NECESSIDADES DE ELIMINAÇÃO

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NECESSIDADES DE ELIMINAÇÃO
Uma parte importante dos cuidados prestados pelo enfermeiro ao paciente geriátrico centra-se em
ajudá-lo a superar as dificuldades de eliminação de fezes e urina. Sua atuação pode consistir em ensinar,
supervisionar, ajudar ou realizar procedimentos. Sempre que possível tornar o paciente autônomo, dando-se
especial importância à higiene e ao conforto.
Antes de se estabelecer qualquer plano de cuidados, deverá ser avaliada a capacidade do paciente em
identificar a localização do banheiro, chegar até ele, tirar a roupa, sentar-se no vaso sanitário, alcançar e
utilizar os utensílios de higiene, levantar-se, voltar e vestir-se e lavar as mãos.
Anatomia e funcionamento do aparelho urinário
O aparelho urinário é o conjunto de órgãos que se encarrega da formação e excreção de urina. É
composto pelos rins, os ureteres, a bexiga e a uretra. Através da urina, são eliminados os produtos que
resultam do metabolismo e as substâncias tóxicas que circulam no sangue. A urina é armazenada na bexiga,
que tem uma capacidade de 250 a 550 ml, fazendo-se a sua evacuação através do esfíncter uretral. O controle
da micção é voluntário e consciente, e a eliminação produz-se quando a uretra se abre e a bexiga se contrai.
Esta ação coordenada depende do sistema nervoso.
A função vesical do idoso apresenta certas pecualiaridades:
 Há uma diminuição da capacidade da bexiga e um aumento da urina residual.
 Durante o enchimento, ocorrem contrações não-inibidas que podem produzir o esvaziamento da bexiga.
Incontinência Urinária
É um problema de grande incidência na população idosa. Cerca de 15% dos idosos com 75 anos são
acometidos. É mais freqüente nas mulheres, numa proporção de 2:1 em relação aos homens.
Incontinência urinária é a perda involuntária de urina através da uretra, que provoca problemas
higiênicos, psicológicos e sociais no indivíduo.
Causas:
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Fatores físicos – doenças associadas a transtornos da bexiga e de estruturas vizinhas: infecções urinárias,
hipertrofia da próstata, prolapso uterino, prisão de ventre, compactação fecal; doenças do sistema
nervoso, que podem causar paralisia, imobilização, deterioração mmental e confusão (trombose cerebral,
Parkinson, demência, etc).
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Fatores psíquicos – alterações ambientais bruscas (hospitalização, mudança de domicílio); fatores
emocionais (estados de depressão e ansiedade); falta de intimidade.
Fatores sociais – dificuldades de acesso e condições de moradia deficientes. Em muitos casos, as privadas
têm uma altura inadequada ou não estão disponíveis. Se existem problemas de mobilização, as escadas ou
longos corredores podem desencadear a incontinência antes de se chegar ao banheiro. Durante a noite,
quando as luzes estão apagadas, a situação agrava-se.
Outros – fármacos que aumentam a diurese, que induzem o sono ou que produzem sedação. É freqüente
em pacientes a quem foi retirada, recentemente, a sonda vesical.
Conseqüências
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Físicas – problemas higiênicos e desconforto causados pela sujidade ou pelo mau cheiro; problemas
cutâneos; maior risco de infecções; alterações do sono por medo de molhar a cama; problemas sexuais;
hidratação deficiente (diminui-se a ingestão de líquidos para reduzir a diurese); limitação da mobilidade.
 Psicológicas – isolamento; depressão e diminuição da auto-estima; dependência para realizar as
atividades cotidianas.
 Socioeconômicas – distanciamento social por medo da rejeição e para evitar situações constrangedoras;
custos econômicos.
Tipos
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Incontinência de esforço – é motivada por um aumento súbito da pressão intra-abdominal. O esfíncter
uretral está incompetente e permite que a urina saia sem que se manifeste o desejo de urinar. O riso,
soluços, a tosse, o levantar-se e baixar-se e outros esforços podem desencadear a incontinência. Afeta,
fundamentalmente, mulheres multíparas e aumenta na menopausa.
Incontinência de urgência – o paciente tem desejo súbito de urinar, sem que seja possível alcançar o
banheiro a tempo. Produz-se pela contração involuntária da bexiga, acentuando-se ao abrir a torneira ou
com a aproximação do banheiro.
Incontinência reflexa – a pessoa não sente impulso de urinar. É causada por lesões nervosas, que
permitem que a bexiga se esvazie sem receber qualquer estímulo cerebral.
Incontinência por enchimento excessivo – a bexiga retém urina até a pressão ser tão grande que o
esfíncter se abre, permitindo a saída da urina. É freqüente no homem, quando há aumento do tamanho da
glândula prostática, ou quando existe retenção urinária.
Incontinência pós-miccional – consiste na saída de uma pequena quantidade de urina, habitualmente sem
muita percepção, inclusive vários minutos depois de haver-se completado a micção. Isto se deve ao fato
de que a bexiga não se esvaziou completamente, permanecendo nela urina residual. Aumenta se a
eliminação não é cômoda ou se utiliza a comadre em vez do vaso sanitário.
As vezes é difícil distinguir o tipo de incontinência, já que pode haver uma mistura de vários tipos no
mesmo indivíduo.
Tratamento e controle da incontinência
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Tratamento etiológico – em primeiro lugar, é preciso procurar solucionar a causa que origina a
incontinência (prisão de ventre, infecção urinária). Às vezes, são necessários tratamentos farmacológicos
ou cirúrgicos.
 Tratamento funcional – existem outras medidas que podem contribuir para a solução ou melhora do
problema.
Reeducação de esfincteres ou treino vesical – sua finalidade é levar o paciente a um padrão miccional
mais normal e cômodo, habituando a bexiga a evacuar a um determinado ritmo. O plano deve ser
individualizado para cada paciente. Devem-se Ter em conta os hábitos vesicais, a ingestão de líquidos, o
estado mental do paciente, o ambiente social, a relação com a família e a atitude do paciente face ao
problema.
Convém conhecer a periodicidade com que o paciente usa o vaso sanitário (esta pode variar na mesma
pessoa ao longo do dia), utilizando para isso gráficos de controle. O registro deve ser feito durante vários dias,
anotando-se cada vez que o paciente urinar, tanto de forma continente como incontinente. Isto permite estudar
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em que momento se produzem os acidentes e a sua possível causa. As folhas de controle oferecem uma idéia
bastante exata da eficácia da reeducação e asseguram a continuidade dos cuidados.
A micção pode ser mais freqüente ao levantar-se, ao deitar-se, antes ou depois das refeições e, também,
após a ingestão de algumas bebidas como café ou chá. Estimula-se o paciente a que vá ao banheiro nesses
momentos. Não se pergunta ao paciente se quer urinar, mas sugere-se a ele que está na hora de ir ao banheiro.
O paciente deve permanecer sentado na privada durante 5 minutos, ouvindo o ruído de uma torneira aberta. Se
isto não for eficaz, convida-se o paciente a urinar a cada 2 ou 3 horas (pode-se tocar uma campainha ou um
despertador para lembrar a hora), em princípio apenas durante o dia, tenha ele vontade ou não e mesmo que se
encontre molhado. Quando o paciente se molha, adianta-se o controle em meia hora até haver uma idéia
aproximada do espaço de tempo necessário para que se mantenha seco. O paciente nunca deve ir antes do
momento fixado e, se tiver vontade de urinar, deve agüentar. Após conseguir a continência durante o dia, está
será tentada durante a noite (levantando-se por 2 vezes, sempre em horas fixadas).
Os pacientes com grande deterioração mental, mas com boa mobilidade, podem manter-se secos durante
o dia com idas regulares ao banheiro, sendo inevitável a incontinência noturna. Alguns objetivos podem ser
alcançados em um ou dois dias; outros requerem semanas ou mesmo meses. Os sucessos ajudam a manter a
motivação, razão pela qual deve-se planejar objetivos a curto prazo, pouco ambiciosos, reanimando
positivamente o paciente.
Só depois de conseguida a continência, e quando já não existirem acidentes, se podem retirar as fraldas
absorventes.
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Exercícios pélvicos – ajudam a aumentar a força e o tônus dos músculos da região pélvica:
permanecer de pé ou sentado, confortavelmente. Contrair a espaços regulares de tempo, mas com força,
os músculos em redor do ânus, mantendo-os sob tensão durante 5 segundos, relaxando-os depois
(imaginando que se quer controlar uma diarréia).
Sentar-se comodamente na privada, quando se deseja urinar. Durante a micção, interromper
voluntariamente o fluxo urinário, contraindo os músculos da região perineal.
Recomenda-se que se façam os exercícios durante cerca de 10 minutos, 3 vezes por dia, a intervalos
regulares e durante vários meses. Estes exercícios implicam uma interrupção mínima nas atividades
cotidianas, podendo ser realizados em qualquer local, sem que ninguém se dê conta.
Massagem vesical – tem como objetivo o esvaziamento mais completo da bexiga e a continência entre os
esvaziamentos. Realiza-se aplicando-se uma leve pressão sobre a região vesical, exercida com os dedos
ou com o punho, no final da micção, o que estimula a contração da bexiga. Também é útil sentar-se com
os pés apoiados, inclinando-se para a frente.
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Tratamento sintomático – quando não é possível resolver a incontinência, a administração adequada do
problema pode melhorar a qualidade de vida do paciente e dos seus cuidadores. Existem diferentes
dispositivos para controlar a incontinência. É preciso escolher o tipo de ajuda mais adequada, de acordo
com as características do paciente, assegurando-se de que ele e a sua família saberão manejar o
dispositivo escolhido.
Condutores – tem a função de recolher, transportar e armazenar a urina.
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coletor peniano externo – é uma bolsa de látex que se coloca no pênis, com um tubo de saída que se
conecta a um saco coletor de urina. Este sistema é exclusivo para homens. Não está indicado quando o
pênis é pequeno e está retraído. Existem em tamanhos diferentes, sendo preciso escolher o tamanho
adequado para evitar que o pênis fique comprimido, que o dispositivo se solte ou se torça. O sistema de
fixação mais utilizado consiste em tiras adesivas que se fixam à pele do pênis e, depois, ao dispositivo.
Deve-se examinar a pele diariamente para detectar sinais de escoriação ou maceração.
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Sonda vesical – pode ser utilizada de modo transitório em pacientes que sofrem de incontinência não
tratável por outros meios, que têm úlceras de pressão, dermatites importantes, ou em pacientes em estado
terminal. Não é um método recomendável para o controle da incontinência, já que tem inconvenientes
importantes, como o risco de infecções urinárias ou o desaparecimento do desejo de urinar. Um dia antes
de retirar a sonda vesical, deve-se mantê-la pinçada, despinçando-a a cada 2 ou 3 horas para a eliminação
da urina. Isto tem como objetivo restaurar o tônus muscular da parede vesical, até regularizar a sua
função e tornar consciente o desejo de urinar.
Urinóis portáteis – quando o indivíduo não pode ir até ao vaso sanitário, podem se utilizar receptáculos
alternativos, como urinóis de mão, comadres ou privadas portáteis. Às vezes estes sistemas são pouco
confortáveis, causam irritações cutâneas e produzem mau cheiro. Os homens que têm um bom nível de
consciência e que colaboram podem resolver a dificuldade com um papagaio colocado discretamente ao
seu alcance. Deve-se levar em conta que alguns pacientes só conseguem utilizá-lo em posição ereta. Para
pessoas muito incapacitadas, com incontinência irreversível, pode ser útil uma cadeira especial, sob a
qual é colocado um urinol. As comadres e papagaios devem estar bem identificados, sendo o seu uso
individualizado para cada paciente. Cada vez que são utilizados, devem ser bem limpos e desinfetados.
Absorventes descartáveis – sua função é reter a urina e as fezes, mantendo o paciente seco e confortável e
evitando que suje a sua própria roupa, ou a roupa de cama. Os absorventes podem ser constituídos de um
núcleo absorvente de celulose, envolto por uma camada superficial de tecido e por outra de material
impermeável. Existem dois tipos de absorventes, dependendo do sistema de fixação:
 Slip absorvente – consta de um absorvente de tamanho variável em função do grau de incontinência
(leve, moderada ou grave) e de um slip elástico e lavável que, em alguns casos, pode ser substituído pela
própria roupa íntima. Este tipo de fixação é simples e proporciona boa proteção. A adaptação ao corpo
permite maior liberdade de movimentos e facilita a marcha. Durante o dia podem colocar-se absorventes
discretos, enquanto para a noite existem absorventes maiores e de maior absorção, para não interromper o
sono do paciente. Quando a incontinência é muito discreta, com pequenas fugas de urina que se
produzem de forma ocasional, uma compressa poderá ser suficiente.
 Absorvente elástico – tem incorporada uma fixação com etiquetas adesivas reutilizáveis. O tamanho e a
capacidade de absorção dependem do peso do paciente e não do grau de incontinência. Este sistema nem
sempre é o mais adequado, já que a constituição física dos idosos varia muito e independe do seu peso.
Isto dificulta a sua adaptação, com o risco de se produzirem vazamentos. Costuma ser utilizado em
pessoas acamadas devido à sua grande capacidade de absorção, e porque é mais fácil de colocar quando o
paciente não pode colaborar.
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 Protetores – o medo de molhar a cama durante a noite provoca uma grande ansiedade no paciente
incontinente. Existem diversos modos de proteger o colchão:
- Protetor de celulose é um produto absorvente e impermeável, de uso único, também adequado para a
proteção de cadeiras de rodas e poltronas.
- Os clássicos forros plásticos têm algumas desvantagens: dão calor, fazem ruído e têm de ser lavados
regularmente para eliminar qualquer resto de sujidade ou odores. Têm de ser colocados sob o lençol, para
evitar o contato direto com o paciente. São mais baratos que os protetores de uso único.
Os absorventes são controlados a cada 3 horas durante o dia, e a cada 4 durante a noite, não se
esquecendo que controle não significa substituição, reservando-se esta apenas para quando for necessário.
É imprescindível a higiene genital a cada substituição.
Recomendações gerais
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Manter o paciente limpo e seco. Se o paciente se sente sujo, perde o interesse por controlar a
incontinência.
Vigiar a pele da região genital, sacra e glútea, para detectar irritações e infecções.
Facilitar o acesso ao banheiro mediante placas ou setas que indiquem o caminho, ajudando o paciente a
deslocar-se e a evitar obstáculos. Durante a noite, pode ser útil manter um urinol próximo da cama,
deixando uma luz tênue. Sempre que possível, deixar as grades da cama descidas.
Proporcionar um sistema de aviso eficaz, atendendo com rapidez às chamadas.
O paciente deve utilizar uma roupa cômoda e larga, que seja fácil de despir.
Instruir o paciente para que evacue no local e receptáculo próprios. Muitos pacientes sujam-se por falta
de papel higiênico ou porque não têm a destreza necessária para o utilizarem. Pode ser útil a colocação do
porta-rolo bem perto do vaso sanitário ou dispor de papel já cortado.
Assegurar a higiene genital e das mãos após a eliminação.
Estimular a deambulação quando for possível. Se a incontinência ocorre durante uma fase em que o
paciente esteve acamado, a mobilização pode contribuir para a sua cura.
A ingestão adequada de líquidos favorece o funcionamento vesical. Podem-se limitar as bebidas depois
das 18 horas, sobretudo de substâncias diuréticas, como café, chá etc.
Proporcionar um ambiente de afeto, confiança e privacidade.
Educar o paciente e sua família sobre como usar e como cuidar do material.
Aspectos Psicológicos
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A resposta psicológica de cada incontinente varia em cada caso:
As pessoas com deterioração mental grave podem não estar conscientes do problema. No entanto, a vida
familiar é, por vezes, muito afetada (o paciente pode evacuar em locais inadequados, como no chão, no
bidê etc).
Outros idosos têm sentimentos de culpa, vergonha ou negação, mesmo diante de uma evidência clara de
incontinência (podem dar longas explicações para justificar o cheiro e as manchas, ou esconder roupas
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sujas em armários ou caixas). Isto dificulta a procura de ajuda, dando lugar a meios pouco adequados e
frustrantes.
Há uma perda de auto-estima, medo de ser alvo de reprimendas ou de provocar rejeição daqueles que
o rodeiam. Alguns pacientes encontram-se tão tensos quando são levados ao banheiro, que os esfíncteres
uretrais não relaxam, sendo incapazes de urinar até que voltem a estar na sua cama ou poltrona.
É freqüente pensar que o problema É insolúvel, ou que é conseqüência da idade. Estas posturas
podem ser próprias de profissionais que aceitam a incontinência como algo inevitável. A atuação insensível
ou demasiado rápida provoca confusão e precipita a incontinência. Os idosos devem ser traquilizados,
assegurando-se-lhe que ninguém os culpará se ocorrer um incidente. Tratar estas pessoas como se fossem
crianças travessas constitui um erro, já que elas não são responsáveis pela sua conduta.
O esforço físico e psicológico para manter a continência é importante para os pacientes e seus
cuidadores que, em muitos casos, são pessoas frágeis e também idosas. O profissional deve prestar apoio e
informação, tanto ao paciente como à sua família, de modo a favorecer a sua motivação.
Incontinência Fecal
É freqüente em idosos muito deteriorados, com demência ou que tenham sofrido uma trombose.
Pode associar-se a compactação fecal (fecaloma), diarréia aguda ou excesso de laxantes. Este problema é
desagradável e muito angustiante, tanto para o paciente como para o cuidador (alguns pacientes com
alterações mentais graves sujam, com matéria fecal, seu próprio corpo e objetos ao seu alcance, criando
situações desagradáveis).
É recomendável seguir um programa para reeducar os hábitos intestinais, até se estabelecer um ritmo
aceitável nas dejeções, de forma que os acidentes sejam excepcionais. A conduta de alguns pacientes muda
imediatamente antes da eliminação: ficam nervosos, agitados ou deambulam. Uma avaliação cuidadosa pode
permitir aos cuidadores identificar os sinais de alarme e chegar ao banheiro a tempo. Para evitar que o
paciente se suje, devem-se usar absorventes de modo permanente.
Prisão de ventre
É a diminuição na freqüência das dejeções, menos de 3 a 4 por semana, que pode evoluir com a
passagem difícil de fezes secas e que, ocasionalmente, se acompanha de sensação de evacuação incompleta. É
um problema muito freqüente nas pessoas idosas. No entanto, um grande número de idosos queixa-se de
prisão de ventre, mas apresenta um ritmo intestinal adequado. Isto se deve à escassa informação acerca dos
padrões de eliminação normais: se uma dejeção diária é o habitual, muitos indivíduos sãos defecam 2 ou 3
vezes por semana. A defecação diária pode chegar a converter-se em uma autêntica obsessão para o idoso,
provocando-lhe grande ansiedade.
Causas
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Prisão de ventre funcional – sofre a influência de diversos fatores: familiares; dietéticos – dieta pobre em
fibras, ingestão reduzida, alimentos muito refinados; emotivos – desinteresse por defecar em pacientes
dementes ou deprimidos; continência voluntária; imobilização, acamamento; viagens, mudança de
domicílio; uso abusivo de laxantes.
Prisão de ventre secundária – anomalias na motilidade intestinal – provocadas por doenças como
diabetes, alterações do sistema nervoso; alterações inflamatórias – hemorróidas, fístulas anais: alterações
obstrutivas – tumores; fármacos.
Complicações
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Compactação fecal (fecaloma)
Fissuras anais e hemorróidas
Incontinência fecal
Obstrução intestinal
Desidratação
Síndrome confusional
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Tratamento
Tem por objetivo reinstaurar um padrão normal de evacuação intestinal.
Medidas gerais
- Ingestão abundante de líquidos.
- Dieta rica em fibras vegetais, que aumente o resíduo intestinal: pão integral, frutas, verduras, hortaliças e
farelos. Os suplementos de fibra podem provocar flatulência ou causar fecalomas em pacientes
imobilizados.
- Atividade física diária.
- Reeducação do ritmo intestinal :
1. Responder sem demora ao desejo de defecar.
2. Iniciar uma rotina que consiste em tentar defecar diariamente, mesmo não sentindo necessidade, a uma
hora fixa, de preferência 15 a 20 minutos depois do café da manhã ou de uma refeição abundante, e
dispor do tempo suficiente para a defecação, permanecendo na privada durante, pelo menos, 10 a 20
minutos.
3. Adotar uma posição adequada, de cócoras ou sentado, elevando os pés sobre um banco baixo, enquanto
se inclina o corpo ligeiramente para a frente. Pode ser útil massagear a região abdominal.
4. O paciente deve estar cômodo, em um local aquecido e privado.
5. Utilizar a privada sempre que seja possível, a qual deverá Ter uma altura adequada. O emprego da
comadre implica um grande esforço muscular, além do fato de que se produzem cheiros e ruídos,
elementos inibidores para o paciente.
6. Manter a comadre em bom estado, já que, se está suja, tem a tampa partida ou se não existe papel
higiênico, a defecação pode ser inibida.
7. Registrar no local adequado o número de dejeções, o tamanho, a cor e a consistência das fezes, a hora e a
data. Não é suficiente perguntar ao paciente, pois, em muitos casos, ele ignora se defecou.
Laxantes
São medicamentos que servem para amolecer as fezes. Devem ser tomados apenas sob prescrição
médica. O uso abusivo de laxantes lesa a mucosa intestinal e inibe o funcionamento intestinal normal. São
freqüentes as diarréias com grandes quantidades de muco. Os pacientes queixam-se de dores abdominais,
flatulência, língua seca e pastosa, mau gosto na boca, dor de cabeça etc.
Os pacientes idosos com problemas de memória podem ingerir o dobro das doses, por equívoco. É
importante educar o paciente, para que abandone o seu uso incontrolado.
Agentes locais
Atuam distendendo o intestino, que, posteriormente, se contrai, expulsando as fezes retidas.
 Enema de limpeza – aumenta-se a sua eficácia se administrados com sonda retal, ou quando se lhes
adicionam substâncias como azeite ou laxantes.
 Supositórios de glicerina – para a sua correta administração, o paciente deve estar deitado para o lado
esquerdo, com os joelhos dobrados sobre o peito. Devem-se afastar as nádegas e introduzir o supositório
com um dedo enluvado, cerca de 3 cm, no reto, com a ponta para a frente. Cerca de 15 a 30 minutos
depois, o paciente sente uma forte vontade de evacuar.
Compactação Fecal
É a acumulação anômala de matéria fecal, que forma uma massa endurecida na porção inferior do
reto. Produz-se quando diminui a mobilidade das fezes no intestino grosso e é absorvida uma maior
quantidade de água. A ampola retal é preenchida por fezes secas, formando porções de grandes dimensões e
bastantes duras, que não conseguem avançar no intestino, apesar da sensação de urgência que criam. O
estímulo continua, fazendo aparecer dejeções líquidas com muco abundante, que passam pelas fezes
compactadas (pseudodiarréia).
A compactação fecal é uma ameaça sempre presente nos pacientes geriátricos, inclusive naqueles
que dizem cumprir com regularidade as suas necessidades fisiológicas, já que, às vezes, o reto se esvazia de
forma incompleta.
Tratamento
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Efetuar um toque retal para confirmar o diagnóstico ( o extravasamento fecal líquido pode confundir-se
com diarréia).
Extração manual do fecaloma.
Aplicar enemas de limpeza até que a evacuação seja completa.
Prevenir novas compactações: dieta e ingestão adequada de líquidos, atividade física, bons hábitos
intestinais e uso correto de laxantes. Pode ser necessário adminsitrar periodicamente um enema ou
supositório de glicerina, em pacientes que têm o intestino muito distendido ou que se encontram muito
imobilizados.
Diarréia
Considera-se que há diarréia quando ocorrem mais de três dejeções por dia, ou quando as fezes são
líquidas.
Causas
 Uso abusivo de laxantes
 Infecções
 Medicamentos
 Alterações da motilidade intestinal
Cuidados
 É necessária uma ingestão hídrica adequada, uma vez que nos idosos há um elevado risco de
desidratação.
 Deve-se atender prontamente à chamada do paciente que solicita ajuda para defecar.
 Suspeitando-se que a diarréia é infecciosa, envia-se uma amostra ao laboratório, para análise. É preciso
tomar precauções, como o uso de luvas, a lavagem das mãos antes e depois de cada contato com o
paciente, fazendo rigorosa higiene e eliminando o material contaminado.
Colostomia
Abertura artificial do intestino grosso na parede abdominal, pela qual se desviam as fezes para o
exterior. Este orifício é realizado mediante cirurgia, em doenças do trato digestivo, como tumores, obstrução
etc. pode ser temporária ou permanente. Sendo necessário a utilização de bolsa coletora para as fezes que
devem ser trocadas de acordo com a recomendação específica do produto.
Coleta de amostra de fezes e urina
O enfermeiro participa, de modo muito ativo, na coleta de amostras de urina e fezes para análises
clínicas. Estas técnicas são realizadas para detectar substâncias específicas, parasitas, microrganismos etc.,
com fins diagnósticos.
O procedimento realiza-se da seguinte forma:
 Informação ao paciente
 Lavagem das mãos e colocação de luvas de procedimento.
 Coleta da amostra e colocação desta no recipiente adequado, de acordo com a análise que se queira
realizar.
 Identificação da amostra.
 Higiene do aparelho geniturinário
 Envio, quanto antes, da amostra para o laboratório.
 Limpeza ou eliminação do material.
 Lavagem das mãos.
 Registro no prontuário do paciente.
Amostras de Urina
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A urina normal é transparente e de coloração âmbar. Quando se concentra, parece mais escura e,
estando muito diluída, será mais clara. A cor pode ser afetada por certos fármacos e alimentos. O aspecto
turvo indica infecção.
- Urocultura – sendo possível, deve-se coletar uma amostra estéril da primeira urina da manhã, já que é
quandos e concentra a maior quantidade de germes. Esta análise é feita quando há suspeita de infecção.
 Se a amostra é obtida por micção espontânea:
- Lavar a zona genital, secando-a com compressas esterilizadas.
- Urinar diretamente no recipiente estéril, desprezando o início da micção.
- Manipular o frasco com precaução, para evitar a sua contaminação.

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Se o paciente tem sonda vesical, procede-se à coleta das amostra de forma asséptica:
Manter a sonda pinçada durante uma hora, com uma pinça de kocher ou similar.
Colocar luvas esterilizadas.
Desinfetar com anti-séptico o local da sonda, onde se realizará a punção.
Extrair, com uma seringa e uma agulha, cerca de 10 cc de urina, vertendo-os no recipiente estéril.
Retirar a pinça.
Até ser processada, a amostra deve ser guardada sob refrigeração.
Urina tipo I – recolhe-se uma pequena quantidade de urina, a primeira da manhã, e m um frasco não
esterilizado. A amostra pode ser obtida por micção espontânea ou por sonda vesical.
Citologia – realiza-se quando há suspeita da formação de um tumor no aparelho urinário, e exige a coleta
de uma amostra fresca de urina.
Urina de 24 horas – recolhe-se o total de urina eliminada em 24 horas, em um frasco graduado. Descartase a primeira micção da manhã e inclui-se a primeira micção do dia seguinte. Mede-se o volume total e
registra-se no recipiente. Freqüentemente, é difícil realizar esta atividade de modo correto, sobretudo
quando o paciente sofre de deterioração mental ou está incontinente.
Amostras de fezes
As fezes são analisadas com fins diagnósticos, quando se suspeita da presença de parasitas, germes
ou outras substâncias anormais. Recolhe-se uma pequena amostra com uma espátula ou colher pequena,
introduzindo-se no recipiente adequado.
- Coprocultura – envia-se, quanto antes, a amostra ao laboratório em um recipiente estéril; até então, deve
ser guardada sob refrigeração.
- Parasitas – envia-se a amostra antes de 2 horas após a coleta e nunca se guarda sob refrigeração. Podem
ser necessárias três amostras em dias sucessivos.
- Sangue nas fezes (hemorragias ocultas) – é necessário fazer uma dieta especial 3 dias antes e durante os
dias em que se colhem as amostras. Recolhe-se uma pequena quantidade de fezes, 3 dias consecutivos.
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