MACROECONOMIA I 1E201 (2010-11) 28-02-2011 João Correia da Silva ([email protected]) 1. A MACROECONOMIA NO CURTO PRAZO 2 Taxa de juro das operações principais de refinanciamento versus crescimento do PIB na Zona Euro 5% 4% 3% 2% 1% 0% -1% 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 -2% taxa de juro directora do BCE -3% taxa de crescimento do PIB -4% -5% 1.2. MODELO IS-LM 4 OBJECTIVO DO MODELO • O modelo IS-LM aprofunda a análise efectuada com base no modelo keynesiano simples. Modelo Keynesiano Simples Modelo IS-LM Modelo AS-AD Variáveis endógenas * Y Y, i Y, i, P Variáveis exógenas * i, P P - * existem outras variáveis endógenas e exógenas. • A taxa de juro passa a ser uma variável endógena, isto é, passa a ser explicada pelo modelo, em vez de ser um dado fixo. • No modelo keynesiano simples, analisa-se apenas o equilíbrio macroeconómico no mercado de bens e serviços. • No modelo IS-LM, considera-se também o mercado monetário, no qual se confrontam a oferta e a procura de moeda. 5 1.2. MODELO IS-LM 1.2.0. Taxa de Juro, Consumo e Investimento 1.2.1. Mercado de Bens e Serviços e Função IS 1.2.2. Mercado Monetário-Financeiro e Função LM 1.2.3. Regra de Taylor e Função TR 1.2.4. Equilíbrio e Flutuações Macroeconómicas 1.2.5. Política Monetária e Orçamental no Modelo IS-LM 1.2.6. Política Monetária e Orçamental no Modelo IS-TR 6 TAXA DE JURO • A taxa de juro é, para os credores, a recompensa pelo adiamento de despesas para o futuro. Para os devedores, é o custo em que incorrem para antecipar as suas despesas. • A taxa de juro é o preço vigente no mercado de financiamento, no qual os aforradores oferecem fundos aos agentes que procuram fundos para investimento ou consumo. • A taxa de juro é um mecanismo de ajustamento neste mercado. Se as necessidades de financiamento (procura) excederem a poupança (oferta), as taxas de juro tendem a subir. Normalmente, isso leva à diminuição da procura e ao aumento da oferta, ajustando-se o mercado no sentido do equilíbrio. • Se a oferta exceder a procura, a taxa de juro (preço) desce, diminuindo a oferta e aumentando a procura. 7 TIPOS DE TAXAS DE JURO • Taxas de juro bancárias: (i) sobre depósitos; (ii) sobre empréstimos às famílias; (iii) sobre empréstimos às empresas. • Taxas de juro financeiras: (i) títulos de dívida pública – BT’s, OT’s; (ii) títulos de dívida das empresas – obrigações; (iii) títulos de dívida das instituições financeiras – certificados de depósito, aceites bancários. • Quanto à maturidade, as taxas de juro dividem-se em: (i) de curto-prazo (até 3 meses); (ii) de médio-prazo (de 3 meses a 1 ano); e (iii) de longo-prazo (mais do que 1 ano). • Quanto à natureza da operação: activas vs passivas. Consoante o financiamento representa um activo do banco (empréstimos) ou um passivo do banco (depósitos). 8 TAXA DE JURO DE REFERÊNCIA • As diversas taxas de juro são preços de activos com elevado grau de substituição. Assim sendo, é natural que os seus valores evoluam de forma semelhante. Tendencialmente, ou descem as taxas de juro em geral, ou sobem as taxas de juro em geral. • Podemos interpretar a taxa de juro do modelo IS-LM como uma taxa de juro média, ou de referência. • Sendo o preço que vigora no mercado monetário-financeiro, a taxa de juro afecta o mercado de bens e serviços, uma vez que influencia as decisões de investimento e as decisões de consumo (consumo presente vs poupança). • No modelo IS-LM analisa-se o equilíbrio macroeconómico em dois mercados em simultâneo (mercado de bens e serviços e mercado monetário-financeiro), relacionados através da taxa de juro. 9 A TAXA DE JURO E A PROCURA DE BENS • A taxa de juro é um mecanismo de alocação da poupança. Faz com que a poupança seja utilizada para financiar as despesas mais úteis: investimentos nos projectos mais rentáveis e consumo dos bens que proporcionam maior bem-estar. • São financiados os projectos cuja rentabilidade é superior à taxa de juro. Aqueles cuja rentabilidade é insuficiente para compensar os custos de financiamento não são levados a cabo. • A taxa de juro é um mecanismo de alocação intertemporal do rendimento (consumo presente vs consumo futuro), sendo “1+i” o preço relativo entre consumo presente e consumo futuro. • Dadas as repercussões que têm no comportamento dos agentes económicos (decisões de investimento e de consumo), as taxas de juro são um instrumento essencial de política (monetária). 10 INVESTIMENTO E TAXA DE JURO • Os projectos de investimento que são levados a cabo são aqueles cuja rentabilidade é superior à taxa de juro, ou seja, ao custo do financiamento. • Uma taxa de juro superior leva a que sejam realizados menos projectos de investimento. taxa de retorno i1 i0 I (i1 ) I (i0 ) Investimento 11 INVESTIMENTO E TAXA DE JURO • Projectos flexíveis quanto ao volume de investimento são afectados no mesmo sentido. Sendo a produtividade marginal do capital decrescente, a formação bruta de capital (investimento) decresce com o aumento da taxa de juro. PMg K i1 i0 K (i1 ) K (i0 ) capital investido • Uma taxa de juro superior faz com que se levem a cabo menos projectos, e que em cada projecto se utilize menos capital. Implica, portanto, que diminua o investimento. 12 AS EXPECTATIVAS • As expectativas dos agentes são uma variável fundamental na análise dos ciclos económicos. Mas é extremamente complexo modelar os “animal spirits” aos quais Keynes atribuiu a responsabilidade pelas decisões de investimento. • Uma maior confiança ou optimismo dos agentes tem um efeito positivo sobre o volume de investimento (desloca a linha de rentabilidade para cima). taxa de retorno aumento da confiança optimismo dos agentes i ou (efeito pretendido por um governo que decreta “o fim da crise”). I (i0 ) I (i1 ) I 13 CONSUMO E TAXA DE JURO • A alocação do rendimento disponível entre consumo e poupança (ou seja, entre consumo presente e consumo futuro) também é afectada pela taxa de juro. • Uma taxa de juro superior torna a poupança mais rentável, tornando o consumo presente mais caro relativamente ao consumo futuro. Faz, portanto, com que diminua o consumo. Os agentes dividem o seu rendimento disponível entre consumo e poupança igualando a utilidade marginal que obtêm gastando 1 u.m. em consumo presente, com a utilidade marginal que obteriam gastando “1+i” u.m. em consumo futuro. C C (i0 ) C (i1 ) i0 i1 i 14 1.2. MODELO IS-LM 1.2.0. Taxa de Juro, Consumo e Investimento 1.2.1. Mercado de Bens e Serviços e Função IS 1.2.2. Mercado Monetário-Financeiro e Função LM 1.2.3. Regra de Taylor e Função TR 1.2.4. Equilíbrio e Flutuações Macroeconómicas 1.2.5. Política Monetária e Orçamental no Modelo IS-LM 1.2.6. Política Monetária e Orçamental no Modelo IS-TR 15 DESPESA PLANEADA E TAXA DE JURO • No modelo keynesiano simples, a taxa de juro tem um valor fixo e predeterminado (é uma variável exógena). É um dos factores que determinam o valor da despesa planeada autónoma, Ap. • No modelo IS-LM, a despesa planeada autónoma é uma função decrescente da taxa de juro. Como vimos, um aumento da taxa de juro faz com que diminuam o investimento e o consumo. i i simplificando: iMKS Ap (iMKS ) Ap iMKS Ap (iMKS ) A Ap 16 DESPESA PLANEADA E TAXA DE JURO • A posição da curva Ap depende de diversas variáveis exógenas: a confiança dos agentes económicos, a despesa pública, as exportações e importações, as transferências públicas, etc. • O declive da curva Ap agrega as sensibilidades das diferentes componentes da despesa planeada a variações da taxa de juro, sendo tanto menor quanto maiores forem estas sensibilidades. i i Ap = A − ei ⋅ i ∆A > 0 Ap ∆ei > 0 A Ap 17 RENDIMENTO DE EQUILÍBRIO • No MKS, o produto/rendimento de equilíbrio é: “Yeq = α · Ap”. • No Modelo IS-LM, a despesa planeada autónoma, “Ap(i)”, é uma função decrescente da taxa de juro. • O produto/rendimento de equilíbrio no mercado de bens e serviços, “Yeq = α · Ap(i)”, é também uma função decrescente da taxa de juro. i Ap = A − ei ⋅ i i Y eq (i) = α ⋅ Ap (i ) esta é a curva IS iMKS iMKS Ap (iMKS ) A Ap eq YMKS Yeq 18 DESPESA PLANEADA E TAXA DE JURO • Visto de outra forma, a despesa planeada (Ep) depende de duas variáveis endógenas: o rendimento (Y) e a taxa de juro (i). • A procura (investimento planeado e consumo presente) diminui com o aumento da taxa de juro, ou seja, a uma taxa de juro mais elevada corresponde uma despesa planeada mais baixa. • Isto implica que o rendimento de equilíbrio seja uma função decrescente da taxa de juro. Ep Ep dado i0 Ep dado i1 i0 < i1 < i2 Ep dado i2 eq Y eq (i2 ) Y eq (i1 ) Y (i0 ) Y 19 CURVA IS • A curva IS é constituída pelas combinações de rendimento e taxa de juro para as quais o mercado de bens e serviços está em equilíbrio (procura = oferta). • Para esses pares (Y,i), a despesa planeada (função crescente de Y e decrescente de i) é igual à despesa efectiva (Y). Ep Ep dado i0 i Ep dado i1 i2 Ep dado i2 i1 curva IS i0 eq Y eq (i2 ) Y eq (i1 ) Y (i0 ) Y eq Y eq (i2 ) Y eq (i1 ) Y (i0 ) Yeq 20 ALTERAÇÕES DO EQUILÍBRIO • Como o multiplicador é uma constante, as variações da despesa planeada, Ap, repercutem-se de forma proporcional (ampliada exactamente pelo multiplicador) no produto de equilíbrio. ∆Y eq = 1 ⋅ ∆A p = α ⋅ ∆A p 1 − c ⋅ (1 − t ) + q • Perante uma variação da taxa de juro, e, logo, da despesa planeada autónoma o produto de equilíbrio reage de forma ampliada pelo multiplicador. sensibilidade de Yeq a variações de i ∆A p ∆Y eq =α ⋅ ∆i ∆i ⇔ sensibilidade de Ap a variações de i ∆i 1 ∆i = ⋅ ∆Y eq α ∆Ap declive da curva IS declive da curva Ap 21 1.2. MODELO IS-LM 1.2.0. Taxa de Juro, Consumo e Investimento 1.2.1. Mercado de Bens e Serviços e Função IS 1.2.2. Mercado Monetário-Financeiro e Função LM 1.2.3. Regra de Taylor e Função TR 1.2.4. Equilíbrio e Flutuações Macroeconómicas 1.2.5. Política Monetária e Orçamental no Modelo IS-LM 1.2.6. Política Monetária e Orçamental no Modelo IS-TR 22 CARTEIRA DE ACTIVOS • Os agentes económicos dividem a sua riqueza por activos de natureza muito diversa: terrenos, edifícios, jóias, antiguidades, títulos, moeda, etc. • Vamos focar a análise, por simplicidade, numa carteira com apenas dois activos, que os agentes económicos detêm por razões distintas: moeda (liquidez) e títulos (retorno). • A moeda permite-lhes realizar transacções de bens e serviços, enquanto que os títulos rentabilizam as poupanças, pagando uma determinada taxa de juro. • A moeda é composta por: circulação monetária (notas e moedas), emitida pelo Banco Central; e por depósitos bancários, emitidos pelos Bancos Comerciais. 23 FUNÇÕES DA MOEDA • A moeda desempenha três funções: 1. Meio de troca/pagamento: É universalmente aceite, é divisível, e está sujeita ao controlo legal. Permite poupar recursos relativamente à troca directa (diminui os custos de transacção). Presta um serviço, tem, de certa forma, utilidade ou valor. 2. Reserva de valor: Permite transferir rendimento do presente para o futuro. Os títulos desempenham melhor esta função, dado que têm um retorno superior. 3. Unidade de medida: É a unidade de medida económica por excelência. Para agregar valores de natureza diversa (e assim medir variáveis agregadas como o produto, consumo e investimento), exprimimo-los em termos de valor monetário. 24 PROCURA DE MOEDA • As famílias e as empresas procuram moeda para realizar transacções. A moeda detida pelos agentes é, evidentemente, um activo. • Os agentes pretendem ter uma determinada liquidez real, isto é, uma determinada quantidade de moeda em termos do seu poder de compra. • Designamos a procura real de moeda por LD = (M/P)D. É uma função crescente do rendimento e decrescente da taxa de juro nominal. ∂LD (Y , i ) ∂LD (Y , i ) >0 ; <0 . ∂Y ∂i 25 TAXA DE JURO E PROCURA DE MOEDA • Para um dado volume de transacções (grosso modo, dado o valor de Y): a procura real de moeda, LD, é uma função decrescente da taxa de juro nominal, i. i LD(dado Y) Riqueza transferida para títulos (tanto maior quanto maior for a taxa de juro em vigor). M/P • A taxa de juro nominal é o custo de oportunidade de possuir moeda: Remuneração nominal Remuneração real Moeda Títulos Diferença 0 i -i -π i-π -i 26 RENDIMENTO E PROCURA DE MOEDA • A procura de moeda é uma função crescente do rendimento, dado que um volume de transacções superior implica uma maior necessidade de moeda para as realizar. • Para um valor superior do rendimento, Y, a relação entre a taxa de juro e a procura real de moeda modifica-se, deslocando-se para a direita (a procura real de moeda aumenta). i LD (dado Y0) LD (dado Y1 > Y0) M/P 27 OFERTA DE MOEDA • No mercado monetário, vamos considerar que a oferta é determinada pelo Banco Central, sendo um instrumento de política. Os Bancos Comerciais podem emitir moeda sob a forma de depósitos, mas estão limitados pela taxa de reservas legais. A moeda é um passivo dos bancos. • Política monetária: Intervenção do Banco Central no mercado monetário-financeiro, variando directa ou indirectamente a oferta nominal de moeda, MS. • A oferta real de moeda, isto é, a quantidade de moeda oferecida em termos de poder de compra, é igual a MS/P. • Como o modelo IS-LM assume preços fixos, a distinção entre grandezas nominais e reais é irrelevante. 28 EQUILÍBRIO DO MERCADO MONETÁRIO • Sendo fixada pelo Banco Central, a oferta de moeda no mercado monetário é independente da taxa de juro (preço). • A procura de moeda, como vimos, é uma função decrescente da taxa de juro, ou seja, do preço de mercado. • Para um dado Y, a taxa de juro de equilíbrio determina-se pela intersecção das funções oferta e procura de moeda. i MS/P excesso de oferta (i desce) excesso de procura (i sobe) ieq LD (dado Y) MS/P M/P 29 CURVA LM • A curva LM é constituída pelas combinações de rendimento e taxa de juro para as quais o mercado monetário está em equilíbrio (procura de moeda = oferta de moeda). • Repare-se que esta curva/função foi determinada considerando fixa a quantidade de moeda em circulação. Variações da oferta real de moeda, (MS/P), implicam deslocamentos da curva LM. i ieq MS/P iYeq2 curva LM iYeq2 LD (dado Y2) iYeq1 eq Y0 i iYeq1 LD (dado Y1) LD (dado Y0) MS/P M/P iYeq0 Y0 Y1 Y2 Y 30 FORA DA CURVA LM • Acima da curva LM, há excesso de oferta de moeda (pressão para descida da taxa de juro); abaixo da curva LM, há excesso de procura de moeda (pressão para subida da taxa de juro). • O ajustamento no mercado monetário-financeiro é praticamente instantâneo. i iA LD(dado Y) ieq excesso de oferta excesso de oferta A LM i eq E iB excesso de B procura excesso de procura MS/P M/P Y Y 31 COTAÇÃO DOS TÍTULOS E TAXA DE JURO • A cotação dos títulos e a sua taxa de juro (taxa de retorno implícita) estão inversamente relacionadas. • Consideremos uma obrigação de vida infinita, que paga periodicamente um valor R. A sua cotação no mercado é Vp. • A taxa de rentabilidade (taxa de juro implícita) da obrigação perpétua é “i=R/VP”. ∞ 1 1− R R R R 1+ i ⇔ Vp = + + + ... = ⋅ 1 + i (1 + i )2 (1 + i )3 1+ i 1− 1 1+ i R 1− 0 R R ⇔ Vp = ⋅ ⇔ Vp = ⇔ i = i 1+ i i Vp 1+ i 32 EQUILÍBRIO MONETÁRIO-FINANCEIRO • O mercado monetário (moeda, liquidez) e o mercado financeiro (títulos, retorno) estão intimamente ligados. • Suponhamos que, a partir de uma situação inicial de equilíbrio, o produto/rendimento aumenta. Os agentes vão procurar deter mais liquidez real, dado que deverão realizar um maior volume de transacções. • Surge assim uma pressão no sentido da venda de títulos (troca de títulos por moeda), que conduz à descida da cotação dos títulos. Ou seja, implica uma subida da taxa de retorno implícita (taxa de juro) dos títulos. • Esta subida da taxa de juro faz com que os agentes pretendam deter menos moeda, o que contrabalança a pressão inicial originada pelo aumento do produto, e leva ao restabelecimento do equilíbrio no mercado monetário e no mercado financeiro. 33 VELOCIDADE DE CIRCULAÇÃO • Ao longo da curva LM, a quantidade de moeda é constante, mas o produto e o volume de transacções variam. • Sendo maior o volume de transacções, cada unidade monetária terá de ser utilizada com maior frequência. Diz-se que aumenta a velocidade de circulação da moeda. • O valor nominal das trocas efectuadas é igual ao resultado da multiplicação da quantidade de moeda pelo número médio de vezes que é utilizada no período de referência. • Esta relação designa-se por equação quantitativa da moeda, (ou por equação geral das trocas). M ⋅V = P ⋅ Y ⇔ V = P ⋅Y Y ⇔V = (M P ) M 34 DESLOCAÇÃO DA CURVA LM • Um aumento da quantidade de moeda em circulação (MS↑ ou P↓) traduz-se num deslocamento da curva LM. • Para cada nível de produto, a taxa de juro de equilíbrio do mercado monetário passa a ser menor. • A curva LM desloca-se, portanto, para baixo (para a direita). i LD(Y2) ieq LD(Y1) curva LM LD(Y0) M 0S M 1S P P M/P Y0 Y1 Y2 Y 35 AO LONGO DA CURVA LM • Aumentando Y, a moeda tem de circular a uma velocidade superior, para que se realize um volume superior de transacções. • Os agentes sentem que a liquidez é mais escassa, e passam a valorizar mais a moeda, o que se reflecte no preço que estão dispostos a pagar para ter moeda. Isto é, reflecte-se na taxa de juro, que aumenta. • Em termos gráficos, a economia desloca-se ao longo da curva LM, para a direita (Y↑) e para cima (i↑). i i1 LM i0 Y0 Y1 Y 36 DECLIVE DA CURVA LM • O declive da curva LM depende da sensibilidade da procura de moeda às variações da taxa de juro e às variações do rendimento. É de notar que, ao longo da curva LM, a procura de moeda é constante (igual à oferta, que é constante). • Se dLD/di=-h for baixa (em valor absoluto), isso significa que a procura de moeda varia pouco pelo facto de variar a taxa de juro. Os agentes parecem possuir moeda essencialmente para realizar transacções. Um pequeno aumento de Y compensa o efeito de um dado aumento de i. A LM é muito inclinada. • Se dLD/dY=k for baixa, a procura de moeda varia pouco em resultado de variações de Y. Os agentes detêm moeda por motivo de reserva de valor, tendo pouco impacto o aumento do volume de transacções. Basta um pequeno aumento de i para compensar um aumento de Y. A LM é pouco inclinada. 37 1.2. MODELO IS-LM 1.2.0. Taxa de Juro, Consumo e Investimento 1.2.1. Mercado de Bens e Serviços e Função IS 1.2.2. Mercado Monetário-Financeiro e Função LM 1.2.3. Regra de Taylor e Função TR 1.2.4. Equilíbrio e Flutuações Macroeconómicas 1.2.5. Política Monetária e Orçamental no Modelo IS-LM 1.2.6. Política Monetária e Orçamental no Modelo IS-TR 38 REGRA DE TAYLOR E FUNÇÃO TR ... UNDER CONSTRUCTION ... 39 1.2. MODELO IS-LM 1.2.0. Taxa de Juro, Consumo e Investimento 1.2.1. Mercado de Bens e Serviços e Função IS 1.2.2. Mercado Monetário-Financeiro e Função LM 1.2.3. Regra de Taylor e Função TR 1.2.4. Equilíbrio e Flutuações Macroeconómicas 1.2.5. Política Monetária e Orçamental no Modelo IS-LM 1.2.6. Política Monetária e Orçamental no Modelo IS-TR 40 EQUILÍBRIO MACROECONÓMICO • No contexto do modelo IS-LM, o equilíbrio macroeconómico consiste no equilíbrio simultâneo do mercado de bens e serviços e do mercado monetário-financeiro. • O mercado de bens e serviços está em equilíbrio se a combinação de Y e i pertencer à curva IS. Para que haja equilíbrio no mercado monetário-financeiro, é necessário que a combinação de Y e i pertença à curva LM. • Assim, o produto e a taxa de juro de equilíbrio do modelo IS-LM são determinados pela intersecção das curvas IS e LM. i LM i eq IS Y eq Y 41 DESEQUILÍBRIO MACROECONÓMICO • Se a economia (produto e taxa de juro) não se encontrar na intersecção entre as curvas IS e LM, então pelo menos um mercado não está em equilíbrio (procura ≠ oferta). i exc. oferta de B e S exc. oferta de Moeda LM Iu > 0 exc. oferta de B e S exc. procura de Moeda exc. procura de B e S exc. oferta de Moeda Iu > 0 Iu < 0 Iu < 0 exc. procura de B e S exc. procura de Moeda IS Y 42 O CASO LINEAR • Pressupostos relativos ao mercado de bens e serviços: C = C + c ⋅ Yd − a ⋅ i ; G = G ; I = I − b ⋅ i ; T = t ⋅Y ; R=R ; X=X ; Q = Q + q ⋅Y . • Da igualdade entre rendimento e despesa planeada, podemos derivar a curva IS: Y = C + c ⋅ Yd − a ⋅ i + I − b ⋅ i + G + X − Q − q ⋅ Y ⇔ [ ] ⇔ Y = c ⋅ Y − t ⋅ Y + R − q ⋅ Y − (a + b ) ⋅ i + C + G + I + X − Q ⇔ ⇔ Y ⋅ [1 − c ⋅ (1 − t ) + q ] = −(a + b ) ⋅ i + A ⇔ a+b 1 ⇔Y =− ⋅i + ⋅A⇔ 1 − c ⋅ (1 − t ) + q 1 − c ⋅ (1 − t ) + q ⇔ Y = −α ⋅ (a + b ) ⋅ i + α ⋅ A ⇔ ⇔i=− 1 1 ⋅Y + ⋅A α ⋅ (a + b ) a+b i A a+b declive = − α⋅A 1 α ⋅ (a + b ) Y 43 O CASO LINEAR • Pressupostos relativos ao mercado monetário-financeiro: D M =M S M ; P = P ; L = = L + k ⋅Y − h ⋅ i . P D • Da igualdade entre oferta e procura de moeda real, podemos obter a curva LM: MS M M = LD ⇔ = L + k ⋅Y − h ⋅ i ⇔ k ⋅Y = h ⋅ i + −L⇔ P P P h 1M ⇔ Y = ⋅ i + − L ⇔ k k P i k 1M ⇔ i = ⋅ Y − − L h h P LM declive = 1M − − L h P 1M − L k P k h Y 44 O CASO LINEAR • O produto e a taxa de juro de equilíbrio satisfazem as condições de equilíbrio no mercado de bens e serviços (IS) e no mercado monetário-financeiro (LM): 1 1 k 1M ⋅Y + ⋅ A = ⋅ Y − − L ⇔ α ⋅ (a + b ) a+b h h P (IS) 1 1 ⋅Y + ⋅A i=− a+b α ⋅ (a + b ) − (LM) k 1M i = ⋅ Y − − L h h P 1 1M a+b M ⋅ A + − L A + ⋅ − L a+b h P h P = ⇔Y = 1 k 1 k ⋅ (a + b ) + + α ⋅ (a + b ) h α h ⇒ • A solução do modelo é dada por: a+b M ⋅ − L h P Y eq = 1 k ⋅ (a + b ) + α h a+b M ⋅ − L A+ h P − 1 M − L i eq = h h P +a+b α ⋅k A+ ⇒ i LM i eq IS Y eq Y 45 EQUILÍBRIO DO MODELO IS-TR ... UNDER CONSTRUCTION ... 46 1.2. MODELO IS-LM 1.2.0. Taxa de Juro, Consumo e Investimento 1.2.1. Mercado de Bens e Serviços e Função IS 1.2.2. Mercado Monetário-Financeiro e Função LM 1.2.3. Regra de Taylor e Função TR 1.2.4. Equilíbrio e Flutuações Macroeconómicas 1.2.5. Política Monetária e Orçamental no Modelo IS-LM 1.2.6. Política Monetária e Orçamental no Modelo IS-TR 47 POLÍTICA MONETÁRIA • As políticas de estabilização dividem-se, conforme os instrumentos utilizados, em política orçamental e política monetária. • Para analisar os efeitos macroeconómicos da política monetária, vamos considerar uma alteração da oferta de moeda, MS. • O Banco Central pode aumentar a quantidade de moeda em circulação comprando títulos (pagando aos agentes em moeda), ou diminuindo a taxa de juro que cobra aos bancos comerciais. • Um aumento da oferta de moeda induz normalmente uma expansão do produto e uma diminuição da taxa de juro. Esta é uma medida de política monetária expansionista. • Uma diminuição da oferta de moeda induz normalmente uma contracção do produto e um aumento da taxa de juro. É uma medida de política monetária restritiva. 48 POLÍTICA MONETÁRIA EXPANSIONISTA • Como vimos, um aumento da oferta de moeda leva a que a curva LM se desloque para baixo. Para cada nível de produto, a taxa de juro de equilíbrio do mercado monetário passa a ser menor. i LD(Y2) ieq LD(Y1) curva LM LD(Y0) M 0S M 1S P P M/P Y0 Y1 Y2 Y • Também podemos ver a deslocação da curva LM como sendo para a direita. Dada a taxa de juro, para que os agentes procurem a quantidade adicional de moeda que é oferecida, é necessário que o rendimento (volume de transacções) seja superior. 49 POLÍTICA MONETÁRIA EXPANSIONISTA • A descida da taxa de juro induzida pelo aumento da oferta de moeda induz um aumento da procura (investimento e consumo presente), e o consequente aumento do nível de actividade. LM0 i LM1 Dado um deslocamento da LM: i0 “Quanto mais vertical for a LM, e mais horizontal for a IS, maior é o efeito da política monetária”. i1 IS Y0 Y1 Y • Mas como é a transição para o novo equilíbrio? 50 POLÍTICA MONETÁRIA EXPANSIONISTA • Inicialmente, teríamos uma situação na qual há excesso de oferta de moeda (a economia passa a estar acima da curva LM). Mas o mercado monetário-financeiro ajusta-se de uma forma praticamente instantânea. • (1) Ficando com mais moeda do que a que precisam para realizar transacções, os agentes compram títulos. Logo, sobem as cotações dos títulos e desce a taxa de juro implícita. i LM0 LM1 o excesso de oferta de moeda leva à descida da taxa de juro, até que se restabelece o equilíbrio no mercado monetário-financeiro. i0 (1) i0’ IS Y0 Y 51 POLÍTICA MONETÁRIA EXPANSIONISTA • A descida da taxa de juro leva os agentes a aumentar os níveis de investimento e de consumo presente. A economia está abaixo da curva IS – há excesso de procura de bens e serviços. • (2) As empresas aumentam o volume de produção, aumentando assim o rendimento e o volume de transacções. A economia evolui ao longo da curva LM, subindo o produto e a taxa de juro. LM0 i o excesso de procura de bens leva ao aumento da produção e do volume de transacções, aumentando também a procura de moeda e a taxa de juro. i0 i1 LM1 (1) i0’ (2) IS Y0 Y1 Y 52 POLÍTICA MONETÁRIA RESTRITIVA • Uma diminuição da oferta de moeda traduz-se num deslocamento para cima da curva LM. A taxa de juro aumenta, diminui a procura de bens para investimento e consumo presente. Em equilíbrio, a taxa de juro é superior e o nível de actividade é inferior. LM1 i LM0 i1 i0 IS Y1 Y0 Y • Como é que a economia evolui até ao novo equilíbrio? 53 POLÍTICA MONETÁRIA RESTRITIVA • Inicialmente, passa a haver excesso de procura de moeda (depois da alteração, a economia fica abaixo da curva LM). • (1) Pretendendo mais moeda para realizar transacções, os agentes vendem títulos. Isso implica que desçam as cotações dos títulos, subindo a taxa de juro implícita. i i0’ (1) i0 LM1 LM0 o excesso de procura de moeda leva à subida da taxa de juro, até que se restabelece o equilíbrio no mercado monetário-financeiro. IS Y0 Y 54 POLÍTICA MONETÁRIA RESTRITIVA • A subida das taxas de juro faz com que os agentes abandonem alguns planos de investimento e diminuam o consumo presente. A economia passa a estar acima da curva IS – há excesso de oferta de bens e serviços na economia. • (2) As empresas reduzem o nível de produção, diminuindo o rendimento e o volume de transacções. A economia evolui ao longo da curva LM, diminuindo o produto e a taxa de juro. i (2) i0’ (1) i1 i0 LM1 LM0 o excesso de oferta de bens leva à diminuição da produção e do volume de transacções, diminuindo assim a procura de moeda e a taxa de juro. IS Y1 Y0 Y 55 O CASO LINEAR • Um aumento da quantidade real de moeda em circulação desloca a curva LM para baixo e para a direita. i1 − i0 = i= k 1 M ⋅ Y + L − h h P k k 1M1 1M0 1 M ⋅ Y − − L − ⋅ Y + − L ⇒ ∆i = − ∆ h h P h P h P h Y1 − Y0 = h h 1M1 1M0 1 M ⋅ i + − L − ⋅ i − − L ⇒ ∆Y = ∆ k k P k P k P k 1 M ∆Y = ∆ k P i 1 M ∆i = − ∆ h P declive = k h h 1M ⇔ Y = ⋅i + − L k k P • O deslocamento para a direita é tanto maior quanto menor é k – sensibilidade da procura de moeda ao aumento do rendimento. • O deslocamento para baixo é tanto maior quanto menor é h – sensibilidade da procura de moeda ao aumento da taxa de juro. Y 56 O CASO LINEAR • Um aumento da quantidade real de moeda em circulação tem um efeito de expansão do produto dado pelo multiplicador da política monetária: ∆Y eq a+b M ⋅ ∆ h M 1 P= = ∆ 1 k ⋅ (a + b ) h + +k P α h α ⋅ (a + b ) ∆Y 1 = ∆ M /P k ( ∆Y eq = ∆ M /P ( ) Y eq = multiplicador da política monetária O efeito da política monetária é tanto maior quanto: (1) maior for o multiplicador, “α”; (2) maior for a sensibilidade da procura de bens à taxa de juro, “a+b”; e (3) quanto menores forem as sensibilidades da procura de moeda ao rendimento, “k”, e à taxa de juro, “h”. LM i a+b M ⋅ − L h P 1 k ⋅ (a + b ) + α h A+ ) 1 h +k α ⋅ (a + b ) Y Se a IS fosse vertical, “a+b=0” (MKS), a política monetária não teria efeito. 57 ARMADILHA DA LIQUIDEZ • Os efeitos da política monetária podem ser anormalmente fracos na situação conhecida como armadilha da liquidez. • Suponhamos que a taxa de juro nominal é muito baixa, próxima de zero. O custo de oportunidade de possuir moeda é muito baixo – quase não compensa ter riqueza na forma de títulos, já que a taxa de retorno é semelhante à da moeda. Como a taxa de juro está muito baixa, as cotações dos títulos estão muito altas. • Os agentes têm a noção de que a taxa de juro atingiu um patamar mínimo, e que a partir desse momento só pode subir. Por outro lado, a cotação dos títulos terá atingido um nível máximo, só podendo descer. • Um aumento da oferta de moeda não leva os agentes a comprar títulos – eles mantêm a riqueza sob a forma de moeda. Assim, o aumento da oferta de moeda não afecta a taxa de juro, e, portanto, não afecta a procura de bens e serviços. 58 ARMADILHA DA LIQUIDEZ • Dado que os agentes possuem uma quantidade de moeda mais do que suficiente realizar transacções, o aumento do produto não afecta significativamente a procura de moeda (k muito baixo). • A taxa de juro tem um grande efeito (h muito alto) na procura de moeda. Baixando mais um pouco, a moeda passa a ser tão rentável como os títulos, e os agentes trocam todos os seus títulos por moeda. Armadilha da liquidez: i LD | Y0 A LM é quase horizontal; o deslocamento provocado por ∆MS é mínimo; e, portanto, o efeito sobre o produto de equilíbrio é praticamente nulo. i LD | Y1 IS LM0 LM1 M 0S P M 1S P M/P Y0 Y1 Y 59 EFEITO DA POLÍTICA MONETÁRIA Para um dado deslocamento horizontal da LM: • “Quanto mais vertical for a LM, e mais horizontal for a IS, maior é o efeito da política monetária”. LM0 i LM0 LM0 LM1 i LM1 i LM1 IS IS Y Y0 Y1 IS Y Y0 Y1 Y0 LM0 LM0 LM0 i i LM1 IS IS IS Y0 Y1 i LM1 LM1 Y Y0 Y1 Y Y1 Y Y0 Y1 Y 60 1.2. MODELO IS-LM 1.2.0. Taxa de Juro, Consumo e Investimento 1.2.1. Mercado de Bens e Serviços e Função IS 1.2.2. Mercado Monetário-Financeiro e Função LM 1.2.3. Regra de Taylor e Função TR 1.2.4. Equilíbrio e Flutuações Macroeconómicas 1.2.5. Política Monetária e Orçamental no Modelo IS-LM 1.2.6. Política Monetária e Orçamental no Modelo IS-TR 61 POLÍTICA ORÇAMENTAL • A utilização de instrumentos associados ao orçamento de Estado para intervir na economia designa-se por política orçamental. • O governo pode intervir alterando: as suas despesas (consumo público, G, e subsídios, R); ou as suas receitas (impostos, T). • Os aumentos das despesas e dos subsídios, G e R, e as diminuições dos impostos, T, estimulam a actividade económica, levando à expansão do produto e ao aumento da taxa de juro. Estas medidas são políticas orçamentais expansionistas. • Diminuições das despesas públicas e dos subsídios, G e R, e aumentos dos impostos, T, implicam a contracção do produto e a diminuição das taxas de juro. Estas medidas de política orçamental são restritivas. 62 POLÍTICA ORÇAMENTAL EXPANSIONISTA • O aumento dos gastos públicos, dos subsídios, ou uma diminuição da componente autónoma dos impostos (que por vezes se assume como sendo nula), corresponde a um aumento da despesa planeada autónoma, implicando o aumento do produto de equilíbrio, para cada valor da taxa de juro. • A curva IS desloca-se para a direita. ∆G > 0 ; ∆ R > 0 ; ∆T < 0 E, Ep Ep1 dado i Ep0 dado i i i IS1 ∆Ap IS0 Y0eq Y1eq Y Y0eq Y1eq Yeq 63 POLÍTICA ORÇAMENTAL EXPANSIONISTA • A diminuição da taxa de imposto não afecta a despesa planeada autónoma, mas aumenta o valor do multiplicador. • A função despesa planeada torna-se mais inclinada. Para cada valor da taxa de juro, o produto de equilíbrio aumenta. • A curva IS desloca-se para a direita e torna-se menos inclinada. E, Ep Ep1 dado iB Ep0 dado iB Ep1 dado iA Ep0 dado iA i iA iB YAeq0 YAeq1 YBeq0 YBeq1 Y IS1 IS0 YAeq0 YAeq1 YBeq0 YBeq1 Yeq 64 POLÍTICA ORÇAMENTAL EXPANSIONISTA • O aumento da procura (para cada nível da taxa de juro) desloca a curva IS para a direita. • Este estímulo da economia faz com que o produto expanda e as taxas de juro aumentem. LM i i1 i0 IS1 IS0 Y0 Y1 Y • Como é que a economia evolui até ao novo estado de equilíbrio? 65 POLÍTICA ORÇAMENTAL EXPANSIONISTA • A economia passa a estar numa situação de excesso de procura no mercado de bens e serviços. • As empresas reagem aumentando o nível de produção, o que implica que aumente o rendimento e o volume de transacções. • Aumenta assim a procura de moeda, o que leva à subida das taxas de juro, acompanhando o aumento do produto. LM i i1 A economia evolui ao longo da curva LM, dado que o ajustamento dos mercados monetário e financeiro é muito rápido. O aumento da produção e do volume de transacções é acompanhado por um aumento das taxas de juro. i0 IS1 IS0 Y0 Y1 Y 66 POLÍTICA ORÇAMENTAL RESTRITIVA • Uma política orçamental contraccionista desloca a curva IS para a esquerda. Consequentemente, o produto contrai e as taxas de juro diminuem. LM i i0 i1 IS0 IS1 Y1 Y0 Y • Como é o processo de transição? 67 POLÍTICA ORÇAMENTAL RESTRITIVA • Face à diminuição da procura, a economia passa a estar numa situação de excesso de oferta de bens e serviços. • As empresas diminuem o nível de produção, diminuindo portanto o rendimento e o volume de transacções. Os agentes ficam com moeda em excesso, gerando-se uma pressão no sentido da compra de títulos. Assim, a redução do produto é acompanhada pela diminuição das taxas de juro. LM i A economia contrai ao longo da curva LM. A diminuição da produção e do volume de transacções leva os agentes a pretender comprar títulos, logo, sobem as cotações e diminui a taxa de juro implícita. i0 i1 IS0 IS1 Y1 Y0 Y 68 EFEITO DE “CROWDING-OUT” • No modelo keynesiano simples, um aumento dos gastos públicos é reflecte-se no produto de equilíbrio de forma ampliada pelo multiplicador, “∆Y = α·∆G”. É esse o valor da deslocação da curva IS. • No entanto, a expansão do produto no modelo IS-LM é menor, dado que o aumento da taxa de juro leva à diminuição das despesas do sector privado em investimento e consumo. i LM i1 O produto aumentaria para Y1MKS se não houvesse o efeito de “crowding-out”. O aumento da procura do sector público faz aumentar a taxa de juro, o que leva à diminuição da procura do sector privado. i0 IS0 Y0 Y1 Y1MKS IS1 Y 69 ARMADILHA DA LIQUIDEZ • Vimos que, na situação conhecida como “armadilha da liquidez”, a política monetária não tem efeito. • Por outro lado, a política orçamental é muito eficaz, dado que não há “crowding-out” (a taxa de juro não aumenta porque os agentes já detêm moeda suficiente para realizar as transacções adicionais que resultam do aumento do rendimento). Na “armadilha da liquidez”: i - a curva LM é horizontal; - não há “crowding-out”; LM i0=i1 - a política orçamental tem o mesmo efeito que no MKS. IS1 IS0 Y0 Y1 Y 70 EFEITO DA POLÍTICA ORÇAMENTAL Para um determinado deslocamento horizontal da IS: • “Quanto mais horizontal for a LM, e mais vertical for a IS, maior é o efeito da política orçamental”. LM LM i i IS0 i IS1 IS0 Y Y0 Y1 LM IS1 IS0 Y Y0 Y1 LM Y0 LM i IS1 Y Y1 LM i i IS1 IS0 Y0 Y1 IS0 Y Y0 Y1 IS1 IS1 IS0 Y Y0 Y1 Y 71 ACOMODAÇÃO MONETÁRIA • O efeito de “crowding-out” pode ser evitado se houver coordenação da política monetária com a política orçamental. • Se o Banco Central aumentar a oferta de moeda de forma precisa, (acomodação monetária total) deixa de ocorrer a subida das taxas de juro, e a consequente diminuição do consumo e investimento dos agentes privados. LM0 i LM1 i1 A taxa de juro não se altera porque o aumento da procura de moeda induzido pelo aumento do volume de transacções é compensado pelo aumento da oferta de moeda (monetarização da dívida). i0 IS0 Y0 Y1 Não havendo “crowding-out”, a expansão do produto é dada pelo multiplicador do MKS. IS1 Y 72 COMPENSAÇÃO MONETÁRIA • O Banco Central também pode praticar uma política de compensação monetária em resposta à política orçamental expansionista, reduzindo a oferta de moeda. • Nesse caso, o efeito de “crowding-out” é superior, podendo mesmo ser total. compensação monetária LM A acomodação monetária reduz o “crowding-out”, aumentando o efeito da política orçamental no produto. i i1 acomodação monetária A compensação monetária tem o i0 efeito contrário. A subida da taxa é superior, acentuando o efeito de “crowding-out”. Diminui, portanto, o efeito da política orçamental. IS Y0 Y1 Y 73 1.2. MODELO IS-LM 1.2.0. Taxa de Juro, Consumo e Investimento 1.2.1. Mercado de Bens e Serviços e Função IS 1.2.2. Mercado Monetário-Financeiro e Função LM 1.2.3. Regra de Taylor e Função TR 1.2.4. Equilíbrio e Flutuações Macroeconómicas 1.2.5. Política Monetária e Orçamental no Modelo IS-LM 1.2.6. Política Monetária e Orçamental no Modelo IS-TR 74 POLÍTICAS NO MODELO IS-TR ... 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