AS ÁREAS MANIFESTADAS DO QRST 217 AS ÁREAS MANIFESTAS DO QRST DO ELETROCARDIOGRAMA PRECORDIAL DE CRIANÇAS NORMAIS AUGUSTO MASCARENHAS* JOÃO BAPTISTA FERNANDES Em ocasiões anteriores 6,7, um de nós tem chamado a atenção para a necessidade de uma interpretação mais correta das ondas T, o que pode ser fàcilmente feito pelo estudo das áreas manifestas do QRST das derivações precordiais. O estudo dessas áreas é, no momento, o meio mais fácil de se conseguir, na prática, diferenciar as anomalias secundárias (dependentes do QRS) e primárias de T (independentes do QRS), principalmente em presença de QRS anômalos. Isso decorre do fato de as derivações precordiais manterem relações espaciais muito favoráveis, sofrendo apenas influências desprezíveis com a rotação do coração em tôrno do seu eixo anatômico, e A. P, ao contrário do que ocorre com as derivações clássicos. Duas circunstâncias impõem restrições a essa opinião: as derivações precordiais são pouco sensíveis às alterações ocorridas na parede posterior do ventrículo esquerdo e, nas crianças, as ondas T, assim como as áreas manifestas do QRST (M), podem ser negativas, normalmente de V , a V No entanto, já 1 4 tivemos oportunidade 8 de apresentar exemplos que demonstram ser o estudo das áreas de QRST (M), em determinadas ocasiões, mais útil que o estudo do gradiente ventricular, no diagnóstico das alterações de T , em eletrocardiogramas de crianças. Êsse fato justifica o conhecimento estatístico do M do eletrocardiograma infantil. MATERIAL E MÉTODOS No presente estudo foram utilizados os eletrocardiogramas de crianças normais já empregados em trabalho anteriores. Fizemos as medições, pelo método descrito por Ashman 1, das áreas de QRST de tôdas as derivações precordiais em trinta traçados, observando os cuidados necessários. As crianças tinham idades variando entre 5 e 15 anos, com média de 10,6 anos. * Assistente voluntário da Clínica Propedêutica Médica da Escola Paulista de Medicina (Prof. Jairo Ramos). 218 ARQUIVOS BRASILEIROS DE CARDIOLOGIA RESULTADOS O M em crianças pode apresentar dois tipos perfeitamente diferentes: pode apresentar-se de maneira semelhante à do adulto, com M a M positivos, ou com a forma peculiar à infância, isto é, negativo 2 6 nas primeiras derivações à direita. Entre êsses dois tipos, surgem os intermediários. Nos limites das idades por nós estudadas, o tipo adulto é muito mais freqüente, sendo sua ocorrência, relativamente ao tipo infantil, de 4:1. Essa mesma relação existe com os tipos intermediários. E’ de se presumir que, em crianças mais jovens, a relação se modifique substancialmente, uma vez que existe nítida correlação negativa entre a idade das crianças e a freqüência com que aparecem ondas T negativas nas derivações precordiais 9 . Quando o eletrocardiograma precordial de crianças exibe o tipo de adulto, pode estender-se ao estudo de M o já observado nos adultos. O M é positivo de V em diante, observando-se nítida correlação negativa 2 entre as áreas de QRS e T em V , de tal modo que, quanto mais negativas 2 fôrem as áreas do QRS, maiores serão as áreas abarcadas pelas ondas T, conservando, assim, o M positivo. A mais significativa diferença está 2 nos limites máximos de M a M , habitualmente 2 5 menores em crianças, principalmente em M , Em M , as áreas atingem 2 5 limites máximos muito aproximados do adulto; em V , êsses valores são 6 idênticos, tendo sido encontradas, em uma criança, áreas que ultrapassavam em amplitude a maior medida obtida em 30 adultos sadios (28,8 u.A. para 25,3 u.A., em adulto). Realmente, em qualquer que seja o tipo do eletrocardiograma precordial em criança, os limites de M , e 5 M pouco diferem daqueles do adulto. 6 Quando o eletrocardiograma precordial assume o aspecto infantil, o M pode ser negativo até V . O menor valor por nós encontrado foi M 4 =0. E’ óbvio, entretanto, que em crianças de menor idade, M possa ser 4 4 negativo. E’ muito duvidoso que M possa tornar-se negativo, mesmo 5 em crianças de tenra idade, talvez com exceção de recém-nascidos e lactentes. A nossa experiência nos autoriza a pensar que isso não ocorre a partir dos cinco anos ou, no caso de ocorrer, seja fato extremamente raro. Em ocasiões, pode-se observar, em condições normais, M de menor ou maior amplitude em uma determinada derivação precordial do que nas adjacentes à direita e esquerda. Em um caso foram observadas áreas de QRST em V , medindo +2,9 u.A., em V , 0,0 u.A. e, em V 1 2 , +10,4 u.A. Êsse tipo de modificação constitui exceção. 3 Habitualmente, o M cresce à medida que o eletródio é deslocado para a AS ÁREAS MANIFESTADAS DO QRST 219 esquerda, atingindo o seu máximo em V e V , mais comumente em 5 6 V , e menos vêzes em V . O aumento progressivo de â, se bem 4 3 não seja constante, é mais regularmente observado em crianças que em adultos. Como não existe nenhum critério que nos permita prever quando, em determinada criança, aparecerão derivações precordiais do tipo adulto ou infantil, é óbvio que a utilidade prática do conhecimento dos limites normais de M se restringe a V e, principalmente, V . P o d e s e r f e i t a e x c e ç ã o p a r a o s c a s o s n5o s q u a i s d o i s o u m a i6s eletrocardiogramas são obtidos, exibindo modificações evidentes de M em uma ou mais derivações, em relação ao primeiro traçado, como é o caso apresentado em artigo anterior 8 . O conhecimento do modo como se comporta o M de V a V tem, no entanto, 1 4 interêsse teórico, como veremos adiante. Os limites encontrados foram os seguintes: QRST em V ,: os 1 valores máximos e mínimos encontrados foram, respectivamente, de +5,3 e -16,6 u.A., para a média de -3,7±0,56 e desvio- padrão de 4,78. Êsses números mostram que em crianças M varia menos 1 que em adulto, conservando-se mais persistentemente negativa, mesmo quando o eletrocardiograma apresenta o aspecto geral próprio do adulto, uma vez que o valor médio não se modifica significativamente e o desvio-padrão é bem menor nas crianças. Os adultos apresentam média de -3,1 u.A. para um desvio- padrão de 9,23. Já em V a variabilidade é muito maior que nos adultos, uma 2 vez que, nesses, o mínimo valor encontrado foi de +4,8 u.A., enquanto que as crianças apresentaram valores mínimos de -13,2 u.A. e máximos de +15,9 u.A., com valor médio de +3,0±1,02 u.A. Como os desvios-padrão de adultos e crianças pouco diferem (8,86 e 8,36, respectivamente), pode-se induzir que quando essas últimas apresentam. eletrocardiogramas precordiais do tipo de adulto, M conserva maior constância nos seus valores positivos. 2 Constatação semelhante pode ser feita em relação a M . Os valores 3 observados para as áreas de QRST em V foram: máximo de +23,3 3 u.A., mínimo de -9,2, com média de +10,0±1,21 u.A. e desviopadrão de 4,78. Em M , êsses caracteres gerais ainda se mantêm. 4 Os valores encontrados foram: máximo de +34,5 u.A., mínimo de 0,0 u.A., para valor médio +18,7±1,21 u.A. e desvio-padrão de 9,89. Em V e V , a comparação das áreas manifestas de QRST de 5 6 adultos e crianças mostra semelhança muito grande, não havendo indícios de que haja, realmente, diferença importante entre elas, salvo o fato de terem sido encontradas áreas maiores em adultos. Aparen- 220 ARQUIVOS BRASILEIROS DE CARDIOLOGIA temente, êsse último achado é eventual, como pode ser visto pela comparação dos valores obtidos. Assim, em relação a M , obtivemos 5 os valores seguintes: adultos - máximo = +41,9 u.A.; mínimo – 7,9 u.A.; -média = +19,6±1,06 u.A.; D.P. = 8,66; crianças - máximo = +32,3 u.A.; mínimo = 4-7,4 u.A.; média = +19,2±0,84 u.A.; D.P. 6,90. Em relação a M , obtivemos os valores: adultos - máximo 6 +25,3 u.A.; mínimo +7,8 u.A.; média +15,1±0,05; D.P. 4,60; crianças - máximo +28,8 u.A.; mínimo +7,3 u.A.; média +15,2±0,65; D.P. 5,31. Fora a discrepância dos valores máximos observados, os mínimos e os médios são muito semelhantes. A diferença das médias é menor que os êrros prováveis das mesmas, não tendo, pois, significação estatística. A semelhança dêsses resultados entre adultos e criança autoriza a opinião de que o estudo das áreas manifestas de QRS em V e V , no eletrocardiograma infantil, presta-se perfeitamente bem ao 5 6 diagnóstico das alterações das ondas T. A observação de número razoável de eletrocardiogramas, fora os estudados aqui, apoia também essa opinião. SIGNIFICADO DAS ONDAS T INVERTIDAS DO ELETROCARDIOGRAMA PRÉ-CORDIAL DE CRIANÇAS NORMAIS As áreas manifestas de QRST, em uma dada derivação precordial, têm significação semelhante à do gradiente ventricular de Wilson 12 nas derivações clássicas. Umas e outro seriam igual a zero, no caso de que o caminho seguido no músculo cardíaco pela despolarização fôsse semelhante àquele seguido pela repolarização. Como em condições normais isso não acontece, as medições do gradiente e das áreas manifestas de QRST em V e V dão como resultado um número positivo 5 6 que, òbviamente, crescerá proporcionalmente à diferença de caminho percorrido pelas ondas de despolarização e repolarização. No caso particular das áreas manifestas de QRST e devido à proximidade mantida pelo eletródio com o ventrículo esquerdo, êsse influencia predominantemente o traçado. Inversamente, em V e V , a ativação do 1 2 ventrículo direito ou septo, mais provàvelmente de ambos, é a maior responsável pela natureza do traçado obtido.Como M pode ser negativo em crianças de V a V (nessa última quando o QRS apresenta o tipo 1 4 próprio do ventrículo direito, nS), é óbvio que se deve entender que a repolarização do endocárdio do ventrículo direito, septo ou ambos, é tão ou mais rápida que a do epicárdio, ao contrário do que ocorreria no ventrículo esquerdo. Pelo que sabemos, no momento ainda não existem dados experimentais em número suficiente para se avaliar exatamente a responsa- AS ÁREAS MANIFESTADAS DO QRST 221 bilidade do septo na determinação do valor das áreas manifestas de QRST, nas derivações precordiais à direita. Há fatos 10 que sugerem, pelo menos em cães, a existência de um gradiente na parte lateral direita do septo, assim como na parede do V.D. Isso determinaria, sem dúvida, a positividade das ondas T nas derivações precordiais de cães, comparáveis ao V obtido 2 em homens. Nesses cães, as ondas T na cavidade ventricular direita são positivas, quer quando são obtidas com tórax fechado, quer com tórax aberto e epicárdio aquecido em sôro fisiológico morno. Negativam-se apenas pelo resfriamento do epicárdio em contato com o ar ambiente; nessa última situação, invertem-se também as ondas T das derivações obtidas no epicárdio do V.D., na zona superficial que corresponde à inserção do músculo papilar anterior. Êsse local dá origem a QRS comparáveis às derivações precordiais direitas em cães e homens, sendo uma região na qual o músculo ventricular é muito fino, presumìvelmente influenciando pouco no conjunto do traçado. Êsses fatos, aliados ao tipo de modificações das áreas de QRST nas extra-sístoles experimentais 10, sugerem que a responsabilidade do septo, em cães, no que se refere às áreas manifestas de QRST nas derivações precordiais à direita, é provàvelmente maior do que aquela do V.D. Nos homens adultos, a situação é diferente. Enquanto as ondas T das derivações endocárdicas do V.D. são francamente negativas, no precórdio, à mesma altura do eletródio endocárdico, elas apresentam-se positivas e amplas 5. E’ provável, então, que o gradiente da parede do ventrículo direito seja o maior responsável pelo M persistentemente positivo em homens. 2 A ação do septo não seria desprezível. Nos estudos dos eixos espaciais, a hipótese de que o septo, no que se refere ao gradiente ventricular, funciona como parede do ventrículo esquerdo se coaduna bem com os fatos. De outro lado, o estudo das modificações das áreas de QRST das derivações precordiais de homens, em casos de extra-sístoles ventriculares e bloqueios de ramo 10, sugere que a ação do septo não pode ser desprezada, sendo provável a existência, também em homens, de um certo gradiente na parte lateral direita do mesmo. Admitindo-se a hipótese provável de que o gradiente ventricular, no homem, decorre da maior pressão a que se submete o endocárdio em relação ao epicárdio 2, seria de se esperar um gradiente na parede direita do septo, uma vez que a pressão intraventricular esquerda é cêrca de 3 vêzes maior que a direita 4 . Na discussão da origem das áreas manifestas de QRST negativas nas derivações precordiais à direita, em crianças normais, poderiam ser envolvidos outros fatos, como por exemplo a relação entre a espessura absoluta do músculo e a grandeza dessas áreas, relações não esclarecidas até o momento. No entanto, são encontradas áreas de QRST negativas em V e V em rapazes de 14 a 15 anos, pelo me2 3 222 ARQUIVOS BRASILEIROS DE CARDIOLOGIA nos, com desenvolvimento corporal bem próximo do adulto, o que, simplifica o problema. O material conveniente para servir de base a uma dissertação sôbre essa espécie seria a obtenção e estudo sistemático de derivações endocárdicas simultâneas com pré-cordiais, em crianças normais com áreas de QRST negativas em V e V . No entanto, o 2 3 estudo do gradiente ventricular em crianças pode esclarecer alguma coisa. Poderemos estabelecer duas hipóteses, pelo menos, e ver qual delas melhor se coaduna com os fatos. Poderíamos imaginar: 1) uma repolarização septal diferente daquela do adulto; 2) as peculiaridades de repolarização se dariam no ventrículo direito. No primeiro caso, seria lícito se esperar moderada, porém, evidente rotação do gradiente ventricular, nas crianças que apresentassem áreas de QRST negativas nas derivações precordiais à direita. As peculiaridades de repolarização do septo influenciam muito nas áreas de QRST das derivações precordiais, e mais moderadamente, porém de modo evidente, nas clássicas, como se pode induzir do estudo das extra-sístoles e bloqueios de ramo em cães e homens 10 . Não há motivo para que se espere o mesmo em presença de modificações do caminho seguido pela repolarização no ventrículo direito. Não só êsse é menos espêsso que o septo como, pela sua posição anatômica, dá origem a F.E.M. que se projeta muito anteriormente, influenciando pouco um traçado obtido no plano frontal. Para esclarecer qual dessas duas hipóteses seria a mais correta, uma comparação estatística da posição do gradiente ventricular de crianças, com arcas de QRST das derivações pré-cordiais do tipo adulto e do tipo infantil, só seria válida se dispuséssemos de séries relativamente grandes, o que não era o caso. Um outro meio poderia ser empregado. O método sugerido por Ashman 3 para o cálculo do gradiente esperado baseia-se na hipótese de que existe um ângulo espacial fixo entre os eixos médios espaciais de QRS e gradiente (30 o), assim como entre êsse último e o eixo anatômico projetado no plano frontal (60 o). No caso da repolarização septal, em crianças, caminhar da esquerda para a direita, podemos esperar que o gradiente espacial se projete mais para a esquerda e um pouco para trás em outras palavras, que a angulação prevista por Ashman entre os vários eixos elétricos médios espaciais seria uma precária aproximação no que se refere às crianças exibindo áreas manifestas de QRST negativas nas derivações pré-cordiais à direita. E’ óbvio que, nessas circunstâncias, uma vez utilizado o esquema de Ashman para o cálculo do “gradiente esperado”, deveria haver certa concomitância com desvios do gradiente ventricular para a esquerda da sua posição esperada e áreas manifestas de QRST negativas, nas derivações precordiais à direita. Êsse fato não é observado. Como já tem sido referido 3 e 8, o gradiente ventricular em crianças normais mostra tendência a se desviar para a esquerda da sua posição esperada, porém, essa tendência não mostra relação com o aparecimento de áreas de QRST AS ÁREAS MANIFESTADAS DO QRST 223 negativas em derivações pré-cordiais e sim com a pequena grandeza de QRST (AQRS). Os maiores desvios de G para a esquerda de sua posição esperada em 48 crianças normais 8 correspondiam sempre a grandezas AQRS muito pequenas (menos de 2 u.A.), aparecendo indiferentemente em crianças que exibiam derivações precordiais do tipo adulto ou do tipo infantil. Sem dúvida, a rotação horária do coração em tôrno do eixo anatômico, mais comum em crianças que em adultos, facilita também êsse desvio. Ainda está sujeito a discussão o motivo da pequena grandeza AQRS em crianças. Apesar de ser sugestiva a explicação dêsse fato pela menor duração do QRS em crianças 3 , não está fora de cogitação uma possível projeção mais posterior do eixo médio espacial de QRS (SAQRS). Os traçados apresentados pelo Dr. Kneese de Mello 11 sugerem uma projeção muito posterior de SAQRS em recém-nascidos, com a condição de admitir-se a validade do triângulo de Einthoven, em indivíduos de tórax tão pequeno. O fato parece não depender de uma eventual impropriedade do esquema de Einthoven, uma vez que o ECG se modifica muito precocemente em relação ao desenvolvimento corporal dos recém-nascidos e lactentes 11. A pequena grandeza AQRS, em crianças maiores, poderia eventualmente depender, pelo menos parcialmente, da persistência de um “reliquat” das peculiaridades de excitação, que parecem existir no coração das crianças, nas primeiras semanas da vida. CONCLUSÕES Os fatos enumerados sugerem que: 1) Em crianças entre as idades de 5 e 15 anos, as áreas manifestas de QRST de V e V prestam-se bem à análise das alterações primárias e 5 6 secundárias das ondas T. Em determinadas circunstâncias, o estudo dessas áreas dá melhores informações que o gradiente ventricular de Wilson, principalmente em virtude da sua menor dependência das rotações do coração. 2) Em crianças entre as idades de 5 e 15 anos, as áreas manifestas de QRST em V e V apresentam valores comparáveis aos dos adultos. Não 5 6 foram encontradas diferenças com significação estatística. 3) Aparentemente, as ondas T e áreas manifestas de QRST negativas nas derivações precordiais à direita, em crianças, dependem do fato de a repolarização, no ventrículo direito, fazer-se do endo para o epicárdio. E’ menos provável a intervenção de peculiaridades de repolarização do septo. 4) Não há evidência de que os fatôres que determinam a negatividade das áreas manifestas de QRST nas derivações precordiais à direita influenciem sensìvelmente a direção do gradiente ventricular. 224 ARQUIVOS BRASILEIROS DE CARDIOLOGIA O maior deslocamento dêsse para a esquerda da posição esperada, em relação ao adulto, parece depender da pequena grandeza do eixo médio manifesto de QRS, observada em criança. SUMMARY AND CONCLUSIONS The authors described the manifest areas of QRST in the precordial electrocardiograms (V) of 30 normal children, between the ages of 5 and 15. After describing the type of modifications that affect the manifest areas of QRST when the electrode is displaced from right to left of the esternum of normal children, they wish to call attention to the fact of the manifest areas of QRST, V and V , being very useful 5 6 for the diagnosis of the primary and secondary changes in the T wave. Occasionally these areas make the alterations of T wave evident, more precociously than the ventricular gradient, even in children. This is due to the fact of these areas presenting magnitudes after five years of age sensibly equal to the adults (+7 u.A., magnitude minimum), besides the precordial electrocardiograms being less influenced than the classical, in relation to the rotation of the heart about its axes. The authors, based in statistical and experimental studies, discuss the origin of negative T waves of the precordial electrocardiograms of children. They have concluded that it is more likely that these depend on the repolarization of the endocardium being more or less i as rapid as the epicardium of the right ventricle. There is no evidence of great influence of the septum. Apparently the manifest areas of QRST in the precordial electrocardiograms of children have no influence on the position of the ventricular gradient. The greatest displacement of the gradient to the left of the theorical position observed in children, should be attributed to the small magnitude of the manifest medial axis of QRS (AQRS). BIBLIOGRAFIA 1. 2. 3. 4. Ashman, R., Byer, E. - The normal ventricular gradient. I. Am. Heart. J. 25:16, 1943. Ashman, R., Hull, E. - Essentials of electrocardiography. The Macmillan Company, New York, 1944. Ashman, R. - A statistical study of the ventricular gradient and of the QRS complex of the electrocardiogram. Arch. Inst. Cardiol. México, 15:266, 1945. Foá, C. - Aparelhos cardiovascular e linfático. Cia. Editora Nacional, São Paulo, 1942. AS ÁREAS MANIFESTADAS DO QRST 5. 225 Kossmann, C. E.; Berger, A. R.; Brumlik, J. e Briller, S. A. - An analysis of causes of right axis deviation based partly on endocardial potentials of the hypertrophied right ventricle. Am. Heart. J., 35:309, 1948. 6. Mascarenhas, A.; Landulfo, J. - A áreas manifestas de QRST. I. Arch. Inst. Cardiol. 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