Relação entre o esporte e a deficiência Texto complementar da disciplina Educação Física Adaptada I Prof. Dr. Luzimar Teixeira A relação entre o esporte e a deficiência é complexa e contraditória. A construção social do corpo é influenciada por uma série de fatores relevantes incluindo papeis culturais, econômicos e políticos. Historicamente, na cultura ocidental o deficiente físico está associado à incompetência e a dependência enquanto o esporte está ligado à agressividade, competitividade e dominação do adversário. Com a abertura do campo da Atividade Física Adaptada surgiram muitas pesquisas, nas quais tem sido mostrado o impacto positivo do esporte no processo de socialização. Algumas pesquisas, também, tem mostrado alterações fisiológicas, psicológicas e benefícios sociais. Raramente se mostra algum tipo de impacto negativo do esporte nos atletas deficientes. O esporte, suas regras e seus valores podem ser passados para diversas culturas, então isso nos leva a pensar que o esporte pode ser transferido para os deficientes. Como o esporte pode ser aplicado aos deficientes? Qual o papel que o esporte tem na integração e inclusão de um indivíduo? Apesar da complexidade da questão, o esporte tem demonstrado uma grande importância na inclusão e na integração de deficientes, o que pode ser verificado a partir do grande sucesso do VISTA’93 (Conference on Disability Sport). O texto propõe que para continuar essas influencias é necessário que existam oportunidades de prática e competição, assim como realizar as Paraolimpíadas, onde os deficientes possam competir com pessoas que tenham capacidades equivalentes, mas dentro de um evento onde tenham atletas de elite. Em um nível mais amplo de analise o esporte não traria apenas benefícios para os participantes, mas também para toda a população, assim como para outros deficientes, servindo como exemplo de luta e perseverança, assim como diminuiria o preconceito e a discriminação. Em muitas partes do mundo, está se dando uma crescente ênfase em saúde, fitness e bem estar de todas as pessoas, incluindo pessoas com incapacidades. Este desenvolvimento tem tido um grande impacto tanto no treinamento profissional em educação física e esporte como em pesquisas fora do âmbito das ciências esportivas. Durante os últimos vinte anos, uma nova disciplina acadêmica emergiu, englobando educação física para crianças com incapacidades em escolas e comunidades, formas de reabilitação e terapia da atividade física, recreação e lazer além de esportes competitivos. Esta disciplina acadêmica conhecida como atividades físicas adaptadas, avança sobre outras áreas e continua a se articular com uma porção de disciplina como: sociologia, arquitetura, psicologia, etc. Originalmente, o termo educação física adaptada foi usado nos anos 50, nos EUA, para descrever programas escolares de educação física para crianças incapacitadas. Com a introdução do termo atividade física adaptada, nos anos 70, o conceito de Educação Física Adaptada se expandiu além do ambiente escolar e dos programas de educação física. No final dos anos 80, profissionais em todo mundo iniciaram um diálogo e intercâmbio internacional. Acerca de idéias sobre terminologia e definições. Muitas definições foram propostas e continuam sendo discutidas e debatidas. Estas definições esclarecem que Atividade Física Adaptada não está preocupada exclusivamente com populações que historicamente vêm sendo denominadas incapazes ou especiais. Pelo contrário, a atual ênfase está nas diferenças individuais e interações individuais e interações com o meio ambiente que são manifestadas como físicas, mentais, sociais ou problemas emocionais que afetam a aquisição de um estilo de vida saudável, ativo e com lazer, integração e inclusão. Mais do que isso, nós entendemos que Atividade Física Adaptada não é somente um termo usado para descrever um corpo de conhecimento multidisciplinar mas também como uma base teórica para pesquisa, programação e estratégica, para promover atividades físicas para indivíduos com incapacidades. Iniciativas legislativas na área de educação física e esporte para pessoas portadoras de deficiências, especialmente nos EUA e Europa, tem sofrido um grande impacto em qualidade e quantidade de pesquisas direcionadas a reduzir as restrições ambientais nos cenários escolares e comunitários. O foco do programa não estava mais limitado a segregar a educação física e esporte, mas enfatizou a integração dos cenários. Como integração e inclusão formam-se tópicos "quentes" em 1990, Roger (1991) levantou a questão de pesquisas apropriadas e significativas em seu artigo titulado "Estão os pesquisadores perdendo o barco da inclusão?" Interesses sobre o tema exclusão-inclusão tem se tornado internacionais. Existe um consenso geral de que pessoas portadoras de deficiências tem poucas escolhas para participar de programas de educação física e esporte. Uma linha de pesquisa na área escolar é baseada nas atitudes dos estudantes e professores em relação das pessoas com deficiências. A pesquisa tem mostrado que as atitudes estereotipadas continuam existindo na população "habilitada". Integração desenvolvimento da educação física e do esporte para pessoas deficientes em ambientes escolares, em recreacionais e em competições esportivas com ênfase em integração e inclusão. No artigo sobre educação física incluindo indivíduos com deficiências em ambientes escolares, Pilvikki Heikinaro-Johansson e E. Willian Vogler indicaram que os dados iniciais são favoráveis à inclusão, mesmo que sejam necessárias mais pesquisas para incluir aspectos como atitudes dos professores de educação física para integrar crianças deficientes, revisão do currículo de educação física e modificações na preparação dos professores de educação física.