JULIANA MARIA GIZZI MACHADO TETILA ACOMPANHAMENTO ODONTOLÓGICO DE HIPERTENSOS NA ESF BEM-TE-VI, EQUIPE 29 DO MUNICÍPIO DE DOURADOS (MS) Dourados– MS 2011 JULIANA MARIA GIZZI MACHADO TETILA ACOMPANHAMENTO ODONTOLÓGICO DE HIPERTENSOS NA ESF BEM-TE-VI, EQUIPE 29 DO MUNICÍPIO DE DOURADOS (MS) Trabalho apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e a Fiocruz Cerrado Pantanal, como requisito para conclusão do curso de Pós Graduação em Atenção Básica em Saúde da Família. Orientador: MsC. Prof. Fernando Lamers. Dourados– MS 2011 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 05 2 HIPERTENSÃO ARTERIAL E O TRATAMENTO ODONTOLÓGICO............. 07 2.1 Saúde Bucal no SUS................................................................................................ 08 2.2 ESF Bem-Te-Vi, Equipe 29, Dourados/MS............................................................ 09 3 MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................................... 11 3.1 Tipo de Pesquisa...................................................................................................... 11 3.2 Local da pesquisa..................................................................................................... 11 3.3 Característica da Amostra...................................................................................... 12 3.4 Delineamento da Pesquisa....................................................................................... 12 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................ 13 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... 16 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 17 ACOMPANHAMENTO ODONTOLÓGICO DE HIPERTENSOS NA ESF BEM-TE-VI, EQUIPE 29 DO MUNICÍPIO DE DOURADOS (MS) TETILA, Juliana Maria Gizzi Machado1 LAMERS, Fernando2 RESUMO Este trabalho teve como objetivo identificar os cadastros de pessoas hipertensas no sistema de informação de atenção básica (SIAB), na Estratégia de Saúde da Família - ESF Bem-Te-Vi 29 Dourados/MS e que foram atendidas na clínica odontológica dessa unidade. A pesquisa foi realizada pelo método documental bibliográfico. Os resultados mostram que nos anos estudados ocorreu um aumento crescente de cadastro de pessoas com hipertensão arterial nos dados do SIAB. Ou seja, no ano de 2008 foram cadastradas 238 pessoas, no ano de 2009 foram cadastradas 276 pessoas e no ano de 2010 foram cadastradas 337 pessoas. A média de aumento anual de cadastrados com hipertensão arterial foi de 10%. Concluindo, o cirurgião dentista deve promover um tratamento odontológico personalizado, específico e multidisciplinar para os pacientes hipertensos procurando sempre manter um diálogo constante com o médico da equipe de saúde que atua na ESF, para que juntos possam desenvolver protocolos de atendimento que venham a beneficiar o tratamento odontológico desses indivíduos. Palavras-Chave: Tratamento; odontologia; hipertensão arterial. 1 2 Cirurgião dentista, pela Universidade Federal do Paraná. Mestre em Saúde Pública pela UNIGRAN. 5 1 INTRODUÇÃO Com o avanço da idade, o desempenho funcional do organismo humano vai se deteriorando pouco a pouco, devido ao processo natural e fisiológico do envelhecimento corporal. Nesse período é comum o aparecimento de doenças crônicas, como a hipertensão arterial. Hipertensão Arterial (HA) é uma síndrome metabólica de alta prevalência, que quando não tratada adequadamente, ocasiona complicações clínicas graves, sendo considerada como um importante fator de risco para a doença coronariana, os transtornos cerebrovasculares, a insuficiência cardíaca congestiva, entre outras doenças do aparelho circulatório (SILVA, 2000). O indivíduo hipertenso requer cuidados especiais no atendimento odontológico, especialmente nos procedimentos invasivos, quando é necessário o uso de anestésicos. Para evitar que os efeitos colaterais venham a desencadear agravos na saúde desses pacientes, é importante que o cirurgião-dentista tenha conhecimento profundo sobre o histórico do paciente hipertenso, realizando uma anamnese específica com informações sobre o estado geral de saúde do paciente, identificando detalhes sobre o tratamento medicamentoso usado e demais ocorrências em virtude da síndrome hipertensiva. O Ministério da Saúde, dando maior atenção ao controle da síndrome hipertensiva, criou um sistema denominado de Hiperdia, que está inserido como programa em todas as unidades ambulatoriais do Programa de Saúde da Família do Sistema Único de Saúde (SUS), gerando informações para os gerentes locais, gestores das secretarias municipais, estaduais e Ministério da Saúde. Além do cadastro, o sistema permite o acompanhamento e a garantia do recebimento dos medicamentos prescritos, ao mesmo tempo em que define o perfil epidemiológico da população, e consequentemente desencadeia estratégias de saúde pública, que levam à modificação do quadro, para a melhoria da qualidade de vida dessa população e a redução do seu custo social (BRASIL, 2009). Nesse sentido, este trabalho teve como objetivo identificar o número de pessoas cadastradas no sistema de informação de atenção básica, portadores de hipertensão arterial, e que foram atendidas no serviço odontológico da Estratégia de Saúde da Família - ESF 29 de Dourados/MS. 6 A justificativa para a realização do estudo é a relevância do tema para a saúde pública, pois, o resultado desta pesquisa poderá ser levado ao conhecimento da Secretaria de Saúde Pública de Dourados e da comunidade científica, mostrando os dados referentes ao atendimento odontológico a pessoas hipertensas na ESF 29 Dourados/MS, o que dará base para investimentos adequados à realidade desses pacientes, sendo que esses investimentos estarão gerando saúde bucal para a população com síndrome hipertensiva. O trabalho está organizado da seguinte forma: sumário, introdução, revisão de literatura, metodologia, resultado e discussão, considerações finais e referências bibliográficas. 7 2 HIPERTENSÃO ARTERIAL E O TRATAMENTO ODONTOLÓGICO Com a senescência, processo de envelhecimento fisiológico inerente ao organismo, o ser humano inicia um processo de alterações moleculares e celulares, que vai influenciando nas perdas funcionais progressivas dos órgãos e do organismo como um todo. Dentre as patologias que afetam o ser humano na senilidade está a hipertensão arterial que pode desencadear várias complicações cardiovasculares. A hipertensão é um importante fator de risco para problemas cardiovasculares, como doença arterial coronariana e acidente vascular cerebral. As relações de risco entre as pressões arteriais sistólica (PAS) e diastólica (PAD) são consideradas contínuas, graduais, fortes e independentes de outros fatores de risco, tornando-se um problema de saúde pública (BRANDÃO, 2010). Como os pacientes hipertensos constituem grupo especial para o tratamento odontológico, uma vez que esses pacientes podem sofrer alterações fisiológicas quando submetidos a procedimentos invasivos que requerem uso de anestésicos, é crucial que o cirurgião-dentista tenha detalhes da anamnese do indivíduo hipertenso e que tenha informações diretas do médico cardiologista que acompanha esse paciente para evitar que os procedimentos realizados neste indivíduo causem efeitos colaterais importantes durante o tratamento odontológico. A cardiopatia hipertensiva acarreta a hipertrofia progressiva do ventrículo esquerdo devido ao aumento crônico e sustentado da pressão arterial. Essa patologia é silenciosa e muitas vezes o paciente nem se dá conta que a possui, porém quando recebe uma dose de anestésico que contenha adrenérgicos pode sofrer uma crise de arritmia ou até mesmo um infarto do miocárdio, pois, a catecolamina endógena dos receptores β e α alteram a pressão sistólica, devido ao estímulo dos receptores β1 do miocárdio, consequentemente elevando a força de contração deste músculo e a frequência cardíaca (WEBB et al., 2006). Portanto, é de fundamental importância que o cirurgião-dentista tenha conhecimento dos sintomas das doenças cardíacas, bem como dos efeitos colaterais que os medicamentos utilizados por ele podem causar nos pacientes hipertensos antes de iniciar um tratamento odontológico invasivo. 8 Para que o cirurgião-dentista tenha uma visão de controle no tratamento dessa população é importante o conhecimento do grupo de hipertensos que são atendidos no consultório odontológico, tanto na rede pública como na particular. Em se tratando da rede pública é importante destacar as ações de controle das doenças bucais preconizadas pelo Sistema Único de Saúde/SUS, com o intuito de modificar o quadro epidemiológico das mesmas no país. 2.1 Saúde Bucal no SUS Atualmente vários são os programas de saúde bucal implantados em todo o país, com propósito de prevenir doenças orais. A saúde coletiva foi implantada dentro de especialidades ajustadas a cada contexto específico. Foi nesse sentido que o trabalho do profissional em odontologia na saúde pública tornou-se cada vez mais necessário, organizando estratégias para melhorar a saúde através da redução de riscos, criando ambientes favoráveis e reduzindo os efeitos negativos de certos fatores contextuais e facilitando mudanças de comportamento (BASTOS, 2003). As recomendações-chaves para promoção de saúde da Carta de Ottawa3 vieram contribuir para a geração de aprimoramento das políticas de saúde oral no Brasil. As recomendações dessa carta incluem estratégias para criação de ambiente favorável por meio de avaliação do contexto ambiental, podendo assim promover mudanças que levem ao estado de saúde plena. A educação e desenvolvimento das habilidades específicas dos indivíduos são importantes como estratégias para ampliar e disseminar informações, que venham promover a compreensão na tomada de decisão para a promoção de saúde. O fortalecimento das ações comunitárias, no sentido de estabelecer a clareza na definição de prioridades para tomada de decisões e o planejamento de estratégias promovem ações para se atingir um melhor padrão de saúde. A reorientação de serviços de saúde com o fundamento de redirecionar o modelo de atenção proporciona o oferecimento de serviços clínicos e curativos no sentido de ganhar mais saúde (SCHEIHAM, 2001). No atendimento odontológico a promoção de saúde tem um significado especial, pois a saúde oral é o ponto de partida para a sanidade corporal total do indivíduo. Nesse sentido as 3 Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, realizada em Ottawa, Canadá, em novembro de 1986, 9 políticas devem inferir apoio para que esse tipo de saúde chegue a todos de forma igualitária e com equidade, conforme estabelece a Carta Magna do nosso país, criando ambientes que fortaleçam as ações comunitárias, com desenvolvimento de habilidades de autocontrole e autonomia pessoal para práticas de autocuidado em higiene e saúde odontológica. 2.2 ESF Bem-Te-Vi, Equipe 29, Dourados/MS No final do ano de 2000 a saúde bucal foi incorporada às assistências coletivas realizadas pelas Equipes de Saúde da Família (ESF), para que essa nova modalidade de saúde tivesse sucesso, o Ministério da Saúde (MS) normatizou e incentivou o financiamento das Equipes de Saúde Bucal (ESB) para atuar junto com as ESF, com isso criou um novo paradigma de planejamento e programação da atenção básica, podendo ser avaliada como uma das importantes iniciativas de assistência pública, introduzindo a saúde bucal dentro da normatização e dos princípios e diretrizes do SUS (MARTELLI et al. 2008). A odontologia foi inserida nas ESF pelas Portarias Ministeriais nº 1.444, de 28/12/2000, e 267, de 29/09/2001, com o objetivo de promover novos processos de saúde bucal voltada para a família, considerando-a uma instituição perene nas relações estabelecidas pela humanidade (BRASIL, 2004). Considerando-se que o Programa de Saúde da Família (PSF) é uma estratégia para reorganizar a Atenção Básica, quando os profissionais de saúde bucal de uma Equipe de Saúde da Família (ESF) participam do levantamento sócio-epidemiológico da comunidade, ou realizam visitas domiciliares, eles se aproximam das pessoas e compreendem as suas relações de vizinhança, a sua sociabilidade, além de estabelecer um contato mais próximo com a população local, o que reforça o vínculo entre eles e contribui para a acessibilidade aos serviços odontológicos (BRASIL, 2002). A estratégia de Saúde da Família, regimentada pela Norma Operacional Básica do SUS de 1996 – NOB/SUS-96, foi fundamental na organização da atenção básica, que definiu suas formas de financiamento, incluindo-a no Piso da Atenção Básica – PAB. O território e a população adscrita, o trabalho em equipe e a intersetorialidade constituíram-se em eixos fundamentais de sua concepção, e as visitas domiciliares, uma de suas principais estratégias, objetivaram ampliar o acesso aos serviços e criar vínculos com a população (BRASIL, 2004). 10 Para acompanhar os pacientes especiais, com patologias crônicas, as secretarias municipais de saúde criaram um sistema de informações básicas, onde são especificados dados de todos os pacientes, com detalhes sobre a idade, doenças crônicas e dados epidemiológicos, bem como o perfil socioeconômico das famílias. O Programa de Saúde da Família do município de Dourados MS conta com 94 cirurgiões dentistas, 4 Técnicos de Higiene Dental (THD) e 76 Auxiliares de Consultório Odontológico (ACD) distribuídos em uma rede que conta com 35 unidades de Estratégia de Saúde da Família (ESF), 6 Unidades Básicas de livre demanda, 11 consultórios em escolas publicas, 1 Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) II, e atendimento especializado em 2 hospitais públicos. Na Equipe 29, ESF Bem-Te-Vi, são cobertos os bairros: Jardim Colibri, Estrela Poravi I e II, Jardim Guaicurus, Jardim Sabiá, Parque Beija-Flor e Parque Bem-Te-Vi. Em média são atendidas 2972 pessoas por mês. 11 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Tipo de Pesquisa A pesquisa classifica-se como documental, bibliográfica, quantitativa, descritiva. A pesquisa bibliográfica utiliza-se fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, enquanto a pesquisa documental utiliza-se de materiais que não receberam tratamento analítico. Já as fontes de pesquisa documental são mais diversificadas e dispersas do que as da pesquisa bibliográfica (CERVO; BERVIAN, 2002). Para Demo (1994, p.47) “a análise documental pode se constituir numa técnica valiosa de abordagem de dados qualitativos, seja complementando as informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou problema”. Conforme Gil (2002), na pesquisa documental existe os documentos de primeira mão, ou seja, aqueles que não receberam nenhum tratamento analítico tais como os documentos conservados em órgãos públicos e instituições privadas, e os documentos de segunda mão que de alguma forma já foram analisados tais como: relatórios de pesquisa; relatórios de empresas; tabelas estatísticas e outros. Segundo o mesmo autor, há vantagens e limitações neste tipo de pesquisa. Vantagens: os documentos constituem-se fonte rica e estável de dados; baixo custo, pois exige praticamente apenas disponibilidade de tempo do pesquisador; não exige contato com os sujeitos da pesquisa. As limitações encontram-se nos resumos dos escritos. 3.2 Local da pesquisa Para a pesquisa bibliográfica buscou-se congregar material didático do acervo da biblioteca da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Considerando que o material coletado não foi suficiente para as expectativas da pesquisadora, abriu-se o campo de pesquisa para o meio eletrônico, reunindo material de apoio para o desenvolvimento do trabalho. A pesquisa documental foi realizada através de dados da Secretaria Municipal de Saúde de Dourados (MS). 12 3.3 Característica da Amostra A amostra foi constituída por livros e revistas relacionadas ao tema. Os artigos selecionados foram escritos por profissionais de área médica (médicos e cirurgiões-dentistas) com títulos específicos sobre a temática levantada. A amostra da pesquisa documental foi selecionada no Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB) da Secretaria Municipal de Saúde do Município de Dourados (MS), incluindo os relatórios da ESF Bem-Te-Vi, da Equipe 29, divulgados nos anos de 2008 a 2010. 3.4 Delineamento da Pesquisa Para basear e fundamentar a pesquisa, foram utilizadas inicialmente palavras-chave como: idoso, hipertensão arterial, tratamento odontológico, saúde bucal, entre outras que permitiram buscar e reunir o material necessário para a realização desta pesquisa. Houve ainda a preocupação por parte da pesquisadora em realizar buscas em sites conceituados no campo de divulgação de pesquisas acadêmicas, nos quais foram encontrados grande parte dos artigos utilizados. Além dos artigos eletrônicos foram feitas leituras em livros que tratassem do tema abordado, datados do período de 2000 a 2011. Após o levantamento das literaturas encontradas, o material foi organizado por meio de fichamento, direcionando e classificando os assuntos relatando em forma de revisão de literatura do trabalho, dados que serviram de suporte para o propósito da pesquisa. Os relatórios selecionados no Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB) da Secretaria Municipal de Saúde do Município de Dourados (MS), da ESF Bem-Te-Vi, da Equipe 29, foram dos anos de 2008, 2009 e 2010, sendo que os dados foram analisados estatisticamente e os resultados apresentados na forma de gráficos. 13 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO O levantamento realizado nos relatórios do Sistema de Informação de Atenção Básica, nos anos de 2008, 2009 e 2010, mostra resultados referentes à ESF Bem-Te-Vi, Equipe 29, que estão destacados nos gráficos a seguir. 4200 4106 4000 3769 3800 3600 3497 total de pessoas cadastradas 3400 3200 3000 2008 2009 2010 Figura 1 - Total de pessoas cadastradas no SIAB Os dados da figura 1 mostram que no ano de 2008 foram cadastradas 3.497 pessoas, em 2009, 3.769 pessoas e em 2010, 4.106. Sendo que entre os anos de 2008 e 2009 foram cadastradas 272 pessoas, entre os anos de 2009 e 2010 foram cadastradas 337 pessoas e entre os anos de 2008 e 2010 foram cadastradas 609 pessoas. 337 350 276 300 250 238 200 hipertensão arterial 150 100 50 0 2008 2009 2010 Figura 2 - Pessoas com hipertensão arterial cadastradas no SIAB 14 Os dados da figura 2 mostram que ocorreu um crescimento gradativo no cadastro das pessoas que relataram a hipertensão arterial como doença crônica. No ano de 2008 foram cadastradas 238 pessoas, no ano de 2009 foram cadastradas 276 pessoas e no ano de 2010 foram cadastradas 337 pessoas. Constata-se que entre os anos de 2008 e 2009 foram cadastradas 38 pessoas, entre os anos de 2009 e 2010 foram cadastradas 61 e entre os anos de 2008 e 2010 foram cadastradas 99 pessoas. Analisando o total de cadastro e o cadastro de pessoas com descrição de hipertensão arterial verifica-se que em 2008 existia 10,12% de hipertensos entre os cadastrados, em 2009 o percentual subiu para 10,82% e em 2010 passou para 12,09%. Portanto as pessoas hipertensas representam um número significativo no cadastro do SIAB, o que faz considerar a importância de um protocolo especial para o atendimento odontológico dessa população. A literatura indica que o tratamento odontológico deve iniciar com a realização da anamnese detalhada, relacionando idade, tipo de medicamento usado, com os exames clínicos e laboratoriais. Antes de iniciar os procedimentos básicos de atendimento do paciente, o cirurgiãodentista deve solicitar que o paciente submeta-se a aferição da pressão arterial (PA), com um profissional da área de enfermagem que atua na equipe multidisciplinar (BRASIL, 2002a). Quando é identificada qualquer alteração na aferição da pressão arterial encaminhar o paciente para que o médico da equipe faça uma avaliação. Assim, o paciente com diagnóstico de hipertensão deve ter um tratamento personalizado com acompanhamento médico e da enfermagem da equipe da ESF (BRAGA, 2006). Aytes e Escoda (2000) destacam que quando o tratamento odontológico é invasivo e requer o uso de anestésico, é imprescindível que o cirurgião-dentista consulte o médico cardiologista e peça exames para identificar qual tipo de medicamento deve ser aplicado, pois como explica Tentro et al. (2010) os vasoconstritores garantem o maior tempo de anestesia, no entanto é preciso aplicar aquele que apresente menor efeito colateral, sendo que “os efeitos hemodinâmicos dos anestésicos locais com vasoconstritores podem causar ações diretas sobre o músculo cardíaco ou na inervação autônoma do coração”. De um modo geral todos os vasoconstritores “dependendo da concentração, podem provocar o aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial” (TENTRO et al., 2010). De acordo com Oliveira (2000) entre 15 “vasoconstritores adrenérgicos, a epinefrina é a mais indicada no atendimento a pacientes com hipertensão controlada no estágio I ou II”. Portanto, o cuidado multidisciplinar no atendimento odontológico às pessoas com hipertensão cadastradas na ESF é de fundamental importância, no sentido de prevenir que tenham qualquer problema de saúde durante o tratamento. 16 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Constatou-se no desenvolvimento deste trabalho que na Equipe 29 da Estratégia de Saúde da Família, Bem-Te-Vi de Dourados/MS, existe uma média de 10% da população da área adscrita com diagnóstico de hipertensão arterial que estão cadastradas no Sistema de Informação de Atenção Básica. Diante disso entende-se que a assistência odontológica às pessoas hipertensas deve ser realizada por equipe multidisciplinar e especializada, sendo que o cirurgião-dentista deve ter um amplo conhecimento sobre a síndrome hipertensiva e suas complicações para promover com eficiência o tratamento do paciente. Verifica-se que o papel do cirurgião-dentista no tratamento odontológico da pessoa hipertensa é o de promover um atendimento diferenciado no sentido de manter esse paciente com o mínimo possível de estresse durante o procedimento e implantando a aferição da pressão arterial de forma rotineira na sua prática profissional. Enfim, entende-se que é preciso que o cirurgião-dentista mantenha um diálogo constante com o médico da equipe de saúde que atua na ESF, para que juntos possam desenvolver protocolos de atendimento que venham a beneficiar o tratamento odontológico dos pacientes hipertensos. 17 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AYTES, L. B.; ESCODA, C. G. Anestesia odontológica. 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