Perspectivismo nietzschiano e sua aplicação no ensino tecnológico

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O perspectivismo nietzschiano
e sua aplicação no ensino
tecnológico
Mauro Araujo de Sousa
Docente titular da Faculdade Cásper Líbero, professor, do Centro Universitário da Fundação Santo André/SP e
da Faculdade de Tecnologia de Mauá. Doutor em filosofia pela PUC/SP.
O presente artigo apresenta uma abordagem sobre a importância da formação integral do estudante
no ensino técnico e tecnológico e o quanto a filosofia se revela imprescindível para isso. Também explica a diferença entre o pernicioso tecnicismo e a tecnologia, já que não são poucos os que na sociedade confundem a tecnologia, da boa formação, com o tecnicismo, da péssima formação esfacelada
e com uma visão equivocada de mercado. Apresenta o perspectivismo do filósofo alemão Nietzsche
como propulsor da viabilidade de uma paideia na formação técnica e tecnológica, para a formação
do estudante cidadão e crítico, para além, simplesmente, de uma mão de obra.
Palavras-chave: Paideia. Técnica e Tecnologia. Ensino tecnológico. Perspectivismo.
Nietzschean perspectivism and its
application in technological education
Perpectivismo nietzscheano y su aplicación en la educación tecnológica El
the present article approaches the importance of the fully
objetivo de ese artículo es considerar el cuánto el pers-
comprehensive education of students both in technical and
pectivismo de Nietzsche, bien como su procedimiento
technological schooling and how vitally philosophy is in order
genealógico, presentan condiciones de formar una base
to achieve such a level of education. In this article there is also
de alianza perspectivista de una metodología de espec-
an explanation referring to the difference between pernicious
tro interdisciplinar entre comunicación, educación y
technicality and technology, as not few people in society
lenguaje. Aun el cuánto, en medio a ese entrelazamien-
mistake technology, the one based on good education and
to, se presenta cuestión mayor que envuelve un proyec-
training, for technicality based on shattered poor training and
to de cambio en el ámbito dos valores, incluyendo en
a misguided view of the market. Nietzsche’s perspectivism
este trabajo el tema principal de la filosof ía de Nietzs-
is also presented as the propelling force of the viability of a
che que es el de la transvaloración de todos los valores,
paideia, in order to go beyond the idea of simply creating
de viés, por lo tanto, por un recorte ético de profunda
workforce in the technical and technological education, but
transformación para las áreas da comunicación, de la
rather to educate students which are argumentative and
educación y del lenguaje en general.
aware of their roles as citizens
Palabras-clave: perspectivismo, genealogía, interdisciplin-
Key-words: Paideia. Technique and Technology. Technologi-
aridad, comunicación, educación.
cal Education. Perspectivism.
O perspectivismo nietzschiano e sua aplicação no ensino tecnológico
Introdução
O ensino tecnológico tem sido um grande avanço em termos de educação no país,
entretanto tanto o ensino técnico como o superior tecnológico, e em geral, deixam a
desejar em termos de uma formação mais integral, em que o técnico ou o tecnólogo
tenha, também, a possibilidade de uma preparação melhor para a vida, já que essa não
se reduz às questões profissionais, ainda que, em boa parte, a vida de muitas pessoas
aconteça em ambientes de trabalho. Trata-se, nessa formação, de uma questão de cidadania, de qualidade de vida, do desenvolvimento com ênfase em uma formação filosófica, em que a própria questão de método não mais seria apenas uma formação para
obter conhecimentos aquém da pluralidade do conhecimento humano, da formação
propriamente dita mais ampla, irrestrita e com o fito humanizador, expressão essa problemática, sendo um forte sinal de que a sociedade esvaziou o sentido do viver humano,
daí ter-se que falar em “humanizar”.
Não é difícil perceber, para além de tudo isso, que o sistema educacional técnico e
tecnológico apresenta aos docentes e discentes uma base para se estruturar o ensino de forma pouco crítica e muito fragmentada. Não é uma “educação em rede” e nem
mesmo um processo. Outrossim, parece mais algo feito de partes desconexas,
com pouquíssimo ou raro contato entre as disciplinas. Uma espécie de formação que,
em partes, supre o mercado enquanto, inclusive, educação- mercadoria. Ora, o
mercado não deve ser o escopo maior de qualquer processo educacional. A vida como
algo maior é que deve ser o referencial para tudo e, em especial, a vida humana. Quem
sabe, não seja por isso que tanto se toca no assunto da ética e sustentabilidade, sinal, na
realidade, de muita falta de ética e do uso de práticas insustentáveis, não coadunadas
com a qualidade de vida perseguida pelo humano há muito tempo.
Diante desse desafio, o texto aqui exposto propõe um viés interessante da filosofia de Nietzsche, que pode colaborar bastante para uma formação mais ampla das
pessoas, uma educação para a abertura de visão, de novas perspectivas, com tudo que
essas pessoas se relacionam e, particularmente, do relacionamento entre pessoas
também. Ora, o mundo “corre atrás” de “objetividade”, porém o que tem conseguido,
de fato, é torna-se superficial e, principalmente, em termos do respeito à vida e da boa
convivência entre as pessoas. Um mundo, de modo geral, com uma péssima formação
para a cidadania, já que os casos de falta de sensibilidade para com as questões sociais
beiram, particularmente em países emergentes como o Brasil, à irresponsabilidade.
Em variados níveis beiram à desumanização. E, nesse contexto, o perigo é o ensino
técnico e tecnológico serem colocados a serviço dessa desumanização, prestando, dessa
maneira, um desserviço para todos na sociedade.
A criação de pessoas com visão míope, com uma formação esfacelada,
controladoras em excesso ou desleixadas ao máximo, com perspectivas rasas, pessoas,
bem ao fundo, infelizes, é algo estampado nos rostos que andam, anônimos, pelas
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ruas das cidades. Isso remete ao perfil de uma sociedade violenta, de um ponto de vista,
e de uma sociedade apática de outro... Ou com oscilações que beiram à neurose, à
psicopatia e coisas desse gênero. O que existe é uma sociedade doente, mal educada; e, por conta de uma formação empobrecida e esquartejada, sem fundamentações
filosóficas para que a vida se transforme no mais importante, em que a vida se torne,
não como mera retórica, mas verdadeiramente, um referencial para a criação de novos
valores, de valores que propiciem ao humano uma renovação. De tal modo que
novas auroras possam surgir com mais vitalidade e com vistas ao desenvolvimento do
humano em suas múltiplas possibilidades de fazer-se autêntica e não, meramente, parte
de um grande rebanho, como diria Nietzsche.
Toda educação, e sendo assim, a educação técnica e tecnológica, está inserida na
convivência com as diferenças, no respeito ao direito de todas as pessoas e no compromisso do cidadão consigo e com os outros. É preciso mira para a qualidade de vida.
A necessidade de uma Paideia
A formação integral é a formação humana por excelência, e, nesse viés, é de suma
importância que se invista em tal formação. O ensino tecnológico, não raras vezes, deixa a formação humana em segundo plano e, quando não, desconsidera-a totalmente,
caso de muitos cursos técnicos, por exemplo. Na realidade, esse nem é o ensino que
muitos entendem como sendo oriundo da tecnologia, até porque o próprio conceito
de tecnologia é mal compreendido na sociedade. O ensino técnico e tecnológico não
pode ser confundido com o ensino tecnicista, esse, sim, um tipo de ensino em que a
marca é a fragmentação do conhecimento e a falta de consideração para com a
formação humana e cidadã.
Como se não bastasse essa falha na formação devido à ênfase tecnicista do ensino
técnico e tecnológico, distorcendo o sentido maior desses dois últimos, há outro
problema que tem atrapalhado muitíssimo a atividade docente nas escolas técnicas e
tecnológicas: uma didática sofrível, a qual termina por causar um fastio desnecessário tanto no docente quanto no discente. Contudo, ainda é possível a revisão
de valores nas teorias e práticas educacionais e filosóficas na educação que se preocupa
em profissionalizar os estudantes dos cursos técnicos e tecnológicos. Os desafios já se
fazem presentes e há que se ter coragem e vontade de mudar o que está estabelecido.
A pressa do mercado em querer uma formação profissional rápida compromete uma
formação mais crítica do estudante enquanto pessoa cidadã, cidadão, e, por isso
mesmo, consciente, cidadão ético.
Aliás, a própria ética não é compreendida enquanto filosofia moral, o que indica
o quanto a sociedade está prejudicada na sua formação mais ampla, o que não
significa, de modo algum, formação genérica. Outrossim, trata-se de uma paideia, uma
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formação cultural profunda, bem fundamentada, criativa, crítica e tantas outras qualidades que uma paideia sempre pretende, tendo em vista o bem de cada um, e é claro, do
bem comum, isto é, tais bens não estão dissociados. O bem particular deve associar-se
ao bem comum e o bem comum deve suprir as necessidades de qualidade de vida de
cada um. Um equilíbrio entre individualidade e coletividade de existir. E a paideia enquanto educação e cultura precisa ser levada em consideração pelo ensino técnico e
tecnológico. A própria raiz etimológica mais profunda da palavra cultura remete à
formação humana o refinamento do humano, do próprio cidadão. Um segundo significado de cultura remete ao produto de tal formação, valores cultivados para o bom
e bem viver, tanto no aspecto de uma moral e de uma ética pessoal e de uma moral e de
uma ética social (Abbagnano, 2003, p.225).
Assim, a premência de uma paideia respeitável se faz necessária. Um filósofo que
se preocupou bastante com o estrago que o ensino tecnicista já fazia em seu contexto histórico (século XIX, na Alemanha) foi Nietzsche, tanto que escreveu um texto
em que aponta esse problema. Mas não somente, porque aponta também a solução:
uma formação de cunho filosófico, já que a filosofia é a base para todo o conhecimento,
algo que, ainda em nossos dias, não tem sido levado a sério como deveria ser. Em muitas
escolas, seja de ensino básico ou superior, a filosofia passa ao largo e, quando está presente, é pela via indireta, em outras disciplinas dentro apenas de alguns cursos, o que
revela o desprezo pela formação integral que a filosofia pode proporcionar. É necessário que haja interesse dos responsáveis pela educação no país (em especial os governos)
pelos planos políticos pedagógicos, pelos planos pedagógicos de cursos e daí em diante.
O escrito em que Nietzsche critica o tecnicismo, o excesso do modo como
o mercado pressiona as escolas, a questão mesma da transformação do humano em
coisa, em mercadoria, é o texto Sobre o futuro dos nossos estabelecimentos de ensino.
É triste se ver, ainda atualmente, o quanto alguns desprezam o ensino filosófico, a
didática e a própria pedagogia na formação integral do cidadão. Talvez esse desprezo
tenha contribuído para a formação de pessoas que, depois, precisam, paradoxalmente,
serem “humanizadas”, termo esse muito estranho, pois equivale a dizer que é preciso
“humanizar o humano”; tão ridículo quanto dizer: “vamos animalizar os animais”.
Se o termo humanizar tornou-se usual é porque a sociedade não está bem. É sinal de progresso de um lado e ignorância de outro. O grande objetivo da educação é preparar a
pessoa para vida pessoal e social, para a dignidade de vida com qualidade de vida e não
educá-la para a submissão e para uma transformação do humano em coisa, em produto.
Tecnicismo, técnica e tecnologia – diferenças
Filosoficamente o tecnicismo forma apenas a “mão de obra”, porém em detrimento da formação humana. O objetivo é transformar a pessoa apenas em mão de obra
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pseudo-qualificada, já que não está qualificada, sequer, para as boas relações humanas
e éticas. E o interessante é que o próprio mercado, cada vez mais, exige pessoas que
saibam trabalhar em equipe, que zelem pelo bem comum, que tenham consciência sobre o que é uma vida sustentável e tudo o que disso deriva. Isso mostra o quanto há
disparidades, incongruências entre o mercado e uma paideia, de fato, mais integral, em
que determinados valores possam possibilitar a formação de pessoas compromissadas
com a vida no planeta.
A melhor maneira para se explicar o que é tecnicismo é ver o seu contrário e o que
isso ocasiona. Um modo para isso é entender a questão pela Filosofia da Tecnologia, como é possível de se perceber na seguinte citação:
A Sociedade para a Filosofia da Tecnologia foi fundada em 1976, milhares de
anos após o início da filosofia, mais de três séculos após o início do exame intensivo
da natureza do conhecimento científico e cerca de um século após os primórdios
da filosofia sistemática da ciência. Não apenas a filosofia da tecnologia tardou
em chegar à maioria, como o próprio campo não se encontra consolidado, ainda
hoje. Um dos problemas é que a filosofia da tecnologia envolve a interação íntima de
vários campos de conhecimento:
filosofia da ciência, filosofia política e social,
ética e um pouco de estética e filosofia da religião. Os especialistas em ética e
filosofia política raramente envolveram-se profundamente com a filosofia da ciência e
vice-versa. Além disso, a filosofia da tecnologia idealmente envolve conhecimento
de ciência, tecnologia, sociedade, política, história e antropologia. Um filósofo da
tecnologia, Jacques Ellul, afirma até que, como ninguém pode dominar todos os campos
relevantes, ninguém pode dirigir ou desviar a tecnologia. Os tópicos da filosofia
da tecnologia são variados. (Dusek, 2009, p.10-11).
Essa citação pontual já denota com o que a tecnologia, que é acompanhada da
filosofia, deve estar preocupada. O tecnicismo está na contramão disso. Além de tudo,
a própria origem da palavra técnica já é uma crítica ao tecnicismo. Téchne significa
arte, ter habilidades para suprir as próprias necessidades, incluindo a própria arte de
viver. A técnica, na sua origem, envolve a resposta às necessidades para se sobreviver no
meio em que se está inserido, além do desenvolvimento do bom senso e da percepção
de que todo aprender tem a ver com não separar-se de uma visão maior de conjuntura,
de contexto, não fragmentada, pois é possível se especializar sem, para usar aqui de uma
metáfora, reduzir sua visão de alcance por conta de uma viseira como aquelas que
são colocadas em alguns animais para que concentrem sua atenção mais no que
está à sua frente. Ora, a atenção bem aprendida e desenvolvida não requer a exclusão de olhar melhor ao redor, de libertar-se de perspectivas míopes, empobrecidas,
em nome do “foco”, o qual termina como estreitamento da visão crítica e, no que
se refere ao humano, da aplicação de uma viseira que o torna pior ainda, porque mata
a visão integradora de si e do ambiente que o envolve. Portanto, já que a palavra tem
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origem grega, os gregos procuram ter uma visão melhor e mais ampla para praticarem
o cuidado de si na busca de uma vida mais feliz.
Na raiz grega, da qual muitos filósofos fizeram uso e não cabe aqui ficar citando-os a
todos, a epimeleia (o cuidado de si) é necessária para se alcançar a eudaimonia (felicidade).
Sim, porque é possível que o humano seja mais feliz e que a sociedade seja um lugar de
melhor qualidade de vida, Quem sabe, isso diminuiria, por exemplo, o nível de violência
que impera na atualidade, apesar de tantos avanços ditos científico-tecnológicos.
O logos, outro termo grego que compõe a palavra tecnologia (além da palavra téchne), remete ao significado de “palavra”, mas palavra como uma articulação
dialogal com o meio em que se vive para, de modo inteligente (inteligência em grego é
nous, o qual sempre está associado ao logos), entender-se melhor, entender melhor
o outro, entender melhor o meio ambiente , com o bom senso, que deveria ser a base
de todo tipo de conhecimento. O estabelecimento de um modo de vida proporcionador
de um novo Kosmo (ordem, em grego) em que as pessoas possam viver suas transformações em vista de uma vida mais eudaimônica (Chaui, 2007, p. 493-512). Perceber,
por exemplo, que a relação com a physis (natureza em sentido maior, na origem grega
da palavra; até mesmo no sentido de tudo aquilo que nos envolve, pois a physis é tudo,
como bem afirma Gerd Bornheim (1999, p.7-18) é algo de vital, e, por isso, é importante
que seja uma relação salutar, de respeito, de qualidade. Sem isso, não há como ter uma
vida mais feliz. Felicidade aqui não significa outra coisa do que um estar bem consigo mesmo e com a realidade que o envolve.
É desse modo que juntando téchne com logos obtém-se mais que uma palavra,
obtém-se um conceito de tecnologia que vai muito adiante do empobrecimento que o
conceito tem sofrido e, principalmente, por conta do viés tecnicista e por conta de se
considerar tecnologia apenas como tecnologia de equipamentos, pois a de equipamentos é apenas um ponto dentro do conceito maior de tecnologia. Justamente por
isso que cultura também é tecnologia, e, dentro de cultura, linguagem é tecnologia
e assim sucessivamente. É preciso um resgate do rico conceito de tecnologia.
Sobre a didática
Tratando de técnica e tecnologia não se pode deixar de lado a didática enquanto
parte importantíssima da formação humana. A didática é mais do que simplesmente o
modo de se lecionar conteúdos. Hoje, nas escolas, é muito comum se ouvir dizer: “Tal
professor não tem didática”, até por aqueles que não entendem nada sobre didática.
Nesse caso, é preciso que se esclareça, ao menos para que, aos poucos, o princípio de
didática como parte do processo de formação integral do humano seja compreendida
como tal e tanto pelos estudantes quanto pelos professores.
Para Otto Willman, a didática é uma teoria da aquisição do que possui um valor
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formativo, quer dizer, a teoria da formação humana.
Posteriormente, diferentes autores têm oferecido sua definição de didática,
como, por exemplo, Titone, Stöcker, Nerici, Mattos, Fernández Huerta, Ferrández,
Gimeno, Pérez, Plá etc. Em resumo, no mapa das definições, predominam os seguintes qualificativos:
a. A didática é: ciência; teoria; tecnologia; técnica; arte.
b. O conteúdo semântico da didática é: ensino; aprendizagem; instrução; comunicação de
conhecimentos; sistema de comunicação; processos de ensino e aprendizagem.
c. A finalidade da didática é: formação; instrução; instrução formativa; desenvolvimento
das faculdades; criação de cultura.
d. O conteúdo semântico da didática é: ensino; aprendizagem; instrução; comunicação de
conhecimentos; sistema de comunicação; processos de ensino e aprendizagem.
e. A finalidade da didática é: formação; instrução; instrução formativa; desenvolvimento
das faculdades; criação de cultura. (Fazenda, 1998, p.82-84).
Ivani Fazenda tem razão em reforçar os significados mais profundos do conceito
de didática em sua pesquisa, buscando outros estudiosos do assunto para balizar o
tema. Parece haver confusão quanto ao significado do próprio termo, o que implica no
seguinte: entender mal termina em não exercer bem a didática. Paideia, essa formação
cultural crítica e ampla (é bom também repetir que não é formação generalizadora, já
que não são poucos os que pensam dessa forma nada alentadora para quem tem em
vista uma educação transformadora e formadora do cidadão consciente, ético, crítico) carrega no seu bojo a didática, pois do contrário não haveria formação alguma,
como é possível notar na citação supramencionada.
O ensino profissionalizante há muito precisa de mudanças e mudanças que o
“humanizem” mais, de modo que se alguém ainda achar que isso não procede, será um
sinal mais forte ainda de que há urgência com relação à “humanização” do ensino
profissionalizante, tendo em vista que ela saia da esfera pequena e medíocre do tecnicismo que vem assolando um país que tem muito para oferecer, o Brasil.
E de modo mais explícito com relação à origem da palavra didática, é bom enfatizá- la como na citação a seguir:
É necessário voltar às raízes, à origem da didática. A etimologia sempre tem
uma considerável dose de sentido. E ainda que, nesse caso, a evolução do significado
tenha sido grande, é positivo não perder de vista as origens.
A palavra “didática” provém do grego. Deriva do verbo didasko, que significa “ensinar,
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instruir, expor claramente, demonstrar”.
O “didático” era, primeiramente, um subgênero da epopeia grega junto com o heróico
e o histórico. Os poemas didáticos
Os trabalhos e os dias, de Hesíodo, e sua Teogonia são exemplos típicos da epopeia
didática grega. Vejamos outros termos da mesma língua:
Didaktikós: apto para a docência. Didaktiké: ensinando.
Didaskalía: ensino, com uma acepção dupla no campo do ensino e do teatro.
O termo didactika é o nominativo e acusativo plural, neutro, do adjetivo
didaktikós.
Derivado do verbo didasko (ensinar, ensino), que significa literalmente o relativo
ao ensino, a atividade instrutiva. Portanto, de acordo com essa acepção, poder-seia definir a didática como a ciência ou a arte do ensino. ( Fazenda, 1998, p.80-81).
Didática como tecnologia, levando em consideração todo um trabalho filológico
do termo tecnologia, como já fora abordado, ainda que de forma resumida, já que se
trata da apresentação de um artigo, o que indica que é algo para ser continuado em
termos de estudos, de pesquisa filosófica, científico-tecnológica. É tempo para se parar
com a formação fragmentada que o tecnicismo oferece e que os tecnicistas insistem
em afirmar como “ensino profissionalizante”. Ora, um ensino assim não deveria
dissociar a prática profissional do seu viés de pesquisa praxiológica, como acontece de
fato, o que leva o intitulado “ensino profissionalizante” a uma aberração, o de formar
para o mercado e não para a vida, o que inclui saber lidar com o mercado. Veja-se bem:
não se trata de excluir o mercado. Seria estultícia. Todavia é necessário um saber lidar
com o mercado, de modo que o humano não se torne simplesmente objeto de sua própria criação, como tem acontecido em várias áreas invadidas pelo tecnicismo. Noutras
palavras, o tecnicismo destruiu a educação no Brasil, e não somente, como já visto. No
fundo, faltaram os ensinos técnico e tecnológico de fato, substituídos pelo tecnicismo.
O resultado é péssimo e, para isso, basta que se observe o quanto miséria e violência
caminham lado a lado com o que é chamado de progresso.
E onde entra a formação filosófica nessas questões?
Mesmo que o objetivo aqui não seja a abordagem de uma graduação de filosofia,
é interessante saber o que o próprio MEC sugere uma formação filosófica para todos. A
partir disso é possível, mesmo para quem nunca teve formação filosófica, ter uma ideia
do que se trata, quando se menciona a inclusão de uma formação mais filosófica em
âmbito geral e dentro de qualquer curso.
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As diretrizes para os cursos de graduação em filosofia do MEC afirmam que a filosofia e seu ensino têm como escopo formar os jovens para terem um “pensamento inovador, crítico e independente” (Diretrizes Curriculares para os Cursos de Graduação
em Filosofia, CNE – Conselho Nacional de Educação, Parecer CNE/CES 492,2001, p.3).
Não somente os jovens precisam da formação em filosofia, se for levada em consideração
que toda formação é continuada e, de certa forma, é para toda a vida. Isso já mostra um
norte da atuação em filosofia. Além disso, consta do item de competências e habilidades
do mesmo documento que toda pessoa que aprende filosofia deve desenvolver sua percepção sócio-histórico-política, sua capacidade hermenêutica das produções filosóficas,
sua interação interdisciplinar, integrando-se, para isso, entre as diversas áreas do conhecimento, exercendo sua cidadania e o respeito a si e ao outro, dentro da tradição de defesa
dos direitos humanos, e, além disso, deve estar atenta à apreensão de novos recursos de
comunicação, como é o caso de recursos da informática, por exemplo.
Como é de se perceber, o exercício da cidadania, o cuidado de si e o respeito ao
outro são bases de toda formação filosófica, seja no próprio curso de filosofia, seja como
disciplina integradora de outros cursos, inclusive de cursos técnicos e de tecnologia,
diminuindo a influência tecnicista advindo de escolas politécnicas do século XIX na
França que, por exemplo, formou o positivismo filosófico, alvo de muitas críticas de
outras tendências filosóficas, já que Augusto Comte terminou por proporcionar o cientificismo, o qual a ciência combate até hoje e veementemente, já que o aliado do cientificismo é o tecnicismo, assim como a filosofia e a ciência se tornam aliadas da tecnologia.
Infelizmente, devido à má formação que tiveram, há muitos profissionais que, em
pleno século XXI, possuem uma mentalidade cientificista e, por tabela, tecnicista.
Como se não bastasse tal influência perniciosa do cientificismo, também há uma
má interpretação da tendência utilitarista, o que leva as pessoas para uma sociedade pragmática no mal sentido do termo, para uma sociedade em que as pessoas são vistas como
objetos e que, assim sendo, podem ser descartadas enquanto tais, o que faz lembrar o
final do poema Eu, etiqueta, de Carlos Drummond de Andrade: “eu sou a coisa coisante.”
O perspectivismo de Nietzsche na educação técnica e
tecnológica
O que é o perspectivismo do filósofo alemão? Trata-se de perceber algo se relacionando com perspectivas diversas até que se forme no observador uma perspectiva mais
rica a respeito de um determinado assunto. Isso amplia a capacidade de visão a respeito do que se pretende abordar. É interessante porque podem ser perspectivas, inclusive, antagônicas. A intenção, também, é obter um alcance de um melhor entendimento
sobre o que se pretende alcançar. O perspectivismo de Nietzsche forma na pessoa que
está observando uma abertura para o diferente. Não é necessário abrir mão da própria
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perspectiva, a não ser que seja algo que não se tenha vivenciado, algo advindo de um
relativismo do modo: “já que tudo é relativo, nada serve”. A perspectiva de alguém,
por exemplo, sobre sua vida não deve ser nada relativa, nada “tagarela”, como afirma
o próprio filósofo. Ter uma perspectiva de vida é possuir um ponto de vista sobre a
mesma que não é relativo como um “nada serve”. É algo a que se dá muito valor e, sendo
dessa maneira, é algo muito importante para a pessoa. Isso não significa, todavia, que
ela não deva comparar sua perspectiva com outras, que ela não possa mudar de perspectiva ou, mesmo, que não deva compartilhar sua visão de mundo, sua cosmologia.
O interessante também é que o perspectivismo de Nietzsche pode se transformar
em método ou se tornar um procedimento genealógico, isto é, da busca de cada valor do
que existe em sua origem avaliativa (como algo foi avaliado para que se tornasse um valor),
em um método perspectivista. Segundo o filósofo, é possível uma maior “precisão” sobre
aquilo que alguém busca perceber melhor. Por isso, ele utiliza a palavra “objetividade”
entre aspas, porque sempre questiona a objetividade que se costuma alegar sobre isso
ou aquilo, assim como o seu entendimento de sujeito não é nada convencional. Para ele,
o “sujeito” não é outra coisa senão um conglomerado de forças, de energias. O “sujeito”
é uma pluralidade que se pensa enquanto “indivíduo”, mas, ao contrário disso, é um dividuum, não é unidade - “indivíduo”, mas uma pluralidade que se relaciona e que muitos
tentam unificar, como se fosse possível. É a ilusão de que são indivíduos (Nietzsche, JGB/
BM, 1998, p. 25). Nietzsche é o filósofo da diversidade, da pluralidade, do múltiplo. Daí
seu perspectivismo ser o referencial deste texto.
Em um tempo em que se fala tanto de respeitar as diferenças, muitas de suas teorias
podem auxiliar as pessoas a verem as coisas de outro modo, porém não sem crítica, pois o
filósofo é altamente questionador de valores que, no fundo, escravizam as pessoas.
Na sua obra Genealogia da moral: uma polêmica, Nietzsche esclarece como determinados valores se cristalizaram na sociedade ocidental e como as pessoas aceitaram tais valores sem maiores questionamentos, como se os mesmos tivessem “caído do
céu”. Daí a importância do seu procedimento genealógico, porque leva as pessoas a entenderem que há sempre uma base avaliativa geradora de tais valores e de tantos outros.
Devemos afinal, como homens do conhecimento, ser gratos a tais resolutas inversões
das perspectivas e valores costumeiras, com que o espírito, de modo aparentemente
sacrílego e inútil, enfureceu-se consigo mesmo por tanto tempo: ver assim diferente,
querer ver assim diferente, é uma grande disciplina e preparação do intelecto para a sua
futura “objetividade” – a qual não é entendida como “observação desinteressada” (um
absurdo sem sentido), mas como a faculdade de ter seu pró e seu contra sob controle e
deles poder dispor: de modo a saber utilizar em prol do conhecimento a diversidade de
perspectivas e interpretações afetivas (Nietzsche, GM/GM, 2002, p.108-109).
Não há nada desinteressado em termos de observação. Há sempre que existir um
interesse, pois ninguém faz alguma ação por nada. Seja por necessidade ou alguma ou-
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tra coisa, mas não por nada. Por outro viés, não se trata de interesses escusos ou motivados por lucro. E como o filósofo mesmo enfatiza, é questão de fazer isso em favor
do conhecimento, usar a diversidade para se conhecer melhor e conhecer melhor o
mundo ao redor. Além disso, é fundamental a importância que ele dá ao afetivo, porque
para ele as interpretações são movidas por afetividade. A questão instintiva, emocional,
“fala alto”, ainda que muitos não percebam ou nem se importem com isso.
Bem, e em se considerando a perspectiva educacional, o perspectivismo deveria
ser imprescindível nessa formação. Como paideia, como formação enquanto se vive,
para ir além da própria miopia gnosiológica, o perspectivismo se transforma,
juntamente com o procedimento genealógico, em um método nietzschiano. Isso
tudo, para a educação, é algo a ser levado em consideração. É preciso fazer a revisão de
certos valores, de certos pontos de vista. Sem isso, qualquer tentativa de mudança seria
apenas enganar a si próprio, em primeiro lugar. E, certamente, na educação profissionalizante isso não é diferente. A educação em técnica e tecnologia também necessita, e muito, do perspectivismo. É uma questão de percepção, de saber sentir, enxergar.
Isso evitaria problemas, ou, ao menos, combateria esses problemas, os quais o
filósofo descreve em um dos seus escritos de seu segundo período de produção, ainda
que o foco aqui seja o de uma obra do terceiro período, período no qual expõe os principais conceitos de sua filosofia, também intitulado por muitos estudiosos como
período da maturidade filosófica do filósofo alemão. O escrito referido é do segundo
período e já foi mencionado mais no início deste artigo: Sobre o futuro dos nossos estabelecimentos de ensino1.
Na terceira conferência desse texto ele critica o avanço a qualquer preço, o culto
idolátrico a ciência (aqui cabe o cientificismo), o egoísmo do mercado e um Estado que
visa formar mão de obra para esse tipo de mercado. Esse texto pode ser completado
com outro do mesmo autor: Schopenhauer educador2. É nesse viés que Nietzsche aponta para três tipos de egoísmo que se congregam entre si para fortalecer a propagação de
uma “cultura mercantil”. De modo algum ele é contrário ao bom senso, ele é contrário
ao excesso de mercado e, não por acaso, dispara que não se deve permitir uma formação em que o nível de cultura vá além vá além do interesse geral do comércio mundial.
Assim, a questão posta aqui é a de repensar qual é o papel mesmo da educação, da pedagogia e, enfim, de educação técnica e tecnológica, e, em relação a essas duas últimas,
1. Ver todas as conferências ministradas pelo filósofo e que estão nesse texto, o que mostra que
Nietzsche nunca abandonou sua inclinação pedagógica. Ele faz uma crítica à mediocridade e
barbárie daquilo que, costumeiramente, é denominado de modernidade. Enfim, critica toda cultura
ligada à economia no sentido de ser demasiadamente utilitarista, imediatista e de atrelar a pedagogia a esse
processo de mercantilização da cultura.
2. Em especial, no §6 do texto Schopenhauer educador, Nietzsche trata do egoísmo das “classes
comerciantes”, do quanto mais “cultura” para o consumo, melhor. Na realidade, questiona o
consumismo desenfreado e a ideia de quanto mais lucro, mais felicidade. Uma situação que faz do próprio
humano uma “moeda corrente”.
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O perspectivismo nietzschiano e sua aplicação no ensino tecnológico
que devem ser bem diferentes da educação cientificista – tecnicista, sendo essa última
uma educação que não prepara para a cidadania, para a vida, que não prepara para uma
autêntica personalidade, mas que “forma” pessoas que tem um “preço”. Certamente a
crítica é forte. Por outro lado, é algo que leva todos os envolvidos em uma educação para
a cidadania de fato para uma profissionalização que não queira apenas formar “mão de
obra para o excesso de mercado”. Que seja uma formação para o bom senso, em que as
pessoas reflitam a respeito das políticas públicas educacionais assim como sobre a própria formação docente e discente. Além disso, Nietzsche também combate a frieza e a
pobreza de sentimentos em nome de uma razão instrumental, uma razão cientificista-tecnicista. E Nietzsche não é contra o disciplinamento, é contra a manipulação e a
criação de “rebanhos”.
Desse modo, com quantos mais olhares, com quantos mais pontos de vista, perspectivas, esse assunto da formação puder ser avaliado, melhor. Esse é desafio que um
filósofo do século XIX propôs para a Alemanha, pois ele enxergava o quanto o povo
alemão poderia ser instrumentalizado se não se tomasse um devido cuidado e se não
houvesse um devido respeito ao processo formativo de seus cidadãos.
Parece, destarte, que a crítica do filósofo alemão atravessou séculos e chegou até
o século XXI, século em que muitos ainda pensam de forma reduzida a respeito da
formação integral do humano, relegando-o a mera ferramenta disso ou daquilo, não
levando em consideração que a vida, o respeito à vida, é que deve ser o referencial para
tudo, inclusive para uma paideia que supere a visão cientificista-tecnicista que impera
em muitas sociedades espalhadas pelo planeta.
Considerações finais
O grande mérito de Nietzsche está no alerta que ele emite desde o século XIX
sobre questões que são vivenciadas até os dias atuais. Além disso, sua visão sobre
educação enquanto formação integral, e não aos pedaços, enquanto formação para a
vida, é algo insuperável, pois, de outra monta, seria como não dar importância à própria
existência e, principalmente, à humana. É importante também que o filósofo tenha sido
professor durante, pelo menos, dez anos, o que no Brasil equivaleria ao ensino básico e
superior. Essa sua experiência como professor faz toda a diferença no que tange à
sua propriedade intelectual para tratar sobre educação e formação no geral, ainda que,
na época, ele tenha lecionado na Universidade da Basileia e nas diversas instâncias educacionais, como é de se notar.
Não bastasse sua acuidade no quesito pedagógico, Nietzsche era filólogo e
procurava buscar o significado das coisas na raiz. Levou isso para a sua atuação enquanto
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filósofo. E quando escreveu sobre o perspectivismo, sobre o procedimento genealógico,
deixou uma marca na sociedade, uma marca de novas possibilidades de se lidar com
conceitos, de se questionar métodos e de se ampliar a visão filosófica, científica e da
tecnologia. Por isso, sua crítica ao cientificismo, sua crítica ao tecnicismo, não é qualquer
crítica porque procede de uma vivência profunda com respeito a esses assuntos.
E o quanto o perspectivismo pode auxiliar em novas reflexões, com o levantamento de novas perspectivas para os rumos da educação técnica e tecnológica é, praticamente, um marco metodológico entre todos os interessados em irem para além
daquilo que é comum para a maioria inerte e alienada de uma população que, ao que
parece, não está apta para exercer criticamente sua cidadania, o que questiona os
tipos de formação que esses cidadãos recebem nas esferas em que são “formados”.
Além disso, é interessante que o Estado, o mercado e a ciência possam refletir
sobre suas ações na Educação, do contrário, particularmente para todos os brasileiros, este país corre o risco de reforçar a mediocridade instalada na sociedade tecnicista em geral, uma sociedade violenta e uma sociedade em que muitas pessoas não
enxergam perspectivas boas em relação ao futuro.
Referências
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4.ed.2.tiragem. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
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2.ed. rev. e ampl. 7.reimp. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
DUSEK, V. Filosofia da tecnologia. Trad. Luiz Carlos Borges. São Paulo: Loyola, 2009.
FAZENDA, I. (org.). Didática e interdisciplinaridade. 13.ed. São Paulo: Papirus, 1998
(Coleção práxis).
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes
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Serviço Social, Comunicação Social, Ciências Sociais, Letras, Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia. PARECER CNE/CES 492/2001.
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NIETZSCHE, F. W. Escritos sobre educação. Trad., apresentação e notas de Noéli
Correia de Melo Sobrinho. Rio de Janeiro: PUC/RJ; São Paulo: Loyola, 2003.
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O perspectivismo nietzschiano e sua aplicação no ensino tecnológico
(Nesta seleção encontram-se as conferências: Sobre o futuro dos nossos estabelecimentos de ensino e o texto: Schopenhauer educador).
NIETZSCHE, F. W. Genealogia da moral: uma polêmica. Trad. Paulo César de Souza.
4.reimp. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. Abreviatura segundo convenção Colli / Montinari: GM/GM.
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