC-Bz inc 1:1: Partículas magnéticas preparadas com O-carboximetilquitosana-Nbenzil pela metodologia de incorporação na proporção 1:1 (polímero:material magnético inorgânico) OC-Bz inc 1:1/INDev: Partículas magnéticas preparadas com O- carboximetilquitosana-N-benzil pela metodologia de incorporação na proporção 1:1 (polímero:material magnético inorgânico) e com a indometacina incorporada pela metodologia de evaporação do solvente OC-Bz inc 2:1: Partículas magnéticas preparadas com O-carboximetilquitosana-Nbenzil pela metodologia de incorporação na proporção 2:1 (polímero:material magnético inorgânico) OC-Bz inc 2:1/INDev: Partículas magnéticas preparadas com O- carboximetilquitosana-N-benzil pela metodologia de incorporação na proporção 2:1 (polímero:material magnético inorgânico) e com a indometacina incorporada pela metodologia de evaporação do solvente OC-Bz 1:1/INDis: Partículas magnéticas preparadas com O-carboximetilquitosanaN-benzil e com o fármaco incorporado pela metodologia de incorporação in situ na proporção 1:1 (polímero:material magnético inorgânico) em única etapa OC-Bz 2:1/INDis: Partículas magnéticas preparadas com O-carboximetilquitosanaN-benzil e com o fármaco incorporado pela metodologia de incorporação in situ na proporção 2:1 (polímero:material magnético inorgânico) em única etapa PEG: Polietilenoglicol PLGA: Copolímero de ácido láctico e glicólico Q0: Quantidade de fármaco liberada no tempo zero Qinf: Quantidade de fármaco liberada no tempo infinito Qt: Quantidade de fármaco liberada no tempo t TEM: Microscopia eletrônica de transmissão TG: Termogravimetria RMN 1H: Ressonância magnética nuclear de 1H XRD: Difração de raios-X ": Deslocamento isomérico #: Desdobramento quadrupolar !: Constante do modelo de Korsmeyer-Peppas SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 18 2 OBJETIVOS..................................................................................................... 20 2.1 Objetivo Geral............................................................................................... 20 2.2 Objetivos Específicos................................................................................. 20 3 REVISÃO DA LITERATURA...................................................................... 21 3.1 Nanopartículas magnéticas....................................................................... 21 3.2 Partículas magnéticas na liberação de fármacos................................ 26 3.3 Partículas magnéticas de quitosana e derivados................................. 32 3.4 Indometacina................................................................................................ 39 4 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................. 41 4.1 Síntese dos polímeros................................................................................ 41 4.1.1 Síntese da OCMQTS................................................................................... 41 4.1.2 Síntese da OCMQTS-Bz............................................................................... 41 4.2 Caracterização da OCMQTS e OCMQTS-Bz........................................... 42 4.2.1 Grau de carboximetilação........................................................................... 42 4.2.2 Ressonância magnética nuclear de 1H...................................................... 42 4.3 Preparação das partículas magnéticas.................................................. 43 4.3.1 Preparação do material magnético inorgânico (Fe3O4/! -Fe2O3).............. 43 4.3.2 Metodologia de formação das partículas magnéticas in situ.................. 43 4.3.3 Metodologia de obtenção das nanopartículas magnéticas por incorporação......................................................................................................... 44 4.4 Incorporação da indometacina nas partículas magnéticas............... 44 4.4.1 Metodologia de evaporação do solvente................................................... 44 4.4.2 Metodologia de incorporação in situ do fármaco por reticulação do polímero................................................................................................................. 44 4.5 Caracterização dos materiais preparados............................................. 45 4.5.1 Difração de raios-X (XRD)........................................................................... 45 4.5.2 Teor de ferro................................................................................................. 45 4.5.3 Espectroscopia no infravermelho.............................................................. 46 4.5.4 Análise térmica............................................................................................. 46 4.5.5 Análise morfológica..................................................................................... 46 4.5.6 Comportamento magnético........................................................................ 47 4.5.7 Espectroscopia Mössbauer........................................................................ 47 4.5.8 Teor e eficiência de incorporação.............................................................. 47 4.6 Liberação in vitro......................................................................................... 48 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................. 50 5.1 Síntese dos polímeros................................................................................ 50 5.2 Caracterização da OCMQTS e OCMQTS-Bz........................................... 53 5.2.1 Grau de carboximetilação........................................................................... 53 5.2.2 Espectroscopia no infravermelho.............................................................. 54 5.2.3 Ressonância magnética nuclear de 1H...................................................... 56 5.3 Preparação e caracterização do material magnético inorgânico..... 59 5.3.1 Síntese do material magnético inorgânico................................................ 59 5.3.2 Difração de raios-X (XRD)........................................................................... 62 5.3.3 Espectroscopia no infravermelho.............................................................. 64 5.3.4 Análise térmica............................................................................................. 65 5.3.5 Análise morfológica..................................................................................... 66 5.3.6 Comportamento magnético........................................................................ 67 5.3.7 Espectroscopia Mössbauer........................................................................ 70 5.4 Preparação das partículas magnéticas contendo polímero.............. 73 5.5 Caracterização das partículas magnéticas contendo polímero........ 75 5.5.1 Teor de ferro................................................................................................. 75 5.5.2 Espectroscopia no infravermelho.............................................................. 76 5.5.3 Análise térmica............................................................................................. 77 5.5.4 Análise morfológica..................................................................................... 79 5.5.5 Comportamento magnético........................................................................ 81 5.5.6 Espectroscopia Mössbauer........................................................................ 85 5.6 Incorporação da indometacina e caracterização das partículas contendo o fármaco........................................................................................... 89 5.6.1 Teor e eficiência de incorporação.............................................................. 89 5.6.2 Espectroscopia no infravermelho.............................................................. 93 5.6.3 Análise térmica............................................................................................. 96 5.6.4 Análise morfológica..................................................................................... 99 5.6.5 Comportamento magnético........................................................................ 102 5.6.6 Espectroscopia Mössbauer........................................................................ 104 5.7 Liberação in vitro......................................................................................... 109 5.8 Modelos cinéticos de liberação................................................................ 113 6 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS......................................................... 120 REFERÊNCIAS.................................................................................................. 122 APÊNDICE A – AGRADECIMENTOS E PRODUÇÃO CIENTÍFICA... 134 18 1 INTRODUÇÃO Nanopartículas magnéticas são estruturas amorfas ou semicristalinas com ao menos uma dimensão entre 10 e 100 nm. Algumas de suas características, como uniformidade de tamanho, área superficial, cinética de adsorção, biocompatibilidade e superparamagnetismo podem ser alteradas de acordo com o processo de síntese, permitindo que elas sejam preparadas conforme a aplicação desejada (CORCHERO; VILLAVERDE, 2009). As partículas magnéticas dispersíveis em água têm sido utilizadas amplamente em diferentes processos biotecnológicos, como agentes de contraste em ressonância magnética de imagem (TSAI et al., 2010), na separação magnética para purificação de proteínas (CHIANG; CHEN; CHANG, 2008) e células (MAXWELL et al., 2008), no tratamento de tumores através de técnicas de hipertermia induzida magneticamente (ZHAO et al., 2009; PURUSHOTHAM; RAMANUJAN, 2010) e para a vetorização de fármacos (ZÁVI"OVÁ et al., 2009; HUA et al., 2010; LIANG et al., 2010). Muitos materiais que apresentam importante comportamento magnético contêm componentes tóxicos, como cobalto e níquel, sendo susceptíveis à oxidação e consequentemente limitando suas aplicações biomédicas. No entanto, a magnetita (Fe3O4) e a maguemita (!-Fe2O3) são adequadas para aplicações in vivo devido à sua alta biocompatibilidade, não causando estresse oxidativo nem alterações em enzimas hepáticas em modelos animais (JAIN et al., 2008; CORCHERO; VILLAVERDE, 2009). Os estudos de partículas magnéticas para a liberação de fármacos via intravenosa têm procurado desenvolver nanopartículas biocompatíveis com células e tecidos, com uma alta capacidade de encapsulação do ativo, estabilidade em soluções aquosas, perfis de liberação adequados para a aplicação desejada e cujas propriedades magnéticas se mantenham após o revestimento polimérico (ZHANG; SRIVASTAVA; MISRA, 2007; WILSON et al., 2009; ZÁVI"OVÁ et al., 2009). Além disso, para a vetorização magnética de fármacos é favorável que as partículas não excedam 100 nm incluindo o revestimento e apresentem características hidrofílicas a 19 fim de evitar uma rápida remoção pelo sistema reticuloendotelial, permanecendo mais tempo na circulação sanguínea (SHUBAYEV; PISANIC II; JIN, 2009). A quitosana e seus derivados têm se mostrado bons candidatos para o preparo de partículas magnéticas por suas características biocompatíveis e biodegradáveis, possibilitando a aplicação dessas partículas na área farmacêutica, médica, biotecnológica, entre outras (WILSON et al., 2009; KIM et al., 2009). A utilização de polímeros anfifílicos para o preparo de nanopartículas magnéticas empregadas na vetorização de fármacos hidrofóbicos é importante para que se obtenha uma boa eficiência de incorporação decorrente da interação entre os grupos hidrofóbicos do polímero e do fármaco, enquanto a porção hidrofílica permite a dispersibilidade das partículas em fluidos aquosos, evitando a agregação das mesmas. Em trabalhos recentes desenvolvidos pelos pesquisadores do Núcleo de Investigações Químico-Farmacêuticas (NIQFAR) da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), o derivado anfifílico O-carboximetilquitosana-N-benzil não apresentou citotoxicidade quando testado em células L929. Portanto, este polímero pode ser uma opção adequada para o preparo de nanopartículas magnéticas para aplicações biomédicas (ROSA, 2008). Dessa forma, o trabalho tem como objetivo a obtenção e caracterização de nanopartículas magnéticas de óxidos de ferro e derivados da quitosana para aplicação na hipertermia induzida magneticamente e na vetorização de fármacos. As partículas foram obtidas através de metodologias de formação dos óxidos de ferro in situ com os polímeros e por incorporação posterior do polímero ao material magnético inorgânico. A indometacina foi empregada como fármaco modelo devido à sua característica hidrofóbica, comum à maioria dos agentes antitumorais, além de ter demonstrado atividade quimiopreventiva contra células tumorais (OU et al., 2007; QIN et al., 2009; ORIDO et al., 2010). 20 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Sintetizar e caracterizar nanopartículas magnéticas de óxidos de ferro e derivados da quitosana para aplicação no tratamento de células tumorais por hipertermia induzida magneticamente e na liberação vetorizada de fármacos. 2.2 Objetivos Específicos - Sintetizar os derivados da quitosana O-carboximetilquitosana (OCMQTS) e O-carboximetilquitosana-N-benzil (OCMQTS-Bz) e caracterizar os polímeros através de titulação condutimétrica, espectroscopia no infravermelho e ressonância magnética nuclear de 1H (RMN 1H). - Sintetizar nanopartículas magnéticas de magnetita (Fe3O4) e maguemita (!Fe2O3) com os polímeros OCMQTS e OCMQTS-Bz através das metodologias de formação das partículas in situ e por incorporação. - Incorporar a indometacina nas partículas magnéticas através das metodologias de evaporação do solvente e incorporação in situ do fármaco. - Caracterizar os materiais obtidos através de quantificação de ferro, difração de raios-X (XRD), espectroscopia no infravermelho, termogravimetria (TG), calorimetria exploratória diferencial (DSC), microscopia eletrônica de varredura (MEV), microscopia eletrônica de transmissão (TEM), comportamento magnético e espectroscopia Mössbauer. - Determinar o perfil de liberação in vitro da indometacina a partir das nanopartículas magnéticas em fluido corporal simulado (FCS). - Aplicar modelos matemáticos a partir dos dados de liberação in vitro para determinação do mecanismo de liberação da indometacina a partir das nanopartículas magnéticas. 21 3 REVISÃO DA LITERATURA 3.1 Nanopartículas magnéticas As nanopartículas magnéticas (partículas magnéticas com ao menos uma dimensão entre 10 e 100 nm) têm sido objeto de diversos estudos para diferentes aplicações tecnológicas, inclusive na área biomédica, podendo ter determinadas características como tamanho, área superficial, biocompatibilidade e propriedades magnéticas moduladas de forma que sejam adequadas para as aplicações a que se destinam. Suas propriedades magnéticas permitem o controle da sua posição em um determinado meio através do posicionamento de um campo magnético externo, possibilitando diferentes aplicações, como na terapia antitumoral, através das técnicas de hipertermia induzida magneticamente e liberação vetorizada de agentes terapêuticos, em que há um acúmulo do material magnético numa determinada região (CORCHERO; VILLAVERDE, 2009; BHARALI; MOUSA, 2010). A Figura 01 representa esquematicamente uma nanopartícula magnética multifuncional, com o núcleo magnético revestido por cadeias poliméricas, contendo possíveis agentes de vetorização (peptídeos), de imagem (fluoróforos, componentes radioativos e o próprio núcleo magnético) e terapêuticos (genes, substâncias radioativas e fármacos). 22 Figura 01: Representação esquemática de nanopartículas magnéticas multifuncionais com revestimento polimérico e possíveis modificadores superficiais. Fonte: VEISEH; GUNN; ZHANG, 2010. Em relação à classificação dos materiais quanto às suas propriedades magnéticas, os principais são os diamagnéticos, ferromagnéticos, paramagnéticos e superparamagnéticos. Nos materiais diamagnéticos, o momento magnético total de todos os spins atômicos é zero quando não se aplica um campo magnético. Entretanto estes materiais possuem efeitos magnéticos, pois há alteração do movimento dos elétrons dos átomos por um campo magnético externo, resultando na geração de spins de corrente adicionais e dipolos magnéticos induzidos. Dessa forma, uma corrente é induzida no sentido oposto ao do campo magnético aplicado. Seus valores de susceptibilidade magnética são negativos e praticamente independentes da temperatura (BUSCHOW; BOER, 2004; YOUNG; FREEDMAN, 2004). 23 Os materiais ferromagnéticos apresentam fortes interações entre os momentos magnéticos atômicos, com a produção de um alinhamento interno em certas regiões, os chamados domínios magnéticos, que existem mesmo na ausência de um campo magnético externo. Sem um campo magnético externo, as magnetizações dos domínios são orientadas ao acaso e quando há um campo magnético aplicado, os domínios tendem a se orientar paralelamente ao campo. Com o aumento progressivo do campo magnético, atinge-se um ponto para o qual todos os momentos magnéticos desses materiais estão alinhados com o campo externo, situação chamada de magnetização de saturação. Após esse ponto, um aumento do campo magnético externo não promove mais nenhum aumento da magnetização. Nesses materiais, a relação entre a magnetização e o campo magnético externo quando o campo aumenta pode ser diferente de quando diminui, com os materiais mantendo grande parte da sua magnetização após a remoção do campo externo, de forma que para haver remoção completa da magnetização é necessário aplicar um campo magnético em sentido contrário. Esse comportamento é chamado de histerese magnética e a curva da Figura 02 é conhecida como ciclo de histerese. H é o campo magnético aplicado e B é a magnetização do material (YOUNG; FREEDMAN, 2004). Na curva de histerese (Figura 02), um campo magnético é aplicado e é medida a magnetização do material. O ponto em que o aumento da intensidade do campo magnético não promove aumento da magnetização do material é conhecido como magnetização de saturação. O campo é então removido e o valor de magnetização que permanece após a remoção do campo é a magnetização remanescente. Para fechar o ciclo de histerese, aplica-se um campo magnético no sentido inverso, sendo que o campo contrário necessário para que a magnetização do material volte a ser nula é conhecido como coercividade (ALPHAMAG, 2010). 24 Figura 02: Curva de histerese magnética. Fonte: ALPHAMAG, 2010. Nanopartículas magnéticas de óxidos de ferro, como a magnetita (Fe3O4) e a maguemita (!-Fe2O3) têm a tendência de apresentar propriedades paramagnéticas ou mais frequentemente superparamagnéticas. O comportamento paramagnético é caracterizado pela fraca atração que um material sofre por campos magnéticos. Quando esses materiais são submetidos a um campo magnético, este exerce um torque sobre cada momento magnético, com tendência a alinhar esses momentos com o campo aplicado, resultando numa pequena magnetização (YOUNG; FREEDMAN, 2004). Os materiais superparamagnéticos são atraídos por um campo magnético externo, porém não retêm o magnetismo quando o campo magnético é removido, diferindo dos outros materiais magnéticos por não permanecerem agregados após a remoção do campo (BERRY; CURTIS, 2003). Em decorrência deste comportamento, não apresentam ciclo de histerese. O tamanho das partículas magnéticas é fundamental para determinar o seu comportamento magnético. Partículas pequenas se comportam como domínio único, com os grupos de spins posicionados na mesma direção e atuando cooperativamente. Por outro lado, partículas maiores demonstram comportamento de multidomínio, que consiste em vários domínios únicos separados por paredes de domínio, apresentando características ferromagnéticas (PHILIPPOVA et al., 2011). 25 As partículas de óxidos de ferro com comportamento superparamagnético têm se mostrado adequadas para aplicações in vivo, pois são biocompatíveis, sendo que o ferro em excesso é eliminado do organismo de forma eficiente, não causando estresse oxidativo nem alterações importantes nos níveis de enzimas hepáticas em ratos (JAIN et al., 2008; KUNZMANN et al., 2011). Para aplicação biomédica as nanopartículas magnéticas precisam apresentar algumas características importantes, como valores de susceptibilidade magnética suficientemente altos, estabilidade química em condições fisiológicas e reduzida toxicidade, além de facilidade de síntese e baixo custo para que seu preparo e utilização sejam economicamente viáveis (FIGUEROLA et al., 2010). As nanopartículas magnéticas empregadas em aplicações biomédicas geralmente apresentam duas configurações estruturais distintas: (a) um núcleo magnético inorgânico composto de óxidos de ferro (comumente magnetita, maguemita ou uma mistura dos dois) revestido por um polímero biocompatível ou (b) um polímero contendo o material magnético inorgânico precipitado nos seus poros. O revestimento das partículas apresenta a função de proteger o material do ambiente circundante, podendo também ser funcionalizado com grupos carboxílicos, biotina, avidina, carbodi-imida, entre outros. Estes grupos podem servir de ponto de ligação para fármacos, anticorpos ou genes ou mesmo aumentar sua solubilidade em fluidos aquosos ou a afinidade das partículas pelo órgão alvo ou por determinado tipo celular no caso de adsorção de células (MAHMOUDI et al., 2011; OH; PARK, 2011). Zhao, Qiu e Huang (2008) estudaram a interferência de diferentes parâmetros nas características de partículas magnéticas para vetorização de fármacos sintetizadas pelo método de coprecipitação de Fe3+ e Fe2+ em meio básico na presença de um agente emulsificante. A caracterização das partículas foi realizada por microscopia de transmissão eletrônica (forma e tamanho), cristalografia (estrutura do cristal), espalhamento de luz dinâmico (distribuição do tamanho de partícula), densidade magnética e resposta magnética. Os parâmetros estudados foram o efeito do agente alcalinizante (NaOH e NH4OH), e do agente emulsificante (Span$-80, Tween$-80 e PEG-4000), velocidade do gotejamento da solução alcalinizante (6 a 8, 18 a 20 e 55 a 60 gotas por minuto), concentração de Fe3+ e 26 Fe2+ (0,010 a 0,030 mol L-1), temperatura da reação (30, 40, 50, 60 e 70 °C) e quantidade de agente emulsificante (0,5; 1,0; 1,5; 2,0 e 2,5 g de PEG-4000). Os resultados mostraram que as partículas preparadas com NH4OH apresentaram diâmetro médio menor (11,6 nm) quando comparadas às obtidas com NaOH como agente alcalinizante (24,3 nm), provavelmente pela liberação mais lenta dos íons OH- do NH4OH, o que permite a obtenção de partículas menores. O emulsificante foi utilizado para impedir a agregação das partículas, sendo que o melhor resultado foi obtido com o PEG-4000, facilmente isolado após o preparo das partículas. A velocidade de gotejamento da solução alcalinizante também se mostrou como um parâmetro importante, sendo que uma menor velocidade permite a formação de partículas com tamanho mais homogêneo. Em relação à concentração de Fe3+ e Fe2+, verificou-se que o aumento da concentração promove um aumento do diâmetro das partículas, sem grande diferença na resposta magnética. A temperatura ideal encontrada foi 50 °C, considerando o diâmetro médio obtido e a resposta magnética. Por fim, observou-se que a quantidade de agente emulsificante também exerce influência no diâmetro médio das partículas obtidas (ZHAO; QIU; HUANG, 2008). 3.2 Partículas magnéticas na liberação de fármacos A vetorização de fármacos tem sido objeto de pesquisa frequente na área farmacêutica com o objetivo de potencializar seus efeitos terapêuticos e/ou reduzir sua toxicidade. A terapia antitumoral convencional é realizada com fármacos que apresentam alta toxicidade decorrente da distribuição indiscriminada do fármaco no organismo, atuando tanto nas células tumorais quanto nas saudáveis. Além disso, estes fármacos apresentam baixa solubilidade em água, sendo necessária a utilização de solventes e tensoativos para sua administração (PARK et al., 2010). Diferentes estratégias têm sido propostas para promover a liberação de agentes terapêuticos, como liberação pH dependente (ZHANG et al., 2009) e sistemas de liberação como nanopartículas inorgânicas, materiais poliméricos naturais e sintéticos, lipossomas, nanocristais, nanotubos, dendrímeros, entre outros (FARAJI; WIPF, 2009; BHARALI; MOUSA, 2010). Dentre os polímeros de origem 27 natural, a quitosana e seus derivados têm sido frequentemente aplicados em sistemas para a vetorização de fármacos (PARK et al., 2010). Uma das formas de vetorização é através de sistemas magnéticos contendo a substância ativa na sua superfície ou encapsulada, representados esquematicamente na Figura 03. Os carreadores magnéticos contendo o fármaco são administrados via intravenosa e vetorizados para a área desejada com o auxílio de um campo magnético externo. O fármaco presente nos sistemas é então liberado diretamente no local afetado, sendo que a eficiência do carreador depende de vários parâmetros, como as propriedades magnéticas dos sistemas, a intensidade do campo magnético externo, o fluxo sanguíneo local e as características químicas dos carreadores (PARK et al., 2010). Desse modo, buscam-se diferentes estruturas que mantenham suas propriedades magnéticas após a incorporação do fármaco e apresentem mecanismo de liberação adequado para a vetorização e liberação modificada do ativo (GUPTA; GUPTA, 2005). Figura 03: Representação esquemática da vetorização magnética de fármacos. Fonte: CORCHERO; VILLAVERDE, 2009. As propriedades superficiais das partículas magnéticas são fundamentais para a vetorização adequada do fármaco. Partículas hidrofóbicas e com cargas apresentam tempos curtos de circulação no organismo em decorrência da sua agregação e da adsorção a proteínas plasmáticas, processo conhecido como 28 opsonização, facilitando seu reconhecimento pelo sistema reticuloendotelial e promovendo a remoção das partículas da circulação sanguínea. Além disso, partículas carregadas positivamente podem se ligar a células que não as célulasalvo com maior facilidade (VEISEH; GUNN; ZHANG, 2010). Além das propriedades superficiais, o tamanho das partículas magnéticas também pode determinar o seu tempo de circulação no organismo. Partículas muito pequenas, com diâmetro médio menor que 10 nm, são rapidamente removidas da circulação sanguínea por extravasamento e clearance renal, enquanto que partículas com diâmetro maior que 200 nm são facilmente capturadas pelo baço e removidas pelas células do sistema fagocitário. Dessa forma, o diâmetro ideal para partículas magnéticas utilizadas na liberação vetorizada e na hipertermia induzida magneticamente situa-se entre 10 e 100 nm (PHILIPPOVA et al., 2011). Outro estudo de liberação magneticamente direcionada de fármacos foi realizado por Xu e colaboradores (2005), com um sistema para avaliação do direcionamento magnético das partículas in vitro e in vivo. No estudo in vitro (Figura 04), simulando a circulação humana, a captura das partículas foi influenciada pela velocidade de fluxo do ferrofluido e intensidade do campo magnético. Figura 04: Esquema do sistema de captura magnética in vitro. Adaptado de Xu et al. (2005). O estudo in vivo foi realizado em ratos, com um magneto permanente no formato de uma pirâmide em um dos lados a fim de reduzir a área alvo e permitir um direcionamento mais eficiente (Figura 05). Após a injeção dos ferrofluidos, os 29 animais foram posicionados no magneto de forma a direcionar as partículas para o rim, o órgão alvo (XU et al., 2005). Figura 05: Esquema do sistema de captura magnética in vivo. Adaptado de Xu et al. (2005). As imagens de ressonância mostraram que, quando aplicado o campo magnético, parte das partículas foi para o rim, porém, não a quantidade esperada. Muitas partículas foram fagocitadas pelo sistema reticuloendotelial e permaneceram no fígado. Os pesquisadores atribuíram tal fato ao uso de partículas não revestidas, sugerindo que o revestimento das partículas impediria ou retardaria em parte esse processo fagocítico, permitindo uma concentração maior de partículas no órgão alvo (XU et al., 2005). Com o objetivo de estudar o comportamento de partículas magnéticas para a liberação vetorizada de fármacos a partir de um implante, Avilés, Ebner e Ritter (2008) desenvolveram um sistema de captura magnética experimental in vitro para simular as condições fisiológicas. Este sistema consiste em um cilindro polimérico poroso contendo as partículas magnéticas, dois magnetos permanentes localizados acima e abaixo do cilindro, uma seringa para suprir a suspensão de partículas contidas no cilindro, um tubo de fluxo com o polímero poroso encapsulado no seu interior, uma bomba para controlar o fluxo através da matriz polimérica e um recipiente coletor da suspensão no fim do sistema, semelhante ao apresentado na 30 Figura 04. O campo magnético aplicado foi variado pela alteração da distância entre os dois magnetos permanentes para estudar a influência da sua variação na captura magnética. Além disso, foram estudadas outras variáveis, como a velocidade de fluxo, o conteúdo de Fe3O4 e a concentração de partículas. Conforme esperado, o aumento do fluxo diminuiu a captura, enquanto uma concentração maior de partículas e um conteúdo maior de Fe3O4 aumentaram a eficiência da captura. A diminuição da intensidade do campo magnético externo reduziu a captura, porém esta ainda foi significativa mesmo na menor intensidade estudada (38,0 T). Gaihre e colaboradores (2009) sintetizaram partículas magnéticas de óxido de ferro e as revestiram com gelatina para a aplicação como sistema de liberação do fármaco antitumoral doxorrubicina, utilizado no tratamento de leucemias e linfomas. Para a incorporação do fármaco foram empregados os métodos de adsorção direta nas partículas prontas e de encapsulação por reticulação, sendo que este método apresentou maior capacidade de incorporação. Além disso, a liberação do fármaco mostrou-se pH dependente, com uma liberação consideravelmente maior em pH ácido (4,0) do que em pH próximo à neutralidade (7,4). Fluidos magnéticos contendo partículas modificadas com polietilenoglicol e copolímero de ácido láctico e glicólico (PLGA) foram preparados para aplicação na encapsulação do paclitaxel, outro fármaco antitumoral. Além disso, avaliou-se a liberação do fármaco e a toxicidade in vivo. O estudo mostrou que os sistemas apresentaram estabilidade, propriedades de superparamagnetismo e DL50 cerca de três vezes mais alta que o paclitaxel puro (ZÁVI"OVÁ et al., 2009). O paclitaxel também foi incorporado em nanopartículas magnéticas de um derivado da polianilina para a terapia de carcinoma prostático. O sistema promoveu aumento do tempo de meia vida do fármaco, reduzindo a dose necessária para sua atividade em ensaios in vitro utilizando células de carcinoma prostático PC3 e CWR22R (HUA et al., 2010). Purushotham e Ramanujan (2010) prepararam e caracterizaram partículas de Fe3O4 revestidas com poli-n-isopropilacrilamida para aplicá-las tanto para hipertermia induzida magneticamente quanto para a liberação vetorizada de doxorrubicina. Além da caracterização das partículas obtidas, foram estudados o comportamento de aquecimento in vitro pela aplicação de um campo magnético alternado, a liberação da doxorrubicina incorporada nas partículas sem e com um 31 campo magnético alternado, bem como a influência da temperatura na liberação do fármaco. As partículas apresentaram liberação dependente da temperatura, sendo que uma exposição inicial de uma hora a 37 °C resultou na liberação de 35,5% do fármaco, o aumento da temperatura para 43 °C por uma hora promoveu a liberação de 48,5% do mesmo e ao diminuir a temperatura para 24 °C por duas horas a liberação caiu drasticamente. Os estudos de hipertermia in vitro mostraram que o ferrofluido contendo 1 mg mL-1 das partículas incorporadas, quando aplicado um campo magnético alternado de 4 kA m-1, atingiu 41 °C em quatro minutos, com a possibilidade de manter a temperatura entre 41 e 47 °C por uma hora, período relevante para a aplicação clínica. Dessa forma, as partículas desenvolvidas têm potencial aplicação para a hipertermia induzida magneticamente e simultânea liberação do fármaco, resultando num tratamento multimodal para o câncer. Como a maioria dos fármacos antitumorais apresentam características hidrofóbicas, alguns estudos são realizados empregando fármacos poucos solúveis mais acessíveis como modelo. A indometacina, por exemplo, tem sido empregada com essa finalidade em trabalhos envolvendo nanopartículas magnéticas para a vetorização de fármacos (ZÁVI"OVÁ et al., 2007; RUTNAKORNPITUK et al., 2009). Timko e colaboradores (2006) prepararam nanopartículas magnéticas de ácido poliláctico contendo indometacina como fármaco modelo para a liberação vetorizada através da técnica de nanoprecipitação. Também foram preparadas partículas magnéticas revestidas com o polímero poli(D,L-lactídeo) e a indometacina foi incorporada a esse sistema. Foi estudada a influência do pH na incorporação do fármaco e sua liberação in vitro, obtendo-se partículas de diâmetro aproximado de 250 nm e liberação de 70% da indometacina nas primeiras cinco horas (ZÁVI"OVÁ et al., 2007). Kang e colaboradores (2008) também utilizaram a indometacina incorporada em micropartículas magnéticas como modelo de fármaco hidrofóbico. Foram preparadas partículas magnéticas com ácido poliláctico e PLGA através de uma técnica envolvendo dióxido de carbono supercrítico. As micropartículas, com 2,35 µm de diâmetro médio, apresentaram superfície lisa e promoveram uma liberação do fármaco controlada por difusão. 32 Outro estudo que utilizou a indometacina para incorporação em nanopartículas magnéticas foi realizado por Guo e colaboradores (2010). Foram preparadas nanopartículas magnéticas com diferentes combinações de copolímeros em bloco. Estudos de liberação in vitro demonstraram que a liberação da indometacina destes sistemas foi pH dependente, com maiores quantidades percentuais de fármaco liberado em valores mais baixos de pH. Estes pesquisadores incorporaram também o fármaco antitumoral clorambucil nestas mesmas nanopartículas e verificaram semelhança no comportamento desses sistemas quando comparados àqueles em que a indometacina foi utilizada como fármaco modelo. 3.3 Partículas magnéticas de óxidos de ferro contendo quitosana e derivados A quitosana, obtida através da desacetilação da quitina, é um biopolímero que tem sido frequentemente utilizado na área biomédica por suas características biocompatíveis e biodegradáveis, podendo ser encontrado com diferentes valores de massa molar média e graus de desacetilação. Por possuir grupos reativos, como amino e hidroxila, vários derivados da quitosana com diferentes propriedades químicas e biológicas têm sido sintetizados e caracterizados (LE TIEN et al., 2003; GUO et al., 2005; DEBRASSI, 2008). A OCMQTS (Figura 06) é um derivado da quitosana solúvel em água no qual o grupamento o-hidroxila é substituído por um grupamento carboximetil através da formação de uma ligação éter, conferindo ao polímero solubilidade tanto em pH ácido quanto básico (ZHU et al., 2005). Sua segurança foi analisada por Ramesh, Viswanatha e Tharanathan (2004) em ratos albinos através da avaliação de alterações no peso corporal, peso dos órgãos vitais, parâmetros histopatológicos e hematológicos, não demonstrando alterações significativas nas características estudadas e sendo considerado biocompatível. 33 Figura 06: Estrutura do principal monômero da OCMQTS. Um derivado da OCMQTS estudado para aplicações farmacêuticas é a OCMQTS-Bz (Figura 07), no qual há a inserção de um grupamento benzil no nitrogênio do monômero de OCMQTS, conferindo ao polímero características anfifílicas. Figura 07: Estrutura do principal monômero da OCMQTS-Bz. Este derivado tem sido utilizado como auxiliar na dissolução de compostos bioativos pouco solúveis, no preparo de esponjas para liberação de insulina e de filmes poliméricos para aplicações farmacêuticas e em alimentos, por exemplo (DEBRASSI, 2008; ROSA, 2008; BRESSAN, 2009; SANTOS, 2010). As nanopartículas polissacarídeos naturais magnéticas têm sido preparadas amplamente com quitosana utilizadas em e outros aplicações biotecnológicas principalmente por suas características biocompatíveis e atóxicas (DIAS et al., 2011). Dentre as aplicações das nanopartículas magnéticas, pode-se citar seu uso como agente de contraste na ressonância magnética de imagem. Kim e colaboradores (2005) prepararam ferrofluidos contendo nanopartículas revestidas com ácido oleico em dispersões de quitosana. Estes ferrofluidos apresentaram boa estabilidade e contrastes de ressonância magnética de imagem similares aos do Resovist®, um produto para esta finalidade utilizado clinicamente. 34 Foi também preparado um ferrofluido de partículas magnéticas através do revestimento in situ do óxido de ferro com a quitosana submetida à radiação gama numa tentativa de aumentar o conteúdo de Fe3O4. Verificou-se que a metodologia empregada pode aumentar o revestimento das nanopartículas magnéticas com quitosana, obtendo-se um ferrofluido com um alto conteúdo de Fe3O4, o qual apresenta um potencial uso como contraste na ressonância magnética de imagem (TSAI et al., 2010). Outra aplicação dessas nanopartículas é na separação de células e macromoléculas, como proteínas. Wang e colaboradores (2008) prepararam nanopartículas magnéticas com quitosana para essa aplicação e foi avaliada a influência do pH no processo de adsorção, as propriedades cinéticas e a capacidade de adsorção da albumina sérica bovina pelas nanopartículas. O estudo demonstrou boa adsorção da proteína, com o equilíbrio atingido em 10 minutos, sendo um processo bastante rápido. Partículas magnéticas de quitosana e derivados também são empregadas em biocatálise. Li e colaboradores (2008a) realizaram um estudo de adsorção da enzima mandelato desidrogenase do Saccharomyces cerevisiae por partículas magnéticas contendo quitosana, utilizadas posteriormente na síntese do ácido (R)mandélico, precursor de alguns fármacos, com manutenção da atividade catalítica da enzima em 48,8%. Foi também estudada a imobilização da enzima %-D-galactosidase do Aspergillus oryzae com nanopartículas magnéticas de Fe3O4 e quitosana. A enzima foi imobilizada nas partículas com glutaraldeído e apresentou atividade igual ou superior à da enzima livre em uma faixa ampla de temperatura e pH, bem como boa estabilidade e capacidade de reutilização (PAN et al., 2009). Outra aplicação das partículas magnéticas é na produção de biossensores. Zheng e colaboradores (2009) prepararam e caracterizaram filmes contendo partículas magnéticas de Fe3O4 e quitosana com hemoglobina imobilizada para a fabricação de um biossensor de H2O2, verificando que a imobilização da proteína não altera sua estrutura secundária. A atividade catalítica do eletrodo revestido com o filme foi analisada por voltametria cíclica e verificou-se que o filme pode gerar um 35 microambiente favorável para reações de oxirredução por promover reações de transferência de elétrons, tendo potencial aplicação em biossensores e biocatálise. Kaushik e colaboradores (2008) sintetizaram nanopartículas magnéticas com quitosana para o preparo de um filme contendo glicose oxidase imobilizada através de interações eletrostáticas e posteriormente aplicaram em um biossensor de glicose. A enzima imobilizada apresentou excelente atividade catalítica da glicose e as nanopartículas de Fe3O4 melhoraram a transferência de elétrons entre a glicose e a superfície do eletrodo. Além disso, quando armazenado sob refrigeração a cerca de 4 °C durante oito semanas, o eletrodo manteve em 80% sua atividade catalítica, mostrando boa estabilidade. Biossensores de glicose com nanopartículas de Fe3O4 e quitosana também foram preparados por Yang e colaboradores (2009), utilizando um eletrodo de platina posteriormente revestido com um filme de Nafion$. O biossensor foi utilizado para a determinação de glicose em soro humano e os resultados foram comparados com os obtidos através de um equipamento utilizado clinicamente em rotinas clínicas de bioquímica, apresentando valores semelhantes. As partículas magnéticas podem ainda ser aplicadas para a remoção de íons e corantes no tratamento de efluentes. Foram preparadas nanopartículas magnéticas de carboximetilquitosana ligadas covalentemente às partículas de Fe3O4 via ativação com carbodi-imida, aplicadas posteriormente na remoção de corantes ácidos (CHANG; CHEN, 2005a). As mesmas partículas foram empregadas também para a remoção de Cu(II), sendo que a adsorção requereu um tempo de contato de apenas um minuto para que o equilíbrio fosse atingido (CHANG; CHEN, 2005b). Partículas magnéticas de quitosana modificadas com etilenodiamina foram utilizadas para remoção dos corantes laranja ácido 7 e 10. O adsorvente apresentou distribuição de tamanho de partícula entre 15 e 40 nm, valor de saturação magnética de 25,6 emu g-1 e capacidade máxima de adsorção de 1215 e 1017 mg g-1 para os corantes laranja ácido 7 e 10, respectivamente (ZHOU et al., 2011). Elwakeel (2010) sintetizou e caracterizou resinas de derivados da quitosana reticulados com glutaraldeído na presença de Fe3O4 e as aplicou para remoção do Cr(VI) pelo método em batelada. Os resultados mostraram que a resina do derivado de cloreto de amônio quaternário foi eficiente para remoção do Cr(VI) em meio 36 básico, seguindo uma cinética de pseudo-segunda ordem, adsorção monocamada e processo endotérmico, com possibilidade de regeneração da resina. Lee e colaboradores (2005) prepararam um material embólico a partir de um ferrofluido contendo partículas magnéticas de óxido de ferro e quitosana para aplicação no tratamento de tumores por emboloterapia, processo no qual um vaso sanguíneo é obstruído por um material. O objetivo desta técnica é diminuir a quantidade de sangue que vai para o tumor, dificultando seu crescimento e favorecendo sua destruição. No caso das partículas magnéticas, é possível ainda verificar sua localização através da detecção por ressonância magnética de imagem durante o procedimento médico. O material embólico preparado foi injetado na artéria renal de coelhos através de um cateter e foram obtidas imagens de ressonância magnética, mostrando que o material ocupou a artéria renal dos animais como desejado, tendo potencial aplicação médica. Os ferrofluidos magnéticos, compostos de partículas magnéticas dispersas numa suspensão coloidal, também estão sendo estudados para seu uso no tratamento de câncer através da hipertermia induzida magneticamente, técnica na qual as partículas magnéticas são injetadas, direcionadas até os tumores e posteriormente aquecidas com a aplicação de um campo magnético alternado. A temperatura aplicada e a duração do aquecimento permitem a morte das células tumorais ou as torna mais susceptíveis às técnicas de radioterapia ou quimioterapia (THIESEN; JORDAN, 2008). Donadel e colaboradores (2008) prepararam ferrofluidos contendo partículas magnéticas de óxido de ferro revestidas com quitosana e atomizadas por spraydrying. Os ferrofluidos foram expostos a um campo magnético alternado para avaliar suas propriedades de aquecimento. Através da técnica de difração de raios-X foram encontrados picos característicos de Fe3O4 (55%) e !-Fe2O3 (45%), muito similares em sua estrutura cristalina e em suas propriedades físicas. O processo de spraydrying gerou partículas esféricas e também foi possível perceber que o tipo de material de revestimento apresenta um efeito significativo na morfologia das partículas. A exposição ao campo magnético alternado proporcionou um aquecimento de 1 °C em três minutos para as partículas preparadas na razão de partículas magnéticas/quitosana de 1,6, sendo importante considerar que a redução 37 no tempo de aquecimento é fundamental para que as células saudáveis não sejam afetadas durante o tratamento por hipertermia. Huang e colaboradores (2010) também prepararam partículas magnéticas de quitosana e óxidos de ferro por um método de spray-drying, obtendo partículas esféricas com valores de saturação magnética de 16,22 a 27,91 emu g-1 e com 200 a 500 nm de diâmetro, sendo que uma proporção maior de polímero em relação ao conteúdo de ferro promoveu aumento significativo do tamanho das partículas. Também foram preparadas nanopartículas revestidas com quitosana através de reticulação em suspensão e avaliadas para o uso em hipertermia localizada através da aplicação de um campo magnético alternado. Após exposição por 29 minutos ao campo magnético alternado numa frequência de 80 kHz, as partículas com quitosana atingiram uma temperatura de 53,7 °C, apresentando potencial aplicação para esse tipo de tratamento (ZHAO et al., 2009). Kim e colaboradores (2009) sintetizaram, caracterizaram e estudaram o comportamento in vitro de partículas magnéticas sem revestimento e revestidas com quitosana e amido para o tratamento de carcinoma de células escamosas através da técnica de hipertermia induzida magneticamente. As partículas revestidas com quitosana apresentaram biocompatibilidade in vitro e afinidade seletiva pelas células tumorais, sendo um material promissor para essa aplicação. Foram também preparados ferrogéis contendo nanopartículas de óxido de ferro e quitosana e suas propriedades reológicas foram estudadas. Verificou-se que, quando preparado com uma dispersão de quitosana muito viscosa, o gel formado não apresenta propriedades magnéticas pela ausência da Fe3O4, provavelmente em decorrência da formação de oxi-hidróxidos de Fe(III). Foi realizado um estudo prévio de hipertermia induzida magneticamente com os ferrogéis, atingindo 43 °C em cinco minutos quando submetidos a um campo magnético alternado, sendo potenciais materiais para aplicação em hipertermia induzida magneticamente (HERNÁNDEZ et al., 2009). Para aplicação na liberação vetorizada de fármacos, foram preparadas nanopartículas magnéticas de Fe3O4 com quitosana para a liberação do fármaco antitumoral 5-fluorouracil. O teor de fármaco encontrado nas partículas foi de 13,4% 38 e a eficiência de incorporação foi de 25,8%, com uma liberação inicial de 48% em cinco horas e de 68% em 30 horas (WANG et al., 2009). Zhu e colaboradores (2009) também prepararam nanopartículas magnéticas revestidas com quitosana através de um método de microemulsão reversa para a vetorização do mesmo fármaco, com um teor de 16 a 23% e eficiência de encapsulação do fármaco entre 60 e 92%. As partículas apresentaram uma liberação lenta do agente antitumoral, com a liberação de 23% do fármaco nas primeiras duas horas e prolongamento da liberação, atingindo 82% de 5-fluorouracil liberado até 80 horas após a administração, caracterizando um possível sistema de liberação prolongada. A indometacina foi utilizada como fármaco modelo para incorporação em nanopartículas magnéticas de octadecilcarboximetilquitosana quaternizada. Os sistemas apresentaram características superparamagnéticas, monodispersas e com partículas contendo de uma a três camadas lipídicas, dependendo do número de etapas utilizadas no seu preparo, possibilitando a obtenção de uma camada por vez de acordo com as características que se deseja para o sistema (LIANG et al., 2010). Saboktakin e colaboradores (2010) sintetizaram hidrogéis contendo partículas magnéticas revestidas com quitosana e sulfato de dextrana para a liberação colônica, utilizando o ácido 5-aminossalicílico como fármaco modelo. Os sistemas promoveram um retardo na liberação do ativo nos ensaios in vitro realizados, demonstrando que a liberação da substância ocorreria principalmente no cólon. Zhao e colaboradores (2005) sintetizaram nanopartículas magnéticas com OCMQTS e 2-piridiltiol como grupo terminal na sua superfície, aplicando-as na incorporação e liberação do metotrexato, fármaco utilizado no tratamento de câncer. As partículas obtidas se mostraram estáveis e reprodutíveis e o carreamento do fármaco no teste antitumoral in vitro foi eficiente, apresentando também liberação sustentada do metotrexato. Partículas magnéticas revestidas com quitosana também foram utilizadas para a liberação de tacrina no cérebro para o tratamento de doença de Alzheimer. Foi determinado o tamanho das partículas, o conteúdo de Fe3O4, a capacidade de incorporação da tacrina e sua liberação in vitro e in vivo, com o posicionamento de um campo magnético externo na cabeça dos animais. Houve um transporte significativamente maior da tacrina para o cérebro dos animais com as 39 nanopartículas magnéticas quando comparado ao fármaco livre, possibilitando diminuição da sua dose e consequentemente dos seus efeitos adversos (WILSON et al., 2009). Também foram preparadas nanopartículas magnéticas revestidas com um copolímero de quitosana, polietilenoglicol e polietilenoimina para aplicação na liberação gênica no tratamento de glioma, um tumor cerebral altamente letal. A clorotoxina, utilizada no tratamento desse tumor, foi incorporada na superfície das nanopartículas para aumentar a especificidade do vetor. As nanopartículas contendo DNA e clorotoxina apresentaram diâmetro médio de 48,8 nm e uma maior especificidade pelas células do glioma que as partículas sem a clorotoxina em modelo in vivo (KIEVIT et al., 2010). 3.4 Indometacina A indometacina (massa molecular: 357,79 g mol-1; pKa: 4,5), cuja estrutura está representada na Figura 08, é um fármaco pertencente à classe dos antiinflamatórios não esteroidais (AINEs) utilizado frequentemente no tratamento de quadros de dor e inflamação. Atua na inibição das enzimas ciclo-oxigenases 1 e 2 (COX-1 e COX-2), inibindo a síntese endógena de prostanoides. Além do uso clínico amplamente conhecido, há estudos reportando a ação da indometacina e de outros AINEs na inibição do crescimento de alguns tipos de tumores e como indutores da apoptose (KIM et al., 2004; OU et al., 2007; YOUNG et al., 2008; ORIDO et al., 2010). Figura 08: Estrutura química da indometacina. 40 O mecanismo de ação antineoplásico dos AINEs não está totalmente esclarecido. Acredita-se, atualmente, que estejam envolvidos mecanismos COXdependentes e COX-independentes, pois foi demonstrada atividade antitumoral dessa classe através de uma via independente da inibição da síntese de prostaglandinas, com a modulação da atividade de quinases intracelulares (LINCOVÁ et al., 2009). Demonstrou-se que a indometacina diminui a expressão do receptor prostanoide EP2 em células de câncer colorretal via down regulation, reduzindo também a formação de AMP cíclico intracelular estimulada pela prostagladina PGE2 (FUJINO et al., 2007). Também foi demonstrada a apoptose induzida pela indometacina em células de carcinoma renal através de uma via COX-independente (OU et al., 2007). Além disso, a indometacina promoveu diminuição da captação de ácido araquidônico, um precursor para a síntese de prostaglandinas pela COX-2, em células tumorais do cólon (ORIDO et al., 2010). Contudo, o mecanismo inicialmente conhecido envolve a COX-2, enzima ausente na maioria dos tecidos normais e expressa como resposta a diferentes estímulos inflamatórios, incluindo promotores tumorais. A COX-2 converte o ácido araquidônico da membrana citoplasmática em prostaglandina H2 e subsequentemente em prostaglandina E2, um mediador pró-carcinogênico primário da inflamação que atua de forma autócrina e parácrina. A superexpressão da COX-2 ocorre em diferentes tipos de tumores malignos e está relacionada à resistência à apoptose, ao aumento da angiogênese e à perda da inibição do crescimento celular (YOUNG et al., 2008). Foi demonstrada atividade da indometacina e de outros inibidores da COX-2 na inibição do crescimento e/ou na indução da apoptose de diferentes células tumorais, como do cólon, bexiga, esôfago, estômago e da cavidade oral (KIM et al., 2004; LINDBLAD; LAGERGREN; RODRÍGUEZ, 2005; KAPITANOVI# et al., 2006; YOUNG et al., 2008; QIN et al., 2009). Devido a esses fatos, aliados à característica hidrofóbica da molécula, a indometacina foi escolhida como fármaco-modelo para incorporação nas partículas preparadas. 50 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Síntese dos polímeros Para a obtenção do derivado OCMQTS-Bz tendo a quitosana como polímero de partida, inicialmente foi sintetizada a OCMQTS, posteriormente empregada para o preparo do derivado anfifílico. A síntese da OCMQTS ocorre através da substituição nucleofílica bimolecular (SN2), na qual o ataque do nucleófilo ao átomo de carbono ligado ao cloro acontece simultaneamente à expulsão do grupo de saída (Figura 09). Figura 09: Esquema da síntese da OCMQTS a partir da quitosana. As baixas temperaturas empregadas durante o processo de síntese têm como objetivo direcionar a substituição para o grupamento hidroxila do carbono 6 do monômero da quitosana, mantendo a amina livre para que esta possa posteriormente reagir com o benzaldeído, formando o derivado OCMQTS-Bz (ROSA, 2008). A condição básica empregada é fundamental para o rompimento da estrutura cristalina rígida do polímero, permitindo o acesso do ácido monocloroacético entre as cadeias poliméricas, possibilitando assim a carboximetilação da quitosana (CHEN; DU; ZENG, 2003). Devido a essa condição mantida no processo, a OCMQTS foi obtida na forma salina, sendo uma pequena parte desta transformada na forma ácida para a determinação do grau de carboximetilação através da titulação condutimétrica. O isopropanol é utilizado como principal meio para a reação de carboximetilação devido à sua polaridade e estereoquímica, ideais para a 51 miscibilidade e o acesso do ácido monocloroacético aos centros de reação da cadeia por favorecer mudanças na cristalinidade e no polimorfismo do polímero. Em decorrência da sua baixa constante dielétrica, o isopropanol é um solvente ruim para o NaOH, favorecendo uma alta concentração da base na superfície da quitosana e, consequentemente, um maior rompimento da sua estrutura cristalina (PUSHPAMALAR et al., 2006). O derivado OCMQTS-Bz foi obtido através de uma reação de aminação redutiva (Figura 10). Figura 10: Esquema da síntese do derivado OCMQTS-Bz a partir da OCMQTS. Na síntese da OCMQTS-Bz, há a condensação entre o grupamento amino livre da quitosana e o benzaldeído através do ataque nucleofílico da amina à carbonila do aldeído e a posterior remoção de água, formando a imina, também chamada de base de Schiff. A imina é então reduzida utilizando o NaBH4 como agente redutor. O mecanismo de síntese e redução da imina para a obtenção do derivado OCMQTS-Bz estão representados nas Figuras 11 e 12. 52 Figura 11: Mecanismo de reação da síntese da imina para a obtenção do derivado OCMQTS-Bz. Figura 12: Mecanismo de redução da imina utilizando o NaBH4 como agente redutor. A reação entre a quitosana e diferentes aldeídos para a formação de bases de Schiff, que podem ser posteriormente reduzidas a aminas é uma rota frequentemente utilizada para a obtenção de novos derivados (GUO et al., 2005; 53 RABEA et al., 2005; SANTOS; DOCKAL; CAVALHEIRO, 2005; DEBRASSI, 2008; SAJOMSANG et al., 2008; JIN; WANG; BAI, 2009; RABEA et al., 2009; KOUTROUMANIS; AVGOUSTAKIS; BIKIARIS, 2010). A síntese de derivados anfifílicos da OCMQTS através da formação de bases de Schiff pode ser realizada em meio homogêneo ou heterogêneo, dependendo das características desejadas para os derivados. O método heterogêneo apresenta a desvantagem de produzir derivados insolúveis em soluções aquosas em decorrência do aquecimento necessário para a síntese, enquanto que no método homogêneo geralmente são formados produtos com características de solubilidade semelhantes ao polímero de partida, porém requer uma grande quantidade de solvente orgânico para a precipitação dos produtos (DEBRASSI, 2008). O derivado OCMQTS-Bz utilizado para a síntese das nanopartículas magnéticas foi obtido pelo método homogêneo para a manutenção das características de solubilidade da OCMQTS. 5.2 Caracterização da OCMQTS e OCMQTS-Bz 5.2.1 Grau de carboximetilação A determinação do grau de carboximetilação dos derivados através da titulação condutimétrica baseia-se na substituição dos íons com determinada condutividade por outros com condutividade diferente (MUZZARELLI et al., 1982). Através dos volumes correspondentes aos pontos de inflexão, obtidos através da curva de titulação condutimétrica da OCMQTS na forma ácida utilizando solução padrão de NaOH 0,100 mol L-1 como agente titulante (Figura 13) foi determinado o grau de carboximetilação do derivado. 54 Figura 13: Curva da titulação condutimétrica da OCMQTS. Massa de amostra: 50 mg, temperatura: 25 ºC, titulante: NaOH 0,100 mol L-1. A curva de titulação condutimétrica da forma ácida da OCMQTS apresenta dois pontos de inflexão, correspondente ao início e ao término da neutralização do grupamento ácido carboxílico (CASU; GENNARO, 1975). O valor do segundo ponto de inflexão é utilizado para o cálculo do grau de carboximetilação. O grau de carboximetilação obtido foi de 44,31%. Este valor é alto quando comparado a derivados carboximetilados da quitosana obtidos anteriormente através do mesmo método de síntese, cujos valores de carboximetilação se situam entre 20 e 30% (CHEN; PARK, 2003; ROSA, 2008; SANTOS, 2010). Esta diferença reflete a necessidade de caracterização para cada lote de derivado sintetizado. 5.2.2 Espectroscopia no infravermelho A técnica de espectroscopia no infravermelho é frequentemente empregada como auxiliar na determinação de estruturas químicas principalmente na área de produtos naturais e síntese orgânica. Baseia-se na absorção da radiação eletromagnética em frequências correlacionadas à vibração de ligações químicas de determinados grupos funcionais de uma molécula. A condição fundamental para que haja absorção na região do infravermelho é a existência de uma alteração no momento dipolar de um grupo ou uma molécula durante sua vibração. Tais 55 alterações permitem a interação da radiação incidente com a molécula, originando os espectros (COATES, 2000). Os espectros no infravermelho da OCMQTS na forma ácida e do derivado OCMQTS-Bz são mostrados na Figura 14. No espectro da OCMQTS é possível verificar a presença de uma banda na região de 1640 cm-1 (estiramento) correspondente à carbonila e uma banda larga na região de 3500 cm-1 (estiramento) relacionada à ligação O–H, ambas indicando a presença do grupamento ácido carboxílico, confirmando a carboximetilação da quitosana. Esta banda está provavelmente sobreposta à banda de N–H (estiramento), localizada na região de 3450 cm-1. Há também uma banda em 1560 cm-1 atribuída à deformação angular de N–H dos grupamentos amino livres; em 1730 cm-1 correspondente ao dímero de carboximetil (O=COH· · ·O=COH); em 1480 cm-1 (deformação) relativa ao grupamento amino protonado (NH3+) e na região entre 1150 e 900 cm-1 (estiramento) relativas às ligações glicosídicas C–O e C–O–C (ABREU; CAMPANA-FILHO, 2009; LIU et al., 2009). Figura 14: Espectros no infravermelho da OCMQTS na forma ácida e do derivado OCMQTS-Bz. O espectro do derivado OCMQTS-Bz apresenta as bandas correspondentes ao grupamento ácido carboxílico, sendo que a banda relativa à carbonila, em 56 aproximadamente 1640 cm-1 encontra-se alargada e um conjunto de bandas em aproximadamente 1450, 1350, 1010 e 980 cm-1 indicando a inserção do anel aromático na estrutura do polímero (SAJOMSANG et al., 2008). 5.2.3 Ressonância magnética nuclear de 1H A espectroscopia de RMN baseia-se na absorção de radiação eletromagnética na região de radiofrequência em uma frequência relacionada às características estruturais da molécula sob determinadas condições em um campo magnético, dando origem a um espectro que é um registro gráfico das frequências dos picos de absorção contra suas intensidades (SILVERSTEIN; BASSLER; MORRILL, 1994). Diferentes núcleos podem ser analisados através dessa técnica. Em geral, os núcleos que têm número ímpar de prótons, como 1H, 14N, 19F e 31P ou número ímpar de nêutrons, como 13 C, têm atividade magnética, pois apresentam número de spin de $. Entretanto, quando o número de prótons e nêutrons são pares, como no 12C, o núcleo não tem atividade magnética. Dessa forma, há técnicas de RMN cujo objetivo é avaliar diferentes núcleos, sendo os mais comuns para elucidação estrutural de compostos orgânicos os de 1H e 13C (VOLLHARDT; SCHORE, 2004). Vários parâmetros são úteis em um espectro de RMN, principalmente em RMN 1 H, como deslocamento químico do sinal, que indica a vizinhança do hidrogênio analisado; sua multiplicidade, relacionada ao número de hidrogênios vizinhos; a integração do sinal, correspondente ao número de hidrogênios responsáveis por determinado sinal; e a constante de acoplamento, J, que é a distância entre dois picos que compõem um sinal (SILVERSTEIN; BASSLER; MORRILL, 1994; VOLLHARDT; SCHORE, 2004). O espectro da OCMQTS (Figura 15) apresenta os seguintes sinais: em 1,03 ppm correspondente aos hidrogênios do grupo acetamida dos monômeros residuais de quitina; em 3,06 ppm relativo ao hidrogênio ligado ao carbono C2 do anel glucosamina; na região entre 3,49 e 4,08 ppm os sinais correspondentes aos hidrogênios ligados aos carbonos C3, C4, C5 e C6 do anel e em aproximadamente 5,00 ppm os sinais do hidrogênio ligado ao carbono C1. Os sinais localizados em 57 1,92 e 2,08 ppm correspondem aos solventes CD3COOD e D2O respectivamente (GOTTLIEB; KOTLYAR; NUDELMAN, 1997; ABREU; CAMPANA-FILHO, 2009). Figura 15: Espectro de RMN 1H da OCMQTS em D2O/CD3COOD à temperatura ambiente. O espectro do derivado OCMQTS-Bz (Figura 16) apresenta um sinal em 1,91 ppm correspondente aos hidrogênios do grupamento acetamida dos monômeros residuais de quitina; em 3,03 ppm relativo ao hidrogênio ligado ao carbono C2 do anel glucosamina; um grupo de sinais na região entre 3,60 e 3,76 ppm correspondente aos hidrogênios ligados aos carbonos C3, C4, C5 e C6 desse mesmo anel; outro grupo de sinais em aproximadamente 4,70 ppm correspondente ao hidrogênio ligado ao carbono C1 e aos hidrogênios do carbono ligado ao oxigênio do grupamento carboximetil e um sinal em 7,36 ppm relativo aos hidrogênios do anel aromático, confirmando novamente a inserção desse grupamento na estrutura do polímero. 58 Figura 16: Espectro de RMN 1H do derivado OCMQTS-Bz em D2O/CD3COOD à temperatura ambiente. Para a determinação do grau de substituição da OCMQTS-Bz foram considerados os valores das integrais dos espectros (LIU et al., 2006). Este método de determinação do grau de substituição baseia-se na relação entre o valor da integral dos hidrogênios aromáticos (próximo a 7,0 ppm) e do hidrogênio ligado ao C-2 do anel glicosídico (próximo a 3,0 ppm), conforme a Equação 4. Equação 4 Onde: AI 1HAr: integral dos prótons aromáticos; AI 1H C2: integral dos prótons do C-2 do anel glicosídico e N 1HAr: número de prótons do anel aromático. 59 O grau de substituição calculado a partir da área da integral dos sinais em 3,04 ppm (hidrogênio do C2) e 7,36 ppm (hidrogênios do anel aromático) do espectro do derivado OCMQTS-Bz foi de 19,0%, baixo quando comparado ao derivado preparado por Rosa (2008) utilizando a mesma relação molar de 1:1 (benzaldeído:monômero de glucosamina), o qual apresentou grau de substituição de 53%. Este mesmo autor mostrou que o grau de substituição de derivados obtidos através da reação da OCMQTS com benzaldeído é diretamente dependente da relação molar aldeído:monômero de glucosamina empregada, sendo que quanto maior essa relação, maior é o grau de substituição obtido. O grau de substituição de derivados da OCMQTS modificados com aldeídos ou outros compostos carbonílicos depende de diferentes fatores, como o tipo de composto carbonílico utilizado, o solvente, o método empregado (homogêneo ou heterogêneo) e a temperatura de reação. Guo e colaboradores (2005) prepararam bases de Schiff através da reação da OCMQTS com aldeídos aromáticos com grau de substituição de 60%, mostrando que a presença de diferentes grupamentos ligados ao anel aromático do aldeído não influenciou no grau de substituição dos derivados. Em trabalho posterior, o mesmo grupo obteve derivados com graus de substituição semelhantes, entre 51 e 60%, empregando os mesmos reagentes e condições reacionais (GUO et al., 2006). Largura (2009) sintetizou derivados da OCMQTS através da reação com cloreto de lauroíla, obtendo derivados com grau de substituição de 19,84 e 22,27% quando utilizada a mesma proporção molar, valores semelhantes ao encontrado neste estudo para a OCMQTS-Bz. Tan e Liu (2009) prepararam derivados através da reação entre a OCMQTS e o ácido linoleico, encontrando graus de substituição entre 1,8 e 2,6%. 5.3 Preparação e caracterização do material magnético inorgânico 5.3.1 Síntese do material magnético inorgânico Diferentes técnicas têm sido empregadas para a síntese de Fe3O4, como coprecipitação dos íons Fe3+ e Fe2+ em meio básico (MENG et al., 2005; LU et al., 2010), utilizando reatores de micro-ondas (HONG; PAN; LI, 2006; ZHOU et al., 60 2010), através de uma rota endotérmica em autoclave (ZHENG et al., 2006), por decomposição térmica (MAITY et al., 2009), por transformação de fase induzida por redução de !-Fe2O3 em atmosfera de CO (HAI et al., 2010), empregando &-Dglucose como agente redutor (LU et al., 2010), entre outros. A escolha da metodologia adequada para a síntese é fundamental para a obtenção das partículas com os tamanhos, formas e características magnéticas visadas, pois o método empregado está muito relacionado às características físicas do material. As partículas magnéticas inorgânicas, compostas por uma mistura de !-Fe2O3 e Fe3O4, foram obtidas através do método de coprecipitação dos íons férricos (Fe3+) e ferrosos (Fe2+) em meio aquoso básico na razão de 2:1 (Fe3+:Fe2+) de acordo com as Reações 01 e 02 (DONADEL et al., 2008; LU et al., 2010). Reação 01 Reação 02 A Figura 17 representa as partículas magnéticas inorgânicas dispersas em água na ausência e na presença de um campo magnético externo, confirmando visualmente as propriedades magnéticas do material obtido. Figura 17: Partículas magnéticas inorgânicas dispersas em água (A) na ausência e (B) na presença de um campo magnético externo. O mecanismo de formação da Fe3O4 sob as condições reacionais empregadas não está comprovado, porém ocorre provavelmente conforme o 61 Esquema 01. Em valores de pH acima de 9,0, os íons Fe3+ e Fe2+ são convertidos aos seus respectivos hidróxidos, que se cristalizam lentamente para formação da Fe3O4 e de água. Se houver cristalização completa através de uma das duas rotas, não são formados os produtos hidroxilados (A) e (B). Caso contrário, estes produtos também estarão presentes no material magnético inorgânico (MENG et al., 2005). Esquema 01: Mecanismo de formação da magnetita (Fe3O4) através do método de coprecipitação dos íons Fe3+ e Fe2+ em meio aquoso básico. Rotas propostas: (1) e (2). Produtos hidroxilados: (A) e (B). Fonte: MENG et al., 2005. A Fe3O4 é uma espécie mista de óxido de ferro (FeO-Fe2O3) cuja estrutura é semelhante ao mineral espinélio (MgAl2O4), com distribuição catiônica invertida. Na sua estrutura, metade dos íons Fe3+ são coordenados de forma tetraédrica (sítio A) enquanto que íons Fe3+ restantes e todos os íons Fe2+ são coordenados de forma octaédrica (sítio B). Cada sítio octaédrico apresenta seis íons O2- vizinhos nas extremidades do octaedro, enquanto cada sítio tetraédrico apresenta quatro íons O2dispostos nas extremidades do octaedro. Suas propriedades magnéticas são decorrentes da transferência de elétrons entre os íons Fe2+ e Fe3+ nos sítios octaédricos (SANTANA; RAMOS; FABRIS, 2008; YAN et al., 2009). De acordo com a teoria do magnetismo, a direção do momento magnético de qualquer íon ocupando o mesmo tipo de posição é a mesma, porém a direção do momento magnético do sítio A é contrária à do sítio B e o momento magnético total é determinado pela soma dos vetores dos momentos magnéticos das duas espécies iônicas. Dessa forma, o aumento do momento magnético total ocorre conforme o conteúdo de Fe2+ (MENG et al., 2005). 62 A oxidação da Fe3O4 apresenta dois possíveis produtos: a !-Fe2O3, que apresenta propriedades magnéticas, e a hematita (&-Fe2O3), não magnética, dependendo das condições de síntese empregadas, do tamanho de partícula e do tipo e quantidade de impurezas. Em altas temperaturas, o principal produto formado é &-Fe2O3, enquanto que a !-Fe2O3 é obtida preferencialmente pela oxidação em temperaturas mais baixas (CORREA et al., 2006). Nestes trabalho, o material inorgânico foi sintetizado à temperatura ambiente, pois a intenção foi obter nanopartículas magnéticas compostas por uma mistura de Fe3O4 e !-Fe2O3 e evitar a formação de material não magnético. A !-Fe2O3 apresenta somente íons Fe3+ divididos igualmente entre sítios tetraédricos e octaédricos e apresenta menor saturação magnética do que a magnetita. 5.3.2 Difração de raios-X (XRD) A técnica de XRD é uma das mais importantes para a caracterização estrutural de materiais inorgânicos devido à possibilidade de investigar a microestrutura de sólidos e moléculas, incluindo as constantes e geometria da rede, a orientação de cristais, entre outros. O fenômeno de difração em que se baseia a técnica pode ser explicado pela excitação e vibração dos elétrons do átomo de um determinado cristal na mesma frequência do feixe de raios-X incidente, difratando esse feixe em ângulos específicos relacionados ao espaçamento entre planos cristalinos (MONTES, 2009). O difratograma de raios-X do material magnético inorgânico está apresentado na Figura 18. Todos os picos encontrados podem ser atribuídos a Fe3O4 ou !-Fe2O3 através da comparação com dados presentes na literatura, entretanto a semelhança entre seus picos padrões dificulta a separação precisa dessas duas fases em amostras de óxidos de ferro (DUSZA et al., 2010). 63 Figura 18: Difratograma de raios-X do material magnético inorgânico (Fe3O4/!-Fe2O3). Os principais picos atribuídos à Fe3O4 são correspondentes aos planos (220), (311), (400), (422) e (440), enquanto que para a !-Fe2O3 os principais picos se encontram em (222) e (533) (TRAN et al., 2010). Além disso, através da análise de XRD foi possível verificar um predomínio de !-Fe2O3, estimando-se uma proporção de 75±5% de !-Fe2O3 para 25±5% de Fe3O4. A partir dos dados de XRD foi estimado também o tamanho de partícula de aproximadamente 15,6 nm para o material Fe3O4/!-Fe2O3 (DUSZA et al., 2010). Uma mistura destes mesmos óxidos na proporção de 55,0% de Fe3O4 e 45,0% de !-Fe2O3 foi obtida por Donadel e colaboradores (2008) através da síntese do material sem atmosfera controlada e posterior secagem a 170 °C. Para evitar a oxidação parcial da Fe3O4 a !-Fe2O3, pode-se empregar fluxo de nitrogênio na reação com o objetivo de garantir atmosfera inerte, sendo possível obter Fe3O4 pura. Esta estratégia foi utilizada por Ozkaya e colaboradores (2009), entretanto os dados de XRD e comportamento magnético do material indicaram a presença do produto oxidado. 64 5.3.3 Espectroscopia no infravermelho O espectro no infravermelho do material magnético inorgânico está apresentado na Figura 19. Podem ser observadas bandas características da mistura de Fe3O4/!-Fe2O3 em 597, 790 e 890 cm-1, correspondentes à ligação Fe–O e duas bandas em 1635 e 3420 cm-1, relativas à presença de umidade na amostra (ALBORNOZ; SILEO; JACOBO, 2004). O grande número de bandas no espectro indica a transição da Fe3O4 para um material com estrutura de menor simetria, caracterizando a oxidação da Fe3O4 a !-Fe2O3 (MÜRBE; RECHTENBACH; TÖPFER, 2008). Figura 19: Espectro no infravermelho do material magnético inorgânico (Fe3O4/!-Fe2O3). Além disso, a presença de duas bandas por volta de 886 cm-1 e 1156 cm-1 indica a presença de traços de &-FeOOH e !-FeOOH respectivamente, produtos intermediários decorrentes da cristalização incompleta do material a Fe3O4 (RISTI#; MUSI#, GODEC, 2006; %IC; RISTI#; MUSI#, 2010). 65 5.3.4 Análise térmica As técnicas de análise térmica consistem na medida de uma propriedade física de uma substância ou de seus produtos de reação, expressa direta ou indiretamente em função da temperatura, enquanto essa amostra é submetida a uma programação controlada de temperatura sob atmosfera especificada. Tais técnicas têm adquirido maior aplicação em diversas áreas da ciência em estudos relacionados à caracterização e estabilidade térmica de materiais, na definição da vida útil de produtos através da avaliação dos mecanismos e da cinética de decomposição térmica, para a otimização das condições de síntese de diferentes materiais, na determinação do grau de pureza de fármacos e outras substâncias, entre outros (MATOS; MERCURI; BARROS, 2009). Na termogravimetria (TG), a amostra é submetida a uma programação controlada de temperatura e a variação da massa da amostra é determinada em função da temperatura ou do tempo. As curvas obtidas, denominadas curvas termogravimétricas ou curvas TG, podem fornecer informações sobre a estabilidade térmica e a composição da amostra ou de produtos de degradação intermediários (MATOS et al., 2000). A técnica de calorimetria exploratória diferencial (DSC), por sua vez, mede a diferença de energia fornecida à substância e a um material de referência termicamente inerte, em função da temperatura, enquanto ambas são submetidas a uma programação controlada de temperatura. Possibilita a obtenção de dados quantitativos em relação a alterações químicas e físicas da amostra, como mudança do estado físico, transições de fase ou reações de decomposição, desidratação, oxirredução, entre outros (MATOS; MERCURI; BARROS, 2009). As curvas de TG e DSC do material magnético inorgânico são apresentadas na Figura 20. Na curva TG é possível verificar uma perda de massa de 7,9% entre 30 e 300 °C, referente à perda de água presente na forma residual e de cristalização, e a segunda em aproximadamente 515 °C, correspondente a transição da !-Fe2O3 a &-Fe2O3 (LI et al., 2008b; ZHU et al., 2010). 66 Figura 20: Curvas (verde) TG e (azul) DSC do material magnético inorgânico (Fe3O4/Fe2O3). A curva DSC apresenta um pico endotérmico em aproximadamente 100 ¡C e um exotérmico entre 475 e 535 ¡C provavelmente correspondentes à perda de água residual e à transição da -Fe2O3 a -Fe2O3, respectivamente, os mesmos eventos citados anteriormente para a análise da curva TG (LI et al., 2008b; ZHU et al., 2010). 5.3.5 Análise morfológica A microscopia eletrônica de varredura (MEV) é uma das técnicas mais versáteis para caracterização microestrutural de materiais sólidos. A Figura 21 apresenta a micrografia do material magnético inorgânico em aumento de 500 vezes. Observa-se a formação de agregados de partículas com uma ampla distribuição de tamanho, forma e superfície irregulares. 67 Figura 21: Micrografia eletrônica de varredura do material magnético Fe3O4/!-Fe2O3 em aumento de 500x. A agregação das partículas pode ser atribuída à sua elevada área e energia superficial, reforçando a necessidade da adição de polímeros com características hidrofílicas com o objetivo de reduzir essa agregação em fluidos aquosos. Comportamento de agregação semelhante foi obtido com nanopartículas de Fe3O4 sem revestimento com diâmetro médio de 10 nm (HONG et al., 2008). Afkhami e Moosavi (2010) prepararam nanopartículas de !-Fe2O3 utilizando agitação magnética e ultrassom, sendo que a agitação ultrassônica permitiu uma melhor dispersão das partículas, evitando a agregação, além de possibilitar a obtenção de partículas menores. 5.3.6 Comportamento magnético A análise do comportamento magnético das partículas preparadas é de fundamental importância para determinar como estas irão se posicionar frente à aplicação de determinado campo magnético. O comportamento desejado para a aplicação das partículas magnéticas na vetorização de fármacos é o de paramagnetismo ou superparamagnetismo, caracterizado pelo alinhamento dos dipolos magnéticos do material apenas na presença de um campo magnético 68 externo, tendo seus dipolos novamente desorientados quando esse campo é removido (FIGUEROLA et al., 2010). As curvas de magnetização dos dois lotes de material magnético inorgânico preparados através da mesma metodologia de coprecipitação em meio básico são apresentadas na Figura 22. O lote (B) foi caracterizado através de todas as técnicas citadas, enquanto o lote (C) foi caracterizado apenas quanto ao seu comportamento magnético. É possível observar uma histerese muito pequena para ambos os lotes, caracterizando o comportamento de paramagnetismo, ou seja, quando o campo magnético externo é removido as partículas não retém o magnetismo. Entretanto há diferença nos valores de saturação magnética, de 54,4 emu g-1 para o lote (B) e 60,8 emu g-1 para o lote (C). A saturação magnética ou magnetização de saturação de um determinado material corresponde ao ponto em que o aumento da intensidade do campo magnético aplicado não promove o aumento da magnetização do material. A magnetização remanescente, correspondente à magnetização do material que permanece após a remoção do campo magnético, foi de 3,1 emu g-1 para o lote (B) e 3,6 emu g-1 para o lote (C), aumentando à medida que o valor de saturação magnética aumenta. Estes resultados confirmam o comportamento de paramagnetismo dos materiais, indicando que estes permanecem magnetizados apenas na presença de um campo magnético externo. A coercividade, por sua vez, é o campo magnético reverso necessário para que a magnetização retorne ao valor nulo e foi de 25,7 Oe para o lote (B) e 26,5 Oe para o lote (C), também aumentando à medida que a saturação magnética aumenta. 69 Figura 22: Curvas de magnetização de dois lotes de Fe3O4/!-Fe2O3 à temperatura ambiente. No detalhe, a expansão da parte central da curva. Estas diferenças reforçam a afirmação de que há uma mistura das duas espécies de óxido de ferro (Fe3O4 e !-Fe2O3), visto que a Fe3O4 pura apresenta saturação magnética de 92 emu g-1 e a !-Fe2O3 de 73 emu g-1 à temperatura ambiente (SARAVANAN; ALAM; MATHUR, 2003). Considerando que os dois lotes apresentaram saturação magnética inferior a 73 emu g-1, sugere-se ainda a presença de possíveis intermediários resultantes da oxidação incompleta do material. Devido a essa diferença entre lotes sintetizados pela mesma metodologia, é importante caracterizar magneticamente todos os lotes de material sintetizado. Yan e colaboradores (2009) obtiveram partículas de Fe3O4 com saturação magnética de 87,7 emu g-1, próxima ao valor de saturação da Fe3O4 pura, indicando a presença de uma pequena quantidade de subprodutos ou contaminantes. Por outro lado, Lu e colaboradores (2010) obtiveram partículas magnéticas de óxidos de ferro através de coprecipitação em meio básico com saturação magnética de 60,5 emu g-1 à temperatura ambiente, valor muito próximo ao encontrado neste trabalho. A Figura 23 mostra o comportamento das partículas de Fe3O4/!-Fe2O3 dispersas em água na ausência e na presença de um campo magnético externo. 70 Figura 23: Partículas magnéticas inorgânicas dispersas em água na (A) ausência e (B) na presença de um campo magnético externo em aumento de 40x. Na ausência de campo magnético (Figura 23-A), é possível observar as partículas dispersas aleatoriamente em agregados. A presença do campo (Figura 23-B) induz o posicionamento das partículas na direção do mesmo, confirmando visualmente sua característica magnética. Pode-se ainda verificar que há manutenção do comportamento de agregação observado na ausência do campo. 5.3.7 Espectroscopia Mössbauer A espectroscopia Mössbauer é utilizada para analisar o comportamento das propriedades de um núcleo atômico e do ambiente que o envolve, sendo fundamental para elucidação estrutural de compostos contendo ferro. As interações hiperfinas ou parâmetros hiperfinos caracterizam as interações eletromagnéticas entre o núcleo e os elétrons em torno deste, possibilitando a obtenção de informações sobre a geometria do centro metálico, seu estado de oxidação e suas propriedades magnéticas. As três principais interações hiperfinas são o deslocamento isomérico (), o desdobramento quadrupolar () e o campo magnético hiperfino (Bhf). O deslocamento isomérico fornece informações sobre a densidade eletrônica do núcleo, podendo ser interpretado em relação à valência do íon analisado. É resultante das interações eletrostáticas entre as cargas elétricas do núcleo e dos elétrons do subnível s. O desdobramento quadrupolar é referente ao fato de que o 71 núcleo não é perfeitamente esférico, apresenta um desvio de simetria. O campo magnético hiperfino é o campo magnético gerado pelos elétrons vizinhos ao núcleo e sentido por ele, podendo ter origem dipolar, quando devido a elétrons vizinhos a ele, ou de elétrons desemparelhados de próprio átomo (SILVA, 2006; PAULINO et al., 2009; SCHETTINO JR, 2009). Os espectros Mössbauer obtidos a baixas temperaturas permitem que a energia de interação magnética seja mais relevante que a energia térmica, possibilitando o registro de espectros com as seis linhas de transição (sexteto magnético), cujo valor do Bhf é importante para a identificação das fases que compõem os materiais (SCHETTINO JR, 2009). Os espectros Mössbauer do material magnético Fe3O4/!-Fe2O3 a 77 e 300 K e os seus parâmetros hiperfinos são apresentados na Figura 24 e na Tabela 01 respectivamente. São observados um sexteto e um dubleto relativos à presença de Fe3O4 e !-Fe2O3, sendo que os valores de deslocamento isomérico de ambos os componentes indicam a presença de íons Fe3+ (BERRY; SKINNER; THOMAS, 1998). O sexteto com linhas amplas pode ser atribuído ao Fe localizado tanto nos sítios tetraédricos quanto octaédricos, entretanto sua determinação mais precisa necessita da aplicação de um campo magnético externo na obtenção dos espectros. O sexteto é indicativo do desdobramento do campo magnético hiperfino e o dubleto próximo ao centro do espectro é referente ao ferro no estado paramagnético ou superparamagnético. Espectros semelhantes compostos por um sexteto e um dubleto foram obtidos por Pardoe e colaboradores (2001) na caracterização de nanopartículas magnéticas de Fe3O4 e !-Fe2O3 sintetizadas na presença de dextrana e álcool polivinílico. 72 Figura 24: Espectros Mössbauer do material Fe3O4/!-Fe2O3 a (A) 77 K e (B) 300 K. As linhas coloridas representam as diferentes espécies presentes no material. 73 Tabela 01: Parâmetros hiperfinos de espectroscopia Mössbauer do material Fe3O4/!-Fe2O3 a 77 e 300 K. Temperatura (K) 77 300 Razão das " (mm s-1) # (mm s-1) Bhf (T) 0,46 0,00 44,7 92 0,44 0,68 50,2 8 0,33 0,00 39,6 72 0,33 0,64 0,0 28 espécies (%) A intensidade relativa do componente referente ao dubleto diminui com a diminuição da temperatura de obtenção dos espectros de 300 K para 77 K, como esperado para processos termicamente ativados. A magnetita apresenta um sexteto característico dos íons Fe coordenados de forma octaédrica com valência intermediária Fe2,5+ com deslocamento isomérico de aproximadamente 0,67 mm s-1 e Bhf de aproximadamente 46 T (SCHMIDBAUER; KELLER, 2006). A ausência desse sexteto nos espectros do material magnético preparado indica novamente que a maguemita é a fase dominante na mistura de óxidos. 5.4 Preparação das partículas magnéticas contendo polímero As partículas magnéticas contendo os polímeros foram sintetizadas através de duas metodologias: formação das partículas in situ e por incorporação, com a obtenção das partículas apresentadas na Tabela 02. 74 Tabela 02: Partículas magnéticas sintetizadas de acordo com a metodologia e os polímeros empregados. Código Metodologia Fe3O4/!-Fe2O3 Coprecipitação Polímero empregado e proporção em relação ao material inorgânico (polímero:inorgânico) * OC in situ Formação in situ OCMQTS (0,5:1) OC-Bz in situ Formação in situ OCMQTS-Bz (0,5:1) OC inc 1:1 Incorporação OCMQTS (1:1) OC inc 2:1 Incorporação OCMQTS (2:1) OC-Bz inc 1:1 Incorporação OCMQTS-Bz (1:1) OC-Bz inc 2:1 Incorporação OCMQTS-Bz (2:1) * Apenas material inorgânico A metodologia de formação in situ consiste na coprecipitação dos íons Fe3+ e Fe2+ e do polímero, ocorrendo de forma semelhante ao apresentado no Esquema 01 e nas Reações 1 e 2, porém, com a concomitante precipitação da OCMQTS ou do seu derivado OCMQTS-Bz. A metodologia de obtenção das partículas magnéticas por incorporação, por sua vez, baseia-se na reticulação do polímero em emulsão com glutaraldeído, utilizando material magnético inorgânico previamente preparado. As duas metodologias empregadas possibilitam a obtenção de partículas magnéticas com diferentes estruturas. No caso das partículas preparadas pela metodologia de formação in situ, o material magnético se encontra precipitado dentro dos poros do polímero, enquanto que as partículas preparadas pelo método de incorporação apresentam um núcleo magnético inorgânico com um revestimento polimérico (MAHMOUDI et al., 2011). Estas diferenças estruturais ocasionam características distintas em relação a vários parâmetros, como agregação, tamanho de partícula, comportamento magnético, eficiência de adsorção ou incorporação de fármacos, entre outros. 75 5.5 Caracterização das partículas magnéticas contendo polímero 5.5.1 Teor de ferro A quantidade de ferro presente nas partículas magnéticas está diretamente relacionada ao conteúdo de material inorgânico das mesmas e, provavelmente, à intensidade das suas propriedades magnéticas. O teor de ferro nas partículas foi determinado espectrofotometricamente através do método da 1,10-fenantrolina e os resultados obtidos encontram-se na Tabela 03. Tabela 03: Teor de ferro nas partículas magnéticas utilizando o método espectrofotométrico da 1,10-fenantrolina. Partículas magnéticas Teor de ferro (%) Fe3O4/!-Fe2O3 49,80 ± 1,56 OC in situ 40,59 ± 1,31 OC-Bz in situ 37,14 ± 1,22 OC inc 1:1 27,20 ± 0,79 OC inc 2:1 18,44 ± 0,43 OC-Bz inc 1:1 35,19 ± 1,21 OC-Bz inc 2:1 23,40 ± 1,18 A quantidade de ferro presente nas partículas está relacionada com o método de obtenção e a relação polímero:material inorgânico utilizada no processo de síntese. Como esperado, o material inorgânico puro apresentou uma maior quantidade de ferro quando comparado com as outras partículas. As partículas obtidas através da metodologia de formação in situ apresentaram teor de ferro superior ao das obtidas pelo método de incorporação devido à maior quantidade de ferro empregada no processo de síntese in situ. Além disso, as partículas preparadas com a relação 2:1 (polímero:material inorgânico) apresentaram teor mais baixo de ferro que as preparadas a 1:1, como esperado, porém essa diminuição na quantidade de ferro incorporado não foi proporcional à redução na quantidade de ferro empregado na síntese das partículas. 76 5.5.2 Espectroscopia no infravermelho Os espectros no infravermelho das partículas contendo polímero são apresentados na Figura 25. Nos espectros (A) e (B), correspondentes às partículas preparadas in situ com os polímeros OCMQTS e OCMQTS-Bz respectivamente, podem ser observadas as bandas dos polímeros de partida em 1560, 1640, 1730 e 3500 cm-1 para a OCMQTS e o conjunto de bandas relativas ao anel aromático para a OCMQTS-Bz. Os espectros (C), (D), (E) e (F), referentes às partículas preparadas pela metodologia de incorporação por reticulação em emulsão, apresentam principalmente as bandas relativas ao polímero de partida citadas anteriormente, sendo que a presença do anel aromático do polímero OCMQTS-Bz nas partículas (E) e (F) não é evidenciada nos espectros. Figura 25: Espectros no infravermelho das partículas magnéticas contendo polímero: (A) OC in situ, (B) OC-Bz in situ, (C) OC inc 1:1, (D) OC inc 2:1, (E) OC-Bz inc 1:1 e (F) OC-Bz inc 2:1. Os materiais preparados pela metodologia de formação in situ apresentam maior quantidade de material magnético quando comparados às partículas obtidas por incorporação, o que pode ser observado pelo teor mais alto de ferro e maior intensidade das bandas correspondentes ao Fe3O4/!-Fe2O3, apresentados no 77 espectro da Figura 19 (página 64), principalmente a banda em aproximadamente 597 cm-1 (ligação Fe–O). Além disso, há a presença das bandas correspondentes aos contaminantes -FeOOH e -FeOOH, indicando que a presença do polímero não impediu a formação desses produtos intermediários. 5.5.3 Análise térmica As curvas TG das partículas magnéticas obtidas com os polímeros e suas perdas percentuais de massa são apresentadas na Figura 26 e na Tabela 04, respectivamente. São observados dois padrões de comportamento bastante distintos entre as partículas preparadas pelas diferentes metodologias. As partículas obtidas através da coprecipitação in situ apresentam um perfil de perda de massa semelhante ao material magnético inorgânico, com uma pequena perda inicial de água até cerca de 110 ¡C, diferindo na posterior perda de massa pela degradação do polímero de, no máximo, 16,1%. Figura 26: Curvas TG das partículas magnéticas: (verde) OC in situ, (vermelho) OC-Bz in situ, (azul escuro) OC inc 1:1, (ocre) OC inc 2:1, (roxo) OC-Bz inc 1:1 e (azul claro) OC-Bz inc 2:1. 78 Tabela 04: Perda percentual de massa das partículas magnéticas através de TG. Partículas Faixa de temperatura (°C) Perda de massa (%) OC in situ 180 – 400 16,1 OC-Bz in situ 30 – 110 / 190 – 360 5,9 / 11,3 OC inc 1:1 30 – 110 / 220 – 370 7,9 / 22,1 OC inc 2:1 30 – 110 / 220 – 370 7,2 / 28,9 OC-Bz inc 1:1 30 – 110 / 190 – 360 8,9 / 29,6 OC-Bz inc 2:1 30 – 110 / 190 – 400 6,8 / 31,9 As partículas obtidas por incorporação apresentam uma perda maior de água, entre 6,8 e 8,9% na faixa de 30 a 110 °C, e a posterior perda de massa pela degradação do polímero, também maior que nos materiais obtidos pela metodologia in situ, entre 22,1 e 31,9% na faixa de 190 ou 220 a 360, 370 ou 400 °C, dependendo da partícula analisada. Além disso, é possível observar que, ao se comparar as partículas preparadas com o mesmo polímero através dessa metodologia, os materiais obtidos na proporção 2:1 (polímero:material inorgânico) têm uma perda maior de massa referente à degradação polimérica, entretanto essa perda não aparenta ser proporcional à quantidade de polímero. O comportamento de perda de massa por degradação polimérica foi observado também por Li e colaboradores (2008b) em partículas magnéticas de Fe3O4 e quitosana, com uma perda percentual total de 62,2%. As curvas DSC das partículas magnéticas contendo polímero são apresentadas na Figura 27. Para todas as partículas há um pico endotérmico por volta de 100 °C relativo à perda de água. Confirmando as diferenças observadas na TG, foram obtidos dois perfis distintos para as partículas sintetizadas pelas diferentes metodologias, sendo que as preparadas in situ possuem perfil mais semelhante ao material exclusivamente inorgânico, com picos menores. 79 Figura 27: Curvas DSC das partículas magnéticas: (verde) OC in situ, (vermelho) OC-Bz in situ, (azul escuro) OC inc 1:1, (ocre) OC inc 2:1, (roxo) OC-Bz inc 1:1 e (azul claro) OC-Bz inc 2:1. As curvas das partículas preparadas através da metodologia de incorporação apresentam picos exotérmicos mais intensos por volta de 280 ¡C relativos à degradação do polímero. Também não há um pico significativo referente à transição da -Fe2O3 a -Fe2O3 na faixa de 500 ¡C, existente no material magnético inorgânico. As partículas preparadas com o derivado OCMQTS por incorporação apresentaram picos exotérmicos em aproximadamente 580 ¡C que podem ser referentes ao deslocamento dessa transição para uma faixa de temperatura maior, indicando que a presença do polímero aumenta a estabilidade térmica das partículas (ZHU et al., 2010). 5.5.4 Análise morfológica As micrografias em aumento de 500 vezes das partículas magnéticas preparadas pela metodologia in situ são apresentadas na Figura 28. Apesar da obtenção de partículas pequenas, ambos os materiais apresentam aglomerados de partículas com superfície irregular, muito semelhantes ao material magnético inorgânico. 80 Figura 28: Micrografias eletrônicas de varredura das partículas (A) OC in situ e (B) OC-Bz in situ em aumento de 500x. O comportamento de agregação pode ser explicado pela característica magnética dos materiais e seu reduzido tamanho de partícula. Ma e colaboradores (2007) também observaram agregação em partículas magnéticas com quitosana preparadas por metodologia similar. A Figura 29 apresenta as micrografias das partículas magnéticas preparadas pela metodologia de incorporação em aumento de 2000 vezes. Da mesma forma que as partículas preparadas in situ, estas apresentam superfície irregular e formação de agregados. 81 Figura 29: Micrografias eletrônicas de varredura das partículas (A) OC inc 1:1, (B) OC inc 2:1, (C) OC-Bz inc 1:1 e (D) OC-Bz inc 2:1 em aumento de 2000x. Não há diferença na superfície e no formato das partículas preparadas nas diferentes proporções polímero:material magnético inorgânico, entretanto parece haver menor agregação entre as partículas preparadas na proporção 2:1. Esta menor agregação pode ser explicada pelas propriedades magnéticas menos intensas dessas partículas, visto que apresentam uma maior quantidade de polímero. Utilizando uma metodologia similar, Denkbas e colaboradores (2002) prepararam microesferas magnéticas de quitosana com tamanho homogêneo, superfície lisa e pouca agregação. Liang e colaboradores (2007) prepararam partículas magnéticas revestidas com carboximetilquitosana e observaram que o revestimento polimérico impediu as interações hidrofóbicas entre as partículas, evitando a agregação. 5.5.5 Comportamento magnético As curvas de magnetização dos materiais Fe3O4/!-Fe2O3, OC in situ e OC-Bz in situ são apresentadas na Figura 30. É possível perceber que o preparo das partículas com os polímeros reduziu consideravelmente a saturação magnética, 82 indicando a presença de uma quantidade considerável de material não magnético, porém houve manutenção do comportamento de superparamagnetismo. Figura 30: Curvas de magnetização dos materiais Fe3O4/!-Fe2O3, OC in situ e OCMQTS-Bz in situ à temperatura ambiente. No detalhe, a expansão da parte central da curva. Os parâmetros magnéticos do material inorgânico e das partículas preparadas com os polímeros são apresentados na Tabela 05. Todas as partículas preparadas com polímero, independente da metodologia de preparo, apresentaram redução da saturação magnética em comparação com as partículas compostas somente por material inorgânico, indicando a presença de material polimérico (não magnético). Os materiais obtidos através da metodologia in situ apresentaram saturação magnética maior que os obtidos por incorporação, devido à maior quantidade de material inorgânico em relação à quantidade de polímero. A partícula OC-Bz in situ, dentre os materiais contendo polímero, foi a que apresentou o comportamento de superparamagnetismo mais acentuado, pois além de uma saturação alta, tem baixa magnetização remanescente e coercividade, indicando a desmagnetização do material assim que o campo magnético é removido, sendo assim um bom candidato para aplicações terapêuticas como na hipertermia induzida magneticamente e na liberação vetorizada de agentes terapêuticos. 83 Tabela 05: Parâmetros magnéticos obtidos a partir da curva de magnetização das partículas à temperatura ambiente. Saturação magnética (emu g-1) Magnetização remanescente (emu g-1) Coercividade (Oe) 54,4 3,1 25,7 60,8 3,6 26,5 OC in situ 32,8 2,8 41,3 OC-Bz in situ 34,2 0,5 5,1 OC inc 1:1 18,6 0,4 15,4 OC inc 2:1 20,0 ND ND OC-Bz inc 1:1 24,1 0,6 12,3 OC-Bz inc 2:1 18,4 1,3 32,3 Partículas magnéticas Fe3O4/!-Fe2O3 lote (B) Fe3O4/!-Fe2O3 lote (C) ND: não determinado Todas as partículas apresentadas na Tabela 05 foram preparadas com o lote (B) de Fe3O4/!-Fe2O3, exceto a OC inc 2:1, preparada com o lote (C). Isso explica seu maior valor de saturação magnética quando comparada à OC inc 1:1 que, apesar de conter uma quantidade menor de polímero em relação ao material inorgânico, apresenta menor valor de saturação decorrente da menor saturação do material magnético de partida. Entre as partículas OC-Bz inc 1:1 e OC-Bz inc 2:1, ambos preparados a partir do lote (B) de Fe3O4/!-Fe2O3, é possível observar uma saturação maior do material que contém menos polímero, conforme esperado. O tamanho de partícula foi determinado por XRD para os materiais OC in situ e OC inc 1:1, de 7 nm e 15,6 nm, respectivamente, indicando que a presença do polímero durante a síntese do material magnético, como ocorre na metodologia in situ, possibilita a obtenção de partículas menores por evitar a agregação. A faixa de tamanho ideal para administração intravenosa é entre 10 e 100 nm, pois as nanopartículas com estas dimensões permanecem mais tempo na circulação sanguínea por evitar o sistema reticuloendotelial e, ao mesmo tempo, são pequenas 84 o suficiente para penetrar nos capilares dos tecidos em que o fármaco será liberado (PHILIPPOVA et al., 2011). Todos os materiais apresentaram menor saturação magnética e menor diâmetro médio que as partículas preparadas por Liang e colaboradores (2010) utilizando OCMQTS quaternizada e colesterol, com saturação magnética de 40 emu g-1 e tamanho de 52,4 nm para as partículas com apenas uma camada de polímero e colesterol. Zhang e colaboradores (2010) prepararam partículas magnéticas de Fe3O4 e quitosana com saturação magnética de cerca de 48,6 emu g-1 e com tamanho mínimo de 58 nm, também maiores que as obtidas neste trabalho. Entretanto, as partículas preparadas pela metodologia de incorporação apresentaram saturação magnética semelhante às sintetizadas por Donadel e colaboradores (2008) com Fe3O4 e quitosana, entre 16 e 22 emu g-1, dependendo da proporção de polímero e material inorgânico utilizada. Além disso, os autores prepararam partículas de maior diâmetro, entre 0,6 e 13 µm, e coercividade muito maior, entre 308 e 311 Oe, indicando partículas com característica paramagnética menos pronunciada. Em geral, a metodologia in situ permite a obtenção de nanopartículas magnéticas menores e com características de superparamagnetismo mais pronunciadas, enquanto que as nanopartículas preparadas pela metodologia de incorporação apresentam diâmetro médio maior, porém com uma distribuição de tamanho mais homogênea. Dessa forma, a escolha de determinada metodologia para o preparo das nanopartículas magnéticas depende das características necessárias para a aplicação desejada. A diferença nos valores de saturação magnética das nanopartículas quando comparadas as duas metodologias de síntese é devida provavelmente à maior quantidade de material inorgânico presente nos materiais preparados in situ. Com a finalidade de verificar a influência da metodologia de preparo das nanopartículas nos valores dos parâmetros magnéticos, seria necessário realizar a síntese das nanopartículas pelo método de incorporação na proporção 0,5:1 (polímero:material magnético inorgânico), pois esta é a proporção utilizada no preparo das nanopartículas pela metodologia de formação in situ. 85 5.5.6 Espectroscopia Mössbauer A espectroscopia Mössbauer foi utilizada para a caracterização apenas das partículas OC in situ e OC inc 1:1 a fim de verificar se a metodologia de síntese das partículas influenciaria significativamente na distribuição dos componentes magnéticos dos materiais. Os espectros Mössbauer das partículas OC in situ e OC inc 1:1 a 77 e 300 K são apresentados nas Figuras 31 e 32, respectivamente. Os parâmetros hiperfinos obtidos a partir dos espectros são apresentados na Tabela 06. Os espectros Mössbauer de ambas as partículas são similares aos do material magnético inorgânico, principalmente da partícula OC inc 1:1, como esperado, pois na metodologia de incorporação o material magnético utilizado é preparado previamente e posteriormente incorporado. Para ambas as partículas, não há componentes adicionais nos espectros e os valores de parâmetros hiperfinos são próximos aos da mistura de óxidos de ferro. 86 Figura 31: Espectros Mössbauer da partícula OC in situ a (A) 77 K e (B) 300 K. As linhas coloridas representam as diferentes espécies presentes no material. 87 Figura 32: Espectros Mössbauer da partícula OC inc 1:1 a (A) 77 K e (B) 300 K. As linhas coloridas representam as diferentes espécies presentes no material. 88 Tabela 06: Parâmetros hiperfinos de espectroscopia Mössbauer dos materiais OC in situ e OC inc 1:1 a 77 e 300 K. Temperatura (K) " (mm s-1) # (mm s-1) Razão das Bhf (T) espécies (%) OC in situ 77 300 0,46 0,00 36,1 59 0,44 0,72 0,0 41 0,36 0,00 24,8 20 0,33 0,65 0,0 80 OC inc 1:1 77 300 0,45 0,00 47,1 93 0,47 0,85 0,0 7 0,33 0,00 37,1 59 0,34 0,62 0,0 41 A principal diferença entre os espectros das partículas analisadas é em relação à razão dos dois componentes, como pode ser observado na Tabela 06. Esta diferença pode ser decorrente dos diferentes tamanhos das partículas e/ou da sua dispersão nas amostras estudadas. A maior evidência do dubleto nestes espectros quando comparados aos do material magnético inorgânico indica que há mais partículas no estado superparamagnético, indicando que a presença do polímero permite uma melhor separação das partículas, facilitando sua transição para o estado superparamagnético. Comparando-se as partículas obtidas pelos diferentes métodos, verifica-se que a metodologia de síntese in situ leva à formação de partículas com uma fração superparamagnética mais significativa, indicando que a presença do polímero na síntese do material magnético pode reduzir o tamanho das partículas ou a interação entre estas. Morales e colaboradores (2008) prepararam partículas de magnetita e maguemita em matrizes de alginato de cálcio cujos espectros também apresentaram um dubleto indicativo destes óxidos de ferro com características superparamagnéticas, obtendo partículas menores quando o material magnético foi sintetizado na presença do polímero. 89 5.6 Incorporação da indometacina e caracterização das partículas contendo o fármaco 5.6.1 Teor e eficiência de incorporação Uma metodologia ideal de incorporação de substâncias biologicamente ativas em partículas magnéticas para aplicações terapêuticas deve permitir a obtenção de sistemas com teor adequado de fármaco empregando quantidades moderadas da substância a ser incorporada, caracterizando, dessa forma, um processo com altos valores de eficiência de incorporação. Além disso, é importante garantir que, caso sejam empregados solventes ou outros reagentes tóxicos, os mesmos sejam totalmente removidos após o processo de incorporação. A incorporação da indometacina nas partículas magnéticas foi realizada através de duas metodologias: evaporação do solvente e incorporação in situ do fármaco e foram obtidos os lotes de nanopartículas apresentados na Tabela 07. Tabela 07: Partículas magnéticas contendo indometacina de acordo com a metodologia de incorporação do fármaco e proporção polímero:material inorgânico. Lote Metodologia Fe3O4/!-Fe2O3/INDev Evaporação Partículas* ou polímeros** empregados e proporção polímero:material inorgânico Fe3O4/!-Fe2O3 OC in situ/INDev Evaporação OC in situ OC-Bz in situ/INDev Evaporação OC-Bz in situ OC inc 1:1/INDev Evaporação OC inc 1:1 OC inc 2:1/INDev Evaporação OC inc 2:1 OC-Bz inc 1:1/INDev Evaporação OC-Bz inc 1:1 OC-Bz inc 2:1/INDev Evaporação OC-Bz inc 2:1 OC 1:1/INDis Incorporação in situ OCMQTS (1:1) OC-Bz 1:1/INDis Incorporação in situ OC-Bz (1:1) OC-Bz 2:1/INDis Incorporação in situ OC-Bz (2:1) * Quando empregada a metodologia de evaporação. ** Quando empregada a metodologia de incorporação in situ. 90 Para quantificação da indometacina contida nas partículas é importante que a extração do fármaco do material seja completa, sendo fundamental a utilização de um solvente ou sistema de solventes em que o fármaco apresente alta solubilidade. O etanol foi utilizado como solvente por apresentar uma solubilidade adequada (1 g de indometacina é solúvel em 30 mL de etanol) (GELONE; GENNARO, 2006) e o procedimento foi repetido para garantir a completa extração do fármaco contido nas partículas. Este procedimento foi empregado para calcular o teor de indometacina nas partículas e a eficiência de incorporação do processo. Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 08. Tabela 08: Teor e eficiência de incorporação do fármaco nas partículas magnéticas obtidas pela incorporação da indometacina através da metodologia de evaporação do solvente. Partículas Teor (%) Fe3O4/!-Fe2O3/INDev 3,4 ± 0,1 Eficiência de incorporação (%) 33,8 ± 0,7 OC in situ/INDev 7,5 ± 0,5 86,2 ± 6,0 OC-Bz in situ/INDev 6,6 ± 0,2 72,2 ± 1,9 OC inc 1:1/INDev 3,0 ± 0,1 33,7 ± 0,9 OC inc 2:1/INDev 4,4 ± 0,1 50,0 ± 1,4 OC-Bz inc 1:1/INDev 6,6 ± 0,2 74,8 ± 2,8 OC-Bz inc 2:1/INDev 5,3 ± 0,2 60,8 ± 2,8 A metodologia de incorporação do fármaco por evaporação consiste na adsorção simples da indometacina na superfície das partículas por agitação vigorosa de uma dispersão das partículas com uma solução do fármaco, posterior aquecimento até a evaporação do clorofórmio, separação do material e secagem a vácuo das partículas. Um procedimento semelhante foi empregado na incorporação da indometacina em nanopartículas magnéticas dispersíveis em água contendo ácido oleico e revestidas com metiléter de polietilenoglicol-poli(!-caprolactona) (mPEG-PCL), com a obtenção de valores de eficiência de incorporação entre 27 e 33%, mais baixos que os encontrados para as partículas magnéticas obtidas neste trabalho em que a indometacina foi incorporada por evaporação, inclusive as 91 preparadas exclusivamente com material inorgânico. Entretanto, os sistemas obtidos por eles apresentaram teor entre 36 e 57%, superior aos valores apresentados na Tabela 08, provavelmente devido à maior quantidade de fármaco utilizado no processo de incorporação (RUTNAKORNPITUK et al., 2009). É possível observar que para as partículas em que a incorporação do fármaco foi realizada pelo método de evaporação do solvente a presença do polímero melhorou a eficiência do processo, com exceção da partícula OC inc 1:1/INDev, que apresentou eficiência muito semelhante ao material Fe3O4/!-Fe2O3/INDev, em que a partícula foi preparada apenas com material inorgânico. As partículas preparadas in situ e com o fármaco incorporado por evaporação do solvente (OC in situ/INDev e OC-Bz in situ/INDev) apresentaram, em geral, maior eficiência de incorporação do fármaco quando comparados aos outros materiais. As partículas preparadas através da metodologia de incorporação e com a indometacina incorporada pela técnica de evaporação do solvente apresentaram maior eficiência de incorporação quando obtidas a partir do derivado benzilado em comparação com a OCMQTS. Os materiais obtidos a partir da OCMQTS apresentaram maior eficiência quando foi empregada a proporção 2:1 (polímero:material inorgânico), demonstrando que a presença de uma maior quantidade desse polímero é importante para uma maior eficiência. Entretanto, as partículas preparadas a partir do derivado OCMQTS-Bz apresentaram um comportamento inverso, o que pode ser explicado pela maior interação entre as partículas entre si do que entre as partículas e a indometacina. Este comportamento está associado principalmente às interações hidrofóbicas, em decorrência da elevada quantidade de polímero nas partículas preparadas na proporção 2:1. A interação entre a indometacina e as partículas contendo polímero pode ocorrer através de ligações de hidrogênio, formação de complexos entre o grupamento amino protonado do polímero e o grupamento carboxilato do fármaco e, no caso do derivado benzilado, interações hidrofóbicas (MI et al., 2002). Os maiores valores de eficiência de incorporação obtidos para os materiais OC in situ/INDev e OC-Bz in situ/INDev podem ser explicados pelo menor tamanho das partículas preparadas pela metodologia de formação in situ e provavelmente pela interação através da interação eletrostática entre os grupamentos NH3+ dos polímeros e COO- 92 da indometacina. Este efeito é mais pronunciado para as partículas preparadas com a OCMQTS devido à maior quantidade de grupamentos NH2 livres para protonação e complexação, visto que parte destes grupamentos estão substituídos com o radical benzil no derivado OCMQTS-Bz. Esta forma de interação não ocorre para as partículas preparadas através da metodologia de formação por incorporação devido ao processo de reticulação dos grupamentos amino com o glutaraldeído, reduzindo a interação entre as partículas e o fármaco. A metodologia de incorporação in situ da indometacina, conhecida como reticulação em emulsão, consiste na adição do fármaco durante o preparo das partículas, diferentemente da técnica anteriormente descrita, na qual a incorporação é realizada após a preparação das partículas e o fármaco se encontra apenas na superfície do material. A incorporação in situ possibilita a deposição da indometacina na superfície e no interior da camada polimérica, enquanto que na metodologia de evaporação do solvente o fármaco encontra-se apenas depositado na superfície das partículas. Os valores de teor e eficiência das partículas obtidas pela incorporação in situ da indometacina são apresentados na Tabela 09. Tabela 09: Teor e eficiência de incorporação do fármaco nas partículas magnéticas obtidas através da incorporação in situ da indometacina. Partículas Teor (%) OC 1:1/INDis 6,8 ± 0,4 Eficiência de incorporação (%) 30,2 ± 1,7 OC-Bz 1:1/INDis 6,6 ± 0,1 28,3 ± 0,3 OC-Bz 2:1/INDis 3,4 ± 0,4 28,5 ± 3,5 Os materiais obtidos através dessa metodologia apresentaram eficiência de incorporação reduzida quando comparados aos preparados por evaporação do solvente em decorrência do maior volume de solução empregado durante o processo, o que faz com que provavelmente uma quantidade maior de indometacina permaneça em solução e não seja incorporada nas partículas. Os materiais preparados na proporção 1:1 apresentaram teor semelhante aos obtidos por evaporação do solvente apesar da diferença na eficiência, pois a quantidade de indometacina utilizada no processo de incorporação in situ foi propositalmente maior, 93 visto que a redução da eficiência do processo era esperada. A inserção do grupamento hidrofóbico no polímero empregado e a relação polímero:material inorgânico não exerceram influência na eficiência do processo de incorporação por esta metodologia, apenas o teor do material OC-Bz 2:1/INDis foi reduzido quando comparado ao OC-Bz 1:1/INDis porque a relação entre a quantidade de fármaco e a quantidade de material polimérico e inorgânico foi reduzida. Entretanto, a eficiência de incorporação do fármaco para estes materiais foi muito semelhante. Wilson e colaboradores (2009) prepararam partículas magnéticas de quitosana contendo tacrina por uma metodologia semelhante para liberação vetorizada no cérebro, obtendo valores muito superiores de eficiência de incorporação do fármaco (entre 51 e 78%). Saravanan e colaboradores (2004) prepararam microesferas magnéticas de gelatina e diclofenaco de sódio através da metodologia de reticulação com glutaraldeído em emulsão, resultando numa eficiência de incorporação de 89%. Foram preparadas partículas magnéticas de OCMQTS quaternizada com indometacina incorporada através de uma metodologia com formação de emulsão, obtendo-se valores de eficiência de incorporação de até 95%, muito superiores aos observados para os materiais preparados com a OCMQTS e a OCMQTS-Bz. Esta maior eficiência de incorporação pode ser atribuída à formação de complexo entre a porção carregada positivamente do polímero e a carboxila carregada negativamente da indometacina (LIANG et al., 2010). 5.6.2 Espectroscopia no infravermelho Os espectros no infravermelho da indometacina e das partículas magnéticas com o fármaco incorporado pela metodologia de evaporação do solvente são apresentados na Figura 33. As principais bandas no espectro da indometacina (A) são em 753 cm-1, uma banda fraca correspondente à ligação C–Cl, e duas bandas em 1717 e 1692 cm-1 referentes às carbonilas do fármaco (KANG et al., 2008; CHEN et al., 2009). 94 Figura 33: Espectros no infravermelho dos materiais (A) Indometacina, (B) Fe3O4/!Fe2O3/INDev, (C) OC in situ/INDev, (D) OC-Bz in situ/INDev, (E) OC inc 1:1/INDev, (F) OC inc 2:1/INDev, (G) OC-Bz inc 1:1/INDev e (H) OC-Bz inc 2:1/INDev. Os espectros das partículas magnéticas contendo o fármaco, de (B) a (H), apresentam principalmente as bandas características das partículas utilizadas. As bandas características das carbonilas da indometacina aparecem apenas fracamente nos materiais devido ao baixo teor de fármaco nas partículas e não são evidenciadas nos espectros em decorrência da presença de bandas próprias dos polímeros absorvendo em comprimentos de onda muito próximos. A banda correspondente à ligação C–Cl, por sua vez, não é observada nos espectros de nenhuma das partículas. A Figura 34 apresenta os espectros dos materiais obtidos pela incorporação in situ do fármaco através da técnica de reticulação em emulsão. 95 Figura 34: Espectros no infravermelho dos materiais (A) OC 1:1/INDis, (B) OC-Bz 1:1/INDis e (C) OC-Bz 2:1/INDis. As bandas relativas à indometacina também não são claramente observadas nos espectros desses materiais devido ao baixo teor de fármaco. É possível observar nos três espectros a presença das bandas referentes ao material inorgânico anteriormente citadas. No espectro (A) do material OC 1:1/INDis, podem ser observadas as bandas relativas à forma salina da OCMQTS em decorrência do aumento do pH da dispersão polimérica no preparo do material, sendo o principal diferencial a banda em 1598 cm-1, correspondente ao grupo –COONa (CHEN; PARK, 2003). Os espectros (B) e (C) correspondem aos materiais preparados com a OCMQTS-Bz na proporção de 1:1 e 2:1 (polímero:material inorgânico) respectivamente. Nestes espectros, pode-se observar uma razão indicativa dessa proporção polímero:material inorgânico entre a banda por volta de 1560 cm-1, referente ao polímero utilizado, e a banda em 597 cm-1, referente ao material magnético. O espectro (B) apresenta uma razão entre essas bandas de 1,3, enquanto que essa razão no espectro (C) é de 2,6, confirmando a maior quantidade de polímero nessa partícula. 96 5.6.3 Análise térmica A Figura 35 apresenta as curvas TG da indometacina e das partículas magnéticas com o fármaco incorporado através da técnica de evaporação do solvente. Na curva TG do fármaco (verde), é possível observar a perda quase total de massa da indometacina, indicando a sua degradação. Figura 35: Curvas TG da indometacina e das partículas magnéticas contendo o fármaco incorporado pela metodologia de evaporação do solvente: (verde) Indometacina, (vermelho) Fe3O4/-Fe2O3/INDev, (azul escuro) OC in situ/INDev, (ocre) OC-Bz in situ/INDev, (roxo) OC inc 1:1/INDev, (azul claro) OC inc 2:1/INDev, (bordô) OC-Bz inc 1:1/INDev e (preto) OC-Bz inc 2:1/INDev. Da mesma forma que para as partículas sem o fármaco, há uma pequena perda inicial de massa entre 30 e 110 ¡C, referente à perda de água. Entre 220 e 400 ¡C há a perda de massa correspondente à degradação da indometacina incorporada nas partículas, comprovando a sua presença nos materiais. Além disso, também há perda total menor nas partículas magnéticas inorgânicas e nas preparadas pela metodologia in situ. As curvas DSC dos mesmos materiais e da mistura física de indometacina e de material magnético inorgânico são apresentados na Figura 36. As curvas DSC da indometacina e da mistura física apresentam um pico endotérmico em 162 ¡C referente à degradação da forma cristalina do fármaco. Este pico não é encontrado nas curvas DSC das partículas contendo o fármaco, indicando que a indometacina está incorporada nos materiais em sua forma amorfa (XIN et al., 2010). 97 Figura 36: Curvas DSC da indometacina e das partículas magnéticas contendo o fármaco incorporado através da metodologia de evaporação do solvente: (verde) Indometacina, (vermelho) Fe3O4/-Fe2O3/INDev, (azul escuro) OC in situ/INDev, (ocre) OC-Bz in situ/INDev, (roxo) OC inc 1:1/INDev, (azul claro) OC inc 2:1/INDev, (bordô) OC-Bz inc 1:1/INDev e (preto) OC-Bz inc 2:1/INDev. No detalhe, a curva DSC da mistura física de indometacina e Fe3O4/-Fe2O3 (5,0%). A Figura 37 apresenta as curvas TG da indometacina e dos materiais com o fármaco incorporado através da técnica de incorporação in situ. Do mesmo modo que para as partículas com o fármaco incorporado por evaporação do solvente, há a perda referente à degradação da indometacina incorporada. 98 Figura 37: Curvas TG da indometacina e das partículas magnéticas contendo o fármaco incorporado através da metodologia de incorporação in situ: (verde) Indometacina, (vermelho) OC 1:1/INDis, (azul) OC-Bz 1:1/INDis e (ocre) OC-Bz 2:1/INDis. As curvas DSC desses mesmos materiais e da mistura física de indometacina e de material magnético inorgânico são apresentadas na Figura 38. Observa-se o desaparecimento do pico relativo à forma cristalina da indometacina, indicando sua incorporação nos materiais na sua forma amorfa. Figura 38: Curvas DSC da indometacina e das partículas magnéticas contendo o fármaco incorporado através da metodologia de incorporação in situ: (verde) Indometacina, (vermelho) OC 1:1/INDis, (azul) OC-Bz 1:1/INDis e (ocre) OC-Bz 2:1/INDis. No detalhe, a curva DSC da mistura física de indometacina e Fe3O4/Fe2O3 (5,0%). 99 Tais resultados são semelhantes aos obtidos por Kang e colaboradores (2008) para micropartículas poliméricas de ácido poliláctico e PLGA com indometacina incorporada. O pico correspondente à degradação da forma cristalina do fármaco também está ausente nas curvas DSC das micropartículas com o ativo, indicando a incorporação da indometacina na sua forma amorfa. 5.6.4 Análise morfológica Apenas os materiais com o fármaco preparados através da metodologia de incorporação in situ da indometacina foram analisados por MEV, pois acredita-se que as partículas com o fármaco incorporado pelo método de evaporação do solvente não teriam sua superfície e seu tamanho significativamente alterados. A micrografia da partícula OC 1:1/INDis está apresentada na Figura 39. É possível observar um aglomerado de partículas com superfície irregular e a presença de cristais de indometacina, indicando que pelo menos parte do fármaco não foi efetivamente incorporada nas partículas, mas sim apenas depositada no material. Figura 39: Micrografia eletrônica de varredura do material OC 1:1/INDis em aumento de 3000x. As micrografias das partículas preparadas com o derivado benzilado pelo mesmo método de incorporação do fármaco são apresentadas na Figura 40. Neste caso, também é possível observar a presença de agregados de partículas, 100 entretanto não há a presença de cristais de fármaco, indicando que a indometacina foi efetivamente incorporada nas partículas independente da proporção polímero:material magnético empregada. A melhor incorporação do fármaco nos materiais preparados com a OCMQTS-Bz pode ser explicada pela presença do grupamento aromático neste derivado, que permitiu maior interação entre a indometacina e as partículas magnéticas. Figura 40: Micrografias eletrônicas de varredura dos materiais (A) OC-Bz 1:1/INDis e (B) OC-Bz 2:1/INDis em aumento de 3000x. Wilson e colaboradores (2009) prepararam partículas magnéticas de quitosana com tacrina através de uma metodologia semelhante, obtendo micropartículas relativamente esféricas com tamanho de 5 ± 2 µm, caracterizando uma distribuição de tamanho irregular. A técnica de microscopia de transmissão eletrônica (TEM) foi utilizada para caracterização de apenas dois materiais, OC-Bz in situ/INDev e OC-Bz inc 2:1/INDev, para verificar se a metodologia de preparo das partículas exerce 101 influência considerável na sua morfologia e no seu tamanho. A Figura 41 apresenta as micrografias destes materiais em dois aumentos. Figura 41: Micrografias eletrônicas de transmissão dos materiais (A) OC-Bz in situ/INDev e (B) OC-Bz inc 2:1/INDev. Os detalhes apresentam micrografias das partículas em aumento maior. Na micrografia da OC-Bz in situ/INDev, observam-se partículas menos agregadas e sem separação perceptível entre a parte magnética inorgânica e o polímero, confirmando a coprecipitação do material magnético nos poros do polímero. O material OC-Bz inc 2:1/INDev, por sua vez, apresenta-se mais agregado e, no detalhe, observa-se o núcleo magnético mais escuro e compacto com o revestimento polimérico, mais claro. Através dessas micrografias foi possível avaliar também o diâmetro médio das partículas e sua distribuição do tamanho, representada na Figura 42. O material OC-Bz in situ/INDev apresenta partículas menores, principalmente entre 5 e 12 nm, com diâmetro médio de 9,34 nm. As partículas OC-Bz inc 2:1/INDev apresentam uma distribuição de tamanho mais homogênea, predominantemente entre 5 e 15 nm, com diâmetro médio de 12,94 nm. Estes resultados confirmam o menor tamanho das partículas magnéticas preparadas pela metodologia in situ quando comparadas às obtidas por incorporação, sugerindo-se que a presença do polímero durante a síntese do material magnético pode impedir o crescimento das partículas. 102 Figura 42: Distribuição do tamanho de partícula das partículas (A) OC-Bz in situ/INDev e (B) OC-Bz inc 2:1/INDev determinada a partir das micrografias de TEM. Além disso, comparando-se com o tamanho obtido através da caracterização do comportamento magnético, verificou-se que a incorporação do fármaco pela metodologia de evaporação do solvente não resulta num aumento significativo do tamanho das partículas. 5.6.5 Comportamento magnético É de fundamental importância que as partículas magnéticas empregadas para a liberação vetorizada de fármacos mantenham suas propriedades magnéticas após a incorporação do ativo. O comportamento magnético dos materiais com a indometacina incorporada foi avaliado apenas para as partículas OC-Bz inc 2:1/INDev e OC-Bz 2:1/INDis e está representado na Figura 43 com as curvas de magnetização da partícula OC-Bz inc 2:1 e do material magnético inorgânico de partida utilizado para o preparo destas partículas para comparação do comportamento. Os parâmetros magnéticos obtidos a partir das curvas de magnetização são apresentados na Tabela 10. 103 Figura 43: Curvas de magnetização das partículas magnéticas Fe3O4/!-Fe2O3 e OC-Bz inc 2:1 e dos materiais contendo indometacina OC-Bz inc 2:1/INDev e OC-Bz 2:1/INDis. A escala do eixo y à direita corresponde à partícula Fe3O4/!-Fe2O3 e à esquerda é referente aos outros materiais. Tabela 10: Parâmetros magnéticos obtidos a partir da curva de magnetização da OC-Bz inc 2:1 e dos materiais contendo indometacina OC-Bz inc 2:1/INDev e OCBz 2:1/INDis à temperatura ambiente. Partículas magnéticas Saturação magnética (emu/g) Magnetização remanescente (emu/g) Coercividade (Oe) OC-Bz inc 2:1 18,4 1,3 32,3 OC-Bz inc 2:1/INDev 16,9 1,0 27,6 OC-Bz 2:1/INDis 16,3 0,9 24,6 Observa-se que, independente da metodologia utilizada para incorporação da indometacina, houve pouca alteração nas curvas de magnetização e, consequentemente, nos parâmetros magnéticos dos materiais contendo o fármaco quando comparados à partícula magnética OC-Bz inc 2:1, com apenas uma redução nos valores de todos os parâmetros. Assim, verifica-se que os materiais mantêm suas características magnéticas mesmo após a incorporação do fármaco, o que é adequado para sua aplicação na vetorização de agentes terapêuticos. 104 5.6.6 Espectroscopia Mössbauer A caracterização por espectroscopia Mössbauer dos materiais magnéticos contendo indometacina foi realizada apenas para as partículas OC-Bz in situ/INDev, OC-Bz inc 2:1/INDev e OC-Bz 2:1/INDis para comparação entre as diferentes metodologias de incorporação do fármaco e os espectros obtidos estão apresentados nas Figuras 44, 45 e 46, respectivamente. Os parâmetros hiperfinos referentes a estes mesmos materiais estão listados na Tabela 11. Quando comparados aos espectros das partículas sem o fármaco, não foram observadas diferenças significativas entre os padrões dos espectros. 105 Figura 44: Espectros Mössbauer do material OC-Bz in situ/INDev a (A) 77 K e (B) 300 K. As linhas coloridas representam as diferentes espécies presentes no material. 106 Figura 45: Espectros Mössbauer do material OC-Bz inc 2:1/INDev a (A) 77 K e (B) 300 K. As linhas coloridas representam as diferentes espécies presentes no material. 107 Figura 46: Espectros Mössbauer do material OC-Bz 2:1/INDis a (A) 77 K e (B) 300 K. As linhas coloridas representam as diferentes espécies presentes no material. 108 Tabela 11: Parâmetros hiperfinos de espectroscopia Mössbauer dos materiais OC-Bz in situ/INDev, OC-Bz inc 2:1/INDev e OC-Bz 2:1/INDis a 77 e 300 K. Temperatura (K) " (mm s-1) # (mm s-1) Bhf (T) Razão das espécies (%) OC-Bz in situ/INDev 77 300 0,43 0,01 45,2 73 0,40 0,77 0,0 27 0,27 0,01 34,0 53 0,33 0,67 0,0 47 OC-Bz inc 2:1/INDev 77 0,46 0,02 50,5 300 0,34 0,01 43,4 90 0,18 0,54 0,0 10 OC-Bz 2:1/INDis 77 0,46 0,01 50,5 300 0,34 0,02 43,7 87 0,40 0,55 0,0 13 As principais diferenças são novamente observadas entre os materiais OC-Bz in situ/INDev e os outros dois materiais caracterizados por esta técnica, indicando que a metodologia de incorporação do fármaco não exerce influência no padrão dos espectros e confirmando que a metodologia de preparo das partículas interfere nestas características. Os materiais OC-Bz inc 2:1/INDev e OC-Bz 2:1/INDis apresentam espectros a 77 K compostos somente de sextetos característicos de componentes magnéticos, enquanto que a 300 K os espectros apresentam 10% e 13% de ferro no estado superparamagnético, representado pelos dubletos. O material OC-Bz in situ/INDev, por sua vez, apresenta uma proporção menor do componente magnético, representado pelo sexteto, com uma diminuição de 73% a 77 K para 53% a 300 K, indicando que este material possui partículas menores e menos aglomeradas que as partículas magnéticas sintetizadas na ausência de um polímero. 109 5.7 Liberação in vitro Estudos de liberação in vitro são fundamentais para determinar se a interação entre o fármaco e o sistema utilizado, neste caso as partículas magnéticas, é reversível, bem como para estimar a taxa de liberação do ativo e, dessa forma, prever a quantidade de fármaco a ser liberado e o tempo que decorrerá para que essa substância esteja disponível para ação no organismo. Para a liberação magneticamente vetorizada é importante que a maior quantidade do ativo seja liberada no local desejado, ou seja, a taxa de liberação deve ser suficientemente lenta para que as partículas contendo o fármaco possam atingir o sítio alvo e então liberar a substância. Entretanto, também não é desejado que a liberação seja muito lenta, pois isso implicaria na manutenção do campo magnético externo posicionado no local afetado durante um período de tempo muito longo. A Figura 47 apresenta o perfil de liberação em FCS da indometacina incorporada nas partículas magnéticas através do método de evaporação do solvente. Observa-se que todas as partículas proporcionaram uma liberação inicial rápida até aproximadamente duas horas, provavelmente correspondente à presença do fármaco apenas depositado na superfície das nanopartículas, seguida de uma liberação lenta e manutenção da quantidade de fármaco liberado, com um percentual de liberação entre 55% (OC inc 2:1/INDev) e 85% (Fe3O4/!-Fe2O3/INDev) em cinco horas. É possível afirmar que há interação entre as partículas e o fármaco pela diferença entre o perfil de dissolução da indometacina livre e da liberação da substância incorporada nas partículas. Considerando que o tempo normal de circulação sanguínea é de aproximadamente um minuto (SILVERTHORN, 2003), é possível notar que todos os materiais apresentam um tempo adequado de liberação, suficiente para que as partículas atinjam o local desejado para a ação. Como esperado, o material Fe3O4/!-Fe2O3/INDev apresentou a maior quantidade de indometacina liberada, indicando uma interação mais fraca entre o material magnético inorgânico e o fármaco. Da mesma forma que observado na eficiência de incorporação, o perfil de liberação do fármaco incorporado no material OC inc 1:1/INDev demonstra uma baixa interação entre a indometacina e a partícula, 110 pois é o sistema contendo polímero que apresenta a eficiência de incorporação mais baixa, liberação mais rápida de 50% do fármaco incorporado e o maior percentual de fármaco liberado no período avaliado. Figura 47: Perfis de dissolução e liberação da indometacina em FCS pH 7,4 a 37 °C incorporada nas partículas magnéticas pela metodologia de evaporação do solvente. As linhas representam apenas a tendência do processo e as barras de erro representam o desvio padrão para a duplicata. Entre as partículas preparadas in situ e com o fármaco incorporado por evaporação do solvente, o material OC in situ/INDev liberou o fármaco mais rapidamente que o OC-Bz in situ/INDev (50% do fármaco liberado em 90 e 160 minutos, respectivamente), apesar da maior eficiência de incorporação do primeiro. Acredita-se que a interação fármaco-polímero nestes sistemas ocorra principalmente através da interação entre os grupamentos NH3+ dos polímeros e COO- da indometacina, como discutido anteriormente. Desse modo, sugere-se que esta interação seja mais fraca que a hidrofóbica, proporcionando uma liberação mais rápida do fármaco contido nas partículas preparadas com o derivado não benzilado. Comparando-se as partículas obtidas por incorporação e com o fármaco incorporado por evaporação do solvente, percebe-se uma grande diferença de comportamento entre os materiais OC inc 1:1/INDev e OC inc 2:1/INDev. Como pode ser observado pelos perfis, a maior quantidade de OCMQTS nas partículas 111 dificulta a liberação da indometacina, promovendo uma liberação mais lenta (50% do fármaco liberado em 60 e 160 minutos, respectivamente) a partir das partículas preparadas com maior quantidade de polímero. Entre os materiais OC-Bz inc 1:1/INDev e OC-Bz inc 2:1/INDev observa-se comportamento oposto, condizente com os valores de eficiência de incorporação que indicam uma maior interação entre o fármaco e as partículas obtidas com uma quantidade menor de OCMQTS-Bz. Este comportamento reforça a afirmação de que há uma maior interação entre as partículas OC-Bz inc 2:1 entre si que entre as partículas e a indometacina. Guo e colaboradores (2010) incorporaram indometacina na sua forma sódica em partículas poliméricas magnéticas através de metodologia similar e estudaram sua liberação em meios com pH de 4,5 a 7,4. Foi observada uma liberação percentual baixa em valores mais altos de pH (cerca de 20%), com o aumento da quantidade liberada em valores de pH mais baixos. Os perfis de liberação da indometacina incorporada nos materiais OC 1:1/INDis, OC-Bz 1:1/INDis e OC-Bz 2:1/INDis são mostrados na Figura 48. O percentual de fármaco liberado em cinco horas foi semelhante aos materiais obtidos por evaporação do solvente, permanecendo entre 65% (OC 1:1/INDis e OC-Bz 1:1/INDis) e 80% (OC-Bz 2:1/INDis). O material preparado com o derivado OCMQTS-Bz em maior proporção apresentou liberação mais rápida de 50% do fármaco quando comparado aos outros materiais obtidos pela mesma metodologia (52, 110 e 142 minutos para as partículas OC-Bz 2:1/INDis, OC 1:1/INDis e OC-Bz 1:1/INDis, respectivamente), além de um maior percentual de liberação, o que reforça a possibilidade de uma maior interação entre as cadeias do polímero do que entre o polímero e o fármaco. 112 Figura 48: Perfis de dissolução e liberação da indometacina em FCS pH 7,4 a 37 °C presente nas partículas magnéticas obtidas pela metodologia de incorporação in situ do fármaco. As linhas representam apenas a tendência do processo e as barras de erro representam o desvio padrão para a duplicata. As partículas com a indometacina incorporada pela metodologia de incorporação in situ preparadas na proporção 1:1 apresentaram um perfil e um percentual de liberação de indometacina semelhante, indicando que para esta metodologia de preparo a presença do grupamento hidrofóbico na cadeia polimérica não exerce grande influência na incorporação do fármaco nem na sua liberação. O material OC-Bz 2:1/INDis apresentou liberação de um maior percentual de indometacina que as partículas preparadas na proporção 1:1, provavelmente devido à maior interação entre as partículas entre si do que entre as partículas e o fármaco pela grande quantidade do polímero, como discutido anteriormente. Todas as partículas, exceto o material OC inc 2:1/INDev, apresentaram um percentual de liberação de indometacina maior que partículas magnéticas preparadas com mPEG-PCL e ácido oleico por Rutnakornpituk e colaboradores (2009). Os sistemas preparados pelos autores apresentaram um percentual de liberação entre 35% e 57%, dependendo do grau de hidrofobicidade do copolímero empregado na síntese das partículas e observou-se que a característica excessivamente hidrofóbica das partículas prejudicou a liberação do fármaco. 113 Liang e colaboradores (2010) estudaram a liberação da indometacina a partir de partículas magnéticas de OCMQTS quaternizada. Apesar da alta eficiência de incorporação obtida (até 95%), o máximo de fármaco liberado em meio com pH 7,4 foi de 28,9%. Partículas magnéticas de quitosana contendo tacrina preparadas através de metodologia semelhante à incorporação in situ apresentaram uma liberação rápida do fármaco nas primeiras cinco horas seguida de uma liberação lenta, com estabilização após 24 horas e liberação de 73 a 81% da tacrina incorporada (WILSON et al., 2009). Butoescu e colaboradores (2009) prepararam partículas magnéticas de PLGA contendo dexametasona e obtiveram uma liberação lenta do fármaco, com uma pequena quantidade liberada inicialmente (cerca de 20% nas primeiras horas) e percentual de liberação superior a 80% após oito dias. 5.8 Modelos cinéticos de liberação A modelagem matemática da liberação de fármacos permite obter informações a respeito dos processos químicos e de transporte de massa envolvidos no sistema de liberação, além de possibilitar a avaliação do efeito de determinados parâmetros da forma farmacêutica, como geometria e teor de fármaco, no mecanismo de liberação. Dessa forma, é possível otimizar um sistema para obtenção do perfil de liberação desejado (ARIFIN; LEE; WANG, 2006). O mecanismo de liberação de um fármaco pode ser influenciado por diversos parâmetros como tipo de fármaco, seu polimorfismo, tamanho de partícula, solubilidade e quantidade presente na forma farmacêutica ou no sistema de liberação. Dentre os principais modelos matemáticos empregados, podem-se citar as equações de ordem zero, primeira ordem, Higuchi, Hixson-Crowell e KorsmeyerPeppas (COSTA; LOBO, 2001). O modelo de ordem zero pode ser aplicado para formas farmacêuticas que não sofrem desagregação e liberam o fármaco lentamente, considerando que não há alteração da área e não se estabelece um equilíbrio. É aplicado principalmente 114 para comprimidos matriciais ou revestidos e sistemas transdérmicos e osmóticos. Pode ser representada pela Equação 5: Equação 5 em que K0 é a constante de liberação de ordem zero, Q0 e Qt são as quantidades de fármaco liberadas no tempo zero e no tempo t respectivamente (COSTA; LOBO, 2001). A cinética de primeira ordem é utilizada para descrever principalmente processos de absorção e eliminação de substâncias, sendo empregado também para fármacos hidrossolúveis presentes em matrizes porosas, casos em que a velocidade de liberação depende da quantidade de fármaco restante na forma farmacêutica. É representada pela Equação 6: Equação 6 em que K1 é a constante de liberação de primeira ordem, Q0 e Qt são as quantidades de fármaco liberadas no tempo zero e no tempo t respectivamente (AGNES; ORTEGA, 2003). O modelo de Higuchi mais amplamente conhecido tem sido utilizado para descrever a dissolução de fármacos de várias formas farmacêuticas de liberação modificada, como sistemas transdérmicos e comprimidos matriciais contendo fármacos hidrossolúveis. É representado pela Equação 7: Equação 7 onde KH é a constante de liberação de Higuchi, Qt e Qinf são as quantidades liberadas no tempo t e no infinito respectivamente (AGNES; ORTEGA, 2003). O modelo de Hixson-Crowell é aplicado para formas farmacêuticas em que a etapa limitante da liberação é a dissolução da substância, não a difusão que pode ocorrer na matriz polimérica, considerando que o seu formato permanece o mesmo durante todo o processo, apenas com uma diminuição proporcional do seu tamanho. É representada pela Equação 8: Equação 8 onde KHC é a constante de Hixson-Crowell e Qt é a quantidade liberada no tempo t (COSTA; LOBO, 2001). Outra equação frequentemente empregada é o modelo não linear de Korsmeyer-Peppas, utilizado geralmente para analisar a liberação a partir de formas 115 farmacêuticas poliméricas em que o mecanismo de liberação é desconhecido ou quando mais de um mecanismo está envolvido. É representado pela Equação 9: Equação 9 em que Q(t-l) é a liberação fracional do fármaco, ! é a constante que incorpora características estruturais e geométricas da forma farmacêutica, l é o tempo de latência que marca o início da liberação, n é o expoente de liberação indicativo do mecanismo de liberação do fármaco e b é a liberação abrupta inicial do fármaco. Considerando o tempo de latência como zero, resume-se à Equação 10: Qt Qinf = "t n + b Equação 10 Para a determinação do valor de n utiliza-se apenas a porção da curva em ! que Qt/Qinf<0,6. No caso de formas esféricas, o expoente n é indicativo dos seguintes mecanismos: difusão Fickiana (n = 0,43), transporte anômalo ou difusão não-Fickiana envolvendo uma possível combinação de mecanismos (0,43<n<0,85) ou intumescimento polimérico (n = 0,85) (COSTA; LOBO, 2001; SIEPMANN; SIEPMANN, 2008). A representação gráfica dos modelos matemáticos para quatro dos materiais obtidos é apresentada na Figura 49 e as constantes de liberação obtidas através dos modelos com seus respectivos coeficientes de correlação (r) são apresentadas na Tabela 12. 116 Figura 50: Modelos matemáticos aplicados para a liberação da indometacina em FCS pH 7,4 a 37 °C das partículas Fe3O4/!-Fe2O3/INDev, OC-Bz inc 1:1/INDev, OC-Bz inc 2:1/INDev e OC-Bz in situ/INDev. (A) Ordem zero, (B) Primeira ordem, (C) Higuchi, (D) Hixson-Crowell e (E) Korsmeyer-Peppas não linear. 117 Tabela 12: Constantes de liberação e coeficientes de correlação das equações matemáticas aplicadas na liberação da indometacina contida nas partículas magnéticas. Destacados em negrito estão os modelos que melhor se adequaram para cada material. Ordem zero Materiais r K0 -1 (min ) Primeira ordem r K1 -1 (min ) Higuchi r Hixson-Crowell KH -1/2 (min ) r Korsmeyer-Peppas KHC -1/3 (min ) r ! (min-1) n Fe3O4/!-Fe2O3/INDev 0,8727 0,141 0,8176 9,64x10-4 0,9651 5,18x10-2 0,9645 1,05x10-3 0,9693 8,63x10-2 0,43 OC in situ/INDev 0,8888 0,164 0,8057 1,64x10-3 0,9604 5,78x10-2 0,9269 1,07x10-3 0,9987 2,74x10-1 0,70 OC-Bz in situ/INDev 0,9375 0,108 0,8556 1,01x10-3 0,9767 4,06x10-2 0,9885 7,21x10-4 0,9724 7,69x10-2 0,44 OC inc 1:1/INDev 0,9198 0,138 0,8422 1,16x10-3 0,9812 4,20x10-2 0,9638 7,77x10-4 0,9958 1,05x10-1 0,40 OC inc 2:1/INDev 0,9764 0,142 0,9092 1,61x10-3 0,9914 4,72x10-2 0,9896 6,98x10-4 0,9904 6,06x10-2 0,40 OC-Bz inc 1:1/INDev 0,9246 0,204 0,8100 2,67x10-3 0,9962 7,24x10-2 0,9481 8,68x10-4 0,9873 1,23x10-1 0,43 OC-Bz inc 2:1/INDev 0,9210 0,220 0,8063 2,35x10-3 0,9864 6,40x10-2 0,9586 9,92x10-4 0,9905 9,94x10-2 0,43 OC 1:1/INDis 0,9284 0,145 0,8361 1,62x10-3 0,9793 4,93x10-2 0,9571 6,73x10-4 0,9905 6,71x10-2 0,50 OC-Bz 1:1/INDis 0,9716 0,160 0,9116 1,82x10-3 0,9981 5,21x10-2 0,9868 6,95x10-4 0,9974 1,30x10-1 0,34 OC-Bz 2:1/INDis 0,9813 0,244 0,9583 1,94x10-3 0,9855 5,28x10-2 0,9891 1,07x10-3 0,9721 1,92x10-1 0,30 118 Através dos valores dos coeficientes de correlação, o modelo matemático que melhor explicou o processo de liberação da indometacina para o maior número de partículas foi a equação de Korsmeyer-Peppas. Outros modelos com boa correlação foram as equações de Higuchi e Hixson-Crowell. Observa-se que mesmo para as partículas em que o melhor modelo não foi o de Korsmeyer-Peppas, a correlação para este modelo foi alta. Além disso, para o maior número de partículas o expoente n encontra-se entre 0,40 e 0,44, valores próximos de 0,43, indicando que a cinética de liberação segue a difusão Fickiana, mesmo mecanismo explicado pelo modelo de Higuchi. Para os casos em que n = 0,70 (OC in situ/INDev) e n = 0,50 (OC 1:1/INDis), sugere-se que a liberação ocorre por uma combinação de mecanismos que pode incluir a difusão e o intumescimento da polímero presente na partícula contendo o fármaco (SIEPMANN; SIEPMANN, 2008). Resultado semelhante ao encontrado neste trabalho foi obtido para liberação de tacrina contida em micropartículas magnéticas de quitosana, em que se encontrou boa correlação para o modelo cinético de Higuchi e, ao aplicar o modelo de Korsmeyer-Peppas, foram obtidos valores do expoente n condizentes com o mecanismo de difusão Fickiana explicado pela equação de Higuchi (WILSON et al., 2009). O modelo de Higuchi também foi aplicado para avaliação do mecanismo de liberação da indometacina contida em partículas magnéticas de PLGA, demonstrando boa correlação e indicando que o processo ocorre também através da difusão (CHATTOPADHYAY; GUPTA, 2002). Závi!ová e colaboradores (2007) aplicaram modelos matemáticos no perfil de dissolução da indometacina a partir de nanopartículas poliméricas magnéticas para verificar se o mecanismo de liberação predominante era por dissolução ou difusão. A melhor correlação foi obtida para o modelo de dissolução, principalmente no início do processo. A liberação da indometacina em tampão fosfato pH 7,2 a partir de partículas magnéticas de metilmetacrilato e 2,3-epoxipropil metacrilato foi avaliada através dos modelos matemáticos de Higuchi e Korsmeyer-Peppas. A melhor correlação também foi obtida para o modelo de Korsmeyer-Peppas, entretanto o valor de n indicou uma combinação de mecanismos que inclui a difusão Fickiana (NITA; CHIRIAC; NISTOR, 2010). 119 Hu e colaboradores (2007) avaliaram a liberação de vitamina B12 como substância modelo a partir de ferroesponjas magnéticas de gelatina na ausência e na presença de um campo magnético externo. Houve a liberação de uma quantidade relativamente pequena (cerca de 25% do conteúdo) na presença do campo magnético quando comparada à liberação sem a aplicação do campo (40%) durante seis horas, indicando que o campo magnético proporciona uma liberação mais lenta do ativo, com uma velocidade de liberação inversamente proporcional à força do campo aplicado. Foi aplicada uma equação equivalente à de KorsmeyerPeppas para determinação do mecanismo de liberação e os valores do expoente n também indicou o predomínio da difusão Fickiana. Comportamento inverso foi observado para a liberação de doxorrubicina a partir de partículas magnéticas de ácido polimetacrílico e ferrita de níquel, em que a aplicação do campo aumenta a quantidade de fármaco liberado e a velocidade de liberação (RANA et al., 2007). O modelo de Korsmeyer-Peppas também foi considerado o mais adequado para explicar a liberação de diclofenaco de sódio a partir de microesferas magnéticas de gelatina, entretanto a liberação no sistema estudado foi considerada como difusão não-Fickiana, pois os valores do expoente n se encontraram entre os valores limítrofes (SARAVANAN et al., 2004). Butoescu e colaboradores (2009) avaliaram a liberação de dexametasona a partir de micropartículas magnéticas de PLGA preparadas para vetorização intraarticular, propondo um modelo matemático semiempírico para explicar o processo. Considerando a facilidade do preparo, o comportamento de superparamagnetismo mais pronunciado, os altos valores de eficiência de incorporação do fármaco e o seu perfil de liberação, as nanopartículas preparadas com o polímero OCMQTS pela metodologia de formação in situ seguida de incorporação da indometacina por evaporação do solvente demonstraram ser o material mais apropriado para futuros testes em modelos in vivo e com fármacos antitumorais. 120 6 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS Os derivados OCMQTS e OCMQTS-Bz foram sintetizados com êxito, conforme demonstrado nos espectros no infravermelho e de RMN 1 H, e apresentaram grau de carboximetilação e N-substituição de 44,31% e 19,0%, calculados através de titulação condutimétria e RMN 1H respectivamente. O material magnético inorgânico, sintetizado pela coprecipitação dos ions Fe3+ e Fe2+, apresentou-se como uma mistura dos óxidos de ferro Fe3O4 e !-Fe2O3, com predomínio da maguemita (aproximadamente 75%), tamanho médio de partícula de aproximadamente 15,6 nm, comportamento de paramagnetismo e agregação das partículas. As partículas foram preparadas através de duas metodologias: coprecipitação in situ e por incorporação. As partículas obtidas in situ apresentaram maior teor de ferro, menor diâmetro médio, menor agregação, valores mais elevados de saturação magnética e comportamento superparamagnético mais pronunciado quando comparadas às obtidas por incorporação. A indometacina, utilizada como fármaco hidrofóbico modelo, foi incorporada às partículas magnéticas através de duas metodologias: evaporação do solvente e incorporação in situ. A metodologia de evaporação do solvente promoveu, no geral, valores mais elevados de eficiência de incorporação (entre 33,7% e 86,2%) do que a incorporação in situ (entre 28,3% e 30,2%). Dentre os materiais em que a indometacina foi incorporada por evaporação do solvente, a partícula que apresentou maior eficiência de incorporação foi a OC in situ, provavelmente devido aos grupos amino protonados do polímero que interagem com o grupamento carboxilato do fármaco, além das outras interações que também ocorrem para as outras partículas contendo polímero. A inserção do grupamento benzil no polímero promoveu o aumento da eficiência de incorporação da indometacina apenas para as partículas obtidas por incorporação e com o fármaco incorporado por evaporação do solvente. Nos materiais obtidos pela técnica de incorporação in situ da indometacina, a presença do grupamento aromático do polímero não exerceu influência na eficiência de incorporação do fármaco. 121 As partículas magnéticas contendo indometacina não apresentaram diferenças significativas em relação ao seu comportamento magnético, mantendo as características das partículas de partida. Os estudos de liberação in vitro da indometacina em fluido corporal simulado pH 7,4 a 37 °C demonstraram que a interação do fármaco com as partículas não é permanente, apresentando um percentual de liberação entre 55% e 85% em cinco horas. Todos os materiais apresentaram uma liberação inicial rápida, com posterior liberação lenta e manutenção do percentual de indometacina liberada. Dentre os modelos matemáticos aplicados para determinar o mecanismo de liberação, o mais adequado foi o modelo de Korsmeyer-Peppas, com um valor de expoente n de aproximadamente 0,43 para a maioria dos sistemas, indicando que a liberação da indometacina contida nas partículas magnéticas ocorre principalmente por difusão Fickiana. Considerando a facilidade do preparo, o comportamento de superparamagnetismo mais pronunciado, a eficiência de incorporação do fármaco e sua liberação, o material OC in situ/INDev demonstrou ser o mais apropriado para futuros testes com fármacos antitumorais. Em estudos realizados por pesquisadores do NIQFAR, as nanopartículas magnéticas preparadas e caracterizadas neste trabalho não apresentaram citotoxicidade contra células L929, podendo ser adequadas para posteriores estudos in vivo. Além disso, têm sido realizados estudos envolvendo a biodistribuição em ratos de algumas nanopartículas preparadas neste trabalho e planeja-se avaliar a vetorização in vivo da indometacina a partir dos materiais magnéticos em modelo de artrite em ratos. Posteriormente, pretende-se incorporar compostos com atividade antitumoral de origem natural ou sintética nas nanopartículas magnéticas que apresentaram melhores resultados com a finalidade de vetorizar a liberação dessas moléculas em modelos animais através do posicionamento de um campo magnético externo. 122 REFERÊNCIAS ABREU, F. R.; CAMPANA-FILHO, S. P. Characteristics and properties of carboxymethylchitosan. Carbohyd. Polym., v. 75, p. 214-221, 2009. AFKHAMI, A.; MOOSAVI, R. Adsorptive removal of Congo red, a carcinogenic textile dye, from aqueous solutions by maghemite nanoparticles. J. Hazard. Mater., v. 174, p. 398-403, 2010. AGNES, E. J.; ORTEGA, G. G. Modelos matemáticos e físico-química da difusão. 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A.; NEDELKO, N.; !LAWSKAWANIEWSKA, A.; D"U#EWSKI, P.; SOBCZAK, K.; GRENECHE, J. M. Synthesis, characterization and in vitro drug release of magnetic O-carboxymethylchitosan-Nbenzyl nanoparticles loaded with indomethacin. Acta Biomater., v. 7, p. 3078-3085, 2011. • Resumos NEDELKO, N.; SLAWSKA-WANIEWSKA, A.; GRENECHE, J.; MALINKIEWICZ, K.; DLUZEWSKI, P.; SOBCZAK, K.; KRZYZEWSKI, A.; RODRIGUES, C. A.; DEBRASSI, A. Magnetic investigations of O-carboxymethyl-chitosan-Bz combined 135 with iron oxide nanoparticles and indomethacin. In: Joint European Magnetic Symposia, 2010, Kraków. JEMS 2010 Programme Abstracts. Kraków, 2010. p. 122122. DEBRASSI, A.; RODRIGUES, C. A.; NEDELKO, N.; SLAWSKA-WANIEWSKA, A.; GRENECHE, J. M. Preparação de nanopartículas magnéticas de derivados da quitosana contendo indometacina para liberação vetorizada de fármacos. In: XVIII Encontro de Química da Região Sul, 2010, Curitiba. XVIII Encontro de Química da Região Sul, 2010. Apresentado também na forma oral. DUSZA, A.; WOJTYNIAK, M.; NEDELKO, N.; SLAWSKA-WANIEWSKA, A.; BURGER, C.; RODRIGUES, C. A.; STRINGARI, C.; DEBRASSI, A. Magnetic behavior of O-carboxymethylchitosan bounded iron oxide particles. In: Self-organized nanomagnets 2009 European Workshop, 2009, Aussois. Self-organized nanomagnets 2009 European Workshop - Posters, 2009. p. 59-59. DUSZA, A.; WOJTYNIAK, M.; NEDELKO, N.; SLAWSKA-WANIEWSKA, A.; GRENECHE, J.; RODRIGUES, C. A.; BURGER, C.; STRINGARI, C.; DEBRASSI, A. Magnetic properties of O-carboxymethylchitosan bounded iron oxide particle. In: 19th Soft Magnetic Materials Conference, 2009, Turin. Abstracts, 2009. v. 1. p. E3-04-E304. Produção científica no período de duração do mestrado • Artigos DEBRASSI, A.; RODRIGUES, C. A. Adsorption of cationic dyes from aqueous solution by termite feces, a non-conventional adsorbent. Clean Soil Air Water, v. 39, p. 549-556, 2011. DEBRASSI, A.; LARGURA, M. C. T.; RODRIGUES, C. A. Adsorção do corante vermelho congo por derivados da O-carboximetilquitosana hidrofobicamente modificados. Quím. Nova, v. 34, p. 764-770, 2011. 136 LARGURA, M. C. T.; DEBRASSI, A.; SANTOS, H. H.; MARQUES, A. T.; RODRIGUES, C. A. Adsorption of Rhodamine B onto O-Carboxymethylchitosan-NLauryl. Sep. Sci. Technol., v. 45, p. 1490-1498, 2010. • Resumos DEBRASSI, A.; CORRÊA, A. F.; RODRIGUES, C. A.; NEDELKO, N.; SLAWSKAWANIEWSKA, A. Remoção de corantes catiônicos de efluentes têxteis por partículas magnéticas de O-carboximetilquitosana-N-benzil. In: 34ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, 2011, Florianópolis. 34ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, 2011. DEBRASSI, A.; DEMARCHI, C. A.; RODRIGUES, C. A.; NEDELKO, N.; SLAWSKAWANIEWSKA, A. Adsorção do corante Vermelho Remazol 133 em partículas magnéticas de N-laurilquitosana. In: 34ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, 2011, Florianópolis. 34ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, 2011. BACCARIN, T.; DEBRASSI, A.; GONSALVES, A. E.; CAMARGO, S. S.; COSTA, P.; MALHEIROS, A.; SOUZA, M. M.; LUCINDA, R. M. Avaliação da atividade antinociceptiva in vivo do extrato hidroalcoólico de Rapanea ferruginea Mez. In: V Simpósio Iberoamericano de Plantas Medicinais, 2010, Itajaí. V Simpósio Iberoamericano de Plantas Medicinais, 2010. DEBRASSI, A.; DEMARCHI, C. A.; CORREA, A.; RODRIGUES, C. A. Cinética de adsorção de Cr(VI) em resíduos de folhas e frutos de Rapanea ferruginea: novos adsorventes de baixo custo. In: XVIII Encontro de Química da Região Sul, 2010, Curitiba. XVIII Encontro de Química da Região Sul, 2010.