Portugal é por tradição um país de migrações, dado que apesar do incremento da imigração, os portugueses continuam a emigrar... CAUSAS DA EMIGRAÇÃO PORTUGUESA A motivação económica, que se traduz pela procura de emprego, de melhores salários e de melhores condições de vida, está na origem da saída de portugueses do país, que vêem noutros destinos a esperança num futuro melhor. Como é que a mobilidade se refletiu na evolução da população portuguesa neste período? Ao longo dos anos, os movimentos migratórios, quer internos, quer externos, tem influenciado as caraterísticas demográficas e sociais do país, refletindo-se diretamente no comportamento da população portuguesa no tempo e no espaço. Podemos apontar duas fases distintas na 2.ª metade do séc. XX: Saldo migratório Fase I 1960-1973 Fase II Após 1973 Espaço Tempo Negativo Diminuição da população Intracontinentais Incremento temporárias Positivo Aumento da população Intracontinentais e intercontinentais Aumento temporárias A evolução do número de emigrantes portugueses no séc. XX FASE I (1960 – 1973) Principais destinos FASE I – ENTRE 1960-1973 • Maior período de emigração da população portuguesa; • Emigração sobretudo intra-continental; • A Venezuela é destino dos madeirenses e os EUA e Canadá são destinos de açorianos. FASE I (1960 – 1973) É um período marcado pelo aumento da emigração ilegal. FASE I (1960 – 1973) É um período marcado pelo aumento da emigração ilegal devido a: Morosidade na organização dos processos; Restrições impostas pelos países recetores; Degradação acelerada das condições de vida em Portugal; FASE I (1960 – 1973) É um período marcado pelo aumento da emigração ilegal devido a: Guerra colonial em África; Intensificação das perseguições políticas em Portugal. FASE I (1960 – 1973) CAUSAS DO FLUXO MIGRATÓRIO 1960 – 1973 Em Portugal: Falta de recursos e de emprego; Baixo nível de vida e baixos salários; Falta de estruturas de apoio às famílias e às atividades socioculturais; FASE I (1960 – 1973) CAUSAS DO FLUXO MIGRATÓRIO 1960 – 1973 Em Portugal: Regime político (ditadura de Salazar); Guerra colonial nas ex-províncias africanas; O desenvolvimento dos transportes e comunicações internacionais. FASE I (1960 – 1973) CAUSAS DO FLUXO MIGRATÓRIO 1960 – 1973 Nos países de destino: O grande desenvolvimento económico da Europa Ocidental após a II Guerra Mundial; Necessidade de reconstrução das estruturas produtivas – necessidade de mão-de-obra barata para a indústria, construção civil e serviços pouco qualificados. FASE I (1960 – 1973) CONSEQUÊNCIAS DO FLUXO MIGRATÓRIO 1960 – 1973 PARA PORTUGAL: Diminuição da população ativa, que levou, nas áreas rurais, ao abandono dos campos e ao esforço de mecanização dos campos agrícolas; Aumento da taxa de analfabetismo (que era inferior na população que emigrou, cerca de 17%, contra 30% na população do país); FASE I (1960 – 1973) CONSEQUÊNCIAS DO FLUXO MIGRATÓRIO 1960 – 1973 PARA PORTUGAL: Subida dos salários e o investimento em nova tecnologia na indústria, sobretudo a de capital estrangeiro; Envelhecimento demográfico; Entrada de divisas (dinheiro enviado pelos emigrantes) estrangeiras. FASE II (Após 1973) Após 1973, a população portuguesa aumentou, o saldo migratório passou a ser positivo, apesar de decrescer na década de 1980 e de registar um abrandamento nos últimos anos. FORTE DIMINUIÇÃO DA EMIGRAÇÃO PORTUGUESA 1973 – Crise Petrolífera (Subida vertiginosa dos preços do petróleo que levou a graves consequências económicas). Grande AUMENTO DO DESEMPREGO nos países da Europa Ocidental. - Os países da Europa ocidental impuseram restrições à imigração, com o objetivo de diminuir o desemprego da sua população. - Incentivaram o regresso de alguns imigrantes aos seus países de origem, dando indemnizações. FASE II (Após 1973) Crise económica internacional de 1973 25 de Abril de 1974 - Melhoria da situação económica portuguesa: - Fim da Guerra Colonial; - Democratização da sociedade portuguesa; - Entrada de Portugal na CEE (atual UE) em 1986; - Melhoria do nível de vida da população; - Melhoria da qualidade de vida. - Decréscimo da emigração portuguesa - Regresso de muitos emigrantes a Portugal FASE II (Após 1973) Década de 1970 Nesta década, temos um aumento da imigração em Portugal, em resultado... - Da descolonização e do retorno dos portugueses das ex-colónias; - Do regresso dos emigrantes, sobretudo os que se encontravam numa situação de impedimento, antes do 25 de Abril, de voltarem a Portugal. FASE II (Após 1973) Década de 1980 Nesta década, assistimos a um aumento da emigração, um incremento e predomínio da emigração temporária, em consequência, por exemplo: Do fim dos condicionalismos administrativos que restringiam a saída do país; Da assinatura dos acordos de Schengen, que estabelecem a livre circulação de pessoas nos países signatários; Do desenvolvimento das infraestruturas e dos meios de transporte; Da globalização da economia. FASE II (Após 1973) Década de 1980 Nesta década, verificamos ainda: um incremento da imigração, originária dos países africanos de expressão portuguesa (PALOP), especialmente de Cabo Verde; um aumento do regresso da população emigrante a Portugal devido à melhoria do nível de vida em Portugal. FASE II (Após 1973) Década de 1990 A partir desta década, Portugal passa também a ser um país de imigrantes, que representam já 3,7% do total da população em 2011. Os imigrantes não são só de países de expressão portuguesa (com destaque para Brasil e Cabo Verde) mas também... Da Europa de Leste (Ucrânia, Roménia, entre outros) Da Europa Ocidental (como o Reino Unido) Da Ásia (como a China) FASE II (Após 1973) A partir da década de 1990... Origem da população estrangeira residente em Portugal (2001 e 2011) FASE II (Após 1973) A partir da década de 1990... Apesar de desde esta altura, também sermos um país de imigrantes, Portugal continua a ser um país de emigrantes mas com destinos e um perfil diferenciados dos encontrados na década de sessenta: A par da emigração intracontinental, os destinos intercontinentais regressam, como Angola, Moçambique e Brasil; A emigração temporária predomina; Surge o aumento da emigração de jovens qualificados; A emigração de caráter individual substitui a familiar; A emigração feminina aumenta, apesar de predominar a masculina; Em suma... O aumento da população em 2% entre 2001 e 2011 foi consequência da imigração compensando o decréscimo da natalidade. Com a taxa de fecundidade dos portugueses a diminuir, a substituição das gerações em Portugal teve o contributo dos imigrantes. As migrações e a evolução da população portuguesa Num futuro próximo, perspetiva-se uma baixa mais acentuada da Taxa de Crescimento Efetivo, já que o saldo migratório será negativo. A nova vaga emigratória de portugueses recupera antigos destinos dentro da Europa e países de expressão portuguesa.