Q - Actio Mercatoria

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O Modelo Ricardiano
KRUGMAN & OBSTFELD, CAP. 2; WTP, CAP. 5; NBERWP7195
OBS.: ESTAS NOTAS DE AULA NÃO FORAM SUBMETIDAS A REVISÃO, TENDO
COMO ÚNICA FINALIDADE A ORIENTAÇÃO DA APRESENTAÇÃO EM CLASSE.
COMENTÁRIOS SÃO BEM VINDOS E PODEM SER ENVIADOS A
[email protected]. REPRODUÇÃO SOB QUAISQUER MEIOS
OU DISTRIBUIÇÃO PROIBIDA SEM AUTORIZAÇÃO PRÉVIA DO AUTOR.
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INTRODUÇÃO
o Economia Internacional: Análise da lógica subjacente aos fluxos internacionais de
recursos reais e financeiros, incluindo aspectos institucionais.
o Comércio Internacional é o conjunto de transações envolvendo fluxos reais de bens,
serviços e fatores entre diferentes nações.
o Comércio Internacional: fatos notáveis (em lista apenas exemplificativa) –
a) Volume internacional do Comércio aumenta drasticamente após o término da
2a.GG: início da “Globalização”
b) Volume de comércio internacional no séc. XIX era bastante similar, quando
medido em termos de participação nos PIBs, ao observado em meados do
séc.XX
c) Apesar da similaridade entre os volumes de comércio internacional anterior e
posterior ao entre-guerras, o grau de abertura das economias aumentou muito:
o Considerando apenas a participação do comércio como porcentagem do
valor da produção de bens comercializáveis, o comércio aumenta
substancialmente após a 2a. GG se comparado ao observado antes da 1a. GG;
o O comércio internacional de serviços (anteriormente considerados, via de
regra, “bens não comercializáveis, também aumentou muito)
o A importância e inserção das empresas multinacionais é uma característica
notável do final do séc. XX.
d) Relevantes desenvolvimentos institucionais ocorreram na órbita institucional:
GATT, OMC e diversos arranjos comerciais discriminatórios.
o Teoria do Comércio Internacional:
o O fundamento lógico econômico para a existência e funcionamento do Comércio
Internacional é idêntico ao usado para entender a existência dos mercados domésticos,
tendo as transações internacionais como peculiaridades a ocorrência de (normalmente)
maiores custos de transportes e seguros, de barreiras artificiais ao comércio (tarifas,
cotas, restrições administrativas, por exemplo), de diferentes moedas e sistemas
políticos e jurídicos envolvidos. Os fundamentos lógicos, entretanto, são idênticos.
o Apesar de ser um tema básico e fundante em Economia, a análise do comércio
(internacional e interno) apresenta inúmeros desafios e questões não resolvidas.
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o A grande utilidade da abordagem econômica moderna aos complexos temas
comerciais está na apresentação de argumentos simples, compreensíveis e testáveis para
que se possa ampliar o potencial de ganho de bem-estar associado às trocas nas
sociedades e entre elas, assim como no potencial de antecipar e mitigar os potenciais
conflitos inerentes.
o A análise moderna dos temas de comércio internacional deve muito a economistas e
filósofos do passado, desde Hume, passando por Smith, Ricardo, mais já no séc. XX,
Hecksher e Ohlin. As contribuições e análises, entretanto, não cessam. Hoje já se fala
na Nova Teoria do Comércio Internacional, com Krugman e Helpman como
expoentes, notando-se sensíveis ganhos de entendimento com a evolução e
aprimoramento das teorias e técnicas econômicas e econométricas de análise.
1. Recordação de Conceitos
o Função de Produção – é uma relação tecnológica (problema de engenheiros, não de
economistas), que associa as quantidades produzidas de determinado bem ou serviço
por intervalo de tempo à utilização de insumos no mesmo intervalo de tempo. Lembrese que não se produz um bem ou serviço com capital ou trabalho diretamente, mas com
o uso dos serviços do capital ou do trabalho.
Q x = f x (K , L, Z , ")
o Produtividade Marginal (PMg) e Produtividade Média (PMe) – são indicadores
formais de determinadas características das tecnologias. Ajudam no sentido de melhor
explicitar as propriedades da função de produção.
∂Q x
= PMg K ;
∂K
Qx
= PMeK
K
∂Q x
= PMg L ;
∂L
Qx
= PMe L
L
∂Q x
= PMg Z ;
∂Z
Qx
= PMeZ
Z
o “Lei” dos Rendimentos Marginais Decrescentes: Um aumento na utilização de um
fator de produção mantendo os demais constantes tende, empiricamente, a implicar
na redução da Produtividade Marginal do fator aumentado.(O importante é a existência
de pelo menos um fator fixo, para a caracterização da “lei”). Algebricamente, supondo
que todos os fatores diferentes de L estejam fixos, a “Lei” poderia ser escrita da
seguinte forma:
∂PMg L
<0
∂L
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o O símbolo ∂ , usado quando a diferenciação é parcial, já indica que apenas o insumo
considerado no denominador da derivada está sendo alterado. Todos os demais
argumentos da função produção são supostos constantes no cálculo de uma derivada
parcial.
o A “Lei” dos Rendimentos Marginais Decrescentes, ao supor a presença de pelo
menos um fator fixo, é aplicável a situações de curto-prazo. Lembre-se que, em
Economia, curto e longo prazos não se distinguem pelo número de meses ou anos
considerados. No curto-prazo existe algum fator fixo, no longo prazo todos os fatores
são variáveis.
o
Maximização dos Lucros na produção de uma mercadoria: RMg=CMg
a) Custos Marginais, supondo que L seja o único fator variável e que seu preço seja
dado e igual a w (os custos marginais indicam qual a variação nos custos totais
associada a (derivada de) uma alteração na quantidade produzida):
CT = CF + CV (Q ) = CF + wL
Q = f (K , L )
dCT ∂CV d (wL )
dL
1
=
=
=w
=w
dQ
dQ
dQ
dQ
PMg L
b) Receita Marginal, supondo mercados competitivos (preços dados):
RT = PQ
dRT d (PQ )
=
=P
dQ
dQ
c) Logo, para a maximização dos lucros:
P=
w
PMg L
2. Conceitos Introdutórios da Teoria do Comércio
o Razão básica para a existência de comércio internacional: OBTENÇÃO DE
VANTAGENS PELOS PAÍSES ENVOLVIDOS. Principais vantagens:
a) Ganhos com as trocas
b) Ganhos com a especialização
o Costuma haver potencial de comércio internacional, entre outros motivos, quando:
a) Os países são diferentes
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b) Pode-se auferir economias de escala (redução nos custos médios de produção à
medida em que a escala produtiva aumenta – é um conceito de longo-prazo)
o Teoria das Vantagens Absolutas - Adam Smith: O comércio entre os países é
explicado em termos das vantagens absolutas, se um país é mais eficiente do que outro
(tem vantagens absolutas) na produção de uma mercadoria, e é menos eficiente do que
o outro na produção de outra mercadoria (desvantagem absoluta), então existe
potencial de ganhos decorrentes do comércio internacional. Cada país se especializa na
produção da mercadoria em que tem vantagens absolutas.
o Teoria das Vantagens Comparativas - David Ricardo: O comércio entre os países é
explicado em termos das vantagens comparativas, se um país tem custos de
oportunidade menores do que outro (tem vantagens comparativas) na produção de uma
mercadoria, então existe potencial de ganhos decorrentes do comércio internacional.
Cada país se especializa na produção da mercadoria em que têm vantagens
comparativas, mesmo que não tenha vantagens absolutas em nenhum setor.
o Custo de Oportunidade (=Custo Econômico): é o custo medido pelos valores
(perdidos, não ganhos) com a utilização dos recursos na segunda melhor alternativa ao
seu uso. A primeira melhor alternativa - supõe-se - é aquela em que os recursos estão
sendo efetivamente usados. Na noção de custo de oportunidade, os desembolsos,
entradas ou saídas monetárias não são importantes. O que interessa é o uso potencial
dos recursos.
o Ilustração:
Tabela 1
Portugal tem vantagens absolutas na produção de vinho e Inglaterra tem vantagens
absolutas na produção de tecido. Portugal tem vantagens comparativas na produção de
vinho e Inglaterra tem vantagens comparativas na produção de tecido.
Portugal
Inglaterra
Vinho (barris/hora de trabalho)
6
1
Tecido (rolos/hora de trabalho)
4
5
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Tabela 2
Inglaterra não tem vantagens absolutas na produção de vinho ou de tecido. Portugal
tem vantagens comparativas na produção de vinho e Inglaterra tem vantagens
comparativas na produção de tecido.
Portugal
Inglaterra
Vinho (barris/hora de trabalho)
6
1
Tecido (rolos/hora de trabalho)
4
2
3. Modelo Básico de Ricardo – Modelando as Economias Individualmente
o Característica básica do modelo Ricardiano: Utilização de um único fator de
produção para explicar o comércio: o trabalho (teoria do valor do trabalho):
a) O trabalho é suposto como o único fator escasso de produção;
b) Toda a mão de obra é homogênea e recebe a mesma remuneração por hora em
todos os setores (a remuneração por hora de trabalho só pode diferir entre os
países, não dentro dos países);
o A produtividade marginal da mão de obra é constante (PMgL= PMeL = cte.).
o 2 países x 1 fator x 2 bens
a) país doméstico x país estrangeiro (representado por “*”)
b) único fator escasso: “L”
c) 2 bens podem ser produzidos em cada país: queijo e vinho
(1) Quantidade produzida de queijo na economia doméstica: QQ
(2) Quantidade produzida de vinho na economia doméstica: QV
(3) Quantidade produzida queijo na economia estrangeira: QQ*
(4) Quantidade produzida de vinho na economia estrangeira: QV*
d) “necessidades de unidades de trabalho na produção”: coeficientes de insumoproduto - aij indica a quantidade do insumo i necessária à produção de uma
unidade da mercadoria j.
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o Exemplo para a Produção de Queijo na economia doméstica : QQ = f Q (LQ );
dQQ
dL
= PMg LQ =
1
1
⇒ a LQ =
a LQ
PMg LQ
PMg LQ = cte ⇒ PMg LQ = PMe LQ
LQ
1
1
1
1
⇒ a LQ =
=
=
=
⇒
a LQ
PMg LQ PMeLQ QQ
QQ
LQ
a LQ QQ = LQ
o Exemplo para a Produção de Vinho na economia estrangeira : QV* = f V* (L*V ) ;
dQV*
1
1
*
*
= PMg LV
= * ⇒ a LV
=
*
*
dLV
a LV
PMg LV
*
a LV
QV* = L*V
e) Cada país pode produzir dois bens (vinho e queijo), o conjunto de possibilidades
de produção é o conjunto composto por todas as possíveis combinações de
produções de queijo e vinho no país. O fator limitante, dada a tecnologia, é
apenas a quantidade disponível de mão de obra em cada país. Assim, o conjunto
de possibilidades de produção para o país local pode ser descrito da seguinte
forma:
Tecnologias:
( )
dQ Q
( )
QQ
dQV
1
= PMg LV =
=
⇒ QV a LV = LV
dL
LQ
a LV
QQ = f Q LQ ;
QV = f V LV ;
dL
= PMg LQ =
1
a LQ
=
QQ
LQ
⇒ Q Q a LQ = L Q
Restrição de Trabalho:
LQ + LV ≤ L
Conjunto de Possibilidades de Produção (usando as restrições tecnológicas na
restrição de trabalho):
a LQ QQ + a LV QV ≤ L , ou
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QV ≤
a LQ
L
−
QQ
a LV a LV
Graficamente:
QV
FPP : QV =
L a LQ
−
QQ
aLV aLV
Cjto. de Possib.
de Produção
QQ
f)
A Fronteira de Possibilidades de Produção ( FPP : QV =
L aLQ
−
QQ ) é a curva
aLV aLV
(neste caso de tecnologia linear, uma reta) que mostra as possibilidades máximas
de produção de um país. Sobre a FPP, todos os recursos estão completamente
empregados: pleno emprego. A área abaixo da FPP corresponde a situações
possíveis, que podem ser observadas na prática, mas em que não há pleno
emprego. Os pontos acima da FPP não são factíveis (com os recursos e
tecnologias disponíveis).
g) Note que a inclinação da FPP é igual a
a LQ
dQV
=−
, indicando qual a redução
dQQ
a LV
necessária na produção de vinho para que (i) a produção de queijo possa
aumentar, e, (ii) os recursos permaneçam plenamente empregados. É um valor
negativo e de magnitude definida pela razão das “necessidades de mão de obra”
na produção de queijo e de vinho. Para conseguir uma unidade adicional de
queijo, são necessárias a LQ horas de trabalho. Como os recursos estão
plenamente empregados, esta hora de trabalho precisará sair da produção de
vinho, de forma que a quantidade produzida de vinho diminuirá em −
a LQ
a LV
unidades.
h)
a LQ
a LV
, como ficou claro, pode ser interpretado como o Custo de Oportunidade
Relativo da Produção de Queijo. A produção de uma unidade adicional de queijo
custaria
a LQ
a LV
unidades de vinho “não produzidas”. No caso de tecnologias
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lineares, como a considerada, o custo de oportunidade é constante. Geralmente,
entretanto, a inclinação da FPP e, portanto, os custos de oportunidade relativos,
costumam variar (como será visto em tópicos subseqüentes).
o Sendo conhecidos os preços dos produtos, PQ e PV, é possível calcular os
salários diretamente. A relação entre custos de produção e preços do produto
depende, é claro, do tipo de estrutura de mercado considerada. Em se tratando
de mercados competitivos, como se supõe aqui, a maximização dos lucros
ocorre com RMg=CMg, e os lucros (econômicos) são nulos. Assim:
PQ =
PQ
w
= wa LQ ⇒ wLQ =
PMg LQ
a LQ
da mesma forma:
wLV =
PV
a LV
o Note que sendo o trabalho homogêneo, os trabalhadores se deslocam para os
setores que pagam maiores salários. Dados o preço dos bens e as tecnologias,
para que existam trabalhadores dispostos a trabalhar em ambos os setores, é
necessário que os salários pagos os dois setores sejam iguais. Assim, para que a
economia produza ambos os bens é necessário que
wLV =
PQ
PV
=
= wLQ
a LV a LQ
ou, rearranjando os termos:
PQ
PV
=
a LQ
a LV
o Conclui-se, assim, que para que haja a produção de ambos os bens, o preço
relativo do queijo (em termos de vinho) precisa ser igual ao custo relativo de
produzir queijo (em termos de vinho). Se esta condição não se verificar, a
economia irá se especializar na produção do bem que melhor remunere aos
trabalhadores:
PQ
PV
PQ
PV
>
<
a LQ
a LV
a LQ
a LV
- especialização na produção de queijo
- especialização na produção de vinho
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o Não se dispõe, ainda, das informações necessárias à determinação dos preços dos
bens, algo que exigiria a análise de aspectos do lado da demanda (os preços são sempre
determinados pela interação entre as forças de oferta e de demanda!). Sabemos,
contudo, que se ambos os bens estiverem sendo produzidos, os preços serão dados pela
inclinação da FPP.
4. Modelo Básico de Ricardo – Modelando o Comércio
o Até o momento, a análise ocorreu para uma economia individual (situação de
autarquia ou “autárquica”). Para estudar a lógica do comércio internacional,
considerações adicionais precisam ser feitas.
o Vamos supor que as economias tenham custos de oportunidade na produção de
queijo (ou de vinho) diferentes. Isto pode decorrer de diferenças internacionais:
a) nas tecnologias;
b) nas preferências (ou gostos).
c) Se houvesse mais um fator de produção escasso, seria possível justificar o
comércio, ainda, pelas diferenças nas dotações dos fatores.
o O caminho mais simples, como ainda não se discutiram os aspectos de demanda
(preferências), é supor que as tecnologias de produção sejam diferentes. Assim, vamos
admitir que a economia doméstica seja mais produtiva do que a estrangeira na produção
de queijo. Isto poderia ser posto da seguinte forma:
a LQ
a LV
<
*
a LQ
*
a LV
o É evidente que isto implica em preços relativos de queijos (em termos de vinho)
menores na economia doméstica do que no estrangeiro. Há, assim, potencial para
ganhos com o comércio, fundamentados em vantagens comparativas (custos de
oportunidade diferentes). Note que as necessidades de mão de obra doméstica na
produção dos dois bens podem ser menores do que as estrangeiras em termos
absolutos e, ainda assim, o comércio ser factível. Para que haja comércio, no modelo de
Ricardo, é suficiente (e necessário) que:
a LQ
a LV
≠
*
a LQ
*
a LV
.
o Evidentemente, para que o país local tenha interesse em exportar, é necessário que
consiga trocar os bens no mercado mundial a termos pelo menos iguais (senão
melhores) do que os que dispõem domesticamente. A mesma lógica se aplica para o
país estrangeiro. Com as suposições feitas, a economia doméstica exportará queijo e
importará vinho, nunca o contrário. Assim, se os preços internacionais do queijo forem
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menores do que
PQ
PV
=
a LQ
a LV
, esta economia estará fora do comércio internacional. Da
mesma forma, se o preço do vinho no mercado internacional (em termos de queijo) for
menor do que aquele praticado dentro do país com vantagem comparativa na produção
de vinho, não haverá comércio internacional.
o Exemplo: Suponha que o país doméstico gaste 1 hora de trabalho para produzir 1
quilo que queijo ( a LQ = 1 ) ou 2 horas de trabalho para produzir 1 litro de vinho
( a LV = 2 ). O país estrangeiro, para produzir o mesmo quilo de queijo gasta 6 horas de
*
*
trabalho ( a LQ
= 6 ) e 3 horas para produzir um litro de vinho( a LV
= 3 ).
a) Calcule os custos de oportunidade relativos para cada país:
a LQ
a LV
1
= = 0,5 ;
2
*
a LQ
a
*
LV
=
6
=2
3
b) Sendo os custos de oportunidade diferentes (a nação doméstica tem vantagem
comparativa na produção de queijo e a estrangeira na produção de vinho,
mesmo que estas vantagens não sejam absolutas para o país estrangeiro), pode
haver comércio. Atente para as unidades utilizadas:
a LQ (horas/quilo de queijo )
a LV (horas /litro de vinho )
=
1  (1/quilo de queijo ) 


 = 0,5 litros de vinho
quilo
de
queijo


2  (1 /litro de vinho ) 
c) O intervalo de preços em que este comércio interessa aos países precisa ser
definido:
o A economia que tem vantagens comparativas na produção de queijo
(economia doméstica), não aceitará trocar menos do que
a LQ
a LV
= 0,5 litros de
vinho por quilo de queijo.
o A economia que tem vantagens comparativas na produção de vinho
(economia estrangeira), não aceitará trocar mais do que
*
a LQ
a
*
LV
=
6
= 2 litros de
3
vinho por quilo de queijo.
o Assim, os preços internacionais para os quais o comércio é factível estão
compreendidos entre:
a LQ
a LV
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= 0,5 ≤
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PQ
PV
≤2=
*
a LQ
*
a LV
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o As condições para que o comércio seja factível podem ser mostradas graficamente e,
de pronto, revelam as vantagens potenciais com o comércio:
QV
Sem
Comércio
Com
Comércio
QQ
Figura 1
Q*V
Com
Comércio
Sem
Comércio
Q*Q
Figura 2
a) Aos novos preços (de comércio), as possibilidades de produção em cada país
permanecem iguais (linha cheia), mas as possibilidades de trocas (linha tracejada)
aumentam.
b) Supondo, como nas figuras, que o comércio implica a especialização completa na
produção dos bens (cada país se especializa na produção do bem para o qual tem
vantagens comparativas), a possibilidade de trocar os bens a termos mais
favoráveis no mercado mundial faz com que as possibilidades de consumo
aumentem, mesmo sem alteração nas tecnologias e/ou nas dotações de fatores.
o Dentro do intervalo de preços relevante, a determinação dos preços relativos passa a
ser internacional. Neste caso, a determinação dos preços precisa ser compreendida sob
um arcabouço de equilíbrio geral: todos os mercados, para todos os produtos e países
são avaliados simultaneamente.
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o Há diversos caminhos para a modelagem do equilíbrio geral internacional, aqui nos
restringiremos ao utilizado por Krugman e Obstfeld: A construção do equilíbrio
baseado nas Curvas de Demanda Relativa e de Oferta Relativa Mundiais (Fig. 2.3).
o Para compreender o raciocínio, siga os seguintes passos:
a) Para a Curva de Oferta Relativa Mundial
o Determine o Intervalo Preços Relativos para o qual o comércio internacional
é possível. Coloque os limites no eixo vertical de um gráfico.
o Lembre-se que para que um dos países esteja produzindo ambos os bens, é
necessário que o preço relativo do queijo, em termos de vinho, seja igual ao seu
custo relativo de produção:
(1) Para o país doméstico:
(2) Para o país estrangeiro:
PQ
PV
PQ*
PV*
=
=
a LQ
a LV
*
a LQ
*
a LV
o Para que em ambos os países haja especialização completa, portanto, é
necessário que os preços relativos estejam dentro do intervalo (sem igualdade!):
a LQ
a LV
<
PQ
PV
<
*
a LQ
*
a LV
o Mas a especialização completa significa que toda a mão de obra no país local
está alocada no setor em que o país tenha vantagens comparativas. Assim,
mantendo a suposição de que o país local tenha vantagens comparativas na
produção de queijos, as produções totais serão, em cada país:
(1) Para o país doméstico: QQ =
L
;
a LQ
(2) Para o país estrangeiro: QQ* = 0;
QV = 0
QV =
L*
*
a LQ
o Finalmente, no eixo horizontal, perceba que estão sendo medidas a
produção mundial de queijo em termos da produção de
vinho [(QQ + QQ* ) (QV + QV* )] .
b) Para a Curva de Demanda Relativa Mundial:
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o Aqui apenas se supõe que, como costuma acontecer, um preço relativo maior
do queijo estimule a sua substituição por vinho (Efeito Substituição). Assim, a
curva de demanda relativa mundial é negativamente inclinada.
c) Graficamente (w=vinho (wine) e c=queijo (cheese)):
5. Ganhos com o comércio
o A partir deste momento, vamos supor que ocorra a especialização completa em
ambos os países. Assim, observando as figuras 1 e 2, nota-se que o país local só produz
queijo, mas consegue trocá-los a preços mais favoráveis do que sob autarquia. O
mesmo fenômeno ocorre no país estrangeiro, que se especializa na produção de vinho.
o Note que com as produções locais e estrangeiras, as possibilidades de trocas
internacionais ampliam as possibilidades de consumo dos dois países (linhas
tracejadas nas duas figuras). A inclinação da linha internacional de preços, dada pelo
preço de equilíbrio mundial, permite que ambos os países ganhem com o comércio,
mesmo sem qualquer mudança tecnológica ou nas dotações de fatores.
o Tudo ocorre como se, com o comércio, fosse possível produzir queijo (ou vinho)
indiretamente com vinho (ou queijo) que se deixa de produzir dentro do país
para importar. Trata-se de uma re-alocação das produções mundiais no sentido de
permitir que os países mais eficientes (em temos relativos) na produção de cada bem, se
especialize na sua produção. Os benefícios internacionais são óbvios: ganho de
bem-estar em todos os países associados à alocação mais eficiente dos recursos.
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6. Salários Relativos
o Imagine que o preço relativo internacional (compatível com a especialização
completa em ambos os países) seja igual.
PQ
PV
= 1 . Isto seria compatível com um
preço monetário do queijo igual a $12 e do vinho também igual a $12 (ou
quaisquer outros valores iguais por unidade).
*
(1) Usando os dados da Tabela 2, em que a LQ = 1 , a LV = 2 , a LQ
=6 e
*
a LV
= 3.
(2) E relembrando a relação entre salários e preços:
wLV =
PV PQ
;
= wLQ
a LV a LQ
(3) Pode-se perceber que os salários serão iguais a
wLQ =
*
=
wLV
PQ
a LQ
=
12
= $12
1
PV* 12
=
= $4
*
3
a LV
(4) Efetivamente, o comércio ocorre pelas diferenças nos custos de
oportunidade que se refletem na diferença entre os salários monetários.
Uma das explicações modernas para as diferenças salariais entre os países
(por que um operário da construção civil no Japão recebe um salário
muito maior por hora do que um operário com as mesmas habilidades no
Brasil), encontra-se exatamente nos diferenciais de produtividade. Para
melhor avaliar isto, divida os salários nominais (cotados numa mesma
moeda) para obter o salário doméstico relativo:
wLQ
w
*
LV
=
$12
=3
$4
(5) Veja a Tabela 2-3 no livro texto para evidências empíricas que suportam a
efetiva existência de uma forte correlação entre salários e produtividades.
7. Concepções equivocadas sobre as Vantagens Comparativas
b) Mito 1: o livre comércio só é benéfico se o país for suficientemente forte para
enfrentar a concorrência estrangeira
o Vantagens comparativas x absolutas
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c) Mito 2: a concorrência estrangeira é desonesta e prejudica outros países quando
baseada em salários baixos (empobrecimento da mão de obra)
o Salário absoluto não é boa referência
d) Mito 3: o comércio explora um país e o torna pior economicamente se seus
trabalhadores recebem salários muito mais baixos que os trabalhadores de outras
nações
o O comércio apenas expõe as ineficiências relativas, não as cria.
8. Vantagens comparativas com diversos bens:
o A limitação do modelo apresentado, que considera a possibilidade da
produção de apenas dois bens por país pode ser superada com facilidade.
(1) Considere que cada país possa produzir n bens, n = 1,..., N.
(2) Tome as produtividades relativas de cada um destes bens no país
doméstico, em termos das internacionais, e coloque-as em ordem
crescente:
a
a L1 a L 2 a L 3
< * < * " < LN
*
*
a L1 a L 2 a L 3
a LN
(3) Mantendo a suposição de que a mão de obra seja homogênea dentro de
cada país (os trabalhadores de um setor podem mudar para o outro
imediatamente e sem custos ou perda de produtividade), pode-se esperar
que os produtos sejam produzidos nos países em que tenham menor
custos para fazê-lo:
(4) A referência, então, são os salários relativos mundiais, pois para qualquer
bem “i”:
a Li
a Li*
Pi
w*
= w =
w
Pi
w*
(5) De forma que, a ordenação acima poderia ser re-escrita:
w*
wL*1 wL* 2 wL* 3
<
<
" < LN
wL1 wL 2 wL 3
wLN
ou
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w
wL1 wL 2 wL 3
> * > * " > LN
*
*
wL1 wL 2 wL 3
wLN
o Suponha, agora, que os salários relativos sejam conhecidos, e iguais a
wLk
.O
*
wLk
país doméstico produzirá os bens para os quais seus custos relativos sejam
menores que
*
wLk
, deixando os demais bens para o país estrangeiro. Bens cujo
wLk
custo relativo sejam iguais a
wLk
, podem ser produzidos nos dois países.:
*
wLk
o A ilustração gráfica desta generalização para N bens pode ser feita, mas exige
alterações em relação ao gráfico da demanda e oferta relativas mundiais de
queijo, mostrado anteriormente. Entenda-as:
(1) Como conhecemos o critério de “corte”, baseado em
wLk
, é desejável
*
wLk
que esta variável apareça no eixo vertical, no lugar dos preços relativos.
(2) A oferta relativa mundial, então, deixa de se referir a mercadorias,
passando a medir a relação entre a quantidade de mão de obra local e
estrangeira (L/L*). Esta é uma magnitude fixa (supondo forças de
trabalho constantes), independente dos salários relativos.
(3) A curva de demanda relativa (por trabalho), é definida pelos salários reais
pagos para produzir as diferentes mercadorias. Trata-se de uma curva de
demanda derivada, posto que conhecendo a demanda por trabalho (na
produção de cada tipo de bem), serão conhecidas (indiretamente) as
demanda pelos bens produzidos com esta mão de obra.
(4) Graficamente:
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o No gráfico observa-se que a economia doméstica se especializa na produção
de maçãs, bananas e caviar. O país estrangeiro produz tâmaras e “enchiladas”.
Esta alocação internacional da produção é determinada pelo salário relativo igual
a 3.
o As seções negativamente inclinadas da curva de demanda relativa por
trabalho decorrem das mudanças abruptas na alocação mundial da produção
quando os salários relativos se alteram. A elevação nos salários reais dos
trabalhadores domésticos em relação aos salários estrangeiros faz com que a
demanda pelos bens domésticos diminua (os estrangeiros estão mais pobres e
importam menos), o que diminui, internamente, a demanda por trabalho. Se os
salários domésticos aumentarem o suficiente para tornar a produção de
determinado bem mais barata no estrangeiro, passa-se a uma seção horizontal da
curva de demanda relativa por trabalho.
o Nas seções horizontais da curva de demanda relativa por trabalho, é possível
que ambos os países produzam o bem associado.
o Conclui-se que os salários relativos e os tipos de bens que serão produzidos
em cad país dependem:
(1) Do tamanho relativo das forças de trabalho dos países (L/L*) – que
determina a posição da curva de oferta relativa;
(2) Das produtividades relativas e das preferências dos consumidores dos
dois países – que determinam a posição e a forma da demanda relativa
por trabalho.
9. Evidências Empíricas sobre o Modelo Ricardiano
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o O Modelo Ricardiano, entendidas suas limitações, é um ótimo instrumental
para explicar a realidade:
(1) Estudo de MacDougall para o pós II GG, revela que, apesar de mostrar
desvantagens absolutas em quase todos os setores, a Inglaterra
comercializava com os EUA de forma importante, dando suporte à
hipótese das vantagens comparativas.
(2) Bela-Balassa compara as produtividades relativas dos EUA e GrãBretanha, percebendo que os EUA tendem a exportar mais aqueles
produtos com maior produtividade relativa (menores custos de
oportunidade relativos)
(3) Apesar de mostrarem desvantagens absolutas na produção de tecido e
vestuário, países menos industrializados como China e Brasil, exportam
estes produtos para os países industrializados.
o Principais Inconsistências do Modelo Ricardiano
(1) Presença de bens não comercializáveis limita a especialização
internacional;
(2) Desconsidera a distribuição de renda dentro do país, que pode ter efeitos
redutores do bem estar;
(3) Desconsidera diferenças na qualidade e quantidade dos diferentes
recursos para explicar as trocas internacionais; e,
(4) Desconsidera a possibilidade de economias de escala pra explicar o
comércio internacional entre países muito parecidos.
Perguntas
Problemas do Capítulo 2 – Krugman & Obstfeld: Todas
Bibliografia
Bordo, Michael D., Barry Eichgreen, and Douglas A. Irwin. "Is Globalization Today Really Different
Than Globalization a Hundred Years Ago?." NBER WP. W7195. USA, June 1999
Caves, Richard E., Frankel, Jeffrey A., Jones, Richard W. World, Trade and Payments: An
Introduction. USA: Addison Wesley, 1999.
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Krugman, Paul R., Obstfeld, Maurice. Economia Internacional: Teoria e Política, 4a. Edited by.
Brasil: Makron Books, 1999.
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