ELABORAÇÃO DE PEÇA ANATÔMICA DAS RAÍZES DORSAIS DO PLEXO LOMBOSSACRAL E SUA IMPORTÂNCIA CLINICA PARA O MEDICO VETERINÁRIO. Roger Rafael Cavalcanti Bandeira De Melo¹, Renata Salgueiro Nobre Pessoa2 Cássia Regina Oliveira Santos3 Gessica Giselle Almeida Silva4, Renata Gabriela Ambrosina Silva de Melo5, Marleyne José Afonso Accioly Lins Amorim6, Alexandre Rodrigues de Paula Junior7, Julyana Mayra Rodrigues Paes Barretto de Oliveira8, Suany Regina da Silva Vanderlei9 Introdução Na medula espinhal são encontrados alargamentos, intumescências, caracterizados pelo aumento de células e fibras nervosas, sendo apresentadas nas regiões cervical e lombar. Estas intumescências vão corresponder a formação dos plexos braquial e lombossacral os quais vão inervar os membros anteriores e posteriores respectivamente. O termo plexo em anatomia é empregado para designar redes de entrelaçamentos e anastomoses entre diversas ramificações de vasos sanguíneos ou nervos [5]. O plexo lombossacral vai originar toda a inervação do membro posterior, exceto a inervação cutânea da região. A mistura dos ramos ventrais do sexto e sétimo nervos lombares e primeiro e segundo nervos sacrais dos quais a emergência dos nervos periféricos que compõem o plexo lombrossacral vai ocorrer [1] Os nervos do plexo contem fibras nervosas capazes de transmitir impulsos sensitivos (aferentes) e motores (eferentes) ao sistema nervoso central [4]. È de extrema importância clinica e cirúrgica o conhecimento da origem, trajeto e destino das fibras componentes do plexo lombossacral, construindo assim um mapa capaz de relacionar cada nervo a musculatura que esse inerva podendo assim o medico fazer uma investigação precisa do dano neurológico [4]. Lesões no plexo lombossacral ou nos seus nervos associados podem causar perda de flexão ou extensão voluntária de uma ou mais articulações; incapacidade de sustentar o peso; perda de reflexos espinhais do membro; atrofia de músculos e perda de propriocepção consciente no membro [3]. Animais que conseguem fixar a articulação mas tem dificuldades na locomoção geralmente são acometidos por problemas ortopédicos enquanto que animais que arrastam os membros pélvicos certamente possuem doença neurológica, Anormalidades no nervo ciático levam a um quadro no qual o animal tende a arrastar o membro de maneira a jogar esse para a frente pelos movimentos da musculatura proximal [3]. Problemas envolvendo o nervo femoral geralmente levam a uma incapacidade de sustentar o peso e estender a soldra, levando a adoção de uma postura agachada, essas lesões podem levar a uma atrofia na superfície anterior da coxa, a um déficit sensitivo devido a perda da inervação cutânea do nervo femoral. A dor ocorre com as lesões irritativas e freqüentemente é mais acentuada no joelho [3]. Lesões da coxa podem comprometer somente ramos isolados do nervo femoral, como por exemplo o nervo safeno isoladamente ou ramos para o músculo quadríceps [3]. O nervo fibular comum é formado por fusão das quatro divisões posteriores do plexo sacral e desta maneira deriva suas fibras dos dois seguimentos lombares inferiores e dos dois seguimentos sacrais superiores da medula espinhal. Na coxa, ele é um ________________ 1,. Primeiro Autor é aluno da Universidade Federal Rural de Pernambuco, do curso de Medicina Veterinária 4º Período. Rua Dom Manoel de Medeiros S/N Dois Irmãos CEP 52171-900 Recife – PE. E-mail: [email protected] 2. segundo Autor é aluna da Universidade Federal Rural de Pernambuco, do curso de Medicina Veterinária 4º Período. Rua Dom Manoel de Medeiros S/N Dois Irmãos CEP 52171-900 Recife – PE. E-mail: [email protected] 3. Terceiro Autor é aluna da Universidade Federal Rural de Pernambuco, do curso de Medicina Veterinária 5º Período. Rua Dom Manoel de Medeiros S/N Dois Irmãos CEP 52171-900 Recife – PE. E-mail: 4.Quarto Autor é aluna da Universidade Federal Rural de Pernambuco, do curso de Medicina Veterinária 5º Período. Rua Dom Manoel de Medeiros S/N Dois Irmãos CEP 52171-900 Recife – PE. E-mail: 5. Quinto Autor é aluna da Universidade Federal Rural de Pernambuco, do curso de Medicina Veterinária 5º Período. Rua Dom Manoel de Medeiros S/N Dois Irmãos CEP 52171-900 Recife – PE. E-mail: 6. Sexto Autor é professor associado do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal, Área de Anatomia, da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros S/N Dois Irmãos CEP 52171-900 Recife – PE. E-mail: [email protected] 7. Sétimo Autor é aluna da Universidade Federal Rural de Pernambuco, do curso de Medicina Veterinária 4º Período. Rua Dom Manoel de Medeiros S/N Dois Irmãos CEP 52171-900 Recife – PE. E-mail: 8. Oitavo Autor é aluna da Universidade Federal Rural de Pernambuco, do curso de Bacharelado em ciências biológicas 5º Período. Rua Dom Manoel de Medeiros S/N Dois Irmãos CEP 52171-900 Recife – PE. E-mail: [email protected] 9. Nono Autor é aluna da Universidade Federal Rural de Pernambuco, do curso de Medicina Veterinária. 3º período. Rua Dom Manoel de Medeiros S/N Dois Irmãos CEP 52171-900 Recife componente do nervo isquiático até a porção superior da fossa poplítea. Aqui ele inicia seu curso independente, descendo ao longo da borda posterior do músculo bíceps femoral, cruzando diagonalmente o dorso do joelho em direção à porção externa superior da perna próximo à cabeça da fíbula, onde ele se curva para a frente entre o fibular longo e o osso dividindo-se em três ramos terminais [2]. As lesões do nervo isquiático e do plexo sacral podem comprometer as fibras do nervo fibular comum e entre as conseqüências dessas lesões pode-se evidenciar deficiências motoras devido a paralisia dos músculos extensores e abdutores da região distal do membro pélvico, a perda da sensibilidade também é percebida juntamente com a atrofia muscular da região acometida, lesões parciais não são freqüentes; elas produzem paralisia dissociada, como por exemplo, perda de atividade do músculo tibial anterior isoladamente ou somente dos extensores dos dedos [2]. O nervo tibial é formado por todas as cinco divisões anteriores do plexo sacral, recebendo, desta maneira, fibras dos dois segmentos lombares inferiores e dos três segmentos sacrais superiores da medula espinhal. O nervo tibial forma o maior componente do nervo isquiático na coxa. Ele inicia seu curso próprio na porção superior da fossa poplítea e desce verticalmente através deste espaço e da face da perna para a superfície dorso-medial do tornozelo, ponta a partir do qual seus ramos terminais, nervos plantares medial e lateral, continuam-se distalmente. A porção do tronco tibial abaixo da fossa poplítea era antigamente denominada nervo tibial posterior; aquela porção dentro da fossa era denominada nervo poplíteo interno [3]. As lesões do plexo sacral e nervo isquiático freqüentemente comprometem fibras do nervo tibial levando a Incapacidade para se obter a flexão plantar, a adução ou inversão da região distal do membro pélvico, a elevação dessa região freqüentemente resulta em contratura do tibial anterior; incapacidade para se flexionar, abduzir (separar) ou aduzir os dedos; região distal do membro pélvico pode tornar-se deformado devido à fibrose da articulação tíbio-tarsal, e a ação sem oposição dos flexores dorsais pode produzir “péem-garra”. O reflexo aquileu encontra-se ausente [3]. Ocorrem também lesões sensitivas, atróficas e vasomotoras levando a edemas, descoloração e perda de temperatura nos membros acometidos e nas lesões parciais podem ocorrer paralisias dissociadas [3]. A secção ou lesão grave do nervo tibial, manifesta-se por hiperflexão do jarrete e hiperextensão do dedos [2]. O estudo da anatomia do plexo lombossacral é feito de forma teórica e pratica, na teoria recursos audiovisuais, livros ilustrados e apostilas são empregados nas aulas para facilitar a absorção e entendimento do conteúdo, o estudo pratico é feito pela observação e elaboração de peças anatômicas evidenciando a origem, trajeto e inserção dos nervos componentes do plexo e suas correlações anatomoclinicas. Contudo o estudo do plexo lombossacral não é uma atividade fácil e exige grande dedicação e aprofundamento na leitura e compreenção de casos clínicos para que ocorra a correlação da importância da anatomia aplicada a clinica veterinária. A dissecção da área em que esse plexo ocorre também deve ser feita com calma e de maneira precisa para que os delgados nervos não sejam lesados de forma a mostrar a inserção do nervo a musculatura facilitando o aprendizado e correlação funcional do plexo lombrossacral. Material e Métodos: Foi utilizada uma cadela, sem raça definida, proveniente do Centro de Vigilância Ambiental, no qual veio a óbito, fixada em solução aquosa de formaldeído a 10%. Inicialmente foi realizada a dissecação minuciosa da região lombar e sacral, através do rebatimento da pele, tela subcutânea e musculatura, até evidenciar o segmento vertebral lombar e o osso coxal. Em seguida parte deste foi seccionado, deixando expostos os ramos dorsais do plexo lombossacral, a última vértebra lombar e as vértebras sacrais. O material utilizado na dissecação constou de pinças de dissecação com e sem dente de rato, tesouras rombaromba e romba-fina, cabo de bisturi números três e quatro – com as respectivas lâminas – e serra de aço. A identificação dos nervos foi feita através de livros ilustrados e as duvidas com relação ao acesso a cada nervo foram esclarecidas pelos professores do departamento de anatomia da Universidade Federal Rural De Pernambuco onde a peça anatômica foi elaborada. Discussão e Conclusão: No final do estudo foi obtida uma peça anatômica que mostra com clareza a inervação do membro pélvico pelos nervos do plexo lombossacral e a origem trajeto e inserção desses nervos facilitando assim a correlação clinica com lesões em cada um desses nervos e musculatura com a qual eles estão relacionados. Foram identificados os nervos femoral, glúteos cranial e caudal, ciático, fibular comum e tibial. Para o preparo dessa peça anatômica foi necessário grande embasamento teórico, notadamente da origem de cada nervo e relação desse com a musculatura para que na hora da dissecção o nervo fosse achado com maior facilidade e sem lesões de forma que o aproveitamento da cadela vinda do centro de vigilância ambiental fosse Maximo. Durante a dissecção foi notada a grande dificuldade de acesso de alguns nervos por esses serem delgados ou estarem intimamente relacionados a musculatura como por exemplo o nervo femoral o qual foi achado juntamente a artéria e veia femorais formando um plexo neurovascular chamado trigono femoral. A elaboração foi importante para o nosso aprendizado como monitores da área de anatomia e para a compreensão de vários casos clínicos na área da neurologia e essa peça anatômica foi de grande utilidade para o departamento de morfologia e anatomia da UFRPE, uma vez que as aulas praticas sobre o plexo lombossacral serão feitas nessa peça que proporciona grande visualização da inervação facilitando assim o aprendizado dos alunos. Agradecimentos: Gostariamos de agradecer primeiramente a nossos orientadores pela atenção e todos os auxílios que me foram fornecidos neste estudo e a todos que contribuíram de forma direta ou indireta para que esse trabalho fosse possível. Referências CHRISMAN, C; MARIANI, C; PLATT, S; CLEMMONS, R. Neurologia para o Clinico de Pequenos Animais. Editora Roca. São Paulo – SP. p306. 2005 MACHADO, A. B. M.; Neuroanatomia Funcional. 2 ed. Editora Atheneu. São Paulo – SP. 35-42p. 2000. GETTY, R.; Anatomia dos Animais Domésticos. 5 ed. Vols. 1 e 2. Editora Interamericana. São Paulo – SP. 169p. 1600p. 1606 CUNNINGHAM, J. 2004. Tratado de fisiologia veterinária. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan. p. 481. p. 506. .DYCE, K. M.; SACK, W. O.; WENSING, C. J. G.; Tratado de Anatomia Veterinária. 2 ed. Editora Guanabara Koogan. Rio de Janeiro – RJ. 367-374 p. 1997. [1] AULA DE ANATOMIA – SISTEMA NERVOSO – PLEXO SACRAL [ONLINE] HOMEPAGE: HTTP://WWW.AULADEANATOMIA.COM/NEUROLOGIA/SAC RAL.HTM [2] DYCE, K. M.; SACK, W. O.; WENSING, C. J. G. 1990. Tratado de Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro, Editora Guanabara Koogan, p. 374. [3] Plexo Lombossacral – http://www.compuland.com.br/anatomia/plexo.htm Homepage: [4] GETTY, R.; Anatomia dos Animais Domésticos. 5 ed. Vols. 1 e 2. Editora Interamericana. São Paulo – SP. 169p. 1602 p. 1606. [5] MACHADO, A. B. M.; Neuroanatomia Funcional. 2 ed. Editora Atheneu. São Paulo – SP. 35p. 2000. Figura.1: Detalhe da fotografia mostrando o trigono femoral composto pelo Nervo Femoral, Artéria Femoral e Veia Femoral. Figura 2: Fotografia mostrando o Nervo ciático, Nervo cutâneo caudal da surra, Nervo fíbular comum e Nervo tibial.