ISSN 2317-3297 Reconstrução de Imagens Médicas de Tomografia Computadorizada Utilizando a Transformada de Radon Lucas Daniel A. de Sousa, Pedro Henrique A. Veríssimo, Valquíria Gusmão Macedo Universidade Federal do Pará – Faculdade de Engenharia Elétrica 66075-110, Campus do Guamá, Belém, PA E-mail: amarante_sousa@ hotmail.com, [email protected], [email protected] Palavras – Chave: Matemática Aplicada à Engenharia, Tomografia Computadorizada, Transformada de Radon, Retroprojeção. Resumo: Neste trabalho apresentamos a Transformada de Radon aplicada a Tomografia Computadorizada efetuando a reconstrução de imagens usando retroprojeções filtradas e comparando com os resultados de retroprojeções não filtradas. 1 Introdução O objetivo deste trabalho é destacar a importância da Transformada de Radon na análise de imagens de Tomografia Computadorizada (TC). O problema em Tomografia Computadorizada pode ser descrito de forma simples: Reconstruir a forma de um objeto através de medidas das intensidades dos raios-X que o atravessam, conhecendose a intensidade do raio-X imposto no processo e obtendo medições de sua intensidade de chegada a um detector. Dependendo do caminho que os raios-X percorrem, estes são atenuados e a absorção local é medida por um conjunto de detectores. Para determinar a estrutura e/ou a forma do objeto, é necessário que este seja irradiado por todas as direções. A solução deste problema é complexa e envolve técnicas em matemática, física e computação científica [1]. As bases teóricas da TC remontam de Johann Radon, um matemático de Viena, cujo método atualmente costuma ser chamado de Transformada de Radon. 2 A Tomografia Computadorizada e a Transformada de Radon Existem vários outros tipos de tomografias. Cada um destes tipos de tomografias apresenta uma forma particular de se manter competitivo no mercado de aquisição e processamento de imagens, em particular de imagens médicas. Um dos mais importantes é a Tomografia por Ressonância Magnética (MRI - magnetic resonance imaging). Esse tipo de tomografia é amplamente conhecido e utilizado com o nome de ultrassonografia. Outro exemplo é a Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET) que, juntamente com MRI, tem sido amplamente usada em centros radiológicos avançados de medicina nuclear. Ainda existe a Tomografia por Emissão de Impedância (EIT). Este é um método que não usa raios radioativos para a obtenção de imagens. Ao invés de radiação uma diferença de potencial é induzida em torno do corpo da região a ser estudada, o que produz uma corrente elétrica de pequena intensidade. No entanto, entre todas, a Tomografia Computadorizada é a mais usada atualmente. Existem vários motivos para tal, entre eles a simplicidade nas instalações necessárias para usar TC em relação às demais, o processo de aquisição de imagens por TC possui clara interpretação em termos físicos e conta com o progresso na tecnologia de detectores. Também, conta com uma teoria matemática que explica o processo de reconstrução, o qual é relativamente simples, uma vez que o raio-X atravessa partes do corpo de uma maneira relativamente linear, e com pequena dispersão. Isto significa que uma anomalia localizada de densidades no tecido vai produzir uma perturbação relativamente localizada nas medidas (apenas as medidas efetuadas por detectores localizados na linha de projeção entre o emissor de raios-X e a anomalia serão perturbadas). A Tomografia Computadorizada (TC) auxilia na obtenção de diagnósticos baseados em imagens e baseia-se nos mesmos princípios que a radiografia convencional, i.e., os tecidos com 226 ISSN 2317-3297 diferentes composições absorvem a radiação emitida pelo raio-X de forma diferente. Ao serem atravessados por raios-X, tecidos mais densos (como o fígado) ou com elementos mais pesados (como o cálcio presente nos ossos), absorvem mais radiação que tecidos menos densos (como o pulmão, que está cheio de ar). Assim, um processo de TC indica a quantidade de radiação absorvida por cada parte do corpo analisada (radiodensidade), e traduz essas variações em uma escala de cinzentos, produzindo uma imagem. Cada pixel da imagem corresponde à média da absorção dos tecidos na região escaneada pelo processo [2]. A reconstrução de imagens tomográficas foi fundamentada originalmente com os trabalhos matemáticos de Radon, que deduziu um método para projetar um objeto 2-D ao longo de raios paralelos como parte de seu trabalho com integrais de linha [3]. Na verdade, o conjunto de informações obtidas num processo de Tomografia são valores da Transformada de Radon medidos por N detectores. A Transformada Inversa de Radon consiste no método matemático de resolução, obtido através da convolução no domínio do espaço das projeções com um filtro unidimensional. Após, executa-se a retroprojeção das projeções convoluídas. 3 Metodologia O foco deste trabalho é mostrar a reconstrução de imagens usando retroprojeções filtradas e compará-las com os resultados de retroprojeções “brutas”. Inicialmente foram calculadas a Transformada de Radon e posteriormente foram usados algoritmos de retroprojeções para calcular a transformada inversa. Foram empregados programas do software Matlab com o método da interpolação linear com o filtro sendo concebido diretamente no domínio de frequência e, em seguida, multiplicado pela FFT das projeções. As imagens analisadas são de domínio público e estão disponíveis para processos de aprendizagem [4]. Foram utilizadas três imagens diferentes de Tomografia Computadorizada do Crânio, originalmente no formato Dicom. Figura 1: Imagens de Tomografia Computadorizada de crânios com suas respectivas retroprojeções filtradas e não filtradas. 227 ISSN 2317-3297 A Figura 1 mostra as três imagens analisadas (Original) e suas respectivas reconstruções, com retroprojeção empregando uma filtragem no domínio da frequência (Retroprojeção filtrada) e retroprojeção sem filtragem (Retroprojeção não filtrada). 4 Conclusão As reconstruções das imagens mostradas na Figura 1 comprovam que a retroprojeção não filtrada gera resultados não aceitáveis uma vez que apresentam um borramento significativo, degradando muito a imagem original. Entretanto, o uso da técnica da filtragem apresentou um desempenho considerado bastante satisfatório, o que pode ser comprovado pelas imagens centrais na Figura 1. Apesar de termos nos concentrado na tomografia por raios X, os princípios desenvolvidos neste trabalho são aplicáveis a outras modalidades de aquisição de imagens. 5 Agradecimentos O bolsista Pedro Henrique A. Veríssimo agradece ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico pelo apoio financeiro recebido em forma de bolsa de Iniciação Científica. O bolsista Lucas Daniel Amarante de Sousa agradece à FAPESPA pelo apoio financeiro recebido em forma de bolsa de Iniciação Científica. 6 Referências [1] R. C. Gonzalez e R. E. Woods, “Processamento Digital de Imagens”, Pearson Prentice Hall, 3e, 2009. [2] Zhi-Pei Liang e Paul C.Lauterbur, “Principles of Magnetic Resonance Imaging”, IEEE PRESS. [3] J. Radon, “Uber die Bestimmung von Funktionen durch ihre Integralwerte längs gewisser Mannigfaltigkeiten”. Berichte Saechsische Akademie des Wissenschaften, Leipzig, Math. Phys.Kl., v 69, p.262-277, 1917. [4] http://imdcursos.blogspot.com.br/p/arquivos.html, acessado em 08 de agosto de 2012. 228