OBTENÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO DE TAMNAHOS DE PARTÍCULAS EM MATERIAIS MULTIFERRÓICOS MAGNETOELÉTRICOS NANOESTRUTURADOS Alexandre Vicentini (IC-Voluntária), Luiz Fernando Cótica (Orientador), e-mail: [email protected] Palavras-chave: materiais multiferróicos, materiais nanoestruturados, medidas magnéticas, distribuição de tamanhos de partícula. Resumo: Sistemas óxidos produzidos em escala nanométrica têm recebido grande interesse acadêmico e tecnológico, principalmente os sistemas que apresentam propriedades magnéticas, ferroelétricas ou multiferróicas. Para um melhor entendimento da relação entre o multiferroísmo e a estrutura e o tamanho de partícula dos materiais produzidos no Grupo de Física Aplicada da UNICENTRO (GFA-UNICENTRO) realizou-se o estudo da distribuição de tamanhos das partículas no estudo das propriedades magnéticas destes materiais. Introdução Os materiais classificados como multiferróicos magnetoelétricos apresentam potenciais aplicações nas áreas onde os ferroelétricos e os materiais magneticamente ordenados são utilizados [1,2]. Os multiferróicos são definidos como uma classe específica de materiais que apresentam pelo menos duas das seguintes características tomadas em conjunto: uma magnetização espontânea, que pode ser reorientada através da aplicação de um campo magnético externo; uma polarização espontânea, que pode ser reorientada através da aplicação de um campo elétrico externo; e uma deformação espontânea, que pode ser reorientada através da aplicação de uma tensão mecânica externa. De fato, a possibilidade de acoplamento desses parâmetros de ordem (polarização, magnetização e deformação espontâneas) possibilita a integração desses sistemas em um só, fazendo com que novos graus de liberdade sejam adicionados a futuros dispositivos eletro-eletrônicos [3,4]. Em particular, a possibilidade da confecção de elementos de memória de múltiplo-estado, nos quais a informação pode ser armazenada tanto no estado de polarização quanto no estado de magnetização espontânea do elemento, pode vir a revolucionar esse campo tecnológico específico [2,4], ainda mais se tais tecnologias puderem ser acopladas àquelas denominadas como spintronics ou magnetoelectronics [5,6], nas quais o pleno controle das características magnéticas e/ou elétricas dos materiais empregados é de crucial interesse e importância [7]. Neste contexto, para um melhor entendimento da relação entre o efeito magnetoelétrico e a estrutura e o tamanho de partícula dos materiais produzidos no Grupo de Física Aplicada da UNICENTRO (GFA-UNICENTRO), faz-se necessário um estudo detalhado destes aspectos. Para isso, o estudo da distribuição de tamanhos das partículas é muito importante no estudo das propriedades magnéticas e magnetoelétricas destes materiais [8, 9]. Comumente, o estudo desta distribuição é feito através de fotografias obtidas via microscopia eletrônica de transmissão [10]. Por outro lado, nanopartículas apresentam o comportamento de monodomínios magnéticos [10]. Além disso, o momento magnético destas nanopartículas monodomínio é proporcional ao tamanho da mesma. Portanto, a partir de medidas de magnetização em função da temperatura ou em função do campo magnético aplicado, podemos obter uma distribuição dos momentos magnéticos de uma amostra e, conseqüentemente, uma distribuição dos tamanhos de partícula [10, 11]. Desta forma, este projeto propôs-se ao ajuste de uma curva teórica aos dados experimentais, por meio do método dos mínimos quadrados, de modo que este procedimento resulte na obtenção de parâmetros referentes a essa distribuição. Materiais e Métodos A metodologia empregada no decorrer desse trabalho para obtermos distribuições de tamanho de partículas através de medidas magnéticas em amostras de materiais multiferróicos produzidas no GFA-UNICENTRO esteve pautada no estudo dirigido pelo orientador e pela apresentação de seminários ao grupo. Além disso, após o processo de aprendizagem, um trabalho sistemático de ajuste de curvas teóricas em curvas experimentais de magnetização e de histerese magnética utilizando o método dos mínimos quadrados e o programa Mathematica foi realizado. Resultados e Discussão A determinação da distribuição dos momentos magnéticos foi dificultosa devido a não resolução, pelo software Mathematica, de uma integral contida na função distribuição; nosso objetivo era de que o software resolvesse a função de forma analítica. Através de pesquisas em livros, revistas e artigos, tentamos contornar tal dificuldade utilizando diferentes métodos de resolução de integral. Depois de diversas tentativas, nosso problema foi extinto com a substituição da integral analítica por um método numérico para a resolução de tal integral. Com este método o problema foi solucionado sem dificuldades pelo software. Após a resolução da integral, pudemos proceder, através do método dos mínimos quadrados, os ajustes das curvas experimentais. Na figuras 1 e 2 apresentamos alguns dos ajustes feitos e as respectivas distribuições obtidas. Figura 1 – Susceptibilidade magnética em função do campo magnético aplicado para uma amostra de partículas nanométricas de magnetita. A inserção da figura mostra a curva calculada para a distribuição de tamanhos das partículas da amostra Como pode ser visto nas figuras, o método proposto por este trabalho apresentou resultados satisfatórios, ou seja, a função de ajuste tem boa concordância com os pontos experimentais e a distribuição dos tamanhos das partículas apresentou um valor para o tamanho médio de partícula que concorda com resultados já obtidos por outras técnicas experimentais [12]. Figura 2 – Susceptibilidade magnética em função do campo magnético aplicado para uma amostra de partículas nanométricas de magnetita inseridas em uma matriz de politiofeno. A inserção da figura mostra a curva calculada para a distribuição de tamanhos das partículas da amostra. Conclusões O presente trabalho apresentou um método analítico de ajuste de curvas de susceptibilidade em função do campo magnético aplicado. Este método foi aplicado a um sistema de partículas nanométricas de materiais magnéticos (e potencialmente multiferróicos). A função analítica proposto foi desenvolvida via integração numérica. O método proposto por este trabalho apresentou resultados satisfatórios e apresentou valores que concordam com resultados já obtidos por outras técnicas experimentais. Referências [1] J. Wang, Science 299, 1719 (2003) [2] N. A. Hill, J. Phys. Chem. B 104, 6694 (2000). E referências inseridas. [3] K. Ueda, H. Tabata e T. Kawai, Appl. Phys. Lett. 75, 555 (1999). [4] M. M. Kumar, A. Srinivas e S. V. Suryanarayana, J. Appl. Phys. 84, 6811 (1998); J. Appl. Phys. 86, 1634 (1999). [5] S. A. Wolf et al., Science, 294, 1488 (2001). [6] G. A. Prinz, Science, 282, 1660 (1998). [7] H. Ohno et al., Nature, 408, 944 (2000). [8] M. Jamet, V. Dupuis, P. Me´linon, G. Guiraud, A. Pérez, W. Wernsdorfer A. Traverse, B. Baguenard, Phys. Rev. B, 62, (2000). [9] D. Resnick, K. Gilmore, Y. U. Idzerda, M. Klem, E. Smith, T. Douglas, J. Appl. Phys., 95 (11), (2004). [10] J. Jiang, Materials Letters, 61, 3239 (2007). [11] V. Masheva, M. Grigorova, N. Valkov, H.J. Blythe, T. Midlarz, V. Blaskov, J. Geshev, M. Mikhov, J. Magn. Magn. Mater., 196-197, 128 (1999). [12] R. A. Silva, M. J. L. Santos, A. W. Rinaldi, A. J. G. Zarbin, M. M. Oliveira, I. A. Santos, L. F. Cótica, A. A. Coellho, A. F. Rubira, E. M. Girotto, Journal of Solid State Chemistry, 180, 3545 (2007).