1 Revista da APM Agosto de 2006 2 Revista da APM Agosto de 2006 Nicolau D’Amico Filho Roberto Lotfi Jr. APRESENTAÇÃO Tecnologia a serviço da saúde A tecnologia sempre alavancou os grandes avanços na medicina, mas, Publicação da Associação Paulista de Medicina Edição nº 570 – Agosto de 2006 desta vez, ela foi além, pois vai possibilitar à toda classe médica a oportunidade de atualização, troca de experiências, mesmo que o profissional esteja trabalhando no mais remoto local do planeta. As redes de Telemedicina vão permitir, por meio de computadores, a unificação de procedimentos na área da saúde, que vai beneficiar médicos e pacientes. Tudo pela Internet de baixo custo, seja discada ou banda larga. O Brasil se prepara para agilizar o uso dessa tecnologia. A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) saiu na frente e é hoje o maior centro de Telemedicina do país e um dos principais da América Latina. mostram o debate sobre temas polêmicos, como a “Terminalidade da Vida”. Pautamos ainda outras reportagens jornalísticas interessantes, inseridas nesta edição. Boa leitura! Diretores Responsáveis Nicolau D’Amico Filho Roberto Lotfi Junior Nicolau D’Amico Filho e Roberto Lotfi Jr. Diretores de Comunicação Editor Responsável Ulisses de Souza – MTb 11.459–SP Editora-assistente Luciana Oncken – MTb 46.219–SP Repórteres Adriana Reis Carla Nogueira Leandro de Godoi Ricardo Balego Editor de Arte Leandro Deltrejo Projeto e Produção Gráfica Cubo Editorial e Notícias [email protected] Fotos: Osmar Bustos Revisora: Thais Oncken Secretaria: Rosenaide da Silva Assistente de Comunicação: Laura Rocha Passerini CONTEÚDO 3 Apresentação 4 Editorial 6 Saúde Pública 8 Música Popular Paulista Portal da APM www.apm.org.br Clara Brandão, a mãe da multimistura 10 Radar Médico 14 CAPA Telemedicina 32 Cotidiano 34 Câncer 36 Radar Médico Comercialização Departamento de Captação e Marketing da APM Fones: (11) 3188-4200/3188-4300 Fax: (11) 3188-4293 Periodicidade: mensal Tiragem: 30 mil exemplares Circulação: Estado de São Paulo (Inclui Suplemento Cultural) 26 Saúde Pública 38 Música 39 Agenda Científica 41 Agenda Cultural USP é a pioneira nessa tecnologia 20 Música Popular Paulista 22 Profissão 42 Produtos & Serviços 43 Literatura 44 Por Dentro do SUS 45 Classificados 3 Revista da APM REDAÇÃO Av. Brigadeiro Luís Antônio, 278 Cep 01318-901 – São Paulo – SP Fones: (11) 3188-4200/3188-4300 Fax: (11) 3188-4279 E-mail: [email protected] Agosto de 2006 A Telemedicina é o nosso assunto de capa. Há também matérias que Jorge Carlos Machado Curi PRESIDENTE DA APM EDITORIAL Agosto de 2006 Plantar mudanças e colher bons frutos Revista da APM 4 O mundo ainda está atordoado com a nova onda de intensa violência e intolerância no Oriente Médio. Esse conflito milenar causa, tristemente, mais uma disputa bélica que, além de incontáveis danos materiais, deixa como rastro o massacre de inúmeras vidas humanas. É incrível que, no século XXI, após tantos avanços da humanidade, guerras ainda façam parte do cotidiano. Quanto vale uma vida? Independentemente de qualquer tendência racial ou religiosa, todos sabemos que é o maior bem existente, embora tantas vezes não pareça. Infelizmente muitos outros países, tantos os desenvolvidos como os demais, enfrentam igualmente ondas de enorme violência. O Brasil, lamentavelmente, é um deles. Na periferia das nossas grandes e ricas metrópoles, contabilizamos diariamente um número maior de baixas de jovens pobres assassinados do que em todas essas guerras que acompanhamos à distância, por intermédio da mídia. Temos vários recordes vergonhosos. Não perdemos para ninguém em trauma e violência. Nossos índices são contundentes, há muitos anos. Tendem a piorar agora com a guerra urbana e as diferenças sociais crescendo cada vez mais. A profunda corrupção estimula os desvios de caráter. Hoje nem sabemos a real dimensão da falta de ética nas instâncias de poder. Guerras e criminalidade sempre houve, o que assusta mais, neste momento, é a incrível perda de valores da nossa sociedade. Especialistas e militantes de inúmeras ONGs têm se proposto a recuperar jovens que caíram na delinqüência, vítimas do tráfico de drogas, por exemplo. Esta batalha confirma, na maioria dos casos, que há associação íntima do crime com a degradação familiar e ausência do pai. A história mostra que devemos incluir sempre, que após as grandes crises ocorrem incríveis avanços da humanidade. É isso que devemos esperar, mas não de braços cruzados. Como reverter o incrível círculo vicioso da corrupção e dos crimes que tanto desanima? Existe o exemplo de países que protagonizaram grandes viradas, investindo na área social, e, especialmente, em educação de verdade e de qualidade. Com responsabilidade, o Estado pode – e deve – modular esse processo, garantindo financiamento efetivo para a saúde, segurança educação, assistência social. É necessário estabelecer uma política de valorização adequada para os funcionários desses segmentos e priorizar a eficácia na formação do brasileiro, inclusive dos atualmente excluídos, para alcançar um novo status de nação. Todos temos de romper com o desânimo moral desta má hora, registrando nossa indignação e empreendendo ações para a construção de um Brasil mais justo e digno. Principalmente nós, os médicos, que sempre nos envolvemos intensamente com a luta por mudanças sociais que beneficiem a comunidade. Nesta eleição, aliás, devemos usar nossa força para potencializar candidatos que estejam comprometidos com essa causa, com nomes que estão de fato ao nosso lado, para transformar o Brasil do presente e colher bons frutos agora. DIRETORIA ELEITA - DIRETORIA 2005-2008 Presidente: Jorge Carlos Machado Curi 1º Vice-presidente: Florisval Meinão 2º Vice-presidente: Paulo De Conti 3º Vice-presidente: Donaldo Cerci Da Cunha 4º Vice-presidente: Luís Fernando Peixe Secretário Geral: Ruy Y. Tanigawa 1º Secretário: Renato Françoso Filho DIRETORES Administrativo: Akira Ishida; Administrativo Adjunto: Roberto de Mello; 1o Patrimônio e Finanças: Lacildes Rovella Júnior; 2o Patrimônio e Finanças: Murilo Rezende Melo; Científico: Alvaro Nagib Atallah; Científico Adjunto: Joaquim Edson Vieira; Defesa Profissional: Tomás Patrício SmithHoward; Defesa Profissional Adjunto: Jarbas Simas; Comunicações: Nicolau D´Amico Filho; Comunicações Adjunto: Roberto Lotfi Júnior; Marketing: Ronaldo Perches Queiroz; Marketing Adjunto: Clóvis Francisco Constantino; Eventos: Hélio Alves de Souza Lima; Eventos Adjunto: Frederico Carbone Filho; Tecnologia da Informação: Renato Azevedo Júnior; Tecnologia da Associação Paulista de Medicina Filiada à Associação Médica Brasileira SEDE SOCIAL: Av. Brigadeiro Luís Antônio, 278 – CEP 01318-901 São Paulo – SP – Fones: (011) 3188-4200/3188-4300 Informação Adjunto: Antonio Ismar Marçal Menezes; Previdência e Mutualismo: Alfredo de Freitas Santos Filho; Previdência e Mutualismo Adjunto: Maria das Graças Souto; Social: Nelson Álvares Cruz Filho; Social Adjunto: Paulo Cezar Mariani; Ações Comunitárias: Yvonne Capuano; Ações Comunitárias Adjunto: Mara Edwirges Rocha Gândara; Cultural: Ivan de Melo Araújo; Cultural Adjunto: Guido Arturo Palomba; Serviços Gerais: Paulo Tadeu Falanghe; Serviços Gerais Adjunto: Cristião Fernando Rosas; Economia Médica: Caio Fabio Camara Figliuolo; Economia Médica Adjunto: Helder de Rizzo da Matta; 1o Diretor Distrital São Caetano do Sul: Delcides Zucon; 2o Diretor Distrital Santos: Percio Ramon Birilo Becker Benitez; 3o Diretor Distrital São José dos Campos: Silvana Maria Figueiredo Morandini; 4o Diretor Distrital Sorocaba: Wilson Olegário Campagnone; 5o Diretor Distrital Campinas: João Luiz Kobel; 6o Diretor Distrital Ribeirão Preto: João Carlos Sanches Anéas; 7o Diretor Distrital Botucatu: Noé Luiz Mendes de Marchi; 8o Diretor Distrital São José do Rio Preto: Pedro Teixeira Neto; 9o Diretor Distrital Araçatuba: Margarete de Assis Lemos; 10o Diretor Distrital Presidente Prudente: Enio Luiz Tenório Perrone; 11o Diretor Distrital Assis: Carlos Chadi; 12 o Diretor Distrital São Carlos: Luís Eduardo Andreossi; 13o Diretor Distrital Barretos: Marco Antônio Teixeira Corrêa; 14o Diretor Distrital Piracicaba: Antonio Amauri Groppo CONSELHO FISCAL Titulares: Antonio Diniz Torres, Braulio de Souza Lessa, Carlos Alberto Monte Gobbo, José Carlos Lorenzato, Tarcísio Eloy Pessoa de Barros Filho. Suplentes: Krikor Boyaciyan, Nelson Hamerschlak, Carlos Rodolfo Carnevalli, Reinaldo Antonio Monteiro Barbosa, João Sampaio de Almeida Prado. 5 Revista da APM Agosto de 2006 SAÚDEPÚBLICA Transplantes de fígado têm nova regra Embora represente avanços, novo critério deve ser visto com cautela, segundo especialistas Agosto de 2006 RICARDO BALEGO Revista da APM 6 D esde o dia 17 de julho, os transplantes de fígado no Brasil têm como parâmetro um novo critério para a ordem na fila de espera: o de gravidade dos pacientes. A nova regra substitui o modelo rígido e cronológico, estabelecido no ano de 1997 e usado até então. A portaria do Ministério da Saúde nº 1.160, de 29 de maio, estabelece também que o estado de gravidade seja aferido por um modelo de exames chamado MELD/PELD. O alto índice de mortalidade na fila de espera, perto de 60%, foi um dos principais motivos para a mudança, segundo o Ministério da Saúde. Há de se considerar também os riscos inerentes ao próprio procedimento, estimados em torno de 15% a 20%. Mesmo após o transplante, somente 65% dos pacientes conseguem sobreviver um ano, segundo dados do Estado de São Paulo. Para João Galizzi Filho, presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia, esse sistema tem sido bem usado em muitos países da América do Norte e Europa. “Por outro lado, nós não sabemos como vai ser o resultado disso num país com as características do Brasil. Os programas de transplante de fígado têm evoluído nos últimos anos, mas são ainda heterogêneos e encontram grandes dificuldades, sobretudo na captação dos órgãos, o que contribui em muito para a mortalidade na lista de espera”, afirma. “Devemos ficar atentos e ver até que ponto isso contempla bem os nossos pacientes, qual será o impacto nos resultados e nos custos e se isso não está dificultando o acesso”, recomenda Paulo Celso Bosco Massarollo, secretário da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) e chefe do serviço de transplantes de fígado da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. A nova regra começou a vigorar após todo o sistema de informática das centrais de transplantes ter sofrido mudanças e readequações. Os pacientes que estão na fila também precisaram fazer novos exames para se readequar ao novo critério. No entanto, de acordo com o médico Paulo Massarollo, até a última semana de julho, a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo (SES) só havia conseguido refazer os exames para realocação dos pacientes em cerca de 20% dos que compunham a lista. Dos cerca de 7.000 doentes que aguardam um transplante de fígado no Brasil, 3.000 estão no Estado de São Paulo, onde a espera pode chegar a até Centrais de transplantes foram readequadas O critério A partir da mudança nas regras para transplantes de fígado, a avaliação da gravidade de cada caso deve ser feita por meio do MELD (Model for End-Stage Liver Disease), referente a indivíduos A avaliação dos especialistas é de que o novo processo, apesar de positivo, deve ser acompanhado de perto. “O novo critério representa avanços porque, da forma como estava, era insustentável uma perspectiva de tratamento. Mas há uma série de outras questões, há riscos que não estão dimensionados. Minha posição neste momento é de cautela”, reafirma Paulo Celso Bosco Massarollo Massarollo. adultos, e PELD (Pediatric End-Stage Liver Disease), indicado para crianças, modelos baseados em três exames laboratoriais que atribuem pontos ao paciente. A pontuação vai de 6 a 40, sendo que, quanto maior o número, maior a gravidade do paciente e menor sua expectativa de vida. Valores iguais ou superiores a 15 já são considerados casos de hepatologia grave. Casos com índices superiores a 25 devem ter seus exames repetidos em menos de sete dias, assim como, de 19 a 24, o procedimento deve ser realizado em até 30 dias. Na prática, significa que a lista de receptores se torna flutuante, e pode se alterar conforme oscila o estado de saúde de seus pacientes, alternando posições. É importante lembrar que os critérios utilizados pelo MELD/ PELD avaliam a sobrevida dos pacientes enquanto estão na lista, e não depois que recebem o órgão. Captação Do ponto de vista da captação dos Segundo o coordenador da Central Estadual de Transplantes de São Paulo ereira (CET), Luiz Augusto PPereira ereira, “para implantar o novo sistema aqui em São Paulo, o sistema informatizado precisou ser completamente alterado”. As mudanças levaram cerca de um mês e meio para serem feitas. órgãos, a portaria do MS também exigiu algumas mudanças. Estruturalmente, as duas Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) continuam agindo de forma descentralizada no Estado, de acordo com a região em que se encontra o enxerto a ser transplantado. A primeira Central, que fica na SES, na capital paulista, abrange também a Grande São Paulo, Litoral Norte e Vale do Ribeira. A segunda, sediada no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, atende o restante do Estado. “A estrutura continua igual, o que muda é o sistema informatizado e o fluxo de informações das equipes”, confirma Pereira. Site informativo da Central de Transplantes Agosto de 2006 quatro anos. Como exemplo de contraste, em 2005 foram realizados, em todo o país, apenas 759 transplantes com órgãos de doadores falecidos. Segundo dados da própria SES, no período em que foi usado o critério cronológico, cerca de 63% dos pacientes da lista eram excluídos porque morriam na espera. “Acredito que isso representa um passo à frente, mas não podemos ter a ingenuidade de achar que vai resolver por completo as dificuldades para obtenção de um transplante, porque a demanda tem crescido muito mais que a oferta de órgãos. A posição da Sociedade Brasileira de Hepatologia é uma posição de prudência”, confirma João Galizzi Filho Filho, para quem o maior problema ainda é a falta de doadores. 7 Revista da APM Processos aguardam na lista de espera MÚSICAPOPULARPAULISTA Agosto de 2006 Mestre do samba Irreverência marca apresentação de Osvaldinho da Cuíca na homenagem de julho do projeto Música Popular Paulista. No palco, uma verdadeira aula de samba Revista da APM 8 ADRIANA REIS M uito prazer, eu me apresento: trilha sonora do nosso Brasil. Está for- inúmeras histórias, que inspiraram suas mada a nossa orquestra. criações. Uma delas, gravada no CD sou o samba paulista. Chego Uma verdadeira história da criação Osvaldinho da Cuíca Convida – em de mansinho e, pouco a pouco, entusi- do mais brasileiro dos gêneros musi- referência ao samba paulista, o mais asmo quem está a minha volta. Meu cais. Osvaldinho da Cuíca mostrou, na recente do artista, ele fala sobre as difi- ritmo é marcado pelos tambores e pela noite de 6 de julho e para um público culdades em conviver com uma vizi- caixa. Herança de um povo festivo, de animado, porque é considerado mestre nha num prédio da Vila Monumento, pele retinta, que foi trazido pelos por- na arte de tocar, cantar e contar o samba. bairro da zona sul de São Paulo, onde tugueses e que cantava por sua liberta- Em quase duas horas de show, ele apre- mora. Os versos arrancaram risos: ção. O batuque, que era um menino sentou composições próprias e clássi- “Minha vizinha é maloqueira/ Malo- cativo, foi coroado pela beleza sonora cos de outros gênios do samba, como queira, maloqueira / Sem era nem do cavaquinho, que veio da Ilha da Adoniran Barbosa, fazendo a platéia do beira, sem educação / Desabafo can- Madeira para enfeitar o meu samba. Auditório Nobre da APM repetir os tando esse samba pra ela / Com muito Depois chegou o violão, usado pelos versos e aplaudir a cada nova música. respeito e consideração”. espanhóis, herança dos mouros. O pan- Acompanhado por cinco músicos – A irreverência das letras era evidente deiro é árabe, mas foi na mão do brasi- Renato 7 Cordas, no violão; Julio Cé- também no visual: Osvaldinho da Cuíca leiro que ganhou personalidade. Virou sar, na percussão e voz; Marcelo Barro, subiu ao palco de terno branco, camisa até “disco voador”. E tem a cuíca. Ins- na percussão; Odair Menezes, no cava- preta, corrente dourada no pescoço, trumento oriental, foi introduzido no quinho e voz; e Borão, na percussão – sapato bicolor rigorosamente lustrado samba por Bento Ribeiro. A cuíca tem dois deles seus filhos, Osvaldinho da e o inseparável chapéu. Espalhou sor- o dom de cantar sem ter voz. Essa é a Cuíca conversou com o público e contou riso e exibiu seu samba no pé. Um típico representante do samba paulista, verdadeiro professor. Osvaldinho da Cuíca nasceu Osvaldo de Barros, na capital paulista, em 1940. Tornou-se conhecido do público em 1967, ao participar do Terceiro Festival da Record, ao lado de outro ícone do samba paulista: Demônios da Garoa. Juntos, defenderam a música “Mulher, patrão e cachaça”, que reproduzia Apresentação de Osvaldinho da Cuíca, na APM um diálogo entre os instrumentos mu- ver...”, em referência ao bairro onde a Osvaldinho convida o músico José Ro- surgiram frutos ao lado de parceiros escola está instalada. berto para integrar o grupo, agregando como Martinho da Vila, Beth Carva- Em sua trajetória musical, Osvaldi- outra cuíca à formação do palco. Todos lho, Elizeth Cardoso, Cartola, Vinícius nho da Cuíca formou o Trio Canela, fazem um verdadeiro passeio pelas tra- de Morais, Gal Costa, além do imortal com Osmar do Cavaco e Jair do Cava- dições do samba paulista, entoando Adoniran Barbosa. quinho, ambos da Velha Guarda da clássicos como Saldosa Maloca, Trem Apaixonado pelo Carnaval, Osvaldi- Portela. Também integrou o grupo das Onze e Samba do Ernesto. Osvaldi- nho é fundador da Ala dos Composito- Velhos Amigos e, em 1999, gravou o nho da Cuíca encerrou seu show sendo res da escola de samba Vai-Vai. Para disco “História do Samba Paulista”, homenageado pela APM e mostrou, homenageá-la, cantou em seu show na com participação de Thobias da Vai- mais uma vez, que seus instrumentos APM os versos: “Quem nunca viu o Vai, Germano Mathias e Aldo Bueno. falam, cantam e encantam quando o samba amanhecer, vai no Bixiga pra Ao final do show, uma surpresa: assunto é samba. Dona Inah A próxima atração do Música da vida artística e o trabalho con- Tim. Antes disso, Dona Inah gra- Popular Paulista é Dona Inah, no dia vencional. Desde cedo, buscou vou o álbum “Divino Samba Meu” 14 de setembro (ver agenda, página como referência musical grandes e representou o Brasil em importan- 41). Herdeira de uma tradição de nomes que conheceu de perto, nos tes festivais internacionais. No mes- canto peculiar, arraigada à escola das bastidores da Rádio Record e em mo ano, ainda se apresentou em grandes divas do rádio e à expressão apresentações na Rádio Clube de Paris durante as comemorações do do samba de raiz, Dona Inah iniciou Santo André. Entre eles, Isaurinha “Ano do Brasil na França”. sua carreira na década de 1950, Garcia, Aracy de Almeida, Nelson cantando em rádios e clubes de Gonçalves e Orlando Silva. Em seu novo show, a veterana sambista Dona Inah apresenta um Araras, cidade paulista onde nasceu. Em 2005, aos 70 anos, a sambista repertório composto por sambas de E do interior para a capital, seu foi coroada com o prêmio “Melhor seu primeiro CD, com músicas dos trajeto foi marcado pelo equilíbrio Revelação” na edição do prêmio grandes mestres do samba. 9 Revista da APM panheira inseparável. Desse casamento, Agosto de 2006 sicais. Osvaldinho fez da cuíca sua com- RADARMÉDICO Agosto de 2006 Não à venda de álcool líquido Revista da APM 10 Uma parceria envolvendo diversas entidades como a Associação Paulista de Medicina (APM), ProTeste, organização não-governamental Criança Segura, Sociedade Brasileira de Queimadura, Instituto Pró-Queimados, Sociedade Brasileira de Pediatria e Associação Médica Brasileira (AMB) foi firmada para lutar contra a venda direta do álcool líquido com teor acima de 46º INPM – Instituto Nacional de Pesos e Medidas. Um dos principais motivos da iniciativa é o número alarmante de vítimas de queimaduras provocadas pelo uso do produto. Só no Brasil, são cerca de 150 mil pessoas, sendo um terço crianças. Com o objetivo de mostrar o perigo do uso do produto e de procurar apoio da população na proibição da venda, as entidades lançaram, em seus sites, um manifesto (abaixo-assinado). A ação também pretende chamar a atenção da Câmara Federal para retornar o processo de votação do projeto que está ainda em tramitação, que dispõe sobre a proibição da venda do álcool líquido acima de 46º INPM. O perigo Hoje, o consumidor usa o produto, na maioria das vezes, para limpeza ou acendimento de fogo. Mas o que poucos sabem é que os produtos oferecidos no mercado na forma líquida não têm capacidade totalmente bactericida. Portanto, não são eficazes no caso de limpeza. A gradação correta deve ser entre 68º e 72º INPM e, mesmo assim, somente os setores de saúde têm acesso a este tipo de álcool. Existem outros produtos mais eficazes para atender a tal finalidade como água e sabão. Para acendimento de fogo, a versão em gel não traz risco de explosão em condições normais de uso e rende três vezes mais. Além disso, o fogo não se espalha, como ocorre com o líquido, evitando que grandes áreas do corpo sejam queimadas. SERVIÇO Para participar, é só acessar www.proteste.org.br; www.criancasegura.org.br, www.amb.org.br ou www.apm.org.br e preencher o formulário confirmando sua colaboração. Campos do Jordão As inscrições para o sorteio No valor, não está incluso o café de Hospedagem no Parque Hotel da manhã, que é cobrado à parte. Campos do Jordão. Cotas de no- O benefício só tem validade para vembro – estão abertas até 10 de médicos associados. Informa- outubro. A diária do apartamento, ções: (11) 3188-4280 – Departa- para 4 pessoas, é de R$ 30,00. mento Social. Foto: Divulgação USP 25 anos de HU Foto: Divulgação USP O Hospital Universitário da Universidade de São Paulo comemorou, no dia 7 de agosto, 25 anos de atividade. A cerimônia do festejo contou com a presença do superintendente do hospital, o professor e doutor Paulo Lotufo, do professor titular da FMUSP, Giovanni Guido e da reitora da USP, professora Suely Vilela. Legal e Ética em Perícia Médica, doenças da coluna vertebral limitantes, os mitos e realidades da DORT/LER lesões provocadas por situações de trabalho prejudiciais que levam à incapacidade temporária ou definitiva dos trabalhadores, os aspectos médicos legais sobre simulações e dissimulações. Além de assuntos como avaliação pericial em Psiquiatria e Síndrome de Burnout, entre tantos outros presentes no dia-a-dia do profissional que trabalha em perícia. O médico psiquiatra forense Guido Palomba, diretor cultural adjunto da APM, falou sobre o tema Alienação Mental. O diretor de Defesa Profissional da APM, Jarbas Simas, que também é médico perito, ministrou a palestra sobre Imperícia e Atestados Falsos. Em sua avaliação, o evento marca um grande avanço na área de perícia que discutiu o segmento em todas as áreas, desde administrativa até a legislação. “Os profissionais presentes saíram mais esclarecidos, conhecendo mais a área em que atuam”, analisou Simas. O diretor da APM, Guido Palomba, foi um dos palestrantes Funcionário bem informado Os funcionários da Associação Paulista Naoki Shimabukuro, Maria Cecília Za- causadas por negligencia no trânsito, de Medicina (APM) foram o público-alvo non e Maria de Fátima Queiroga Neves. entre outros. “As pessoas precisam da palestra “Segurança no Trânsito do Durante uma hora e meia, os pales- saber que o trânsito é um exercício de ponto de vista médico”, no dia 20 de trantes falaram sobre: os perigos do cidadania. É uma troca de espaço onde julho, ministrada pelos médicos especia- trânsito; como conduzir o veículo de o risco é grande quando não se tem res- listas em Medicina do Tráfego, Henrique forma mais segura, índices de mortes peito”, considerou Shimabukuro. 11 Revista da APM A Associação Paulista de Medicina sediou, nos dias 4 e 5 de agosto, a I Jornada Multidisciplinar em Perícia Médica do Departamento de Perícias Médicas do Estado de São Paulo e do Comitê Multidisciplinar de Psiquiatria Forense da APM. O evento, que teve apoio da Secretaria do Estado da Saúde, do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), foi destinado a médicos peritos, assistentes sociais, psicólogos e outros profissionais envolvidos na área. Na ocasião, foram levantadas questões como: fundamentos de perícia médica; medidas administrativas frente a simulações e dissimulações, assédio moral no trabalho, conseqüências da falsa perícia e da imperícia, Responsabilidade Agosto de 2006 Perícia Médica é discutida na APM RADARMÉDICO Agosto de 2006 Conselho Nacional de Saúde sem médicos é um atentado à saúde da população, diz AMB Revista da APM 12 Foi publicado no Diário Oficial da União faz cerca de quinze dias o Decreto nº 5.839, que dispõe sobre a organização, as atribuições e o processo eleitoral do Conselho Nacional de Saúde – CNS, além de outras providências. Em linhas gerais, a normativa trata das competências do CNS e estabelece novas regras para sua composição. O número de membros titulares é ampliado de 40 para 48, na proporção de 50% de representantes de entidades e dos movimentos sociais de usuários do SUS; 25% de representantes de entidades de profissionais de saúde, incluída a comunidade científica da área de saúde; e 25% de representantes do governo, de entidades de prestadores de serviços de saúde, do Conselho Nacional de Secretários de Saúde CONASS -, do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde CONASEMS - e de entidades empresariais com atividade na área de saúde. Lamentavelmente, a tradicional e necessária participação da classe médica no Conselho Nacional de Saúde não está garantida pelo Decreto nº 5.839. Neste momento, a representação está mantida precária e temporariamente, graças a um acordo que teve como base o regimento interno. Porém, a qualquer momento os médicos podem ficar sem a cadeira que lhes tem permitido defender a boa prática médica e a assistência de qualidade. Tendo em vista a importância singular da medicina para o diagnóstico e tratamento de mais de 180 milhões de brasileiros e a contribuição dos médicos para a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), a Associação Edital de Convocação Assembléia Geral Ordinária e Extraordinária Associação Paulista de Medicina A Associação Paulista de Medicina, por meio de seu Presidente, atendendo às disposições estatutárias, convoca seus associados para: 1) ASSEMBLÉIA GERAL ORDINÁRIA a fim de deliberar sobre a proposta orçamentária referente ao exercício seguinte; 2) ASSEMBLÉIA GERAL EXTRAORDINÁRIA a fim de deliberar sobre a REFORMA DO ESTATUTO SOCIAL DA APM: • adaptação ao Código Civil em vigor; • demais reformulações a serem propostas, nos termos do Parágrafo Terceiro do art. 26 do estatuto social. As sugestões para reforma estatutária poderão ser elaboradas: pelos associados em dia com suas obrigações estatutárias, sendo encaminhadas à Diretoria da APM, em sua Sede Social, até o dia 12/09/2006, por intermédio das Seções Regionais ou Associações Filiadas, devendo constar a identificação clara e legível do proponente, bem como o dispositivo a ser alterado e sua sugestão. Médica Brasileira vem a público lamentar mais esta equivocada decisão das autoridades do País, especialmente as da área de saúde. Um Conselho Nacional de Saúde sem médicos representa um atentado contra a saúde dos cidadãos. É público e notório que a vigília permanente dos profissionais de medicina em prol dos pacientes sempre foi de suma importância para o sistema, assim como para evitar abusos e tentações antidemocráticas. A AMB espera que tal decreto seja revisto, de forma a garantir que a parceria entre médicos e pacientes continue consagrada como um dos pilares fiscalizadores na rede de saúde do Brasil. O controle social dos conselhos nacional, estaduais e municipais de saúde é benéfico a todos os agentes do setor e a Associação Médica Brasileira faz questão de preservá-lo por intermédio de mecanismos eficientes e democráticos. Saiba mais: Assessoria de Imprensa da AMB (11) 3178-6800 www.amb.org.br A Associação Paulista de Medicina disponibilizará aos associados, por meio de seu site, (www.apm.org.br), até o dia 11/10/2006, as propostas recebidas e ordenadas, nos termos estatutários. As Assembléias serão realizadas no dia 11 de novembro de 2006 (sábado), na Sede Social da Associação Paulista de Medicina, situada na cidade de São Paulo, à av. Brigadeiro Luis Antonio, 278, 9º andar, sendo que, a Assembléia Geral Ordinária terá início às 11h00 e a Assembléia de Geral Extraordinária a partir das 11h30. São Paulo, 10 de agosto de 2006. Dr. Jorge Carlos Machado Curi Presidente 13 Revista da APM Agosto de 2006 CAPA da guerra fria. Logo, a potência que detivesse melhor tecnologia, inclusive de transmissão de dados, poderia dar um passo à frente. “Até meados da década de 1990, ela não conseguia ser muito bem difundida no meio comum, porque a tecnologia era cara. Estava reservada a centros Agosto de 2006 altamente especializados”, explica Revista da APM 14 Telemedicina ao alcance de todos Apesar de suas enormes possibilidades, a tecnologia de transmissão de dados a serviço da medicina no Brasil aposta na simplicidade e eficácia tanto para a atualização e uso médico como para a atenção primária da população Chao Lung Wen, professor associado e coordenador geral da disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Esta situação começou a se alterar à medida que o poder dos computadores e a modernização dos sistemas de telecomunicações evoluíram, possibilitando à atividade um amplo e efetivo campo de trabalho. Hoje, a Telemedicina já não é mais considerada exclusivamente de uso RICARDO BALEGO da atenção à saúde são inegáveis. médico, mas sim um resultado da união Acredita-se que as primeiras aplica- de profissionais da saúde e da tecnolo- m cenário que, à primeira vista, ções da Telemedicina aconteceram nos gia, cuja a finalidade é promover a saú- pode parecer somente a teoria Estados Unidos, em sua agência espa- de. Conceitos variantes como Telesaúde de uma prática bastante distante no dia- cial (Nasa), ainda na década de 1960. e Teleducação são comuns, uma vez que a-dia do médico: um país do tamanho O contexto era o da corrida espacial e as atividades podem envolver equipes U do Brasil sendo capaz de se intercomunicar de um extremo a outro por meio de redes de Telemedicina e Telesaúde. À disposição dos médicos de todo o país estaria a atualização profissional, necessidade constante na medicina, e possibilidades de segunda opinião em diagnósticos; à população, apoio à atenção primária e prevenção de doenças por meio da educação à distância. Esta é, na verdade, uma realidade que vem se tornando cada vez mais acessível. Sua tecnologia já está disponível e suas possibilidades imediatas na promoção Tecnologia à serviço da medicina médicos têm para ter acesso. A Internet e a Telemedicina podem melhorar de forma excepcional esse rendimento”, concorda Jorge Carlos Machado Curi, presidente da APM. Atenção primária Como exemplo, no dia 7 de julho, foi lançado o Projeto de Telesaúde aplicada à Atenção Básica, coordenado pelo Ministério da Saúde e que visa capacitar equipes estratégicas do Programa de no país. multiprofissionais e educação à distância. com o uso de linha discada, um mi- Da cidade de Parintins, interior do Países como EUA, Canadá, Austrália crocomputador com leitor de cd e má- Amazonas, o ministro da Saúde, Age- quina fotográfica digital”. nor Álvares, se comunicou e assistiu a e outros vêm apresentando importante crescimento no uso dessa tecnologia. “É fundamental hoje, com a grande uma apresentação gerada pela equipe da FMUSP, em São Paulo. No Brasil, tudo parece caminhar para multiplicidade de novidades médicas, uma gradual implantação da Teleme- ter um instrumento que seja baseado nas “As equipes poderão obter a segunda dicina também, uma vez que já exis- melhores evidências. A Telemedicina opinião por teleconsulta, numa ação tem condições para tal. Além de redes passa a ser uma ferramenta muito útil combinada de teleassistência e teledu- de telecomunicações federais já dispo- devido às dificuldades que muitos cação. Serão implantados inicialmente níveis, como a RNP, RUTE, SIVAM/ SIPAM e redes governamentais estaduais, há grandes possibilidades também por linhas digitais, DSL (banda larga) e mesmo a linha telefônica discada. Isso possibilitaria a conexão entre dois ou mais pontos em qualquer local do país. A linha discada, inclusive, vem sendo a grande aposta em projetos que envolvem centros de ensino, entidades médicas e a esfera governamental. Segundo o professor Chao Lung Wen, embora haja a Telemedicina de alta tecnologia (videoconferência, robótica) e média (internet de banda larga), “cerca de 70% da necessidade brasileira se resolve com internet de baixo custo, Site tecnológico da USP 15 Revista da APM regiões mais remotas e de difícil acesso Agosto de 2006 Saúde da Família (PSF), atuando em Tela de vídeoconferência CAPA oito Núcleos de Telesaúde, sediados em oito universidades públicas, que já têm experiência desenvolvida em telesaúde e estão estrategicamente distribuídas pelas cinco regiões do Brasil”, ressalta Ana Estela Haddad, coordenadora de Gestão da Educação em Saúde da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação do MS (DEGES/SGTES). Segundo ela, além de ligados em rede, os oito núcleos estarão conectados, cada um, a outros cem pontos localiza- A USP é o maior centro de telemedicina do país Agosto de 2006 dos em Unidades Básicas de Saúde. Participam também do projeto entidades como a Universidade Federal de Minas Gerais, Conselho Federal de Revista da APM 16 Medicina, Sociedade Brasileira de pensar, agir e trabalhar em rede”, con- Medicina da Família e Comunidade e ceitua Ana Estela. a biblioteca virtual em saúde Bireme, As novas possibilidades de comu- que combinam ações, ainda, com nicação em saúde exigiram, recente- programas de outros Ministérios, como mente, a criação, no Conselho Federal o da Educação, Ciência e Tecnologia, de Medicina, de uma Câmara Técnica Comunicações e Defesa. Estas e outras exclusiva para assuntos relacionados instituições formam, inclusive, a Co- à Telemedicina. missão Permanente de Telesaúde do Na atuação entre Governo e Uni- governo, criada em março para avaliar versidade, há, ainda, projetos como o e acompanhar os projetos da área. Estação Digital Médica, que tem a mis- “Fizemos isso para provar que, mes- são de estruturar uma rede entre os mo a Amazônia, está hoje conectável centros hospitalares e vem contando por tecnologia. Por isso, eu acho que a com um orçamento de R$ 5 milhões do “O projeto na Amazônia Legal Telemedicina no Brasil não pode ser Ministério da Ciência e Tecnologia. está em andamento e indo muito mais vista só como medicina à distân- “Os valores são secundários aos bene- bem; levando desde educação con- cia. Ela tem que ser vista já como uma fícios que a Telemedicina pode propor- tinuada, para os médicos e outros questão de estratégia de saúde para o cionar”, opina Gerson Zafalon. profissionais de saúde, por ser uma país”, opina o especialista Lung Wen. região menos populosa, até atendi- “A Telesaúde representa um campo mento e segunda opinião, orienta- emergente do conhecimento em saúde, Para falar em medicina à distância no ção para o colega à distância, frente desenvolvido a partir de uma intersec- Brasil é preciso falar na FMUSP, que, alguma dificuldade que ele tenha”, ção entre a informática médica, a saúde em 1997, instituiu em sua graduação a explica Gerson Zafalon Martins, pública e a administração. O termo tem disciplina de Telemedicina. “A FMUSP coordenador da Câmara Técnica e conotação mais ampla do que apenas o é hoje o maior centro de Telemedicina 2º secretário do CFM. desenvolvimento tecnológico, carac- no Brasil e certamente é um dos grandes terizando-se por um novo modo de em toda a América Latina, representado Educação Médica Recertificação de títulos Educação continuada aos médicos também é um campo fértil e útil para a atuação da Telemedicina. Desde 1º de janeiro deste ano, todos os médicos que obtiverem título de especialista ou certificado de área de atuação terão Todo complexo da USP é interligado pela tecnologia cinco anos para obter os créditos válidos para o CAP (Certificado de Atualiza- HU, Centro de Saúde-Escola Butantã, pação, por videoconferência, de espe- Faculdade de Odontologia de Bauru e cialistas internacionais. mais nove instituições, todas interligadas No dia 8 de agosto, foi a vez do chefe entre si, formando uma grande comu- do departamento de Medicina da Fa- nidade de Telemedicina”, orgulha-se o mília da Universidade do Kansas professor Chao. (EUA), Joshua Freeman, contribuir via De fato, são 150 mil m² de área hospitalar interligada, com possibilidade de web cam com suas experiências para o encontro científico. transmitir para qualquer lugar do mun- O especialista falou sobre o tema do, desde que haja conexão disponível. “Cuidados Primários Orientados para A Faculdade dispõe, ainda, de outros a Comunidade”, com enfoque para o projetos destinados ao ensino e preven- médico de família no contexto da ção de doenças, como o Homem Virtu- atenção primária. ção Profissional). Para tal, os especialistas deverão somar cem pontos em atividades de atualização ao longo desse período, sendo que, pelo menos dez créditos por ano (cerca de 20 horas/aula) podem ser obtidos por meio de programas à distância, como a Telemedicina. Para isso, as atividades precisam ser credenciadas à Comissão Nacional de Acreditação (CNA), composta por membros da Associação Médica Brasileira (AMB) e Conselho Federal de Medicina (CFM), al, uma série de programas educativos feitos em computação gráfica e três dimensões, que levam informações tanto para alunos e especialistas em medicina como para o público leigo. A série “Questão de Peso”, do médico Dráuzio Varella, exibida pelo programa Fantástico em 2003, foi feita pela FMUSP. A própria Associação Paulista de Medicina (APM) também vem se utilizando da Telemedicina para levar atualização sobre temas médicos aos profissionais. Toda segunda terça-feira de cada mês, o Departamento de Medicina de Família e Comunidade da entidade se reúne para discutir assuntos que envolvem a prática da medicina familiar no Projetos de saúde passam pelo computador Agosto de 2006 mundo e conta sempre com a partici- 17 Revista da APM por todo seu complexo, como o HC, CAPA aos médicos e estabelecendo contato à distância com os grandes centros”, opina o presidente da APM, Jorge Curi. O Projeto Jovem Doutor, como explica Chao Lung Wen, da USP, “vai começar pelos alunos da faculdade de medicina, que vão ensinar, por meio do Homem Virtual e Geração Saúde, o aluno do ensino Chao Lung Wen, da USP e terem o desempenho de seus particiAgosto de 2006 pantes avaliados. Revista da APM 18 médio a como prevenir doenças. E esse aluno vai dar palestras aos seus está aliado às normas do CFM. Gratuito aos associados da entidade amigos mensalmente”. Embora uma avaliação completa a e previsto para o mês de setembro, o respeito de meios como a internet na primeiro curso terá 12 aulas cursadas formação do médico ainda sejam objeto em um ano, que contará 12 créditos para A APM também vem estudando par- de discussão, o primeiro secretário da efeito de comprovação junto à CNA. ticipar de um projeto que, em parceria AMB e membro da CNA, Aldemir Hum- “O objetivo é incentivar o aprimora- com a FMUSP, pretende levar educação berto Soares, considera a experiência mento técnico e estender o conheci- e prevenção de doenças a alunos de positiva para a educação médica. “En- mento ao maior número possível de escolas públicas no Estado de São Paulo. tendemos que a atualização poderá ser profissionais que atuam na área de Gas- As regionais e distritais da APM contemplada por esta forma e que cur- troenterologia ou sua área de atuação, seriam responsáveis por levar o projeto sos à distância são ferramentas impor- a hepatologia”, afirma Luiz Gonzaga a todas as regiões do Estado. “Seria a tantes para atingir os médicos Vaz Coelho, presidente da FBG. Associação Paulista de Medicina, numa brasileiros nos locais mais distantes, e com baixo custo”, disse. Os médicos que se especializaram antes de janeiro, no entanto, podem optar por acumular ou não os pontos. Além disso, a CNA ainda estuda como levar o sistema a todas as Sociedades de Especialidades, para que estas acompanhem a atualização de seus profissionais. A Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), por exemplo, lançou recentemente seu Programa Nacional de Educação e Desenvolvimento Continuado à Distância para Certificação de Atualização Profissional, que Projeto com a APM “A Telemedicina pode ajudar de for- ação conjunta com a universidade, ma fundamental na atualização médica, promovendo a saúde da população do proporcionando grande interatividade Estado”, completa o professor. A APM quer levar a medicina às escolas públicas imagina”, atesta Chao. As possibilidades vão de redução dos custos com transporte e diminuição das distâncias, maior eficiência no mapeamento de epidemias até o uso de outras Lideranças médicas debatem o uso da telemedicina ferramentas, como a telenfermagem. “Estamos num momento histórico muito sensibilizado e a entrada das A preocupação com possíveis infrações ca não descarta a presença do médico associações médicas junto com o CFM, éticas nas relações entre os médicos e seus junto ao seu paciente, mas sim agrega hoje criaria uma força tão grande, que pacientes no uso da Telemedicina tem dados para um diagnóstico mais correto. viabilizaria várias outras coisas. É suas normas previstas principalmente em Segundo a Declaração de Tel Aviv, preciso ensinar os médicos a como uti- dois documentos: a Declaração de Tel que inspirou a resolução do CFM, “a lizar a telemedicina e a teleducação”, Aviv, adotada pela 51ª Assembléia Telemedicina não deve afetar adver- Geral da Associação Médica Mundial em samente a relação individual médico- completa o professor. 1999, e, no caso brasileiro, a resolução paciente. Quando é utilizada de do CFM nº 1.643/2002, que reconhece maneira correta, tem o potencial de e institui a prática no país. melhorar esta relação por meio de mais Reunião discute valorização do serviço A norma define, por exemplo, que o oportunidades para comunicar-se e um Nos dias 14 e 15 de julho, profissio- médico que acompanha seu paciente é acesso mais fácil de ambas as partes”. nais médicos, governo, professores, ges- o responsável pelo ato, independente Sabe-se que, como qualquer outra tec- tores de saúde e outros atores envolvidos de participações à distância e segundas nologia, a medicina à distância, se bem no uso da Telemedicina no país se reuni- opiniões, e que a tecnologia não substi- usada, pode trazer benefícios à atuação ram para discutir, entre outros pontos, tui essa relação. “Ela está aprovada médica e ao próprio sistema de saúde como implantar o reembolso dos servi- para segunda opinião, não para atendi- brasileiro. “No fundo, a tecnologia, se ços médicos prestados à distância. mento direto ao paciente”, faz questão for utilizada em pontos adequados, Realizado na Faculdade de Medicina de lembrar Lung Wen. humaniza muito mais do que a gente da USP (FMUSP), o evento também propôs critérios para a sistematização da Participantes do Fórum que discutiu os serviços médicos prestados à distância segunda opinião médica, apresentou experiências já realizadas e suas potencialidades, bem como as possibilidades para a recertificação dos títulos de especialistas e de área de atuação. “Quando se fala em reembolso, muita gente pensa que é só questão de dinheiro, mas a idéia não é essa. A Telemedicina hoje no Brasil é um recurso que visa otimizar o serviço de saúde do país e reduzir os seus custos”, afirmou Chao Lung Wen. 19 Revista da APM Com isso, uma segunda opinião médi- Agosto de 2006 muito bom. O Ministério da Saúde está Tecnologia que humaniza MÚSICAPOPULARPAULISTA Agosto de 2006 Foto: Gisela Gutara Revista da APM 20 Carlinhos Vergueiro lota auditório da APM O Música Popular Paulista segue 2006 fazendo sucesso, marcando momentos inesquecíveis LUCIANA ONCKEN Passaram-se 31 anos desde então. E, hoje, é difícil imaginar este cara metido num terno e gravata. Enfrentando os Houve um tempo em que este ícone altos e baixos do mercado financeiro. A da música paulista, da música brasi- Bolsa perdeu um profissional bom de arlos Vergueiro chegou. A Bolsa leira, dedicava seu tempo à Bolsa de lábia, e todos nós ganhamos muitas com- vai abrir. Em queda ou alta? O Valores. A música era para as horas posições para ficar em nossa memória. leilão vai começar. Aquela loucura de vagas. Isso foi já há muito tempo, nos Era 1o de junho, lá estava ele, sentado gente gritando pra cá e pra lá. Opa, volta idos de 1973. E daquela data em diante, num banquinho, roupa despojada, calça a fita. Carlinhos Vergueiro chegou. O a música foi ganhando mais espaço na de sarja preta, colete, tênis, com o toque show vai começar. Aquela loucura de vida deste compositor. Até tomar conta marcante de sua touca preta de lante- gente, chegando sem parar, para ver de sua vida. Ficou conhecido depois de joulas. Estava ali para ser homenageado Carlinhos cantar. Sem dúvida, o show ganhar o festival de Abertura da TV pela sua longa carreira e pela contri- abre em alta. Globo, com a música “Como um ladrão”. buição à Música Popular Brasileira, C dentro do projeto Música Popular Projeto Pixinguinha, em 1978. Também Cuba. Parcerias com Adoniran Barbosa, Paulista, da Associação Paulista de dividiu o palco com Nélson Cavaqui- Toquinho, Chico Buarque, Vinícius de Medicina (APM). nho, em 1980, e com Ney Matogrosso, Moraes, Sombrinha, Aldir Blanc, Pau- Zizi Possi e Virginia Rosa, em 1995. linho da Viola, Arlindo Cruz, entre Com seu estilo jovial e alegre, seu humor às vezes beira o sarcástico. Carlinhos não está neste mundo para muitos outros. E tem mais, como pro- Gosta de uma prosa com o público, brincadeira, não. O sucesso atravessou dutor, esteve à frente do LP “A Ópera coisa que aprendeu com o mestre fronteiras, com shows por todo o país, e do Malandro”, de Chico Buarque para Adoniran Barbosa. em outros também, como Itália, França, o filme de Ruy Guerra (1985). Com o Auditório Nobre da APM lotado e em companhia dos músicos Edson Alves (violão e flauta) e Adriano Busko (percussão), Carlinhos relem- Quem perdeu, perdeu... Foto: Gisela Gutara brou as várias fases de sua carreira. Agosto de 2006 Por Edson, declama o seu amor, mais do que isso, uma certa dependência química do amigo e companheiro. “Eu sofri de síndrome de abstinência. Eu não sabia o que era viver sem o Edson, principalmente no show. Ele é o me- 21 Revista da APM lhor companheiro de palco, o maestro Edson Alves”, um dos fundadores da Banda Mantiqueira, onde permanece até hoje, e já foi homenageado pelo Música Popular Paulista. À medida que a noite passava, Carlinhos ia conquistando cada vez mais o público, parecia crescer e crescer. Voltando no tempo, indo além. Relembrou antigos sucessos. Para quem precisa de refresco para a memória, a discografia de Vergueiro é composta de dois compactos, onze LPs e quatro Cds. Entre eles, destaca-se “Carlinhos Vergueiro -15 anos de carreira”, no qual divide cada música com um convidado, entre os quais Paulinho da Viola, Caetano Veloso, Djavan, Chico Buarque, Martinho da Vila, Toquinho, Ney Matogrosso, entre outros. Durante sua trajetória, trabalhou com Cartola, viajando por todo o Brasil pelo Carlinhos Vergueiro e seu estilo jovial e alegre PROFISSÃO Terminalidade da vida Da esq. p/dir. José de Siqueira, Jeferson Piva, Rachel Moriz, Miguel Kfouri, Jairo Othero, Gabriel Oselka e Renato Terzi Agosto de 2006 Até onde vai a obrigação do médico? Revista da APM 22 O que sofremos como intensivistas”, lem- vida sem preconceitos”. Ele esclareceu brou, no segundo dia do fórum, Rachel ainda que era a oportunidade para debater Duarte Moritz, que faz parte da Câmara a resolução da entidade sobre o assunto. CARLA NOGUEIRA Técnica sobre Terminalidade da Vida O artigo número primeiro da reso- RICARDO BALEGO do Conselho Federal de Medicina lução diz que “é permitido ao médico (CFM). “Os médicos custam a aceitar limitar ou suspender procedimentos e a morte de seus pacientes. Para nós a tratamentos que prolonguem a vida do médico está preparado para responsabilidade parece ser maior”, doente em fase terminal, de enfermi- lidar com a morte? completou, abrindo mais uma sessão dade grave e incurável, respeitada a de discussões. vontade da pessoa ou de seu represen- Qual a postura que ele, em especial o intensivista, deve ter diante de pacientes terminais? Estas e outras perguntas, igualmente polêmicas, foram debatidas por espe- Roberto D’Ávila, também diretor do tante legal”. CFM, disse que o Fórum o era pontapé No caso de morte encefálica, a re- inicial “para discutir a terminalidade da solução esclarece em seu artigo terceiro: “é vedado ao médico manter cialistas a fim de procurar as respostas que afligem atualmente as áreas médica e jurídica. Durante dois dias, os assuntos foram discutidos no fórum sobre “Desafios Éticos na Terminalidade da Vida”, promovido pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e realizado na capital paulista. O evento contou com a presença de especialistas médicos e jurídicos, que queriam esclarecer até onde vai o poder de decisão dos profissionais de medicina perante a morte iminente de seus pacientes. “Esta discussão trata das angústias Marcos Segre, Maria Marchi, Maria Vilas Boas, Gerson M., Solimar Pinheiro e Luis Manreza (da esq. p/dir.) Desafios O coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Bioética do Centro Universitário São Camilo, em São Paulo, o padre Léo Pessini, classificou o evento como um desafio. “Ou melhor, uma ousadia, pois o assunto provoca angústia, mas é necessário discutí-lo. A morte deixou de ser um evento para se tornar Público que acompanhou um dos debates um processo”, afirmou o religioso. Pessini conceituou a distanásia - morte de Bioética (SBB), as angústias mé- do indivíduo lúcido – e ressaltou que funcionamento dos órgãos vitais, dicas frente à impossibilidade de cura os médicos devem ouvir seus pacientes, quando houver sido diagnosticada a e à morte são incutidas na própria avaliar a eficácia do tratamento e o prin- morte encefálica em não doador de faculdade. “A culpa é nossa. Nós cipal, “curar a morte e não a doença”. órgãos, tecidos e partes do corpo hu- transmitimos aos ainda alunos de “Vemos um milagre: o avanço tec- mano para fins de transplante”. medicina que a morte é um fracasso nológico, mas é o momento de anali- Segundo Roberto D’ Ávila, a con- e não somos educados para fazer di- sar a questão ética nos critérios da duta, prevista na resolução, é deno- ferente disso”, disse. “É arrogância utilização desta tecnologia a favor do minada “ortotanásia”, que é diferente nossa, dos professores de medicina, paciente. A medicina vive um conflito: do conceito “eutanásia” - prática pela pois dizemos que eles têm o poder lutar contra a morte e entender este qual se abrevia, sem dor ou sofrimento, de cura sempre. Curamos às vezes, caminho”, afirmou. a vida de um enfermo incurável. aliviamos freqüentemente e confor- “A ortotanásia visa garantir a possi- tamos sempre”, completou. Pessini destacou os métodos adotados pelos médicos na forma de atender bilidade de morrer com dignidade, sendo que a eutanásia é uma interrupção direta da vida”, explica. Para o presidente da Sociedade de Bioética, José Eduardo Siqueira, o fórum abriu novas possibilidades para a humanização do tema. “Fizemos crescer a tecnologia e diminuímos a reflexão ética. Não podemos desprezar as técnicas, mas é preciso humanizar a terminalidade da vida e ampliarmos a discussão sobre a resolução. A morte não é adequadamente tratada na área da saúde. É necessária a reflexão”, completou. Segundo o professor José Eduardo de Siqueira, da Sociedade Brasileira Saulo Eduardo Siqueira, Clóvis Constantino e Desiré Callegari (da esq. p/dir.) 23 Revista da APM os procedimentos que asseguravam o Agosto de 2006 com sofrimento físico ou psicológico PROFISSÃO seus pacientes, principalmente, os que se encontram em fase terminal. “O paciente tem direito de morrer com dignidade. Ele (paciente) tem sua bagagem de valores e culturas e isto é tão importante o médico compreender como ava- Vídeo ilustrativo de um dos debates liar seu exame de sangue”. Segundo o padre, os médicos preci- paciente e não na doença”. paciente terminal e acredito que, entre “Precisamos oferecer conforto ao os profissionais, há uma necessidade de situações críticas da vida e da morte”. enfermo terminal. Apoio psicológico entendimento e compreensão sobre o e moral são mais essenciais do que fo- assunto. É importante destacar que o Poder judiciário e medicina car apenas no prolongamento da vida. médico não está só, a resolução é um O ministro do Superior Tribunal de Os médicos precisam saber os limites avanço e que dará amparo a vocês (mé- Justiça (STJ), Gilson Lângaro Dipp, clas- que podem chegar nos procedimentos dicos)”, afirmou o procurador. em benefício do bem-estar do paciente. Para Miguel Kfouri Neto, do Tribu- e de muitas controvérsias. “Mas não po- Quanto à nossa área, necessita-se de nal de Justiça do Paraná, “há uma dife- demos fugir da responsabilidade de discu- uma manifestação do judiciário mais rença grande entre morrer e morrer com tirmos. E o Fórum vem agregar cada vez concreta sobre o tema”, disse o juiz. dignidade”, tratando também sobre a sificou o tema do evento como complexo 24 mais a ligação do Poder Judiciário com a Para o procurador geral de Justiça chamada “interrupção de tratamento”, Medicina, porque até para nós, a termina- do Distrito Federal e Territórios, Leo- questão presente em casos irreversíveis. lidade da vida é um assunto novo”. nardo Bandarra, a terminalidade da Revista da APM Agosto de 2006 sam ser educados para saber lidar com O ministro entende também que é preciso olhar mais o paciente em estado terminal como ser humano, “pensar no vida precisa primeiro ser compreendida entre os médicos. “Vocês é que darão o diagnóstico de Resolução Além da importância de se tratar sobre a terminalidade da vida, as discussões apresentadas durante o fórum devem resultar, em breve, em uma resolução normativa editada pelo CFM. O intuito é amparar o médico em contato direto com tais dilemas éticos, como a posição da família, terapêutica desnecessária em casos irreversíveis e respeito à morte sem sofrimentos. “O próprio Código de Ética Médica não traz nada sofre o tema pacientes terminais. Essa resolução deve auxiliar muito nas questões com as quais convivemos, no aspecto legal, implicitamente, e no aspecto ético, explicitamente”, destacou Gabriel Oselka, ex-presiden- Diaulas Ribeiro, Gilson Dipp, Maria Goretti, Cláudia Burla, leonardo Bandarra e Maria Kovacks (da esq. p/dir.) te do CFM e coordenador do Centro de Bioética do Cremesp. 25 Revista da APM Agosto de 2006 Agosto de 2006 SAÚDEPÚBLICA Revista da APM 26 A mãe da multimistura Há 35 anos, a pediatra e nutróloga Clara Brandão ajuda a salvar vidas com receitas simples, de alto valor nutritivo e baixo custo ADRIANA REIS “E m uma tigela, junte um copo de farelo de trigo tostado, um de farinha de milho tipo biju, outro de farinha de mandioca bem crocante, outro ainda de óleo (de preferência de arroz) e sal. Misture bem. Em seguida, acrescente bananas picadas, caldo do limão e salsinha a gosto. Está pronto. Fácil de fazer, não precisa nem de fogão”. Quem ensina pacientemente o prepa- Clara Brandão. Do outro lado, 200 pesso- ro desta farofa é a pediatra e nutróloga as, a maioria mulheres já acostumadas Farofa preparada pela nutróloga cada detalhe. Estão impressionadas com área de alimentação. a receita e aguardam o momento de Clara descobriu um dom e uma mis- experimentar a novidade. O ritual se são. O dom: combinar produtos simples repete há 35 anos, desde que a doutora e à disposição da maioria dos brasilei- Clara decidiu unir o que havia aprendido ros – e com baixo custo – e transformar com a medicina e os conhecimentos em receitas reaplicáveis, com alto valor nutritivo. A missão: ajudar a diminuir a desnutrição infantil no país. “Um terço dos brasileiros vive abaixo da linha da pobreza. Isso sempre me incomodou”, conta Clara, formada pela Universidade de São Paulo em 1969. Cuidar da saúde de crianças foi o que a motivou pela escolha da pediatria como especialidade. Mas agir combatendo apenas a doença era pouco para ela. O desafio era prevenir, evitando que os “Ensinar a comer direito não é difícil. O complicado é fazer as pessoas comerem bem com o que têm à disposição”, percebeu Clara Brandão. pequenos chegassem aos consultórios Dicas para seguir uma alimentação sustentável • Para assegurar o consumo dos nutrientes necessários, o ideal é comer maior variedade possível de alimentos disponíveis; • A boa digestão começa com uma boa mastigação; • Prefira frutas e água aos sucos com açúcar/adoçante e refrigerantes; • Comece sempre o almoço e o jantar com um prato de salada de folhas cruas e limão; • Sempre que possível, coma três tipos de frutas por dia e cinco tipos de folhas. 27 Clara Brandão e ambulatórios. Clara passou a pesquisar o que essas crianças comiam em casa. Desenvolveu estudos que comprovavam a influência da alimentação na saúde e, a partir destas constatações, passou a usar sua criatividade para inventar receitas que garantiam os nutrientes necessários e que cabiam no bolso da população mais carente. Foi assim que surgiu a idéia da multimistura – um misto com alto valor nutritivo, formado por folhas e sementes secas e trituradas até virarem um pó, que é acrescido ao prato de comida, diariamente. O conceito da multimistura foi adotado pela Pastoral da Criança, da Igreja Católica, que passou a distribuir para as mães cujos filhos estavam abaixo do peso. O resultado foi surpreendente. A receita básica da multimistura contém: 70% de farelo (de arroz e/ou de trigo) tostado; 15% de pó Anotações do curso preparado pela nutróloga Clara Brandão Agosto de 2006 com as pesquisas que desenvolveu na de folhas (mandioca, batata-doce etc.) Revista da APM com o dia-a-dia da cozinha, anotam SAÚDEPÚBLICA que isso acontece porque a população, que antes ocupava essencialmente a área rural, migrou para os grandes centros urbanos. “Vivemos o século das cidades. A maioria da sociedade vive nas periferias desses centros metropolitanos e se depara com a falta de diversidade dos alimentos”, aponta. Outro problema, segundo a médica, é nossa alimentação estar baseada no que é vendido em supermercados. Multimistura pode ser encontrada em lojas de produtos naturais “Nossas refeições são pautadas pelos Agosto de 2006 supermercados. Consumimos cada vez Revista da APM 28 e 15% de pós de sementes (gergelim, abóbora, linhaça, girassol). Foi tão disseminada que atualmente pode ser en- mais produtos industrializados e dei- Dicas para seguir uma alimentação sustentável contrada pronta, nas lojas de produtos naturais. Basta uma colher de sopa ao dia, distribuída nas refeições. “Século das cidades” O brasileiro tem se alimentado de xamos para trás uma herança de alimentos naturais e saudáveis”, critica. Antes, nossa relação com o alimento • Acrescente duas folhas a mais era mais direta. “Conhecíamos o ven- de tempero (salsa, coentro etc.) por dedor de frutas, legumes e verduras dia. Em dez anos, haverá ingestão pelo nome. Sabíamos o tempo certo de de 7.300 folhas: uma grande quan- colheita de cada produto, acompanhá- tidade de vitaminas e minerais. vamos seu ciclo. Tudo isso se perdeu forma cada vez mais precária em termos de qualidade. Clara Brandão acredita Projeto alimentação sustentável, granola e multimistura Clara Brandão quando abandonamos as feiras livres”, acredita Clara. Projeto ensina a fazer horta difícil do que mudar a religião de alguém”. Foi por isso que Clara estudou para desenvolver uma mistura que complementasse a alimentação, garantindo imediata absorção de nutrientes. Assim, ajudou a salvar vidas de inúmeras crianças por todo o Brasil. “Quando a criança nasce desnutrida, abaixo dos 2,5 quilos, ela tem duas vezes mais chances de ser um adulto hipertenso”, ensina Clara. Clara Brandão faz palestras a merendeiras Durante a oficina, Clara mostrou que ter menor peso na nossa balança: arroz região do semi-árido brasileiro foi São Paulo, recentemente, para um branco, pão e massas feitos com fari- significativo. Antes de incluir o com- grupo de 200 merendeiras que traba- nha branca e açúcar”, critica a pedia- posto na alimentação local, 25,4% das lham em projetos sociais de comple- tra. Segundo ela, há um provérbio que crianças até um ano de idade estavam mentação escolar, da Fundação Banco diz: “Mudar o hábito alimentar é mais abaixo do peso. Depois, apenas 1%. do Brasil. Em dois dias de oficina sobre Alimentação Sustentável, elas receberam instruções de como preparar alimentos saudáveis, usando pro- Dicas para seguir uma alimentação sustentável dutos disponíveis na própria região. Saíram do curso com um livro de re- • Uma colher de sopa por dia de ceitas, outro de orientações para ini- farelo (de arroz e/ou trigo) melhora ciar uma horta perene e a vontade de o rendimento físico, mental e com- multiplicar esse conhecimento. bate a constipação intestinal; 20% mais, nunca tem grão quebrado e gasta menos óleo no preparo; • Frutas secas e rapaduras são ótimos substitutos dos doces; As merendeiras ficaram impressiona- • Uma colher de sopa de multi- • Vitaminas A, C e E presentes das com os números de uma pesquisa, mistura por pessoa/dia, dividida nas verduras e frutas melhoram a apresentados por Clara Brandão duran- em três refeições, pode reduzir resposta imunológica, reduzem a te a oficina: 50% dos brasileiros se ali- em até 30% o volume de alimento gravidade das infecções e o risco de mentam com pouca qualidade; 30% ingerido; catarata; comem mais do que necessitam; 40% • Prefira mandioca gratinada, • Alimentos ricos em gordura e da nossa produção agrícola é desperdi- cozida ou frita a fazer bolo, nho- açúcar favorecem doenças crônico- çada ou estraga antes de chegar à mesa. que, purê. Ela é brasileira e 100% degenerativas, hipoglicemia, de- orgânica; ficiência de micronutrientes, A vida corrida das grandes cidades também prejudica nossa alimentação. • O arroz parbolizado tem 528% Trocamos as refeições pelos sanduíches mais vitamina B1, 150% mais cál- e os sucos, pelos refrigerantes. “O bra- cio e 250% mais ferro que o arroz sileiro inverte a pirâmide de alimen- branco.É sempre soltinho, rende tos. Consumimos mais aquilo que deveria obesidade e sobrepeso em todas as idades. Clara Brandão 29 Revista da APM O alerta foi feito pela doutora em Agosto de 2006 o resultado do uso da multimistura na SAÚDEPÚBLICA Dicas para seguir uma alimentação sustentável Guloseimas Doces industrializados, prontos para • O óleo de arroz tem uma subs- consumir e agradáveis ao paladar... ten- tância que acelera a formação e fi- tação difícil de resistir. Mas esse tipo xação da memória. Pode ser usado • O pó da folha de mandioca tem de guloseima é um vilão da nossa saúde mais de uma vez sem se decompor; sete vezes mais ferro do que a carne alimentar. “Esses produtos industria- • Use milho pelo menos duas e 180 vezes mais vitamina A do que lizados nem deviam ser considerados vezes por semana, em polenta, alimentos. Alguns desses doces são ver- angu, canjiquinha, cuscuz, bolo, dadeiros venenos para nossas crian- farofa ou o milho verde; ças”, critica Clara. A médica aponta, entre as conseqüências da má alimen- • O limão nas refeições aumenta a absorção de ferro; tação, a diminuição da capacidade in- • O açúcar retira o cálcio da nossa alimentação; o leite; • O gergelim tem dez vezes mais cálcio do que o leite; • A luz do sol na pele aumenta a produção de vitamina D, impor• Os sucos com folhas verde- para doenças degenerativas, obesidade escuras como hortelã, capim-santo, e hipoglicemia. “Sem contar que uma agrião, salsa e couve melhoram a alimentação mais saudável deixa as disposição para o trabalho, o apren- pessoas mais felizes”, aponta. dizado e reduzem as infecções. 30 estão o consumo da folha de mandioca, Revista da APM telectual e o aumento da pré-disposição Agosto de 2006 tante para a absorção do cálcio; Entre as inúmeras dicas da médica Clara Brandão rica em minerais e vitaminas. “Tem mais ferro do que a carne e mais vitamina A do que o leite”, revela. Ela acrescido na comida, e ajuda a contro- reduzir a gravidade das infecções como pode ser ingerida em formato de pó, lar a anemia, aumentar a imunidade e a dengue, malária, pneumonia, diarréia, tuberculose e gripe. Os farelos de arroz e de trigo também são recomendados por ela, assim como as saladas com folhas verdeescuras. Outro coringa é o gergelim, que tem dez vezes mais cálcio que o leite e pode ser usado em sopas, feijão, farofa e saladas. Além, é claro, da própria multimistura, que pode ser incluída na alimentação diária, sem contra-indicação. Clara incentiva a ter em casa uma pequena horta. Dá para aproveitar o quintal e até as encostas do muro. Quem mora em apartamento pode produzir em vasos. Basta escolher as mudas e sementes que melhor se adaptem às Merendeiras em curso ministrado por Clara Brandão condições do ambiente. Dicas para seguir uma alimentação sustentável As invenções de Clara Brandão parecem agradar ao bolso, ao organismo • A hipoglicemia, que provoca • A castanha-do-pará contém se- e ao paladar. Prova disso são os sinais mal-estar, tonturas, mau-humor, lênio, que é essencial para a saúde. de satisfação das merendeiras, que violência e agressividade, pode ser Consuma uma a duas por dia; experimentaram e repetiram a farofa reduzida com alimentos integrais, preparada pela médica. Ao ocupar os granola, verduras e castanhas; • Brotos, algas e cogumelos são ricos em minerais e vitaminas. bancos da faculdade de medicina, dou- • As folhas verde-escuras como tora Clara fez um juramento: trabalhar taioba, dente de leão, hortelã, man- • O exercício físico regular e a para salvar vidas. Em especial, a das jericão, jambu, capeba, vinagreira, boa alimentação ajudam o bom fun- crianças, já que optou pela pediatria. serralha, beldroega, ora-pro-nóbis, cionamento do corpo e são funda- Foi além. Reproduziu conhecimento moringa, são mais ricas em mine- mentais para a saúde. e mostrou que saúde se garante no rais e vitaminas do que as folhas cotidiano, a cada escolha feita. A cada verde-claras; Consuma-os com freqüência; Clara Brandão A alimentação é um assunto que tem atraído cada vez mais a atenção nutritivo, dentro das particularidades preferência, alface e tomate, sem de cada lugar”, afirma Ribas. abusar de ketchup e mostarda e evi- da sociedade, da mídia e do meio aca- Segundo ele, é possível alimentar-se tando a maionese”, diz. Ele também dêmico. Quem confirma é o presi- corretamente mesmo vivendo a cor- alerta para o comportamento atual dente da Associação Brasileira de reria dos grandes centros urbanos. da sociedade em deixar de lado a Nutrologia (Abran), Durval Ribas “Uma das boas invenções recentes é velha conhecida combinação de ar- Filho. A entidade, que funciona desde o restaurante por quilo. A pessoa roz e feijão. “É uma mistura muito 1973 - a Nutrologia é uma especiali- monta o próprio prato, buscando adequada”, elogia. dade médica desde 1978 -, tem de- combinações coloridas, e garante O médico incentiva ainda a po- senvolvido inúmeros projetos para uma refeição saudável”, exemplifica. pulação a olhar para outro problema melhorar a qualidade nutricional da Com alguns cuidados básicos, o crescente relacionado à alimenta- população. Um dos mais recentes foi presidente da Abran ensina que dá ção: a obesidade. “O Brasil tem 38,8 uma minuciosa pesquisa, em parceria para manter uma alimentação equi- milhões de obesos. Temos de nos com o governo federal, para a librada, mesmo recorrendo a produ- preocupar com essa questão”, afir- montagem de cestas básicas regiona- tos industrializados e aos sanduíches. ma. Esse e outros assuntos serão de- lizadas para o Programa Fome Zero. “A indústria alimentícia evoluiu batidos nos dias 14, 15 e 16 de “Passamos dois anos investigando a muito. Hoje temos uma infinidade setembro, em São Paulo, durante o alimentação nas regiões Norte, Nordes- de pães integrais à disposição. Pode- Congresso Brasileiro de Nutrolo- te, Centro-Oeste, Sul e Sudeste, para mos comer sanduíches, optando pela gia. Mais informações no site identificar os produtos com alto valor combinação de pão, carne branca, de www.abran.org.br. 31 Revista da APM Cestas básicas regionalizadas para o Fome Zero Agosto de 2006 prato de comida. COTIDIANO Agosto de 2006 Jovens são principal alvo no combate ao fumo Revista da APM 32 Fórum realizado na APM mostra os riscos a que a população jovem é exposta quando faz uso do tabaco, especialmente o cigarro CARLA NOGUEIRA A fumaça do vício. A tragada que pode levar à morte. Presas fáceis, os jovens caem no vício. É cada vez mais freqüente o número de usuários de tabaco, principalmente o cigarro, entre adolescentes. Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam esta realidade. “O tabaco é considerado uma doença pediátrica. Cerca dos 90% de fumantes começaram a fumar antes dos 19 anos”, completou a representante do Inca, Érika Cavalcante, durante o I Fórum Nacional da Saúde “Juventude contra o Tabaco”, ocorrido na manhã do dia 8 de agosto no auditório nobre da APM. O evento foi realizado pela APM, Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Associação Médica Brasileira e Núcleo de Apoio ao Paciente com Câncer e teve o apoio de várias entidades que trabalham em prol do paciente portador de câncer. A iniciativa, realizada em comemoração ao Dia Nacional da Saúde, 6 de agosto, teve como principal foco conscientizar e alertar sobre o perigo do tabagismo entre os jovens, bem como mostrar que o câncer tem cura. Segundo Érika, cerca de 100 mil pessoas por dia se iniciam no hábito de fumar, sendo que 80% dos casos ocorre em países em desenvolvimento. “É preciso entender que a dependência do tabagismo é por toda a vida. O nosso trabalho consiste em mostrar os perigos do tabaco, o que isso pode causar à pessoa e, principalmente, dar respaldo para o dependente que deseja se afastar do vício. É uma vigilância eterna”. Em sua conclusão, na apresentação no Fórum, Érika destacou que o combate ao tabagismo precisa ser um trabalho constante e em conjunto com a sociedade. “Precisamos da conscientização da sociedade para mobilizarmos e esclarecer cada vez mais a população sobre os danos causados pelo tabagismo”. Iniciativa A diretora de Ações Comunitárias da APM, Yvone Capuanno, abriu a programação do evento com destaque para iniciativa da APM na realização do Fórum. “Para a APM é uma honra realizar um evento desta importância. Estamos [APM] de portas abertas sempre. Obrigada a todos”. Em seguida, a presidente da Sociedade Paulista de Oncologia, Nise Yamaguchi, apresentou aos presentes, representantes do Idem – rede internacional que visa ajudar e incentivar jovens na integração e transformação de causas sociais. Os jovens do Idem fizeram um louvor à maior causa: a transformação do mundo, e, principalmente, a transformação de si mesmo, longe de vícios. A presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica, Sônia Viana, explanou sobre o câncer em crianças que, segundo ela, não tem prevenção, mas, com um diagnóstico precoce há chance de 70 a 80% de cura. Já Eliana Caran, do Grupo de Apoio à Criança e Adolescente com Câncer (GRAACC), apresentou a infra-estrutura do GRAACC e todo o trabalho desenvolvido pela entidade. Yvone Capuanno, diretora da APM, e Nise Yamaguchi, durante palestra contra o tabagismo na APM 33 Revista da APM Agosto de 2006 CÂNCER Agosto de 2006 Brasil no time titular das pesquisas Revista da APM 34 País integra equipe de 55 instituições internacionais para desenvolver exame genético que identifica a predisposição ao câncer de intestino ADRIANA REIS P esquisadores do mundo inteiro comemoraram, em junho, a divulgação do resultado de uma pesquisa realizada por 55 instituições e que desenvolve um exame capaz de identificar a predisposição genética para o câncer de intestino. Uma dessas instituições era brasileira: o Hospital do Câncer. O coordenador do grupo é o oncologista Benedito Mauro Rossi, mineiro formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Desde 1985, ele trabalha no Hospital do Câncer, onde percebeu a necessidade de pesquisar a influência genética na predisposição para essa doença, ainda hoje considerada um tabu. De seu consultório, no bairro da Liberdade, Dr. Rossi concedeu uma entrevista exclusiva à Revista da APM: Revista da APM - A mídia tem noticiado a descoberta de um exame genético para identificar a predisposição para o câncer de intestino. O que esse resultado representa? Benedito Mauro Rossi – Essa pesquisa que a mídia tem comentado, tratase de um resultado parcial de um trabalho que começou em 1997. Desde este período, estamos estudando casos de câncer hereditário de intestino. É uma pesquisa contínua, que envolve 55 instituições de todo o mundo, da qual o Hospital do Câncer, em São Paulo, faz parte. Somos um grupo de estudos com cerca de 20 profissionais, coordenados por mim. APM – Como essa pesquisa começou? O que o grupo tem conseguido em termos de conhecimento científico desde 1997? Rossi – Para ser sincero, essa pesquisa começou antes ainda, em 1992. O processo iniciou com o registro dos casos de câncer no intestino que recebíamos no Hospital do Câncer. O primeiro passo foi montar um imenso banco de dados. A comunidade científica sabia que havia uma predisposição genética para o câncer de intestino, mas até aquele momento não tinha um embasamento de pesquisa para saber o grau disso. Eu acompanhava os pacientes chegando ao hospital com o diagnóstico de câncer de intestino e, muitas vezes, percebia que o pai, o irmão ou o primo dele também tinham a doença. Isso precisava ser organizado em forma de base para a pesquisa. Foi o que fizemos. Já com o banco de dados, que recolheu informações de mais ou menos 150 famílias, Oncologista Benedito Mauro Rossi começamos a pesquisa, em 1997. Os resultados foram publicados em 2002, numa revista internacional. APM – A partir disso, a equipe ganhou projeção internacional? Rossi – Sim, o resultado foi publicado em uma revista importante do meio científico e passamos a ter contato com outros pesquisadores, do mundo todo. Em 2004, começamos a segunda fase da pesquisa, com registro de 300 famílias. O resultado dessa pesquisa foi publicado em junho de 2006, com a descoberta do exame que identifica a predisposição genética para desenvolver o câncer de intestino. APM – E se trata de uma divulgação mundial? Rossi – Isso mesmo, porque a pesquisa foi desenvolvida em conjunto por estas 55 instituições que formam o grupo de estudos. A organização dos dados teve coordenação de um pesquisador coreano. APM – É verdade que o senhor é o único brasileiro na equipe? Rossi – Sim e não. Sou o único brasileiro que assina o estudo, mas, na verdade, nenhum trabalho é desenvolvido por uma pessoa somente. É um trabalho de equipe. O grupo de estudos tem 20 pesquisadores, como mencionei, e todos trabalham juntos. É importante dizer Rossi – Funciona da seguinte forma: a pessoa chega até o Hospital do Câncer para saber sua predisposição genética. O primeiro passo é identificar as pessoas na família que já tiveram a doença. Fazemos a coleta do sangue delas para o estudo genético. Depois, organizamos a árvore genealógica daquela família e passamos a verificar alguns critérios pré-definidos que, se preenchidos, qualificam aquela pessoa como predisposta geneticamente. A herança para a geração seguinte é de 50%, ou seja, se o pai ou a mãe têm a predisposição, a chance do filho também ter é de 50%. APM – Mas ter a predisposição não significa que a pessoa vai desenvolver o câncer, não é? Rossi – Pode acontecer. Nossas pesquisas mostram que se a pessoa tiver a predisposição, a chance de ter câncer é de 80%. Para que se entenda o que isso representa, eu costumo comparar com uma grande escadaria. Vamos supor que todos nasçam no degrau zero, ou seja, no andar térreo. À medida que vamos crescendo, passamos a agredir nosso organismo com alimentos não saudáveis, com álcool e cigarro. Vamos subindo essa escada. Quando chegamos aos 50 anos, num certo patamar, desenvolvemos o câncer. A pessoa com predisposição genética já nasce no quinto degrau dessa escada. Ela já está alguns passos adiante e, portanto, deve redobrar os cuidados. Rossi – Ela deve fazer um exame anual para monitorar a doença e começar isso cedo, a partir dos 25 anos. A partir dos 50 anos, todos devem fazer esse exame, mesmo quem não tem a predisposição genética. APM – O senhor mencionava há pouco sobre a alimentação. Ela é tão importante assim na prevenção do câncer de intestino? Rossi – Ela é importantíssima, é fundamental. O cigarro, o álcool e a atividade física são importantes, mas a alimentação é o determinante. Um dos principais agressores do intestino é a gordura saturada. E sabe onde ela é mais encontrada? Na carne vermelha. É uma verdadeira vilã. Eu brinco que nas embalagens de carne do supermercado deveriam vir imagens de pessoas doentes, assim como acontece com o cigarro. Outro agressor é o alimento processado: salsicha, presunto, mortadela, patês enlatados. Aumentam em 40 ou 50 vezes a chance de desenvolver câncer de intestino. Sempre ouço pessoas dizendo: “ah, mas conheci um velhinho que comia de tudo, bebia, fumava e viveu até os 90 anos”. Pois se ele não tivesse feito tudo isso viveria até os 120, porque tinha condição genética favorável. Em resumo, não se deve subestimar a importância da alimentação saudável para a prevenção da doença. APM – Além de evitar a carne, o que mais é possível fazer pela alimentação? Rossi – Pode abusar de grãos, castanhas, cereais. Comer alimentos frescos, frutas, legumes. O Brasil é um país privilegiado, porque tem produtos frescos o ano todo. Nosso clima proporciona isso, ao contrário dos países europeus, que sofrem com o frio rigoroso. É só ir à feira, está tudo lá, bonito e colorido. Se possível, substituir a carne vermelha pelo peixe, que não tem gordura saturada. Não precisa deixar de comer carne vermelha, mas faça isso apenas uma vez por semana. Porque já está comprovado pela Ciência o quanto ela faz mal ao nosso organismo. APM – Quais os próximos passos da pesquisa? Rossi – Acabamos de conseguir a aprovação de um apoio financeiro da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) para ampliar essa descoberta, incluindo outros aspectos. Um deles, que nunca foi estudado no Brasil, é a abordagem psicológica da doença. Sabemos como, ainda hoje, o câncer é um tabu na nossa sociedade. Temos psicólogos e psiquiatras no Hospital do Câncer para dar esse suporte. Estou orientando uma pesquisa de doutorado que está estudando justamente isso, porque quanto maior for a resistência psicológica à doença menor a chance da pessoa se submeter a exames preventivos. Com estes recursos financeiros poderemos abordar os mais diferentes aspectos dentro deste tema, vamos verticalizar a pesquisa, aprofundá-la. APM – O Brasil tem avançado como promotor de pesquisas científicas? Rossi – Ainda estamos longe do ideal, mas temos avançado. Existem ilhas de pesquisa no Brasil, como o Hospital do Câncer. O Estado de São Paulo ainda concentra a maior parte dessas pesquisas, mas acredito que estamos crescendo. Com este trabalho sobre câncer do intestino, o Brasil está entrando no time titular de pesquisadores. Estar nesse grupo significa que estamos compatíveis com o resto do mundo. É uma grande conquista. Agosto de 2006 APM – E de que forma é feito este exame? APM – E qual o procedimento a partir do momento que a pessoa sabe que tem a predisposição? 35 Revista da APM isso, porque a pesquisa é resultado do esforço de todos. Nós nos reunimos semanalmente, desde 2003, quando o grupo foi criado. Até montamos um site na Internet, em que publicamos um resumo das nossas reuniões. O endereço é www.gbeth.org.br (Grupo Brasileiro de Estudos de Tumores Hereditários). RADARMÉDICO Foto: Leandro de Godoi Sinasa e Sescon-SP firmam parceria de Assessoramento, Perícias, Informa- presidente do Sescon-SP, Antônio ções e Pesquisas no Estado de São Pau- Marangon, e o representante do Sinasa, lo (Sescon-SP) firmaram uma parceria José Maria de Almeida Prado. O sis- que poderá beneficiar um universo de tema oferece atendimento particular mais de 50 mil pessoas. O acordo, fir- direto, sem intermediários, por pro- mado no dia 5 de agosto, vem com o fissionais de Medicina de todas as es- objetivo de fornecer atendimento em pecialidades, além de acesso a serviços saúde para funcionários e colaboradores hospitalares e exames complementares. de mais de 4 mil empresas filiadas ao O Sistema de Atendimento à Saúde sindicato. Na ocasião, estiveram pre- Saiba mais: (Sinasa) e o Sindicato das Empresas sentes o diretor de defesa profissional www.sinasa.com.br É hora de brincar sério 36 Revista da APM da APM, Thomaz Howard Smith, o A Associação Paulista de Medicina (APM), em parceria com a Associação Brasileira de Brinquedotecas, abre, até o dia 20 de setembro, inscrições para o curso de formação de brinquedista hospitalar. O evento será realizado entre 25 e 27 de setembro na sede da APM e será destinado a profissionais que atuam na área da saúde, como médicos, enfermeiros, educadores, psicólogos, fonoaudiólogos, entre outros. Dentro da programação do curso, vários temas serão abordados com profissionais reconhecidos da área, entre eles “As principais razões da internação hospitalar infantil”; “A criança com patologias Saiba mais: Programação completa do curso no portal oficial da APM. www.apm.org.br respiratórias”; “A criança com patologias cirúrgicas”; “Dinâmica Lúdica”; “O brincar como suporte do desenvolvimento da criança hospitalizada”; “Brincando com a sucata”; “Entendendo o brincar no hospital” e “Brinquedista hospitalar: uma profissional ou uma voluntária?”. Inscrição Poderá ser efetuada pessoalmente na sede da APM ou por meio do depósito bancário: Banco Itaú. Agência 0251; C/C: 43.883-4 nominal à Associação Paulista de Medicina. CNPJ: 60.993.482/0001-50. Enviar via fax (11) 3188-4255, a ficha de inscrição preenchida, com letra legível e comprovante de depósito. Sócio da ABBri: R$ 200,00. Não-sócio ABBri: R$ 250,00. Foto: Osmar Bustos Agosto de 2006 Diretores assinam parceria de Serviços Contábeis e das Empresas Brinquedoteca auxilia crianças durante permanência no hospital SERVIÇO Mais informações: Associação Paulista de Medicina – Departamento de Eventos. Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, 278. Telefone: (11) 3188-4252. Email: [email protected] Foto: Osmar Bustos Covers agitam o Clube de Campo Foto: Osmar Bustos Foi assim o dia 29 de julho, no Encontro Musical de Médicos Músicos. Uma noite inesquecível que abrigou o grande encontro: Beatles e Elvis Presley. Covers dos Beatles Cover? Sim, o que importa? Ali, todos acreditaram na transmutação de quatro médicos, os quatro “médicos Beatles”, em Beatles e, depois, em Elvis. Lotação máxima. Cerca de 120 pessoas. Frio? Só na Serra, o restau- Saiba mais sobre o projeto No Departamento Social da APM, no telefone (11) 3188-4282 ciou a apresentação da Banda Beatles Foto: Osmar Bustos Soul, até as crianças grudaram os olhos no palco. E quando o show começou, virou, de muito quente para muito frio “Imagine”: irreverência, saudades, e úmido. Imagina lá na Serra da Canta- encatamento. Pronto! Perfeito! reira, onde fica o Clube de Campo da Mais um pouquinho e todos estavam APM. E a neblina então! Mas, fã que é no ponto de dança. Coladinhos nos mo- fã enfrenta chuva, tempestade. Pra mentos românticos de Elvis. Balanço quem é fã, não tem tempo ruim. no rock dos Beatles e dos velhos sucessos Eles vão chegando e querem sempre mais. E a noite fria, fica pra lá de quente. 37 Revista da APM De uma hora para outra, o tempo dos anos 60. E assim foi... muita alegria, alma lavada e coração em festa. Agosto de 2006 rante fervia quando Ed Sullivan anun- Cover de Elvis Presley Público lota clube da APM Câncer de Mama tem federação Com o intuito de promover a Não-Governamentais para que se mudança da estatística de morta- articulação entre o governo e a tornem cada vez mais atuantes e lidade”, completa. comunidade em agenda comum profissionais em sua jornada de para a busca de soluções para o cân- combate e prevenção da doença. Na agenda inicial da Femama, estão programados quatro fóruns cer de mama, 23 organizações de De acordo com a presidente da para os meses de agosto e setem- 14 Estados brasileiros fundaram, Federação, Maira Caleffi, a enti- bro. A idéia é levar os principais no mês de julho, a Federação Naci- dade buscará, ainda, representar candidatos à Presidência a esses onal de Instituições Filantrópicas todas as entidades do Brasil que eventos para discutir projetos rela- em Câncer de Mama (Femama). lutam contra o câncer de mama. cionados à prevenção do câncer de Além de defender as políticas “E cada uma delas terá o papel de mama. Sua diretoria ressalta que públicas de atenção à saúde da promover ações em sua região, “a federação está de portas abertas mama, a entidade nasce com a fortalecendo os direcionadores para qualquer entidade do país que meta de capacitar Organizações determinantes do processo de queira se associar”. MÚSICA Agosto de 2006 Rainha do jazz brasileiro canta na APM Revista da APM 38 O dia 14 de julho foi especial para o Clube do Jazz da APM. Naquela data, um auditório lotado pode conferir um dos shows mais aguardados do ano pelos freqüentadores do projeto. Para a felicidade dos apreciadores da boa música, quem esteve presente na ocasião foi a consagrada cantora Rosa Maria Collin. Acompanhada pelos músicos Sílvio Gallucci (piano), Cláudio Celso (guitarra), Guy Sasso (contrabaixo) e Armando Tibério (bateria), Rosa cantou temas antológicos como “I Can’t Give You Anything But Love”, de Dorothy Fields/ Jimmy Mc Hugh, “Summertime”, de George Gershwen, “I’ve Got you Under My Skin”, de Cole Rosa Marya Collin encanta APM com seu blues Porter, “California Dreamin”, de John Phillips, e “Monday Monday”, de Jonh Phillips. Além de um show memorável, o público assistiu, no telão, a diversos registros raros de apresentações, entrevistas e muitas fotos, contando a história e a carreira da diva do blues do Brasil. Rosa Marya iniciou sua carreira aos 18 anos no Rio de Janeiro, cantando jazz e bossa no Beco das Garrafas, depois de trabalhar durante o dia como operária. Com o registro grave de sua voz, adaptou-se bem ao repertório jazzístico e, em 1965, gravou seu primeiro disco. Em seguida, fez shows por todo o Brasil, participou de programas de televisão e atuou na primeira montagem brasileira do musical “Hair”, além de ter trabalhado no México. A partir do início da década de 1980, firmou-se como cantora, tocando ao lado da Tradicional Jazz Band. Depois de mais de 20 anos de carreira e com alguns discos gravados, era ainda pouco conhecida do grande público, até que uma gravação despretensiosa para um comercial de televisão, em 1988, alcançou o topo das paradas. Uma regravação cool de “California Dreamin”, do grupo The Mamas And The Papas, tornou-se o seu grande sucesso, ficando por semanas consecutivas em primeiro lugar nas paradas musicais. Música em Pauta recebe o Quarteto Tau O Auditório Nobre da APM contou, na noite de 26 de julho, com a presença do excelente e renomado Quarteto Tau. Os violonistas se apresentaram dentro da programação do Música em Pauta, projeto da entidade que apresenta, uma vez por mês, grandes nomes da música erudita e instrumental brasileira. Formado pelos músicos Breno Chaves, Fábio Bartoloni, José Henrique de Campos e Marcos Flávio, o quarteto traz para os violões versões de clássicos de autores consagrados. Na APM, eles interpretaram canções como “Gnattaliana”, de Giacomo Bartoloni (1957), “Águas de Março”, de Tom Jobim (1927 – 1994) e Quarteto nº 3 – “Brasileiro”, de Alberto Nepomuceno (1864 – 1920). Confira a próxima atração na Agenda Cultural. Quarteto Tau, na APM CIENTÍFICA Apresentação de Darcy Domingos 27/09 – quarta – 8h30 O brincar como suporte do desenvolvimento da criança hospitalizada Coordenação: Maria Campos Conferencista: Vera de Oliveira Mesa Redonda: Outros aspectos do brincar na Brinquedoteca Hospitalar Coordenação: Yvonne Capuano • Estratégias no brincar com a criança em situação de restrição Germana Concílio • A utilização dos recursos expressivos na Brinquedoteca Hospitalar - Silvia Pizzo • A narração de histórias - Beatriz Gimenes • Projeto Coala: inserção da leitura como recurso terapêutico no fortalecimento da relação mãe-filho - João Palma Equipe: Leda Sigristi/ Marco Nadal/ Elizabeth Biondo • Trabalho em Grupo para elaboração de recomendações Coordenação: Diretoria da ABBri • Brinquedista Hospitalar: uma profissional ou uma voluntária? Coordenação: Draúzio Viegas Conferencista: Nylse Cunha • Relatório sobre a participação Marylande Franco reimplante de membros – Dr. Arnaldo Zumiotti • Papel da cirurgia endovascular nos traumas dos grandes vasos – Dr. Ricardo Aun • Trombólise na isquemia aguda dos membros: existe evidência excelente para sua utilização? – Dr. Ivan Casella • Como melhorar os resultados no tratamento dos aneurismas rotos da aorta - Dr. Ronald Fidelis • Tratamento da dissecção aguda da aorta. Análise crítica baseada em evidências - Dr. Alexandre Anacleto Comitê Multidisciplinar de Citopatologia 28/09 – quinta - 19h XIV Encontro da Sociedade Bras. de Citopatologia – Capítulo São PPaulo aulo Câncer do Ovário Organização/ Coordenação: Prof. Dr. David Alperovitch/ Profa. Dra. Suely Alperovitch/ Profa. Dra. Lucia Carvalho • Generalidades • Exame cito-histopatológico • Conduta atual Comitê Multidisciplinar de Coluna Vertebral 20/09 – quarta – 20h Reunião Científica Departamento de Cirurgia Plástica 26/09 - terça – 20h • Esporte e a coluna vertebral Reunião Científica Controle de Qualidade Hospitalar – CQH Departamento de Cirurgia Vascular e 14 e 15/09 – quinta e sexta – 8h30 Formação de Examinador do Angiologia PNGS – Prêmio Nacional de 23/09 - sábado - 9h Curso: Atualização em Gestão em Saúde Cirurgia V ascular e Vascular • Apresentação do PNGS e do CQH Endovascular • Código de ética para os Organização: Calógero Presti e examinadores Valter Castelli Jr. • Fundamentos de excelência Módulo VI: Urgências Vasculares • Critérios de avaliação do PNGS Moderador: Calógero Presti • Exercício de estudo de caso • Controle de danos no trauma • Processo e etapas de avaliação vascular – Dra. Rina Porta • Preparação do relatório de • Tratamento intervencionista do avaliação trauma carotídeo-cervical – Dr. 28 e 29/09 – quinta e sexta – 8h30 Alexandre Fioranelli 30/09 – sábado – 8h Curso de Visitador do CQH • Estado atual da indicação do Agosto de 2006 Apresentação de Brinquedotecas Hospitalares Comitê Multidisciplinar de segundo os seguintes critérios: Adolescência coordenação; atendimento; 30/09 – sábado – 8h30 rotina de funcionamento; SEMINÁRIO ranstornos do SEMINÁRIO:: T Transtornos participação familiar; Humor higienização; atendimento nos Coordenação – Dra. Isa Kabacznik leitos; atendimentos na UTI; • Diagnóstico do transtorno bipolar na tipo de atividades infância e adolescência – Dra. Lee Fu-I desenvolvidas; integração com • Aspectos neuropsicológicos do equipe do hospital. transtorno do humor na Coordenação: Silvia Baltieri adolescência – Dra. Cândida • Brinquedoteca do Centro Infantil Camargo Boldrini - Nina Mazzon • Comorbidades – Dr. Manoel Teixeira • Brinquedoteca do INCOR • Por que tratar precocemente o Janayna Faria transtorno bipolar? – Dra. Isa • Brinquedoteca do Hospital São Kabacznik Paulo/ Unimed Araraquara - Lucy • Tratamento do transtorno bipolar Correia na infância e adolescência - Dr. • Brinquedoteca do Hospital Darcy Miguel Boarati Vargas - Norma Satie • Repercussão social e familiar do • A trajetória do brincar no hospital transtorno do humor – Dr. Wimer Coordenação: Edda Bomtempo Bottura Jr Aydil Ramos • Debate 26/09 – terça – 8h30 Entendendo o brincar no Departamento de Ações hospital Comunitárias Coordenação: Darcy Domingos Curso para Formação de Conferencista: Edda Bomtempo Brinquedista Hospitalar Mesa Redonda: O brincar nos 25/09 – segunda – 8h30 vários contextos hospitalares Abertura do Curso Coordenação: Beatriz Gimenes As principais razões da internação • O brincar no pronto-socorro hospitalar infantil Risélia Pinheiro Coordenação: Marylande Franco • O brincar no leito hospitalar Drauzio Viegas Juliana Batista Mesa Redonda: características • O brincar na sala de espera - Lea da criança hospitalizada com Waidergorn sintomas específicos e seu • A higienização dos brinquedos atendimento lúdico Maria de Fátima Cardoso Coordenação: Vera de Oliveira • Dinâmica Lúdica • A criança com patologias Coordenação: Beatriz Gimenes e respiratórias - Marisa Laranjeira equipe da ABBri Depoimentos da Brinquedista Mesa Redonda: Equipe Germana Concílio Multidisciplinar no Hospital • A criança com patologia cirúrgica - P ediátrico Dr. Pedro Fernandez Coordenação: Jorgea(verificar se o Depoimentos da Brinquedista Fabiane nome é esse) Macedo Almeida • Serviço Social - Iara Mingione • A criança com câncer - Mônica • Fisioterapia - Vivian Cheab Cipriano • Psicologia - Renata Petrilli Depoimentos da Brinquedista Cláudia • Terapia Ocupacional - Lina Santos Molchansky • Fonoaudiologia - Andréa Silva • Dinâmica Lúdica • Brincando com a sucata Coordenação: Beatriz Gimenes Coordenação: Nylse Cunha SETEMBRO 39 Revista da APM AGENDA AGENDA CIENTÍFICA Agosto de 2006 • Perfil • Liderança • Estratégias e planos • Clientes e sociedade • Informações e conhecimento • Pessoas • Processos • Resultados da organização Revista da APM 40 Comitê Multidisciplinar de Dor 27/09 - quarta – 20h Jornada: Modalidades de Tratamento em Dor Crônica: Indicações, Dificuldades, Inconvenientes e ContraIndicações Coordenação: Dra. Vitória Bejar • Medicamentosas - Dr. Rogério Adas • Armadas - Dr. Caio Grotta • Psico-comportamentais - Dr. João Figueiró • Troca de Idéias Relator: Dr. Luiz Hoppe Debatedores: Dr. Daniel Muñoz/ Dr. Mário Tsushia • Conferência: técnicas de exumação – da teoria à prática Presidente: Dr. Mário Tsushia Palestrante: Dr. Carlos Coelho • Workshop: Apresentação e discussão de casos Médico-Legais Coordenação: Dr. Arnaldo Poço • Discussão do caso “Y. Y.”: homicídio ou suicídio? Apresentador e Debatedor: Dr. Daniel Muñoz • Conferência: Técnicas tanatológicas - O estudo macroscópico do coração e do sistema nervoso central em face da Medicina Legal Presidente: Dr. Paulo Mitsuuchi Conferencista: Dr. José Zappa Departamento de Ortopedia e Traumatologia Temas Comuns no Consultório – Como eu trato Departamento de Infectologia 04/09 – segunda – 20h 15/09 - sexta-feira – 19h20 Reunião Científica • Facite plantar – Dr. Gastão Frizzo • Novas drogas antiretrovirais em • Hallux valgus – Dr. Osny Salomão AIDS – Dra. Roberta Nogueira • Entorse de tornozelo – Dr. Caio Nery Departamento de Medicina de • Lesão de manguito rotador – Dr. Família e Comunidade Fabiano Ribeiro 12/09 – terça – 19h30 • Luxação recidivante do ombro – Reunião Científica Dr. Nicola Archetti Neto Moderadora: Dra. Adriana • Capsulite adesiva – Dr. Américo Roncoletta Zoppi Filho Via WEBCAM: Dra. Valerie Gilchrist - 16/09 – sábado – 8h30 USA • Lesão meniscal em paciente acima • As mulheres na Medicina de de 50 anos –Dr. Mário Carneiro Família: a família na Medicina de Filho Família • Patologia fêmuro-patelar – Dr. Nilson Severino Departamento de Medicina Legal • LCA no adolescente – Dr. Wilson 16/09 – sábado – 8h Alves Jr Jornada PPaulista aulista de Medicina • Osteoartrose do joelho – Dr. Legal Arnaldo Hernandez Coordenação: Dr. Luiz Hoppe • Pseudoartrose do escafóide – Dr. Mesa Redonda: Controvérsias Walter Fukushima nos exames de corpo de • Síndromes compressivas do membro superior – Dr. Vilnei Leite delito: perícia necroscópica indireta; deformidade • Lesões ligamentares do corpo – permanente; incapacidade Dr. Rames Mattar Jr permanente para o trabalho; • Osteonecrose do quadril – Dr. enfermidade incurável. Rudelli Aristide Moderador: Dr. João Oba • Osteoartrose do quadril – Dr. Flávio Turíbio Departamento de Pediatria e Comunidade 30/09 – sábado – 8h30 Curso T eórico -P rático de Teórico -Prático Ultra-Sonografia para o Pe d i a t r a Coordenação: Dra. Lílian Sadeck/ Dr. Joel Schmillevitch • Avaliação do sistema nervoso central: ultra-som transfontanela Coordenadora: Dra. Lilian Sadeck Palestrante: Dr. Sérgio Marba • Recentes avanços na exploração ultra-sonográfica da região abdominal Coordenador: Dr. Rubens Lipinski Palestrante: Dr. Joel Schmillevitch • Abordagem através da ultrasonografia das patologias ósteoarticulares Coordenadora: Dra. Cristina Jacob Palestrante: Dr. João Barile Mesa Redonda: Outras indicações da ultra-sonografia Coordenador: Dr. João Barros • USG da bolsa escrotal - Dr. Joel Schmillevitch • USG da região pélvica - Dra. Ana Nicola • USG da região cervical - Dra. Ana Gorski Atividades Práticas • USG transfontanela - Dr. Sérgio Marba • USG abdome - Dr. Joel Schmillevitch • USG ósteo-articular - Dr. João Barile • USG pelve e bolsa escrotal - Dra. Ana Nicola Avaliação do Curso Comitê Multidisciplinar de Psicologia Médica 30/09 - sábado – 9h Jornada - A família, o cuidador e a pessoa doente: desafios na atualidade Coordenação: Dr. Luiz Paiva • Gerações vinculares de família – Dr. Décio Natrielli • Conflitos familiares – Dra. Eliana Pous • A Família, o cuidador e a pessoa acometida por esclerose lateral amiotrófica - Dra. Vânia Moreira • Campo dinâmico na relação família, cuidador e paciente – Dr. Ezequiel Gordon • Debate Programação para Leigos Departamento de Neurologia 02/09 – sábado – 9h R eunião de PPortadores ortadores e Familiares de Narcolepsia Programa Educação para Saúde Coordenação: Dr Dr.. Severiano Atanes Netto 13/09 – quarta – 14h • Amor e sexo na 3ª idade – Dr. Luiz Freitag 27/09 – quarta – 14h • Transtornos da ansiedade – Dr. Carlos Laganá OBSERVAÇÕES 1 . Os sócios, estudantes, residentes e outros profissionais deverão apresentar comprovante de categoria na Secretaria do Evento, a cada participação em reuniões e/ou cursos. 2.Favor confirmar a realização do Evento pelo telefone: (11) 3188-4252. 3 . As programações estão sujeitas a alterações. INFORMAÇÕES/ INSCRIÇÕES/LOCAL: Associação Paulista de Medicina Av. Brigadeiro Luís Antônio, 278 Tel.: (11) 3188-4252 – Departamento de Eventos E-mail: [email protected] Portal: www.apm.org.br ESTACIONAMENTOS: Rua Francisca Miquelina, 67 (exclusivo para sócios da APM) Rua Genebra, 296 (Astra Park – 25% de desconto) Av. Brig. Luís Antonio, 436 (Paramount – 20% de desconto) Av. Brig. Luís Antonio, 289 (Original Park) P rof rof.. Dr Dr.. Helio de Souza Lima Diretor de Eventos P rof rof.. Dr Dr.. Álvaro Nagib Atallah Diretor Científico AGENDA CULTURAL ESCOLADEARTES Tango Argentino Prof. Carlos Trajano 3a feira: 17h às 18h30 Valor mensal: R$ 20,00 (casal) e R$ 10,00 (individual) para sócios da APM e R$ 70,00 (casal) e R$ 40,00 (individual) para não sócios. MÚSICA EM PAUTA Grandes nomes da música erudita, nacional e internacional, apresentamse na APM toda última quarta-feira do mês. 27/09 - quarta - 20h30 Orquestra Concerto Barroco MÚSICA POPULAR PAULISTA Desde 2005, o projeto vem promovendo o resgate da Música Popular de São Paulo para a Música Popular Brasileira, com homenagem a grandes compositores paulistas. Reservas antecipadas. 14/09 – quinta - 20h30 Paulo Roberto Henes, Alceu CaDanças Folclóricas Prof. Carlos Trajano 2ª feira: 10h às 11h30. Valor mensal: R$ 10,00 para sócios da APM e R$ 35,00 para não sócios milo da Silva Junior, Carolina Colepicolo e Luís Cristóvão de Oliveira Filho – violinos, André Pretzel e Juvêncio Lobo–Viola, João Guilherme Figueiredo e Gui- Piano Erudito e PPopular opular (aulas com agendamento até as 17h) Prof. Gilberto Gonçalves 3ª feira: 9h às 17h Valor mensal: R$ 45,00 para sócios da APM e R$ 150,00 para não sócios. Agosto de 2006 lherme Faria – violoncelos, Ruy Arcádio – contrabaixo e Romeu Manson – cravo. Composições de Antonio Vivaldi (1678-1741), Arcangelo Corelli (1653-1713) e Georg Friedrich Händel (1685-1759). CHÁ COM CINEMA Desde 1997, a APM promove descon- Dona Inah Arraigada à escola das grandes divas do Rádio, Dona Inah apresenta um repertório composto por sambas de seu primeiro álbum, com músicas de grandes mestres do samba. tração, cultura e lazer nas tardes de Pintura Contemporânea Profa. Cláudia Furlani 4ª feira: 9h às 12h, 14h às 17h ou 18h às 21h Valor mensal: R$ 45,00 para sócios da APM e R$ 140,00 para não sócios. quinta-feira. Exibições de filmes, seguidas de chá da tarde com sorteio e música ao vivo. Auditório da APM. Ingressos: alimentos não-perecíveis doados a entidades assistenciais. Reservas de lugares devem ser feitas às segundasfeiras que antecedem ao evento. GREGORY PECK 14/09– quinta - 14h O Circo 72 min., EUA, 1928. Direção: Charlie Chaplin. 28/09 – quinta - 14h Luzes da Cidade INFORMAÇÕES E RESERVAS 87 min., EUA, 1931. (11) 3188-4301 / 4302 Direção: Charlie Chaplin. CINE-DEBATE Projeção mensal de um filme temático relacionado ao cotidiano das pessoas. Após a exibição do filme, especialistas convidados analisam e debatem com a platéia. Entrada franca. Coordenação: Wimer Botura Júnior (psiquiatra). 22/09 – sexta - 20h Minha Vida de Cachorro 101 min., Suécia, 1985. Direção: Lasse Hallström. Com: Anton Glanzelius, Anki Liden, Manfred Serner e elenco. Debate: a esperança e a energia para sobreviver às adversidades em lugares jamais imaginados. 41 Revista da APM Dançaterapia Prof. Carlos Trajano 4ª feira: 10h às 11h30. Valor mensal: R$ 10,00 para sócios da APM e R$ 35,00 para não sócios 42 Revista da APM Agosto de 2006 Produtos&Serviços LITERATURA De forma rápida, pode-se dizer que as pesquisas com célulastronco atendem a três principais objetivos: 1) explicação do desenvolvimento humano – da diferenciação, especialização e proliferação celular; 2) aplicações médicas; e 3) geração de linhagens celulares humanas para testes de drogas in vitro. Este livro trata dos dois primeiros assuntos e está dividido em três partes. A primeira focaliza a caracterização das células-tronco humanas e de animais com suas respectivas caracterizações. A segunda descreve o estado atual da aplicação para o tratamento de doenças e a terceira trata dos aspectos éticos e legais. Autores: Marco Antônio Zago e Dimas Tadeu Covas. Formato: 17 x 25cm, 245 páginas. Editora: Atheneu. Contato: (11) 0800.267753 ou www.atheneu.com.br Psicoterapia Psicanalítica Breve – 2ª edição Esta é a segunda edição de Psicoterapia Psicanalítica Breve, obra única escrita por um dos principais especialistas do país nesta abordagem terapêutica. Reunindo os fundamentos teóricos necessários com base nas principais indicações e apresentando o método para esse tipo de tratamento, esta obra é destinada aos psiquiatras, psicanalistas e psicólogos que buscam um atendimento qualificado, focal, com tempo delimitado, conforme a demanda atual dos pacientes e da realidade socioeconômica. Autor: Theodor Lowenkron. Formato: 16 x 23cm, 360 páginas. Editora: Artmed. Contato: (11) 3665.1100 ou www.artmed.com.br Os livros estão disponíveis na Biblioteca que funciona no 5º andar do prédio da APM de segunda a sexta das 8h30 às 20h. Agosto de 2006 A publicação trata dos principais assuntos ligados ao tema. Dividida em 30 capítulos, conta com mais de 1.500 fotos ilustrativas e discute assuntos como cirurgia dos cistos e neoplasias benignas, reconstrução da região, fraturas mandibulares, fraturas zigomático orbitais, fraturas dos terços médio superior e panfaciais, cirurgia ortognática, entre outros. Os textos do livro contaram com colaboração de diversos médicos especialistas, em sua maioria profissionais da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Autores: Ronaldo de Freitas. Formato: 21 x 28cm, 653 páginas. Editora: Santos. Contato: (11) 5574.1200 ou www.editorasantos.com.br Células-Tronco, a nova fronteira da medicina 43 Revista da APM Tratado de Cirurgia Bucomaxilofacial PORDENTRODOSUS por Luiz Antonio Nunes Agosto de 2006 A Revista da APM 44 1 - Pacto pela saúde 2006 Desde 2003, vem se procurando promover a revisão do processo normativo do SUS. Havia consenso entre os Gestores Estaduais de que o processo normativo necessitava contemplar a ampla diversidade e diferenças do nosso país e que a elaboração de uma nova norma deveria contribuir para a construção de um modelo de atenção que contemplasse os princípios do SUS, sob a égide da responsabilidade sanitária, adequada à realidade de cada Estado e região do país, integrando ações de promoção à saúde, atenção primária, assistência de média e alta complexidade, epidemiologia e controle de doenças, vigilância sanitária e ambiental, a reafirmação da importância das instâncias deliberativas CIB e CIT, e o fortalecimento do controle social. Faremos aqui um resumo para conhecimento dos colegas não gestores, mas importantes participantes do nosso sistema de saúde. Pacto pela saúde Em fevereiro de 2006, por meio da portaria GM/MS 399, resultado de um trabalho conjunto entre o CONASS (Conselho Nacional dos Secretários de Saúde), CONASEMS (Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde) e o MINISTERIO DA SAÚDE, foram definidas as diretrizes, e posteriormente em abril, foi publicada a portaria GM/ MS 699 que regulamentou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Vida e de Gestão (PACTO PELA SAÚDE 2006). Entre as questões que são abordadas nestes pactos estão: • a definição dos papéis e responsabilidades das 3 esferas de gestão; • a regionalização com ênfase no PDR (Plano Diretor de Regionalização)/ PDI (Plano Diretor de Investimentos) e na definição de redes de atenção à saúde; • o financiamento; • a PPI (Programação Pactuada Integrada); • a regulação assistencial e o papel das SES na coordenação das referências intermunicipais; • e a gestão dos prestadores de serviços. Neste, foram definidas três dimensões: O PACTO em DEFESA DO SUS, o PACTO pela VIDA e o PACTO de GESTÃO. Pacto em defesa do SUS Este pacto é constituído por ações concretas e articuladas pelos 3 níveis federativos, no sentido de reforçar o SUS como política de Estado e visando defender os princípios dessa política, inscritos na Constituição Federal. São suas prioridades: • mostrar a saúde como um direito de cidadania e o SUS como sistema público universal garantidor desse direito; • garantir, a longo prazo, o incremento dos recursos orçamentários e financeiros para a saúde (com a regulamentação da emenda constitucional 29 pelo Congresso Nacional – que garante recursos crescentes em função da arrecadação dos 3 níveis de governo); • elaborar a carta dos direitos dos usuários do SUS. Pacto pela vida Constitui um conjunto de compromissos sanitários, expressos em objetivos de processos e resultados, e derivados da análise da situação de saúde da população e prioridades definidas pelos governos dos três níveis. Significa uma ação prioritária no campo da saúde, que deverá ser executada com foco em resultados e com a explicitação inequívoca dos compromissos orçamentários e financeiros para o alcance desses resultados. Desse modo, fica reforçada, no SUS, a gestão pública por resultados. O Pacto pela Vida será permanente. Ao final do primeiro trimestre de um novo ano, serão avaliados os resultados do ano anterior e pactuadas novas metas e objetivos a serem atingidos no ano em curso. Os mecanismos e a cultura da pactuação deverão sofrer mudanças. O pacto não termina no momento de sua assinatura, mas ali começa. No campo operativo, as metas e objetivos do Pacto pela Vida devem inscrever-se em instrumentos jurídicos públicos, os Termos de Compromisso de Gestão, firmados pela União, estados e municípios. Esses termos têm como objetivo formalizar a assunção das responsabilidades e atribuições inerentes às esferas governamentais na condução do processo permanente de aprimoramento e consolidação do SUS. Nos Termos de Compromisso de Gestão inscrevem-se, como parte substantiva, os objetivos e metas prioritárias do Pacto pela Vida, bem como seus indicadores de monitoramento e avaliação. O Pacto pela Vida 2006 definiu seis prioridades: Saúde do Idoso; Controle do Câncer de Colo de Útero e de Mama; Redução da mortalidade infantil e materna; Fortalecimento da capacidade de resposta às doenças emergentes e endemias; Promoção da Saúde; e Fortalecimento da Atenção Básica/Primária. Continua na próxima edição CLASSIFICADOS SALAS – HORÁRIOS –PERÍODOS CONSULTÓRIOS – CONJUNTOS Horários em salas mobiliadas com secretárias, estacionamento para clientes e possibilidade de atendimento a convênios pela clínica. Email: [email protected] Fones 3064-4552, 3060-8244 e 3088-4545 ALUGAM-SE Período em consultório. Rua Cerro Corá. Fone 3031-4188, Walter Período em consultório médico na área de ginecologia, obstetrícia, mobiliado e com toda IE na região da Vila Olímpia. Fones 3846-9022 e 3846-5246 Casa com 6 salas e sala da espera, próxima ao HC, à R. Cristiano Viana. Fone 3338-1825 Casa térrea com estacionamento próxima ao metrô Paraíso. Linda clínica de alto padrão, recepcionista das 8h às 20h. Toda IE, internet, recepção ampla com jardim. Salas ou períodos para médicos. Fone 5572-0299 Casa em Campos do Jordão. Jaguaribe na Vila Natal, próximo ao Hotel Orotur. Internet – www.albcj.hpguip.com.br Fones 3207-4975 e 8255-1004 Clínica médica em Santana, período ou mensal, c/ infra-estrutura completa para médicos e psicólogos. Fone 6979-7004 (Vania) Clínica bem decorada c/ sala e período p/ médicos. R. Barata Ribeiro, a 1 quadra do Hosp. Sírio Libanês. Possui eletroc. portátil, fax, internet, comput. de tela plana, secretária, sala de exames etc. Fones 3237-2265 e 3214-1232 Clínica médica com centro cirúrgico em ponto nobre de Santos (Canal 3). Fone (13) 9782-8425 Clínica de alto padrão, com sala montada, IE completa e sala de procedimentos. Período ou mensal. Fone 3885-4511, dr. Ignacy Clínica de alto padrão em Osasco, a 5 minutos da USP, com salas por período ou por mês. Fone 9234-1881, dr. Cláudio Conjuntos na Faria Lima, 2 c/ 60m2 , vaga, recepção, 3 salas, 2 wc, copa, ar cond., carpete, luminárias, persianas e armários. Fone 3064-2040 (Heloísa) Conjuntos em Higienópolis. Av. Angélica, próximos à Paulista. 65 m 2 úteis, com 3 salas, 3 wc, copa e garagem ou com 130 m2 . Alugo ou vendo. Fone 3865-7905 Conjunto em centro comercial. Rua Peixoto Gomide, 515, cj. 152. Fone 3287-6103 Conjuntos 114/115, comercial, no Itaim Office Building à R. Bandeira Paulista, 662. Fones 3253-8712 e 3284-0437 Consultório de alto padrão ao lado do Hospital São Luiz. IE, garagem com manobrista, duas linhas telefone, secretária. Fone 9997-4153, dr. Sérgio Consultório mobiliado à Avenida Angélica, 1996. Períodos e horários a combinar. Fones 3661-7463, à tarde Consultório, período ou mensal em Higienópolis, para médicos e profissionais de áreas afins. Oftalmo. Homeopata, Psicólogos. Fone 3256-3368 Consultórios, período ou mensal c/ toda IE, fone, fax, secretária e serviços. Centro médico Oswaldo Cruz. Praça Amadeu Amaral, 47. Fone 3262-4430 (Daniela) Consultório situado próximo ao cruzamento das Avenidas Brasil e 9 de julho. Sala c/ 57m2 . Estacionamento próprio, manobrista, secretária e informatizado. Mobiliado e próprio para psicoterapeuta. Período ou integral. Fones 3052-4534 e 8189-3440 Divido salas para consultório com toda infra para médicos e profissionais de saúde a 100 metros do Metrô Tucuruvi – Fones 69917687 e 6994-0012 Períodos em consultório médico de alto padrão, totalmente montado, próximo ao Metrô Santa Cruz. Fone 5082-3390 Períodos em consultório médico em Moema (sobrado), com secretária, estacionamento e infra- estrutura. Fone 5542-8784 Salas ou meio período em clínica médica em Moema. 4ª travessa atrás do Shop. Ibirapuera (casa térrea), c/ ar, pabx, polimed, alvarás vigilância, sala peq. cirurgia, estac. etc. Fones 5532-1074 e 9982-2543, Olivério Salas em clínica no Paraíso (Central Park Ibirapuera), com ramal telefônico, secretária. Condomínio com sistema excelente de segurança. Salas mobiliadas ou não. Fone 5573-3000, Ana Paula Sala ou períodos para médicos em consultório na Vila Olímpia. Casa bem localizada, recémreformada. Imperdível. Fone: 3841-9624 Sala p/ consultório c/ toda infra-estrutura. Al. dos Jurupis, 452, cj. 32. Fone 5051-0799 (Valkiria) Sala em lindo sobrado com ótima localização à Rua Oscar Freire, 129. Fone 3088-0595, Ana Cristina Sala mobiliada para médicos e demais profissionais da saúde. Período integral com IE completa. Sitiuada em Higienópolis. Centro médico. Fone 9946-2212 Sala ou período para médicos, psicólogos e fonoaudiólogos com toda IE. Metrô Brigadeiro. Fones 3141-9009 e 3251-3604, Sérgio Sala em clínica totalmente equipada, em localização privilegiada e ambiente luxuoso p/ profs. já estabilizados c/ nome nacional e pacientes diferenciados. Fone 5051-3888 (Eleni ou Mª Aparecida) Sala ou período p/ prof. de saúde, clínica c/ toda IE montada, no Brooklin. Av. Portugal, 1644. Contatos p/ e-mail [email protected] ou Fone 9975-4490 (Eliana) Salas e/ou períodos, centro médico alto padrão nos Jardins, próx. HC. Salas equipadas c/ toda IE. Funciona de segunda a sábado. Fones 3064-4011 e 3082-0466 (Valdira/ Daniel) Sala em clínica médica na Vila Mariana, ao lado do metrô Ana Rosa. Fone: 5549-9622 Sala p/hora ou parceria, clínica no Imirim, Zona Norte. Medicina estética, dermato, endócrino e ortopedia. Fones 6236-4285 e 9746-4928 Sala ou consultório montado p/ período, R. Haddock Lobo, Jardins, próx. Hotel Renaissance. Ligar das 8h30 às 11h30 e das 13h30 às 19h. Fone 6604-5965 Sala para médicos e demais profissionais da saúde em consultório com estrutura completa. Sala de espera, telefone e fax. Vila Mariana, próxima ao metrô Santa Cruz. Fone 5575-2089 (Ana) Sala ou períodos em Perdizes para profissionais da saúde. Fones 3871-2511, 3672- 0359 e 9931-2713 (dra. Afra) Sala nova, mobiliada c/ wc privativo, ar condic., excelente iluminação p/ médicos, exceto GO. Próxima metrô Sumaré. Segunda à sexta, no período da manhã. R$ 450,00, toda IE. Fones 3081-5973 e 9103-0803 Sala para médicos, no período das 10h às 14h. R. Cotoxó, 611, 10º andar, cj. 105. Fones 3873-5782 e 3871-5887 Sala em clínica de alto padrão, c/ infra-estrutura completa, no Jardim Paulista. Av. Brig. Luiz Antônio, 4277. Fones 3052-3377 ou 3887-6831 Sala de altíssimo padrão para consultório médico, com toda IE de clínica já montada. Divisão de despesas entre os integrantes. Fones 3031-6529 e 9572-0583, Ivo Sala c/ cons. na Vila Nova Conceição, c/ IE completa, mobiliada, secretária, PABX, sistema de segurança, estacion. para clientes. Próxima ao Hospital São Luiz. Av. Santo Amaro. Fones 5084-3648 e 9123-9617 Sala (4x5m). Consultório em clínica para qualquer especialidade. Ótima localização na Vila Maria. R. Araritaguaba, 900, esquina c/ av. Guilherme Cotching. Fones 6954-7896 e 7354-6570 Sala para médicos e profissionais da saúde em consultório com boa IE e localização comercial. Fones 6341-5354 e 6346-3105 (Silvia/Marcelo) Sala ampla, por período, localizada entre o Metrô Praça da Árvore e Santa Cruz. Possui estacionamento próprio. Fones 5594-5584 e 5594-7607 (Fátima) Sala por período em consultório médico, com toda IE, em Perdizes. Fone 3872-5274, Orleni Sala mobiliada com banheiro em andar superior, para profissionais da saúde. Clínica montada no Brooklin. Período de 4 horas semanais: R$ 300,00/mês. Fones 5096-3652 e 5531-8494 (hc) Sala em consultório médico, próxima ao Hospital das Clínicas. Rua Capote Valente. Preferência Cardio, Dermato, Ortopedista, Oftalmo. ou ORL. Fone 3083-6427, Rosana Sala para consultório, por período à R. Vergueiro, próxima à estação Vila Mariana do metrô. Fone 5549-1031 e 5087-4311 Sala para consultório, por período, à Rua Vergueiro, próxima à estação Vila Mariana do metrô. Fones 5549-1031 e 5087-4311 Sala ou período p/ cons. médico equipado, clínica c/ IE compl. Prédio coml. c/ segurança e estac., r. Vergueiro, próx. Metrô Vila Mariana. Fones 5575-7646 e 5575-3085 Sala ou período, clínica de alto padrão c/ infra-estrutura, secretária, estac., tel. fax, ar cond. Em funcionamento, c/ dermato. Fone 3813-7872 (Jucinéia) Sala no Morumbi Medical Center. Próx. ao Hosp. Albert Eintein, São Luiz, Darcy Vargas, Iguatemi. Prédio c/ segurança, ar cond., laboratório, estacion. c/ manobrista. Fone 3721-5666 Esther Salas em consultório de alto padrão c/ infraestrutura completa, na Aclimação. Fone 3208-5546 (Cléo) Salas para consultório, com IE montada, ar condicionado, recepcionista, som ambiente e fácil acesso. Rua Estela, 471 Paraíso. Fones 5571-0789 e 5575-3031 Eunice Salas para profissionais da saúde. Fone 3057-2140 Salas para consultório. Rua Maranhão, 598, cj. 61. Fones 3826-7805 e 3826-7918, Ignês Salas de 25m², sendo uma c/ banheiro privativo de alto padrão, secretária, telefone e fax. Sala de pequenas cirurgias/curativos. Casa térrea no bairro da Penha (Vila São Geraldo). Fones 34931090 e 6646-5587 Salas para profissionais da saúde em clínica com toda infra-estrutura, na Vila Mariana. 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Fones 5041-9649 e 8447-4569 (Margareth ou Adriana) Salas p/ médicos e áreas afins, mensal ou p/ período 6h, clínica c/ toda IE, próx. metrô Paraíso, Central Park 23 de maio. R. Estela, 455. Fones 5571-0190, 5083-9468 e 5083-9469 Salas ou períodos em clínica de alto padrão, localizada próxima ao Hospital Beneficência Portuguesa. IE completa. Fone 3284-8742, Isaura Salas para médicos ou psicólogos, com secretária e telefone em Higienópolis. Fone 3258-0588, Eliara ou Renata Salas ou períodos, cons. alto padrão p/ médicos e afins. R. Luiz Coelho, 308, entre Paulista e Augusta c/ estac. Próx. metrô Consolação. Fones 3256-8541 e 3259-9433 Sala para médico e demais profissionais da saúde, com IE completa. Sala de espera, secretária, estacionamento. Próxima à Praça dos Estudantes – Guarulhos. Fones 6461-3783 e 6468-0540 Salas para médicos e demais profissionais da saúde, com IE completa. Sala de espera, secretária e estacionamento. Próximas à Praça dos Estudantes. 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