1. INTRODUÇÃO Esta pesquisa tem por tema as classes formais do

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1. INTRODUÇÃO
Esta pesquisa tem por tema as classes formais do português constituídas de palavras
não-verbais terminadas nas vogais átonas /o, a, e/. Com inspiração no trabalho de Harris
(1999), à luz do modelo teórico da Morfologia Distribuída (Halle & Marantz, 1993, 1994), o
presente estudo pretende não só analisar e descrever o papel desempenhado pelas vogais
temáticas nominais, ou morfemas de classe formal, /o, a, e/, nas palavras não-verbais do
português do Brasil – identificadores de distintas classes formais, ou classes temáticas, mas
contribuir para a discussão acerca da interface entre morfologia e fonologia.
Por ser o tema escolhido muito pouco explorado em português, entende-se que uma
pesquisa aprofundada, como a que se visou a empreender, é não só pertinente como
necessária. Acredita-se, pois, que os esclarecimentos que dela possam decorrer ajudem na
elucidação de outras questões concernentes à fonologia e à morfologia do português.
A partir do estudo da teoria da Morfologia Distribuída (Halle & Marantz, 1993, 1994),
seguindo-se a proposta de Harris (1999), formulou-se uma hipótese geral, segundo a qual as
vogais átonas finais /o/ e /a/ são morfemas de classe formal, ao passo que a vogal átona final
/e/ se apresenta com dois papéis, morfema de classe formal ou vogal epentética. E como
objetivo geral do presente estudo pretende-se analisar e descrever o papel desempenhado
pelas vogais átonas finais /o, a, e/, como morfemas de classe formal.
As hipóteses e
objetivos específicos serão apresentados no capítulo 2, dedicado à metodologia empregada
neste estudo.
Enfim, o presente trabalho está organizado em sete capítulos, os quais se subdividem
em seções secundárias e terciárias.
O Capítulo 1 diz respeito à parte introdutória do trabalho em curso, na qual se encontra
um sucinto relato sobre as diferentes partes deste estudo, bem como do objetivo e hipótese
gerais levantados.
O Capítulo 2 dedica-se não só à exposição de todos os objetivos e hipóteses
levantados, mas também à organização dos dados e ao método de análise.
O Capítulo 3 é responsável pelo suporte teórico que fundamenta o trabalho, a
abordagem teórica da Morfologia Distribuída.
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No capítulo 3, apresenta-se a teoria da Morfologia Distribuída que assume ser a
gramática constituída de três módulos autônomos, a Sintaxe, a Morfologia e a Fonologia, o
segundo dos quais é a interface entre a Sintaxe e a Fonologia. Nesses três componentes da
gramática, a estrutura das sentenças e palavras é representada por diagramas arbóreos. Os nós
terminais das árvores (os morfemas) são constituídos de complexos de traços, tanto
fonológicos como não-fonológicos. O módulo da Sintaxe ocupa-se exclusivamente dos traços
não-fonológicos dos morfemas. O componente da Morfologia preocupa-se tanto com os
feixes de traços não-fonológicos quanto fonológicos. O módulo da Fonologia lida,
particularmente, com os traços fonológicos dos morfemas; não obstante, os traços nãofonológicos também aí desempenham um papel, embora secundário.
O Capítulo 4 traz a revisão bibliográfica do português, bem como um sucinto resumo
da análise de Harris (1999) do espanhol, na qual se inspira o presente estudo do português.
Esses dois eixos da revisão teórica fornecem o lastro para o desenvolvimento e discussão das
classes formais do português, sob o enfoque da teoria da Morfologia Distribuída.
O Capítulo 5 diz respeito à análise das distintas classes formais do português do Brasil
e o capítulo 6 concerne à aplicação do modelo adotado na presente pesquisa em palavras
derivadas do português.
No capítulo 5, desenvolve-se a análise dos dados do português, os agrupamentos
formais da língua constituídos de palavras não-verbais. Defende-se que as classes formais do
português são em número de cinco; a identificação dessas classes é feita através da
terminação que carregam a qual é intitulada morfema de classe formal – tradicionalmente
intitulada vogal temática. A classe I carrega todas as palavras terminadas na vogal /o/, a
classe II abriga todos os vocábulos acabados na vogal /a/, a classe III reúne não somente
palavras terminadas na vogal epentética /e/, mas também aquelas que terminam em / r S /. A
classe IV constitui-se de todos os vocábulos que, a despeito de carregarem uma consonante
licenciada pela coda, ainda assim terminam na vogal /e/. A classe V identifica-se por agrupar
não somente palavras terminadas em vogal tônica e seqüências de duas vogais – os
denominados ditongos, bem como as terminadas nas soantes / l N /. Ressalta-se que, sob a
perspectiva aqui assumida, os morfemas de classe formal pertencem à morfologia flexional e
não à morfologia derivacional da língua – cujos morfemas mudam o significado e/ou a
categoria gramatical do radical; por conseguinte, a adjunção dos morfemas de classe formal
aos radicais não-verbais tem por função única assegurar a boa-formação morfológica da
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palavra. Logo, os morfemas de classe formal são despojados de quaisquer funções sintáticosemânticas.
No capítulo 6, desenvolvem-se as idéias trabalhadas nos capítulos precedentes através
de exemplificações, em que a morfologia derivacional do português, em termos de sufixos
nativos, é diretamente tratada.
O Capítulo 7 consagra-se à conclusão do trabalho.
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