Universidade Federal de Pelotas – UFPEL Departamento de Economia - DECON Economia Ecológica Professor Rodrigo Nobre Fernandez Capítulo 12 – A valoração da biodiversidade: conceitos e concepções metodológicas Pelotas, 2010 12.1 Introdução A interferência feita pelo homem no meio ambiente resulta em conseqüências; Estes custos são absorvidos pela própria sociedade sob a forma de aumento de impostos, instituição de taxas e outros artifícios fiscais; 2 1 12.2 O valor econômico da biodiversidade: contribuição neoclássica O famoso VERA; Para realizar a análise de bem-estar social decorrente numa mudança na qualidade e quantidade de bem-estar advindo de um recurso natural é necessário realizar o somatório dos ganhos oriundos deste recurso; 3 12.2 O valor econômico da biodiversidade: contribuição neoclássica Assim teremos a Disposição a Pagar dos indivíduos (DAP); A Disposição a Aceitar (DAC) é a dedução das perdas referentes aos benefícios não adquiridos do recurso ambiental. Em suma, as perdas sofridas pelo indivíduo; 4 2 12.2 O valor econômico da biodiversidade: contribuição neoclássica A teoria neoclássica defende que há uma base conceitual para a valoração econômica da biodiversidade e que esta não pode ser confundida com as informações reveladas pelos preços de mercado, que são coerentes para a avaliação dos benefícios e custos de natureza privada; 5 12.2 O valor econômico da biodiversidade: contribuição neoclássica No entanto sabe-se que há limitações no processo de valoração dos recursos ambientais: - Não há informação completa; - Há incerteza, dificulta o ordenamento das preferências; - Não se define claramente a agregação dos ecossistemas; - Problemas de decisão intertemporal; 6 3 12.3 Os valores da natureza: uma contribuição da economia ecológica O preço apenas significa que o recurso natural tem cotação no mercado, exibindo a escassez e a utilidade; No entanto existem valores que não podem ser precificados, bem como, questões éticas, morais e espirituais; Estes princípios são importantes no processo de decisão dos policy makers; 7 12.4.1 Os métodos de valoração da biodiversidade: Mercados de bens substitutos O mercado é um local onde há a constante interação entre desejos dos produtores e dos consumidores; Os bens substitutos são representados por aqueles que havendo um aumento no preço de um bem, acarretam no aumento da demanda por outro bem; 8 4 12.4.1 Método do custo de recuperação e/ou custo de reposição Tem por objetivo estimar o custo de repor ou restaurar o recurso ambiental danificado de maneira a restabelecer a qualidade ambiental inicial; Custo social imposto pelo acidente, exemplo: derramamento de óleo na baía de Guanabara no Rio de Janeiro em 2000; 9 12.4.1 Método do custo de controle É o custo do investimento cuja finalidade é melhorar a capacidade de resposta dos ativos naturais em decorrência dos efeitos da degradação; É amplamente utilizado em análises de tomada de decisão sobre problemas globais associados a mudanças climáticas; 10 5 12.4.1 Método do custo irreversível Este método é muito interessante quando entende-se que a despesa realizada com o recurso natural é irrecuperável; Desta forma pode-se estimar a perda ou o custo do recurso natural; Este método é usado por agentes privados em sinal de benevolência ou compromisso com a causa ambiental; 11 12.4.1 Método do custo evitado É útil para estimar os gastos que seriam incorridos em bens substitutos para não alterar a quantidade consumida ou a qualidade do recurso natural em questão; O bem de mercado a ser considerado, não deve gerar nenhum outro benefícios aos indivíduos a não a substituição do recurso natural; 12 6 12.4.1 Método da produtividade marginal Ele é aplicável quando o recurso natural analisado é o fator de produção de algum bem ou serviço comercializado no mercado; Este método visa achar uma ligação entre a mudança no provimento do recurso natural e a variação na produção de um bem ou serviço de mercado; 13 12.4.1 Método da produção sacrificada* A teoria do capital humano supõe que uma vida perdida representa um custo de oportunidade para sociedade, equivalente ao valor presente da capacidade de gerar renda deste indivíduo; Esta abordagem pode ser utilizada em casos onde há riscos ambientais associados a saúde humana; 14 7 12.4.2 Métodos de preferência revelada Baseiam-se na teoria do comportamento do consumidor, a qual fundamenta as escolhas do consumidores nos mercado econômicos; 15 12.4.2 O método do custo de viagem Em 1949, Hotteling escreveu uma carta ao dirigente do Serviço Nacional de Parques dos EUA, sugerindo que os custos de visitação poderiam ser utilizados como uma medida de valor de uso; Este método estima o preço de uso de um ativo ambiental por meio da análise dos gastos decorridos pelos visitantes; 16 8 12.4.2 O método do custo de viagem Utiliza-se questionários aplicados aos visitantes, para a coleta de dados primários; Algumas considerações: Homogeneidade entre os indivíduos moradores de uma mesma região ou zona; Estima-se então uma curva de demanda; Calcula-se o excedente do consumidor; É possível estimar-se a elasticidade; 17 12.4.2 O método de preço hedônico O hedonismo é uma corrente filosófica ou doutrina que considera que o prazer individual é imediato; O método estima um preço implícito com base em atributos ambientais característicos de bens comercializados em mercado, por meio da observação dos mesmos; 18 9 12.4.2 O método de preço hedônico Primeiramente estima-se uma função de preço hedônico; Para isto o mercado analisado é perfeitamente competitivo e existe informação perfeita; 19 12.4.3 Métodos de preferência declarada Baseiam-se nas preferências dos consumidores ou usuários de recursos naturais e utilizam mecanismos de eliciar as escolhas por meio de questionários; 20 10 12.4.3 O método de valoração contingente Consiste na utilização de pesquisas amostrais para identificar, em termos monetários, as preferências individuais em relação a bens não comercializáveis no mercado; São criados mercados hipotéticos do recurso ambiental; As pessoas expressam suas preferências através da DAP e da DAC; Para isto é necessária a formulação criteriosa da metodologia de pesquisa; 21 12.4.3 O método de valoração contingente Principais vieses do método: Estratégico: está relacionado fundamentalmente a percepção dos entrevistados acerca da obrigação do pagamento; Informação: interferência da informação fornecida ao cenário hipotético; Entrevistador: a forma como ele se comporta; Instrumento de pagamento:quando os indivíduos são totalmente indiferentes em relação ao veículo de pagamento; 22 11 12.4.3 O método de análise conjunta Neste método os indivíduos recebem um conjunto de cartões, descrevendo cada um uma situação diferente ou alternativas hipotéticas a respeito do recurso natural; As pessoas são chamadas a ordenarem suas preferências, utilizando-se as taxas marginais de substituição; Se o bem tiver preço de mercado então é possível calcular a DAP do entrevistado; Comunidades com pouca ou nenhuma experiência em demonstrar suas preferências; 23 12.4.4 O método da função efeito Refere-se a estimação de uma função dose resposta a qual fornece uma relação de causa efeito de fenômenos ambientais; O método estabelece uma relação entre o impacto ambiental (como resposta) e alguma causa deste impacto, por exemplo, poluição (como dose); 24 12 12.4.5 O método multicritérios Este método reconhece o problema de incerteza, ausência de informações e incomensurabilidade; A teoria da utilidade multiatributo baseia-se em uma função de valor composta por um conjunto de alternativas que o tomador de decisão deseja avaliar as quais podem ser agregadas por critérios ou atributos; 25 12.4.6 O método de valoração do balanço dos fluxos de matéria e energia Sua proposição básica é integrar a valoração ambiental aos princípios de economia ecológica; A valoração através de uma matriz de insumoproduto, baseia-se, na construção de uma matriz que retrate o intercâmbio constante entre os diversos setores que consomem e produzem ativos e serviços ambientais; 26 13