atividade lúdico-educativa junto a crianças que

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ATIVIDADE LÚDICO-EDUCATIVA JUNTO A CRIANÇAS QUE
APRESENTAM DEIFICULDADE DE APRENDIZAGEM
Tema: Necessidades Educacionais Especiais e Inclusão
Autor Responsável por apresentar o Trabalho: MAIARA PEREIRA ASSUMPÇÃO
Autor(es) adicionais: RAFAEL CESAR FERRARI – UNESP
ARAINA AP. NASCIMENTO DOS SANTOS – UNESP
LARISSA TUROLLO - UNESP
GABRIEL TOLEDO – UNESP
PATRICIA SERAFIM - UNESP
JULIANA MACHADO NASCIMENTO - UNESP
MARILDA D. PEREIRA - UNESP
EVELYN DE PAULA SOUZA - UNESP
IRINEU ALIPRANDO TUIM VIOTTO FILHO - UNESP
EDELVIRA DE CASTRO QUINTANILHA MASTROIANNI - UNESP
Financiador: Outros - PROEX
1. Introdução
Este artigo decorre de um Projeto de extensão e pesquisa em Educação Física
Escolar, que valoriza o brinquedo e a atividade do brincar como possibilidade educativa
de caráter prático-teórico, com finalidade de favorecer condições de desenvolvimento e
aprendizagem para crianças que apresentam necessidades especiais de educação.
O citado Projeto é realizado junto ao LAR (Laboratório de Atividades Lúdicorecreativas) da FCT-UNESP-Presidente Prudente e tem como objetivo principal criar
condições diferenciadas de aprendizagem para crianças que vivenciam dificuldades no
seu cotidiano escolar, sejam elas decorrentes de alguma deficiência física, perceptiva ou
intelectual, ou em decorrência de problemas específicos relacionados ao processo de
ensino-aprendizagem em sala de aula.
O LAR conta com instalações e equipamentos para atender crianças de 04 a 10 anos
de idade e constitui-se como um espaço voltado exclusivamente para o desenvolvimento
de trabalhos de natureza lúdico-pedagógica e educativa. No desenvolvimento dessas
atividades, valoriza-se a ação do Professor de Educação Física como importante
mediador do processo de humanização e toma-se a teoria histórico-cultural, a
psicomotricidade e a psicologia do jogo, como referências essenciais para a construção
de um processo educativo voltado ao desenvolvimento das potencialidades humanas e à
formação do indivíduo na sua totalidade.
Nessa direção defende-se a participação da Educação Física no âmbito da Educação
Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental, no papel de disciplina essencial no
processo de desenvolvimento da criança, sobretudo ao estruturar-se a partir de uma
visão crítica de educação e assumir a cultura corporal, com ênfase no jogo e na
atividade do brincar, como possibilidade educativa e de inclusão social para as crianças
que apresentam deficiências e/ou dificuldades escolares.
Na concepção e desenvolvimento do Projeto toma-se o método materialista
histórico dialético como base fundamental no sentido de possibilitar uma compreensão
crítica da realidade social e humana, assim como da estrutura educacional e das
condições de ensino-aprendizagem das crianças. Releva-se também as contribuições da
teoria histórico-cultural, sobretudo as discussões acerca da atividade do brincar e do
brinquedo, como fontes importantes para a compreensão do processo de
desenvolvimento da criança em sua fase pré-escolar e escolar.
Considerando esses pressupostos teórico-filosóficos e metodológicos, compreendese o ser humano como um sujeito histórico e reconhecido nas suas múltiplas
determinações (biológicas, sociais, educativas, econômicas, políticas, dentre outras), o
qual, ao apresentar alguma “deficiência orgânica”, ou ainda alguma “dificuldade
pessoal”, terá condições de se apropriar de um trabalhado pedagógico de caráter
humanizador e, nesse processo, superar suas dificuldades e alcançar as máximas
potencialidades de desenvolvimento, àquelas possíveis de serem construídas nesse
momento histórico e, sobretudo, no interior da escola.
Através de atividades lúdicas de caráter educativo, procura-se criar condições
favoráveis para que as crianças que apresentam dificuldades escolares, encontrem
condições diferenciadas de brincar, interagir e se sentir sujeitos de suas vidas, para que
possam superar suas dificuldades, tendo o professor como um mediador importante na
construção da sua maneira de ser, pensar, sentir e agir na escola e na sociedade.
Defende-se que os sujeitos participantes do Projeto encontrem condições concretas
de desenvolvimento de suas potencialidades, valorizando suas necessidades e
capacidades, através da ação prática, coletiva e lúdica, de forma a reconhecê-los como
sujeitos que apresentam necessidades especiais de educação, os quais por passarem por
situações de dificuldades na escola, merecem condições especiais e diferenciadas de
ensino e aprendizagem.
É importante esclarecer que neste Projeto, procura-se, desde as suas bases, a
efetivação de uma educação inclusiva nas escolas, no sentido de valorizar e espaço
escolar como importante local de desenvolvimento dos seres humanos e, nessa
perspectiva os professores assumem papel fundamental, com objetivo de atender, de
maneira especial e diferenciada, às necessidades de desenvolvimento das crianças e
jovens na escola, reconhecendo-os enquanto sujeitos sociais e históricos e, portanto, em
contínuo processo de transformação.
Saviani (2000) ao discutir a importância da educação no processo de
desenvolvimento humano, afirma que o ser humano enquanto um sujeito social, tem
condições de superar sua primeira natureza, aquela natural e biológica, e construir sua
segunda natureza, aquela social e histórica, calcada nos processos educativos, na relação
com o outro e na apropriação dos objetos culturais (materiais e simbólicos), os quais são
essenciais para sua objetivação humana. Nessa perspectiva, afirma que os seres
humanos não se limitam a adaptar-se à natureza, como fazem os animais, mas sim,
trabalham intencionalmente para modificá-la, em função do atendimento das suas
necessidades e, desta forma, garantem seu desenvolvimento.
Segundo Leontiev (1978) os homens criam os objetos que vão satisfazer as suas
necessidades e criam os meios de produção desses objetos, desde o instrumento mais
simples às máquinas mais complexas, e nesse processo superam a sua condição animal,
se tornam humanizados. Vigotsky (2001), por sua vez, reconhece o ser humano em
processo contínuo de desenvolvimento, que procura, na relação com os outros homens e
com a natureza, superar suas limitações e avançar nas suas potencialidades, sejam elas
físicas ou psíquicas, objetivas ou subjetivas, individuais ou sociais.
A Teoria Vigotskiana propõe uma visão dialética e materialista histórica acerca do
ser humano e, nesse sentido, enfatiza as relações sociais, os processos educativos, a
apropriação dos objetos culturais, tanto os materiais quanto os simbólicos, na direção da
efetivação do trabalho vital, enquanto condição essencial para o desenvolvimento das
Funções Psicológicas Superiores (FPS) e a efetivação do processo de humanização dos
seres humanos.
Ao discutir as possibilidades de desenvolvimento das FPS, Vigotski (1991),
enfatiza que os processos de aprendizagem são essenciais, pois é desta forma que os
seres humanos conquistam as oportunidades objetivas de se apropriar da cultura, dos
conhecimentos acumulados pela ciência, pelas artes, pela filosofia, dentre outros
conhecimentos construídos pela humanidade. Para o autor:
Todas as funções psico-intelectuais superiores aparecem duas
vezes no decurso do desenvolvimento da criança: a primeira vez
nas atividades coletivas, sociais, ou seja, como funções
interpsíquicas; a segunda, nas atividades individuais, como
propriedades internas do pensamento da criança, ou seja, como
funções intrapsíquicas (VIGOTSKY, 1991, p.46).
Neste trabalho, onde a Educação Física apresenta-se como disciplina essencial para
o desenvolvimento do Projeto, defende-se a importância da apropriação dos objetos da
cultura corporal, sem negligenciar outros objetos e conhecimentos científicos-culturais,
como elementos fundamentais no desenvolvimento dos sujeitos que apresentam
necessidades especiais e condições diferenciadas de educação.
É importante afirmar também que a atividade lúdica, as relações sociais do estar e
do brincar com o outro, a comunicação e a linguagem corporal, tornam-se instrumentos
essenciais de transmissão de conhecimentos e experiências entre os seres humanos e o
professor assume tarefa imprescindível, qual seja, o compromisso de criar condições
objetivas na escola para o desenvolvimento das Funções Psicológicas Superiores, isso
pela via da ação prático-teórica, permeada pelo constante diálogo, pela linguagem
corporal e pela atividade consciente, no sentido de possibilitar aos sujeitos, formas
diferenciadas de participar e serem sujeitos de suas ações ao jogar, ao brincar e
expressar sua maneira de ser, pensar, sentir e agir na sua relação com o outro.
Para Vigotsky (1991, p.46) o desenvolvimento da linguagem serve como
paradigma de toda a relação social humana, uma vez que é a forma essencial de
comunicação entre a criança e as pessoas à sua volta. A linguagem, para o autor,
“inicialmente social, só depois, convertida em linguagem interna, se transforma em
função mental interna que fornece os meios fundamentais ao pensamento”, ou seja, há
que se garantir possibilidades de comunicação social para os seres humanos, tendo em
vista o desenvolvimento qualitativo do seu pensamento e de outras funções psicológicas
consideradas essenciais ao processo de humanização.
No desenvolvimento deste Projeto enfatiza-se a importância da linguagem social
como fundamental no processo de desenvolvimento das FPS e resgata-se a importância
da linguagem corporal, como importante possibilidade de comunicação da criança na
escola, considerando que nas aulas de Educação Física, a criança poderá encontrar
condições diferenciadas de livre manifestação verbal e corporal e, nesse sentido,
encontrará condições privilegiadas de manifestação da sua subjetividade na escola.
Outra questão essencial deste projeto é a necessidade de enfrentamento e superação
do fenômeno da exclusão, presente na sociedade e reproduzido na escola, sobretudo
quando se discute a exclusão daqueles sujeitos que apresentam deficiências e/ou
dificuldades de aprendizagem na escola. Neste Projeto salienta-se o quanto esses
sujeitos precisam de oportunidades e condições especiais de ensino-aprendizagem, para
que se apropriem de objetos materiais e simbólicos essenciais, sobretudo do sistema de
signos (linguagem, escrita, numeração), para se constituírem como seres humanos e não
há dúvidas que a escola é o espaço privilegiado para a consolidação desse processo
(VYGOTSKI, 2006).
Ao se enfatizar a transmissão de conhecimentos e experiências construídos pela
humanidade, pela ação do professor, efetiva-se o processo de socialização da cultura,
condição essencial para o desenvolvimento multilateral do ser humano. Na educação
escolar esse processo se dá pela via da apropriação da filosofia, da ciência, das artes, da
cultura corporal, dentre outras objetivações e, especialmente, como se defende nesse
Projeto, pela atividade do brincar, pela apropriação do brinquedo, instrumentos
educativos e humanizadores essenciais para o desenvolvimento das crianças na escola.
Para Leontiev (1978) cada geração começa a sua vida num mundo de objetos e
fenômenos criados pelas gerações precedentes e por isso a educação, o processo de
transmissão de conhecimentos e experiências acumulados pela humanidade, se faz
imprescindível para que cada ser humano, representante da nova geração, possa, ao
participar de processos de aprendizagem, se desenvolver e se humanizar, apropriando-se
dos objetos culturais aos quais tem acesso, e sobre os quais imprime sua atividade de
forma direta e intencional.
Diante dessa consideração do autor, o trabalho do professor torna-se
imprescindível, pois é ele o sujeito responsável, na escola, pela transmissão às novas
gerações, dos objetos materiais e simbólicos, construídos pela humanidade. Outra
consideração importante de Leontiev (1978) refere-se à atividade humana, na qual,
segundo o autor, encontra-se a essência genérica do homem, ou seja, é na atividade que
o sujeito se constrói e determina a sua condição de humano. Pode-se afirmar, portanto,
que é a atividade que cria o próprio homem, tendo em vista que nela se encontra o
centro do processo de formação e desenvolvimento humano.
Compreende-se então, que o ser humano vai se apropriando das condições objetivas
que o cerca e ao fazê-lo, passa a agir de forma intencional no mundo, modificando-o de
forma consciente e nesse processo, se objetiva, constrói seus pensamentos, sua
consciência e personalidade, enfim, se humaniza (OLIVEIRA, 1996 e MARTINS,
2007).
No entanto, na sociedade capitalista os seres humanos se deparam com um perverso
fenômeno social, a alienação, um processo que se caracteriza pela desumanização dos
seres humanos, o qual é construído no bojo das relações sociais e compromete o
desenvolvimento humano degradando-o. Porém, é importante salientar que qualquer
fenômeno social, da mesma forma que é construído, pode ser também desconstruído, ou
seja, superado pela ação consciente dos próprios seres humanos, e nesse trabalho, ao se
valorizar o trabalho do professor (dos professores na escola), acredita-se na construção
de possibilidades de superação da alienação, pela efetivação de um trabalho educativo
coletivo, crítico e emancipador no interior da escola.
Reafirma-se, portanto, o papel do professor como o sujeito responsável pela
socialização dos objetos materiais e simbólicos da cultura humana, sobretudo os saberes
da ciência, das artes, da política, e da cultura corporal, dentre outros saberes científicoculturais, os quais se constituem em elementos fundamentais de humanização dos
homens e, portanto, instrumentos essenciais de superação da alienação presente na
sociedade e reproduzido no interior da escola.
Acredita-se e defende-se neste artigo, que a Educação Física, construída numa
perspectiva histórico-cultural, justamente por enfatizar o trabalho como elemento
essencial de transformação, voltado ao processo de humanização e emancipação dos
seres humanos, terá condições, a partir da valorização da atividade do brincar e da
apropriação dos jogos e do brinquedo, dentre outras possibilidades próprias da cultura
corporal, possibilitar às crianças com necessidades especiais de educação condições
concretas de desenvolvimento. Em face destas considerações, será possível construir
condições diferenciadas de aprendizagem, pela via da atividade lúdica, coletiva e
consciente, as possibilidades de superação das dificuldades escolares e da exclusão
social e educacional, tão presentes na vida de muitas e muitas crianças em nossa
sociedade.
Considerando o trabalho lúdico-pedagógico como especificidade da Educação
Física Escolar e o professor como sujeito mediador no processo de desenvolvimento e
humanização, pela via da socialização dos objetos da cultura corporal, do jogo e da
brincadeira, afirma-se a possibilidade concreta de superação, pela via do trabalho
educativo crítico no interior da escola, de relações sociais alienadas, as quais, em grande
parte, são geradoras de preconceito, discriminação e exclusão social no interior das
próprias instituições escolares.
2. A Proposta Metodológica do Projeto
Este Projeto de extensão e pesquisa visa o desenvolvimento multilateral de sujeitos
que apresentam necessidades especiais e especificamente aqueles que apresentam
deficiência mental de natureza moderada e leve com comprometimento motor ou não, e
que encontram-se matriculados em Escolas de Educação Infantil e séries iniciais do
ensino Fundamental da Cidade de Presidente Prudente.
Atualmente, o laboratório conta com um atendimento de 46 crianças entre 02 a 15
anos, que apresentam dificuldades psicomotoras associadas a problemas de
aprendizagem, hiperatividade, transtorno de comportamento, síndromes genéticas,
patologias neurológicas e entre outras.
Em um primeiro momento, a criança chega ao Lar com um encaminhamento, e é
realizada uma triagem, para analisar a dificuldade da criança. Caso ela necessite da
intervenção psicomotora, essa criança é submetida ao diagnóstico psicomotor do qual se
utiliza o protocolo da Escala de Desenvolvimento Motor- EDM (Rosa Neto, 2001),
como também, entrevistas com os pais ou responsáveis e professores, a fim de coletar o
histórico de vida das crianças e o processo de aprendizagem. As sessões são realizadas
semanalmente com duração de 45 minutos por alunos do curso de Educação Física.
Após a anamnese é elaborado um programa de intervenção, por meio de jogos,
brincadeiras, atividades lúdicas, de acordo com déficits motores apresentado pela
criança.
A Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) é composta por uma bateria de
testes padronizados, e tem como objetivo avaliar o desenvolvimento motor da criança e,
também, verificar o nível da idade motora em relação à idade cronológica. A avaliação
compreende os seguintes componentes:

Motricidade fina: refere-se à atividade manual, guiada por meio da visão, ou
seja, coordenação visuo-manual, com emprego de força mínima, a fim de atingir uma
resposta precisa à tarefa;

Motricidade global: refere-se aos movimentos dinâmicos corporais, envolve
um conjunto de movimentos coordenados de grandes grupos musculares;

Equilíbrio: é a capacidade do organismo de manter posturas, posições e
atitudes, compensando e anulando todas as forças que agem sobre o corpo;

Esquema corporal: refere-se à capacidade de discriminar com exatidão as
partes corporais e a habilidade de organizar as partes do corpo na execução de uma
tarefa;

Organização espacial: envolve tanto a noção do espaço do corpo como o
espaço que o rodeia, referindo-se à habilidade de avaliar com precisão a relação entre o
indivíduo e o ambiente;

Organização temporal: refere-se à percepção do tempo, envolvendo o
conhecimento da ordem e duração dos acontecimentos.
Após a aplicação da escala, obtém-se a idade e quociente motor geral e as
idades e quocientes motores nas áreas específicas, além de identificar a lateralidade
(mãos, olhos e pés). A classificação do quociente motor é correlacionada em níveis:
“muito superior, superior, normal alto, normal médio, normal baixo, inferior e muito
inferior”.
Num período de três a seis meses é realizada novamente a aplicação do teste de
EDM, a fim de verificar a progressão do desenvolvimento da criança.
O LAR é um Laboratório de Estudos e Pesquisas que presta serviços de
Extensão à Comunidade que conta com instalações e equipamentos adequados para
atender crianças de 04 a 10 anos de idade. Tem ampla brinquedoteca, computadores
para trabalhos digitais, equipamentos para realização de avaliações psicomotoras, sala
para trabalhos em grupo e atendimento individual, oficina de artes e área livre para
atividades corporais.
É importante salientar que o LAR é um espaço voltado exclusivamente para o
desenvolvimento de trabalhos de natureza lúdico-pedagógica e educativa, que toma a
teoria histórico-cultural, a psicomotricidade e a psicologia do jogo como referenciais
essenciais para a construção do processo de formação humana, valorizando a ação do
Professor de Educação Física como importante mediador do processo de humanização
dos seres humanos na escola.
Os sujeitos participantes do Projeto serão inicialmente avaliados individualmente
nas dependências do LAR, considerando a escala de desenvolvimento psicomotor
proposta por Rosa Netto (2001). Essa avaliação inicial tem objetivo de identificar os
diferentes níveis de desenvolvimento motor e psicomotor dos sujeitos, com a finalidade
de melhor conhecê-los e organizá-los em grupos de trabalho.
Também os pais e/ou responsáveis pelos sujeitos participantes do Projeto serão
entrevistados nas dependências do LAR, com a finalidade de coletar dados relativos aos
sujeitos, melhor conhecimento de suas deficiências e dificuldades escolares, assim como
levantar as dificuldades vividas tanto pelos sujeitos, quanto por seus pais, no interior das
famílias.
Os professores desses sujeitos participantes do Projeto serão entrevistados no
interior da própria escola, com a finalidade de se coletar dados relativos ao
desenvolvimento escolar dos sujeitos, assim como as estratégias utilizadas pelos
professores para abordar a questão da deficiência e/ou das dificuldades de aprendizagem
apresentadas pelos sujeitos na sala de aula e na escola.
Feitas essas avaliações iniciais, os sujeitos do Projeto, serão organizados em grupos
de trabalho com a finalidade de participarem de um “Programa da Atividades LúdicoRecreativas para Crianças com Necessidades Especiais”, programa esse voltado para a
realização de atividades do brincar e apropriação de brinquedos e jogos variados (mesa,
eletrônicos e digitais), com objetivo de proporcionar condições educativas objetivas e
especiais, objetivando o desenvolvimento das Funções Psicológicas Superiores nesses
sujeitos, desde a sensação, percepção, atenção, memória, linguagem, pensamento e
sentimentos, contemplando o seu desenvolvimento numa perspectiva multilateral como
preconiza a Teoria Histórico-cultural de desenvolvimento humano (VYGOTSKI, 2006).
O “Programa de Atividades Lúdico-recreativas...” proposto para este Projeto
contará com 16 (dezesseis) encontros desenvolvidos semanalmente nas dependências do
LAR, executado pelos estudantes/bolsistas e supervisionado pelos Coordenadores desse
Projeto.
Também os pais e/ou responsáveis pelos sujeitos participantes do Projeto serão
recebidos mensalmente no LAR para receber orientações acerca do processo de
desenvolvimento de seus filhos e terem oportunidades de conhecer outros pais, trocar
experiências, discutir e vivenciar coletivamente as possibilidades de desenvolvimento
de
seus
filhos,
também
sob
orientação
do
Coordenador,
Colaborador
e
estudantes/bolsistas participantes do Projeto.
Ao longo dos 16 (dezesseis) encontros com os sujeitos do Projeto nas dependências
do LAR, serão realizados relatórios discriminando as atividades desenvolvidas e seus
resultados para cada sujeito envolvido. Tais relatórios serão objeto de análise ao final do
processo para se verificar os avanços no desenvolvimento dos sujeitos. Também será
reaplicado, em cada sujeito participante do Projeto, o teste de avaliação psicomotora de
Rosa Netto (2001), com objetivo de se obter parâmetros objetivos de comparação acerca
do desenvolvimento motor e psicomotor de cada sujeito em particular.
Ainda nessa direção de coleta de dados acerca do processo de desenvolvimento dos
sujeitos com necessidades especiais, também os pais e professores serão entrevistados
em processo, ou seja, quando da realização dos encontros mensais no LAR, com
objetivo de acumular dados para a realização de análises qualitativas do processo.
Enfim, com o desenvolvimento deste Projeto, tem-se a intenção de atuar
diretamente junto aos sujeitos que apresentam necessidades especiais, mas, além disso,
também trabalhar junto aos outros dois segmentos essenciais envolvidos no processo de
desenvolvimento desses sujeitos, tendo em vista a criação de condições objetivas para a
construção de novas e inovadoras possibilidades educativas para sujeitos com
necessidades especiais.
3. Resultados
4. Considerações Finais
Enfatiza-se que a Educação Física Escolar, se concebida segundo a perspectiva
histórico-cultural e, portanto, crítica e transformadora, ao assumir sua natureza singular
de lidar diretamente com a atividade humana no campo prático-teórico e valorizar a
linguagem corporal como importante forma de comunicação e manifestação de
pensamentos e sentimentos, dentre outras características superiores humanas, abre
possibilidades importantes para se avançar em direção à superação da histórica
dicotomia mente-corpo e da histórica discriminação da diferença e do diferente na
escola, pois, ao se respaldar num referencial teórico-filosófico e metodológico que
ofereça subsídios para se analisar a realidade dentro de sua complexidade e
multiplicidade, poderá, pela sua especificidade prático-teórica, criar condições concretas
de superação das situações de alienação e exclusão presentes na sociedade e
reproduzidas na escola (VIOTTO FILHO, 2009).
Enfim, trabalhar o desenvolvimento do ser humano numa perspectiva crítica,
includente e humanizadora, como se defende nesse Projeto, é criar possibilidades
concretas para superação das contradições geradas pela sociedade capitalista, as quais
também se refletem e são reproduzidas no interior da própria escola e, diante dos
pressupostos acima apresentados e, sobretudo, em decorrência da importância de se
construir e socializar os objetos culturais construídos ao longo da história da
humanidade, não exclusivamente, mas especialmente para aos sujeitos que apresentam
necessidades especiais, é o que se defende na realização desse Projeto.
Defende-se, sobretudo, que todos os seres humanos, sejam eles deficientes ou não,
encontrem condições concretas de superação das suas dificuldades, de forma a
aprenderem a trabalhar e construir seu desenvolvimento de acordo com suas
possibilidades e, nesse processo, se sentirem parte integrante da sociedade e da escola, e
desta forma, valorizados como sujeitos sociais.
Finalizando, é importante esclarecer que ao se enfatizar a categoria atividade de
forma geral e a atividade do jogo e do brincar especificamente, como essencial no
processo de transformação dos sujeitos que apresentam necessidades especiais, esse
Projeto, em decorrência dessa opção metodológica, valoriza uma Educação Física
Escolar constituída como práxis educativa, como ação coletiva consciente em direção a
transformação do homem, da educação e da sociedade, compreendida como prática
pedagógica essencial ao ser humano que toma os conteúdos da cultura corporal de
movimento como possibilidades concretas para a consecução dessa tarefa (BRACHT,
2007).
Acredita-se que nessa direção a Educação Física Escolar terá condições de prestar
um importante papel no processo de desenvolvimento humano, não mais limitando sua
visão e ação às características físicas e aparentes dos indivíduos, mas avançando em
direção às características essenciais de cada ser humano, àquelas essenciais e não
aparentes, tornando-se assim, uma Educação Física com compromisso e função social,
com condições de contribuir de forma significativa para a inclusão social e educativa
dos sujeitos com necessidades especiais, uma Educação Física efetivamente crítica e
transformadora da realidade humana e social.
Portanto, afirma-se o caráter transformador desse Projeto, o qual se preocupa
eminentemente com o desenvolvimento dos sujeitos com necessidades especiais, sem
perder de vista que os mesmos não se constituem de forma isolada, mas sim nas
relações que estabelecem na sua família, na escola e na sociedade e, decorrente dessa
compreensão, afirma-se a necessidade de se trabalhar junto a todos esses segmentos,
visando a transformação qualitativa das estruturas sociais desses segmentos,
reconhecendo que é no processo de construção social que se constroem os seres
humanos e tais estruturas, para serem transformadas, precisam ser reconhecidas bojo da
totalidade social concreta.
Referências
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2007.
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__________. A Construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins
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__________. El desarrollo de los procesos psicológicos superiores. Barcelona:
Editorial Crítica, 2006.
Viotto Filho, I.A.T. Teoria histórico-cultural e suas implicações na atuação do
professor de educação física escolar. Rio Claro:revista Motriz, v.15 n.3 p.00-00,
jul./set. 2009.
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