título do resumo

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Efeitos de bactérias lácticas sobre explantes intestinais de suínos
expostos ao desoxinivalenol
Everton Victor Fiuza, Ana Paula Frederico Rodrigues Loureiro Bracarense,
[email protected]
Universidade Estadual de Londrina, Departamento de Medicina
Veterinária Preventiva/CCA
Área e sub-área do conhecimento: Medicina Veterinária/Patologia Animal.
Palavras-chave: ex vivo; probióticos; saúde intestinal.
Resumo
O desoxinivalenol (DON) é uma micotoxina pertencente ao grupo dos
tricotecenos tipo B, sendo produzida principalmente pelo Fusarium
graminearum. A utilização de bactérias ácido lácticas (BAL) tem sido sugerida
como estratégia para inibir o crescimento fúngico e a produção de micotoxinas.
O objetivo deste estudo foi avaliar o potencial de bactérias ácido lácticas
(Lactobacillus plantanrum) na morfologia intestinal utilizando um modelo ex vivo
frente à exposição ao DON, de acordo com os seguintes tratamentos: controle,
DON (10 µM), bactéria 1 (Bac1), Bac1+DON, bactéria 2 (Bac2) e Bac2+DON.
As alterações histológicas foram avaliadas de acordo com um escore tecidual e
a altura de vilosidades mensurada. Nas amostras expostas ao DON uma
diminuição significativa no escore morfológico (29,9%) e na altura de
vilosidades (30,74%) foi observada. No grupo tratado com Bac 1 e Bac 2 as
alterações observadas foram similares ao grupo controle e DON. Nos explantes
expostos a Bac1+DON e Bac2+DON, uma diminuição média de 22,86% e
19,89% no escore morfológico foi observada em comparação aos controles.
Em adição, uma redução de 19,92% e 33,78% na altura de vilosidades foi
observada nos explantes expostos a Bac1+DON ou Bac2+DON, quando
comparados ao grupo controle. Em conclusão, as concentrações de L.
plantarum utilizadas não resultaram em efeito protetor frente à toxicidade
intestinal induzida pelo DON em explantes intestinas de suínos.
Introdução
Considerando as evidências crescentes que o epitélio intestinal é
repetidamente exposto à micotoxinas (GRENIER et al., 2013) os efeitos do
desoxinivalenol (DON) sobre o trato gastrointestinal de suínos têm sido
avaliados (BASSO et al., 2013; CHEAT et al., 2015). Desse modo, a inclusão
de adsorventes, adição de enzimas ou bactérias capazes de detoxificar certos
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grupos de micotoxinas tem sido utilizada na indústria alimentícia (BINDER et
al., 2007).
Os efeitos benéficos das bactérias lácticas (BAL) variam em função das
espécies de bactérias selecionadas e da espécie animal. Estudos como o de
Dalié et al. (2010) relataram que determinadas espécies de BAL podem limitar
o crescimento fúngico e a produção de micotoxinas, devido a inibição da
biossíntese da toxina (GOURAMA; BULLERMAN, 1995; FRANCO et al., 2011),
o que limita a exposição da mucosa intestinal às micotoxinas. Além desta
função, as BAL mostram-se capazes em regular a microflora intestinal, inibir o
crescimento de patógenos no trato gastrointestinal, aprimorar a imunidade da
mucosa intestinal e contribuir para manutenção da função de barreira (RAUCH;
LYNCH, 2010). Desse modo, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o
potencial de BAL na integridade intestinal utilizando um modelo ex vivo frente à
exposição ao DON.
Procedimentos metodológicos
Foram utilizadas duas cepas de Lactobacillus plantarum. Uma cepa,
identificada como cepa 1(1.1x108 bacteria /ml), é uma cepa padrão (ATCC
14917) e a outra identificada como cepa 2 (2.0x109 bacteria/ml), foi isolada a
partir de trigo. Fragmentos de jejuno foram colhidos de cinco suínos com 24
dias de idade e incubados conforme a técnica de cultura de explantes. No total
180 explantes foram incubados em placas de seis poços por 4 horas em estufa
a 37ºC. Foram utilizados 600µl das cepas de bactéria 1 e 2 por poço.
As amostras foram distribuídas nos seguintes tratamentos (30
explantes/tratamento):1) Controle; 2) 10 µM DON; 3) L. plantarum cepa 1
(Bac1); 4) L. plantarum cepa 2 (Bac2); 5) 10 µM DON + L. plantarum cepa 1
(DON+Bac1); 6) 10 µM DON + L. plantarum cepa 2 (DON+Bac2). Todos os
grupos foram incubados por um período de 4 horas em estufa a 37°C. As
alterações histológicas foram avaliadas utilizando um escore morfológico
adaptado (CHEAT et al., 2015) em que a intensidade e a severidades das
lesões foram consideradas. O escore máximo de 39 pontos indica a integridade
do intestino. A altura das vilosidades foi mensurada em 10 vilosidades por
explante de forma aleatória com o auxílio do software Motic Image Plus 2.0
(Motic Instruments, Richmond, Canadá) utilizando objetiva de 40 ×.
Resultados e discussão
Nos explantes expostos a DON uma diminuição significativa de 30% do escore
morfológico e 30,4% da altura de vilosidade foi observada quando comparado
ao grupo controle, respectivamente (p<0,05). As principais lesões observadas
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foram atrofia e fusão de vilosidades com achatamento de enterócitos e necrose
apical do epitelial intestinal. Estes resultados são similares aos descritos em
outros estudos prévios (BASSO et al., 2013; CHEAT et al., 2015).
No grupo tratado com Bac 1 e Bac 2 as alterações histopatológicas
observadas foram similares ao grupo controle e DON. Embora trabalhos
tenham relatado que BAL seja responsável em causar efeitos benéficos sobre
o trato gastrointestinal de suínos, neste trabalho nenhum efeito foi observado.
Este resultado pode estar relacionado ao fato das BAC utilizadas neste
trabalho estarem inativadas por esterilização.
Nos explantes expostos aos tratamentos com DON+Bac1 e DON+Bac2,
uma diminuição significativa de 22,86% e 19,89% no escore morfológico e
19,92% e 33,78% na altura de vilosidades foi observada quando comparado ao
grupo controle (p<0,05). Alterações histológicas como fusão e atrofia de
vilosidades, achatamento de epitélio e necrose apical foram observadas. Desse
modo, no presente trabalho as concentrações de BAL utilizadas não resultaram
em efeito protetor frente à toxicidade de DON. De modo similar, suínos
alimentados com dieta contaminada com DON e suplementada com aditivo
composto por Bacillus subtilis e B. licheniformis, apresentaram concentrações
séricas de DON semelhantes às observadas em animais expostos à dieta
contaminada com DON. Estes dados sugerem que as bactérias não foram
eficazes em prevenir ou diminuir a absorção desta micotoxina pelo trato
intestinal (DÄNICKE; DÖLL, 2010). Entretanto, Franco et al. (2011)
demostraram que diferentes cepas de BAL viavéis ou inativadas foram eficazes
em inibir o crescimento de Fusarium graminearum e diminuir a concentração de
DON em meio líquido. Este é o primeiro trabalho a avaliar os efeitos de
bactérias lácticas na modulação da toxicidade intestinal induzida pelo DON
utilizando um modelo ex vivo.
Conclusão
Efeitos benéficos de probióticos sobre a mucosa intestinal têm sido
frequentemente descritos. No entanto, estudos sobre a possível ação de
bactérias lácticas sobre a toxicidade induzida por micotoxinas são escassos.
Neste estudo, a adição de bactérias lácticas a explantes intestinais expostos ao
desoxinivalenol não foi eficiente em reduzir os efeitos tóxicos induzidos por
esta micotoxina.
Agradecimentos
À Fundação Araucária pelo apoio financeiro ao projeto número 8979/2014 e ao
CNPQ pela concessão de bolsa de iniciação científica à Everton V. Fiuza e
bolsa produtividade em pesquisa à Ana Paula F.R.L.Bracarense.
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Referências
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