Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

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Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Disciplina: Fisiologia Comparada II
Profª Rosicleire Veríssimo Silveira
Aula Prática 1: Controlando a pressão arterial no homem
INTRODUÇÃO
O sangue arterial tem a função de nutrir e oxigenar todos os tecidos do organismo. Ele
flui do coração para os tecidos periféricos, pois é impulsionado pela força de contração
do ventrículo esquerdo. Essa ejeção intermitente de sangue do coração causa um pulso
que se desenvolve na aorta proximal conforme o sangue é ejetado e impulsionado por
ela para a periferia, onde facilmente é detectado pela palpação nos grandes vasos. Esse
pulso reflete o numero de batimentos cardíacos, cerca de 80 por minuto (bpm).
A força de ejeção do sangue pelo ventrículo esquerdo associada a elasticidade dos vasos
aumenta a pressão arterial (PA). Podemos dizer de forma simplificada que a PA é o
produto do debito cardíaco (DC) pela resistência vascular periférica (RVP). Portanto,
qualquer situação que modifique um desses fatores pode alterar a pressão arterial. Em
geral, o aumento do debito cardíaco eleva a pressão arterial sistólica (PAS), enquanto o
aumento da resistência periférica eleva a pressão arterial diastólica (PAD). No individuo
adulto os valores normais de PAS são menores do que 130mmHg, e de PAD menores
do que 85 mmHg.
Devemos observar que a pressão dentro das artérias principais se mantém relativamente
alta durante a diástole ventricular, momento em que, durante o ciclo cardíaco, a pressão
ventricular cai praticamente a 0 mmHg. Essa manutenção da pressão se dá pela
combinação de dois fatores: a elasticidade das paredes arteriais e a resistência vascular
periférica ao fluxo sanguineo. Durante a sístole, o excesso de sangue bombeado pelo
coração é acomodado na aorta e nas grandes artérias por distensão da parede desses
vasos. Em seguida, há retração elástica da aorta que comprime o sangue contido em sua
luz. Nesse instante, a pressão imposta o sangue faz com que haja fluxo para direção de
menor pressão. Essa direção é tanto retrograda quanto anterógrada. No entanto, o rápido
fluxo retrogrado é limitado pelo fechamento das cúspides da válvula aórtica, e o
resultado final é a persistência do fluxo sanguíneo anterógrado, mantido mesmo durante
a diástole ventricular. A diferença entre a pressão sistólica e diastólica é a pressão de
pulso (aproximadamente 40 mmHg), que é função principalmente do volume de sangue
ejetado pelos ventrículos e da elasticidade da rede arterial.
O fluxo de sangue para os tecidos é de importância vital para o organismo e ,
dependendo da condição em que o este se encontra, há necessidade de redimensionar o
fluxo de sangue, aumentando-o ou diminuindo-o para os diferentes territórios, a fim de
adequar o debito cardíaco. Assim, o sistema cardiovascular é modulado pelo sistema
nervos central e essa modulação é um ponto importante no controle rápido da pressão
arterial.
Nos experimentos a seguir mediremos a pressão arterial humana pelo método
auscultatório e a freqüência cardíaca por palpação em três situações, enfatizando a
dependência da pressão arterial em relação à modificação do débito cardíaco seja por
efeito da gravidade ou por alteração da pressão intratorácica.
Experimento 1 – Aferir a pressão arterial (PA) e freqüência cardíaca em repouso
(Método auscultatório)
Materiais
Esfigmomanômetro
Estetoscópio
Algodão embebido em álcool
1. Posicionar adequadamente o indivíduo com o braço apoiado e a palma da mão
voltada para cima.
2. Prender o manguito 4 cm acima da prega do cotovelo;
3. Localizar a artéria braquial e posicionar o diafragma do estetoscópio sobre ela;
4. Insuflar o manguito até que desapareça o pulso braquial ou radial;
5. Liberar o ar lentamente. Registrar o primeiro som como PAS. Continuar
liberando o ar do manguito lentamente, até que haja mudança na qualidade do
som que passará de claro e regular a abafado. Registrar essa alteração como
PAD.
6. Liberar o restante do ar.
7. Retirar o manguito. Limpar as olivas e o diafragma do estetoscópio com algodão
e álcool.
Experimento 2 – Dependência postural da pressão arterial (Decúbito)
Materiais
Esfigmomanômetro
Estetoscópio
Cronômetro ou relógio de pulso
Colchonete
Medir a freqüência cardíaca (FC), a PAS e PAD de um voluntário que está sentado há 5
minutos. Para a medida da FC você pode contar os batimentos palpados na artéria radial
ou na artéria carótida.
Para a palpação dos pulsos radial e carotídeo, o voluntário deve ficar relaxado. O
examinador deve colocar com suavidade as polpas digitais do indicador e do médio da
mão direita, para destro, ou esquerda, para canhoto, sobre um desses pulsos. O pulso
carotídeo deve ser identificado na região que compreende o espaço formado pela borda
medial do músculo esternocleidomastóideo e a face lateral da traquéia homolateral. O
examinador deve pressionar os pulsos detectáveis com firmeza suave, porém com
cuidado de não induzir obstrução total ou mesmo parcial ao fluxo do sangue desse vaso.
Em seguida deve contar o número de palpações ou pulsações detectáveis em um minuto
e observar o ritmo dessas pulsações.
O voluntário deve, então, ficar em decúbito dorsal por 5 minutos sobre o colchonete. Ao
final desse período, a FC, a PAS e a PAD devem ser novamente aferidas com o
voluntário ainda deitado. Tomadas essas medidas, o voluntário deve ficar rapidamente
em pé e imediatamente a FC, PAS e PAD dever ser aferidas. Após 5 minutos em pé,
meça novamente a FC, a PAS e a PAD do voluntário.
Experimento 3 – Alteração com exercício físico
Materiais
Esfigmomanômetro
Estetoscópio
Cronômetro ou relógio de pulso
1. Os voluntários devem ser divididos em três grupos: praticantes de atividade
física regularmente, praticantes casuais e sedentários.
2. Medir a FC, PAS e PAD dos voluntários em repouso;
3. Após 5 minutos de atividade física, medir a FC, a PAS e a PAD dos voluntários;
4. Comparar os resultados.
Relatório
Responda às questões:
1. Como é gerado o som auscultatório que identifica os valores de PÁS e PAD?
2. Como variam as medidas de pressão arterial e freqüência cardíaca na mudança
de decúbito (sentado, deitado, imediatamente em pé e após 5 minutos em pé)?
3. Há diferença entre as pressões arteriais dos diferentes integrantes do grupo? Há
alguma relação observável entre essas diferenças e semelhanças (sexo,
atividades físicas, sedentarismo, tabagismo, peso corporal, idades, etc.)?
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