TERMOQUÍMICA Introdução A experiência mostra que, em geral, as reações químicas realizam-se com liberação ou absorção de calor das vizinhanças do sistema reacionante. Portanto, a temperatura do sistema será diferente para a reação se processar, em conseqüência, para restaurar o sistema a sua temperatura inicial, é necessário um escoamento de calor, seja do sistema para as vizinhanças ou das vizinhanças para o sistema. No primeiro caso tem-se uma reação EXOTÉRMICA. No segundo, uma reação ENDOTÉRMICA. Por exemplo: A queima do hidrogênio libera uma grande quantidade de calor: 2H2(g) + O2(g) 2H2O(l) + 571,13 kJ (I) Por outro lado, a reação de decomposição da água se dá com absorção de calor: 2H2O(l) + 571,13 kJ 2H2(g) + O2(g) (II) a quantidade de calor envolvida nos exemplos anterior - 571,13 kJ - é para o caso dos reagentes e produtos se encontrarem a 250C e 0,1 MPa. O estado padrão corresponde a a pressão de 0,1 MPa. De acordo com o primeiro princípio, pode-se escrever então, baseando-se na reação I, que: Hreag . = Hprod. + 571,13 kJ Hprod -Hreag . = H = -571,13 kJ ou baseando-se na reação II que: Hreag .+ 571,13 kJ = Hprod. Hprod -Hreag . = H = 571,13 kJ Assim, quando a entalpia Hreag . ( estado inicial) for maior que a entalpia Hprod (estado final), a variação apresentará valor negativo; a reação é chamada EXOTÉRMICA, isto é, acontece com liberação de calor. Em caso contrário, tem-se uma reação ENDOTÉRMICA, ou reação de H > 0. Observação: É óbvio que o calor da reação será igual a sua variação de entalpia no caso de a reação acontecer sob pressão constante, pois, como se sabe, H = Qp. Do ponto de vista das aplicações, todo processo químico industrial necessita trocar energia com o meio ambiente, e o balanço energético, que é o balanço de todas as trocas energéticas realizadas pelo sistema, é indispensável para o seu bom funcionamento. Acresce-se ainda que um dos grandes problemas do mundo de hoje é a chamada questão energética, ou seja, a produção, distribuição e o consumo de energia para uso industrial, doméstico, agrícola, transportes, etc, energia essa em sua maioria proveniente da queima de combustíveis fósseis. Os processos, objetos de estudos termoquímicos, devem ser bem descritos para não deixarem incertezas e ambigüidades. Há normas internacionais, especificadas pela IUPAC e que serão apresentadas aqui de forma resumida. Para a especificação de um processo, as equações químicas devem estar balanceadas, as fases de cada substância devem estar especificadas, também a pressão e a temperatura e outras grandezas que se fizerem necessárias. Para indicar as fases utilizam-se os símbolos: s (sólida), l (líquida), g (gasosa), cd (fase condensada: s, l), cr (cristalina), sln (em solução), aq (em solução aquosa), f (fase fluida: l, g). Para os processos mais freqüentes, os símbolos recomendados pela IUPAC são; vaporização ou evaporação, vap; sublimação, sub; fusão, fus; ebulição ( a pressão normal), eb; transição de uma fase a outra ou de um sólido a outro, trs; mistura de fluidos, mix; solução ou dissolução, sol; diluição de uma solução, dil; reação química, r; combustão, c; formação de uma substância a partir dos elementos, f; atomização, atm; hidrogenação, h 1 A lei da Hess O calor de uma reação depende apenas dos estados inicial e final dos reagentes e produtos, em outras palavras, o calor de uma reação química não depende do caminho ou da seqüência de reações utilizadas para a transformação dos reagentes em produtos, desde que a pressão e a temperatura dos estados inicial e final sejam os mesmos. a lei de Hess é uma conseqüência do primeiro princípio e afirma que o calor de uma reação química é uma função de estado, este fato foi experimentalmente observado por Hess antes de ser enunciado o princípio de conservação de energia. Hess obteve o NH4Cl(aq.) por dois caminhos diferentes, partindo do mesmo estado inicial (NH3(g) + HCl(g) + aq.); notou que o calor envolvido na reação, NH3(g) + HCl(g) + aq NH4Cl(aq.) , independe do caminho escolhido. primeiro caminho ou primeira seqüência de reações: NH3(g) + HCl(g) NH4Cl(s.) H1 = -175,14 kJ NH4Cl(s.) + aq. NH4Cl(aq.) H2 = 16,30 kJ NH3(g) + HCl(g) + aq NH4Cl(aq.) segundo caminho ou segunda sequência de reações: NH3(g) + aq. NH3(aq.) HCl(g) + aq. HCl(aq..) NH3(aq.) + HCl(aq..) NH4Cl(aq.) H = H1 + H2 = -158,86 kJ HI = -35,53 kJ HII = -72,31 kJ HIII = -51,02 kJ NH3(g) + HCl(g) + aq NH4Cl(aq.) H = H1 + H2 = -158,86 kJ Convenções da Termoquímica 1-A entalpia molar H de qualquer substância é função da temperatura e da pressão; pode-se então definir a chamada entalpia padrão de uma substância por: 0 H H (T, 0,1 MPa). 0 de forma que H depende apenas da temperatura. Nota: Pode-se desprezar a dependência da entalpia coma a pressão, a menos que a variação da pressão seja muito grande. 2-Na escrita de uma equação termoquímica, deve-se expressar o estado físico e a forma cristalina dos reagentes e dos produtos. Ex.; C(graf.) + O2(g) CO2(g) H0 = -393,13 kJ.mol-1 Este procedimento é uma conseqüência da seguinte convenção: considera-se igual a zero a entalpia de todos elementos químicos em seu estado de agregação mais estável a 0,1 MPa e 298,15 K. Como as mudanças de estado são acompanhadas de liberação ou absorção de calor, as equações termoquímicas deverão explicitar o estado físico ou alotrópico de reagentes e produtos. Define-se também a pressão padrão, p0, igual a 0,1 MPa. Todas as funções dependentes da pressão, Z (Z= U, H, S, etc) são também denominadas funções padrões, Z0, quando se adota p = p0. Conseqüentemente as funções padrões não dependem da pressão. 2 Exemplos: 1-Avaliar a quantidade de calor envolvida na transição: Smonoclínico(250C, 0,1 MPa) Sortorrombico (250C, 0,1 MPa) Solução: embora esta transição seja natural a temperatura ambiente, a transformação é muito lenta para permitir uma medida isovolumétrica exata. Como as duas formas alotrópicas de enxofre sofrem determinadas reações cujas quantidades de calor admitem avaliações com exatidão, vem: Smonoclínico + O2(g) SO2(g) H0 = -296,91 kJ.mol-1 SO2(g) Srômbico + O2(g) H0 = 296,61 kJ.mol-1 Smonoclínico Srômbico H0 = -0,30 kJ.mol-1 2-Avaliar o H0 envolvido na síntese do SO2(g) a partir de oxigênio gasoso e : a-Srômbico b-Svapor Dados: Svapor Srômbico H0 = -1,25 kJ.mol-1 S(l) Svapor) H0 = 48,45 kJ.mol-1 S(l) + O2(g) SO2(g) H0 = -297,70 kJ.mol-1 solução: a)Como S(l) + O2(g) SO2(g) H0 = -297,70 kJ.mol-1 Srômbico S(l) H0 = +1,25 kJ.mol-1 vem que: Srômbico + O2(g) SO2(g) b)De maneira análoga vem que: S(l) + O2(g) SO2(g) Svapor S(l) H0 = -296,45 kJ.mol-1 H0 = -297,70 kJ.mol-1 H0 = -48,45 kJ.mol-1 Svapor + O2(g) SO2(g) H0 = -346,15 kJ.mol-1 Nota: Como se atribuiu o valor zero para a entalpia de todos os elementos no seu estado de agregação mais estável a 298 k e 0,1 MPa, pode-se escrever: H0 [O(g)] 0; H0 [O2(g)] = 0; H0 [O3(g)] 0; H0 [S(rômbico)] = 0; H0 [S(monoclínico)] 0; H0 [I2(s)] = 0; H0 [Br2(l)] = 0; H0 [Br2(l)] = 0; H0 [Cl2(g)] = 0; H0 [C(diamante)] 0; 0 Calor de Formação ou Entalpia de Formação ( H f ) É a variação de entalpia envolvida na reação síntese ou de formação de um mol de uma substância a partir de seus elementos químicos formadores no estado de agregação mais estáveis a pressão e temperaturas constantes, estando todos os participantes da reação no estado padrão ( 0,1 MPa e 298 K). Exemplos: C(grafite) + O2(g) CO2(g) H f0 [CO2(g)] = -393,2 kJ.mol-1 C(grafite) + 1,5H2(g) + 0,5Cl2(g) CH3Cl(g) H f0 [CH3Cl(g)] = -73,6 kJ.mol-1 0,5H2(g) + 0,5Cl2(g) HCl(g) H f0 [HCl(g)] = -92,31 kJ.mol-1 3 Nota: A grande maioria das entalpias de formação é determinada indiretamente pela aplicação da lei de Hess, porque, na maioria dos casos a reação de síntese é impraticável. Calor de Combustão ou Entalpia de combustão ( H c0 ) É a variação de entalpia que acompanha a queima completa de um mol de substância a 0,1 MPa e 298 K. Exemplo: H c0 = -1558,3 kJ.mol-1 C2H6(g) + 3,5O2(g) 2 CO2(g) + 3H2O(l) Nota: Somente as reações completas são aconselháveis para medidas termoquímicas; os calores de combustão apesar de estas reações se processarem de maneira muito rápida, constituem os dados mais comuns da termoquímica. É conveniente ressaltar que a combustão completa de uma substância orgânica formada por C, H e O dá origem a CO2(g) e H2O(l) 0 Calor de ou Entalpia de Solução ( H sol ) A dissolução de uma dada substância em um solvente é a acompanhada de variação de entalpia, ou seja, de liberação ou absorção de calor; esta variação de entalpia depende da concentração da solução obtida. Chama-se entalpia ou calor integral de solução à variação de entalpia envolvida na dissolução de um mol de soluto em uma dada quantidade de solvente, isto é, de modo a se obter uma solução de concentração especificada (a 0,1 MPa e 298 K). Exemplo: Dissolvendo-se um mol de HCl(g) em quatro móis de água,(há formação de uma solução de aproximadamente 12 M)verifica-se a liberação de 61,32 kJ; na formação de uma solução de concentração aproximadamente 6 M, ou seja, com oito móis de água, ocorre a liberação de 64,54 kJ. 0 HCl(g) + 4H2O(l) HCl.4H2O(aq) = -61,32 kJ Hsol. 0 HCl(g) + 8H2O(l) HCl.8H2O(aq) Hsol. = -64,54 kJ Das duas equações acima vem que os calores integrais de solução tendem para um valor limite quando o número de móis de água tende para o infinito, ou seja, quando a diluição tende para o infinito. A tabela seguinte ilustra esta afirmação. número de móis de água 1 3 8 50 100 200 0 para 1 mol de HCl (kJ) Hsol. -28,05 -41,88 -64,54 -73,28 -73,78 -74,03 -75,07 Chama-se calor ou entalpia de solução à diluição infinita à variação de entalpia que acompanha a dissolução de um mol de substância em uma quantidade de solvente tão 0 grande que uma diluição desta solução não altera o valor de Hsol. Exemplos: 4 0 NaOH(s) + H2O(l) Na+ OH-(H2O) = -41,82 kJ ou Hsol. 0 NaOH(s) + aq. Na+(aq.) + OH-(aq) = -41,82 kJ Hsol. 0 H2SO4(l) + H2O(l) H2SO4.H2O(l ) ou Hsol. = -96,10 kJ 0 H2SO4(l) + aq. 2H+(aq) + SO42- (aq) = -96,10 kJ ou Hsol. 0 H2SO4(l) + aq. H2SO4(aq) Hsol. = -96,10 kJ Observação: Na prática as soluções 0,1 mol/L já são consideradas de diluição infinita. Calor ou entalpia de Hidratação de Íons Quando se dissolve um cristal iônico em água, acontecem dois processos: a-ruptura das ligações iônicas ou quebra do retículo cristalino; este processo é sempre endotérmico, pois há um consumo de energia para que se desfaçam as ligações iônicas presentes no cristal; a separação dos íons só acontece se houver absorção de calor 0 pelo cristal; portanto, pode-se escrever que Hret. 0. b-a hidratação dos íons formados em a ; como a hidratação acontece através das forças atrativas íon-dipolo permanente da molécula de água, o processo de hidratação dos 0 íons formadores do cristal será sempre exotérmico ou Hhidr. 0. 0 0 0 0 Como Hsol . Hret . Hhidr . , é claro que o Hsol. será positivo ( o processo global 0 0 0 0 da dissolução será endotérmico) quando Hret. Hhidr. . No caso de Hret. Hhidr. ,a dissolução do cristal será exotérmica. Exemplo: Consideremos a dissolução de um mol de NaCl em um grande volume de água ou 0 NaCl(s) + aq. Na+(aq.) + Cl-(aq) = 3,76 kJ.mol-1 Hsol. como já foi visto, o processo de dissolução pode ser decomposto nas duas etapas abaixo: 0 -1 H ret NaCl(s) . Na+(g.) + Cl-(g) .. = 756,16 kJ.mol 0 Na+(g.) + Cl-(g) + aq. Na+(aq.) + Cl-(aq) = -752,40 kJ.mol-1 Hsol. 0 0 0 0 -1 Já que H sol . H ret .. H hidr. , obtém-se imediatamente Hsol. = 3,76 kJ.mol Entalpia de Formação de Íons em Solução Aquosa de Diluição Infinita É a variação de entalpia que acompanha a reação de formação de um mol de íons em solução aquosa de diluição infinita a partir de seus elementos químicos formadores no estado padrão. Exemplos: 1 0 Cl2 ( g ) 1e aq Cl(aq ) = -167,28 kJ.mol-1 Hion 2 0 = -239,43 kJ.mol-1 Na( s) aq Naaq 1e Hion 3 0 O2 ( g ) 2e aq CO32(aq ) = -239,43 kJ.mol-1 Hion 2 Nota: Por convenção as entalpias de formação dos íons em solução aquosa de diluição infinita são avaliadas em relação à reação de formação do íon Haq cuja entalpia é fixada em C( graf .) zero: 1 H2 ( g ) aq Haq 1e 2 0 =0 Hion 5 Entalpia de de Ligação É a entalpia necessária para quebrar mol de ligações químicas entre dois átomos no estado gasoso a 298 K e 0,1 MPa. Exemplos: 0 H2(g) 2H(g) ou HH-H = 435,94 kJ.mol-1 H lig . O2(g) 2O(g) 0 ou HO-O = 498,34 kJ.mol-1 H lig . O-H(g) H(g) + O(g 0 ou HH-O = 428,19 kJ.mol-1 H lig . CH4(g) C(g) + 4H(g) 0 ou HC-H = 411,73 kJ.mol-1 H lig . Entalpia de Atomização É a variação de entalpia que ocorre na atomização ou dissociação de um mol de um elemento químico em seu estado padrão em seus respectivos átomos no estado gasoso a 298 K e 0,1 MPa. Exemplos: -1 0 0,5F2(g) F(g) H atm = 76,49 kJ.mol 0,5N2(g) N(g) -1 0 H atm = 470,25 kJ.mol C(graf.) C(g) -1 0 H atm = 717,71 kJ.mol 0 0 Observação: Notar que, para moléculas diatômicas, tem-se que H atm = 0,5 Hlig Entalpia de Neutralização É a variação de entalpia na reação envolvendo um ácido e uma base sendo que ambos os reagentes devem estar em uma solução aquosa diluída. exemplos: 0 HCl(aq) + NaOH(aq) NaCl(aq) + H2O = -56,43 kJ.mol-1 Hneut. 0 H2 SO4(aq) + 2KOH(aq) K2 SO4(aq) + 2H2O Hneut. = 2x(-56,43 kJ) Observação: a entalpia de neutralização de ácidos fortes por bases fortes é aproximadamente constante e seu valor é de -56,43 kJ por mol. Este resultado é esperado quando se recorda a reação que efetivamente ocorre entre ácidos e bases fortes é simplesmente 0 = -56,43 kJ.mol-1 Hneut. H3Oaq OHaq 2 H2 O( l ) aq Termoeletroneutralidade das Soluções Salinas Como os sais dos ácidos e bases fortes, além de não sofrerem reações de hidrólise, estarão totalmente ionizados em soluções aquosas é de se esperar que a mistura de tais soluções não apresenta interações químicas o que resulta em um H0 nulo para estes processos. Por exemplo: KNO3(aq) + NaBr(aq) KBr(aq) + NaNO3(aq H0 = 0 Escrevendo o processo anterior em forma de equação iônica, a afirmativa torna-se evidente: H0 = 0 K(aq ) NO3( aq ) Na(aq ) Br(aq ) K(aq ) NO3( aq ) Na(aq ) Br(aq ) O princípio segundo o qual soluções de diluição infinita de sais derivados de ácidos e bases fortes podem-se misturar-se sem absorção ou desprendimento de calor é conhecido como princípio da termoeletroneutralidade das soluções salinas. É evidente que, quando acontece uma reação química, o princípio não tem validade. Por exemplo: 6 Ba(2aq ) 2Cl(aq ) 2 Na(aq ) SO42(aq ) BaSO4( s) 2Cl(aq ) 2 Na(aq ) H0 = 6,69 kJ.mol-1 H0 = 6,69 kJ.mol-1 Ba(2aq ) SO42(aq ) BaSO4 ( s) Dependência do calor de reação com a temperatura Através dos dados termoquímicos tabelado, pode-se avaliar o H0 de uma reação a 298 K. Como dificilmente um processo natural ou de laboratório acontece nesta temperatura, é necessário determinar o H0 de uma reação em uma temperatura qualquer. O H0 de uma reação é dado por: 0 0 0 Hreacao Hprod . HRe ag . derivando esta equação em relação a T mantendo p constante tem-se: 0 0 0 H prod Hreag (Hreac . . .) o que leva a , T p T p T p 0 (Hreac 0 0 0 .) Cp prod . CVreag . Cpreac. T p a equação anterior pode ser escrita na forma: H T) 0 H 298 K d ( H 0 ) T 298 K 0 Cp0dT HT0 H298 K T 298 K Cp0dT É evidente que, caso a reação aconteça a volume constante, é válida a relação: T ET E298K CVdT 298K Relação entre Qp e QV Mostrou-se anteriormente que Qp = H e QV = E; já que se sabe que H = E + pV; se a reação química acontece à pressão constante, a igualdade anterior assume a forma: H = E + (pV) = E + p(V) A última equação mostra que fator de diferença entre H e E para uma reação que acontece sob vínculo de p = constante é a variação de volume V que acontece durante a reação. Nas reações químicas envolvendo unicamente fases condensadas e/ou soluções V 0, o que leva a H E; caso algum gás participe da reação, V será geralmente diferente de zero e H E. A diferença entre as duas quantidades pode ser avaliada de modo simples, admitindo comportamento ideal para os gases envolvidos; como p não varia pode-se escrever, então: pV = p(Vgases prod. -Vgases reag.) = (ngases prod. - ngases reag.)RT ou simplesmente pV = (n)gasesRT, pois pVgases reag. = ngases reag.RT e pVgases prod. = ngases prod.RT. Portanto pode-se escrever que: H = U + (n)gases RT Exemplo: Avaliar o U envolvido na combustão de um mol de C6H6(l) . 0 -1 Dado: Hcomb ., 298 K C6 H6 ( l ) = -3264,50 kJ.mol Solução: A equação termoquímica do processo é: C6H6(l) +7,5O2(g) 6CO2(g) + 3H2O(l) A reação acontece com contração de volume, pois ngases = 6 - 7,5 = -1,5 7 H = U + (n)gases RT -3264,50 = U -(1,5 x 8,3144 x 298)/1000 logo: U = -3260,78 kJ.mol-1 Cálculo da temperatura final dos produtos de uma reação sob regime adiabático A temperatura atingida pelos produtos de uma reação química que acontece em regime adiabático pode ser estimada, admitindo-se que o processo aconteça em duas etapas; na primeira, a reação se processa isotérmicamente, liberando uma dada quantidade de calor: 1-A + B (0,1 MPa, 298 K) C + D (0,1 MPa, 298 K) + calor (H0) Na segunda etapa, o calor desprendido será utilizado no aquecimento dos produtos, uma vez que não haverá troca de calor entre o sistema e as vizinhanças. 2- C + D (0,1 MPa, 298 K) + calor liberado em 1 C + D (0,1 MPa, T) Portanto pode-se escrever que: H 0 T 298K Cp dT , onde Cp 0 0 soma das capacidades caloríficas de todas as substâncias químicas presentes no estado final. Exemplo: Avaliar a temperatura máxima a que pode atingir a chama resultante da combustão do octano com quantidade estequiométrica de oxigênio. 0 Dados: H c0 [C8H18(l) ] = -5069,71 kJ.mol-1 ; Cp [CO2(g)] = 52,25 J.mol-1 .k-1 0 Cp [H2O(g) ] = 41,80 J.mol-1 .K-1 H f0 ,298K [H2O(l)] = -285,57 kJ.mol-1 ; H f0 ,298K [H2O(g)] = -241,60 kJ.mol-1 Solução: 1-C8H18(l) + 12,5O2(g) 8CO2(g) + 9H2O(l) H0 = -5069,71 kJ.mol-1 O calor liberado na reação anterior será utilizado para converter água líquida em vapor e para aquecer os produtos. Assim, pode-se escrever: conversão de água líquida em vapor 9H2O(l) 9H2O(g) H0 = 9 x ( H f0 ,298K [H2O(g)] - H f0 ,298K [H2O(l)] ) = 395,73 kJ.mol-1 aquecimento dos produtos O calor resultante para o aquecimento dos produtos será: - H0 = 5069,71 - 395,73 = 4673,98 kJ.mol-1 8CO2(g) + 9H2O(g) + -4673,98 kJ.mol-1 (T = 298 K) 8CO2(g) + 9H2O(g) (temp. = T) Tem-se, portanto: 4673,98 x 1000 = T 298K [8(52,25) 9(41,80)]dT T = 6183 K O resultado obtido merece algumas críticas: a-admitiu-se invariabilidade das capacidades caloríficas dos produtos com a variação da temperatura; b-perdas térmicas não foram levadas em consideração; c-admitiu-se um rendimento de 100 % para a reação; 8 d-admitiu-se uma atmosfera reacionante pura de oxigênio. 9