III SEMINÁRIO EM PROL DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Desafios Educacionais O USO DE MODELOS DIDÁTICOS NO ENSINO DE BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NEPPEL, Tayonara 1 BEGUI, Camila 2 NOME DO GT: Recursos e materiais pedagógicos adaptados RESUMO Esta é uma proposta de uso de modelos didáticos como recursos a serem utilizados para o ensino de qualquer conteúdo qual seja cabível, para facilitar a aprendizagem de todos os alunos e em especial dos alunos com deficiência visual, pois como o modelo é uma representação ampliada do objeto de estudo, permite o aluno tocá-lo para identificar as características, “visualizando” sem a necessidade de imagens e com isso poder melhor relacionar o modelo com a explicação do professor. O projeto aqui desenvolvido abordou modelos didáticos de fácil construção para o ensino de citologia no ensino fundamental e médio com enfoque na aprendizagem dos alunos com deficiência visual. Os modelos didáticos permitem o professor se distanciar um pouco da explicação abstrata onde os alunos precisam imaginar tudo e partir para algo mais “real”, com isso a aula terá melhor rendimento e será de modo igualitário a todos os alunos, com deficiência visual ou não. Como forma de demonstração, desenvolveram-se modelos didáticos de fácil construção para o ensino de citologia no ensino fundamental e médio. Foram construídos três modelos didáticos, sendo um da membrana plasmática da célula, outro de uma célula somática de forma arredondada e por fim um modelo didático representando a hemácia. Os modelos construídos foram doados a um colégio da rede estadual de ensino da cidade de Cascavel – PR. Palavras-chave: Modelo didático; Deficiência visual; Citologia. 1 Graduanda de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - campus Cascavel ([email protected]) 2 Graduanda de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - campus Cascavel ([email protected]) Universidade Estadual do Oeste do Paraná PEE/ Campus Toledo INTRODUÇÃO Alunos com necessidades especiais necessitam de uma atenção especial para que possam estar inclusos de fato no meio estudantil. Os que apresentam deficiência física possuem critérios para a sua acessibilidade como a existência de espaços físicos adaptados com corrimão, rampas, trincos de porta de fácil manuseio. E ainda banheiros, bebedouros, telefones públicos, entre outros, que sejam de acesso possível de acordo com suas necessidades. Quanto à surdez, o aluno tem direito a um intérprete de Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. Já no caso do deficiente visual a acessibilidade depende de softwares, impressoras em braile, etc. (MIRANDA, 2006). Santos e Manga (2009), destacam que a deficiência visual torna-se um desafio tanto para alunos quantos para professores, pois estes devem estar devidamente capacitados para a satisfação do trabalho inclusivo. Assim, uma maneira de mostrar objetos para os alunos com deficiência visual é fazendo uso de modelos que representem esse objeto. O uso de modelos está vinculado ao estudo da biologia como forma de transposição didática tanto para o nível científico quanto ao nível escolar, pois para Krapas et al (1997), encontra-se na literatura vários sentidos para o termo modelos. Desta forma, Gilbert e Boulter apud Krapas et al, (1997) p. 190, distinguem tipos de modelos tais como: "o modelo mental (uma representação pessoal, privada de um alvo), o modelo expresso (aquela versão de um modelo mental que é expressa por um indivíduo através da ação, fala ou escrita), o modelo consensual (um modelo expresso que foi submetido a teste por um grupo social, por exemplo a comunidade científica, e que é visto, pelo menos por alguns, como tendo mérito), e o modelo pedagógico (um modelo especialmente construído para auxiliar na compreensão de um modelo consensual)." Krapas et al (1997), ainda ressaltam que modelos pedagógicos simplificam uma ideia. E neste sentido, ao trazer estes conceitos para a educação inclusiva Santos e Manga (2009), apontam que muito mais do que complementar o conteúdo escrito, o modelo permite o aluno manuseá-lo para Universidade Estadual do Oeste do Paraná PEE/ Campus Toledo perceber as diferenças de texturas e tamanhos, priorizando o tato, quesito primordial utilizado por esse alunos. No caso de possuir em sua classe alunos com deficiência visual, os modelos didáticos são excelentes recursos didáticos para o professor construir esse conhecimento com o aluno e para o aluno compreender de fato o que está sendo explicado. Tornam-se excelentes ferramentas para a ministração das aulas pelo professor, pois eles representam de uma maneira simples e de fácil visualização o conteúdo que o professor deseja construir com seus alunos. OBJETIVO GERAL E ESPECÍFICO O objetivo geral deste trabalho é demonstrar que modelos didáticos são excelentes ferramentas para a ministração das aulas pelo professor e que podem ser simples e fáceis de serem produzidos, objetivando também a construção de modelos para doar a um colégio público localizado na cidade de Cascavel- PR que possua alunos com deficiência visual para que seja utilizado pelos professores de ciências e biologia. Sendo objetivo especifico demonstrar a importância do modelo didático para o aprendizado dos alunos com deficiência visual. METODOLOGIA O presente projeto desenvolveu modelos didáticos para uma aula de citologia onde foram representados em uma escala bastante ampliada a membrana plasmática de uma célula, uma célula somática de formato arredondado e uma hemácia. A membrana plasmática fora construída com 40 bolinhas de isopor com quatro centímetros de diâmetro cada. Destas bolinhas, 20 foram usadas para fazer uma camada de fosfolipídio e as outras foram usadas para fazer a camada adjacente. Elas foram organizadas lado a lado com um perímetro de 5 bolinhas pra cada lado, usado cola de isopor para grudá-las. Em cada bolinha em um dos lados dessa placa foi inserido dois palitos de dente, a bolinha representava a cabeça do fosfolipídio contendo o fósforo e o palito de dentre representava o lipídio com sua dupla ligação. Por fim dos dois lados foram Universidade Estadual do Oeste do Paraná PEE/ Campus Toledo juntados ficando uma camada de bolinhas, os palitos de dente voltados para dentro do modelo e outra camada de bolinhas. A célula somática foi representada por uma bola de isopor de 10 centímetros de diâmetro com pedaços de arame inseridos para representar o glicocálice, os pedaços de arame eram de 1milimetro de espessura e três centímetros de comprimento, foram moldados em forma de “T”. A hemácia foi representada por uma bola de isopor de 10 centímetros de diâmetro que foi retirada duas extremidades opostas e foi abaulada dos dois lados com o auxilio de uma faca esquentada no fogo. A coloração dos modelos foi feita com tinta para tecido, a parte de isopor da membrana foi pintada de laranja, a célula de roxo, os arames representando o clicocálice de preto e a hemácia de vermelho. RESULTADOS A membrana plasmática representada desta maneira permite que os alunos percebam a existência da bicamada lipídica, onde ambas são compostas por fosfolipídios, que possuem uma cabeça que é externa composta por fosfato e um corpo que está representado pelos palitos que é interno a bicamada e composto por lipídios (COELHO; MOREIRA, 2001). No caso da célula somática, foi escolhida a representação arredondada pelo fato de a maioria delas assumirem essa forma, com os arames os alunos poderão compreender o glicocálice que fica na membrana da célula fazendo o reconhecimento celular (COELHO; MOREIRA, 2001). O modelo da hemácia facilita a compreensão pelos alunos de que ela não é uma célula redonda, mas apresenta forma discoide achatada e com uma cavidade de cada lado (LIU, 2012). Por ser uma representação em quatro dimensões, além de permitir uma explicação bem visual para todos, os modelos didáticos permitem os alunos com deficiência visual tocar no objeto de explicação do professor, facilitando o seu entendimento, permitindo uma melhor compreensão do conteúdo. Pois já não é simples para alunos sem deficiência visual imaginar, entender e visualizar a temática abordada só com a explicação do professor, mesmo Universidade Estadual do Oeste do Paraná PEE/ Campus Toledo dispondo de imagens ilustradas no livro didático ou em outras fontes. Para os alunos com deficiência visual acaba por ser mais dificultoso por não terem acesso nem a essas imagens para poder moldar melhor o conceito que está sendo estudado. CONSIDERAÇÕES FINAIS Para que de fato aconteça a inclusão dos alunos com deficiência é necessário que estes possuam as mesmas condições de aprendizagem que os demais, pois incluir por incluir de nada adianta. Para que as condições de todos sejam igualadas devem ser supridas ao máximo as maiores dificuldades de cada caso de deficiência. Os Professores devem adotar essa prática na ministração de suas aulas, dentro do ensino de ciências e biologia existe uma gama de elementos que podem ser representados por meio de modelo. Os modelos como um todo de fato são estratégias brilhantes para melhorar a compreensão dos alunos principalmente daqueles com deficiência visual, permitindo uma visão ímpar dos conteúdos que eles não teriam sem o modelo, pois seria muito abstrato imaginar algo sem embasamento. Funcionam como um “braile de figuras”, onde os alunos que não podem ver “leem” a figura com os dedos. REFERÊNCIAS COELHO, T. H.; MOREIRA, A. L. Fisiologia das membranas celulares. Porto, Serviço de Fisiologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, 2001. KRAPAS, S; QUEIROZ G; CONLINVAUX, D; FRANCO, C. Modelos: uma análise de sentidos na literatura de pesquisa em ensino de ciências. Revista Investigação no Ensino de Ciências. v. 2, n.3, p185-205. Porto Alegre, 1997. LIU, I.P. Análise de Resultados da Tipagem Sanguínea Antes e Após a Implantação da Técnica de Semiautomação. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Biomedicina). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Ciências Básicas da Saúde. 41p. Porto Alegre, 2012. Universidade Estadual do Oeste do Paraná PEE/ Campus Toledo MIRANDA. T. G. A inclusão de pessoas com deficiência na universidade. SEMINÁRIO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO ESPECIAL, 2., 2006. Vitória, ES. Anais...Vitória, ES: UFES, 2006. SANTOS, C. R; MANGA, V. P. B. B. Deficiência visual e ensino de biologia: pressupostos inclusivos. Revista FACEVV. n.3 p.13-22. Vila Velha, 2009. Universidade Estadual do Oeste do Paraná PEE/ Campus Toledo