Na Missão Belém - Missione Belem

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na Missão Belém
Na Missão Belém
Deus é fiel e escreve certo por linhas
tortas, que somos nós. Eis os milagres
que Ele opera em nós e através de nós
A história de Guilherme
ANO 2010
Quando pequeno...
Quando eu tinha 11
anos, a minha casa, era como
se fosse uma delegacia,
porque meu pai era polícia
do tempo da Força da
República e o meu avô
participou da Revolução de
39, então era tudo polícia.
Só prestava quem era
polícia, em casa era regime
Guilherme: “Deus me mudou de pés à cabeça. Eu, um
militar. Eu acordava às cinco criminoso; uma pessoa drogada, jogada na rua que ninguém
horas, começava a carpir e dava valor, tornei-me ministro da Eucaristia e agora cuido
às seis horas tomava banho, de 50 irmãos que estavam na minha mesma condição”
logo meu pai passava com a rádio-patrulha para nos levar para à escola. Em casa
éramos 6 irmãos; minha mãe e meu pai eram muito novos. Quando meu pai vinha
pedir algo para mim e meu irmão, que tinha 4 anos, já vinha com o revólver na
mão, pois meu avô educou ele assim e falava muito alto e forte como um soldado
no quartel: “Vai logo no mercado, senão vai ficar de castigo!”. Se falava que não...
era um tiro no meio dos pés. Ele me castigava algemando-me a noite intera, junto
com o cachorro (ele, também, do canil da policia). Às vezes me prendia nas celas,
junto com os outros detentos, eu uma criança... filho de delegado!
Quando acabaram com a Força da República, logo veio a Rota e meu pai, como
tinha 36 anos de polícia, foi chamado para ingressar nessa corporação “Rondas
Ostensivas Tobias de Aguiar”. Desse dia em diante, meu pai ficou mais ainda
fora de controle. Chegava em casa, depois de 15 dias trabalhando em São Paulo,
xingando, só falando que qualquer coisa que a gente tinha feito de errado
matava- nos.
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Minha mãe, como todas as mães, contava-lhe tudo e ele nos batia com
o cassetete ou com a coronha do revólver... Minha mãe morreu, quando eu
tinha 14 anos, e eu fui para a rua, pois já não agüentava mais ser tratado como
ladrão, sem ser. Na verdade, eu era o mais rebelde da casa e meu pai sempre
pegava no meu pé.
A fuga para São Paulo com 14 anos
Cheguei em São Paulo, sem rumo, sem conhecer nada e me juntei à
meninada de rua da zona leste. Logo iniciei a usar droga com eles.
Bem cedo, acabei me envolvendo com um “irmão” da região de Capão
Redondo, que vivia matando policia. Pela revolta que eu tinha contra o meu pai,
não me pareceu verdade ingressar nesse grupo. Certa vez me chamaram num
barraco e me fizeram usar muita cocaína, a noite toda e depois me convidaram
a assassinar uma pessoa: era um policial, disfarçado de mendigo, que os
próprios colegas tinham entregado a nós por dinheiro.
Olhei para aquele policial amarrado e vi a cara do meu pai... apertei o
gatilho sem hesitação e ai foi... Depois continuei, sem parar e, naquele morro,
de Jardim Ângela, me tornei muito “respeitado”. O tempo passava, quando
percebi, eu já tinha 19 anos e estava envolvido nas drogas, no crime, em tudo
o que não presta. Mas essa vida não dá futuro para ninguém e todas as portas
se fecharam.
Virei andarilho, morador de rua, e assim acabei na calçada. Como eu
era foragido e procurado, não podia entrar nem nos albergues, nem em muitas
cidades. Então comecei andar nas BR, no trecho Rio/Bahia, fui para o Rio, para
Caçapava, Americana, Poços de Caldas e muitos outros lugares, evitando os em
que eu era procurado. Virei um “lixo” bem grande, sem tomar banho. Então fui
parar em Ribeirão Preto e numa favela de lá arrumei um jeito de ganhar
dinheiro, trabalhando como “segurança” na praça.
Num dia de sábado, quando tinha acabado de entrar numa padaria para
tomar uma cerveja, de repente, chegaram mais de 20 viaturas, cercando a
favela e eu não tinha como fugir. Fui preso e parei na cadeia da Vila Branca.
Ali, fiquei um ano e meio esperando para ser transferido, porque se você fez
um crime no lugar e é preso em outro a justiça não sai do setor com uma
viatura, só para te levar... Só quando aparecer 5 ou mais, para serem
transferidos. Senão, você fica ali esperando e apodrecendo na
Enfim me levaram para São Paulo, para o Carandiru e em 21 de Julho, fui
julgado e condenado a dois anos de cadeia. Somando o ano e meio que já tinha
ficado, deu 3 e meio sem respirar o ar livre.
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O Carandiru foi uma experiência terrível. Conheci o raio das seitas satânicas,
onde os membros se furavam as palmas da mão com ferro quente. Em outros
raios a droga rolava a 3 por 4... Tomei choque, torturas, apanhei tanto...
Quando o pesadelo terminou, sai e disse para mim mesmo: vou parar!
Eu não conhecia a Deus e não sabia que sem a sua força nada é possível.
Sem perceber, escorreguei e logo me encontrei de novo no fundo do poço: na
droga e no crime.
Fugi para Atibaia, depois para Jundiaí e Itatiba. No ultimo assalto fiquei
baleado a uma perna. Jogava álcool nela, mas começou a inflamar. Fiquei
escondido tomando pinga e jogando na ferida, até que um catador de papel me
carregou no seu carrinho, junto ao papelão e me levou a uma casa para o Povo
de Rua, em Itatiba.
Era uma casa de gente maravilhosa, mas tudo me assustava. Eu desconfiava até
da minha própria sombra. Não acreditava que alguém pudesse fazer algo de
graça para um outro ser humano. Grande era a revolta que tinha dentro.
Fiquei nessa casa por alguns dias até que me disseram que devia vir um Padre,
que vivia com o Povo de Rua e tinha casas de acolhida... Eu não acreditava nessa
história, mas pensei :”Vou manguear e vou cair fora...”. Na verdade, não
conseguia ficar parado no mesmo lugar. Sempre tinha pesadelo que a policia me
procurasse de novo.
Enfim o Padre chegou com a Irmã Cacilda. Logo pensei: “Agora vou
arrumar dinheiro!”, mas quando o Sacerdote chegou perto de mim, senti uma
coisa que nunca tinha sentido na minha vida: a confiança, o amor, sem querer
nada em troca. Eu nunca tinha sentido isso e me paralisei, naquela hora. Não
consegui falar nada. Agora eu digo que senti o Amor de Deus, mas naquele
momento estava muito confuso... mal consegui explicar a minha situação, sem
mentir, pela primeira vez. Enfim, o Padre me disse: “Tá bom, meu filho. Amanhã
você vem com a gente! “. Parecia que tinha falado muitas horas com ele. Enfim
fui para o Sitio de Jarinu, onde recebi uma grande acolhida. Também lá,
lembro do Padre, na Triagem. Pedi que abençoasse a minha perna e ficou
melhor. Depois fui fazer o Jé-Shuá e lá consegui ter uma “junção” com Deus,
na adoração durante a Confissão. Eu não conhecia nada, nem sabia o que era
aquela bolinha branca dentro daquela coisa dourada, mas uma Paz, que nunca
tinha sentido, invadiu meu coração. Quando voltei para o sitio, sentia-me leve
como uma pena, parecia que flutuava, tudo era bom para mim. Aprendi a fazer
o Diário espiritual e dei inicio à minha caminhada espiritual.
Foi assim que Jesus me encontrou e me resgatou. Eu nunca vou esquecer
daquele dia que encontrei o Padre e Cacilda, que agora são meu pai e minha
mãe. Deus me mudou dos pés à cabeça. Aonde que um dia eu poderia imaginar
que iria ser renovado assim: eu, um criminoso, uma pessoa que ninguém dava
valor, tornei-me uma “pedra angular”, e agora um Ministro da Eucaristia, uma
ferramenta das mãos de Deus.
Tudo o que passei: cadeia, choque, torturas, rua, drogas, vazio... não é nada
perto do que Deus fez por mim. Hoje, Ele me confia almas, para que eu, um
nada, as leve para o Céus. Só tenho que agradecer.
Sou um milagre de Deus
Deus meu tudo
GUILHERME
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Na Missão Belém
Deus é fiel e escreve certo por linhas
tortas, que somos nós. Eis os milagres
que Ele opera em nós e através de nós
A história de Silviano
Depois veio o Peru e a Colômbia, mas já não era só coisa de marca, foi arma...
Por 6 anos foi beleza, mas chegou o dia que a Polícia Federal bateu na minha porta e
assim conheci como funciona a máquina da corrupção... pagaram R$ 36.000,00 e fique
livre de novo. Esse fato me fez cair na depressão, tudo estava vazio dentro e fora de
mim, comecei a beber mais e mais todos os dias.
Depois de meio ano parado, pensei: vou arrumar um trabalho, se não aqueles policiais
voltam para me encher... Comecei a trabalhar, mais logo sai pois não me controlava
mais na bebida. Fui parar debaixo de uma árvore, bêbado, perdido, sem rumo, no mais
total desânimo.
Por causa da bebida perdi uma linda namorada, passaram a me chamar de “nóia”,
“pinguço”... Vendi um carro sem saber, para mim tinha roubado... não fui receber o
dinheiro. Os meus parentes me abandonaram. Em particular, me doeu muito, uma
minha prima. Crescemos juntos, e ela também me virou as costas.
Cheguei criança em São Paulo, sozinho, do Ceará
A Missão Belém me salvou
Foi uma vida triste pois conheci o mundo das drogas muito cedo e, bem novo, sai de perto
de meus pais. Bebia desde criança. Não tinha muito relacionamento com o meu pai e
chegou o dia que queria matá-lo. Ele havia me pedido um trabalho nas terras dele. Fiz,
mas meu tio mentiu, dizendo que eu tinha feito o trabalho errado e meu pai me colocou de
castigo. Fiquei com tanta raiva que voltei para a roça, destrui a parte do açude que tinha
arrumado, peguei uma arma dele e falei pro meu irmão que iria matá-lo. Ele falou com a
nossa mãe, que chorando me suplicou para ir para São Paulo, junto com a irmã dela e ficar
lá três meses.
Assim aos meus 14 anos iniciei a minha vida, sozinho, passando do Ceará para São Paulo,
era algo grande demais para minha cabeça. Em São Paulo rapidamente conheci o dinheiro.
No Ceará ganhava 16 “cruzeiros” por mês e aqui 80 por semana! Pensei que iria me tornar
rico em pouco tempo.
Deus teve compaixão de mim e através de um amigo cheguei a Missão Belém,
deprimido, revoltado, agitado e decidido a ficar no máximo 15 dias.
Os irmãos falavam: reza que você vai encontrar a calma, mas era difícil para mim.
Finalmente chegou o Jé-Shuá e, para minha surpresa , eu ficava, ficava, os dias
passavam e os meses também... e meu coração mudava. Lembro que um dia, muito
nervoso, estava decidido a ir embora, mais um irmão me chamou para a catequese do
crisma e eu fui. Então entendi como as coisas de Deus iam me acalmando. Entendi que
o terço não era uma “babaquicee” e toda vez que eu rezava, as Ave-Marias tiravam a
minha agitação e ansiedade e me davam paz.
Logo ingressei no contrabando
Depois de 5 meses um rapaz que tinha vindo do Ceará, igual eu, me convidou para
conhecer o Paraguai. Mal sabia que estava me enfiando no mundo escuro do contrabando.
Logo que regressamos, esse meu companheiro sumiu e o pessoal que vendia a mercadoria
de contrabando no centro de São Paulo foi me procurar para eu fazer mais viagens... Eu
me encontrei num redemoinho. Rodava tanto, tanto dinheiro, milhares de dólares. Eu
tinha somente 15 anos, mais aceitei, organizei a viagem. Paguei bem os famosos “laranjas”,
que deviam me ajudar e fui.
Voltei e, com minha surpresa, eles me deram 10% de toda mercadoria. Encontrei-me com
milhares de dólares na mão. Nem eu entendia. Mas a ganância não tem limites. Pensei: vou
fazer outra viagem e vou me tornar rico mesmo. Ainda não sabia que o dinheiro do diabo
não rende: vem fácil e vai embora mais fácil ainda. Com o dinheiro chegaram as festas,
roupa de marca, muita bebida... droga(cocaína), meninas... todos os dias era farra: droga,
sexo, bebida.
Depois do Paraguai, quis conhecer a Bolívia e depois a Argentina, onde pegava tênis
“Nike”, “Fila”...
Nossa Senhora, Mãe Escondida
Depois de 8 meses na Missão Belém, tinha me recuperado totalmente, mas ainda não
tinha muita sintonia com Nossa Senhora, não rejeitava mas me parecia estranho vê-la
com mãe e pedir sua ajuda. Sabia que meu parentes não queriam me ver nem de longe,
em especial essa prima. Por isso quis fazer uma experiência com Nossa Senhora.
Lancei um desafio: “Se minha prima me aceitar, eu vou acreditar de todo coração em
você!”
Assim criei corajem, entrei na loja onde ela trabalhava, a cumprimentei... disse:
“Deixa eu guardar a bolsa no seu carro...” ela me olhou bem fixo e não falava, achava
que estava morto. Depois de um pouco me respondeu: “Quero que você fale com o
meu marido, toma a chave do carro e vai para o meu apartamento, eu vou chegar
daqui a pouco...” Nem eu acreditava que ela havia me perdoado e confiava em mim.
Peguei a chave, entrei no carro e quando estava para dar a partida vi perto do volante
uma imagem de Nossa Senhora! Logo entendi. Respirei fundo e do meu coração saíram
essas palavras: “Agora acredito em você Maria. A partir de hoje vai fazer parte do
meu coração e nunca mais sairá!
Foi Ela que me tirou da lama onde eu estava e me fez nascer de novo. Hoje é a força
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Hoje sou um irmão Missionário
Hoje sou feliz de fazer parte da Missão Belém, dessa maravilhosa história que Maria
iniciou.
Depois de 2 anos de Missão me ofereci para ser um “Irmão Missionário” e fui enviado
para a cidade de Thailândia a 250Km antes de Belém do Pará, para abrir uma nova
casa de acolhida, na beira da floresta Amazônica.
Aqui é tudo novo para mim, não conhecia a violência do Pará. Os primeiros dois que
acolhi com muito amor, me roubaram o celular-radio com o qual podia me comunicar
com outras casas da Missão e agora estou mesmo sozinho, distante 2750Km dos meus
“pais” de São Paulo, mas confiante em Deus.
Os missionários de Belém visitam todo mês a nossa casa, que agora contam com 10
acolhidos.
Estou feliz, mesmo se a nossa casa esta inacabada e não tem energia elétrica. No
meio dessa natureza me encontro com Deus. Agora é o tempo melhor da minha vida,
nunca me senti tão feliz. O tempo da Missão chegou e eu entreguei nas mãos de Deus
o meu futuro.
Silviano, hoje coordenador
da Casa de Thailandia, na
beira da floresta amazônica.
Na Missão Belém
Deus é fiel e escreve certo por linhas
tortas, que somos nós. Eis os milagres
que Ele opera em nós e através de nós
A história do missionário José Carlos
Tenho 35 anos. Nasci em Jundiaí, onde fui também criado. A minha família é muito
simples: pai, mãe, 5 filhos. Sempre me mostraram o caminho certo, mas não quis dar
ouvidos e bem cedo conheci o mundo das drogas e do crime. Só queria saber de ficar
no meio dos meus “amigos”... E minha mãe chorando. Era essa vida louca que eu curtia:
droga, rua, aventuras... O “bar” era a minha Igreja e o vício o meu Deus. Até que
chegou o dia que não tinha mais forças, nem pra roubar, nem pra me alimentar. Os
médicos me diziam: se você não parar você não vai chegar ao fim desse ano. Mais uma
vez não quis escutar e fui me arrastando de um bar para o outro, continuando a me
drogar com os meus amigos. A morte ia chegando e eu nem ligava. Deus me amava
muito, sem eu merecer. Chegou uma noite, que como sempre, eu estava me drogando
com os meus amigos numa biqueira perto de casa. De repente, algo dentro de mim
gritava: “Vai embora, vai embora!” Sem mais nem menos dei “tchau” aos meus amigos
e fui para casa. Antes de entrar, ouvi uns tiros... a minha rodinha de amigos estava
sendo “executada” naquele momento todos morreram. Foi um acerto de contas. Por
um minuto, Deus salvou a minha vida! Fiquei tão chocado que me tranquei no meu
quarto por três dias. Dessa vez aceitei o convite da minha família e fui para a Missão
Belém. Passei todos os 20 dias de triagem muito mal, mas o meu coração gritava: não
quero mais drogas, eu quero é Deus. Aprendi a rezar,senti o gosto do terço, fiz todos
os temas e a catequese. Uma vida nova estava nascendo em mim. Veio forte o desejo
de ser batizado e receber o corpo de Cristo, aprendi a amar meus irmãos. Era tudo
novo. Meu coração explodia de alegria.
Finalmente chegou o dia do meu batismo e o céu se abriu para mim, uma
extraordinária sensação de bem-estar, me sentia leve como uma pena.
A partir daquele momento criei mais forças ainda para caminhar, para ajudar e amar.
Iniciei a servir a casa como monitor e tentava dar o meu maximo para que os irmãos
ficassem e crescessem, descobrissem aquele Deus que eu sentia dentro.
Sem que eu me desse conta, estava nascendo em mim uma “vocação”. Sentia um
grande desejo de fazer a vida dos missionários que visitavam o sítio e davam os
cursos para nós.
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Manifestei esse desejo ao diretor espiritual que me acompanhava e me orientou a
passar 10 dias por mês “no barraco” fazendo em tudo a vida dos missionários.
Depois de um ano vivido assim, o desejo aumentava mais e mais e assim ingressei no
primeiro ano de formação missionária. Quantas coisas aprendi!
Hoje, estou no começo do ano de noviciado e, se Deus quiser, vou professar os votos
no final do ano. Sinto-me imensamente feliz e alegre em ver que também a minha
família esta acompanhando na Igreja Católica.
Quero entregar a minha vida totalmente a Deus que me salvou, tirando-me do poço
escuro onde eu jazia. Desejo ser um instrumento para que Deus possa salvar muitos
outros como fez comigo. Hoje posso dizer que a evangelização é uma questão “de vida
ou morte”, porque se não tivesse encontrado a Missão, hoje estaria dois metros
debaixo da terra, quero gritar, com a minha vida: Só em Jesus se encontra a
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Na Missão Belém
Deus é fiel e escreve certo por linhas
tortas, que somos nós. Eis os milagres
que Ele opera em nós e através de nós
A história de Donizete...
salvação!
Donizetti é o
Coordenador da Casa:
depois de um passado
turbolento, que lhe
valeu 3 cirurgias
graves ao coração,
entregou sua vida à
Nasci no Estado do Paraná e com oito anos de idade vim para São
Paulo (Osasco), ali comecei a trabalhar, pegar firme nos estudos, e a
querer realizar o grande sonho da minha vida que era o de ser um
jogador de futebol.
Cheguei ate fazer teste no “São Paulo futebol clube”, mas depois de
uma fratura desisti do sonho, mas nunca deixei de trabalhar e aos 24
anos de idade já participante da Igreja, conheci uma moça.
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Com ela, comecei a fazer coisas erradas que antes não fazia como
fumar... , porém, não fiquei muito tempo com essa moça. Terminamos;
e comecei outro relacionamento aonde tive um filho chamado Lucas.
Dentro desse relacionamento eu já vivia uma vida de prostituição e
adultério com muitas outras mulheres, inclusive com própria prima
dela. Como eu trabalhava conseguia gastar quase 2.400 reais no final
do mês com prostitutas, nas boates da cidade. Essa era a minha
droga!
Nesse meio tempo iniciou o trabalho na policia militar, buscava ser
justo, mas a equipe em que eu trabalhava me fez conhecer a
corrupção. Recebia propinas dos próprios companheiros de trabalho,
sendo injusto e trabalhando pelo dinheiro.
Mesmo com essa vida conheci a Vanessa, pela qual me apaixonei. No
inicio do nosso relacionamento percebia o quanto ela era
trabalhadora e honesta, no começo era tudo tranqüilo no nosso
namoro, mesmo vivendo fora dos mandamentos de Deus.
Tivemos duas filhas, a Mayara e a Beatriz. Passei com ela quatro anos
da minha vida; me sentia feliz e amado por essa mulher, mas não
sabia como controlar minha “droga afetiva” e sempre acabava traindo
ela com outras mulheres.
Em uma dessas traições fui pular carnaval, só que não esperava ter
sido gravado por uma câmera de televisão, e que justamente nesse
momento a Vanessa estivesse ali assistindo na mesma emissora.
Para mim a noite continuou normalmente, mas quando chegou o outro
dia, logo cedo, cheguei em casa e os visinhos já comentavam que
haviam me visto na TV e com tudo isso acabamos terminando nosso
relacionamento.
Foi um tempo muito difícil para mim, um tempo de lutas e de percas,
sentia no meu coração um grande vazio, mas o redemoinho do vício me
arrastava sempre mais em baixo.
Nesse tempo sofri também um gravíssimo acidente que quase me
custou a morte: a viatura que eu trabalhava capotou, éramos quatro e
eu tive muita sorte de ter sobrevivido, pois fiquei 48 dias na UTI.
Os médicos quiseram até desligar os aparelhos, outros diziam que era
melhor esperar, pois eu estava desacordado.
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Sobrevivi e graças à persistência de um medico, comecei a me
movimentar e a dar sinais de vida, depois de quase dois meses.
Tinha varias fraturas pelo corpo, no braço no joelho, na perna...
Precisei fazer duas cirurgias no coração onde colocaram em mim
uma válvula metálica que ainda carrego
Quando sai do hospital, voltei para a casa dos meus pais, mas quando
me senti melhor voltei para a bagunça e a prostituição, já não tinha
uma pessoa do meu lado e o grande vazio que eu sentia me obrigava
a procurar esse tipo de prazer e a situação na casa dos meus pais
também não era das melhores.
Quando me dei conta disso, o meu pai já estava em cima de uma
cama e quando menos esperei estava nos meus braços, morto!
Foi grande a dor, mas maior foi o vício. Continuei no caminho da
prostituição mesmo com a morte do meu pai.
Seguramente do céu, Ele intercedia por mim: em uma daquelas
noites, sem explicação, me senti sujo, um lixo e comecei a pensar
nas besteiras que estava fazendo, estragando a minha própria vida e
o meu corpo.
Também havia feito mal a muitas mulheres que acabei destruindo
com o sexo descontrolado. Fiquei tão decepcionado comigo mesmo,
que resolvi pedir ajuda em uma casa de “Restauração” chamada:
“Casa Amor”.
Foi mais um tempo difícil que tive que aceitar, pois eu era um
compulsivo por sexo, mais foi ali naquela casa que eu pude encontrar
a verdadeira alegria, CONHECI JESUS DE VERDADE, CONHECI A
ALEGRIA DE AJUDAR OS OUTROS, de doar o que eu tinha de
precioso dentro de mim.
Decidi fazer parte da Missão Belém e hoje cuido de uma casa de
idosos em Bragança paulista e junto com uma equipe, cuidamos de
72 idosos e a maior alegria da minha vida é sentir em cada irmão a
presença do meu Pai. Sem muitos meios cuidamos dos irmãos mais
debilitados, quase terminais, que chegam da rua. Mais de 40
faleceram na nossa casa. Muitos em meus braços. O amor que eu não
soube dar para o meu pai, agora tento dar para eles. Com três
cirurgias no coração, sei que não vou agüentar uma quarta e o tempo
que me resta quero doá-lo a Deus e aos meus irmãos.
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Já faz 4 anos que estou nessa caminhada. Hoje me sinto feliz de
verdade. Diante do Cardeal de São Paulo pronunciei os meus “votoscompromissos” a dedicar a minha vida a Deus para sempre. Amém!
Na Missão Belém
Deus é fiel e escreve certo por linhas
tortas, que somos nós. Eis os milagres
que Ele opera em nós e através de nós
A história de Francisco
Donizete, primeiro a direita está pronunciando os seus “votoscompromissos”, com Eliseu, Jaqueline e Abdias, diante do Cardeal de São
Paulo, se empenhando a servir os pobres na Missão Belém.
A casa de Bragança (70 irmãos doentes terminais ou mentais, cuidados por
20 irmãos de rua em restauração. É o milagre doamor!
Meu nome é Francisco, venho
de uma família
tradicionalmente católica.
Minha mãe é um mulher de
muita oração e dedicada à
família. Tenho 10 irmãos.
Quando pequeno, me lembro
que morávamos todos no interior da Paraíba. Quando eu tinha 10 anos,
viemos todos morar em São Bernardo do Campo, em busca de algo melhor.
Aos 12 anos comecei trabalhar numa industria metalúrgica como ajudante
geral. :Foi aí que conheci as drogas. Comecei a fumar e beber, escondido
de minha família. Fui morar com uma tia, por ela estar mais perto da minha
fábrica, mas na verdade eu tinha vergonha do nosso barraco de maderite,
dentro da favela. Assim, sozinho, conheci mais drogas: maconha, cocaína...
Mas logo chegou a hora de voltar a morar com meus pais, na favela. Não
parei de usar, escondido de meus pais. Fui crescendo naquela vida errada
com um grande ódio, no coração.
Aos 16 anos ingressei no movimento gótico, era uma seita satânica, com a
qual me envolvia mais e mais a cada dia. Dormia em cemitérios, entrava nos
túmulos para ter relações sexuais com meninas dentro dos caixões, violando
assim o solo sagrado. Também entravamos dentro das Igrejas para zombar e
praticar blasfêmias. Se os padres soubessem o que fazíamos, seguramente
cuidariam mais da Santa Eucaristia.
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Meus amigos chegavam a roubar as hóstias, recebendo-as nas mãos e depois
fazia sexo em cima da hóstia consagrada. Não dá nem para lembrar tudo o
que acontecia nessa seita que me envolvia a cada dia mais. Freqüentemente,
nos reuníamos numa casa para usar droga e nos prostituir reciprocamente.
Eu e meus colegas, usávamos roupas escuras, maquiagem escura, como lápis
preto nos olhos e batom preto. Era de verdade uma coisa horrível! Foi assim
até os meus 20 anos.
Me lembro que, um dia, durante uma festa, na casa de um amigo que estava
na rua da Igreja, eu estava drogado e sentado no calçada. Naquele momento
passou um moça que me disse: “Jesus te ama!” Eu pouco entendi, mas algo
entrou no meu coração. Era um aviso do céu. De repente explodiu uma briga
na festa. Todo mundo estava louco. Um jovem apontou uma arma contra mim
e disse que iria me matar. Eu abaixei a cabeça e, nessa hora me lembrei de
Deus. Sentia que eram os meus últimos momentos de vida. Mas quando
levantei a cabeça, ele tinha ido embora. Eu não sei de nada, mas a menina,
que estava do meu lado, disse que as últimas palavras dele foram: “Seu anjo
é maior que o meu!”. A partir desse momento, a minha vida começou a mudar.
Com muito custo, aquela moça que me disse: “Jesus te ama!” começou a
me levar para a Igreja. Comecei a conhecer o grupo da paróquia, que era da
Renovação Carismática. Não consegui entender como se divertiam sem usar
drogas!
Fui conhecendo e me apaixonando sempre mais, mas não podia sair dos
góticos porque estava ameaçado.
Na minha grande confusão, fui me envolvendo com uma outra menina e ela
acabou ficando grávida e fomos morar junto, mas a minha vida “louca”
continuou. Não durou muito: depois de três anos nos separamos. Fui morar
sozinho e aquela moça sempre me convidando, sem cansar. Eu também, dessa
vez buscava algo mais
sério. Participei de um
retiro de jovens e me
apaixonei por Deus! Eu
não conhecia nada dele,
mas, dessa vez com
coragem, me afastei dos
góticos e iniciei a
freqüência assídua às
Missas, até decidi não
estudar por dois anos por
não encontrar mais esses
colegas que me
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Fiz a Catequese para a Primeira Comunhão e o Crisma. Lutava com todas as
minhas forças, mas ainda não conseguia me libertar das drogas. Devagar, porém,
iniciei a amar mais a minha família, ficar mais em casa, sorrir mais. Fui me
envolvendo sempre mais na Igreja, até me libertar totalmente. Cheguei a
coordenar um grupo de jovens.
Sentia que tudo isso ainda não bastava. Nós que conhecemos a vida errada,
sempre buscamos coisas fortes que nos envolvam totalmente.
Com um grupo de amigos, iniciamos a evangelizar as prostitutas e os
homossexuais de São Bernardo, Santo André, Diadema... Depois de pouco,
conhecemos a Missão Belém e sentimos que Deus nos chamava ao mesmo carisma,
por isso unimos os nossos caminhos.
Deus me chamou a fazer uma experiência profunda de formação dentro dessa
comunidade por dois anos. Foi fantástico: sentir Deus no pobre, no irmão de rua,
nos mais lascados, naquele que ninguém quer. Antes sentia nojo e dificuldade com
esses irmãos, mas agora os abraço, os beijo, sinto que são verdadeiros irmãos.
Na comunidade, Deus me curou de toda raiva, ódio e inveja. De jovens que fazia
rituais satânicos, me tornei adorador do Corpo e Sangue de Cristo. Todo dia
fazíamos 2 ou 3 horas de adoração! Era a minha maior alegria. Tornei-me
Ministro da Eucaristia.
Depois desse tempo, tive claro que o meu chamado era de leigo comprometido
no mundo, ativo e missionário, ligado à comunidade, mas no mundo. Na Missão
Belém, falamos “Raio de luz”. Sai, portanto da Comunidade de vida e iniciei uma
experiência com uma moça, muito boa, que se chama Aline e, se Deus quiser, o
próximo ano iremos casar. Assumi plenamente a minha filha, sentia que esse era
o meu chamado. Como podia cuidar dos meninos de rua, quando a minha filha
arriscava de se tornar um deles. Era necessária a minha presença de pai.
Aqui, em São Bernardo formamos uma equipe de Jé-Shuá (retiro querigmático
para jovens). Com a namorada que Deus me deu, nos sentimos muito unidos
nessa missão e nos jogamos, de corpo e alma, na evangelização e na
formação dos jovens da nossa paróquia e de outros lugares. Por exemplo,
nesse mês, vamos fazer um Jé-Shuá em Pindamoiangaba (SP).
Aqui em São Bernardo animamos cerca de 130 jovens divididos em 6 grupos (a
lógica do Jé-Shuá é se multiplicar a cada 4-5 meses). O trabalho é tanto e a
alegria de trabalhar na vinha do Senhor ainda maior!
Aline é, na minha vida, um grande presente de Deus porque me dá força e me
anima nos momentos mais difíceis. Ela estuda teologia e me ajuda muito. Deus
abençoou o nosso trabalho porque nasceram dentro dos nossos grupos 4 vocações
à Vida consagrada dentro da Missão Belém.
Se Deus quiser, o próximo ano, eu e Aline vamos casar. É maravilhoso trabalhar
na Vinha do Senhor, no lugar que Ele nos confiou!
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Na Missão Belém
Deus é fiel e escreve certo por linhas
tortas, que somos nós. Eis os milagres
que Ele opera em nós e através de nós.
A história de Miguel de Oliveira Filho
“Cheguei a beber álcool do tanque de um carro, hoje Deus sacia a minha sede
e me satisfaz totalmente!”
Nasci em Campo Limpo Paulista, cidade do interior de São Paulo, fui criado numa
fazenda, onde vivi até os meus 13 anos de idade.
Com o progresso meu pai decidiu morar mais perto da cidade, juntou suas economias, com a ajuda de minha mãe e comprou um terreno no Bairro Parque Internacional (Campo Limpo-São Paulo). Logo tive que trabalhar para ajudar em casa.
No começo era meio “caipira”, não conversava com quase ninguém, depois fui me
soltando. Logo comecei a namorar, sair de final de semana. O tempo foi passando
eu me firmei no meu serviço, virei ajudante de padeiro, permaneci nesse serviço
cinco anos. Nesse meio tempo meu pai faleceu. Teve câncer na garganta.
Infelizmente fumava dois maços de cigarro por dia e isso acelerou a doença.
Eu tinha quase dezoito anos. A princípio não fumava e nem bebia, mas com a morte do meu pai, senti muito, então comecei a beber mais do que devia, virou um
vício.
Ajudava minha mãe, mas já não era como antes, sentia que algo me faltava e fui
me afundando na bebida, ao ponto de ir deixando aos poucos minhas responsabilidades de filho e de funcionário. Não demorou muito e fui mandado embora. Na
época já tinha 21 anos e por causa da bebida não conseguia parar em serviço
nenhum. Só fazia bico, “ora aqui, ora ali”.
Foi quando minha mãe se amigou com um homem chamado Aparecido, muito trabalhador e honesto, que trabalhava num depósito de material de construção e
me arrumou um serviço de ajudante de caminhão, mesmo bebendo, consegui ficar bastante tempo nesse depósito.
Com 30 anos me amiguei com uma mulher com a qual vivi durante dois anos, enquanto eu tinha dinheiro, pois quando o dinheiro foi acabando, foi “acabando”
também seu amor para comigo. Aos poucos fui bebendo cada vez mais.
Minha família já não queria nem saber de mim, fiquei sozinho, bebendo dia e noite, na rua.
Miguel, numa das casas por ele coordenadas, em Bragança, com os doentes e os velhinhos
acolhidos, em 2008: “náufrago salvando náufrago!”. É o lema da Missão Belém
Um certo dia andando no bairro, vi uma oficina e resolvi entrar. Qual não foi a
minha surpresa?! Quando eu vi, estava lá o Luizinho, um antigo conhecido que na
época que eu trabalhava no depósito, sempre levava areia lá. Como ele já me
conhecia pedi que me arrumasse um serviço. Eu estava bem acabado devido ao
uso do álcool e vendo a minha situação disse que só seria possível me ajudar se
eu me comprometesse a parar com o vício. De imediato me comprometi a parar,
afinal precisava de ajuda e queria mudar de vida.
Comecei a trabalhar com ele e dormir na oficina. Consegui ficar uma semana
sem beber. Fui aprendendo durante esta semana, a lavar motor, desmontar...
mas precisava de bem mais que um trabalho para me levantar. Era tudo uma
ilusão. Uma noite fiz uma experiência que nunca tinha feito: com uma mangueira
puxei de dentro do tanque de um carro (Puma) álcool e misturei com água... Daí
em diante foi assim toda noite. Eu me reduzi a um “carro” que só funciona a
álcool!
Tudo tem seu fim. Depois de uma semana que o carro estava encostado para
conserto o dono veio buscar. O motor tinha voltado da retífica, tudo certo para
funcionar, mas quando foram ligar o carro não funcionava, perceberam que
estava sem combustível. O tanque estava vazio!
Me lembro como se fosse hoje, a cara do Luizinho, olhando para mim, decepcionado. Depois desse acontecimento ele não me mandou embora, mas perguntou
se eu queria ajuda. Como aceitei, levou-me para uma casa de acolhida para pessoas de rua que tinham problemas com álcool e droga. Avisou minha mãe e lá
fiquei
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Os primeiros dias foram difíceis, até então nunca tinha rezado tanto na minha vida. Três terços por dia, fora a pregação do coordenador, chamado Diego.
Foram passando as semanas, fui fazendo amizades. Beto, Paulinho, Leandro e
muitos outros irmãos. A casa era humilde, passávamos por muitas dificuldades, até mesmo de comida.
Já faziam seis meses que estava lá quando chegou um padre (Padre Gianpietro). Todos ficaram felizes, ainda mais quando ele começou a fazer a casa
“rodar”, no lado espiritual, na providência de alimentos e até na água que antes não tinha.
Quando sai da casa, voltei para a oficina novamente, agora já não era mais
aquele Miguel que não conhecia a Deus, pois aprendi graças ao padre quem é
Jesus.
Voltei a conversar com minha família. Arrumei serviço na prefeitura, mas não
passou muito tempo, o mundo me sugou, fui esquecendo umas coisas importantes na vida da gente: humildade, oração, ser verdadeiro, e DEUS. Cai no mundo novamente, só que pior.
Sabia que o remédio era o “caminho”, mas, orgulhoso, não queria voltar para a
Missão. Lutei por muito tempo, mas, enfim, me rendi e fui.
Fiquei nessa casa um ano e meio para reconstruir o meu espírito interior e me
sentir forte com Deus. Foi nesse momento que Paulinho veio e me convidou
para ajudá-lo. Disse não, duas vezes. Na terceira fui a capela e fiz para Deus
um pedido estranho: se o Senhor quiser que eu vá, faça com que o Paulinho
venha me buscar de carro!
Foi impressionante. Mal sai da Capela e para surpresa minha, o Paulinho e o
Manuel estavam no portão, de carro, me esperando então não pude dizer não.
Era de Deus!
Hoje faz oito meses que coordeno a Casa São Damião de Molokai, no Nova
Conquista e me sinto muito feliz, caminhando na vontade de Deus. Estou
pronto a ir aonde Deus me mandar.
Entendi que aqui está o meu caminho. O mundo lá fora não consegue me dar a
força que eu preciso para caminhar. Aqui eu sou pobre, mas posso estender a
mão a centenas de pobres igual eu e levantá-los para o céu.
A alegria maior que sinto é ver um irmão “renascer”, se encontrar consigo
mesmo e com Jesus. Sempre me lembro a que ponto eu cheguei: beber álcool
de um carro, de noite, às escondidas!
Hoje sou gente, sou uma outra pessoa, com Deus no coração, Posso ajudar
dezenas de pessoas... eu que não conseguia nem ficar em pé! Me sinto um milagre de Deus e percebo que, através de mim, Deus pode operar tantos outros milagres no coração dos pobres “lascados” que o procuram sem saber.
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Na Missão Belém
Deus é fiel e escreve certo por linhas
tortas, que somos nós. Eis os milagres
que Ele opera em nós e através de nós
A história de CLEYTON E ADRIANA
A força dos leigos!
Casal da Missão Belém: 4 filhas biológicas e 10 do “coração”,
empenhados na Evangelização dos afastados
Cleyton: “...nos conhecemos 15 anos atrás. Eu era de família evangélica, roqueiro,
cabeludo, cheio de piercing e tatuagem. Ela, a mais velha de quatro irmãos enfrentava o recente e dolorido falecimento da mãe.”
Adriana: “Foi mesmo numa ‘festa de garagem’ que nos encontramos a primeira vez
e já iniciamos a ficar juntos. Deus uniu os nossos caminhos apesar deles estarem
muito tortos. Cleyton tinha problemas com bebidas, cigarro, drogas... Eu não era
muito santa! Entre ‘beijos e tapas’, ‘términos e recomeço’, ‘brigas e discussões’, o
relacionamento continuava, daquele jeito do mundo.
Cleyton: faltava Deus no meio de nós. Nos amávamos, mas não era suficiente o
nosso amor humano. Hoje entendemos que só a graça de Deus pode segurar um
casamento. De qualquer forma continuávamos até que a Adriana engravidou da
nossa primeira filha. Não tínhamos princípios de fé, mas resolvemos assumir as
nossas responsabilidades e ir morar juntos num quartinho de meus pais.
Adriana: Logo em seguida, alugamos uma casa e começou a batalha dura contra as
drogas. Cleyton se libertava do craque, mais caia no álcool e em outras drogas...
Era briga e luta todo dia. Nesse “clima” nasceu a nossa segunda filha, mais sofrida ainda pelo clima que se encontrava. Em um momento parecia que Cleyton parasse, mas depois descobri que usava cocaína, escondido de mim.
Cleyton: Eu lutava e não conseguia. Experimentei na minha carne que, sem Deus,
não se consegue sair do túnel escuro da droga. Pela misericórdia de Deus, iniciaram a vir os primeiros convites a participar de um “ENCONTRO DE CASAIS
COM CRISTO”. Agradeço a Deus pela perseverança e paciência de quem nos convidava. Foram necessários 2 anos de convites. Éramos tão cegos que não imaginávamos existir luz. Não acreditávamos em nada.
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Adriana: O milagre aconteceu,
p articip amos desse ret iro e
Deus iniciou a entrar na nossa
vida, mas ainda não conseguimos nos libertar de todo o
rastro de pecado: cervejinha,
cigarrinho, baseadinho de vez
em quando. . . (Cleyt on)
Até que um dia participamos
de um encontro carismático de
“Cura e libertação”. Dessa vez
Deus conseguiu entrar de
cheio na nossa vida. Cleyton
O Casal Acolhedor da Missão Belém: Cleyton e
tirou todos os piercings, já tin- Adriana. A família é composta pelo casal, 4 filhas
ha cortado o cabelo, parou de biológicas e 10 filhos “do coração” acolhidos com
fumar e nos firmamos na cami- amor e carinho.
nhada. Assim chegou a nossa
3ª filha e nós chegamos ao CASAMENTO NA IGREJA.
Cleyton: Caminhando com Deus, descobri que podia colocar ao seu serviço as
minhas “capacidades” musicais: entrei num ministério de “reggae” na igreja e
conheci a Missão Belém por uma evangelização que fizemos na “FEBEM”.
Logo depois vieram outras missões: na praça Silvio Romero (SP) com 500 jovens que se reuniam para usar drogas, sem que ninguém fizesse nada; com o
povo de rua...
Adriana: Caminhávamos com alegria sempre mais profunda. Em mim e no Cleyton crescia o desejo de orar. Antes do trabalho, ele dava um jeito de passar na
capelinha da Missão Belém, no Belenzinho e fazer um pouco de adoração. Iniciamos a fazer juntos o Diário Espiritual. Nesse clima de paz veio a nossa 4ª
filha.
Cleyton: de um lado nos preocupava esse “crescimento” da família: será que
damos conta? Adriana trabalhava no banco e eu como técnico da internet. Do
outro lado, Deus nos fazia sentir forte a sua voz. Apesar dos medos, sentíamos
que as paredes da nossa casa deviam se abrir, 4 filhas eram muitas...mas não
bastavam!
Adriana: Começamos a freqüentar a Casa Nazaré da Missão Belém, que acolhe
os meninos que vem da rua. Isso nos dava uma alegria imensa e até as nossas
filhas gostavam, não sentiam receio que alguém roubasse o nosso “carinho”,
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amavam ver
as crianças,
que vinham da
rua, felizes,
faziam amizade e os laços
se estreitavam sempre
mais.
Cleyton: Depois de um
tempo que eu
freqüentava a
casa Nazaré,
tendo deixado
até o trabalho
A grande família de Cleyton e Adriana com as filhas naturais e todos
para oferecer
os meninos acolhidos da rua, junto ao Bispo Dom Pedro, grande “pai” e
a minha dispo“amigo” da Missão Belém desde o início.
nibilidade total, houve na casa uma “ mini-rebelião”, uma explosão de rebeldia inesperada,
mais que contra nós, contra a vida sofrida e judiada que as crianças haviam
passado. Todos pensavam que a gente se retirasse, vendo como era difícil mas,
pelo contrário, Deus colocou em nós uma força imensa e eu e Adriana falamos
uns aos outros: “Essas crianças precisam mesmo de um pai e de uma mãe!” e
assim nos decidimos a fazer da nossa casa uma “CASA DE FAMÍLIA ACOLHEDORA”. Hoje estamos com 15 filhos: 4 da “barriga” e 11 “do coração”.
Adriana: É grande a alegria de ser reconhecidos como pai e mãe. Parece quase
que as crianças renascem pelo carinho que sentem. Penso, por exemplo, em Helí,
que chegou em casa sem falar uma palavra, só chorava e queria colo, hoje corre
feliz, apronta e não tem medo de nada...
Cleyton: É uma grande satisfação ver todas as crianças, nossos filhos, se tratando como irmãos, cuidando uns dos outros... e de nós.
As vezes, poucas vezes, acontece que o juiz ”desabriga” uma criança e ela deve
voltar para casa. Quando isso é bom, estamos felizes, mesmo com um grande
aperto no coração. Mas a maior alegria é saber que estamos respondendo a um
chamado de Deus como casal de leigos, cumprindo nossa missão nessa sociedade sofrida e sentimos Deus, bem perto, cuidando de nós todo dia!
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Da Itália:
Missão Belém
Deus é fiel e escreve certo por linhas
tortas, que somos nós. Eis os milagres
que Ele opera em nós e através de nós
A história de MATTIA E SILVIA
Exemplo de leigos comprometidos com Cristo:
são responsáveis, perto de Veneza,
de um grupo “Ruah”, organizam retiros querigmáticos para irmãos afastados da Igreja
E acolhem crianças em sua própria família
MATTIA: Cresci numa família católica, sou o primeiro de 5 irmãos;
freqüentava a paróquia, mas chegou o momento em que percebi que ia na
Igreja somente por costume e não por paixão. Amava ficar com meus amigos
do mundo, que pareciam se divertir pra caramba, enquanto o ambiente de
Igreja me parecia velho, parado e triste. Fiz muita viagens para o exterior,
esperando encontrar um lugar onde se vivesse mais alegre... Visitei a
Europa, o Brasil, a África, a Argentina, Costarica, Cuba, Estados Unidos. A
conversão de alguns amigos me levou a me aproximar novamente da Igreja de
forma diferente. Aprendi a tocar violão para animar o coro paroquial. Dessa
forma conseguia levar melhor a alegria da qual sentia falta. Por vários anos,
todos os sábados, ia com outros jovens no “Bairro Aneis” (era um dos pontos
de maior tráfico, na Itália), para fazer voluntariado e ajudar as família
obrigadas a morar nesse lugar. Mas quando encontrávamos os drogados e os
traficante, ou as prostitutas, percebia que não tínhamos força para dar algo
de concreto para eles.
Fiz também um mês nas missões da periferia de Rio de Janeiro com os
missionários de Pádua. Quando voltei, o ambiente de casa e do trabalho
pareciam “apertados” para mim.
Em 2004 tive uma crise pessoal, não entendia o sentido de tudo o que fazia;
mais por instinto do que raciocinando, resolvi pedir a conta e fui, por dois
meses, para a periferia de Manila, nas Filipinas. Ajudava uma irmã
franciscana num ambulatório por ela criado para curar os doentes de
tuberculose. Tive impressão que esse não fosse o meu caminho. Voltando,
comecei a namorar com Silvia, que já conhecia antes.
SILVIA: Nasci e cresci numa família cristã, praticante, serena e unida. Sou
a mais velha de 3 filhos. Vivi num ambiente paroquial, antes como animadora
de grupos, depois como catequista; desde criança no coro paroquial. Desde
sempre conheci bons padres dos quais recebi força e exemplos. Tive, porém,
também algumas dificuldades em família causadas pelo mal exemplo de um
tio que pertencia a um movimento religioso e que minaram não pouco as
minhas convicções e a minha fé. Tudo isso, junto ao cansaço e à falta de
estímulos, iniciei a deixar todas as atividades nas quais estava engajada e
comecei a me enturmar com amigos bem longe de Deus e da Igreja. A única
coisa que nunca faltou foi a S. Missa, no domingo. Apesar de cansada das
coisas de Deus, não conseguia ficar sem Ele.
Depois de algumas experiências de namoro, que foram grandes fracassos,
cheguei à paz comigo mesma: estou bem sozinha! Deus... sabia que existia,
mas não me criava grandes problemas... Levava a vida da melhor forma
possível !
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Mas... para jogar todos os meus planos e a minha “paz” para o alto, apareceu
Matia! Era maior que eu, com nenhuma vontade de se envolver, simpático,
inteligente, sobretudo uma pessoa que me inspirou confiança e com o qual podia
me confrontar de questões profundas. Assim foi... Conhecemo-nos no final de
2003, no início tudo parecia fácil e bonito. Em comum, tínhamos as mesmas
bases: duas famílias bem estruturadas, raízes cristãs, unidas. Economicamente
não precisávamos de ninguém... Acabamos nos apaixonando reciprocamente
(lentamente) e casamos no mês de abril de 2005. Somente depois nos
conhecemos melhor e aqui começaram os problemas porque as bases comuns
não foram suficientes para unir-nos. A participação à vida religiosa e o modo
com o qual enfrentávamos os problemas espirituais foram o primeiro problema;
o primeiro de muitos outros... O elemento que fez explodir a crise foi o convite
para o “Ruah” (retiro querigmático, que hoje coordenamos), três meses antes
de casar. Eu não tinha nenhuma vontade de me empenhar, de enfrentar coisas e
pessoas novas. Para mim os grupos de oração eram como fumaça nos olhos,
ainda tinha as feridas daquele meu tio. Por isso rejeitei o convite e toda vez
que via Matia partir para o Ruah, esperava que voltasse cansado e feliz e fazia
de tudo para estragar-lhe a festa! Tudo isso se arrastou por anos, entre
tentativas fracassadas de encontrar um ponto de encontro.
MATTIA: Foi um momento difícil, de grande incompreensão, brigas, onde
prevalecia o caráter de cada um e não o amor que nos havia unido. Uma noite,
sai com a Pastoral de rua. Fomos numa região de prostituição de Pádua. No meu
grupinho estava também Chiaretta (uma jovem missionária que tinha feito uma
experiência no Brasil). Dela aprendi a falar de Jesus para os pobres que
encontrávamos e a dar uma benção impondo as mãos. Sendo que as prostitutas
rejeitavam de rezar pela vergonha que sentiam, então ela propunha de fazer
somente um sinal de cruz na testa e rezar um pouco, enquanto nós
intercedíamos. Isso me entusiasmou muitíssimo porque entendi que a única
coisa útil de verdade era dar Jesus!
O sábado seguinte quis sair de novo e me uni ao grupinho de Tommaso e Anna
Raquel, na mesma região do sábado anterior. Logo fui ao encontro de uma
prostituta e, fazendo o “sinal de cruz” na testa, iniciei a oração. A outra mão
estava apoiada no meu coração. Tommaso e Raquel oravam em silêncio atrás de
mim. De repente escutei uma voz que falava “Com as duas mãos!” Então coloquei
também a esquerda sobre a cabeça da irmã e conclui a oração. Quando nos
afastamos um pouco, agradeci Tommaso e Raquel pelo aconselhamento. Eu
estava convencida que a voz fosse deles. Mas Raquel disse: “nós não falamos
nada!”. Fiquei sem ação: aquela voz, eu a ouvi, caso contrário, não teria colocado
a outra mão em cima da cabeça!
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No verão de 2008, depois de uma milésima briga com a minha esposa (que durou
a noite inteira), prometi a Nossa Senhora que teria rezado o terço todos os
dias até o fim da minha vida.
Em setembro 2008, devia participar da última Missa do Pe Giampietro, antes
de regressar no Brasil, para ajudar com o violão. Pedi a minha esposa para me
acompanhar, falando para ela que teríamos feito cantos bonitos. Sabia que ela
gostava de cantar e assim veio.
Na entrada da Igreja encontrei Paola, que me convidou a uma reunião para
novos coordenadores do Ruah, dizendo-me que, em oração, teve a inspiração de
me convidar com a esposa. Respondi sublinhando que, em primeiro lugar, minha
esposa não tinha ainda participado do Ruah e, ainda pior, não queria nem ouvir
falar de Ruah! No final da S. Missa, apresentei minha esposa ao Pe Giampietro,
que nos abençôo, impondo as mãos. Voltando, no carro, falei para Silvia: Paola
me convidou para uma reunião quarta-feira, mas você também deve vir... Com
minha surpresa, respondeu: “Tudo bem, significa que devo fazer essa
experiência do Ruah!” Assim participou do Ruah seguinte e depois de um outro,
na sala dos encontros e, a partir de Agosto 2009, somos coordenadores da
Equipe Ruah Juan Diego.
SILVIA: Não é que eu tivesse muito convencida no começo! A experiência que
me fez mudar mesmo foi trabalhar na sala, ver as emoções dos cursistas, a
mudança das pessoas ao meu redor, tudo isso me fez entender o poder e a
força de Deus e do Espírito Santo, se abrirmos o coração.
Nesse tempo, também a nossa vida familiar tinha tomado seu rumo. Desde o
namoro, havíamos decidido de colocar o nosso tempo a disposição de quem
precisasse e, em especial das crianças, às quais faltava uma família, mesmo se
por pouco tempo. Cultivávamos no coração a esperança de ter filhos nossos,
mas fizemos o curso para “Casal acolhedor” e, em 2009 nos foram confiados
Luca e Julia, dois irmãozinhos de 11 e 7 anos, de origem romena, filhos de pais
separados, mãe com problemas psiquiátricos e judiciários, por 2 anos!
Apesar da disponibilidade e das motivações fundamentais, a caminhada com
essas duas crianças não foi fácil: reuniões com psicólogos, assistentes sociais
que tinham opiniões diferentes das nossas, especialistas... problemas
escolares... tudo dentro da nossa rotina (eu sou coordenadora de uma creche,
Mattia é técnico de uma firma que produz mármores) e os RUAH, que
continuavam sem parar, com todos os encontros “pós”. Tivemos momentos de
desespero, mas, dessa vez, a oração nos sustentou e, com o tempo, aprendemos
a trabalhar juntos, ainda mais nas dificuldades.
MATTIA: Com todos os compromissos que tínhamos foi difícil encontrar
tempo para rezar juntos. Em março de 2009, os nossos vizinhos, albaneses e
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nos pediram para sermos padrinhos de Batismo das suas duas meninas. Para
eles era algo a mais que ofereciam a suas filhas, para nós uma ocasião a mais
para explicar às nossas duas crianças (provenientes de uma família atéia) o que
era o Batismo, a Fé, o Paraíso, as orações, a Missa... Até que chegou o momento,
foi uma noite que Luca nos pediu: “Podemos rezar o terço juntos?” Era a festa
da Assunção de Nossa Senhora e as crianças continuaram dizendo:
“Maravilhoso! Podemos rezar toda noite?!” A partir daquele dia, o terço à
noite é o momento para concluir o dia!
SILVIA: Sempre com a idéia de fazer algo de útil e de ampliar a nossa família,
em janeiro desse ano, iniciamos o curso para “adoção”. É uma caminhada que nos
pedirá tempo e forças, mas também uma ulterior confirmação do que estamos
buscando.
A experiência de ser coordenadores de uma equipe do Ruah é muito forte e
coloca à prova sob muitos aspectos, porém eu e Mattia estamos mais unidos no
Senhor e procuramos ser a sua Presença viva no meio dos outros para os
outros.
Mattia e Silvia
Esse nosso testemunho deseja somente relatar o que Deus realizou através de
nós: nada é impossível para Deus!”
Lucélio, depois de sua caminhada no Sitio São Miguel Arcanjo, onde
coordenou a construção da Casa Josué, se torna Padrinho de Batismo de um acolhido. Eis o seu testemunho. Hoje , vive feliz com sua
família e tem uma empresa edil.
Testemunho Antonio Lucélio Pereira
Testemunho de um irmão que encontrou uma vida nova na nossa casa.
Saiu há mais de dois anos atrás, montou uma empresa de construção,
está bem, freqüentando a Santa Missa com a esposa, todo domingo.
Durante a permanência na Missão, construiu a Casa Josué, que se encontra no sítio São Miguel Arcanjo. Hoje está tentando abrir uma casa
de Acolhida para o Povo de rua, em Francisco Morato. Grande no
mal... grande no Bem!
“Tenho 40 anos e nasci no sertão do Ceará. Aos 19 anos deixei meus pais
e vim para São Paulo. Na casinha de meu pai e da minha mãe sempre fui
obediente e trabalhador. Meu pai agricultor um exemplo de homem, minha
mãe professora.
Um momento de fraternidade do Núcleo Ruah, coordenado por Matia e Silvia, que já envolveu
centenas de leigos no anúncio querigmatico e no acompanhamento catequetico
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Quando cheguei em São Paulo em 1990 conquistei muitas coisas trabalhando. Me casei. Com 6 anos que estava em São Paulo já tinha minha
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A História de Eudes
casa, carro e era dono de uma empresa com 12 funcionários.
Tinha muito dinheiro, mas eu com meu orgulho fui esquecendo meu pai,
minha mãe, minha esposa e meus irmãos biológicos.
E caí no mundo, jogando, conclusão Padre: perdi tudo que Deus me deu. Eu
ainda com um pouco de dinheiro em vez de me apegar em Deus, decidi
comprar armas, formei um grupo de “amigos” e fui roubar para reconquistar tudo aquilo que tinha perdido. O negócio estava bom meu orgulho era
tão grande para não me retirar perante a sociedade. Em 2000, 2001 conheci a cocaína e aí a coisa complicou porque achei que a cocaína preenchia
tudo que me faltava.
(Ah coitada da minha esposa) já passava de 3 a 4 dias que eu estava no
mundo. Já não era mais só roubar também era cheirar a cocaína. Em
2004 minha filha nasceu. Aí cheirava por ter tido uma filha bonita, eu já
estava naquela fase de tudo era motivo para cheirar. O dinheiro acabou.
Aquelas supostas armas as vendia ou trocava por cocaína. Minha esposa
já não agüentava mais foi buscar ajuda na Igreja Católica. Lá, foi encaminhada para um grupo de apoio para dependentes químicos. Ela pegou o endereço de várias casas de recuperação entre elas a casa (São Miguel Arcanjo) da Missão Belém.
Em quanto minha esposa rezava, eu cheirava cocaína. Em 2007 veio minha
queda a cocaína tirou tudo que tinha, perdi minha casa, minha dignidade.
Mas minha esposa uma mulher de oração, e muita fé em Deus. Me levou
para a Missão Belém. Eu também tinha consciência que em minha vida só
Deus poderia dar tudo aquilo que o encardido me tirou. Deus me protegeu
de muitas ciladas, porque quantas vezes me livrou da morte. E mesmo vivendo com o crime nunca matei ninguém, mas cheirava cocaína e vendia
armas e munição. Meu Deus, meu Deus, meu Deus, caído sem forças para
nada, aceitei de ir para São Miguel Arcanjo. No dia 14/04/2007, eu me
rendia e um novo homem estava nascendo em mim. Fiz minha caminhada na
missão Belém, ainda através de uma confissão com o Padre GianPietro
Carraro confessei tudo aquilo que eu era, coisa que o mundo via, mas eu
não admitia. Olhei com coragem dentro de mim e senti o perdão de Deus
me lavar completamente. Hoje faz 3 anos e 2 meses que renasci em Cristo
e que sou filho da Missão Belém.
“Deus escolheu o que é louco aos olhos do
mundo para confundir os sabios... Deus
escolheu os fracos, para confundir os
fortes... Deus escolheu o baixo e o
desprezível... o que não vale nada” (1
Me chamo Eudes, estou com 52 anos e nasci na cidade de Jequié (BA).
Sai de lá com 13 anos, pois éramos uma família muito pobre, com 13 filhos!
Meu pai era policial e, uma vez aposentado, trabalhou como barbeiro, mas
todos os dias voltava em casa bêbado pois gostava de sinuca e bares. Bebia
sempre mais e nesses momentos me batia porque via em mim algo de esquisito
(uma tendência homossexual). À noite eu fugia e ia dormir nas minhas tias. Eu
era o caçula dos homens. Todos os meus irmãos saíram espalhando-se para o
Brasil e eu acabei ficando sozinho, fazendo os trabalhos de casa. As
perseguições continuavam e me obrigava a dormir na rua.
Certo dia, uma minha
irmã mais velha não
suportou as atitudes
de meu pai para
comigo e deu queixa
na delegacia. Eu
fiquei com pena do
meu pai e fui contra a
minha irmã, mas o
juiz resolveu dar duas
passagens para Rio de
Janeiro. Lembro
ainda a última
saudação do meu pai.
Depois de uma caminhada de Restauração à luz da Palavra de Disse “Porque vocês
Deus, Eudes recebe o Crisma com o Dom José Maria, Bispo
fizeram isso
emerito de Bragança, grande amigo da Missão Belém.
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comigo?”. Choramos juntos, como estou chorando agora pois foi a
última vez que eu o vi!
Saindo de casa, fiquei um pouco como uma bolinha de ping-pong: Rio,
Minas, São Paulo... Nessa capital fiquei com a minha mãe que estava doente e
precisava de tratamento. Com 14 anos comecei a trabalhara numa fabrica de
“macarrão” onde aprendi a fazer “capellet”, “fuzile”, tudo era feito
manualmente; “raviole” era na maquina... à noite estudava.
Dessa forma comecei a fazer “amizades noturnas” no Centro de São
Paulo, com garotos que tinham o meu mesmo problema de homossexualismo.
Lá no centro, havia uma rua, chamada Marconi, que, naquele tempo era dos
“gays”. Sem ninguém que me desse uma direção, sozinho, largado no mundo,
comecei a fazer como todos: me prostituir para ganhar dinheiro, escondido.
Passava os fim de semana fora e só voltava na segunda.
Nesse tempo faleceu também meu pai, de cirrose e minha mãe, pelas
doenças que tinha. Fique totalmente só.
Fui trabalhar numa ótica e, infelizmente, um cliente, me deu um
cartão de uma casa, chamada “ relex for man” . Ali iniciei a trabalhar como
recepcionista... As portas do mal se abriram. Vários clientes me escolham
para manter relações sexuais com eles, ás vezes devia manter com o marido
e a esposa também. Enfim virei um “rapaz de programa” e comecei a atuar
como bar-man e garçon. Contando tudo, ganhava muito bem e o diabo me
prendia sempre mais. Foram 7 longos anos. Sai, viciado na maconha e na
bebida, na maldita pedra e na cocaína.
Arrumei trabalho como porteiro e segurança numa faculdade do
Pacaembu, mas foi pouco tempo. Logo retornei para a “casa de massagens”...
Tudo em mim estava descontrolado. Tive uma grande decepção com o “amigo”
que me prejudicou muito. Deixou maconha na casa que estava sob a minha
responsabilidade e que tinha sido premiada como a “melhor casa” de
Ibirapuera. A policia chegou, quando eu não estava presente e a casa foi
lacrada. Fique com tanto ódio, que num domingo, de madrugada, pulei o muro,
entrei e fiz o maior estrago, quebrei tudo: lustres, portas de vido, mesas...
Depois disso, iniciei a beber bastante, fui atropelado, fiquei
internado por 9 meses, por causa de uma infecção hospitalar, que me deixou
a hepatite B.
A droga era um vicio de família. Na casa do meu irmão havia 11 drogados e
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Seu pai, meu irmão, estava viciado em heroína, maconha, cocaína,
mas se “converteu”, tornando-se pastor, depois de ter tirado a vida de um
homem. Outro filho se suicidou por causa de maconha e cachaça. A filha e o
marido eram viciados: o marido morreu pela droga e a filha deles, de 13
anos ganhou um tiro de um traficante na cabeça e se foi ela também!
Quanto estrago não fez a droga nessa família e na minha vida. Saindo da
Baia, pelo caminho, perdemos tudo, a começar pelos valores. Não tinha nada
que norteasse a nossa vida. São Paulo para nós foi a fossa, o fim de tudo.
Depois do hospital, fui parar num albergue, onde conheci um amigo
que me indicou uma casa de recuperação evangélica, onde fiquei um ano e
meio. Ali, pela primeira vez, senti quanto Deus nos ama e nos chama para
uma Vida Nova. Sai, sendo “diácono evangélico”, depois de ter feito 6
meses de “teologia”.
Infelizmente não mudei o meu costume antigo. Arrumei um
trabalho, mas nos fim de semana ia para a “maloca” e lá ficava até a
madrugada da segunda feira quando voltava para o trabalho. Tive que sair
do emprego e só a “maloca” sobrou para mim.
Deus é tão bom que mandou uma alma santa, que tinha conhecido na casa
evangélica e juntos fomos para a “Missão Belém”. A casa se chamava “Sede
Santos” (SBC) e foi a
coisa mais linda que
eu tenha encontrado.
Lá a gente se
aprofundava na
Palavra. Chegue ruim,
muito fraco, sem
força mais, mas fui
retomando alento e
me entreguei, até que
fui escolhido como
“monitor”. Para dizer
a verdade, rejeitei
duas vezes, mas a
terceira senti que
A casa se chamava “Sede Santos” (SBC) e foi a coisa mais
era Deus que me
linda que eu tenha encontrado. Lá a gente se aprofundava
chamava e que eu
na Palavra.
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devia
retribuir um
pouco o seu
amor.
Compreendi o
Plano de Deus
sobre cada um
de nós: Deus me
fez “homem” e
me deu a missão
de ser “homem”.
Eu não posso
inverter a minha
sexualidade
porque seria
trair o sonho de Deus me presenteou com muitos “filhos”, que estão iniciando a
Deus sobre mim: caminhada de Restauração, igual eu muitos anos atrás. Obrigado
a Deus!
ele me deu um
corpo de homem
para eu cumprir a minha missão de homem. Hoje sou feliz, mesmo se a vida
passada, às vezes volte com suas tentações, eu sei qual é a Vontade de Deus
sobre mim e desejo me entregar a ele corpo e alma.
Passando o tempo, me tornei coordenador de uma casa para
homossexuais em Jarinu. Foi lá que o Padre bateu nas minhas costas e me
disse: “ Irmão você foi escolhido para fazer uma missão em Belém do Para!” .
Aqui estou, tentando me entregar a Deus, mesmo com os problemas no meu
coração. Depois de ter trabalhado numa casa de primeira acolhida, hoje
estou montando uma pequena “fabriqueta” de artesanato que quis se
chamasse “São José”.
Antigamente pedia muito a Deus uma mulher que me desse um filho.
Mulher tive, hoje não tenho mais, mas Deus me presenteou com muitos
“filhos”, que estão iniciando a caminhada de Restauração, igual eu muitos
anos atrás. Obrigado a Deus pela Missão Belém existir e também por eu
existir até hoje, pela misericórdia de Deus.
Estou muito feliz que Deus possa usar da minha pequenez na sua obra.
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Na Missão Belém
Deus é fiel e escreve certo por linhas
tortas, que somos nós. Eis os milagres
que Ele opera em nós e através de nós
A história de Frank
O sofrimento da infância
Nasci na divisa entre São Paulo e Minas Gerais. Com 4-5 meses de vida,
minha mãe me abandonou e fui parar em um orfanato. Aos meus 8 meses, um casal simples e humilde me adotou, dando-me amor e carinho. Sentia os meus pais
as pessoas mais felizes do mundo. Tinha duas irmãs: a Lilia e a Liliane, que gostavam muito de mim, brincavam e cuidavam de mim como seu fosse filho delas A
minha vida era uma maravilha: família unida e alegre. Eu gostava de jogar futebol e sonhava ser grande jogador. Mas de repente veio o meu primeiro sofrimento consciente: a separação da minha mãe e meu pai adotivos. Foi o segundo
grande golpe da vida, que me machucou muito. Senti um pedaço do meu coração
sendo arrancado. Minha mãe, com que eu fui morar, conheceu outra pessoa e
meu pai foi levar a sua vida com outra mulher; a minha irmã mais nova foi morar
com meu pai e a mais velha se casou. Num só momento tudo foi destruído, mais
uma vez. Lembro-me que, aos 12 anos, comecei a andar com pessoas
“diferentes”, a correr atrás de meninas para namorar, a sair no final de semana,
a fumar o cigarro... Comecei a me acorrentar aos poucos. Passei a beber bebidas
alcoólicas: uma cerveja aqui e uma pinga ali... tudo era “festa”. Quando percebi
já estava paralisado. Eu sentia alegria, na hora, mais depois algo me incomodava.
Era muito vazio em mim. Me lembro que comecei a assistir muitos filmes de pornografia . Não conseguia viver sem a pornografia. Vivia trancado em casa. Tornei
-me escravo da masturbação, do álcool, do cigarro, do sexo, da maconha... Minha
Irma começou a desconfiar e não quis que eu ficasse lá mais. Fui morar com meu
pai e aí me afundei de vez nas baladas e na vida errada. Eu precipitava em queda
livre! Agora, entre os meus escravizadores se acrescentou o crak, mas a dominante era o álcool.
Escravo dos vícios: preferia a pinga à minha namorada!
Em 2005 quis buscar outras coisas: o dinheiro que ganhava não dava mais
para mim. Tinha me tornado um autêntico alcoólatra escravo.
Lembro que eu conheci
uma menina chamada
Aline e me apaixonei
por ela. Namorei durante 6 meses, mas
sempre que eu ia ver
ela estava bêbado.
Chegou o dia que essa
moça falou para mim:
“Você prefere a maldita pinga mais do que
eu! Vai embora!” Assim acabou tudo e eu
comecei a beber mais
ainda, a dormir na sarjeta para ser dono do
meu nariz...
Tornei-me traficantenoia
Um dia me pediram
para guardar droga e
assim comecei a queFRANK, no dia de sua Primeira Comunhão. Sua vida é um
rer ser traficante,
testemunho vivo do poder de Jesus, capaz de transformar um
ganhar dinheiro fácil.
“noia” perdido em um “discípulo-missionário”, que, hoje, é
coordenador de uma casa da Missão Belém, no Paraná, e cuida Ia buscar cocaína, como laranja... o famoso
dos irmãos que buscam sair dos vícios da rua.
avião, e pegava um pouco. Me sentia o cara!
Comecei a cheirar bastante. Em pouco tempo meu nome se espalhou e toda a cidade sabia que eu vendia. O mal é um “redemoinho” que nunca para. Chegou o dia
que me ofereceram o crack para vender e eu aceitei. Mesmo que eu não admitisse, tinha me tornando um “nóia”! Numa noite fumei tudo o crack! Fiquei em desespero: e agora para eu pagar o que eu faço? Fiquei em casa uma semana
escondido e logo minha irmã desconfiou e me perguntou. Falei a verdade. Ela
chorou muito e falamos para a minha mãe. Com muito sofrimento minha mãe pegou 640,00 e me deu para pagar. Fui, paguei, falei que nunca mais ia fazer isso,
que ia mudar de vida... palavras de um nóia! Na mesma noite estava bebendo e me
drogando. Até Deus me ajudou, mas eu não sobe aproveitar das oportunidades e
continuei a fazer sofrer as pessoas
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Dom Pedro Luiz, atual Bispo de
Franca, confere o Sacramento do
Crismo a Frank.: “ESSE MEU FILHO ESTAVA MORTO E VOLTOU A VIDA , ESTAVA PERDIDO
E FOI ENCONTRADO... E assim
eu renasci!”
que me amavam. Minha família se decepcionou e eu não tinha mais razão para
viver: sentia nojo de mim, queria sair daquela escravidão, mas não conseguia.
Estava acorrentado ao vicio. De repente, fui trabalhar para fora do triangulo
mineiro, em Araxá. Pensei que indo para outra cidade ia mudar, mas esqueci que
era eu que tinha que mudar e não a cidade. Também lá eu trabalhava só para manter os vícios. Na cidade onde moravam os meus pais, todos diziam que estava
morto, mas eu continuava aprontando e usando drogas. Conheci varias meninas,
até que fui morar com uma e com o tempo fui virando um preguiçoso: não quis
mais trabalhar e abri uma casa de jogos de fliperama. Aquele também virou um
ponto de trafico. Comecei a cheirar tudo de novo. Saia todo fim de semana e virava a noite em baladas... Fui de mal para pior até chegar no fundo do poço, na
lama: morava num barracão, vendia crack, fumava bastante, vivia pelos bares,
bebendo e chorando.
E minha mãe rezava por mim!
Quando voltava em casa, encontrava sempre minha mãe rezando o terço e
nem sabia o que era. Um dia perguntei a ela o por que e ela me respondeu: é para
Nossa Senhora te proteger, é uma promessa que eu fiz. Hoje sei que, se ainda
estou vivo, é graças àquele terço.
Tornei-me ladrão
Mas ainda eu devia apanhar bastante para entender. Fiquei sabendo que a
minha filha, fruto do um antigo relacionamento, havia nascido. Quis vê-la. Com
muito custo juntei dinheiro e fui. Chegando lá, na festa, gastei todo dinheiro com
droga e mulheres. Não sobrou nada para a minha filha e nem para eu voltar. Eu
era dominado pelo álcool, pela droga, pelo sexo. Fiquei por lá mesmo e comecei a
vender drogas. Como sempre, vacilei. Fiquei devendo a um traficante e o pior era
que, dessa vez, não estava ninguém perto de mim, nem pai, nem mãe para encharcar... só ficava roubar para pagar... Assim foi que me tornei “ladrão”. Na primeira
tacada foi 1.600,00 em prazo de 10 minutos. Paguei o que devia, ficou muita coisa, me senti o rei naquele final de semana, mas logo acabou o dinheiro e o Frank
lá na rua largado, com fome e frio, sem tomar banho, me sentia um lixo. Estava
me tornando um verdadeiro mendigo. O roubo para mim era a única forma de
manter o vicio. Comecei a entrar em mansões e a roubar notebook e tudo o que
vinha na frente, um dia estava. Um dia a policia me pegou. Já estava “caguetado”,
mas não sabia. Me levaram para a delegacia e eu apanhei, apanhei, apanhei ...fiquei com o corpo roxo o braço. O dono que havia roubado, chegou lá e eu
apanhei mais ainda. Era um mendigo, mas continuava a roubar. A policia começou a
ficar em cima e já não tinha sossego: quando me pegava, me levava para a delegacia e me batia, batia, batia. Era muita humilhação, mas não parava.
Deus nunca desistia de mim
Chegou o dia que a policia me pegou no fragrante. Comecei a correr e
correr e eles me perseguindo, gritando: “pega o ladrão, pega o ladrão”. Naquele
dia eu não agüentava mais correr, acho que tinha corrido uns três quilômetros.
Falava em pensamento a Jesus: me perdoe, eu não vou correr mais, não agüento,
me proteja. Quando menos esperei, cai no chão: era um lago cheio de mato eu me
abaixei e cobri a cabeça de mato e naquela hora comecei a rezar. Pedir para Jesus me livrar. A policia chegou e o cara me procurando. Eu via ele, mas ele não
me via. Eu, dentro da água, escutava o barulhos de seus passos, mas não me encontravam. Depois de duas horas e meia, todos foram embora. Deus estava sempre perto de mim, mas eu sempre me afastava dele. De novo estava na rua largado, mendigando... Só esperava a morte. Já estava me tornando um louco. Via as
pessoas falarem no celular, já corria, com medo, pensando que estavam chamando a policia ou estavam armando para me matar. Eu mesmo tinha nojo de mim,
só pensava na morte. Não via mais solução... estava acorrentado à sarjeta! Era
um lixo cabeludo, barbudo, fedido, largado. Quando todos me abandonaram,
Deus continuava ao meu lado, sem desistir, mas eu não percebia.
Um raio de luz na minha vida
De onde estava, consegui uma passagem para Jundiaí e lá Deus me esperava. Procurei o S.O.S. para o povo de rua. Enquanto esperava a janta, fui fumar
um cigarro lá fora. De repente, encostou um carro e desceram algumas pessoas
estranhas: moças alegres, com saias compridas e cabeça careca... achei esse povo louco e me assustei.
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Mas eles iniciaram a louvar na capela do S.O.S. e uma mulher me convidou
para ir entrar. Iniciei a ouvir uma a música e senti algo no meu coração, algo inexplicável. Rezaram por mim e, no final, falaram da “Missão Belém”, de um “sítio de
oração” para as pessoas se “restaurarem”... Eu precisava disso mesmo: um lugar calmo, afastado do mundo pois já tinha nojo do mundo. Aceitei e fui para Jarinu. Me
acolheram com calor. Pude tomar um banho e me deram uma roupa para eu vestir.
Quando tirei a minha, levei um susto: nunca tinha ficado tão sujo e largado, eu estava no fim mesmo! Na Triagem, primeira acolhida, me convidaram a rezar o terço. Fui,
mas passei vergonha pois não conhecia a Ave Maria e nem o Pai Nosso. Não desanimei, fiquei, persisti. Devagar aprendi a rezar o terço, fazer o Diário espiritual, fazer
adoração... Foi uma revolução para mim, que mal sabia o que era uma igreja.
A alegria de me doar ! Encontrei a solução da minha vida: Jesus!
Depois de um tempo, me convidaram a trabalhar na casa Josué com os idosos. Aceitei porque não tinha coragem de falar não. Quando cheguei, me assustei:
não sabia, dar banho, trocar frauda, dar comida na boca... não imaginava que fosse
assim. Sentia até um certo nojo e pensa va já em fugir, durante a noite. Tentei, me
lembro que subia para cima, onde está o portão e voltava, subia e voltava... de repente, me lembrei que tinha prometido de servir a Jesus o resto da minha vida se Ele
me tirasse da fossa onde estava. Deus estava tocando no meu coração. Por que eu
devia me negar mais uma vez? Persisti e fui pegando amor para aqueles velhinhos.
De repente iniciei a enxergar essas pessoas piores do que eu e me dizia: elas precisam de mim, não posso ir embora! O senhor Messias, de 100 anos era o meu xodó. O
dia que minha irmã veio me visitar, lhe perguntou: “o Frank cuida bem do senhor?”. E
ele respondeu: “Sim, ele cuida muito bem!”. Ouvir isso de uma pessoa de 100 anos,
que não tem mais nada, me deu um nó na garganta... senti que lá era o próprio Jesus
que falava para mim. Comecei a reconhecer o rosto de Jesus em cada idoso. Fiquei na
casa Josué por seis meses, conheci como e gratuito o amor. Nesse período morreram
4 velinhos nos meus braços. Não posso esquecer do Moacir que tinha um câncer na
língua, saia bicho, precisava de cuidados contínuos. Foi nele, pela primeira vez, que eu
vi Jesus. Tudo isso mexia com a minha vida. Eu achava que estava ajudando e na rea lidade esses velhinhos estavam fazendo uma revolução na minha vida! Chegou o dia da
minha 1ª Comunhão: foi um sonho. Fiquei acordado desde às 3 da manhã, meditando,
adorando. Não tenho como descrever minha alegria. Foi a maior riqueza que Deus me
deu. Marcou muito a minha vida, por isso que estou aqui até hoje. Iniciei a dar testemunho nos retiros, para outros irmãos que estavam chegando e me fortalecia sempre
mais. Enfim fui visitar a minha família, que ficou imensamente feliz em me ver
daquele jeito. Via a alegria deles, mas optei pela Missão Belém. Voltei, fiz o Crisma.
Depois de uma ano, Deus me chamou para fundar uma nova casa no Paraná, onde
estou até hoje. Quando ninguém mais confiava em mim, nem eu mesmo, Deus não desistia e tinha um plano bem claro.
A frase que mais gosto de meditar, no Santo Evangelho é Lc 15,24 “ESSE
MEU FILHO ESTA VA MORTO E VOLTOU A VIDA , ESTAVA PERDIDO E FOI ENCONTRADO... E assim eu renasci!
Nella Missione Belém
Dio è fedele e scrive diritto su
righestorte, che siamo noi. Ecco i
miracoli che Lui opera in noi e at-
La storia di Nobertino
Nobertino: “un bambino
di strada” evangelizzando sulla rua
No diário desse mês vamos conhecer o testemunho de um pequenino de Deus. È uma das nossas
primeiras crianças acolhidas na Casa Nazaré. Ele
chegou a mais de 3 anos, quando nossos missionários faziam pastoral de rua. O seu irmão
menor pediu ajuda e, através dele que hoje mora com uma irmã, Nobertinho também saiu
da rua e veio para nossa casa.
Nobertinho (nome fictício) sentiu muitas dificuldades devido o vício da droga. Tinha crises que o deixavam desnorteado, mas o amor de Deus passado através dos tios da casa o
ajudaram muito a não desistir e a permanecer firme lutando pela libertação dos vícios.
Na Missao de rua, ele deu o seu testemunho:
Pe. Giampietro: Comece contando um pouco do que você sofreu, como começaram os seus
problemas?
Nobertinho: Começou quando eu tinha 5 anos de idade e minha mãe morreu, depois também o meu pai morreu e eu fui morar na casa da minha tia. Fiquei lá por um tempo e não
gostei de lá não. Então eu fui para as ruas e comecei a usar droga. Comecei a me viciar,
aqui neste lugar mesmo, aqui usei por muito tempo droga, me perdi mesmo.
Pe. Giampietro: Você tinha quantos anos quando foi parar nas ruas?
Nobertinho: 9 anos
Pe. Giampietro: E você já usava droga com 9 anos! Que tipo de coisa você usou?
Nobertinho: Quase todo tipo de droga: cola, maconha, tinner, todo tipo de droga que os
adultos usam.
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Pe. Giampietro: Quanto tempo você ficou sofrendo pela rua?
Nobertinho: 5 anos
Pe.Giampietro: E como é que foi quando voce resolveu... O que aconteceu... Como é que
você veio para a nossa casa?
Na Missão Belém
Nobertinho: Vim quando a tia... Thais missionária... me evangelizou. Eu fui para a casa
mas nao tinha no pensamento a intenção de ficar, porque è assim que se faz. Fiquei 2 dias
e voltei para as ruas, para o mesmo estado em que estava. Comecei a usar droga de novo.
Agora eu parei de usar, mas demorou muito para eu parar de usar droga porque eu me
viciei muito usando drogas, morando no Vale
Pe. Giampietro: Então, você gostaria de dizer alguma coisa de coração para os amigos que
estão aqui nos escutando, a Maria que tem 18 anos, bem mais que 13. O que você queria
dizer? Qual a mensagem para esses amigos nossos, irmaos, todos que estão aqui?
Nobertinho: Queria dizer que nao vale apena ficar nessa vida só de usar droga, porque
usar droga não te leva a nada.
Pe. Giampietro: Então o que deveria fazer?
Nobertinho: Ir para a casa de Deus, rezar, se apegar a Deus
Pe. Giampietro: Você esta feliz? O que tem nessa casa? Conta um pouco...
Nobertinho: Tem meu pai que cuida de nós, tem minha mãe, Maria Judite.
Pe. Giampietro: Vamos bater palma para ele que conseguiu sair das ruas…
Hoje, ele já é um adolescente que estuda, faz esporte, e ajuda em casa como todas as
crianças. Gosta de estudar e se empenha em fazer uma boa caminhada. É decidido, pois
sempre diz que drogas nunca mais.
Nobertinho é muito feliz com sua grande família do coração. Mora com um dos nossos
casais acolhedores, que com muito amor e
carinho o acolheram como filho. Tem mais
07 irmãos (são mais seis crianças acolhidas
e a filha biológica do casal que acabou de
nascer). Lá vivem como família; uma verdadeira família cristã que buscam viver juntos a rotina do dia-a-dia com um olhar voltado para os ensinamentos de Jesus.
Seu desejo é ser feliz ao lado de Deus e que
todas as crianças e adolescentes de rua possam experimentar a paz e alegria que ele
vive hoje.
Deus é fiel e escreve certo por linhas
tortas, que somos nós. Eis os milagres
que Ele opera em nós e através de nós
A história do Sr Zé
Eu nasci em Araçatuba, interior de São Paulo. Venho de uma família pobre
mais bastante honesta, cristã, que todos os domingos ia à missa. Lembro que
meus pais levavam eu e meus irmãozinhos na missa e ensinavam como amar os
irmãos.
Aos treze anos mudamos para capital onde consegui meu primeiro emprego registrado em uma metalúrgica e recebia todas as sextas-feiras. Logo conheci alguns amigos que freqüentavam as noites e as baladas. Daí veio a primeira namorada, o primeiro cigarro, o primeiro gole de cuba... foram só aumentando os goles
e diminuindo os dias de trabalho. Eu comecei a desandar mesmo, mas é muito
longo contar tudo. O pior veio aos meus 29 anos, quando conheci a maconha. Foi
muito rápido o envolvimento e acabei perdendo vários empregos ao ponto de entrar para o trafico para me sustentar.
A roda foi girando sempre mais, cheguei a controlar 4 biqueiras de cocaína, e
quando não recebia o dinheiro de quem devia eu pagava para matar ou eu mesmo
matava. Tudo isso é muito duro, até para eu lembrar.
Em 1995 já tinha sido preso
varias vezes, mais a fiança do
patrão me tiravam.
Meus pais faleceram, meus
irmãos já não eram mais os
mesmos, tinham medo e vergonha de mim. Em 1999 eu sofri um acidente de moto que
causou seqüelas graves. Foi
como se tirassem o chão de
debaixo de meus pés e me encontrei sozinho.
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Gastei tudo o que havia construído para sobreviver, mais continuei na droga a
ponto de não saber mais o que queria ou o que fazer.
Assim fui parar “no fundo do poço”, nas ruas do centro de São Paulo onde conheci o verdadeiro inferno, cheguei a pedir a morte. Mas foi lá que ouvi falar da
Missão Belém, e sem conhecer nada, senti grande desejo te mudar, queria ajuda.
Em 9 de setembro de 2009 eu vim para o sitio de São Miguel Arcanjo, e foi no
Je-Shua que ouvi Jesus falar: “ A partir daqui Eu vou estar contigo porque
você esta me aceitando, mas eu sempre te segui ate você chegar aqui.”
Com o tempo eu fui vendo que tudo era muito bonito: os irmãos que chegavam e
logo mudavam, eu comecei a pedir a Deus que me deixasse ajudar esses irmãos e
Deus me deu um coração chorão, que chora e sofre por cada irmão.
Hoje eu não sei o que Deus fez ou o que Deus quer, mais aprendi que Jesus veio
para pagar os nossos pecados, e só quer que nos amemos uns aos outros e o resto Ele faz.
Hoje sou muito feliz pelo que Deus me deu e por poder partilhar essa felicidade
que eu fiquei buscando onde não existia. Vejo a felicidade nos rondando por todos os lados, em cada gesto de amor que vejo nos irmãos que vieram da rua, chegam com sua tristeza e hoje conseguem sorrir. Isso é de Deus!
“Eu não me conheço mais...” Eu que tinha o revolver tão fácil, hoje me encontro
chorando por um irmão que aceita a Restauração, que faz um gesto de conversão. Ontem conversei com um irmão que, entre as lágrimas, me dizia: “ Eu não
conhecia Deus. Para mim, o meu Deus era a boca do meu revolver. Não tinha dor
de ninguém, era um bicho. Meu pai foi-se embora de casa nos dia dos pais e minha mãe morreu entre os meus braços no dia das mães, enquanto eu levava um
buque de flores para ela. Para mim a vida era só matar e roubar, mas aqui eu conheci Deus. Eu sou uma outra pessoa, não sou mais o mesmo!”
Enquanto esse irmão falava, parecia a minha história. Eu peço a cada dia que
Deus me de sabedoria para saber como posso ajudar esses irmãos a conhecerem
esse amor que sinto por Jesus e
Maria nossa Mãe.
Obrigado Senhor...
Hoje estou ajudando no sitio
como coordenador e sei que se
não fosse por Deus eu não conseguiria e estaria na mesma ou
pior situação que antes.Quero e
peço a Deus todos os dias que
me use para que seja também
canal de graça. Obrigado Deus.
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