Saúde do Trabalhador para a Imprensa Sindical INFORME 01 Redes que se entrelaçam N o processo de construção da Política Nacional de Saúde do Trabalhador (PNST), os Centros de Referência, organizados na Renast - Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador - têm papel fundamental. O Cerest - Centro de Referência em Saúde do Trabalhador, unidade regional especializada no atendimento à Saúde do Trabalhador, presta assistência especializada aos trabalhadores acometidos por doenças e/ou agravos relacionados ao trabalho. Outra atribuição é investigar as condições do ambiente de trabalho utilizando dados epidemiológicos em conjunto com a Vigilância Sanitária. Cada unidade funciona como um difusor de informações indicando ao trabalhador quais os serviços do SUS - unidades básicas, pronto-socorros e hospitais - ele precisa naquele momento. Ao mesmo tempo, é tarefa do Cerest fazer com que todos esses serviços, localizados na sua área de abrangência, possam identificar e tratar os agravos à saúde do trabalhador. Hoje, existem 150 Cerests espalhados por todo o país. Juntos formam a Renast, cujo objetivo é integrar a rede de serviços do SUS, voltados à assistência e vigilância, para o desenvolvimento das ações de Saúde do Trabalhador. A Renast tem como princípios e diretrizes: atenção integral à saúde dos trabalhadores, articulação intra e intersetoriais, informações em Saúde do Trabalhador; apoio ao desenvolvimento de estudos pesquisas; capacitação permanente em Saúde do Trabalhador; participação da comunidade na gestão das ações em Saúde do Trabalhador. VOCÊ SABIA ? ■ Que antes do SUS - Sistema ■ Que no Brasil morrem todos os Único de Saúde - só tinha direito à saúde o trabalhador com carteira assinada? A Constituição de 1988 mudou essa situação, quando garantiu o SUS e tornou o acesso à saúde um direito de todo cidadão brasileiro. E também foi a partir da Constituição que as ações de saúde para eliminar os riscos de doenças ou acidentes de trabalho passaram a ser tratadas no âmbito do SUS. Essas ações constam da Política Nacional de Saúde do Trabalhador (PNST) que por sua vez, assegura a todos os trabalhadores, o direito às ações de promoção e prevenção à saúde. Mesmo afastado do mercado de trabalho, por doença, aposentadoria ou desemprego, ou ainda na condição de aprendiz ou estagiário, o trabalhador tem direito à saúde. anos cerca de cinco mil pessoas vítimas de acidentes de trabalho? E outras oitenta mil ficam incapacitadas e são obrigadas a se aposentar. O risco de morrer por acidente de trabalho no Brasil é de duas a cinco vezes maior, do que, por exemplo, na França ou no Canadá. Para enfrentar essa verdadeira tragédia, o governo desenvolve uma série de ações de prevenção e proteção à saúde do trabalhador. As iniciativas envolvem os ministérios da Saúde, da Previdência Social e do Trabalho e Emprego, que juntos constróem a Política Nacional de Saúde do Trabalhador. A 3ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador, realizada em 2005, pela primeira vez, contou com essa articulação intersetorial. A implementação de suas resoluções contribuirá para di- minuir os agravos decorrentes das atividades ocupacionais. ■ Que somente em 2005 a área de Saúde do Trabalhador passou a ter a atenção que merece? Isso aconteceu por conta da criação da Política Nacional de Saúde do Trabalhador. Antes, cada Estado ou município, desenvolvia uma política própria, enfrentando os desafios com os recursos disponíveis. Com a definição da política nacional, as medidas de promoção da saúde, prevenção de acidentes e assistência médica ficaram mais organizadas. São diretrizes da política: privilegiar as ações de prevenção sobre as de reparação; desenvolver e capacitar os profissionais envolvidos com a área; estruturar uma Rede de Informações em Saúde do Trabalhador; estimular a participação da comunidade na Gestão das Ações em Saúde do Trabalhador. Para falar com a COSAT – Área Técnica de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde: (61) 3213.8469/8389 | [email protected] Visite o portal do Ministério da Saúde: www.saude.gov.br Saúde do Trabalhador para a Imprensa Sindical INFORME 02 Uma rede que fortalece a Saúde do Trabalhador no SUS O processo de construção da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador – Renast (Portaria nº 1.679/02), representou o fortalecimento da Política de Saúde do Trabalhador no SUS. A Renast tem como principal objetivo integrar a rede de serviços do SUS, voltados à assistência e à vigilância, para o desenvolvimento das ações de Saúde do Trabalhador. Essa estratégia está sendo implementada por uma rede regionalizada de 150 Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerests) que desempenham, na sua área de abrangência função de suporte técnico, de educação permanente, de coordenação de projetos, de assistência, promoção e vigilância à saúde dos trabalhadores. A Portaria GM/MS 2.437 determina a ampliação da Renast de forma articulada entre o Ministério da Saúde, as Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, por meio das seguintes medidas: adequação e am- pliação da rede de Cerests; inclusão da ações de Saúde do Trabalhador na Atenção Básica; implementação das ações de vigilância e promoção em Saúde do Trabalhador; instituição e indicação de serviços de Saúde do Trabalhador de retaguarda, de média e alta complexidade já instalados (Rede de Serviços Sentinela); e caracterização de municípios Sentinela em Saúde do Trabalhador. Os recursos para a Saúde do Trabalhador deverão ser repassados do Fundo Nacional de Saúde para o Fundo Estadual de Saúde ou para o Fundo Municipal de Saúde, conforme o caso, e serão aplicados pela Secretaria de Saúde e fiscalizados pelo Conselho de Saúde e pela Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador (Cist). A destinação dos recursos deverá constar nos Planos de Saúde Nacional, estaduais e municipais. VOCÊ SABIA ? ■ Que ações de Saúde do Trabalha- ■ Que os aposentados podem parti- dor são aquelas que combatem ou eliminam riscos de doenças ou acidentes causados pelo trabalho? Não é só o trabalho que pode gerar riscos à saúde. As condições em que as atividades acontecem nos ambientes de trabalho também devem ser consideradas. Um exemplo é o tipo de transporte que as empresas oferecem aos trabalhadores e que podem causar acidentes. Na área rural, esse é um sério problema. Nem sempre o transporte oferecido é seguro e confortável. A 3ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador aprovou resolução para que os órgãos rodoviários fiscalizem o transporte dos trabalhadores rurais. Isso agora precisa virar lei e os movimentos de saúde, que têm a função de acompanhar o encaminhamento dessas questões, devem cobrar a medida do Legislativo. cipem das instâncias de Controle Social através dos Conselhos de Saúde das suas regiões? A proposta é que os aposentados ajudem a elaborar ações de saúde específicas para quem vai se aposentar e que também acompanhem os trabalhadores desse segmento que podem vir a apresentar doenças ligadas ao trabalho. A Conferência também aprovou a criação de mecanismos de assistência e proteção aos acidentados ou adoecidos com produtos químicos e radioativos, entre outros. Outra deliberação é que sejam criadas associações de portadores de doenças e de seqüelas de acidentes de trabalho Além de participar ativamente do processo de discussão e elaboração das resoluções, o Controle Social deve co- brar e fiscalizar a implementação das ações propostas na Conferência. ■ Que o trabalho infantil é tratado no âmbito da Saúde do Trabalhador? Além de ser ilegal, uma criança pode ser vítima de doenças ou acidentes de trabalho. O problema preocupa autoridades governamentais e movimentos sociais e também foi tema da Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador. Uma das resoluções do encontro é a criação, junto aos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, de comissões para combater e erradicar o trabalho infantil. O objetivo é fazer cumprir o Estatuto da Criança e do Adolescente. Nessas comissões, atuariam representantes de vários setores do governo e da sociedade em conjunto com os conselhos da criança e do adolescente. Para falar com a COSAT – Área Técnica de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde: (61) 3315 2610 / [email protected] Visite o portal do Ministério da Saúde: www.saude.gov.br Saúde do Trabalhador para a Imprensa Sindical INFORME 03 Por um bom sistema de informação C onhecer quais são os problemas responsáveis pelo adoecimento e morte dos trabalhadores brasileiros é o primeiro passo para a implementação de ações de prevenção e promoção à saúde nos ambientes de trabalho. É também um passo fundamental para a construção da Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador (PNSST) que vem sendo elaborada pelo Ministério da Saúde em conjunto com o Ministério da Previdência e do Trabalho. Hoje, é possível ter apenas a estimativa do número de trabalhadores acidentados, que adoecem e morrem em decorrência do trabalho. O desafio de ter no país um sistema de registro de acidentes e doenças relacionadas com o trabalho que alcance todo o território nacional, só agora começa a ser enfrentado. Profissionais dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador de todo o Brasil foram capacitados, durante o ano de 2006, para abastecer o Sistema Nacional de Informações de Agravos de Notificação – Sinan Net. A expectativa é que a implantação do sistema, que será alimentado com informações provenientes de todos os serviços de saúde, forneça um quadro mais real dos agravos relacionados ao trabalho. O objetivo do Ministério da Saúde é que as informações contribuam no planejamento das ações em Saúde do Trabalhador, combatendo a sub-notificação nessa área. Entre 1999 e 2003, foram registrados 1.875.190 acidentes de trabalho, dos quais 15.293 resultaram em morte e 72.020 em incapacidade permanente. O Sinan Net pode mostrar que os números são bem maiores e onde as ações de prevenção e promoção podem ser intensificadas. VOCÊ SABIA ? ■ Que no Brasil cerca de 300 usinas empregam 450 mil trabalhadores no corte de cana? Esses trabalhadores ganham para cumprir a meta de cortar 12 toneladas de cana por dia. Uma atividade extenuante que matou, ao menos, 14 trabalhadores, entre 2004 e 2006, e causa, entre outras doenças, as Lesões por Esforços Repetitivos / Doenças Osteosmusculares Relacionadas ao Trabalho (LER / Dort), por conta da força física empregada nos sucessivos movimentos com os facões de corte. Acidentes com essa ferramenta de trabalho, assim como dores nas costas e envelhecimento precoce são agravos à saúde comuns entre os cortadores de cana. E como nem todos os acidentes são registrados, a sub-notificação torna-se um grave problema nessa área, impedindo que se conheça o número exato de trabalhadores acidentados ou doentes. Esse é um dado importante para os profissionais da Vigilância em Saúde, que são acionados para fisca- lizar as condições de trabalho, caso seja comprovado que o agravo tem relação com a atividade desenvolvida. ■ Que as LER/Dort são a segunda maior causa de afastamento do trabalho? De acordo com dados do INSS, as doenças são as de maior prevalência entre as relacionadas com o trabalho e atingem mais os trabalhadores na faixa etária entre 30 e 40 anos, ou seja, no auge de sua capacidade produtiva. As causas do problema são a repetição contínua de movimentos por um longo período de tempo e condições inadequadas de trabalho. Entre as categorias profissionais mais acometidas pelas lesões, que podem ser tendinite, tenossinovite, bursite, síndrome do túnel de carpo, entre outras, destacam-se os bancários, metalúrgicos, digitadores, operadores de linha de montagem, operadores de telemarketing, secretárias e jornalistas. As pessoas que sofrem com as lesões têm direitos trabalhistas e previdenciários garantidos, além da assistência médica necessária para sua recuperação. Os principais sintomas das LER/Dort são: dores, inchaços, formigamento nas mãos, braços, ombros e pescoço. Os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerests), órgãos ligados às Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde, estão preparados para atender os trabalhadores com esse tipo de problema. ■ Que o vale-transporte pode ser gratuito para os trabalhadores acidentados ou que adoeceram em decorrência do trabalho? Essa foi uma das 362 resoluções da 3ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador. A proposta é que os trabalhadores que usam transporte coletivo, acidentados ou com doenças do trabalho, tenham vale-transporte gratuito durante todo o tratamento de saúde. Para falar com a COSAT – Área Técnica de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde: (61) 3213.8469/8389 | [email protected] Visite o portal do Ministério da Saúde: www.saude.gov.br Saúde do Trabalhador para a Imprensa Sindical INFORME 04 Saúde do Trabalhador como direito universal A Saúde do Trabalhador só passou a ser entendida como um direito universal a partir de 1988, quando foi promulgada a Constituição Brasileira que consolidou a redemocratização no país. A Constituição garante: “Saúde é direito do cidadão e dever do Estado”. Antes disso, tinham direito ao serviço público de saúde apenas as pessoas com registro em carteira de trabalho. Os trabalhadores sem vínculo formal eram atendidos nos Pronto-Socorros das Santas Casas, sem o acompanhamento necessário para tratar doenças e agravos decorrentes das atividades laborais. Ao criar o SUS – Sistema Único de Saúde – a Constituição Cidadã acaba com o modelo de assistência à saúde que vigorava até então e determina que o Estado brasileiro tem o dever de oferecer tratamento igual para todas as pessoas, independente de estarem trabalhando no mercado formal ou não. Esse é o princípio da universalidade, um dos quatro que sustentam o SUS e que dá uma outra dimensão à área de Saúde do Trabalhador. O Sistema Único de Saúde coloca para si a obrigação de colaborar na proteção do meio ambiente de trabalho, ou seja, doença passa a ter relação direta com o modo com que o trabalho se realiza. Não basta só cuidar da enfermidade, é preciso considerar os fatores que levam ao adoecimento. Além da universalidade, o SUS tem outros três princípios fundamentais: a integralidade, que prevê que o atendimento vá de uma simples consulta a uma cirurgia mais complicada; a equidade, que significa dar prioridade a quem tem menos; a descentralização, que transfere para os municípios e estados as decisões de como e onde utilizar os recursos da saúde; e o controle social, que permite a todo brasileiro ajudar a definir e fiscalizar as ações de saúde. VOCÊ SABIA ? ■ Que os acidentes e doenças relacionadas com os ambientes e a forma como o trabalho é organizado são hoje, em nosso país, um grave problema de saúde pública? Milhares de brasileiros e brasileiras morrem, ficam doentes ou incapacitados para o resto da vida, todos os anos, em decorrência do trabalho. Doenças e acidentes de trabalho são eventos previsíveis. Portanto, ações de prevenção podem evitar esses agravos. Mudar essa realidade é tarefa de vários órgãos governamentais, entre eles, o Ministério da Saúde, da Previdência, do Trabalho, do Meio Ambiente. Mas a participação da sociedade também é necessária, seja através das entidades sindicais, das associações de bairro, conselhos de saúde ou quaisquer outros movimentos sociais. ■ Que o Brasil é um dos campeões mundiais em número de mortes causadas por acidentes de trabalho? Para mudar essa situação, o Ministério da Saúde está investindo no fortalecimento da Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador (PNSST). Estão sendo implementadas ações de qualificação dos profissionais da saúde, criados novos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador, além de políticas em conjunto com outros ministérios que têm relação com o mundo do trabalho. Pela primeira vez na história, a Saúde do Trabalhador está recebendo a atenção que merece. E cuidar da Saúde do Trabalhador é um direito garantido pela Constituição, nos artigos 196 e 200. ■ Que as doenças mentais afastam 100 mil trabalhadores por ano, no Brasil? Em 2004, foram concedidos 103.393 benefícios do tipo auxílio-doença para doenças mentais, dos quais 99,4% referem-se a auxílio previdenciário, ou seja, sem reconhecimento da relação trabalho- doença. Os dados foram levantados pela pesquisadora Anadergh Barbosa-Franco, do Laboratório de Saúde do Trabalhador da Universidade de Brasília (UnB). As doenças mentais responderam por 9,8% do total de benefícios de auxíliodoença em 2004. Em relação ao sexo do trabalhador beneficiado, a pesquisa aponta que a prevalência de incapacidade para o trabalho por doença mental foi bem maior no sexo feminino, com média de 53,34 benefícios a cada 10 mil registros para mulheres e 34,42 para homens. ■ Que entre as doenças mentais específicas mais comuns, a depressão fica em primeiro lugar? Em 2004, foram concedidos 53.269 benefícios para trabalhadores com depressão. Seguem-se outros transtornos ansiosos (11.059 benefícios), alcoolismo (7.078 benefícios), reações ao estresse grave (4.623 benefícios) e esquizofrenia (4.596 benefícios). Para falar com a COSAT – Área Técnica de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde: (61) 3213.8469/8389 | [email protected] Visite o portal do Ministério da Saúde: www.saude.gov.br Saúde do Trabalhador para a Imprensa Sindical INFORME 05 Qualificação dos profissionais de saúde A qualificação dos profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos principais itens da Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador (PNSST) que o Ministério da Saúde, em conjunto com o Ministério da Previdência e do Trabalho, vem elaborando ao longo dos últimos anos. Isso, porque todas as ações das áreas de saúde pública se apóiam nos profissionais da rede. A capacitação dos agentes de Vigilância Sanitária é uma das maiores preocupações dos órgãos responsáveis pela implementação da PNSST. Esses profissionais precisam ser treinados para entrar nos locais de trabalho em condições de avaliar o processo produtivo e a forma como o trabalhador desempenha suas funções, visando sempre a preservação da saúde dos trabalhadores e a adequação dos ambientes de trabalho às normas de segurança estabelecidas em lei. Outro segmento importante no âmbito da PNSST é o Controle Social, responsável por acompanhar e fiscalizar as ações desenvolvidas nessa área. Capacitar as pessoas que participam do Controle Social, através dos conselhos de saúde – municipais, estaduais e nacional – é também fator relevante na construção da política voltada para a saúde dos trabalhadores brasileiros. Em escolas técnicas e universidades de diversas partes do país é crescente a preocupação com a formação de profissionais para atuar na área de Saúde do Trabalhador. O agente comunitário de saúde também é um elemento-chave no quadro de pessoas que devem ser qualificadas para entender o universo das doenças do trabalho, tornando mais eficaz o atendimento ao trabalhador. VOCÊ SABIA ? ■ Que de acordo com a OIT (Organização Internacional do Trabalho), o Brasil é o país das Américas que mais reduziu o trabalho infantil, nos últimos quatros anos? O relatório da OIT considera o Brasil referência internacional no combate ao trabalho infantil. Destaca, ainda, as ações de mobilização social brasileiras, como o Programa de Erradicação de Trabalho Infantil - PETI, o Fórum Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil e a Fundação Abrinq. A atividade que mais explora a mãode-obra infantil é a agricultura, principalmente na colheita de morango e cítricos, que exigem mãos pequenas e delicadas. Na área urbana, o trabalho infantil aparece na rua, feiras e lixões. Todas as Delegacias Regionais do Trabalho (DRTs), seja na capital ou no interior, registram o fenômeno de crianças trabalhando no mercado informal. Acabar com o trabalho infantil é uma das prioridades da Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador que o Ministério da Saúde está implementando com a participação de outros órgãos governamentais. ■ Que a segunda maior incidência do trabalho infantil concentra-se no trabalho doméstico? A Constituição prevê a inviolabilidade familiar, ou seja, a fiscalização do trabalho não pode atuar nas atividades em regime de economia familiar realizadas dentro da própria residência do empreendedor, o que agrava mais ainda o problema. A erradicação do trabalho Infantil é prioridade absoluta da Secretaria de Inspeção do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, em 2007. A diretriz cumpre com o que a Constituição prevê e o Conselho Nacional dos Direitos das Crianças e Adolescentes (Conanda) cobra. Em relação ao adolescente, é exigido o cumprimento da Lei da Aprendizagem. ■ Que o uso indiscriminado de agrotóxicos foi apontado como um dos principais problemas de saúde a que estão expostos os trabalhadores brasileiros? Encontros estaduais realizados no decorrer de 2006, tendo em vista a implementação das resoluções da 3ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador (Brasília, 2005) destacaram ainda as LER/ DORT (Lesões por Esforços Repetitivos / Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho), os acidentes de trabalho, a contaminação ambiental e as intoxicações por substâncias químicas e metais pesados, como as grandes questões, no país, relacionadas à saúde do trabalhador. O trabalho infantil e no corte da cana de açúcar figuram, em alguns Estados, entre os problemas mais preocupantes. A qualificação do Controle Social também foi considerado item prioritário. Para falar com a COSAT – Área Técnica de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde: (61) 3213.8469/8389 | [email protected] Visite o portal do Ministério da Saúde: www.saude.gov.br Saúde do Trabalhador para a Imprensa Sindical INFORME 06 Juntos, por uma política pública de Saúde do Trabalhador U ma das diretrizes fundamentais da Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador é a pactuação intra e intersetorial que pressupõe o envolvimento de diversos setores do governo e da sociedade civil. A intersetorialidade permite estabelecer espaços compartilhados entre instituições e setores das três esferas de governo – municipal, estadual e federal – que atuam na produção da saúde, na formulação, implementação e acompanhamento de políticas públicas que possam ter impacto positivo na saúde da população. A pactuação intersetorial entre os órgãos governamentais possibilita considerar o cidadão na sua totalidade, nas suas necessidades individuais e coletivas e requerem parcerias do Ministério da Saúde com outros setores, entre eles, Ministérios da Saúde, do Trabalho e Emprego, da Previdência Social, do Meio Ambiente, da Justiça, e da Educação. Nos estados e municípios, essa relação intersetorial envolve órgãos dos governos locais, estaduais e municipais, com estruturas derivadas dos ministérios que atuam nas regiões, tais como Delegacias Regionais do Trabalho (DRT), agências do INSS, Fundacentro, universidades e centros de pesquisas. No âmbito do Ministério da Saúde, identificam-se interfaces da Saúde do Trabalhador em toda a estrutura organizacional, por exemplo: Secretaria de Atenção à Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Secretaria de Gestão Participativa, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Anvisa e Funasa, entre outros. A intra-setorialidade também deve ocorrer nos três níveis de governo. VOCÊ SABIA ? ■ Que todo trabalhador obrigado a ■ Que o trabalhador segurado pela ■ Que o trabalhador que se aci- se afastar do emprego por causa de acidente ou doença do trabalho deve registrar uma Comunicação de Acidente de Trabalho? Conhecida como CAT, essa comunicação é um instrumento importante para a garantia de direitos trabalhistas. Além de receber o benefício em dinheiro pago pela Previdência Social durante o período de recuperação, o trabalhador passa a contar com a estabilidade no emprego por um ano após o retorno ao trabalho. Se a empresa não quiser emitir a CAT, o trabalhador deve procurar o sindicato ou o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de sua região. Para saber onde fica o Centro de Referência mais próximo, basta ligar para o Disque Saúde: 0800 61 1997. A ligação é gratuita. Previdência que é obrigado a se afastar do serviço tem direito ao beneficio por incapacidade? Esse beneficio pode ser de natureza acidentária ou não acidentária. Se for acidentário, a empresa deve recolher o FGTS por todo o período de afastamento. Também são direitos do trabalhador a estabilidade no emprego durante um ano, após o retorno às atividades, e o auxílio-doença. Se o afastamento for do tipo não acidentário, ou seja, que não causado pelo trabalho, a pessoa só terá o benefício em dinheiro. Importante destacar que os benefícios só valem para os trabalhadores com carteira assinada, os chamados “avulsos”, que trabalham em regime portuário, e os segurados especiais, que são aqueles que trabalham em regime rural. denta ou adoece em função da atividade profissional ou ambiente de trabalho tem direito ao benefício acidentário? Durante o tempo de afastamento do emprego, o trabalhador recebe o salário diretamente da Previdência Social. Para solicitar o benefício, o trabalhador precisa apresentar requerimento na agência da Previdência, que também pode ser apresentado pela empresa. Muitas vezes, é necessário o atestado médico que identifique os motivos do afastamento. O passo seguinte é a perícia da Previdência Social avaliar o pedido e liberar ou não o pagamento do beneficio. Os trabalhadores que têm esse direito assegurado são os empregados com carteira assinada, os que trabalham em regime portuário (estivadores) e os trabalhadores rurais. Para falar com a COSAT – Área Técnica de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde: (61) 3315 2610 / [email protected] Visite o portal do Ministério da Saúde: www.saude.gov.br Saúde do Trabalhador para a Imprensa Sindical INFORME 07 No Controle Social, o poder da comunidade para fiscalizar O Controle Social no SUS é exercido pelos Conselhos de Saúde com a participação da comunidade na fiscalização e na condução das políticas de saúde. Esse direito está garantido na Lei N° 8.142, de 28/12/1990, que instituiu os Conselhos e as Conferências de Saúde como instâncias de controle social do SUS nas três esferas de governo – municipal, estadual e federal. Os Conselhos de Saúde têm caráter deliberativo sobre a formulação das estratégias de atenção à saúde no país. Na sua composição são privilegiados os representantes de usuários do SUS, com 50% dos assentos; 25% representam trabalhadores de saúde e 25% prestadores de serviços e gestores. É no segmento de usuários que os trabalhadores e trabalhadoras são representados. O SUS garante autonomia aos estados, Distrito Federal e municípios para administrar os recursos da saúde. Para isso, é preciso que cada região tenha seu Conselho de Saúde funcionando de forma adequada. Assim, os recursos federais são repassados do Fundo Nacional para os Fundos Estaduais ou Municipais de Saúde ou, ainda, dos Fundos Estaduais para os Fundos Municipais de Saúde. Para participar de um Conselho de Saúde basta pertencer a alguma entidade, a qual representará no colegiado. VOCÊ SABIA ? ■ Que as LER/Dort são doenças que atacam mãos, braços, ombros e pescoço? A sigla LER significa Lesões por Esforços Repetitivos e DORT quer dizer Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho. As doenças surgem quando músculos e tendões inflamam e são comuns em pessoas que fazem movimentos repetidos durante um longo período de tempo. As LER/Dort são hoje um dos principais problemas de saúde das trabalhadoras e trabalhadores brasileiros. A melhor forma de prevenir quadros graves é através do diagnóstico precoce. Dor ou formigamento nas mãos ou braços são sinais de alerta. Os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador são os locais indicados para buscar ajuda. ■ Você sabia que as LER/DORT (Lesões por Esforços Repetitivos e Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho) são responsáveis pelo maior número de afastamentos de trabalhadores dos seus empregos? O adoecimento por LER/DORT está diretamente relacionado com a organização e as condições do ambiente de trabalho. A melhor forma de combater as doenças é a prevenção e diagnóstico precoce. Quando isso acontece, os fatores de risco são afastados e a recuperação pode ser total. Caso contrário, os sintomas tendem a se agravar com o tempo, causando limitações, muitas vezes, permanentes que deixam a pessoa incapacitada para o trabalho. Pessoas que sofrem de LER/DORT têm direitos trabalhistas e previdenciários garantidos, além da assistência médica necessária para sua recuperação. Todo trabalhador com diagnóstico de LER/DORT deve solicitar a emissão da empresa a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e registrála no INSS. Dessa forma, fica garan- tido o recebimento do auxílio doença e a estabilidade de um ano após o retorno ao trabalho. O reconhecimento das doenças e o encaminhamento para tratamento são feitos nos postos de Saúde ou nos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador. ■ Que, segundo a Previdência Social, em 2003, as lesões de punho e da mão representaram 34% dos acidentes de trabalho? Atividades em máquinas e equipamentos obsoletos e inseguros são responsáveis por cerca de 25% dos acidentes graves registrados no país. Entre as doenças mais recentes relacionadas ao trabalho mais freqüentes estão as Lesões por Esforços Repetitivos ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/Dort). Em seguida, aparecem as doenças profissionais clássicas, como a silicose ou intoxicações por metais pesados e por agrotóxicos. Para falar com a COSAT – Área Técnica de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde: (61) 3213.8469/8389 | [email protected] Visite o portal do Ministério da Saúde: www.saude.gov.br Saúde do Trabalhador para a Imprensa Sindical INFORME 08 As Conferências de Saúde do Trabalhador C om a promulgação da Constituição Cidadã, em 1988, e a institucionalização do SUS (Sistema Único de Saúde), o povo brasileiro conquistou, após quase 500 anos de história, o direito universal à saúde. A Constituição garante que cabe ao SUS executar as ações de Saúde do Trabalhador e colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho (Art. 200) Destinadas a analisar os avanços e retrocessos do SUS, as Conferências de Saúde são também espaços propositivos das diretrizes das políticas dessa área e estabelecem os rumos de atuação dos Conselhos de Saúde. As conferências segmentadas, como as de Saúde do Trabalhador, atendem aos princípios do encontro maior que acontece a cada quatro anos. A Lei 8.142 (28.12.1990), instituiu os Conselhos e as Conferências de Saúde como instâncias de controle social do SUS nas três esferas de governo – municipal, estadual e federal. Pela primeira vez convocada pelos ministérios da Saúde, da Previdência e do Trabalho, a 3ª Conferência Nacio- nal de Saúde do Trabalhador (CNST), foi realizada de 24 a 27 de novembro de 2005, em Brasília, onze anos após o último grande evento do setor. Nas etapas regionais, os 700 encontros em municípios de todo o país mobilizaram cerca de 100 mil pessoas, entre usuários do SUS, associações, sindicatos, movimentos populares, trabalhadores informais e profissionais da saúde, fiscais do trabalho e peritos da Previdência. A Conferência discutiu formas de ampliar os dados sobre a saúde dos trabalhadores no país e melhorar o sistema de notificação das doenças e acidentes de trabalho. Além disso, debateu a inclusão dos trabalhadores informais nas ações e a necessidade de otimizar os levantamentos realizados pelo Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). VOCÊ SABIA ? ■ Que há várias doenças que podem ■ Que surgiram novas doenças com ■ Que a depressão também pode ser relacionadas ao trabalho? É o caso da brucelose, que é provocada por uma bactéria. A doença pode ocorrer entre os que trabalham em abatedouros, frigoríficos, ordenhas, na fabricação de laticínios ou ainda em quem manipula carne ou produtos derivados. Febre, mal-estar, fadiga fácil, dor lombar, são alguns sintomas da brucelose. Se a doença estiver relacionada ao trabalho, os órgãos de saúde devem atuar em conjunto com os órgãos responsáveis pelo controle de rebanhos. E a Vigilância Sanitária deve ser acionada. A Delegacia Regional do Trabalho também deve ser informada do problema, assim como as entidades sindicais, para que cada um, dentro de suas atribuições possa combater os riscos das doenças e evitar que outros trabalhadores adoeçam. as mudanças no mundo do trabalho? Mais tecnologia, menos postos de trabalho, maior competitividade, jornadas mais extensas ou horários variados de trabalho. Com as novas relações de trabalho apareceram novas doenças também. Uma delas, é a Síndrome do Esgotamento Profissional. O trabalhador fica desinteressado da sua atividade, se sente desmotivado e começa a achar que é incompetente. A doença é mais comum em profissionais da área de serviços, da saúde, policiais, assistentes sociais, agentes penitenciários e professores. Para prevenir a doença, os profissionais da Saúde do Trabalhador devem atuar em conjunto, prestando assistência médica e indicando tratamento adequado. O setor de Vigilância em Saúde também deve ser chamado à ação para investigar a situação de trabalho do paciente e prevenir novos casos de doenças. estar relacionada ao trabalho? Frustrações, alta competição ou ameaça de perda do emprego podem causar a depressão que se manifesta em tristeza, na perda de interesse no trabalho, insônia, sensação de cansaço, perda de apetite, entre outros sintomas. A depressão é mais comum entre digitadores, operadores de computador, advogados, educadores e consultores. Para prevenir a doença, quando a causa é o trabalho, é necessária uma ação integrada entre os setores de assistência e da vigilância. Além do tratamento médico, a Vigilância em Saúde deve ser acionada para averiguar as condições em que o trabalhador exerce suas atividades. Confirmada a relação da doença com o trabalho, o caso deve ser notificado ao sistema nacional e também informado à Delegacia de Trabalho e ao sindicato da categoria. Para falar com a COSAT – Área Técnica de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde: (61) 3315 2610 / [email protected] Visite o portal do Ministério da Saúde: www.saude.gov.br Saúde do Trabalhador para a Imprensa Sindical INFORME 09 O desafio de tirar a Conferência do papel O s participantes da 3“ Conferência - representantes de usuários do SUS, de trabalhadores na área da saúde e de gestores e prestadores de serviços – aprovaram 392 resoluções baseadas nos eixos que nortearam o encontro: a integralidade e a transversalidade da ação do Estado em Saúde do Trabalhador, a incorporação da Saúde do Trabalhador nas políticas de desenvolvimento sustentável do país e a efetivação e a ampliação do controle social. A implementação das resoluções requer forte articulação entre os Conselhos de Saúde – municipais, estaduais e nacional – que compõem o Controle Social, e mobilização dos movimentos sindicais e outros ligados à área. Para colocar em prática as decisões acontece antes um longo processo de discussões no âmbito do Controle Social e negociações com órgãos governamentais, nem sempre fáceis e rápidas. Uma das decisões da 3ª CNST que já é realidade é o Nexo Técnico Epidemiológico (NTEP), considerado um importante avanço para o trabalhador. Amplamente discutido no encontro, a medida agora é lei, em vigor desde o dia 2 de abril de 2007. E NTEP é um dos critérios de concessão de benefício acidentário para os segurados que estão incapacitados para o trabalho por doença estatisticamente freqüente em seu ramo econômico. Um dado importante é que o trabalhador, nessa condição, não precisa apresentar a CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) e tem sua estabilidade no emprego garantida por um ano, assim como o depósito do FGTS. Um exemplo do que significa a implementação do NTEP: o bancário com LER/Dort (Lesões por Esforços Repetitivos ou Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho) não precisa mais provar que ficou doente por conta do seu trabalho. VOCÊ SABIA ? ■ Que um dos desafios da Política ■ Que entre 1999 e 2003, foram re- Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador é conhecer quais são as atividades profissionais que geram mais acidentes e doenças? Embora a maior parte dos atendimentos médicos esteja sob responsabilidade do Sistema Único de Saúde (SUS), poucos casos são identificados como doenças do trabalho. Isso acontece porque os números oficiais são gerados pela Previdência, que só paga os benefícios para quem tem carteira de trabalho assinada, ou seja, a minoria dos trabalhadores. Portanto, os números reais são maiores do que mostram as estatísticas. Para enfrentar o problema, o Ministério da Saúde está implantando um sistema informatizado de registros de doenças profissionais que devem ser notificadas obrigatoriamente. Assim, será possível saber quais são os maiores riscos à saúde dos trabalhadores em cada região do país e as ações de prevenção que serão mais eficientes. gistrados quase 1 milhão e 900 mil acidentes de trabalho no Brasil? Esses acidentes causaram 15 mil mortes e deixaram cerca de 72 mil trabalhadores incapacitados para sempre. Os números colocam nosso país como um dos campeões mundiais de mortalidade entre trabalhadores. No Brasil, morrem seis vezes mais trabalhadores por acidentes de trabalho que na Finlândia, por exemplo. Para diminuir o tamanho dessa tragédia é que está sendo implantada a Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador. São ações de promoção da saúde, prevenção de acidentes e assistência médica realizadas pelos vários setores do governo que têm relação com o mundo do trabalho. Os principais envolvidos na busca de solução para o problema são os ministérios do Trabalho, da Previdência e da Saúde. ■ Que quando a doença ou acidente forem decorrentes do trabalho, o trabalhador e sua família devem ser informados sobre o problema? Também devem saber quais são os procedimentos a serem adotados para a recuperação do trabalhador. A orientação deve partir do médico ou da equipe de saúde que o atender. Os profissionais da saúde devem assegurar que o paciente seja afastado do trabalho durante o tempo que for preciso e estabelecer o tratamento adequado. A CAT, a Comunicação de Acidente de Trabalho, deve ser feita pela empresa, pelo próprio acidentado, algum dependente ou pelo médico que o atendeu, e encaminhada à Previdência Social para que o trabalhador receba seus benefícios. É também o médico que vai preencher o laudo e notificar a autoridade sanitária, para que haja a vigilância sanitária. A Delegacia Regional do Trabalho e o sindicato da categoria a que o trabalhador pertence também devem ser comunicados. Para falar com a COSAT – Área Técnica de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde: (61) 3213.8469/8389 | [email protected] Visite o portal do Ministério da Saúde: www.saude.gov.br Saúde do Trabalhador para a Imprensa Sindical INFORME 10 A retomada do crescimento e a Saúde D ados do Ministério da Saúde indicam que no Brasil, entre 1999 e 2003, ocorreram 1.875.190 acidentes de trabalho, dos quais 15.293 resultaram em morte e 72.020, em incapacidade permanente. A situação é greve, mas pode piorar. Com a retomada do crescimento econômico, proposta do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) o país terá a difícil tarefa de enfrentar o aumento no número de acidentes e de pessoas que perderão suas vidas no trabalho. A previsão é do economista Marcio Pochmann, da Unicamp. Segundo ele, o crescimento econômico se dará com as micros e pequenas empresas, onde as condições de trabalho são piores. “Hoje, as regiões que mais crescem são a Norte e a Centro-Oeste, onde a cultura da prevenção é menor, além da baixa representação sindical, e pouca fiscalização”, afirma o economista. Quando se decide onde e como as empresas vão funcionar, e que tipo de produção será priorizada, define-se também a saúde da população como um todo e, em particular, a saúde dos trabalhadores. Há hoje no país inúmeros exemplos de processos produtivos prejudiciais à saúde de quem produz e de quem consome. Um exemplo são as caixas d’água fabricadas com fibras de amianto. A opção de produzir um produto com um material que é cancerígeno, mas rentável porque é mais barato, acarreta uma série de riscos em cadeia. Pode adoecer devido a exposição ao amianto o trabalhador da mina de extração, o trabalhador da indústria onde são produzidas as caixas d’água, o trabalhador que vai vender esse produto, e o consumidor que vai adquiri-lo. É quase certo que em nenhuma dessas situações a pessoa saiba do perigo a que está exposta. VOCÊ SABIA ? ■ Que na Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador, três ministérios têm papel de destaque: Saúde, Previdência e Trabalho? É ele que planeja e executa o Programa de Alimentação do Trabalhador e a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho, além de fiscalizar os ambientes de trabalho, através das Delegacias Regionais. Outra responsabilidade do Ministério do Trabalho é a formulação das Normas Regulamentadoras (NR), que estabelecem as regras que as empresas devem seguir para prevenir doenças e acidentes. Hoje existem 32 Normas Regulamentadoras. O Ministério também fiscaliza se as empresas estão respeitando esses regulamentos. ■ Que cuidar da Saúde do Trabalhador, prevenindo acidentes e doenças, além de evitar sofrimento e dor, tam- bém faz bem aos cofres públicos? Em 2003, a Previdência pagou cerca de 8 bilhões e 200 milhões de reais em benefícios e aposentadorias causados por acidentes e doenças do trabalho. Isso só com o pagamento direto para os segurados. Mas a conta é bem maior. Cada real gasto com o pagamento de benefícios previdenciários, custa para a sociedade outros quatro reais. Somados os gastos com saúde, horas de trabalho perdidas, reabilitação profissional, custos administrativos, o valor chega a quase 33 bilhões por ano! Por isso, a atenção com a Saúde do Trabalhador deve ser prioridade de todos: governo, empresários, sindicatos e trabalhadores. ■ Que para atender as necessidades de proteção e assistência à Saúde do Trabalhador, o Sistema Único de Saúde (SUS) está fortalecendo em todo o Brasil a Renast – Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador? A Renast é formada por unidades de saúde especializadas chamadas Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerests). Uma das atribuições da Renast é criar condições para a troca de informações e experiências entre os vários Cerests. Através da Renast, os serviços de saúde do SUS – unidades de saúde, hospitais e pronto socorros – devem ser estimulados a atuar em sintonia com as diretrizes da Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador. Para isso, é importante a participação de todos os trabalhadores, nos seus sindicatos, nas associações de moradores ou nos conselhos de saúde, municipais, estaduais ou nacional. Afinal, Saúde do Trabalhador não se faz sem o trabalhador. Para falar com a COSAT – Área Técnica de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde: (61) 3315 2610 / [email protected] Visite o portal do Ministério da Saúde: www.saude.gov.br Saúde do Trabalhador para a Imprensa Sindical INFORME 11 Os direitos previdenciários e a Saúde A Previdência Social é responsável pelo pagamento do salário para o contribuinte que se aposenta por tempo de serviço, doenças ou acidentes causados pelo trabalho. Também é a Previdência que paga o benefício para uma pessoa afastada temporariamente do serviço por uma doença ou acidente que pode ser relacionado ao trabalho ou não. Existem os benefícios acidentários, o acidente de qualquer natureza, e o acidente de trabalho, que pode ser típico, o trabalhador tem a mão decepada por uma serra, por exemplo, ou doença relacionada ao trabalho, LER/Dort (Lesões por Esforços Repetitivos ou Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho), que incapacita aos poucos. Essas doenças dão direito ao benefício por acidente de trabalho. O trabalhador, muitas vezes, não sente a diferença quando recebe um ou outro auxílio, porque a fórmula de cálculo é a mesma. A diferença é que com o benefício acidentário, o trabalhador tem estabilidade no emprego e o FGTS continua sendo depositado. Os trabalhadores não formalizados não têm direito aos benefícios, apenas o empregado que tem carteira assinada, o trabalhador avulso, e o trabalhador rural. Para solicitar o auxílio, o trabalhador precisa do atestado médico. Com o requerimento de benefício, a medicina pericial do INSS vai avaliar se há ou não a incapacidade; se ela é temporária ou permanente e se é ou não decorrente do trabalho. O NTEP (lei 11.430, de 26 de dezembro de 2006) é um dos critérios de concessão de benefício acidentário para os segurados que estão incapacitados para o trabalho por doença estatisticamente freqüente em seu ramo econômico. O trabalhador não precisa apresentar a CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho), tem sua estabilidade no emprego garantida por um ano, assim como o depósito do FGTS. A implementação do NTEP é fruto da 3ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador, realizada e Brasília, em novembro de 2005, quando a medida foi amplamente discutida. VOCÊ SABIA ? ■ Que a Saúde do Trabalhador faz parte do Sistema Único de Saúde? Ela garante que todos os trabalhadores que se acidentam ou ficam doentes por conta de suas atividades profissionais recebam o tratamento necessário. E no SUS não existe diferença. Tanto faz se a pessoa possui carteira assinada ou não, todos têm garantido o direito à saúde. Além de universal, o SUS também oferece atendimento integral, desde a prevenção até o fornecimento dos remédios necessários. Busca ainda a equidade, ou seja, reconhece que situações especiais precisam de respostas diferenciadas. Outra característica do SUS é a descentralização. Cada cidade define a melhor forma de praticar as ações de saúde e a população tem espaço garantido na fiscalização do uso dos recursos com poder, inclusive, para indicar quais são as prioridades na sua região. Esse é o chamado Controle Social, um dos pilares do SUS. ■ Que cerca de 83 milhões de bra- sileiros trabalham, segundo O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)? Cuidar da saúde dessa população é uma das atribuições do Sistema Único de Saúde, através da área de Saúde do Trabalhador, responsável pela proteção e também pela assistência médica aos trabalhadores. Para saber quais são os maiores riscos à saúde dessa população, o governo federal vem investindo na melhoria do sistema de informação. O objetivo é ajudar os profissionais da saúde a planejar as ações de prevenção em cada região do Brasil. O nome do novo sistema é Sinan Net que, além de registrar os acidentes, possui uma relação de doenças que devem ser notificadas obrigatoriamente. A partir da implementação do sistema vai ser possível saber de forma mais precisa a quantidade de casos relacionados às condições inadequadas nos ambientes de trabalho. ■ Que os índices que medem a qua- lidade da saúde dos brasileiros melhoraram depois da implantação do SUS - Sistema Único de Saúde? Claro, ainda existe muita coisa por fazer, mas o aumento da expectativa de vida e a diminuição da mortalidade materna e infantil são dois aspectos importantes nessa nova realidade. Uma área que tem merecido do governo atenção especial e que precisa evoluir é a da Saúde do Trabalhador. Por isso, está sendo elaborada a Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador que prevê a implementação de ações simultâneas, entre elas, a criação de um banco de dados com informações atualizadas sobre ocorrência de doenças e acidentes de trabalho, capacitação dos profissionais de saúde, articulação dos setores do governo que têm relação com o mundo do trabalho, e formação de uma rede nacional de Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerests). Para falar com a COSAT – Área Técnica de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde: (61) 3315 2610 / [email protected] Visite o portal do Ministério da Saúde: www.saude.gov.br