42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 1 CARCINOMA CERUMINOSO NA ESPÉCIE CANINA JOSÉ ARTUR BRILHANTE BEZERRA1, KILDER DANTAS FILGUEIRA1 1 Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Mossoró-RN) Resumo Neoplasias auriculares em cães são raras. Relatou-se um carcinoma de glândulas ceruminosas nessa espécie. Uma cadela possuía lesão na orelha direita. Submeteu-se a paciente ao exame físico. Optou-se por biopsia excisional. A amostra foi enviada para histopatologia. Observouse nódulo no ramo vertical do canal auditivo externo direito. A histopatologia detectou carcinoma de glândulas ceruminoso. Este deve ser considerado em canídeos com massas no meato acústico externo. Palavras-chaves: Canis familiaris; conduto auricular; tumor maligno CERUMINOUS CARCINOMA IN DOG Abstract Ear neoplasms in dogs are rare. A carcinoma of ceruminous glands was reposted in this species. A bitch had an injured right ear. It underwent physical examination. We chose to excisional biopsy. The sample was sent for histopathology. There was nodule in the vertical branch of the right external auditory canal. Histopathology detected carcinoma ceruminous glands. This should be considered in dogs with tumors in the ear canal. Key-words: Canis familiaris; ear canal; malignant tumor Introdução As neoplasias do canal auricular externo são raras dos canídeos (Fan e De Lorimier, 2004). Porém quando ocorrem, o carcinoma de glândulas 0492 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 2 ceruminosas (CGC) é o mais comum, com frequência de 61%. Equivale a um tumor maligno com origem nas glândulas sudoríparas tubulares apócrinas modificadas, presentes na derme profunda do meato acústico externo (Harvey et al., 2004; Gotthelf, 2007). É localmente invasivo, sendo as metástases distantes raras. A terapia mais eficaz é a excisão cirúrgica (Fan e De Lorimier, 2004). Objetivou-se relatar um caso de CGC em canino. Descrição do relato Uma cadela, sete anos, Pinscher, possuía proliferação na orelha direita há seis meses, de rápido crescimento. Submeteu-se a paciente ao exame físico. Foram realizadas radiografias do crânio e citologia aspirativa da alteração. Optou-se por biopsia excisional. A amostra foi enviada para histopatologia. Observou-se um nódulo (1,9 x 2,0 cm), na porção proximal do ramo vertical do canal auditivo externo direito, com impossibilidade de realizar a otoscopia. A neoformação era firme, séssil, irregular e ulcerada. Não ocorria distúrbio na orelha contralateral. A citologia sugeriu neoplasia epitelial maligna. A imaginologia não revelou alterações significativas. A histopatologia detectou padrão compatível com carcinoma apócrino secretório de glândulas ceruminosas, bem diferenciado, também denominado simplesmente de carcinoma ceruminoso ou CGC. Com a remoção da neoformação, executou-se a otoscopia, não sendo constatadas lesões no restante do meato acústico externo direito. Realizou-se seguimento da cadela, com ausência de recorrência até o atual momento. Discussão Apesar dos principais tumores malignos do canal auditivo de cães corresponderem ao CGC e ao carcinoma de células escamosas, podem ocorrer inúmeros outros processos neoplásicos como mastocitoma, melanoma, fibrossarcoma, condrossarcoma, carcinoma de células 0493 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 3 basais e carcinoma sebáceo (Fan e De Lorimier, 2004; Gotthelf, 2007). No trabalho em evidência tornou-se essencial a distinção com as outras entidades. Embora o CGC apresente uma tendência a ser infiltrativo (Harvey et al., 2004), no presente caso comportou-se de forma oclusiva, devido à elevada progressão e diagnóstico tardio. Como o exame citológico conferiu apenas uma suspeição, justificou-se a biópsia excisional e histopatologia para obter um diagnóstico conclusivo. De um modo geral, recomenda-se a excisão cirúrgica radical, com ablação total do canal auricular e osteotomia lateral da bula timpânica, devido às propriedades de invasão dos tecidos locais que o CGC conduz (Fan e de Lorimier, 2004). No relato em questão, a não evidência de metástases, fundamentou a adoção de uma terapia conservadora. A recorrência local do tumor, quando se adota um tratamento mais discreto, pode chegar a 75% (Fan e De Lorimier, 2004). Por este motivo, o acompanhamento da cadela em discussão foi fundamental para se identificar precocemente uma possível recidiva e admissão de terapia mais drástica se necessária. Conclusão As neoplasias do canal auricular externo são raras em cães, devendo o CGC ser incluído como diagnóstico diferencial dessas afecções. Referências FAN, T.M.; DE LORIMIER, L. Inflammatory polyps and aural neoplasia. The Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v.34, n.2, p.489-509, 2004. GOTTHELF, L.N. Doenças do ouvido em pequenos animais: guia ilustrado. 2.ed. São Paulo: Roca, 2007, 356 p. HARVEY, R.G.; HARARI, J.; DELAUCHE, A.J. Doenças do ouvido em cães e gatos. Rio de Janeiro: Revinter, 2004, 272 p. 0494