Farmácia Noturno 2013 Produção de energia por micro-organismos Fernanda Abreu [email protected] Introdução • Micro-organismos estão em toda parte • Especialmente procariotos – Apresentam grande diversidade metabólica • Utilização de nutrientes diversos • Diferentes mecanismos de obtenção de energia Fontes de energia utilizadas pelos seres vivos LUZ Substâncias químicas Processos de obtenção de energia • São caracterizados por reações de oxidação e redução; • Uma substância doa elétrons e outra recebe; • Quando a substância que doa elétrons é : – Inorgânica: organismo é litotrófico – Orgânica: organismo é organotrófico Tipos de processos de obtenção de energia Produção de energia por micro-organismos • Como a célula armazena energia? – Através de ligações químicas nas moléculas, isto é, energia química. – A variação de energia livre (Δ G ) ocorre nas diversas reações celulares. – Definição de energia livre (G): energia disponível para realizar trabalho. • Δ G negativo = liberação de energia, processos catabólicos • Δ G negativo = consumo de energia, processos anabólicos Produção de energia por micro-organismos • Moléculas carreadoras de energia na célula: – Nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD+) • E sua forma fosforilada NADP+ • Transportam prótons e elétrons – Adenosina trifosfato (ATP) Processos de síntese de ATP • São chamados de fosforilação: – Adição de fosfato a ADP ADP + Pi + Energia ATP 30,5 kJ/mol • Processos de síntese de ATP – Fosforilação ao nível do substrato; – Fosforilação por transporte de elétrons; – Fosforilação por força íon-motiva. 1. Fosforilação ao nível do substrato • É o processo no qual o grupo fosfato de um composto químico é removido e adicionado diretamente ao ADP. Fosfoenolpiruvato Pirivato + Pi ΔG = -61,9 kJ/mol ADP + Pi ATP ΔG = +30,5 kJ/mol ________________________________________________ Fosfoenolpiruvato + ADP Piruvato + ATP ΔG = -31,4 kJ/mol - Ocorre em vias de degradação da glicose e no metabolismo fermentativo 2. Fosforilação por transporte de elétrons • Síntese de ATP ocorre em membrana celular. – Mitocôndrias e cloroplastos: eucariotos – Membrana plasmática: procariotos • Elétrons transferidos de compostos químicos a carreadores (NAD+ e NADP+) são transportados através de diferentes proteínas carreadoras na membrana até o aceptor final. 2. Fosforilação por transporte de elétrons • Composto químico: perde elétrons, sendo este o doador de elétrons, e, por isso, sofre oxidação. (reação de oxidação) • Composto químico: recebe elétrons, sendo este o aceptor de eletrons, e, por isso, sofre redução (reação de redução). Litotrófico X Organotrófico Respiração aeróbica X anaeróbica 2. Fosforilação por transporte de elétrons • Tendência da substância em doar ou receber elétrons -Essa tendência é chamada de potencial de redução (E). -E é definido como a voltagem necessária para remover elétrons de uma substância -Quanto mais negativo, maior a probabilidade de a substância doar elétrons. ΔG = -nFΔE 2. Fosforilação por transporte de elétrons • Componentes da cadeia transportadora de elétrons em procariotos: – Flavoproteínas: FMN - flavina mononucleotídeo FAD - adenina dinucleotídeo – Quinonas: coenzima Q: ubiquinona (aeróbicas, eucariotos) menaquinona (anaeróbicas) *metabolismo facultativo tem as duas – Ptns ferro-enxofre: contém arranjos de no iguais de Fe e S – Citocromos: ptns com grupo prostético heme 2. Fosforilação por transporte de elétrons Potencial de redução Fosforilação oxidativa: respiração aeróbica 2. Fosforilação por transporte de elétrons 2. Fosforilação por transporte de elétrons • Transporte de prótons através da membrana forma um gradiente eletroquímico; • Energia do gradiente é utilizada na síntese de ATP pela ATPase ou ATP sintase. F0 ptns a,b, c 2. Fosforilação por transporte de elétrons • Força próton-motiva é utilizada em outros processos dependentes de energia: – No transporte de substâncias; – Rotação do flagelo Força “sódio-motiva”: bactérias marinhas 3. Fosforilação por força íon-motiva • Outras formas de obtenção de gradiente eletroquímico: – Excreção de produtos finais do metabolismo – Antiporte de compostos; – Reações de descarboxilação; – Oxidação extracitoplasmática; Resumo dos processos de síntese de ATP em procariotos Metabolismo Quimiorganotrófico • Fonte de energia: compostos orgânicos • Principal composto orgânico utilizado: glicose • Utilizada nos processos: – Respiração: aeróbica anaeróbica – Fermentação Metabolismo Quimiorganotrófico • Respiração aeróbica: – Processo em que ocorre a oxidação completa da substância orgânica utilizando o O2 como aceptor final de elétrons. C6H12O6 + 6O2 6CO2 + 6H2O - Processo complexo dividido em 3 partes: - Vias Glicolíticas - Ciclo de Kerbs - Fosforilação Oxidativa Metabolismo Quimiorganotrófico • Respiração aeróbica: - Vias Glicolíticas: clivagem da glicose - Via Embden-Meyerhof - Entner-Doudoroff - Via das Pentoses-fosfato - Ciclo de Krebs - Fosforilação Oxidativa Metabolismo Quimiorganotrófico • Respiração aeróbica: - Vias Glicolíticas: clivagem da glicose - Via Embden-Meyerhof (eucariotos e procariotos) Glicose 2 ATP + 2 NADH + 2H+ + 2 Piruvato - Entner-Doudoroff Glicose ATP + NADPH + H+ + NADH + H+ + 2 Piruvato - Via das Pentoses-fosfato Glicose ATP + 2 NADPH + 2H+ + CO2 + Pentose-fosfato Metabolismo Quimiorganotrófico • Respiração aeróbica: – Vias Glicolíticas: clivagem da glicose Via Embden-Meyerhof Entner-Doudoroff Via das Pentoses-fosfato Intermediário em comum: Gliceraldeído 3-fosfato Convertido em Piruvato Metabolismo Quimiorganotrófico • Respiração aeróbica: - Ciclo de Krebs: - Segunda etapa da respiração de procariotos e eucariotos - Ciclo dos ácidos tricarboxílicos ou ciclo do ácido cítrico Metabolismo Quimiorganotrófico • Respiração aeróbica: - Fosforilação Oxidativa: - Última etapa da respiração - Quando ocorre a síntese de ATP por meio de fosforilação por transporte de elétrons Metabolismo Quimiorganotrófico • Resumo da respiração Metabolismo Quimiorganotrófico • Respiração anaeróbica: Metabolismo Quimiorganotrófico • Fermentação: – Oxidação parcial do composto orgânico. – É um metabolismo anaeróbico: ocorre na ausência de O2. – O aceptor de elétrons é a própria molécula orgânica. Metabolismo Quimiorganotrófico • Fermentação: – Metanogênese: ocorre em ambientes onde bactérias liberam substratos orgânicos como acetato, que são fermentados por arqueas, gerando CH4. – Processo é considerado fermentação, pois o acetato não é completamente oxidado a CO2. – Metanogênise acetoclástica e metilotrófica (metanol). Metabolismo Quimiorganotrófico • Comparação respiração X fermentação Metabolismo Quimiolitotrófico • Procariotos são os únicos capazes de utilizar compostos inorgânicos como fonte de energia. • É um processo de baixo rendimento energético e por isso grandes quantidades de compostos inorgânico são oxidadas. • Ex.: Rio Tinto- bactérias oxidantes de Fe2+ Metabolismo Quimiolitotrófico • Bactérias oxidantes de ferro Rusticianina: ptn periplasmática Metabolismo Quimiolitotrófico • Outros metabolismos quimiolitotróficos e seu rendimento energético Metabolismo Quimiolitotrófico • Outros metabolismos quimiolitotróficos e seu rendimento energético Metabolismo Quimiolitotrófico • Metanogênese: – Grupo de procariotos que utiliza H2 como doador de elétrons e CO2 como aceptor. – Metanogênese: 4H2 + CO2 CH4 + 2H2O Metabolismo Quimiolitotrófico • Nitrificação: – Oxidação da amônia a nitrato. – Ocorre em 2 etapas: - Amônia Nitrito: Nitrosomonas amônia mo-oxigenase: NH3 hidroxilamina :hidroxilamina oxirredutase: hidroxilamina nitrito - Nitrito Nitrato: Nitrospira nitrito oxirredutase Processo aeróbico Metabolismo Quimiolitotrófico • Anamox: – Reação de oxidação anaeróbica da amônia. – Realizada por um grupo específico de bactérias. Planctomyces- possuem compartimentos envoltos por membrana NH4+ + NO2- N2 + 2H2O ΔG = -357 kJ Aceptor final de elétrons Metabolismo Fototrófico + Fotolitotroficos: compostos inorgânicos como doadores de elétrons + Fotoorganotróficos: compostos orgânicos como doadores de elétrons Metabolismo Fototrófico • Bactérias Fototróficas: Cianobactérias, bactérias verdes, púrpuras e heliobactérias. proclorófitas, • Componentes funcionais para realização da fotossíntese: – Pigmentos capazes de captar luz; – Cadeia transportadora de eletrons; – ATPase. • Absorção de fóton por uma molécula: – Molécula no estado excitado: elétron move-se para orbital superior. – Essa forma é instável. Pode ocorrer emissão de luz, calor ou o elétron pode ser transferido para outra molécula. Metabolismo Fototrófico Metabolismo Fototrófico Principais pigmentos de fotossíntese em bactérias : 1. Clorofilas (fotossíntese oxigênica)* 2. Bacterioclorofilas (fotossíntese anoxigênica)* 3. Carotenoides 4. Ficobilinas * Espectro de absorção específico Metabolismo Fotototrófico 1. Clorofilas: Chl a 680 e 430 nm; 480 carotenoide Bchla 870, 805, 590, 360 nm; 525 e 475 carotenoide Metabolismo Fototrófico Metabolismo Fototrófico Coexistência 1. Clorofilas: • Técnica fundamental para estudo dos microorganismos do ambiente • Sergei Winogradsky – Coluna de Winogradsky – Ecossistema artificial • • • • Lodo orgânico Substratos (fonte de C) Carbonato de cálcio Sulfato de cálcio Metabolismo Fototrófico 1. Clorofilas: Organização dos pigmentos na célula; está associadas a ptns, formando complexos • Centros de reação: - Moléculas de pigmento que participam diretamente da conversão de energia luminosa em ATP. • Pigmentos antena: - Molécula de clorofila/bacterioclorofila encontradas ao redor do CR que absorvem a luz e a condizem para o CR. Metabolismo Fototrófico 1. Clorofilas: • Organização de pigmentos na célula - Invaginações da membrana citoplasmática - Na própria membrana; - Estruturas especializadas envoltas por não unidade de membrana - CLOROSSOMOS Bactérias verdes sulfurosas Clorossomo: estrutura altamente eficiente na captação o de luz. Metabolismo Fototrófico 2. Carotenoides: - Pigmento acessório amplamente distribuído; - São hidrofóbicos, sensíveis a luz e firmemente associados à membrana. - Geralmente amarelos, vermelhos, marrons ou verdes. - Estão associados à clorofila ou bacterioclorofila nos complexos fotossintéticos, mas não atuam diretamente na síntese de ATP. - Atuam na captação e transferência de luz para o CR. - Atuam como foto-protetores: dissipam espécies tóxicas de oxigênio e absorvem luz que seria prejudicial. Metabolismo Fototrófico 2. Ficobilina e ficobilissomos: - Pigmento acessório presente em cianobactérias; Pigmento antena; Podem ser vermelhos ou azuis: absorvem luz em diferentes λ Formam agregados: ficobilossomos Atuam na captação e transferência de luz para o CR Fotossíntese oxigênica Mecanismo de síntese de ATP: Fotofosforilação acíclica ferredoxina Fotossíntese anoxigênica • Encontrada em bactérias púrpura sulfurosa, verde não sulfurosas e sulfurosas e heliobactérias. • Aparato fotossintético organizado em vesículas membranosas (cromatóforos) ou pilhas de membranas (lamelas). Fotossíntese anoxigênica Mecanismo de síntese de ATP: Fotofosforilação cíclica P870: CR Aula Prática 26/08/2013 Prática 5 Observação microscópica de micro-organismos do ambiente Técnicas de isolamento de micro-organismos: esgotamento Obtenção de cultura pura Prática 5 • Observação microscópica dos micro-organismos do ambiente. • Preparação a fresco: – Flambar a alça de platina – Colocar a solução salina estéril na lâmina utilizando a alça e respeitando as manobras assépticas; **** Se for cultura líquida não é necessário. – Flambar a alça de platina; – Colocar uma porção da cultura suspensão bacteriana em uma lâmina utilizando a alça e respeitando as manobras assépticas – Cobrir com a lamínula. – Adicionar uma pequena gota de óleo de imersão e observar com objetiva de imersão (100 X). Prática 5 • Técnicas de isolamento de micro-organismos: Esgotamento – MEIO DE CULTURA: Material nutriente preparado no laboratório para o crescimento de microrganismos. Os microrganismos que crescem e se multiplicam nos meios de cultura são denominados cultura. Prática 5 • Técnicas de isolamento de micro-organismos: Esgotamento - MEIO DE CULTURA: Material nutriente preparado no laboratório para o crescimento de microrganismos. Os microrganismos que crescem e se multiplicam nos meios de cultura são denominados cultura. - Fatores Necessários para o Crescimento Os fatores necessários para o crescimento bacteriano podem ser divididos em duas categorias principais: 1. Fatores físicos: temperatura, pH, pressão osmótica. 2. Fatores químicos: água, fonte de carbono, nitrogênio, minerais, oxigênio e fatores orgânicos de crescimento. Prática 5 • Tipos de meio – Seletivo: componentes adicionados inibem crescimento de determinados micro-organismos. Ex.: utilização de cicloheximida para inibição de eucariotos em enriquecimento de procariotos; ou antibióticos como ampicilina no sentido contrário. – Diferencial: adição de componentes que resultam no crescimento diferenciado que permite a distinção de tipos de bactérias. Ex.: utilização de indicadores de pH como bromocresol, na identificação de bactérias produtoras de ácido. – Enriquecimento: meio com componentes que permitem o crescimento de tipos específicos enquanto inibem o crescimento da microbiota contaminante. Prática 5 Técnicas de isolamento de micro-organismos: Esgotamento Método de Semeadura por Esgotamento - A maioria dos materiais infecciosos ou provenientes de solo, água ou mesmo alimentos possui uma grande variedade de microrganismos. Como separar? - Semeadura em meios sólidos e observação do formato das diferentes colônias, coloração das colônias, etc... . Prática 5 Técnicas de isolamento de micro-organismos: Esgotamento - Semeadura por esgotamento : Largamente empregado para isolamento de microrganismos presentes em grandes números relativos à população microbiana. Prática 5 Técnicas de isolamento de micro-organismos: Esgotamento • Proceder da seguinte maneira: – realizar o maior número de estrias possíveis. – Não perfurar o meio. – Não voltar com a alça sobre as estrias. – Utilizar pequena quantidade de material para semear. Prática 5 • OBJETIVOS DA PRÁTICA – Mostrar ao aluno os métodos de obtenção de cultura pura. – Treinar o aluno na execução da técnica de isolamento. Prática 5 Técnica de isolamento de bactérias (obtenção de cultura em meio sólido). • Utilizar uma suspensão mista de bactérias (Serratia + Micrococcus) a ser distribuída pelo professor. • Flambar a alça e retirar com ela uma pequena gota da suspensão mista de bactérias. Semeá-la sobre a superfície de um meio sólido (ágar-simples) em placa. A semeadura deve ser feita por estrias, de acordo com o esquema da figura abaixo, na seqüência (método de esgotamento). – Primeira operação: colocar a gota na superfície do meio e passar a alça em zigzag . – Segunda operação: mudar a direção do estriamento para a 2a região da placa sem tocar nas estrias do primeiro plaqueamento. – Terceira operação: mudar a direção do estriamento para a 2a região da placa sem tocar nas estrias do segundo plaqueamento. • Embrulhar as placas e incubar na estufa a 37o C por no mínimo 24 horas.