95 Trabalho 18 - 1/3 DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE IDOSO SUBMETIDO A AUTOCATETERISMO VESICAL INTERMINENTE: UM ESTUDO DE CASO BITENCOURT, Graziele Ribeiro1 CARVALHO, Juliana Antunes de2 LOPES, Elaine Cristina da Silva 3 (I)Introdução: Com a mudança do perfil demográfico, o índice de idosos aumentou para 11,2 milhões tornando-se 6,10 % da população e em 2030 serão 28,9 milhões de idosos. 1 Esse novo panorama também trouxe a transformação no perfil epidemiológico com determinadas doenças oriundas das especificidades do processo de envelhecimento. Algumas dessas alterações podem acometer o trato urinário inferior. A força de contração da musculatura detrusora, a capacidade vesical e a habilidade de adiar a micção podem diminuir no homem e na mulher. Contrações involuntárias da musculatura vesical e o volume residual pós-miccional progridem com a idade em ambos os sexos. Além das alterações decorrentes da senilidade dos tecidos, doenças próprias do idoso também contribuem para o desenvolvimento de incontinência urinária. A hiperplasia prostática benigna, presente em aproximadamente 50% dos homens aos 50 anos de idade, em metade dos quais causa obstrução ao fluxo urinário e acarreta alterações significativas do trato urinário inferior, acarreta a instabilidade do músculo detrusor. Trata-se de uma patologia caracterizada pelo aumento do tamanho da próstata, responsável pela compressão uretral. 2 Com isso, há os sintomas urinários obstrutivos, como polaciúria hesitação, disúria, gotejamento pós-miccional, noctúria, diminuição do calibre e da força do jacto, interrupção do jacto urinário, incontinência de urgência e sensação de esvaziamento incompleto. Uma das terapia de alívio desses sintomas obstrutivos é o autocateterismo vesical. Com a cronicidade desta patologia e da conseqüentemente terapêutica associada, cabe a enfermagem esforços para a Enfermeira Especialista em Enfermagem Gerontológica formada pela EEAAC/UFF. Residente pela Secretaria Municipal do Rio de Janeiro/Souza Aguiar. Professora Substituta do Departamento de Enfermagem Médico Cirúrgico da Universidade Federal Fluminense. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem Gerontológica - NEPEG e do Grupo de Estudos em Sistematização da Assistência de Enfermagem da Universidade Federal Fluminense - GESAE-UFF E-mail: [email protected] 2 Relatora e autora principal. Enfermeira sócia da ABEn. Residente pela Secretaria Municipal do Rio de Janeiro/Souza Aguiar e Pós-Graduanda em Enfermagem do Trabalho pela Escola de Enfermagem Ana Nery/UFRJ, Rio de Janeiro/BR. Tel. cel. (21) 82833193 E-mail: [email protected] 3 Enfermeira. Residente pela Secretaria Municipal do Rio de Janeiro/ Souza Aguiar, Rio de janeiro/BR. Email: [email protected] 1 96 Trabalho 18 - 2/3 continuidade da assistência e seguimento coerente do regime de tratamento proposto. A prevenção das complicações é de responsabilidade da enfermagem, na qual o cuidado físico assume grande relevância. 3 A higiene e o conforto físico, mudança de decúbito e a reeducação vesical são considerados focos da assistência na elaboração do plano de cuidados na prevenção de seqüelas ou no comprometimento da saúde no paciente com lesão medular. O autocateterismo vesical intermitente permite alguma distensão da bexiga, o que representa o estímulo fisiológico para a micção e emite impulsos apropriados para o núcleo espinhal de controle vesical, promovendo desta forma o retorno da atividade do músculo detrusor. Este procedimento propicia a drenagem periódica da urina a partir da bexiga. Ao promover a drenagem e eliminar a urina residual excessiva, o cateterismo intermitente protege os rins, reduz a incidência de infecções do trato urinário e melhora a incontinência. Além de promover a independência, o autocaterismo vesical resulta em menos complicações e melhora a 4 auto-estima e a qualidade de vida. Destarte, lidar com o paciente idoso portador de infecção do trato urinário inferior requer conhecimentos e cuidados específicos. Assim, propõe-se o estudo do objeto a elaboração de um plano assistencial ao paciente idoso na realização do autocateterismo vesical intermitente. Deste modo, pretende-se contribuir à prática de enfermagem especializada sobre o cuidado a essa clientela por meio da sistematização da assistência ao paciente em autocateterismo intermitente. (II)Objetivos: Geral: elaborar um plano de cuidados ao paciente idoso portador de infecção do trato urinário inferior em autocateterismo intermitente. Específicos: listar os principais diagnósticos de enfermagem segundo a NANDA (North American Nursing Diagnosis Association) 2009/2011 ao paciente em estudo; estabelecer as intervenções a partir dos diagnósticos determinados por meio do NIC (Nursing Intervention Classification); avaliar os resultados esperados após as intervenções estabelecidas, conforme o NOC (Nursing Outcomes Classification). (III)Metodologia: Trata-se de um estudo de caso realizado com paciente idoso de 69 anos, sexo masculino, internado num Hospital geral do município do Rio de Janeiro, no período de 11/01/2010 a 08/03/2010. Para tanto, utilizou-se a técnica de entrevista semi-estruturada baseada em Carpenito e levantamento documental em prontuário. A análise precedeu segundo raciocínio clínico de Risner. (IV)Resultados: Foram levantados os diagnósticos segundo NANDA, sendo os principais: Déficit no autocuidado para banho/higiene; Eliminação urinária 97 Trabalho 18 - 3/3 prejudicada; Risco de infecção e Ansiedade. Em seguida, foi elaborado um plano de intervenções com base nas propostas do NIC, dentre as quais se destacam: explicar todo o procedimento, inclusive sensações que provavelmente o paciente terá durante e após o mesmo; oferecer assistência até que o paciente seja capaz de assumir totalmente o autocuidado; promover a drenagem da urina através autocaterismo vesical intermitente conforme prescrição. Posteriormente, estabeleceu-se a avaliação dos resultados de acordo com o NOC, cujos principais progressos obtidos foram: busca de informação; reconhecimento da realidade da situação da saúde; autocuidado melhorado para higiene; detecção de riscos, controle de riscos e controle dos sintomas; controle da eliminação urinária. (V)Conclusão: Portanto, por meio da aplicação da assistência de enfermagem baseada no NANDA, NIC e NOC, foi possível a realização de atenção integral ao paciente idoso portador de infecção do trato urinário inferior em autocateterismo intermitente. A sistematização neste estudo proporcionou uma linguagem uniformizada e maior organização das atividades por meio de uma assistência diversificada e direcionada, proporcionando o cuidado contínuo, atualizado e individualizado. Focalizado na manutenção da qualidade de vida do paciente, o olhar às especificidades do idoso foi inerente ao levantamento dos problemas, priorização e na implementação das prescrições, bem como no estabelecimento dos resultados. Palavras-chaves: Autocuidado, Idoso, Processo de enfermagem. Área temática: Sistematização da Assistência de Enfermagem na Atenção à Saúde ao indivíduo nas diferentes fases da vida. Referências: 1. Franzen E et al. Adultos e idosos com mudanças com doenças crônicas: implicações PARA O CUIDADO DE ENFERMAGEM. REV HCPA. 2007. 27(2):28-31. 2. Smeltzer SC, Bare BG. Brunner & Suddarth: tratado de enfermagem médicocirúrgica. Vol1. 10ªed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2006. 3. Alves C. et al. A influência das doenças crônicas na capacidade funcional dos idosos do Município de São Paulo. Cad. Saúde Pública. 2007. 23(8):1924-1930. 4. Moroóka M, Faro ACM. A técnica limpa do autocateterismo vesical intermitente: descrição do procedimento realizado pelos pacientes com lesão medular. Rev Esc Enferm USP 2002; 36(4): 324-31.