PRAD 5 - Barro Branco

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2010
PROJETO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREA
DEGRADADA: BOCAS DE MINAS
ABANDONADAS
ÁREA DE ESTUDO 5: BARRO BRANCO
Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Localização da área de estudo .................................................................. 7
Figura 2 – Limite das áreas mineradas em subsolo na área de estudo ...................... 9
Figura 3 – Talvegue aprofundado, acumulando água de drenagem perene de
montante, apontado o fluxo em azul, com drenagem ácida de mina, como
verificado pela precipitação na vegetação local ....................................... 12
Figura 4 – Indicação de boca de mina que se encontra aberta e com saída de
drenagem ácida de mina .......................................................................... 13
Figura 5 – Revegetação de pinheiros no entorno da BM0788 .................................. 14
Figura 6 - Coluna estratigráfica da área .................................................................... 16
Figura 7 – Esboço do mapa geológico da área do PRAD (sem escala).................... 18
Figura 8 – Perfil litológico típico da Formação Rio Bonito ......................................... 19
Figura 9 – Desenho do perfil geológico local (sem escala), baseado na compilação
do furo de sondagem exploratória LM-01-SC, realizados pela CPRM ..... 30
Figura 10 – Esboço do mapa hidrogeológico da área do PRAD (sem escala) .......... 31
Figura 11 – Modelo digital do terreno ........................................................................ 34
Figura 12 – Mapa de declividade .............................................................................. 35
Figura 13 – Representação esquemática das zonas de recarga e descarga e da
circulação da água subterrânea ............................................................... 42
Figura 14 - Pontos de amostragem da Ictiofauna, onde: A – Ponto 1, localizado a
montante da BM0533; B – Ponto 2, localizado na BM0533 ..................... 43
Figura 15 – Articulação das folhas do fotoíndice do vôo de 1956, a semelhança do
fotoíndice da FATMA da década de 70. Como observado pelo círculo em
vermelho, a área de inserção do município de Lauro Müller está
compreendido nas folhas Q44 e Q45 ....................................................... 45
Figura 16 – Recorte da área do PRAD05, em preto, com identificação do local exato
das bocas de mina sobre fotografias aéreas de 1978. O local específico
deste polígono fica a noroeste da localidade de Barro Branco, estando o
Rio Bonito separando os locais ................................................................ 46
Figura 17 – Recorte de área do PRAD05 sobre imagem de satélite do ano de 2007.
Em relação à figura 2, percebe-se a instalação de depósitos de rejeito ao
norte da comunidade de Barro Branco ..................................................... 47
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Empresa responsável pela área ................................................................ 6
Tabela 2 – Equipe técnica do CTCL/SATC ................................................................. 6
Tabela 3 – Relação de bocas de minas estudadas na área 5, Barro Branco .............. 7
Tabela 4 – Informações gerais da área ....................................................................... 8
Tabela 5 – Identificação do superficiário ..................................................................... 8
Tabela 6 - Cronograma físico-financeiro para o monitoramento da BM0788 ............ 10
Tabela 7 – Declividade dos terrenos onde ocorrem as bocas de minas ................... 35
Tabela 8 – Declividade dos terrenos onde ocorrem as bocas de minas ................... 36
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SUMÁRIO
1.
IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO ........ 6
1.1.
RESPONSÁVEL PELA ÁREA .................................................................... 6
1.2.
EMPRESA RESPONSÁVEL PELO ESTUDO ............................................ 6
1.3.
EQUIPE TÉCNICA ..................................................................................... 6
1.4.
LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO .................................................... 7
1.5.
IDENTIFICAÇÃO DO PROPRIETÁRIO DO SOLO .................................... 8
1.6.
HISTÓRICO DA ÁREA E OUTRAS INFORMAÇÕES ................................ 8
2.
CRONOGRAMA FÍSICO-FINANCEIRO ................................................... 10
3.
CARACTERIZAÇÃO ................................................................................ 11
3.1.
ENTORNO ............................................................................................... 11
3.1.1.
BM0533 .................................................................................................... 11
3.1.2.
BM0567 .................................................................................................... 12
3.1.3.
BM0788 .................................................................................................... 13
3.2.
MEIO FÍSICO ........................................................................................... 14
3.2.1.
Geologia regional ..................................................................................... 14
3.2.2.
Geologia local ........................................................................................... 27
3.2.3.
Geologia de Subsuperfície ....................................................................... 29
3.2.4.
Hidrogeologia regional e local .................................................................. 30
3.2.5.
Caracterização geotécnica ....................................................................... 33
3.2.6.
Solos ........................................................................................................ 38
3.2.7.
Recursos hídricos superficiais .................................................................. 39
3.2.8.
Recursos hídricos subterrâneos ............................................................... 40
3.3.
MEIO BIÓTICO......................................................................................... 42
3.3.1.
BM0533 .................................................................................................... 43
3.3.2.
BM0567 .................................................................................................... 44
3.3.3.
BM0788 .................................................................................................... 44
3.4.
MEIO ANTRÓPICO .................................................................................. 44
3.5.
POSIÇÃO RELATIVA DA BOCA DE MINA EM RELAÇÃO AO
CONTEXTO
MINEIRO,
GEOLÓGICO,
ESTRUTURAL
E
HIDROGEOLÓGICO ................................................................................ 47
3.6.
USO FUTURO .......................................................................................... 49
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4.
PLANO DE MONITORAMENTO .............................................................. 52
4.1.
MONITORAMENTO DO MEIO FÍSICO .................................................... 52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 53
LISTA DE APÊNDICES ............................................................................................ 55
LISTA DE ANEXOS .................................................................................................. 56
EQUIPE TÉCNICA DO PROJETO ........................................................................... 57
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1.
IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO
1.1.
RESPONSÁVEL PELA ÁREA
Tabela 1 – Empresa responsável pela área
Nome oficial e razão social
Carbonífera Catarinense Ltda.
CNPJ
Inscrição estadual
80.418.205/0001-20
253.210.437
Endereço
CEP
SC 438 KM 150. Distrito de Guatá
88.880-000
Município
Estado
Fone/fax
E-mail
Lauro Müller
SC
(48)3464-7043
[email protected]
Fonte: Do Autor
1.2.
EMPRESA RESPONSÁVEL PELO ESTUDO
Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa
Catarina - SATC
Endereço: Rua Pascoal Meller, 73, bairro Universitário. CEP
88805-380 – Criciúma/SC
CNPJ: 83.649.830/0001-71
CREA/SC C03846-6
CRBio 3ª Região 00555-01-03
Telefone/fax: (48) 34317606 / (48) 34317650
Endereço eletrônico: www.portalsatc.com
1.3.
EQUIPE TÉCNICA
Tabela 2 – Equipe técnica do CTCL/SATC
NOME
Márcio Zanuz
Antonio S. J. Krebs
Denise Aparecida da Rosa
Denise O. Ugioni Garcia
Edilane Rocha Nicoleite
Graziela Torres Rodrigues
Jefferson de Faria
Jonathan J. Campos
Jussara Gonçalves da Silveira
Luciane Garavaglia
FORMAÇÃO
Eng. de minas, coordenador
Geólogo, Dr.
Advogada
Engenheira civil
Bióloga. MSc
Técnica em mineração
Engenheiro agrimensor
Engenheiro agrimensor, MSc
Técnica em secretariado
Geóloga, MSc
CURRÍCULO LATTES
http://lattes.cnpq.br/6955197523535874
http://lattes.cnpq.br/6081257351546047
http://lattes.cnpq.br/5653857862897931
http://lattes.cnpq.br/4664525649096455
http://lattes.cnpq.br/3106052960213314
http://lattes.cnpq.br/2495764756652453
http://lattes.cnpq.br/2271158134386757
http://lattes.cnpq.br/1013229061798690
http://lattes.cnpq.br/2048291242392709
http://lattes.cnpq.br/6918618305358621
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NOME
Maria Gisele R. de Souza
Michael Salvador Crocetta
Mirlene Meis Amboni
Ricardo Vicente
Roberto Romano Neto
Ronaldo Moreira
Tiago Meis Amboni
William Sant’Ana
Cléber José B. Gomes*
FORMAÇÃO
Engenheira ambiental
Engenheiro químico
Engenheira civil
Biólogo, MSc
Geólogo
Téc. em meio ambiente
Engenheiro ambiental
Geógrafo, MSc
Engenheiro de minas
CURRÍCULO LATTES
http://lattes.cnpq.br/3965795175379141
http://lattes.cnpq.br/7018537572802520
http://lattes.cnpq.br/0282249433073010
http://lattes.cnpq.br/1926889917989334
http://lattes.cnpq.br/0629183126782292
http://lattes.cnpq.br/5574363404161315
http://lattes.cnpq.br/6985160936471948
http://lattes.cnpq.br/6112395807452449
http://lattes.cnpq.br/3863366062811490
Fonte: Do Autor
*SIECESC, fiscal do contrato
1.4.
LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Figura 1 – Localização da área de estudo
Fonte: Do Autor
Nesta área de estudo foram mapeadas três BMAs sob responsabilidade
da empresa. De acordo com a tipologia estabelecida pelo SIECESC e aceita pelo
GTA, na área de estudo ocorrem as seguintes BMAs (Tabela 3):
Tabela 3 – Relação de bocas de minas estudadas na área 5, Barro Branco
NUM
1
2
3
NOME
BM0533
BM0567
BM0788
TIPO
6
6
3
DESCRIÇÃO
Aberta com saída de drenagem
Aberta com saída de drenagem
Fechada sem drenagem
DIAGNÓSTICO
Monitorar
Monitorar
Sem necessidade de intervenção.
Fonte: Do Autor
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Tabela 4 – Informações gerais da área
Denominação
Área 5 – Barro Branco
Local
Município
Distrito
Barro Branco
Lauro Müller
Distrito 03 – Barro Branco
Vias de acesso
Rodovias SC 447/438 (via Treviso, 56 km) ou SC 446/438 (via Orleans, 66 km)
Coordenadas UTM do centro da área (SAD69) Localização hidrográfica
Leste
Norte
Bacia
Sub-bacia
654171
6856356
Tubarão
Rio Bonito
Fonte: Do Autor
1.5.
IDENTIFICAÇÃO DO PROPRIETÁRIO DO SOLO
Tabela 5 – Identificação do superficiário
IDENTIFICAÇÃO BMA
PROPRIETÁRIO
BM0533
BM0567
BM0788
Carbonífera Belluno
Itamar Caciatori
Itamar Caciatori
SUPERFICIÁRIO
Fonte: Do Autor
*Não foi feita a verificação da titularidade das propriedades, apenas do superficiário que estava
ocupando a área no momento do estudo.
1.6.
HISTÓRICO DA ÁREA E OUTRAS INFORMAÇÕES
A mina Rio Bonito (subsolo) teve sua exploração iniciada na década de 50
e sua operação se estendeu até o início da década de 70. Os dados de sua
produção aparecem até o RAL ano-base de 1972. A lavra, segundo os técnicos da
empresa, não era mecanizada, mas haviam duas locomotivas elétricas para o
transporte do carvão. No local havia um lavador, sem registro preciso com relaçào a
sua denominação.
Verifica-se, também, que, de acordo com Figura 2, a lavra subterrânea
desenvolveu-se na direção norte, na margem esquerda do rio Bonito.
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Figura 2 – Limite das áreas mineradas em subsolo na área de estudo
Fonte: Do Autor
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2.
CRONOGRAMA FÍSICO-FINANCEIRO
Tabela 6 - Cronograma físico-financeiro para o monitoramento da BM0788
Ano
1º
Semestre Atividades
BM0788
Total
1º
R$ 1.031,00
R$ 1.031,00
R$ 1.031,00
R$ 1.031,00
2º
Monitoramento Meio físico
Total Ano 1
R$ 2.062,00
1º
2º
2º
Monitoramento Meio físico
R$ 1.031,00
R$ 1.031,00
R$ 1.031,00
R$ 1.031,00
R$ 1.031,00
R$ 1.031,00
R$ 1.031,00
R$ 1.031,00
Total Ano 2
R$ 2.062,00
1º
3º
2º
Monitoramento Meio físico
Total Ano 3
R$ 2.062,00
1º
4º
2º
Monitoramento Meio físico
R$ 1.031,00
R$ 1.031,00
R$ 1.031,00
R$ 1.031,00
Total Ano 4
R$ 2.062,00
1º
5º
2º
Monitoramento Meio físico
R$ 1.031,00
R$ 1.031,00
R$ 1.031,00
R$ 1.031,00
Total Ano 5
R$ 2.062,00
Total geral
R$ 10.310,00
Fonte: Do Autor
A Tabela 6 traz a totalização dos recursos necessários para o
monitoramento proposto, durante cinco anos, na bocas de minas em questão. O
detalhamento de tais recursos, bem como os valores atribuídos a cada um deles,
poderá ser visto no APÊNDICE A.
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3.
CARACTERIZAÇÃO
3.1.
ENTORNO
3.1.1. BM0533
Galeria de encosta, parcialmente aberta, na margem esquerda de
pequeno córrego perene, em local com cava no terreno e com acúmulo de água
dentro da mesma (Figura 3). Nesta cava, localizada imediatamente na saída de
galeria, ocorre retenção de águas pluviais, bem como de drenagem ácida de mina,
que em períodos chuvosos sai desta BMA. A galeria possui o acesso com entulhos
e, na superfície montante do teto imediato, há subsidências em meio a potreiros de
uso aplicado à pecuária extensiva.
Ressalta-se que no local exato da abertura da boca de mina, havia
talvegue natural, que mesmo estando descaracterizado, ainda comporta drenagem
perene. Estas águas fluviais de montante somam-se com as águas pluviais e de
drenagem ácida de mina. Neste terreno rural, observou-se gado bovino que pode,
casualmente, servir-se destas águas pluviais misturadas com DAM, acumuladas em
cava com cerca de um metro de profundidade, como referido anteriormente. De
acordo com moradores, a Carbonífera Belluno adquiriu a área objetivando instalar
depósito de rejeito.
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Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
Figura 3 – Talvegue aprofundado, acumulando água de drenagem perene de
montante, apontado o fluxo em azul, com drenagem ácida de mina, como
verificado pela precipitação na vegetação local
Fonte: Do Autor
3.1.2. BM0567
Galeria de encosta aberta, próxima a outra nas adjacências, parcialmente
fechada, sendo que ambas apresentam grande quantidade de drenagem ácida de
mina. Ao sair das galerias, a drenagem ácida de mina espraia-se pelo talvegue
artificial com cerca de 30 m de largura e 50 m de extensão (Figura 4). Após a
instalação de pilha de rejeito, objetivando o fluxo da DAM sobre o volumoso depósito
de rejeito, estas águas ácidas confluíram-se em talvegue estreito, ganhando
velocidade até seccionarem a margem esquerda do rio Bonito.
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Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
Figura 4 – Indicação de boca de mina que se encontra aberta e com saída de
drenagem ácida de mina
Fonte: Do Autor
No entorno da encosta, que comporta as duas bocas de mina,
especificamente à jusante desta, dispõe-se grande depósito de rejeito com alguma
revegetação de eucaliptos esparsos. À montante da encosta o solo é utilizado para
silvicultura, tendo sido reflorestado com pinus sp., uma vez que o proprietário da
área, senhor Itamar Caciatori, possui uma indústria madeireira.
3.1.3. BM0788
Poço de ventilação, atualmente tamponado, em meio a terreno com uso
do solo aplicado à silvicultura. No entorno do local existe desenvolvimento de extrato
arbóreo de grande porte, notadamente de pinus sp., bem como de vegetação
rasteira (Figura 5). Não existe entrada de água ou saída de drenagem ácida de mina
neste ponto, também não representa riscos de acidentes, por estar aterrado nivelado
com o terreno circundante.
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Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
Figura 5 – Revegetação de pinheiros no entorno da BM0788
Fonte: Do Autor
3.2.
MEIO FÍSICO
3.2.1. Geologia regional
A descrição sobre a geologia regional e local objetiva instruir o projeto
integrado de recuperação das bocas de minas existentes na localidade de Rio
Bonito, município de Lauro Müller, região carbonífera do estado de Santa Catarina.
A descrição do meio físico-geológico tem como referência os trabalhos
desenvolvidos pela CPRM – Serviço Geológico do Brasil sobre a área
correspondente à bacia hidrográfica do rio Tubarão.
Na área de ocorrência das bocas de minas afloram rochas sedimentares
situadas na base da coluna estratigráfica da Bacia do Paraná às quais se
sobrepõem rochas vulcânicas associadas com os derrames de fissura que
recobriram essa bacia no Mesozóico. Essa sequência vulcano-sedimentar é coberta
por sedimentos inconsolidados que formam os depósitos aluviais atuais. O
embasamento cristalino regional não aflorante é composto de rochas granitóides
tardi a pós-tectônicos.
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Na Figura 6 é apresentada a coluna estratigráfica na qual está inserida a
área em tela, descrevendo-se os domínios geológicos com base na sequência
cronológica da base para o topo das formações.
3.2.1.1.
Embasamento Cristalino - Granitóides Tardi a Pós-Tectônicos
O embasamento da sequência sedimentar gonduânica ocorre a nordeste
da área próximo das cidades de Cocal do Sul, Morro a Fumaça e Pedras Grandes.
Na porção nordeste dessa bacia ocorre o denominado Granitóide Pedras
Grandes que é formado por rocha granítica de cor rósea, granulação média a
grossa, textura porfirítica, constituída principalmente de quartzo, plagioclásio,
feldspato alcalino e biotita. Como mineral acessório ocorre titanita, apatita, zircão e
opacos. Apresenta textura isotrópica sendo, frequentemente, recortada por veios
aplíticos e/ou pegmatíticos.
3.2.1.2.
Sequência Gonduânica
3.2.1.2.1.
Formação Rio do Sul
As litologias da Formação Rio do Sul não afloram na área de interesse
para os projetos de recuperação. São identificadas nas sondagens realizadas para
prospecção de carvão executadas pela CPRM em diversos locais da bacia
carbonífera.
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Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
Figura 6 - Coluna estratigráfica da área
Sistema Laguna-Barreira III
Holoceno
AMBIENTE/FORMAÇÃO
DESCRIÇÃO LITOLÓGICA
Depósitos
Aluvionares
Atuais
Depósitos
Praiais
Marinhos
Eólicos
Sedimentos argilosos, argilo-arenosos, arenosos e
conglomeráticos depositados junto às calhas ou planícies
dos rios.
Areias quartzosas, esbranquiçadas, com granulometria
fina à média, com estratificação plano-paralela (fácies
praial) e cruzada, de pequeno a grande porte (fácies
eólica).
Depósitos
Lagunares
Areias quartzosas junto às margens e lamas no fundo dos
corpos d’ água.
Depósitos
FlúvioLagunares
Areias síltico-argilosas, com restos de vegetais, cascalhos
depósitos biodetríticos
Depósitos
Paludais
Turfas ou depósitos de lama, ricos em matéria orgânica.
Depósitos
Praiais
Marinhos
e
Eólicos
e
Retrabalhamen
to Eólico Atual
Areais quartzosas médias, finas a muito finas, cinzaamarelado até avermelhado. Nas fácies praiais são
comuns estruturas tipo estratificação plano-paralela,
cruzada acanalada. Nas fácies eólicas é frequente a
presença de matriz rica em óxido de ferro, que confere ao
sedimento tons avermelhados.
Depósitos
de
Encostas
e
Retrabalhamen
to Fluvial
Cascalhos areias e
fluxos gravitacionais
Nas porções mais
retrabalhamento por
aluvionares.
Serra Geral
Derrames basálticos, soleiras e diques de diabásio de cor
escura, com fraturas conchoidais. O litotipo preferencial é
equigranular fino a afanítico, eventualmente porfirítico.
Notáveis feições de disjunção colunar estão presentes.
Botucatu
Arenitos finos, médios, quartosos, cor avermelhada,
bimodais, com estratificação cruzada tangencial e
acanaladas de médio e grande porte.
Rio do Rasto
Arenitos finos bem selecionados, geometria lenticular, cor
bordô, com estratificação cruzada acanalada. Siltitos e
argilitos cor bordô, com laminação plano-paralela.
Sistema
Leques
Aluviais
Grupo São Bento
Grupo Passa Dois
Plioceno/
Holoceno
Inferior
Superior
Inferior
Superior
Estrada Nova
Irati
Grupo Guatá
Grupo
Itararé
Inferior/Superior
Inferior
Superior
Permiano
PALEOZÓICO
Palermo
PRÉCAMBRIANO
e
de
Pleistoceno
QUATERNÁRIO
Terciário/
Quaternário
Cretáceo
Jurássico
Triássico
CENOZÓICO
MESOZÓICO
Sistema LagunaBarreira IV
TERMI
NOLO
GIA
IDADE
Rio Bonito
lamas resultantes de processos de
e aluviais de transporte de material.
distais, depósitos resultantes do
ação fluvial dos sedimentos colúvio-
Argilitos folhelhos e siltitos intercalados com arenitos finos,
cor violácea. Nos folhelhos, argilitos e siltitos cinza-escuro
a violáceos, ocorrem concreções de marga.
Folhelhos e siltitos pretos, folhelhos pirobetuminosos e
margas calcáreas.
Siltitos cinza-escuros, siltitos arenosos cinza-claro,
interlaminados, bioturbados, com lentes de arenito fino na
base.
Membro
Arenitos cinza-claro, finos a médios, quartzosos, com
Siderópolis
intercalações de siltitos carbonosos e camadas de carvão
Membro
Siltitos cinza-escuro, com laminação ondulada, intercalado
Paraguaçu
com arenitos finos.
Arenitos cinza-claro, quartzosos ou feldspáticos,
Membro Triunfo
sigmoidais. Intercala siltitos.
Rio do Sul
Granitóides tardi a pós tectônicos
Folhelhos e siltitos várvicos com seixos pingados, arenitos
quartzosos e arenitos arcoseanos, diamectitos e
conglomerados. A nível de afloramento, constitui espessa
sequência rítmica.
Granitóides de cor cinza-avermelhado, granulação média
à grossa, textura porfirítica, constituídos principalmente
por quartzo, plagioclásio, feldspato alcalino e biotita.
Como acessório, ocorre titanita, apatita, zircão e opacos.
São aparentemente isótropos e recortados por veios
aplíticos ou pegmatíticos.
Fonte: Krebs (2004)
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Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
Furos executados a partir de 1971, através do Convênio DNPM/CPRM,
na Bacia Carbonífera de Santa Catarina (e.g., FABRÍCIO, 1973; CAYE et al., 1975,
SUFFERT; CAYE; DAEMON, 1977) constataram que a espessura máxima
apresentada pela Formação Rio do Sul atinge cerca de 130 m, no furo 1 PB-15-SC.
A constituição litológica é formada por um conjunto de folhelhos e siltitos
cinza-escuros a pretos, conglomerados, diamictitos, ritmitos, varvitos e depósitos de
arenito com estratificações plano-paralela, cruzada de baixo ângulo e cruzada
hummocky.
Do ponto de vista genético, a proximidade com as rochas do
embasamento, a geometria sigmoidal das camadas de arenitos e a interpretação do
conjunto de estruturas sedimentares permitem interpretar estes arenitos como
depósitos de leque deltáico proximal.
Os diamictitos apresentam cores em tons cinza-escuro e são constituídos
por clastos com tamanhos que variam de grânulos até matacões, formados
principalmente por rochas graníticas e, subordinadamente, arenitos. Estes clastos
encontram-se dispostos caoticamente em uma matriz síltica a arenosa, quartzofeldspática, mal selecionada, geralmente maciça ou com estratificação irregular
incipiente, às vezes apresentando estruturas de escorregamento ou convolutas.
Esses diamictitos são cortados por sequências de ritmitos o que indica
que esses depósitos podem ter sido gerados a partir de fluxos canalizados em uma
plataforma rasa em ambiente glacial a periglacial.
Com relação aos varvitos, a predominância de material argiloso, a
laminação fina plano-paralela, a alternância de silte e argila e a presença de seixos e
matacões de rochas graníticas, sugerem uma sedimentação lacustre ou corpo
d’água isolado formada em zonas de baixadas, rodeada por altos do embasamento
cristalino, em regime de clima glacial a periglacial.
Os arenitos com estratificação cruzada de baixo ângulo são muito finos a
médios, eventualmente grossos, creme-amarelado a esbranquiçados e cinza-claro
(amarelo-ocre com tons castanhos e avermelhados por alteração), friáveis, bem
selecionados,
com
grãos
arredondados
a
subarredondados
de
quartzo,
apresentando estratificações plano-paralelas, mais comumente, e cruzadas de baixo
ângulo, às vezes maciços e micáceos, entre os planos de fratura.
Essas estruturas sedimentares observadas nos arenitos são indicativas
de deposição em zonas de praia supramaré (backshore) e intermaré (foreshore).
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17
Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
A persistência de estruturas sedimentares tipo estratificação hummocky
indicam que estes arenitos correspondem a barras de costa-a-fora (offshore),
formadas em um ambiente marinho de plataforma rasa, ao nível de ação das ondas
de tempestades.
A Formação Rio do Sul contém restos de flora e uma grande quantidade
de palinomorfos. Através da análise destes dados palinológicos, os sedimentos
desta unidade foram situados no Permiano Médio.
3.2.1.2.2.
Formação Rio Bonito
O mapa geológico (Figura 7) mostra que as litologias da Formação Rio
Bonito ocorrem em toda a área que delimita este PRAD e ao longo de uma extensa
faixa contínua, orientada segundo a direção geral NE-SW.
Figura 7 – Esboço do mapa geológico da área do PRAD (sem escala)
Fonte: CPRM (2008)
A descrição dessa formação feita por Bortoluzzi et al. (1978) divide sua
sequência da base para o topo nos membros Triunfo Paraguaçu e Siderópolis
(Figura 8).
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Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
Figura 8 – Perfil litológico típico da Formação Rio Bonito
Fonte: Bortoluzzi et al. (1978)
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Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
Em 2004, Krebs através de correlações feitas a partir da interpretação de
perfis litológicos dos furos de sondagem na bacia carbonífera e de visitas a
afloramentos, individualizou o Membro Siderópolis nas três associações:
•
Associação Litofaciológica Superior (sequência Barro Branco);
•
Associação Litofaciológica Média (sequência Irapuá);
•
Associação Litofaciológica Inferior (sequência Bonito)
As litologias dos membros Triunfo e Paraguaçu correspondem à porção
basal da Formação Rio Bonito e não afloram na área de estudo.
Membro Siderópolis
O Membro Siderópolis constitui um espesso pacote de arenitos, com
intercalações de siltitos, folhelhos carbonosos e camadas de carvão que está
subdividido em três sequências litológicas distintas, descritas a seguir.
Associação Litofaciológica Inferior - Sequência Bonito
Nessa sequência, geralmente os arenitos possuem cor cinza-amarelado,
textura média, localmente grossa, moderadamente classificado, com grãos
arredondados a subarredondados de quartzo e, raramente feldspato. Possuem
abundante matriz
quartzo-feldspática.
As
camadas apresentam espessuras
variáveis, centimétricas a métricas, geometria lenticular ou tabular, sendo a
estruturação interna constituída de estratificação acanalada, de médio e pequeno
porte. Ocorrem também arenitos com granulometria fina a muito fina; sua cor
normalmente é cinza-clara a cinza-médio, tendo como principais estruturas a
laminação plano-paralela, truncada por ondas e cruzada cavalgante (climbing),
acamadamento flaser e drapes de argilas, bioturbação e fluidização.
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Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
No topo da sequência basal do Membro Siderópolis, ocorre uma espessa
camada de carvão - Camada Bonito. A sequência basal possui espessura máxima
de 35 m, como pode ser verificado nos perfis de sondagem dos furos da CPRM da
série PB, como PB-01 (Projeto Pré-Barro Branco; CAYE et al., 1975) e da série MA,
como 1 MA-69 (Projeto Carvão de Santa Catarina; FABRÍCIO, 1973), sendo
aflorante nas localidades de Guatá e Rocinha.
Associação Litofaciológica Média - Sequência Irapuá
A sequência média é a mais espessa das três, ocupando extensa faixa
posicionada ao longo dos vales dos rios Sangão e Criciúma, estando presente
também no alto vale do rio Mãe Luzia, onde aflora de maneira contínua desde a
localidade de Forquilha, ao norte, até a confluência do rio Morozini, ao sul. No terço
superior, ocorre a camada de carvão Irapuá. De maneira subordinada, intercaladas
nessa sequência arenosa, ocorrem camadas de siltito e folhelho carbonoso.
Associação Litofaciológica Superior - Sequência Barro Branco
Na sequência superior do Membro Siderópolis, ocorrem arenitos finos a
médios, cinza-claros, bem retrabalhados, com grãos bem arredondados, quartzosos,
com ou sem matriz silicosa. Estes arenitos apresentam geometria lenticular e a
estruturação interna das camadas é formada por estratificação ondulada, com
frequentes hummockys, que evidenciam retrabalhamento por ondas. Neste intervalo
ocorre a mais importante camada de carvão existente na Formação Rio Bonito,
denominada camada Barro Branco. Além dessa, em locais isolados da bacia
carbonífera, ocorre outra camadas de carvão, denominada Treviso.
A espessura do Membro Siderópolis é bastante variável ao longo da bacia
hidrográfica do rio Araranguá. De acordo com os mapas de isópacas das camadas
Barro Branco e Bonito Inferior e com os furos de sonda dos diversos projetos
executados para pesquisa de carvão pela CPRM (ABORRAGE; LOPES, 1986;
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Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
FABRÍCIO, 1973; KREBS et al., 1982; KREBS, 1983; 1984), a espessura média é de
80 m, podendo chegar a 168 m próximo à localidade de São Pedro em Treviso.
A interelação das diferentes unidades de fácies, identificadas nos
membros Siderópolis e Triunfo, sugere um ambiente de deposição relacionado a um
sistema lagunar e deltáico, influenciado por rios e ondas. A presença de cordões
litorâneos, evidenciada pelo arenito de cobertura da camada de carvão Barro
Branco, que apresenta frequentes estruturas tipo micro-hummocky, indica que este
ambiente lagunar/deltáico era periodicamente invadido pelo mar. Por outro lado, a
persistência de fácies predominantemente pelíticas no Membro Paraguaçu sugerem
a atuação de correntes de maré.
O conteúdo fossilífero da Formação Rio Bonito é evidenciado pela
abundância de restos vegetais e palinomorfos encontrados nos carvões, e rochas
associadas, que permitiram situar esta formação no Permiano Inferior, mais
especificamente entre o Artinskiano e a base do Kunguriano.
3.2.1.2.3.
Formação Palermo
Essa formação aflora de maneira contínua, desde as proximidades da BR
101, a sul-sudeste, até o limite norte desta bacia, ao longo do alto curso dos rios
Mãe Luzia e Dória. À medida que se dirige para oeste, é encoberto pela Formação
Irati ou pelos depósitos de leques aluviais.
A Formação Palermo, que caracteriza o início do evento transgressivo, é
constituída de um espesso pacote de ritmitos, com interlaminação de areia-silte e
argila, com intenso retrabalhamento por ondas. A alternância de tonalidades claras e
escuras
evidencia
a
intercalação
de
leitos
arenosos
e
síltico-argilosos,
respectivamente.
A análise dos perfis de sondagem para carvão (furos de sigla MB, na
região de Criciúma, e furos de sigla EP, na região de Treviso) demonstra que há um
decréscimo de areia da base para o topo desta formação.
Verificações realizadas em testemunhos de sondagem realizados pela
CPRM e pela Carbonífera Metropolitana evidenciam que no terço médio desta
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Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
formação ocorrem com frequência leitos de siltitos arenosos esverdeados com
cimento carbonático e nódulos e concreções carbonáticas.
A espessura total dessa formação, na região de Criciúma e Forquilhinha,
de acordo com a correlação dos perfis de sondagens realizados na área da Mina B
por Krebs et al. (1982), é da ordem de 92 m.
A presença de fácies areno-pelíticas intercaladas bem como a frequência
de estruturas tipo micro-hummocky, bioturbação e estruturas de fluidização, sugerem
um ambiente marinho raso, com intensa ação de ondas e atuação de
microorganismos. Este evento marca o início da transgressão marinha que afogou o
ambiente deltáico/lagunar da Formação Rio Bonito.
3.2.1.2.4.
Formação Irati
A Formação Irati é constituída na sua base por folhelhos e siltitos cinzaescuro, eventualmente cinza-claro a azulados. Quando intemperizados, os folhelhos
adquirem tons amarelados, micáceos, mostrando desagregação conchoidal
(Membro Taquaral). No seu topo, (Membro Assistência) é formada por um pacote de
folhelhos cinza-escuro a pretos, intercalados com folhelhos pirobetuminosos e
associados a lentes de margas creme a cinza-escuro, dolomíticas. Localmente, é
comum encontrar-se estes folhelhos pirobetuminosos interestratificados com as
camadas de margas, dando ao conjunto um aspecto rítmico, onde se destacam
laminação plano-paralela, convoluta, concreções silicosas, marcas onduladas e
estruturas de carga. Cristais euédricos e disseminados de pirita são encontrados nas
margas, e nos folhelhos pirobetuminosos são observadas exsudações de óleo em
fraturas e amígdalas.
A espessura da Formação Irati é constante, de aproximadamente 40 m,
como verificada nos furos de sondagens BG-41, 27, 28 e 125. Com muita
frequência, parte desta formação é consumida por intrusões de diabásio.
Nas áreas que constituem as cristas dos rios formadores da sub-bacia do
rio Mãe Luzia e em morros-testemunhos de menor expressão, esta formação é
intrudida por rochas vulcânicas que constituem as soleiras que sustentam a
topografia.
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Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
As características litológicas e sedimentares da Formação Irati indicam
um ambiente marinho de águas rasas e calmas, abaixo do nível de ação das ondas,
com os folhelhos pirobetuminosos tendo sido depositados em ambiente restrito, e as
margas, em áreas plataformais. Seus melhores afloramentos localizam-se ao longo
do vale do rio Manim, nas proximidades das cidades de Criciúma e Nova Veneza.
3.2.1.2.5.
Formação Rio do Rasto
A Formação Rio do Rasto aflora de maneira contínua ao longo da encosta
média do planalto. No extremo norte da área aflora a partir da cota 580 m e, à
medida que se dirige para sudoeste, aflora em cotas inferiores até ser encoberta
pelos depósitos de leques aluviais ao norte da cidade de Jacinto Machado. Tem
ampla distribuição na porção centro-oeste desta bacia hidrográfica, onde aparece
capeando morros alongados que constituem os divisores de água de importantes
mananciais. Está presente também campeando ou no terço superior de pequenos
morros que ocorrem na área costeira.
O Membro Serrinha, inferior, é constituído por arenitos finos, bem
selecionados, intercalados com siltitos e argilitos cinza-esverdeado, amarronados,
bordôs e avermelhados, podendo localmente conter lentes ou horizontes de calcário
margoso. Os arenitos e siltitos possuem laminação cruzada, ondulada, climbing e
flaser, sendo, às vezes, maciços. As camadas síltico-argilosas mostram laminação
plano-paralela, wavy e linsen. Os siltitos e argilitos exibem desagregação esferoidal
bastante desenvolvida, a qual serve como um critério para a identificação desta
unidade. Nesta porção inferior, as camadas de arenitos são pouco espessas,
raramente superiores a 40 cm, e subordinadas.
O Membro Morro Pelado, superior, é constituído por lentes de arenitos
finos, avermelhados, intercalados em siltitos e argilitos arroxeados. O conjunto
mostra
também
cores
em
tonalidades
verdes,
chocolate,
amareladas
e
esbranquiçadas. Suas principais estruturas sedimentares são a estratificação
cruzada acanalada, laminação plano-paralela, cruzada, e de corte e preenchimento.
As camadas de arenitos apresentam geometria sigmoidal ou tabular e, geralmente,
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Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
possuem espessuras superiores a 50 cm, podendo alcançar em alguns casos mais
de 2 m.
A deposição da Formação Rio do Rasto é atribuída inicialmente a um
ambiente marinho raso (supra a inframaré) que transiciona para depósitos de
planície costeira (Membro Serrinha), passando posteriormente à implantação de
uma sedimentação flúvio-deltáica (Membro Morro Pelado).
3.2.1.2.6.
Formação Botucatu
Aflora de maneira contínua ao longo do terço superior da encosta do
planalto, no qual pode ser acompanhada desde o extremo norte da área onde
constitui escarpas de arenitos capeadas por rochas ígneas extrusivas da Formação
Serra Geral. Nesta mesma porção, ocorre localmente, capeando morros alongados
que devido à erosão diferencial apresentam relevo ruiniforme. À medida que se
dirige para sudoeste, ocorre também capeando morros alongados nos municípios de
Meleiro, Morro Grande e Timbé do Sul.
Litologicamente esta formação é constituída por arenitos bimodais,
médios a finos, localmente grossos e conglomeráticos, com grãos arredondados ou
subarredondados, bem selecionados. Apresentam cor cinza-avermelhada e é
freuente a presença de cimento silicoso ou ferruginoso. Constituem expressivo
pacote arenoso, com camadas de geometria tabular ou lenticular, espessas, que
podem ser acompanhadas por grandes distâncias.
No terço inferior, apresenta finas intercalações de pelitos, sendo comuns
interlaminações areia-silte-argila, ocorrendo frequentes variações laterais de fácies.
À medida que se dirige para o terço médio, desaparecem as intercalações pelíticas,
predominando espessas camadas de arenitos bimodais, com estratificação
acanalada de grande porte, indicando que as condições climáticas se tornavam
gradativamente mais áridas, implantando definitivamente um ambiente desértico.
A persistência de estruturas sedimentares, tais como estratificação
cruzada acanalada de grande porte, estratificação cruzada tabular tangencial na
base e estratificação plano-paralela, a bimodalidade dos arenitos, evidenciada por
processos de grain fall e grain flow e ainda as frequentes intercalações pelíticas,
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Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
ripples de adesão e marcas onduladas de baixo-relevo sugerem ambiente desértico
com depósito de dunas e interdunas.
Até hoje não se encontraram fósseis nesta formação. Sua idade é
atribuída aos períodos Jurássico Superior e Cretáceo Inferior, através de relações
estratigráficas com as formações que lhe são subjacentes.
3.2.1.3.
Formação Serra Geral
As rochas vulcânicas da Formação Serra Geral constituem a escarpa
superior do planalto gonduânico. Estas rochas afloram a partir da cota 760 m. No
topo do planalto ocorrem cotas de 1.450 m, indicando uma espessura de 690 m para
esta formação neste local. Ocorrem também na forma de sills, capeando os morros
acima da altitude de 300 m.
As rochas dessa formação abrangem uma sucessão de derrames de
lavas, predominantemente básicas, contendo domínios subordinados intermediários
e ácidos, principalmente no terço médio e superior. Nas observações de campo,
foram verificados termos básicos a intermediários, de cor cinza-escuro a preto, de
granulação fina à afanítica, com termos variando desde amigdaloidal até maciços.
Geralmente encontram-se bastante fraturados, exibindo fraturas conchoidais
características.
Ao nível de afloramento, verificam-se nitidamente três zonas de
resfriamento: amigdaloidal, disjunção vertical e disjunção horizontal. As zonas de
disjunção horizontal e vertical são espessas, algumas vezes com espessuras
superiores a 10 m. A zona amigdalóide normalmente não ultrapassa 2 m de
espessura.
É muito frequente a ocorrência de intrusões de diabásios em rochas
sedimentares
gonduânicas.
Constatou-se
que
estas
intrusões
ocorrem
principalmente no intervalo estratigráfico correspondente às Formações Rio Bonito e
Irati e à base da Formação Estrada Nova.
Esta formação é consequência de um intenso magmatismo de fissura,
correspondendo este vulcanismo ao encerramento da evolução gonduânica da bacia
do Paraná.
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Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
Muhlmann et al. (1974) situa a Formação Serra Geral no Cretáceo Inferior
(entre 120 e 130 milhões de anos) através de dados radiométricos obtidos por
diversos autores.
3.2.1.4.
Depósitos Aluviais Atuais
Na porção oeste-noroeste, onde se posiciona a encosta do platô
gonduânico, os vales são encaixados e têm gradientes acentuados. Nesta porção,
os depósitos aluviais são pouco expressivos e se constituem, geralmente, de
depósitos conglomeráticos ou areno-conglomeráticos que se concentram nas calhas
dos cursos d’água, formando barras transversais ou longitudinais e barras em
pontal.
Na porção situada ao norte da área do PRAD, onde os vales são mais
abertos e afloram rochas pelíticas nas encostas dos morros, os depósitos aluviais
resultantes são mais expressivos e predominantemente argilosos ou areno-sílticoargilosos. O material geralmente apresenta plasticidade média e cores variegadas,
principalmente em tons cinza-amarelado.
3.2.2. Geologia local
A geologia local descrita para a área em tela é baseada no Mapa
Geológico da Bacia da Bacia do Rio Tubarão (CPRM, 2008; Escala 1:100.000), cujo
esboço é apresentado na Figura 7. Esse mapa compila os dados dos diversos
levantamentos geológicos da CPRM, feitos na região carbonífera e acrescenta
informações obtidas pela equipe de técnicos do CTCL em trabalhos de campo,
reinterpretação de fotografias aéreas e de perfis de furos de sondagem, integrando,
ainda, as estruturas geológicas existentes nas minas de carvão antigas.
O contexto geológico no qual está inserida a área do PRAD está
representado pela sequência de topo do Grupo Guatá, Formações Rio Bonito e
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Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
Palermo, sequência média do Grupo Passa Dois, Formação Irati e por intrusões de
diabásio da Formação Serra Geral.
As formações gonduânicas ocorrem em faixas paralelas entre si na
direção NE-SW, acompanhando a conformação geral da borda leste da bacia do
Paraná.
As rochas que compõem a Formação Rio Bonito ocorrem em toda a área
de estudo, sendo representadas pela porção superior do Membro Siderópolis. A
constituição litológica do Membro Siderópolis é formada, principalmente, por arenitos
de origem transgressiva, nos quais se intercalam as camadas de carvão Barro
Branco e Irapuá.
Os afloramentos das sequencias média e inferior do Membro Siderópolis
podem ocorrer em janelas estruturais formadas a partir do basculamento de blocos
em zonas de falhas, fazendo aflorar os intervalos superior do Membro Siderópolis no
mesmo nível topográfico.
As litologias da Formação Irati ocorrem fora da área de estudo sendo
encoberta por depósitos de talus descontínuos em locais. O contato com a
Formação Palermo sotoposta ocorre de forma transicional na passagem de siltitos
cinza escuros a pretos, carbonosos e carbonátios com siltitos arenosos cinza
amarelados.
As rochas que pertencem à Formação Palermo ocorrem fora da área do
PRAD, contendo a sequência completa dessa formação. O contato com a Formação
Rio Bonito é transicional de acordo com o perfil do furo de sondagem LM-01-SC da
CPRM e representada pela ocorrência de uma camada de arenitos finos
intensamente bioturbados que apresentam cimento carbonático.
A área de estudo está compartimentada em três blocos delimitados por
zonas de falhas diretas relacionadas com os sistemas NE e NW, as quais
delimitaram os trabalhos mineiros (subsolo e céu aberto) e são as principais
responsáveis, pela conexão da água subterrânea com as minas subterrâneas
exauridas.
Os depósitos aluvionares e de retrabalhamento fluvial encontram-se
posicionados ao longo da bacia deposicional do rio Palmeiras e afluentes. Esses
depósitos são formados por sedimentos de granulometria heterogênea e
constituídos por siltes, argilas e areias.
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Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
3.2.3. Geologia de Subsuperfície
A geologia de subsuperfície de caráter geral e a partir da altitude de 440
metros é descrita com base no perfil do furo de sondagem exploratória LM-01-SC
(Figura 9) realizado pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e no trabalho de
reconhecimento geológico realizado em campo.
O perfil geológico local da sequência gonduânica é contituído pela porção
basal da Formação Irati, a qual se sobrepõe às litologias da sequência superior da
Formação Palermo.
A sequência superior da Formação Palermo possui espessura de 60 m,
sendo formada por siltitos cinza escuros finamente micáceos com esparsas lâminas
de arenito fino micáceo e camada de arenito cinza claro, muito fino com cimento
carbonático. Essas litologias se sobrepõem à sequência média formada por 20 m de
camadas de arenitos muito finos e de siltitos arenosos cinza esverdeados com
cimento carbonático que por sua vez recobrem a sequência basal composta por
siltitos arenosos com laminação convoluta. Essa sequência basal representa a zona
de contato transicional com a Formação Rio Bonito e possui cerca de 22 m de
espessura.
Para a Formação Rio Bonito faz-se a caracterização dos estratos até o
topo da camada de carvão Barro Branco, cuja extração, deu origem às bocas de
minas objeto desse PRAD.
A sequência litológica da Formação Rio Bonito até o topo da camada de
carvão Barro Branco é formada por uma camada de arenito fino a médio, cinza
claro,
quartzo-feldspáticos
com
níveis
de
siltitos
laminados
com
arenito,
apresentando 12 m de espessura. A organização interna dos arenitos alterna leitos
com estratificação rítmica plano-paralela ou cruzada, podendo inclusive apresentar
laminação hummocky em locais. Na área em tela, essa camada de arenito é
sotoposta por um leito de siltito cinza escuro a preto, carbonoso com espessura de
0,30 m que se sobrepõe, por sua vez, à camada de carvão Barro Branco.
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Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
PERFIL GEOLÓGICO (LM-01-SC)
ESPESSURA
FORMAÇÃO SERRA GERAL (Ksg)
BASALTO / DIABÁSIO
3m
FORMAÇÃO IRATI (Pi)
42 m
FOLHELHO PRETO CARBONOSO SOTOPOSTO POR
SILTITO CINZA ESCURO, MICÁCEO, CARBONÁTICO
F
O
R
M
A
Ç
Ã
O
102 m
SEQUÊNCIA SUPERIOR (60 m)
SITLITO CINZA CLARO A CINZA ESCURO, MICÁCEO
SEQUÊNCIA MÉDIA (20 m)
P
A
L
E
R
M
O
(Pp)
SITLITO CINZA ESVERDEADO COM NÓDULOS DE CARBONATO
ARENITO CINZA MUITO FINO COM CIMENTO CARBONÁTICO
SEQUÊNCIA INFERIOR (22 m)
SILTITO ARENOSO CINZA ESCURO COM LAMINAÇÃO
CONVOLUTA, LOCALMENTE PARALELA E CRUZADA
FORMAÇÃO RIO BONITO (Prb)
MEMBRO SIDERÓPOLIS SEQUÊNCIA SUPERIOR
12 m
ARENITO FINO A MÉDIO, QUARTZO-FELDSPÁTICO, CINZA CLARO,
COM ALGUNS NÍVEIS DE SILTITOS LAMINADOS COM ARENITO
INTERCALADOS
2,65 m
CAMADA DE CARVÃO BARRO BRANCO
Figura 9 – Desenho do perfil geológico local (sem escala), baseado na
compilação do furo de sondagem exploratória LM-01-SC, realizados pela
CPRM
Fonte: Fabrício (1973)
3.2.4. Hidrogeologia regional e local
A hidrogeologia da área estudada está representada por três sistemas de
fluxo da água subterrânea relacionados na hidroestratigrafia com as formações
Serra Geral, Irati/Palermo e Rio Bonito (Figura 10). Vale salientar que apesar de o
mapa hidrogeológico elaborado pela CPRM (2000) para a folha de Criciúma (Escala
1:250.000) definir tais domínios como sistemas aquíferos, há de se considerar que
se trata de uma classificação genérica, pois as formações que compõem esses
domínios apresentam baixa permeabilidade intergranular vertical, tendo vários de
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30
Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
seus horizontes comportamento de aquiclude, ou seja, se constituem como meio
impermeável para a circulação da água subterrânea.
Figura 10 – Esboço do mapa hidrogeológico da área do PRAD (sem escala)
Fonte: CPRM (2008)
O fluxo regional da água subterrânea foi determinado pela CPRM (2008)
a partir do cadastramento de poços escavados, tubulares, ponteiras e nascentes.
Esse levantamento mostra que o fluxo regional ocorre de N-NW para S-SE,
indicando que a área em estudo está situada em zona de descarga da água
subterrânea.
No que se refere ao fluxo freático, verifica-se na área estudada a
ocorrência uma zona de recarga ao longo da faixa de afloramentos da Formação Rio
Bonito, uma zona de circulação até o nível do contato do manto de alteração com o
maciço rochoso dessa formação e uma zona de descarga com algumas nascentes
situadas dentro da área que delimita este PRAD, as quais contribuem para a
formação da rede hidrográfica local.
Vale salientar que apesar do impacto causado pela mineração
subterrânea, não se pôde comprovar a conexão hidráulica entre os sistemas de
circulação superficial e profunda da água subterrânea, porque, à exceção das áreas
onde foram realizados desmontes de pilares, considera-se que a recarga lateral é a
principal responsável pela formação dos recursos hídricos locais.
A hidrogeologia local está representada pelo Sistema Aquífero Rio Bonito
(G4 na figura 5), no qual a água subterrânea circula pelas litologias que formam a
sequência superior do Membro Siderópolis. Esses horizontes hidroestratigráficos
caracterizam-se por ser extenso, livre, com baixa permeabilidade vertical e elevada
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Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
permeabilidade horizontal, notadamente nas zonas de fraturas e falhas, apresenta
assinatura hidroquímica em geral sulfatada e concentrações elevadas de ferro.
A ocorrência disseminada de pirita ao longo do perfil das litologias que
compõem o perfil da sequência do membro Siderópolis influencia a hidroquímica
com assinatura sulfatada da água subterrânea de circulação profunda.
Ambas as sequências apresentam em seu perfil variações laterais de
fácies que são determinantes das características relacionadas com hidrodinâmicas
da água subterrânea, em especial, a condutividade hidráulica e a armazenabilidade.
De acordo com a descrição dos furos de sondagem, constata-se que os arenitos
encontrados nessas sequências apresentam camadas e lentes de diferentes
granulometrias que têm em comum a presença de cimento silicoso, carbonático ou
detrítico o que reduz de forma significativa a sua porosidade efetiva. Pode-se então
considerar que essas sequências apresentam baixa condutividade hidráulica
vertical, devendo, portanto, o fluxo superficial da água subterrânea limitar-se até a
profundidade da sua zona de alteração que de acordo com furos de sondagem varia
de 5 até 15 m.
A principal fonte para a produção da água subterrânea na área estudada
está relacionada com o sistema de fluxo profundo do domínio hidrogeológico da
Formação Rio Bonito. O potencial produtor de água subterrânea desse domínio
apresenta significativa influência da mineração subterrânea nesse nível de
circulação, o qual ainda não foi avaliado e não faz parte do escopo deste PRAD.
A
produção
de
água
subterrânea
também
é
influenciada
pelo
condicionamento estrutural, de modo que horizontes potencialmente produtores de
água podem ocorrer nos locais de intersecção de falhas, permitindo a formação de
um aquífero do tipo fraturado. No entanto, fora dessas áreas, há baixa favorabilidade
para a produção de água na área estudada, pois as formações geológicas locais não
constituem unidades aquíferas, atuando, principalmente como áreas de recarga para
os horizontes hidroestratigráficos subjacentes.
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Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
3.2.5. Caracterização geotécnica
3.2.5.1.
Geomorfologia
No
município
de Lauro
Müller
ocorrem
as
seguintes
unidades
geomorfológicas: Depressão da Zona Carbonífera Catarinense e Baixada AlúvioColuvionar. A Depressão da Zona Carbonífera Catarinense abrange a sub-bacia do
rio Palmeiras, caracterizando-se por ter um relevo de colinas e morros, com média a
alta densidade de drenagem, desenvolvido a partir do sopé da escarpa da Serra
Geral. A geração desta depressão está diretamente relacionada à erosão regressiva
da escarpa da Serra Geral e à exumação de rochas Permianas da Bacia do Paraná,
algumas delas constituindo-se em jazidas de carvão mineral.
Predominam nessa depressão periférica as rochas do Grupo Guatá, da
base da sequência Permiana, destacando-se os arenitos, siltitos e folhelhos
carbonosos de ambiente fluvial a deltáico da Formação Rio Bonito, e os siltitos
argilosos e arenitos finos de ambiente marinho raso da Formação Palermo.
Sobrepostas a essas unidades, afloram as rochas do Grupo Passa Dois,
destacando-se os folhelhos, siltitos e arenitos finos marinhos da Formação Irati.
Também são mapeadas rochas básicas da Formação Serra Geral. As minas de
carvão mineral estão concentradas junto aos afloramentos de rochas da Formação
Rio Bonito.
A Planície Aluvial está inserida junto à planície do rio Bonito. Os terrenos
dessa unidade geomorfológica são formados por sedimentos argilo-arenosos a
argilosos, com algumas barras de pontal onde se acumulam, principalmente,
depósitos de seixos.
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Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
3.2.5.2.
Geomorfologia da área da sub-bacia do rio Bonito
Na sub-bacia do rio Palmeiras, onde está inserida a área do PRAD está
presente a unidade geomorfológica Depressão da Bacia Carbonífera.
A unidade Depressão da Bacia Carbonífera está constituída por colinas
convexas de topos arredondados ou alongados, com gradientes suaves a médios.
As bocas de minas em consideração neste PRAD ocorrem no terço superior dessa
unidade geomorfológica, ocupando terrenos cuja amplitude de relevo varia entre 256
e 290 m (Figura 11). De maneira subordinada ocorrem morrotes isolados com
declividades mais acentuadas que apresentam baixa a média densidade de
drenagem com padrão dendrítico.
Figura 11 – Modelo digital do terreno
Fonte: Do Autor
3.2.5.3.
Declividade
A declividade da área foi determinada a partir do modelo digital do terreno
(Figura 11) que teve como origem dos dados as ortofotocartas do vôo realizado na
região carbonífera em fevereiro de 2002, disponibilizadas pelo Departamento
Nacional da Produção Mineral (DNPM).
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35
Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
As
declividades
dos
terrenos
foram
agrupadas
em
classes
e
representadas no mapa de declividade (Figura 12), de modo que possa ser utilizado
como um dos principais indicadores da susceptibilidade à erosão.
Para elaboração deste mapa foram selecionadas as seguintes classes de
declividades:
•
0 a 5%
•
>5 a 15%
•
>15 a 30%
•
>30 a 50%
•
>50 a 100%
•
>100%
Figura 12 – Mapa de declividade
Fonte: Do Autor
As bocas de mina objeto deste PRAD localizam-se em terrenos cujas
declividades variam de 12,0% a 31,1%. A Tabela 7 mostra a declividade de cada
boca de mina.
Tabela 7 – Declividade dos terrenos onde ocorrem as bocas de minas
BMA
Declividade (%)
Classe
533
567
788
28,6
31,1
12,0
>15 – 30%
>30 – 50%
> 5 – 15%
Fonte: Do Autor
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Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
Os terrenos onde se localizam as bocas de minas pertencem a classes de
declividade superior a 5% e não apresentam susceptibilidade às inundações.
3.2.5.4.
Suscetibilidade à erosão
Neste trabalho, entende-se por suscetibilidade à erosão (laminar e linear)
a maior ou menor facilidade com que uma área é erodida pelos processos erosivos
naturais. Como mostra a Tabela 8, na área do PRAD, as bocas de minas estão
situadas em terrenos de baixa a alta susceptibilidade à erosão.
Tabela 8 – Declividade dos terrenos onde ocorrem as bocas de minas
BMA
Classe
Susceptibilidade à erosão
533
567
788
>15 – 30%
>30 – 50%
> 5 – 15%
moderada
alta
baixa
Fonte: Do Autor
O padrão de relevo é um fator muito importante na atuação dos processos
erosivos. Em relevos fortes ondulados, o volume de água é grande e o escoamento
superficial é rápido, com alta energia, necessitando implantação de obras de porte.
A natureza do solo e do substrato rochoso são fatores naturais que
influenciam diretamente na atuação dos processos erosivos.
Os solos profundos, permeáveis e bem estruturados são pouco
suscetíveis aos processos erosivos, porém, se estes, posicionarem-se sobre um
substrato rochoso impermeável, pode haver acúmulo de água na interface
solo/substrato rochoso impermeável, originando um fluxo concentrado induzindo aos
processos erosivos. Nas encostas dos vales formados pelos afluentes do rio Bonito
toda a faixa de terrenos com declividade maior do que 5% possuem substrato
rochoso pouco permeável constituído por arenitos maciços e arenitos laminados da
Formação Rio Bonito. Porém, no trabalho de campo não foram observados indícios
de erosão por esse processo, possivelmente em razão da ocorrência de solos pouco
profundos dentro da área de influência direta (AID).
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Bocas de minas situadas em áreas de baixa susceptibilidade à erosão
As áreas com baixa susceptibilidade à erosão compreendem os terrenos
pertencentes à classe de declividade >5 a 15%. São áreas com relevo ondulado,
com amplitude da ordem de 276 m. As encostas dos vales têm formas convexas e
possuem baixa densidade de drenagens. Os vales são abertos com planícies
aluviais restritas.
Na área abrangida por esta unidade, o substrato rochoso é constituído por
rochas pelíticas da Formação Palermo. Sobre estas áreas desenvolvem-se solos
pouco profundos, moderadamente a pouco permeáveis e moderadamente
estruturados.
Em razão das características associadas com o relevo pouco ondulado,
com encostas com pouca declividade, bem como suas características geológicogeotécnicas, como boa capacidade de suporte, fácil escavabilidade e declividade de
5 a 15%, conferem a essas áreas baixa suscetibilidade à erosão.
Bocas de minas situadas em áreas de moderada susceptibilidade à erosão
As áreas de moderada susceptibilidade à erosão compreendem os
terrenos inseridos na classe de declividade de >15 a 30%. São terrenos de relevo
ondulado, com morros arrasados, de forma arredondada ou alongada, com encostas
suaves de forma geralmente convexa. O substrato rochoso é constituído por rochas
sedimentares areníticas.
Sobre estas áreas desenvolvem-se solos Podzólicos Vermelho-Amarelo,
abruptos ou gradacionais, moderadamente estruturados, bastante profundos, pouco
a moderadamente permeáveis. Embora estes solos sejam resistentes aos processos
erosivos, a suscetibilidade à erosão é moderada, pelo fato de a forma de relevo ser
um tanto ondulada.
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Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
Bocas de minas situadas em áreas com alta susceptibilidade à erosão
As áreas de alta susceptibilidade à erosão compreendem os terrenos
inseridos na classe de declividade de >30 a 50%. São terrenos que apresentam
relevo forte ondulado, correspondente às encostas dos morros com amplitude de
273 m. As encostas dos terrenos são extensas com perfis planos ou convexos e,
geralmente, apresentam uma moderada densidade de drenagens. Os vales são
estreitos e com gradientes elevados. O substrato rochoso nesta porção média a
superior das encostas é constituído por rochas areníticas da Formação Rio Bonito.
Sobre estas áreas, desenvolveu-se solo geralmente pouco profundo, mal
estruturado, com substrato rochoso impermeável a baixa profundidade, bastante
suscetível aos processos erosivos.
3.2.6. Solos
3.2.6.1.
Solos da sub-bacia do rio Bonito
A classificação dos solos presentes na sub-bacia do rio Palmeiras foi
obtida com a leitura do Mapa de Solos do Estado de Santa Catarina editado pelo
Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de Solos (SNLCS) da Empresa
Brasileira
de
Pesquisa
Agropecuária
(EMBRAPA).
De
acordo
com
esse
levantamento, ocorrem os seguintes tipos de solo:
•
Argilossolo Vermelho - Amarelo PVA3;
•
Espodossolo Cárbico EK2;
•
Neossolo Quartzarenoso RQ1.
Na porção correspondente à sub-bacia do rio Palmeiras ocorre somente
solos do tipo Argilosolos Vermelhos. Esses solos apresentam horizonte B textural e
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argila de atividade baixa, conhecidos anteriormente como Podzólico Vermelho
Escuro e Podsólico Vermelho-Amarelo.
Os perfis dessas classes apresentam-se pouco profundos, bem
desenvolvidos, tratando-se de solos minerais e não hidromórficos, bem drenados.
Apresentam a sequência de horizontes diagnósticos A, Bt, C.
As análises físicas e químicas feitas com amostras de solo mostram que
esses apresentam baixa soma de bases, capacidade de troca catiônica e saturação
por bases. A saturação por alumínio é elevada, superior a 50 %, o que caracteriza
os solos como sendo Álicos. O grau de floculação do horizonte B é próximo a 100 %,
com relação silte/argila variável.
3.2.7. Recursos hídricos superficiais
A área do PRAD está inserida na sub-bacia do rio Palmeiras, na qual os
recursos hídricos superficiais são representados por nascentes, drenagens e
açudes. A maior densidade hídrica encontra-se na porção sul da área estudada com
descarga na margem direita do rio Palmeiras.
As drenagens que formam a rede hidrográfica local apresentam padrão
dendrítico, observando-se, porém, em locais alguns trechos encaixados em
lineamentos estruturais. Essas drenagens apresentam leitos planos, cursos
curvilíneos, largura inferior a um metro e lâmina d’água inferior a 20 cm.
Nos leitos dessas drenagens ocorrem sedimentos cuja granulometria
dominante é formada por partículas de tamanho seixo, grânulos e blocos. Em função
da declividade acentuada dos canais, as frações finas (siltes e argilas) são
transportadas pela água, depositando-se na zona de amortecimento situada no
baixo curso dessas drenagens.
As nascentes encontradas durante os trabalhos de campo representam
surgências do sistema de fluxo freático ou superficial, encontrando-se na interfácie
do perfil de solo das formações Serra Geral e Irati ou entre as formações Irati e
Palermo, onde se verificam diferenças pronunciadas de permeabilidade e gradiente
hidráulico. Essas nascentes não foram cadastradas, pois ocorrem fora da área de
influência direta das bocas de minas.
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Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
As nascentes são formadores dos cursos d´água que se constituem em
tributários de primeira ordem do rio Bonito, havendo indícios de contaminação com
drenagem ácida nos recursos hídricos oriunda da atividade de mineração de carvão,
principalmente, na porção Norte e Leste da área do PRAD.
Os recursos hídricos superficiais existentes na área são utilizados,
principalmente, para consumo humano e sedentação animal.
Os recursos hídricos superficiais representados pelas nascentes e cursos
d’água na área em tela acham-se impactados pela ocupação do solo, notadamente,
pela supressão da mata ciliar, substituição da mata nativa por reflorestamentos de
eucaliptos. A maioria das nascentes observadas no trabalho de campo situa-se em
locais cujo uso do solo representa algum tipo de impacto. Esse impacto atua
diretamente na redução da capacidade de armazenamento e transmissividade do
sistema freático ou superficial da área estudada.
3.2.8. Recursos hídricos subterrâneos
3.2.8.1.
Sistema de fluxo superficial ou freático da água subterrânea
O sistema de fluxo ou freático superficial caracteriza-se por encontrar-se
entre as zonas de recarga e descarga de água subterrânea para a sub-bacia do rio
Bonito. Trata-se de um aquífero livre, de permeabilidade e porosidade elevadas, cujo
perfil geológico é formado pelo manto de alteração da Formação Rio Bonito,
estendendo-se até o contato com o maciço rochoso.
Esse sistema está associado no perfil geológico local ao domínio da
cobertura coluvial/eluvial representado por depósitos de colúvio subordinados e,
principalmente, do manto de alteração (elúvio) da Formação Rio Bonito.
A percolação da água ocorre, preferencialmente, na zona de contato do
manto de alteração com o maciço rochoso.
A recarga nesse sistema ocorre por infiltração direta da água da chuva
formando uma camada contínua até a zona de contato com o maciço rochoso.
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Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
A espessura desse horizonte hidroestratigráfico é variável, observando-se
que há um espessamento em áreas de ocorrência de depósitos de talus.
3.2.8.2.
Sistema de fluxo profundo da água subterrânea
A circulação profunda da água subterrânea ocorre na sequência superior
da Formação Rio Bonito formada por arenitos, siltitos arenosos e a camada de
carvão Barro Branco. Este sistema se caracteriza pela extensa zona de recarga que
extrapola a área estudada.
O fluxo da água subterrânea do sistema profundo é controlado pelas
estruturas geológicas subhorizontais e verticais. No caso específico do aquífero Rio
Bonito da área em tela esse controle ocorre nos planos de estratificação, disjunções
horizontais e verticais e zonas de falhas permeáveis.
Como a permeabilidade vertical e intergranular é muito baixa, o fluxo
vertical da água subterrânea é desprezível, razão pela qual a origem da água nesse
sistema é a recarga regional principalmente por infiltração direta nas áreas
aflorantes da Formação Rio Bonito.
O fluxo do aquífero profundo é controlado, principalmente, pela direção e
mergulho dos estratos e pelo movimento rotacional relativos dos blocos ao longo dos
planos de falha.
O sentido e direção do fluxo regional foram determinados pela
interpolação da altitude do nível estático da água subterrânea em poços tubulares
como mostra o esboço do mapa hidrogeológico (Figura 10).
Como já foi mencionado, o fluxo da água subterrânea depende,
principalmente, da condutividade hidráulica. A água subterrânea na área em tela flui
em diferentes contextos hidrogeológicos, apresentando descargas para a sub-bacia
do rio Bonito.
O fluxo da água subterrânea do sistema aquífero profundo ocorre
segundo a direção preferencial de NE para SW acompanhando o sentido regional de
mergulho da camada de carvão Barro Branco. Esse fluxo é estratificado, ou seja,
pode ser local, intermediário ou regional como representado na seção esquemática
da Figura 13. Isso significa que uma parte da água da chuva que infiltra no solo
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Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
carrega o aquífero superficial produzindo as nascentes e a vazão de base nas zonas
de descarga da água subterrânea e a outra parte da água é drenada pelas
descontinuidades dos maciços para carregar os aquíferos profundos e gerar o
sistema de fluxo intermediário e regional.
Figura 13 – Representação esquemática das zonas de recarga e descarga e da circulação da
água subterrânea
Fonte: Cleary (1989)
3.3.
MEIO BIÓTICO
A vegetação presente na região carbonífera catarinense faz parte da
Floresta Ombrófila Densa e encontra-se em diferentes estádios de regeneração
natural. Esta formação vegetal caracteriza-se por apresentar agrupamentos bem
desenvolvidos, dando origem a uma cobertura arbórea densa e contínua (VELOSO;
KLEIN, 1968). A diversificação ambiental, resultante da interação de múltiplos
fatores, é um importante aspecto desta região, com ponderável influência sobre a
dispersão e crescimento da fauna e da flora (LEITE; KLEIN, 1990).
Atualmente as comunidades vegetais encontradas na bacia carbonífera
estão bastante fragmentadas o que origina ambientes alterados de sua composição
florística original. Entretanto, ainda são encontrados ambientes bem preservados e
em estádio avançado de regeneração natural que são intensamente utilizados pela
fauna local como fonte de abrigo e alimentação.
A caracterização do meio biótico realizada para o diagnóstico das bocas
de minas contidas neste PRAD buscou caracterizar o ambiente destacando a
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42
Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
possível presença de remanescente florestal e de grupos da fauna associados. Em
baças de minas onde serão realizadas intervenções o meio biótico foi melhor
detalhado, as demais
is bocas de minas foram agrupadas de acordo com
características ambientais.
3.3.1. BM0533
A boca de mina BM0533 está localizada em APP nas proximidades de um
córrego natural em um terreno utilizado para pastagem para gado bovino. O solo é
natural, e apresenta-se coberto por gramíneas em maior proporção e com presença
de árvores nativas nas margens do curso d’água, entretanto sem presença continua
de vegetação. Nesta boca de mina é observado acúmulo de água, onde parte é
proveniente da drenagem natural.
natural. A fim de verificar a presença de indivíduos da
ictiofauna, foi realizada amostragem em dois pontos do córrego: a montante da
BM0533 (ponto 1); e outro na BM0533 (ponto 2), onde a água do córrego entra em
contato com água da BM0533 (Figura 14).
Figura 14 - Pontos de amostragem da Ictiofauna, onde: A – Ponto 1, localizado a
montante da BM0533; B – Ponto 2, localizado na BM0533
Fonte: Do Autor
Para realizar as coletas foi utilizada rede tipo puçá com malha 0,50 m com
aplicação de vinte lanços em diferentes pontos no córrego
córrego entre os pontos 01 e 02 e
armadilha de espera tipo covo, colocada a montante da BM0533, onde ocorre
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43
Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
acúmulo de água e deixada no local por oito horas durante o período diurno. Não foi
verificada a presença de indivíduos da ictiofauna durante a amostragem.
3.3.2. BM0567
Esta boca de mina é uma galeria de encosta, com saída de drenagem e
está localizada em uma área degradada, com presença de rejeitos e ocorrência
espontânea de Eucaliptos (Eucalipto sp.), com ambiente descaracterizado em
relação as funções naturais.
3.3.3. BM0788
Esta boca de mina localiza-se em uma plantação de Pinus (Pinus elliottii
Engelm.) com presença de regeneração natural, no solo pode ser observada
presença pouco expressiva de rejeitos, entretanto o ambiente encontra-se
descaracterizado.
3.4.
MEIO ANTRÓPICO
As fotografias aéreas oriundas do vôo de 1956 correspondem ao
fotoíndices Q, seguindo a mesma numeração e orientação do vôo realizado pela
FATMA (Figura 15), na década de 70. Tomando por base as fotografias aéreas de
1956, a área de inserção do PRAD 05, estaria entre os fotoíndices das folhas Q44 e
Q45. No entanto, a biblioteca do CPRM (Serviço Geológico do Brasil) de Porto
Alegre (RS), informou que somente possuem os fotoíndices até a folha Q40 e depois
já passa para o Q47, inexistindo vôos em folhas intermediárias.
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44
Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
Figura 15 – Articulação das folhas do fotoíndice do vôo de 1956, a
semelhança do fotoíndice da FATMA da década de 70. Como
observado pelo círculo em vermelho, a área de inserção do
município de Lauro Müller está compreendido nas folhas Q44 e
Q45
Fonte: Do Autor
A
Desta forma, para uma análise multitemporal, realçando o meio antrópico
e evolução do quadro socioeconômico da área em foco, deve-se
deve se comparar as fotos
aéreas do ano de 1978 com imagens de satélites atuais, tendo em vista a
impossibilidade de efetuar analogias entre os anos de 1956 e 1978.
O Distrito de Barro Branco atingiu o apogeu do desenvolvimento das
atividades econômicas no fim da década de 70, época em que a atividade mineira
era crescente em toda a bacia carbonífera catarinense, e que nesta localidade
somou-se à agricultura e atividade madeireira que vinha sendo praticada há longa
data.
A colonização da área possui duas levas migrantes,
migrantes, que se fixaram em
momentos distintos. Inicialmente, diversas comunidades do interior do município de
Lauro Müller foram fundadas por imigrantes italianos, dedicando-se
dedicando
estes ao árduo
trabalho nas pequenas propriedades mercantis. Com o pulso mineiro,
mineiro aumentou a
atração populacional, desta forma, nas pequenas comunidades, aglutinaram-se
aglutinaram
vilas
operárias de trabalhadores provenientes do litoral e do planalto serrano.
Na composição fotográfica do ano de 1978, fotos número 18537 e 18538,
evidencia-se que na rede hidrográfica circundante da localidade de Barro Branco,
existiam muitos afluentes orientados de norte para sul, terminando no Rio Bonito.
Principalmente na porção oeste da figura abaixo (Figura
(
16),
), haviam cabeceiras de
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45
Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
drenagem vegetadas e talvegues preservados. O Rio Bonito que secciona
transversalmente a área, de sudoeste para nordeste, possuía certa sinuosidade,
possivelmente por condicionamento estrutural.
Figura 16 – Recorte da área do PRAD05, em preto, com identificação do local exato das
bocas de mina sobre fotografias aéreas de 1978. O local específico deste polígono fica a
noroeste da localidade de Barro Branco, estando o Rio Bonito separando os locais
Fonte: Serviços Aerofotogramétricos Cruzeiro do Sul S.A. (1978)
Percebe-se, também, que no ano de 1978 nas cercanias rurais do Distrito
do Barro Branco, havia baixa taxa de ocupação residencial, pois mesmo em
pequenas propriedades, não se verificava residências e moradores fixos. O uso do
solo era pouco intensivo, tanto na pecuária, bem como para agricultura, fato refletido
na ausência de pavilhões, estufas e viveiros, que seriam indicativos de maior
pujança econômica.
As vias de acesso à área correspondente ao do PRAD ocorrem através
de uma estrada principal não pavimentada, que após ponte sobre o Rio Bonito
seguia no sentido norte até a localidade da Rocinha. Se fosse tomado o sentido
sudoeste, a partir da área do PRAD, chega-se à comunidade de Palermo.
A respeito das atividades mineiras, já era notório a atuação da galeria de
encosta BM0567, inclusive com acúmulo de rejeito piritoso nas adjacências e com a
construção de pavilhão de auxílio nas atividades. No local do poço de ventilação
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46
Projeto de recuperação de área degradada – bocas de minas abandonadas – B. Branco
BM0788, havia descampado vegetacional, com estrada secundária de acesso e
início de plantações de eucaliptos no entorno. Não foi identificada, neste recorte
temporal, para esta localidade, a possível atividade da galeria de encosta BM0533.
Sobremaneira se ressalta que, no ano de 1978, já existia atividade mineira na área,
todavia preponderava o uso do solo de finalidade agropastoril.
No recorte espacial do ano de 2007, Figura 17, verifica-se incremento
expressivo das atividades mineiras, fato este, verificado pelo acúmulo de depósito
de rejeito, notadamente ao longo da margem esquerda do rio Bonito.
Figura 17 – Recorte de área do PRAD05 sobre imagem de satélite do ano de 2007. Em
relação à figura 2, percebe-se a instalação de depósitos de rejeito ao norte da
comunidade de Barro Branco
Fonte: Do Autor
3.5.
POSIÇÃO RELATIVA DA BOCA DE MINA EM RELAÇÃO AO CONTEXTO
MINEIRO, GEOLÓGICO, ESTRUTURAL E HIDROGEOLÓGICO
Com relação ao contexto mineiro, geológico, estrutural e hidrogeológico,
as bocas de mina presentes na área correspondem a uma única categoria e,
portanto, são descritas em conjunto. As bocas de mina existentes na área deste
PRAD correspondem aos pontos BM0533, BM0567 e BM0788, este último
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compreende um poço de ventilação, enquanto que os outros pontos referem-se a
galerias de encosta da antiga Mina Rio Bonito.
Nas proximidades do Rio Bonito, segundo o Mapa das Curvas de Nível da
Lapa e Linhas de Isocobertura da Mina Rio Bonito (SEVERINO, 1984), a cota da
lapa do maciço de cobertura da camada de carvão Barro Branco é de 283 m. À
medida que nos dirigimos para a porção norte da área do PRAD, a cota da lapa
diminui gradativamente para valores de 265 m e 253 m, nas proximidades da
BM0533 e BM0567, respectivamente. Nas proximidades do poço de ventilação
BM0788, a cota da lapa é de aproximadamente 279 m.
Esse condicionamento, do ponto de vista geológico-estrutural, indica que
a camada de carvão Barro Branco mergulha para norte, por onde provavelmente a
lavra se processou. O contexto hidrogeológico da área do PRAD sugere que o
sentido de fluxo das águas do aquífero profundo, constituído por arenitos de
cobertura, também deveria se processar para norte. Dentro dessa ótica, nota-se que
as galerias de subsolo da antiga Mina Rio Bonito, materializadas pelas bocas de
mina BM0533 e BM0567, não deveriam gerar drenagem ácida. Por outro lado,
através de visitas em campo, foi observada drenagem ácida que em ambas as
bocas de mina (Item 3.1).
Os trabalhos de campo também demonstraram que, nas proximidades da
boca de mina BM0533, ocorreram problemas relacionados à subsidência do maciço
de cobertura. Esse fato foi responsável pela conexão vertical entre o aquífero
freático, o aquífero profundo e a drenagem superficial. A geometria do terreno, no
entorno dessa boca de mina, indica que o sentido de fluxo das águas do aquífero
freático se processaram em sentido inverso ao do aquífero profundo, uma vez que o
sentido de fluxo das águas do aquífero freático é controlado pela geometria da
superfície do terreno.
Com relação à porção onde se localiza a BM0567, observa-se que a
mesma apresenta grande comprometimento ambiental, tendo em vista que uma
significativa porção da área leste deste PRAD encontra-se atualmente encoberta por
uma espessa pilha de rejeito, proveniente das plantas de beneficiamento de carvão.
Embora não se tenha verificado nenhuma fratura de subsidência, à montante dessa
boca de mina, semelhante ao apontado para a BM0533, tenha também ocorrido
problemas de subsidência. Este fato não pode ser verificado devido à cobertura da
área com rejeito piritoso.
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O comportamento do aquífero freático nesta porção é caracterizado por
um forte controle exercido pela pilha de rejeito, uma vez que a mesma foi disposta
ao longo do vale e, atualmente, contém em seu interior o aquífero freático. Dentro
dessa ótica e considerando a conexão vertical entre os aquíferos profundo e freático,
além da drenagem superficial, pode-se admitir que grande parte da água que
atualmente flui através da boca de mina BM0567 é oriunda do aquífero freático, ou
seja, água ácida gerada a partir da lixiviação da pilha de rejeito.
Isso sugere que a água dessa boca de mina possui pior qualidade do que
aquela gerada na BM0533, corroborando os dados obtidos nos laudos de análise do
monitoramento das bocas de mina do GTA. Na porção sul da área, nas
proximidades da BM0788, não se verificou nenhum problema de geração de
drenagem ácida.
Para minimizar e/ou equacionar o volume de geração de drenagem ácida,
em ambos os locais, faz-se necessário a identificação das áreas de subsidência, a
fim de realizar uma adequada impermeabilização da pilha.
3.6.
USO FUTURO
Com base no atual Plano Diretor do Município de Lauro Müller
(PREFEITURA MUNICIPAL DE LAURO MÜLLER, 2008), verifica-se que a zona
urbana de ocupação controlada pelo Distrito do Barro Branco, tem as seguintes
características:
•
O uso do solo é predominantemente residencial, no distrito sede, e
agropastoril no entrono;
•
A
ocupação
urbana
é
esparsa
existindo
vazios
urbanos,
demonstrando o baixo potencial de adensamento no local;
•
Há uma insuficiência de infra-estruturas e equipamentos público
urbanos, sendo necessária sua complementação, principalmente com
sistema de coleta e tratamento de esgoto, bem como melhorias nos
acessos e malha viária geral do distrito.
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O artigo 72, da Seção III do Plano Diretor (PREFEITURA MUNICIPAL DE
LAURO MÜLLER, 2008), enfatiza como condicionantes que limitam a ocupação da
zona urbana a falta de acessos pavimentados para muitas comunidades
circundantes do distrito de Barro Branco, fatores físico-naturais, como a declividade
acentuada, com consequente existência de cabeceiras de drenagens com nascentes
e vegetação circundante.
O artigo 73 evidencia os objetivos da administração municipal no que se
refere às intenções de ocupação controlada no Distrito do Barro Branco:
•
Há a intenção de manter o uso do solo predominantemente
residencial, com atividades de comércio e serviços de uso diário;
•
Define o tamanho mínimo e lotes, o que denota certo planejamento
para a instalação futura de instrumentos fixos da máquina pública,
bem como a atuação de fluxos nos mesmos;
•
Demonstra o interesse de melhorar as vias de acesso deste distrito
com as comunidades circundantes aproveitando o potencial de
integração urbanística com a sede do município;
•
Preservar ao máximo a vegetação pré-existente, interesse este que
pode conflitar com a tentativa de integrar urbanisticamente a área com
o centro da cidade.
Para as atividades zoneadas como industriais, predominam usos mistos
de empresas de médio e pequeno porte, com atividades de média e baixa
incomodidade, ou seja, com pequeno impacto de vizinhança. As indústrias atuantes
no presente compreendem, predominantemente, atividades de baixo impacto
ambiental. Os condicionantes que limitam o crescimento industrial do distrito se
referem à proximidade residencial, vegetação e faixa de domínio de rodovia
estadual.
Todo o polígono do PRAD05, de acordo com o referido Plano Diretor,
situa-se na Zona Rural Agroindustrial e de Mineração. O artigo 119, caracteriza este
seguimento do município de Lauro Müller como:
•
Uso implementado do solo voltado à silvicultura, pecuária e atividades
de mineração;
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•
Pelo potencial de desenvolvimento de mais atividades mineiras;
•
Pela pouca aparelhagem da máquina pública e estruturas existentes;
•
Por existir baixa ocupação e adensamento populacional.
As limitações presentes nas leis ambientais, de escala estadual e federal,
somadas ao passivo ambiental e característica topográfica da área, constituem
condicionantes que limitam o uso e ocupação do solo. Todavia, o artigo 121 lista os
objetivos para esta macrozona de ocupação:
•
Buscar o desenvolvimento sustentável na exploração mineral,
adequando os ritmos e formas de exploração do carvão mineral, em
conformidade com as diferentes escalas legais;
•
Recuperar áreas com passivos ambientais;
•
Buscar racionalizar as atividades mineiras, procurando, desta forma,
manter o mínimo de emprego na área;
•
Minimizar impactos ambientais.
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4.
PLANO DE MONITORAMENTO
4.1.
MONITORAMENTO DO MEIO FÍSICO
Este trabalho consistirá na averiguação, in loco, tanto de das bocas de
minas que tenham sofrido intervenção como aquelas que não demandaram
nenhuma ação de fechamento, observando os seguintes aspectos:
i.
Análise geotécnica da boca de mina e seu entorno, verificando o
surgimento de novas subsidências;
ii.
Análise quanto à ocupação e uso do solo na boca de mina e seu
entorno;
iii.
Verificação de eventuais ligações de esgotos ou outro tipo de
drenagem para o interior das minas;
iv.
Análise das condições da intervenção realizada.
Deverá ter periodicidade semestral e duração inicial de 5 anos, conforme o
cronograma apresentado. Cabe ressaltar que o cronograma de monitoramento da
boca de mina poderá ser integrado com o cronograma de monitoramento da área de
influência direta, caso esta seja objeto de PRAD.
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LISTA DE APÊNDICES
APÊNDICE A – Detalhamento do cronograma físico-financeiro.
APÊNDICE B – Espacialização das bocas de minas abandonadas.
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LISTA DE ANEXOS
ANEXO A – ARTs
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EQUIPE TÉCNICA DO PROJETO
Márcio Zanuz
Antônio Silvio Jornada Krebs
Eng° de minas
CREA/SC 077.571-8
Geólogo
CREA/SC 060.238-6
Edilane Rocha
Jonathan Jurandir Campos
Bióloga
CRBio 058.837/03D
Eng° agrimensor
CREA/SC 068.019-9
Maria Gisele Ronconi de Souza
Roberto Romano Neto
Eng° ambiental
CREA/SC 087.632-3
Geólogo
CREA/SC 017.302-9
Tiago Meis Amboni
William de Oliveira Sant Ana
Eng° ambiental
CREA/SC 098.428-0
Geógrafo
CREA/SC 092.590-0
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