habilidades afetivas da equipe de enfermagem na unidade de

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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
PÓS-GRADUÇÃO EM EMERGÊNCIA EM LATO SENSU
DANIELE DE JESUS VIEIRA
HABILIDADES AFETIVAS DA EQUIPE DE ENFERMAGEM
NA UNIDADE DE EMERGENCIA DURANTE A REANIMAÇÃO
CARDIOPULMONAR
Salvador
2011
1
DANIELE DE JESUS VIEIRA
HABILIDADES AFETIVAS DA EQUIPE DE ENFERMAGEM
NA UNIDADE DE EMERGENCIA DURANTE A REANIMAÇÃO
CARDIOPULMONAR
Monografia apresentada a Universidade Castelo
Branco/Atualiza Associação Cultural como requisito
parcial para a obtenção do título de Especialista em
Enfermagem, sob orientação do Professor Doutor
Fernando Reis do Espírito Santo.
Salvador
2011
2
A você que me ouviu, que iluminou os meus
olhos, que enriqueceu a minha mente, que me
alertou que encheu de amor e ternura o meu
coração, que me aconselhou, que me deu a
mão, que me animou, que sorriu para mim, que
orou e que vibrou por mim; o meu
reconhecimento pela sua amizade, não importa
quantos nomes você tenha.
3
AGRADECIMENTO
Agradecer é um momento especial, por isso em primeiro lugar a Deus, pois
concebeu a minha vida, me deu sabedoria e força para sempre continuar,
iluminando cada dia da minha vida.
Sou grata também a todos que se encontram ao meu lado em todo momento.
A minha família, pelo incentivo e a Marcos meu companheiro, por está sempre ao
meu lado em todos os momentos de fragilidade e compreendendo todas as minhas
ausências.
4
“Um dia é preciso parar de sonhar e de algum
modo partir...
É melhor tomar um caminho, desembarcar dos
sonhos e tomar uma atitude.
Mil vezes a perspectiva de enfrentar a pior
tempestade do que as normais calmarias sem
rumos, sem ir a lugar nenhum. Barcos de
verdade não navegam por acaso...
Não existem atividades humanas sem riscos...
o risco maior da grande viagem está na
capacidade de se preparar...
O que importa na verdade, é o material de que
é feita a vontade e não o barco... No mar, conta
mais, infinitamente mais que a experiência, a
iniciativa, o respeito e a capacidade de
aprender.
É preciso ir além de mares demarcados...
Uma travessia não termina em qualquer lugar,
mas num ponto preciso, escolhido e alcançado.
E, quando não se toca esse ponto travessia
nenhuma existe”.
(Fernando Pessoa)
5
RESUMO
A unidade de emergência é destinada a pacientes com ou sem risco de vida, cujo
agravo necessita de um pronto atendimento. Esta unidade tem caráter dinâmico e
deve apresentar em sua estrutura física condições que permitam um atendimento
hábil e humanizado. A equipe de enfermagem que atua na emergência de um
hospital é composta por enfermeiro e técnicos e/ou auxiliares de enfermagem. Esta
equipe possui limitações legais para sua atuação, bem como deve possui
conhecimentos técnicos-cientificos específicos para a atuação nesta unidade. Numa
unidade como esta se convive diariamente com as mais diversas situações
assistenciais que envolvem questões éticas e para isto a equipe de saúde deve está
preparada. Faz parte deste preparo possuir habilidades afetivas, que é definida
como característica de quem é hábil envolvendo sentimentos e emoções para lidar
com situações muitas vezes difíceis. Na unidade de emergência uma dessas
situações que requer esta habilidade é a reanimação cardiopulmonar, procedimento
realizado pela equipe quando o paciente possui seus sinais vitais interrompidos
subitamente. Este evento deve ser priorizado pela equipe que deve atuar de forma
eficiente e eficaz na tentativa de recuperar as funções vitais deste individuo. Para
que este domínio seja atingido é necessário que na formação deste profissional
vivencie essa experiência e que seu processo de ensino-aprendizagem seja
enriquecedor.
Palavras-chaves:
reanimação.
enfermagem,
emergência,
habilidades
afetivas,
equipe,
6
ABSTRACT
The emergency unit is designed for patients with or without life-threatening injury
which requires a prompt service. This unit is dynamic and must be submitted in its
physical conditions that allow a skilled attendant and humanized. The nursing staff
that works in a hospital emergency consists of nurses and technicians and / or
nursing assistants. This team has its limitations for legal action, and must have
expertise, scientific activities specific to this unit. In a unit like this one has to live daily
with the most diverse situations involving care and ethical issues for this team is
poised to health. Part of this preparation have affective skills, which is defined as a
characteristic of one who is skilled involving feelings and emotions to deal with often
difficult situations. In the emergency room one of those situations that require this
skill is cardiopulmonary resuscitation, a procedure performed by the team when the
patient has vital signs suddenly stopped. This event should be prioritized by the team
that must work efficiently and effectively in an attempt to recover the vital functions of
the individual. For this domain is reached it is necessary that this professional
education to experience this experience and his teaching-learning process is
rewarding.
Keywords: nursing, emergency, affective skills, team, resuscitation.
7
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................ 8
2 REVISÃO DE LITERATURA......................................................... 13
2.1 Unidade de Emergência.....................................................13
2.2 Equipe de Enfermagem......................................................18
2.3 Aspectos Éticos e Legais em Emergência.......................22
2.4 Habilidades Afetivas...........................................................24
2.5 Reanimação cardiopulmonar.............................................26
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................33
4 REFERÊNCIAS................................................................................35
8
1 INTRODUÇÃO

Apresentação do objeto de estudo
O termo habilidade é definido por Houaiss em 2001, como “qualidade ou
característica de quem é hábil”. Diz-se de quem tem a mestria de uma ou várias
artes ou um conhecimento profundo, teórico e prático de uma ou várias disciplinas.
Habilidades efetivas, para Bloom, Krathwohl e Masia (1993), expressam os
sentimentos e atitudes que os indivíduos demonstram em relação a uma
determinada situação. Este comportamento tem relação com o sistema de valores,
com as experiências anteriores vividas e com a filosofia de vida das pessoas. Já o
domínio afetivo varia desde a atenção simples e fenômenos selecionados, até
qualidades de caráter de consciência complexas.
A equipe de enfermagem, enquanto equipe, teve sua origem entre 1950 e 1960,
envolvendo a participação de um líder e os membros da equipe para proporcionar
vários aspectos dos cuidados de enfermagem a um grupo de pacientes. (BARE;
SMELTZER,2002).
A Associação Americana de Enfermagem (ANA) estabeleceu os "Padrões da Prática
de Enfermagem em Emergência" em 1983, tendo como referência padrões definidos
classificando os enfermeiros de emergência em três níveis de competência. O
primeiro nível requer competência mínima para o enfermeiro prestar atendimento ao
paciente traumatizado; no segundo nível este profissional necessita formação
específica em enfermagem de emergência e no último nível o enfermeiro deve ser
especialista em área bem delimitada e atuar no âmbito pré e intra-hospitalar.
(BRITO,2011).
A equipe de enfermagem do setor de emergência de um hospital deve ser composta
por:
enfermeiros clínico-cirúrgicos emergencistas,
(acolhimento
–
pré-atendimento),
enfermeiros
enfermeiros de
coordenadores,
protocolo
técnicos
de
enfermagem e auxiliares de enfermagem.(BRITO, 2011).
A unidade de Emergência (EME) tem sido atendida como um espaço físico,
envolvidos por recursos materiais e profissionais adequado ao atendimento pronto e
eficaz ao paciente, em sua maioria, grave e recuperável.
9
A Unidade de Emergência é destinada à assistência de pacientes com ou sem risco
de vida, cujo os agravos a saúde necessitam de um pronto atendimento. A unidade
deverá dispor de área externa para desembarque de ambulância. Chamamos de
situação de urgência quando temos um agravo à saúde sem risco potencial de vida,
cujo portador necessite de assistência medica imediata. Já a situação de
Emergência é um agravo à saúde que implica em risco iminente de vida ou
sofrimento
intenso,
exigindo,
portanto,
tratamento
médico
imediato.
(SOUZA;MOZACHI, 2005).
Para Whitaker ET al. (1990), as deficiências no atendimento de emergência estão
relacionados a falta de definição de tarefas entre os elementos que compõem a
equipe de atendimento, aliada a falta de uma coordenação das atividades e de
treinamento específico, além de falhas no suprimento do material e equipamentos
apropriados. Essa problemática pode levar a um atendimento lento, desordenado,
estressante e gerar insucesso do tratamento.
Numa EME a parada cardiorrespiratória (PCR) representa a mais grave emergência
clínica com que a equipe pode se deparar. Este evento pode ser definido, como
sendo a interrupção súbita de deficiência absoluta de oxigênio tissular, seja por
deficiência circulatória ou por cessação da função respiratória. A vitima de parada
cardiorespiratoria é considerada prioridade devido ao risco de morte iminente e o
seu atendimento – reanimação cardiopulmonar (RCP), por médicos, fisioterapeutas
e pela equipe de enfermagem.(ARAÚJO,1997).
Diariamente os profissionais da área de saúde observam a importância de se
conhecer os principais aspectos que envolvem o atendimento de PCR; muitas vezes
a equipe de enfermagem detecta os sinais de PCR, aciona o médico plantonista e
limita-se a levar o equipamento de reanimação até a beira do leito e aguardar a
chegada do médico, não iniciando as manobras necessárias e quando estas são
iniciadas não
seguem os protocolos preconizados pela
Américan
Heart
Association (1999), mundialmente aceito.
Para uma melhor compreensão dessa problemática faz-se necessário entender
como as habilidades afetivas, a equipe de enfermagem de uma unidade de
emergência e o procedimento de reanimação cardiopulmonar, se relacionam afim da
recuperação e reabilitação do paciente.

Justificativa
10
Para Capone e Capone Neto (1993), a PCR é uma das ocorrências mais temidas
pela equipe de enfermagem sendo consideradas uma situação altamente
estressante, que com freqüência envolve pânico e confusão.
Diante dessa necessidade, a presente revisão faz-se necessária, pois pretende
despertar nos profissionais de saúde e em especial na equipe de enfermagem a
necessidade de identificarem as habilidades efetivas envolvidas no atendimento de
enfermagem durante a Reanimação Cardiopulmonar, e de que forma essa reflete na
sobrevida do paciente.

Problema
O quê diz a literatura sobre as Habilidades Afetivas da Equipe de Enfermagem na
unidade de Emergência na Reanimação Cardiopulmonar?

Objetivo
Evidenciar a partir da literatura, as Habilidades Afetivas da Equipe de
Enfermagem na unidade de Emergência na Reanimação Cardiopulmonar.

Metodologia
Para a realização desta pesquisa foi utilizado o método qualitativo explicativo
bibliográfico, que de acordo com Gil (2002), esta pesquisa também considerada
descritiva tem como finalidade descrever fenômenos, levantar opiniões e atitudes
e estabelecer relações entre variáveis, podendo também buscar a natureza
dessas relações.
A metodologia qualitativa se preocupa em analisar e interpretar aspectos mais
profundos descreve o comportamento humano. Fornece uma análise mais
detalhada sobre hábitos, atitudes, tendências de comportamento, etc (MARCONI;
LAKATOS, 2007).
A pesquisa explicativa tem por finalidade identificar os fatores que determinam ou
que contribuem para a ocorrência dos fenômenos, buscando aprofundar o
11
conhecimento da realidade, procura também explicar a razão dos fatos.
(FIGUEIREDO, 2009).
A pesquisa bibliográfica desenvolve-se a partir de material já elaborado,
constituído, sobretudo, de livros, artigos científicos e materiais veiculados em
jornais, revistas ou publicações de cunho acadêmico, cientifico ou da área
profissional do pesquisador. A vantagem marcante desse tipo de estudo esta na
possibilidade que tem o pesquisador de ter a cobertura de uma gama de
fenômenos muito mais ampla.(GIL,2002).
Minayo (1998), coloca que as pesquisas bibliográficas não reproduzem dados já
produzidos, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem,
chegando a conclusões inovadoras.
Este trabalho foi desenvolvido a partir da leitura de livros, artigos científicos
relevantes para o objetivo do estudo. Foram retiradas destas referências,
informações necessárias para um melhor entendimento sobre as habilidades
afetivas da equipe de enfermagem na unidade de emergência na reanimação
cardiopulmonar.

Estrutura do Trabalho
Este trabalho trata-se de uma revisão de literatura e está constituído por cinco
momentos. O primeiro momento trata-se da unidade de emergência, onde é
abordado a sua estrutura física e a sua importância para o atendimento de urgência
e emergência.
No segundo momento, o estudo apresenta a composição da equipe de enfermagem,
a função de cada membro desta e os planos de ação para o desenvolvimento da
assistência de forma acolhedora e humanizada.
A seguir é demonstrado os aspectos éticos e legais que permeia a unidade de
emergência, baseado no Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem.
O quarto momento, trata-se das habilidades afetivas e como esta refletem nas
práticas assistenciais implementadas pela equipe, durante procedimentos que por
muitas vezes decidiram na sobrevida da sua clientela.
O ultimo momento aborda o procedimento de reanimação cardiopulmonar, realizado
quando o paciente deixa de apresentar sinais vitais de forma súbita. È uma manobra
que requer habilidades e dentre essas, as afetivas, pois é considerada a emergência
12
mais grave e deve ser entendida e priorizada por todos os momentos e por toda a
equipe atuante em uma unidade de emergência.
O estudo apresenta cada momento de forma descritiva e qualitativa, refletindo cada
fenômeno apresentado e por fim as considerações finais.
13
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 UNIDADE DE EMERGÊNCIA
A Unidade de Emergência é destinada à assistência de pacientes com ou sem risco
de vida, cujo os agravos a saúde necessitam de um pronto atendimento. Seria um
verdadeiro posto salva-vidas. A unidade deverá dispor de área externa para
desembarque de ambulância. Chamamos de situação de urgência quando temos um
agravo à saúde sem risco potencial de vida, cujo portador necessite de assistência
medica imediata. Já a situação de Emergência é um agravo à saúde que implica em
risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo, portanto, tratamento médico
imediato. (SOUZA; MOZACHI, 2005).
Uma vez criado o serviço atendimento de emergência num hospital público ou
particular, há obrigação de receber e atender com eficácia os casos de urgência e
emergência. A manutenção de um serviço de emergência cria no público a certeza
de que terá atendimento médico com eficácia, sempre que houver necessidade real.
(WARNER, 1980).
Warner (1980) ressalta, que o sistema de atendimento de emergência envolve uma
série de crenças e de atitudes que, quando compartilhadas por todos (comunidade e
governo), terão como resultado um serviço eficaz e disponível à toda população.
A mesma autora (1980, p. 1) afirma que "o atendimento de emergência é trabalho; e
apenas um esforço árduo, longo e consistente, combinado com um planejamento,
poderá ter como resultado um sistema eficiente". Na verdade, o que se constata é
que não há atalhos, nem meios fáceis e nem resultados a curto prazo que garanta a
eficácia no atendimento de emergência.
A unidade de emergência hospitalar tem caráter dinâmico e esta característica
básica, traz algumas repercussões institucionais que implicam na melhor
organização de outras áreas do hospital. Em função das atividades exercidas,
alguns serviços devem ser mantidos em condições de utilização a qualquer
momento. O sucesso do atendimento, também, pode estar diretamente relacionado
à disponibilidade de outras áreas, como: laboratório, radiologia, unidades de
internação, unidade de terapia intensiva, centro cirúrgico, banco de sangue.
(GOMES,1994).
14
Trata-se do elo entre o hospital e a comunidade, devendo portanto esta situada ao
nível da rua, permitindo, sem a menor dificuldade de tráfego, a entrada e saída dos
veículos que transportam os clientes.(FIGUEIREDO; VIEIRA, 2009).
Gomes (1994) ressalta que organizar uma unidade de emergência com
características próprias, recursos humanos e materiais adequados e voltados
inteiramente para o atendimento das necessidades dos clientes em situação de risco
de vida, é um verdadeiro desafio.
Para Whitaker ET al. (1990) as deficiências no atendimento de emergência estão
relacionados a falta de definição de tarefas entre os elementos que compõem a
equipe de atendimento, aliada a falta de uma coordenação das atividades e de
treinamento específico, além de falhas no suprimento do material e equipamentos
apropriados. Essa problemática pode levar a um atendimento lento, desordenado,
estressante e gerar insucesso do tratamento.
A unidade deve ser planejada em função do tipo de hospital a que está vinculada,
com o objetivo de atender à sua finalidade. Deve conter alguns elementos básicos
essenciais, como: amplas áreas de circulação, estar localizada de modo a permitir
fácil acesso ao público, entrada independente, facilidade de ligações aos Centros
Cirúrgico e Obstétrico e à Unidade de Terapia Intensiva. (GOMES,1994).
Cabe finalmente observar que o conjunto apresentado a seguir não abrange todos
os ambientes de uma unidade de urgência ou de emergência, e sim aqueles que
consideramos mais importantes, tanto sob o aspecto funcional como pelo fato de
estarem presentes na grande maioria destas unidades. (ANVISA,2002).
• Acessos, Área de Desembarque de Ambulâncias e Estacionamentos
O dimensionamento, a sinalização e a localização destas áreas externas, devem ser
cuidadosamente estudados, devido à necessidade de garantir aos usuários um
rápido acesso.
• Halls de Entrada
Uma boa prática no projeto dos halls de acessos nas unidades de maior porte e
complexidade é dotar sempre que possível dois halls interligados a uma mesma sala
de espera. Um deles, denominado Hall de Emergência, seria de uso exclusivo para
15
os pacientes em estado grave, transportados por ambulâncias ou outros veículos. E
o segundo hall, denominado de Hall de Urgências devem adentrar os pacientes que
chegam à unidade deambulando, necessitando de pouca ou nenhum ajuda para
deambular. O balcão de recepção, onde é feita a admissão dos pacientes deve ser
posicionado de forma que possa controlar simultaneamente os dois halls.
• Salas de Espera
São ambientes extremamente importantes para a humanização do acolhimento dos
pacientes e de seus acompanhantes. Nessas áreas devem ser instalados aparelhos
de TV, utilizados tanto para distrair como para fornecer informações importantes
sobre o funcionamento da unidade. As áreas de espera podem ainda ser utilizadas
para dar início ao processo de triagem, reduzindo o período em que o paciente
aguarda o primeiro atendimento e agilizando seu encaminhamento.
• Sala de Higienização
Geralmente localizada em área contígua ao hall de emergências, esta sala é
utilizada para higienizar os pacientes que, segundo o critério da equipe de saúde,
necessitem até mesmo de um banho antes do início do primeiro procedimento. A
sala deve ser dotada de lavatório, chuveiro, chuveiro manual, maca especial para
banho e cuba de despejo.
• Sala de Triagem e de Consulta de Enfermagem
O objetivo da sala de triagem é dar maior eficiência ao atendimento, efetuando uma
primeira avaliação do paciente, para somente então encaminha-lo às áreas de
diagnóstico e tratamento. Esta avaliação pode ser feita pela equipe médica, ou
eventualmente pela de enfermagem.
A consulta de enfermagem, por sua vez, tem como objetivo agilizar o atendimento,
através da diminuição do tempo da consulta médica, cuidando a equipe de
enfermagem de levantar as primeiras informações do sobre o paciente, anotando
seus dados antropomórficos, tomando sua temperatura e tirando sua pressão
arterial.
16
• Sala de Serviço Social ou Sala de Entrevistas
Nesta sala, geralmente localizada junto a sala de espera e o mais próximo possível
dos halls de entrada são feitas as entrevistas para o levantamento das condições
sociais dos pacientes e de suas famílias, assunto que exige privacidade.
• Consultórios Indiferenciados e Diferenciados
O dimensionamento do número de consultórios depende do número de
especialidades a serem oferecidas pela unidade e do tipo de atendimento que será
praticado, isto é, atendendo apenas as situações de urgência e emergência.
• Sala de Gesso e Redução de Fraturas
Esta sala, anexa ao consultório de ortopedia, e sempre que possível próxima ao hall
de emergência, deve ser projetada para a realização de procedimentos de redução
de fraturas, inclusive sob anestesia geral, com a eventual utilização de que RX
transportável. Seu dimensionamento deverá considerar a existência de bancada
com cuba conectada a caixa de decantação de gessos, espaço para uma mesa
ortopédica, depósito de material e negatoscópios.
• Sala de Suturas e Sala de Curativos
Pode ser constituída por um único ambiente para atendimento individual ou ser
subdividida em cubículos, separados por cortinas no caso de atendimentos
simultâneos.
• Salas de Reidratação e de Inalação
Não há necessidade de uma sala especial para este procedimento já que,
normalmente, é feito nos ambientes de observação, separando-se as crianças das
pessoas dos adultos e idosos, principais usuários deste tipo de procedimento. Já a
sala de inalação necessita de um ambiente específico dotado de pontos de ar
17
comprimido medicinal ou de oxigênio (um ponto por cadeira), lavatório, bancada com
pia para lavagem do material após o uso, cadeiras ou bancos dispostas de tal forma
que permitam, caso seja necessário, a presença de um acompanhante durante o
procedimento.
• Sala de Aplicação de Medicamentos
Nesta sala, geralmente de pequenas dimensões, dotada de lavatório e bancada com
cuba, são aplicadas injeções e ministrados medicamentos. Nas unidades de menor
porte não é necessário prever este ambiente, já que estes procedimentos são
geralmente realizados nos próprios consultórios, na sala de observação ou nos
demais ambientes de tratamento dos pacientes.
• Salas de Observação
No caso de ambientes coletivos de observação devem ser previstas três salas: duas
para pacientes adultos do sexo masculino e feminino e uma sala de observação
pediátrica.
• Posto de Enfermagem Central
Além dos postos de enfermagens exclusivos das salas de observação a unidade de
emergência deve ser dotada de um posto de enfermagem central, que além de
exercer uma atividade de controle de todo o funcionamento da unidade apóia, com o
serviço de enfermagem, os diferentes atendimentos realizados na unidade.
• Sala de Procedimentos Invasivos
Esta sala, onde são desenvolvidos os chamados procedimentos invasivos (aplicação
se sondas, endoscopia, traqueotomia, dentre outros) necessita de um grau de
assepsia semelhante à de um Centro Cirúrgico.
• Sala de Pequenas Cirurgias
18
A realização de cirurgias de pequeno porte (cirurgias ambulatoriais) exige um
ambiente com as mesmas características da sala de procedimentos invasivos,
acrescido de vestiários barreira para a equipe de saúde.
• Salas de Emergência e de Politrauma
Nestas salas em que são oferecidos os primeiros cuidados aos casos de maior
gravidade os pacientes são estabilizados e, de uma maneira geral seguem para o
Centro Cirúrgico ou para a Unidade de Terapia Intensiva e, na pior das hipóteses
para o necrotério. Além destes ambientes, complementam o programa funcional das
unidades de urgência e emergência uma série de ambientes tais como a Unidade
Transfusional, onde é feita a guarda e a distribuição de hemocomponentes, rouparia,
copa, local para a guarda de aparelho de RX transportável, área para guarda de
pertences de pacientes, sanitários de funcionários, estar e plantão médico, estar e
plantão de enfermagem e de pessoal de apoio, estacionamento de ambulâncias com
estar e sanitário anexo para motoristas, salas administrativas, posto policial, cantina,
sala de utilidades, depósito de material de limpeza (DML), sala de armazenamento
temporário de resíduos etc.
2.2 EQUIPE DE ENFERMAGEM
A equipe de enfermagem, enquanto equipe, teve sua origem entre 1950 e 1960,
envolvendo a participação de um líder e os membros da equipe para proporcionar
vários aspectos dos cuidados de enfermagem a um grupo de pacientes. (BARE;
SMELTZER, 2002).
O Código de Ética de Enfermagem refere que esta profissão compreende um
componente próprio de conhecimentos científicos e técnicos, construído e
reproduzido por um conjunto de práticas sociais, éticas e políticas que se processa
pelo ensino, pesquisa e assistência. Realiza-se na prestação de serviços à pessoa,
família e coletividade, no seu contexto e circunstâncias de vida.
O aprimoramento do comportamento ético do profissional passa pelo processo de
construção de uma consciência individual e coletiva, pelo compromisso social e
profissional configurado pela responsabilidade no plano das relações de trabalho
19
com reflexos no campo científico e político. (CÓDIGO DE ÉTICA DOS
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM, 2008).
As funções da equipe de enfermagem em emergência são independentes,
interdependentes e/ou de colaboração, sendo que todos conhecem as limitações
legais das suas atribuições e agem de acordo com elas. Assim, é necessário que a
equipe trabalhe em conjunto e respeite as atribuições de cada um, pois os trabalhos
desarticulados, nestes casos, podem levar sérios riscos à saúde ou à vida do cliente.
(WARNER, 1980).
O Conselho Federal de Enfermagem, dispõe sobre o apoio legal à assistência de
enfermagem em unidade de emergência, que encontra-se na Lei nº 7.498, de 25 de
junho de 1986, p.3, seção I, que define as funções da equipe, são elas: 20 “O
enfermeiro presta assistência de enfermagem ao indivíduo, à família e à
comunidade, em situações que requerem medidas relacionadas com a promoção,
proteção e recuperação da saúde, prevenção de doenças, reabilitação de
incapacitados, alívio do sofrimento e promoção de ambiente terapêutico, levando em
consideração os diagnósticos e os planos de tratamento médico e de enfermagem”.
Na equipe de enfermagem, as medicações podem ser ministradas por uma
enfermeira, enquanto o banho e os cuidados físicos por um auxiliar ou técnico de
enfermagem sob a supervisão da enfermeira que lidera a equipe. Além disso, esta é
responsável em promover a comunicação com os demais membros da equipe de
saúde e família do paciente. (BARE;SMELTZER, 2002).
Pitta (2003), relata que o regime de turnos e plantões abre a perspectiva de duplos
empregos e jornadas de trabalho, comum entre os trabalhadores de saúde,
especialmente num país onde os baixos salários pressionam para tal. Tal prática
potencializa a ação daqueles fatores que por si só danificam suas integridades física
e psíquica.
Todas as atividades, inclusive o trabalho, têm pelo menos três aspectos: físico,
cognitivo e psíquico. Cada um deles pode determinar uma sobrecarga. Eles estão
inter-relacionados e são bastante freqüentes, embora não seja necessário, que uma
forte sobrecarga de um dos aspectos seja acompanhada de uma carga bastante alta
nos dois outros domínios. Todavia, torna-se imprudente a análise de um domínio
sem levar em consideração o outro (WISNER, 1994).
A equipe de enfermagem do setor de emergência de um hospital deve ser composta
por:
enfermeiros clínico-cirúrgicos emergencistas,
enfermeiros de
protocolo
20
(acolhimento – pré-atendimento), enfermeiros coordenadores ou administrativo,
técnicos de enfermagem e auxiliares de enfermagem. (BRITO,2011).
A Associação Americana de Enfermagem (ANA) estabeleceu os "Padrões da Prática
de Enfermagem em Emergência" em 1983, tendo como referência padrões definidos
classificando os enfermeiros de emergência em três níveis de competência. O
primeiro nível requer competência mínima para o enfermeiro prestar atendimento ao
paciente traumatizado; no segundo nível este profissional necessita formação
específica em enfermagem de emergência e no último nível o enfermeiro deve ser
especialista em área bem delimitada e atuar no âmbito pré e intra-hospitalar.
(BRITO,2011).
Os enfermeiros das unidades de emergência aliam à fundamentação teórica
(imprescindível) a capacidade de liderança, o trabalho, o discernimento, a iniciativa,
a habilidade de ensino, a maturidade e a estabilidade emocional (GOMES, 1994).
Brito em 2011, define muito precisamente a função da enfermeira de assistência:

Elabora, implementa e supervisiona, em conjunto com a equipe médica e
multidisciplinar, o Protocolo de Atenção em Emergências (PAE) nas bases do
acolhimento, pré-atendimento, regulação dos fluxos e humanização do
cuidado;

Presta o cuidado ao paciente juntamente com o médico;

Prepara e ministra medicamentos;

Viabiliza a execução de exames complementares necessários à diagnose;

Instala sondas nasogástricas, nasoenterais e vesicais em pacientes;

Realiza troca de traqueotomia e punção venosa com cateter;

Efetua curativos de maior complexidade;

Preparam instrumentos para intubação, aspiração, monitoramento cardíaco e
desfibrilação, auxiliando a equipe médica na execução dos procedimentos
diversos;

Realiza o controle dos sinais vitais;

Executa a consulta de enfermagem, diagnóstico, plano de cuidados,
terapêutica em enfermagem e evolução dos pacientes registrando no
prontuário;
21

Administra, coordena, qualifica e supervisionam todo o cuidado ao paciente,
o serviço de enfermagem em emergência e a equipe de enfermagem sob sua
gerência.
Dentre as atividades administrativas efetuadas pelo enfermeiro, destacam-se:

Realiza a estatística dos atendimentos ocorridos na unidade;

Lidera a equipe de enfermagem no atendimento dos pacientes críticos e não
críticos;

Coordena as atividades do pessoal de recepção, hotelaria, limpeza e portaria;

Soluciona problemas decorrentes com o atendimento médico-ambulatorial;

Aloca pessoal e recursos materiais necessários;

Realiza a escala diária e mensal da equipe de enfermagem;

Controla estoque de material, insumos e medicamentos;

Verifica a necessidade de manutenção dos equipamentos do setor.
Dentre as muitas atividades executadas por esta unidade, algumas são prescritas
pelo Ministério da Saúde MS (1995), como atribuições fundamentais para esta área:
Quando não há risco de vida (urgência):

Fazer triagem para os atendimentos;

Prestar atendimento social ao paciente ou acompanhante;

Fazer higienização do paciente;

Realizar procedimento de enfermagem;

Realizar atendimento e procedimentos de urgências;

Prestar apoio diagnóstico e terapêutico por 24 horas;

Manter em observação o paciente por um período de até 24 horas.
Em casos que apresentam risco de vida (emergencia):

Prestar o primeiro atendimento ao paciente;

Prestar atendimento social ao paciente ou acompanhante;

Fazer higienização do paciente;

Realizar procedimento de enfermagem;

Realizar atendimento e procedimentos de urgências;

Prestar apoio diagnóstico e terapêutico por 24 horas;

Manter em observação o paciente por um período de ate 24 horas.
22
O MS também preconizou alguns critérios básicos que devem ser rigorosamente
respeitados, que são:

Estarem organizados como sistema, acessíveis a toda população e
distribuídas de acordo com a maior ou menos concentração da população;

Estarem organizadas administrativamente e bem equipadas, com materiais
em quantidade e qualidade suficientes;

Acompanhar os avanços tecnológicos da administração da assistência e da
unidade;

Possuir em seu quadro de pessoal, profissionais altamente habilitados e
prestar assistência imediata, atendendo com precisão as necessidades da
clientela, respeitando os valores e crenças individuais e regionais.
Frente às características específicas da unidade de emergência, o trabalho em
equipe torna-se crucial. O enfermeiro deve ser uma pessoa tranqüila, ágil, de
raciocínio rápido, de forma a adaptar-se, de imediato, à cada situação que se
apresente à sua frente. Este profissional deve estar preparado para o enfrentamento
de intercorrências emergentes necessitando para isso conhecimento científico e
competência clínica/experiência. (ANDRADE, 2000).
O primeiro passo para o enfermeiro efetivamente exercer uma liderança eficaz,
consiste na busca de estratégias que possibilitem este profissional conhecer a si
mesmo e para a eficácia do processo de liderar o enfermeiro necessita conhecer as
necessidades e expectativas pessoais e profissionais dos membros da equipe de
enfermagem. (GALVÃO, 1998).
2.3 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DO ATENDIMENTO DE EMERGENCIA
Em um pronto-socorro, observa-se e convive-se com as mais diversas situações
assistenciais que envolve questões éticas, não no aspecto tradicional, literário, mas
sim no aspecto assistencial no campo da saúde. Nesse sentido, vale destacar,
quanto ao aspecto moral percebido na equipe de saúde o que diz Barchifontaine
(2002):
“A moral de todo o mundo era também dos médicos, mas
o publico não admite que uma nova moral surja, sem o
23
seu controle, quando está em questão a vida e a saúde
da pessoa comum”.
O direito ao atendimento de emergência é igual ao direito à vida, à educação, ao
trabalho. Da mesma forma, que assegurar o controle de qualidade profissional de
todos integrantes do serviço de emergência constitui uma responsabilidade ética.
Quando falamos em ética não podemos esquecer que este aspecto envolve tanto a
instituição que presta o serviço de emergência quanto ao paciente que necessita
deste atendimento. Por isso vale lembrar que os pacientes têm como
responsabilidade a fidelidade, confidencialidade e veracidade das informações
prestadas e que o correto encaminhamento diagnóstico e terapêutico depende
desses requisitos (NASI, 2005).
No Código Penal, art. 15, item II, diz: “o crime é culposo quando o agente der causa
do resultado por imprudência, negligência ou imperícia”:

Imprudência: caracteriza-se quando o profissional não está capacitado a
realizar o ato;

Negligência: caracteriza-se quando o profissional deixa de dar ao cliente o
cuidado e atenção que o caso exige;

Imperícia: existe ao executar mal o ato para o qual o profissional estava
capacitado.
O delito pode resultar em:

Incapacidade temporária;

Incapacidade permanente;

Debilidade permanente;

Perda ou inutilização de membro, sentido ou função;

Deformidade permanente.
Os Códigos Penal, Civil e de Ética de Enfermagem contemplam os preceitos
fundamentais desse atendimento. O art. 15 do Código Penal, item II, diz: “crime
culposo quando for de causa de imprudência, negligência ou imperícia”, no caso de
atendimento sem a observância de conhecimento especifico para atender. O art. 133
do Código Penal diz ser crime “abandonar pessoa que esta sob seu cuidado, guarda
e vigilância ou autoridade e por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos
resultantes do abandono”. A omissão de socorro é contemplada no art.135 do
Código Penal, quando diz: “deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo
24
sem risco pessoal; a criança abandonada ou extraviada ou a pessoa inválida ou
ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo ou não”.
Gomes (1994) afirma que as pessoas que trabalham em serviços que prestam
assistência a saúde precisam estar preparadas eticamente, para dar um
atendimento competente e com respeito aos direitos do paciente, pois no cotidiano
desse ambiente, em razão da complexidade frente as emergências, mais facilmente
o cliente corre o risco dos seus direitos serem ameaçados.
Portanto não é qualquer pessoa que pode atender a vitima de situações de
emergência, sejam pré-hospitalares, sejam intra-hospitalares, sem incorrer em
preceitos éticos, legais, jurídicos e policiais. (FIGUEIREDO;VIEIRA, 2009).
Os mesmos autores ainda afirmam que é necessário conhecimento técnico cientifico
abalizado para o cuidado em situações de emergência, sem incorrer em
atendimento inadequado, levando consequentemente ao agravamento do quadro
clinico inicial com seqüelas irreversíveis para o cliente. Quem pode e deve atender
às situações emergenciais são os profissionais treinados e formados para isso.
2.4 HABILIDADES AFEITIVAS
Miydahira (1990), afirma que a prática profissional pressupõe competência em uma
serie de habilidades, como cognitivas, psicomotoras e afetivas.
O termo habilidade é definido por Houaiss (2001) como “qualidade ou característica
de quem é hábil”. Diz-se de quem tem a mestria de uma ou várias artes ou um
conhecimento profundo, teórico e prático de uma ou várias disciplinas.
Para Bloom, Krathwohl e Masia (1993), habilidades efetivas, tocam uma variedade
de sentimentos, uma emoção ou um grau de aceitação ou rejeição. O domínio
afetivo varia desde a atenção simples e fenômenos selecionados, até qualidades de
caráter de consciência complexas. O domínio efetivo proposto por Bloom, foi
estruturado em uma ordem hierárquica, composta por cinco estágios denominados
categorias, essas vão do nível mais baixo até o mais alto, ordenadamente.
As habilidades afetivas podem ser compreendidas tendo como base o cotidiano que
se desenvolve a partir de um nível no qual o individuo torna-se cônscio de um
determinado fenômeno, sendo capaz de percebê-lo e a ele prestar atenção. O
individuo passa então a responder ao fenômeno com um interesse positivo,
acompanhado por um sentimento de satisfação, prazer ou contentamento. Desta
25
forma, não só percebe e responde a um determinado fenômeno, mas também
adquire uma crença, e um valor sobre o mesmo. Neste momento age porque se
sente comprometido com o valor que inspira o comportamento. Na maioria das
situações da vida, diversos valores entram em conflito. Assim os indivíduos devem
criar normas internas para manejar os conflitos que se apresentam entre os valores.
(BORDENAVE;PEREIRA, 1995).
Na concepção de Cruz (2002), é a prática de determinadas habilidades que constrói
a competência. Assim a competência abriga três dimensões: o domínio cognitivo
que compreende a realização das operações mentais sobre os conhecimentos
produzidos pela sociedade que fundamentam a ação das pessoas; o domínio
psicomotor (saber fazer) que enfatiza a habilidade motora, que requer coordenação
neuromuscular; além de abranger as habilidades afetivas (saber ser), visto que todo
esse conhecimento quando posto em prática num fazer, acontece na sociedade e é
regulada socialmente.
Estudos realizados por Bloom, Krathwohl e Masia (1993), destacam ainda que
apesar de os produtos da aprendizagem estarem classificados em habilidades
cognitivas, psicomotoras e afetivas na realidade não há pureza desses tipos de
aprendizagem. A aprendizagem por si mesma integra componentes cognitivos,
psicomotores e afetivos, entretanto, em alguns aspectos ou situações, um ou outro
domínio pode predominar.
De acordo com Bordenave e Pereira (1995), o domínio afetivo engloba o
desenvolvimento de atitudes e hábitos morais, a formação de valores e um
comportamento de participação e cooperação.
Além disso, existem vários fatores que podem influenciar o domínio afetivo: as
experiências anteriores do individuo, suas motivações, seus valores, atitudes e
também o ambiente, contexto físico e social, onde se encontra este profissional.
(SCHERMERHORN; HUNT; OSBORN 2003).
Os autores acima citados referem que durante o processo ensino-aprendizagem
grande ênfase é dada na aquisição de conhecimento e no desenvolvimento de
habilidades intelectuais. Porém para o desenvolvimento integral de uma pessoa
deve-se dar igual atenção, ou mesmo atenção maior, ao desenvolvimento afetivo e
emocional. Os mesmo, ainda ressaltam que existem pessoas bem sucedidas no
aspecto intelectual e racional, porém despreparadas ao lidarem com seus
sentimentos e emoções.
26
De acordo com o Parecer nº 16/99 do Conselho Nacional de Educação (CNE) e
Câmera de Educação Brasileira (CEB) é considerado competente o individuo que é
capaz de mobilizar, articular conhecimentos, habilidades e atitudes para a resolução
de problemas não só os rotineiros, mas também inusitados principalmente em seu
campo de atuação profissional.
Perrenoud (2000) define, competência como a mobilização de recursos cognitivos
que incluem saberes, informações, habilidades operatórias e principalmente a
inteligência para com eficácia e pertinência enfrentar uma serie de situações ou
problemas.
Para Cruz em 2002, competência é a capacidade que as pessoas desenvolvem em
articular, relacionar os diferentes saberes, conhecimentos, atitudes valores
construídos por intermédio da sua vivencia e por meio dos conhecimentos dos
bancos escolares.
Figueiredo e Vieira em 2009, identificaram estudos em diversas situações de
emergência em meio à ordem e à desordem que cria para se manter e salvar uma
vida. São tipos de cuidados com diversas variações, mas comportando a mesma
essência, todos descritos pela equipe de enfermagem.
Os autores acima citados, ainda referem que as ações de cuidar também são
carregadas de silencio na imensa confusão e tensão em que o cuidado acontece.
Essas ações são desenvolvidas na relação cliente\ enfermagem, em uma
convivência interdisciplinar e multiprofissional, em que todos percebem e vêem o
que a enfermagem faz. Porém, em nível macrossocial, poucas pessoas conseguem
apreender a complexidade e a especificidade de suas ações. É a desordem
buscando uma ordem a vida.
2.5 REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR (RCP)
Numa unidade de emergência a parada cardiorrespiratória (PCR) representa a mais
grave emergência clínica com que a equipe pode se deparar. Este evento pode ser
definido, como sendo a interrupção súbita de deficiência absoluta de oxigênio
tissular, seja por deficiência circulatória ou por cessação da função respiratória. A
vitima de parada cardiorespiratoria é considerada prioridade devido ao risco de
morte iminente e o seu atendimento – reanimação cardiopulmonar (RCP), deve ser
27
realizado por médicos, fisioterapeutas e pela equipe de enfermagem no ambiente
hospitalar. (ARAÚJO, 1997).
A reanimação cardiopulmonar consiste em um conjunto de medidas usadas com a
finalidade de recuperar as funções cardiocirculatórias, respiratória e cerebral. Seus
princípios fundamentais consistem no pronto de restabelecimento da circulação
através de compressões torácicas externas e a instauração de respiração artificial a
fim de ventilar os pulmões e manter a oxigenação do cérebro e de outros órgãos
vitais. (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 1999).
O tempo máximo de anóxia (falta de oxigenio) que pode ser suportado pelo cérebro
é muito variável, dependendo das condições existentes, assim durante a hipotermia
(diminuição da temperatura corpórea), estados de parada circulatória total são
tolerados por ate 50 minutos, esta parada circulatória é feita artificialmente em
alguns casos de cirurgias cardíacas ou em casos de afogamento em águas geladas.
È de se notar que quanto mais jovem for o paciente maior será a capacidade de
tolerar a isquemia cerebral (PIRES, 1996).
Sistema nervoso
Respiratória
Obstrução
das
Cardiovascular
Metabólica
Infarto
Acidose
vias aéreas
pneumonias
pneumotórax
afogamento
Medicamentos
e
alcalose
Tamponamento
Hiper
cardíaco
hipopotassemia
Cardiopatias
Hiper
congênitas
hipocalemia
Choque
Hiper
Traumatismo
Digitálicos
craniano
e
Hemorragia
Antiarrítimicos
intracraniana
e
Neuropatias
Vasopressores
e
Estado epiletico
Antibióticos
hipomagnesiemia
Broncoaspiração
Insuficiência
Hipoglicemia
Anestesicos
cardíaca
Embolia pulmonar
Arritmias
Insuficiência
sedativos
Tranquilizantes
respiratoria
Figura 1 – As principais causas de PCR segundo Pires em 1996, são:
Entretanto, Nasi (2005), afirma que o ideal para aumentar as chances de sobrevida
e a alta hospitalar sem seqüelas é iniciar as manobras de suporte vital até quatro
minutos após a PCR. As chances de seqüelas neurológicas reduzem em 10% para
28
cada minuto de atraso no restabelecimento da circulação afetiva. Bahia (2004) relata
que o maior indicie de alta hospitalar nos casos de PCR, são com os pacientes que
receberam as primeiras medidas do Suporte Basico de Vida (SBV) dentro de quatro
minutos, e considera que no tempo de 0 a 4 minutos não há danos ao cérebro da
vitima, de 4 a 6 minutos é possível correr danos cerebrais, de 6 a 8 minutos é
provável ocorrer danos ao cérebro e entre 7 a 10 minutos ocasiona danos ao
cérebro.
Todos os pacientes são cadidatos a RCP, discute-se sua indicação apenas quando
já houver evidencias inquestionáveis de morte: decapitação, pacientes oncológicos
terminais e outras patologias em fase terminal e nos quais não exista qualquer
esperança de tratamento adicional, pacientes com morte cerebral comprovada há
mais de 24 horas, tempo de parada prolongado com sinais físicos de morte (PIRES
1996).
A American Heart Association tem desenvolvido estudos para o estabelecimento de
princípios padronizados de atendimento à vítima de parada cardiorrespiratória. Tais
padrões de atendimento são conhecidos atualmente como Suporte Básico de Vida
(BLS, Basic Life Suport) e Suporte Avançado de Vida em Cardiologia (ACLS,
Advanced Cardiac Life Support). (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 1999).
O Suporte Básico de Vida consiste no reconhecimento da PCR, intervenção
imediata, com o início das manobras de reanimação cardiopulmonar, objetivando a
manutenção da ventilação e da circulação através da abertura das vias aéreas,
ventilação artificial, compressões torácicas externas e, desfibrilação precoce para os
casos de fibrilação ventricular ou taquicardia ventricular sem pulso. O êxito desse
procedimento depende da destreza e rapidez com que as manobras são aplicadas.
(AMERICAN HEART ASSOCIATION, 1999).
De acordo com Nasi (2005) o Suporte Básico de Vida (SBV) é qualquer suporte à
vida de uma pessoa, que pode ser realizada em qualquer local, fora ou dentro do
hospital, em que se realiza uma seqüência de ações durante os primeiros minutos
em casos de emergência, como a PCR, podendo ser realizada por qualquer pessoa
desde que seja treinada. As ações preliminares do suporte básico de vida são,
segundo o referido autor:

Chamar por ajuda;

Avaliar o nível de consciência;

Posicionar adequadamente o paciente;
29

Liberar vias aéreas;

Realizar respiração de resgate;

Verificar presença de pulso em grandes artérias;

Realizar massgem cardíaca, no caso de ausência de pulso;

Usar o desfibrilador automático.
O Suporte Avançado de Vida (SAV) envolve as manobras de suporte básico com o
uso de equipamentos auxiliares para suporte de ventilação, acesso intravenoso,
administração
de
drogas,
monitoramento
cardíaco,
desfibrilação,
além do
atendimento após a reanimação. (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 1999).
Diariamente os profissionais da área de saúde observam a importância de se
conhecer os principais aspectos que envolvem o atendimento de PCR; muitas vezes
a equipe de enfermagem detecta os sinais de PCR, aciona o médico plantonista e
limita-se a levar o equipamento de reanimação até a beira do leito e aguardar a
chegada do médico, não iniciando as manobras necessárias e quando estas são
iniciadas não
seguem os protocolos preconizados pela
Américan
Heart
Association (1999), mundialmente aceito.
Para Nasi (2005), no SAV, são tomadas as mesmas medidas que no SBV, porém,
com mais precisão. Deve-se avaliar o nível de consciência do paciente e caso não
apresente responsividade, providenciar imediatamente um desfibrilador; liberar as
vias aéreas através da inspeção e remover qualquer corpo estranho ou secreção
através da hiperextensão da cabeça e tração da mandíbula, fazendo com que a
base da língua se desloque da região inferior da garganta permitindo uma maior
passagem de ar (nos casos de supeita ou lesão na cervical realizar apenas a tração
da mandibula); restabelecer a respiração através de medidas mais eficazes que no
SBV, como a ventilação com o Ambu (airway manual breathing unit) com oxigênio
suplementar a 15l\min ou com o uso de intubação endotraqueal; avaliar presença de
pulso realizando massagem cardíaca na sua ausência; usar o desfibrilador logo que
possível; puncionar acesso periférico calibroso para administração das medicações
o mais breve possível e manter o paciente monitorado.
De acordo com Araújo e Araújo (2003) cabe à equipe de enfermagem oferecer o
Suporte Básico de Vida, intra-hospitalar, a paciente vítima de PCR até a chegada da
equipe médica. Para isso ela deve adquirir habilidades que a capacite a prestar
30
adequadamente assistência a este paciente. Dentre as habilidades cognitivas,
psicomotoras e afetivas tão necessárias ao atendimento de uma RCP, enfatizamos
nesse estudo as habilidades afetivas.
A assistência de enfermagem também deve estar voltada para a privacidade do
paciente com o uso de biombos caso seja uma enfermaria com outros pacientes;
retirar os familiares ou qualquer outra pessoa que esteja por perto; fornecer apoio à
família ajudando a preparar-se para ver o paciente em uso de cânulas e sondas ou
dando apoio nos casos de óbito. (GOMES, 1994).
Apenas perceber que o paciente está em PCR não é suficiente. De acordo com
Axelssom, Herlitz e Fridlund (2000), em RCP para decidir se intervém ou não, o
profissional antes de tudo tem de observar o evento, interpretá-lo como uma
emergência, perceber que tem responsabilidade de agir, decidir que tipo de ajuda
pode dar e finalmente como implementar essa ajuda.
Crunden (1991) observou que enfermeiras modelam seu comportamento em
resposta às expectativas de seus pares, superiores, de estudantes de enfermagem e
do público em geral. Isto pode ser explicado por Dwyer e Willians (2002), quando
afirma que a pressão normativa afeta as intenções de praticar comportamentos. Por
outro lado, quando um profissional de enfermagem participa de uma RCP
voluntariamente, por consentimento próprio, de um paciente que não está sob seus
cuidados, dizemos que ele possui disposição para responder.
De acordo com Dwyer e Willians (2002), após um atendimento de parada cardíaca,
muitas enfermeiras nutrem sentimentos de insegurança a respeito de como elas
conduziram a situação, resultando numa variedade potencial de sentimentos
incluindo culpa, choque, dor e impotência.
Para que essa equipe possa atuar de forma satisfatória é necessária uma integração
perfeita entre todos os participantes, uma distribuição explícita de tarefas, além de
um líder que a coordene. Normalmente, quem assume as funções de liderança
dentro dessa equipe é o médico mais experiente. Cabe a esse líder conduzir a todos
de forma a assegurar a integração e harmonia do trabalho do grupo. (GRANITOFF,
1995; MARSCH et al., 2004).
Segundo Marsch et al. (2004), a RCP é um esforço de equipe e vários trabalhadores
de saúde precisam coordenar suas atividades para assegurar o ótimo desempenho
desse time. O trabalho de equipe em RCP é importante à medida que a má
performance por parte dos seus membros pode comprometer o resultado dos
31
esforços de ressuscitação. Para que as pessoas possam trabalhar satisfatoriamente
em equipe elas precisam possuir algumas características pessoais, tais como; ser
educado, respeitoso, clemente e amoroso.
Um dos valores humanos mais enfatizados no mundo do trabalho é que o
trabalhador seja capaz de executar, a contento, as tarefas que lhe são propostas
pela organização. Ser capaz é a qualidade que uma pessoa deve possuir para um
determinado fim, isso se relaciona com sua habilidade e competência. (FERREIRA,
1986).
No que se refere a RCP, Araújo e Araújo (2003) enfatizam que a equipe de
enfermagem deve saber detectar uma PCR, conhecer a seqüência de atendimento,
para poder organizar as manobras de ventilação e circulação artificiais, além de
reunir material e equipamentos necessários para esse atendimento.
O estudo de Dwyer e Willians (2002) mostra que a falta de habilidades para a
ressuscitação por parte dos profissionais de saúde, em suporte básico e avançado
de vida, foi identificada como um fator que contribui para os resultados ruins após
episódios de parada cardíaca. Dentre os valores humanos para se atuar em
qualquer atividade profissional, destacamos a responsabilidade e a honestidade.
Durante a RCP os profissionais de saúde podem sofrer alterações físicas tais como
aumento da freqüência cardíaca, da pressão arterial e sudorese. Além disso, esse
procedimento altamente estressante pode levar também ao aparecimento de
ansiedade, pânico, depressão e estafa. (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 1999).
Em situações emocionais extremas, a razão é dominada pela emoção e com isso a
capacidade de avaliação torna-se menos precisa. É necessário educar a emoção a
fim de que o indivíduo não seja dominado por ela, desencadeando comportamentos
desajustados como ataques de raiva, cólera, entre outros. (PEREIRA;HANNAS,
2000).
Ainda segundo Pereira e Hannas (2000), a autodisciplina é fruto do equilíbrio da
inteligência emocional. O desenvolvimento do autocontrole deveria ser trabalhado o
quanto antes pelo indivíduo para que ele fosse capaz de lidar com suas emoções
tanto em sua vida pessoal quanto profissional.
Para Martinelli (1996), autoconfiança é a confiança em si mesmo. “É a energia que
nos anima e assegura a vitória sobre as dificuldades individuais”.
De acordo com Marsch et al (2004), estudos atuais indicam que a sobrevivência em
parada cardíaca em hospitais depende, na maioria das vezes, daquele que
32
responde primeiro ao chamado de emergência. Nestas circunstâncias qualquer
trabalhador de saúde pode ser o primeiro a responder.
Uma das funções da equipe de enfermagem é manter os materiais e equipamentos
necessários, tais como equipamento de ventilação, monitorização cardíaca,
desfibrilação, drogas, entre outros, para o atendimento de um paciente vítima de
PCR. Além disso, é necessário que essa equipe tenha domínio do manuseio desses
equipamentos. (ARAÚJO, 2003).
De acordo com orientações da American Heart Association (1999), o atendimento de
RCP tem por objetivo preservar a vida, restaurar a saúde, aliviar o sofrimento,
minimizar as seqüelas e reverter mortes prematuras. A decisão de iniciar, encerrar
ou não realizar a reanimação é normalmente um julgamento médico.
A Liga Mundial de Ressuscitação, que reúne os principais comitês mundiais de
ressuscitação, promove a cada cinco anos conferências para revisar as diretrizes
que norteiam o atendimento em reanimação cardiopulomonar. As recomendações
dessas conferências ocasionam modificações no conteúdo do protocolo para o
atendimento da RCP (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2002). Portanto é muito
importante que os profissionais de saúde procurem manter-se atualizados através
de um aprendizado contínuo sobre o assunto.
Por último, RCP é descrita muitas vezes como um momento caótico, marcado por
ações rápidas, executadas por vários profissionais de saúde ao mesmo tempo.
Embora durante o atendimento seja difícil conseguir manter a ordem do ambiente, é
importante que, após a realização desse procedimento, os membros da equipe
procurem deixar o ambiente limpo e arrumado. Ainda que ser ordeiro pareça ser um
fator de menos importância em um atendimento de RCP, ele poderá ajudar a melhor
explicar o comportamento das pessoas em situações de trabalho de uma forma
geral.
33
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando as especificidades inerentes ao profissional de enfermagem, os
componentes cognitivos, psicomotores e afetivos norteiam suas atividades desde as
tarefas mais simples até as mais complexas. Porém para que esses domínios sejam
atingidos é necessário que em sua formação esses profissionais vivenciem
experiências que os possibilitem desenvolver essas habilidades.
Deste modo notamos que o aspecto comportamental é de fundamental importância
no exercício de toda e qualquer profissão. A partir de então entendemos que as
habilidades necessárias para a realização de uma RCP não se limitam ao domínio
do conhecimento (habilidades cognitivas), ou de uma excelente habilidade motora
(psicomotora), mas também a habilidade afetiva, visto que as atitudes, valores e
sentimentos são de fundamental importância nesse momento.
No advento de uma RCP a equipe de enfermagem normalmente responde ao
fenômeno realizando o atendimento. Quando fazem este atendimento apenas
submetendo-se ou obedecendo a uma solicitação por pressão de normas ou
padrões pré-estabelecidos, Assim, procedem ao atendimento, mas sem aceitar
completamente a necessidade de fazê-lo, se tivessem outra alternativa escolheriam
por não participar da RCP.
Portanto a educação em enfermagem não deve perder de vista a formação global do
educando, o processo ensino-aprendizagem deve desenvolver as habilidades
cognitivas, psicomotoras e afetivas, visando o desenvolvimento das potencialidades
para a formação de um profissional. (SILVA,1986).
Em seu estudo sobre a formação profissional do século XXI, Silva e Cunha (2002),
ressaltam que as competências técnicas deverão estar associadas à capacidade de
decisão, de adaptação a novas situações, de comunicação oral e escrita e de
trabalho em equipe. O trabalhador deverá ser um sujeito criativo, crítico e pensante,
preparado para agir e se adaptar rapidamente às mudanças dessa nova sociedade.
Diante do exposto, pode-se observar a falta de associação entre a necessidade do
serviço em emergência, e do quê realmente é o profissional da equipe de
enfermagem que lida diariamente com o paciente grave.
È notório que a formação deste profissional é influenciada pelo diagrama cartesiano,
ainda esta voltada para o conhecimento técnico cientifico. Pouca ou nenhuma
34
ênfase tem sido dada ao desenvolvimento das habilidades afetivas tão necessárias
para uma assistência humanizada, tema amplamente discutido nos dias atuais.
Ressaltamos que a dupla jornada de trabalho dos profissionais de saúde uma
realidade freqüente nos dias atuais e que resulta em maior esforço físico e mental
desses profissionais, comprometendo, conseqüentemente, a qualidade de vida dos
mesmos e de seus clientes.
Durante este estudo percebemos que a autoconfiança é um outro valor que os
profissionais de enfermagem devem possuir para atuar em uma reanimação
cardiopulmonar.
Para Martinelli em 1996, a autoconfiança é a confiança em si mesmo. “É a energia
que nos anima a assegurar a vitória sobre as dificuldades individuais”.
Como é a equipe de enfermagem que permanece nas 24 horas próximo ao paciente,
é normalmente um de seus membros que detecta a PCR. Desta forma é muito
importante
que
esses
profissionais,
além
de
serem
capazes,
sintam-se
autoconfiantes e tenham iniciativa para iniciar as manobras básicas de RCP, até a
chegada da equipe médica.
Por fim, dentre as dificuldades inerentes á estrutura e funcionamento de uma
unidade de emergência, destacam-se: a falta de formação especifica de
profissionais para o serviço, extremas demanda para o numero de profissionais da
equipe gerando uma sobre carga, ausência de programas de treinamento em
serviço. Diante do que foi colocado percebe-se a necessidade de um ajuste na
estruturação do serviço de emergência, em geral, bem como reavaliar o processo
formativo deste profissional.
35
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