O Papel da Certificação CE Na Gestão Empresarial das Indústrias ROMI S.A. DENIS ROGERIO CICHELLI [email protected] ORIENTADOR: ANDERSON CÉSAR G.T. PELLEGRINO Estágio Supervisionado em ADM-GNI - UNIMEP [email protected] Resumo: O objetivo deste artigo é analisar o papel da Certificação CE em uma empresa do ramo de máquinas-ferramenta. Procurou-se resgatar fatos históricos a fim de possibilitar uma análise sobre questões como a competitividade, protecionismo e barreiras técnicas, os quais interagiram na formação do atual Comércio Internacional e que foram a base para o desenvolvimento desta análise. Palavras-chave: Certificação CE, Máquinas-ferramenta, Competitividade. Abstract: The objective of this article is to analyze the paper of CE Certification in a company of the machine-tool branch. It looked for to rescue historical facts in order to make possible an analysis on questions as the competitiveness, protectionism and technicals barriers, which had interacted in the formation of the current International Trade and that were the base for the development of this analysis. Keywords: CE Certification, Machine-Tool, Competitiveness. 1. INTRODUÇÃO Neste artigo será apresentada a influência da Certificação CE na gestão empresarial de uma empresa do ramo de máquinas-ferramenta, as Indústrias Romi. A certificação CE é um tipo de barreira nãotarifária que visa à proteção de seu mercado interno, com exigências de segurança, ruídos, cuidados específicos e outros que compõem uma enorme lista, e que devem ser cumpridos pela empresa que deseja que seus produtos circulem neste mercado. Por outro lado, um produto certificado pelas normas CE é garantia de que a qualidade do mesmo foi aprovada segundo as exigências rigorosas do mercado europeu. Para o desenvolvimento desta análise, será contextualizado o desenvolvimento do Comércio Internacional, identificando as formas de integração econômica, demonstrando o cenário do atual Comércio Internacional e a ascensão da competitividade e do protecionismo. Posteriormente, será caracterizada a 5(9):7-12, 2007 Rev. de Negócios Internacionais, Piracicaba, 5(9):13-18, 2007 empresa em estudo e elaborada uma análise das exportações da empresa na ótica da competitividade. Para a elaboração deste artigo serão utilizados o método de pesquisa observacional, no que diz respeito à análise das tendências das exportações da empresa em estudo, e o método histórico, utilizado principalmente na caracterização do cenário internacional a fim de possibilitar uma análise do atual comércio internacional. 2. DE BRETTON WOODS À GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA Ao final da 2ª Guerra Mundial, os Estados Unidos se tornaram a maior potência econômica do mundo, deixando os países europeus destruídos, com relações comerciais estagnadas e inflações altíssimas (MAIA, 1998). Com o objetivo de implementar medidas econômicas a nível internacional, criou-se em 1944, 13 um sistema monetário internacional, que ficou conhecido como Bretton Woods. Para implementação desse sistema foram apresentadas duas teses: a de Keynes que objetivava a liquidez internacional e a de White, que em contexto pretendia auxiliar as economias devastadas pela guerra, a volta do padrão-ouro, paridades monetárias estáveis e o fim dos controles cambiais. Esta segunda foi aprovada e, por conseqüência, foram criados dois órgãos: o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Bird (Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento) (MAIA, 1998). Dessa forma, o FMI estabeleceu paridades monetárias rígidas, sendo necessário, praticamente, retornar ao padrão-ouro de maneira indireta através do dólar-americano (moeda conversível em ouro) (MAIA, 1998). Em 1958, alguns países europeus adotaram medidas que permitiram aos possuidores de uma moeda o poder de aquisição de outras moedas através de operações de mercado. Dessa forma, as moedas tornaram-se conversíveis entre si e o dólar também passou a ser conversível em ouro (GONÇALVES, 1998). Entretanto, o Sistema de Paridades Fixas começou a encontrar algumas dificuldades ao longo do processo. Em 1971, o dólar estava perdendo a confiança. Isto ocorreu porque, desde 1950, os Balanços de Pagamentos dos Estados Unidos estavam em déficit, a Guerra do Vietnã havia corrompido a economia americana e, em 1970 as taxas de juros na Europa atraíram os investidores, causando uma migração de capital dos Estados Unidos para a Europa (MAIA, 1998). Por conseqüência disso, os mercados mundiais passaram a trocar seus dólares por divisas européias. Em 1972, a Inglaterra declara que a libra esterlina passaria a flutuar, ou seja, seu valor seria estabelecido pelo mercado. Em fevereiro de 1973, o Japão fechou as operações do seu mercado de divisas. Assim, não somente a libra e o dólar passaram a flutuar, mas também a libra irlandesa, a lira, o franco suíço e o iene (GONÇALVES, 1998). Enfim, em 12 de fevereiro de 1973, o Governo americano desvalorizou novamente o dólar, marcando definitivamente o fim do Sistema de Bretton Woods (MAIA, 1998). Foram essas mudanças no âmbito mundial, caracterizadas tanto pela aproximação geográfica quanto 14 pelas transformações financeiras, que deram origem ao que hoje conhecemos como globalização. De acordo com Gonçalves (1998) podem-se distinguir dois tipos específicos de globalização voltados ao investimento internacional: a globalização financeira que pode ser entendida como a junção de três processos interligados: a expansão dos fluxos financeiros internacionais, a fomentação da concorrência junto ao mercado internacional de capitais e a integração entre os sistemas financeiros nacionais; e a globalização produtiva que consiste na interação de processos diferentes, mas que em sua essência se interagem: o desenvolvimento do processo de internacionalização da produção, o crescimento da concorrência internacional e a integração das estruturas produtivas nacionais. 3. BLOCOS ECONÔMICOS Com a intensificação da globalização econômica em âmbito internacional foram criados os blocos econômicos com o objetivo de eliminar barreiras alfandegárias ao comércio entre países de uma determinada região, reduzindo conseqüentemente o custo dos produtos. De acordo com Morini e Simões (2002), há cinco tipos de acordos comerciais regionais, ou formas de constituição: (a) Zona de preferências tarifárias: consiste na redução das tarifas incidentes nos países membros do grupo em relação aos países que não fazem parte. A diferença entre as tarifas recebe o nome de margem de preferência. Pode-se citar como exemplo a Associação Latino-Americana de Integração (ALADI). (b) Zona de livre comércio: neste caso, todas as barreiras tarifárias (imposto de importação/exportação e demais taxas/contribuições associadas ao comércio exterior) e não tarifárias (cotas, licenciamento prévio, preços de referência, etc.) são eliminadas entre os países do grupo. Pode-se destacar o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA); a Associação Européia de Livre Comércio (EFTA) e ALALC (Associação Latino Americana de Livre Comércio). (c) União aduaneira: os países membros da zona de livre comércio passam a utilizar uma mesma tarifa para importações, a Tarifa Externa Comum (TEC). O Mercosul retrata bem este estágio de integração. Rev.de deNegócios NegóciosInternacionais, Internacionais,Piracicaba, Piracicaba,5(9):13-18, 5(9):7-12, 2007 Rev. (d) Mercado comum: há a livre circulação de mercadorias e fatores de produção, que seriam a circulação de capital (investimentos, remessas de lucro) e trabalho (trabalhadores ou empresas). Pode-se citar como exemplo a União Européia. (e) União Econômica e Monetária: os países passam a ter uma moeda única e uma política monetária comum através de um Banco Central. O único bloco que está em processo, neste caso, é a União Européia, a qual já possui uma moeda em comum entre os países membros: o euro. 4. O ATUAL COMÉRCIO INTERNACIONAL No cenário demonstrado anteriormente, ganham força de dois elementos: a competitividade e o protecionismo, como fatores característicos da nova dinâmica internacional. O primeiro, ou seja, a competitividade é definida segundo Coutinho e Ferraz (1994) como o grau pelo qual uma nação pode produzir bens e serviços que satisfaçam os mercados internacionais enquanto expande a renda real de seu povo. Neste contexto, a competitividade pode ser medida através do desempenho (mensurado pela participação de mercado - marketing share) ou da eficiência técnica (demonstrados em coeficientes técnicos ou na produtividade) dos processos produtivos adotados por uma empresa. Seguindo este raciocínio, tanto desempenho quanto eficiência resulta de capacidades acumuladas e estratégias empregadas para superar a concorrência e se adequar à situação econômica daquele momento. Assim, a competitividade é a capacidade de uma empresa em desenvolver e aplicar estratégias concorrênciais que lhe permitam se manter “viva” no mercado. Para isto, torna-se necessário obter vantagens competitivas por parte das empresas (COUTINHO, FERRAZ, 1994). Desta forma, a competitividade fez surgir questões fundamentais como a busca por eficiência e desempenho, as quais são obtidas através de uma procura incessante por qualidade, diversificação e diferenciação. Neste cenário, aparecem as formas protecionistas, que surgiram pela dependência, cada vez maior, dos países em relação ao comércio internacional, trazendo impactos desiguais em setores domésticos. 5(9):7-12, 2007 Rev. de Negócios Internacionais, Piracicaba, 5(9):13-18, 2007 Portanto, o segundo elemento do atual comércio internacional, ou seja, o protecionismo pode ser considerado, segundo Barral (2002) apud Garrido (2005), um conjunto de medidas utilizadas internacionalmente para modificar o fluxo do comércio internacional. É importante destacar que a atuação do protecionismo se dá através da implantação das barreiras tarifárias e não tarifárias. Segundo Britez (2005), as barreiras tarifárias são aquelas caracterizadas pela incidência de tarifas para a importação de produtos; já as não-tarifárias representam a necessidade de atendimento a requisitos técnicos identificados (normas e procedimentos para Avaliação da Conformidade dos produtos), ou requisitos administrativos (cotas, subsídios, anti-dumping, salvaguardas, Trips, Trims). Tais barreiras fazem parte de um subconjunto, definido como barreiras técnicas. 5. NORMA, REGULAMENTO TÉCNICO E CERTIFICAÇÃO As empresas necessitam de certificações (de qualidade, de conformidade, ambientais, fitossanitárias, entre outras) para comprovar que seu produto pode ser comercializado no país em questão. Para a obtenção destas certificações se faz necessário seguir as diretrizes indicadas nas normas e/ou regulamentos técnicos específicos para o mercado em questão. De acordo com Rothery (1993) as normas são um conjunto de exigências para componentes agregados ao produto final, delimitando especificações sobre como estes componentes devem ser produzidos. Quando declarada obrigatória, uma norma passa a ser considerada um regulamento técnico. Neste sentido, a certificação provém do cumprimento das normas e/ou regulamentos técnicos. Para o processo de certificação de um produto, é necessário um organismo de certificação, que é um órgão que avalia as características físicas do produto perante uma determinada norma ou regulamento. Segundo Moura (2002) apud Raitano (2006) a estrutura dos organismos certificadores no Brasil é definida como: Organismo Credenciador (realiza a habilitação dos organismos certificadores - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO); Organismo Normalizador - Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) 15 – Representante Brasileira na ISO e Órgãos Certificadores que são organismos, também sem fins lucrativos (exigência legal) que, segundo os critérios do INMETRO e as normas da ABNT ou normas vindas do exterior, realizam as auditorias nas empresas e verificando a conformidade com as normas, emitem um “Certificado”. Dessa maneira, um órgão certificador deve ser credenciado pelo INMETRO para poder atuar junto às empresas na emissão dos certificados. Enfim, para comprovar que um produto se encontra em conformidade é necessário seguir as diretrizes de uma norma ou regulamento técnico específico, depois adequar este produto a essas diretrizes, e com a contratação de um organismo certificador conseguir o certificado e/ou selo que identificará que o produto está pronto para ser comercializado em determinado mercado. 6. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA EM ESTUDO: INDÚSTRIAS ROMI S.A. As Indústrias Romi S.A é uma empresa fabricante de máquinas-ferramenta. Foi constituída em abril de 1938 e é sucessora de Máquinas Agrícolas Romi Ltda., que nasceu com a fundação de uma pequena oficina mecânica em 1930. Está localizada a 130 km da capital paulista, no município de Santa Bárbara d’Oeste. Atualmente sua estrutura fabril é composta de duas plantas (matriz e distrito) responsáveis pela fabricação / montagem dos seus produtos e comercialização, distribuída em vários pontos do Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Curitiba, Goiânia, Salvador e Manaus e também fora do país, como a Romi Machine Tools, Ltd., localizada na América do Norte e a Romi Europa GmbH, localizada na Europa (PRESSUTTO, 2006). A primeira produção teve inicio em 1933 e era constituída por uma linha de máquinas agrícolas, destacando-se as semeadeiras, para cereais e algodão, vários modelos de arados, cultivadores, grades de disco e outros. Foi em 1940 que a Romi passou a produzir tornos mecânicos. As exportações se iniciaram em 1944 e, atualmente, as máquinas ferramenta ROMI e IMOR são conhecidas em 54 países, distribuídas por todos os continentes, alcançando um número significativo de unidades comercializadas e instaladas no país e no exterior, representando 16 também a exportação de mão-de-obra, qualidade e tecnologia brasileira (PRESSUTTO, 2006). Hoje, a empresa atua em quatro unidades de negócio, que são as máquinas ferramenta, injetoras de plástico, fabricação de fundidos e usinados e o Romicron®, que é um sistema de mandrilamento de furos de alta precisão. A linha de máquinas-ferramenta é constituída por tornos paralelos universais, tornos a CNC, centros de usinagem vertical e horizontal CNC e centros de furação CNC (PRESSUTTO, 2006). 7. EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES ROMI NOS ANOS 2000 A evolução das exportações irá possibilitar uma análise capaz de demonstrar o cenário competitivo em que a empresa atuou nos últimos anos: GERAL EUROPA (*) Milhões (dólares) Milhões % 2000 22,5 3,5 15,4 2001 21,6 5,7 26,4 2002 12 3,7 30,9 2003 17,3 3,5 20 2004 22,6 4,6 20,3 2005 30,7 9,2 30 2006 28,1 7,0 24,9 (*) em relação ao total exportado. Fonte: PADOVEZE, 2007. Podem-se identificar a cada ano, os principais fatores econômicos que afetaram as exportações da empresa (PADOVEZE, 2007): 2000: o crecimento do PIB de acordo com as previsões governamentais na ordem de 4,2% refletiu em 22,5 milhões de dólares com exportação, sendo 15,4% para Europa. 2001: houve um crescimento refreado do PIB - a meta era 4%, porém o ano fechou em 1,3%. O resultado foi a redução de 0,9 milhões nas exportações, porém o mercado europeu obteve um crescimento de 2,2 milhões de dólares em relação a 2000. Rev.de deNegócios NegóciosInternacionais, Internacionais,Piracicaba, Piracicaba,5(9):13-18, 5(9):7-12, 2007 Rev. 2002: foi marcado pelo crescimento quase imperceptível do PIB em 2,7%, disparo do risco Brasil e variações imprevisíveis da taxa cambial, fechando o ano próximo de R$4,00. Estes fatores foram responsáveis por uma queda brusca nas exportações em 55%. Para o mercado europeu as exportações representaram 30,9% do total exportado no ano. 2003: neste ano a inflação foi contida e as taxas de juros reduzidas. Tais fatos contribuiram para a exportação da empresa, que fechou o período em 17,3 milhões de dólares – um aumento de 44%. Para Europa as exportações representaram apenas 20% do total. 2004: não houve fatos relevantes, as exportações continuaram a aumentar devido reflexos do ano anterior. Neste ano, 20,3% dos 22,6 milhões de dólares exportadores foram destinados ao mercado europeu. 2005: o crescimento do PIB não aconteceu conforme o esperado, e fechou o ano por volta de 2,9%, porém não foi empecilho para as vendas externas. Foram 30,7 milhões de dólares, sedo que 30%, ou seja, 9,2 milhões de dólares foram exportados para a Europa. 2006: as evoluções das taxas das moedas estrangeiras não estimularam as exportações da empresa. O montante exportado foi de 28,1 milhões de dólares, sendo que apenas sete milhões foram para Europa, representando 24,9% do total exportado. Em linhas gerais, as oscilações nas exportações ocorreram na Romi por fatores variados e o que mais chama a atenção é a variação cambial. Para os anos de 2007 e 2008, as previsões são favoráveis para o mercado de máquinas-ferramenta. No Brasil, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) a projeção do PIB para 2007 é de 4,2% e as estimativas das exportações subiram de 4,5% para 4,7%. No que se refere a 2008, o PIB terá um crescimento médio em 4%, não diferenciando muito de 2007. Já para a União Européia, a taxa ficará estável em 2,4% para 2007 e 2008. Com base neste cenário, as Indústrias Romi fizeram uma previsão de um aumento na faixa de 31% 5(9):7-12, 2007 Rev. de Negócios Internacionais, Piracicaba, 5(9):13-18, 2007 nas exportações (em relação ao total exportado em 2006) e manterão seus objetivos para 2008, em torno de um crescimento de 30% (KNOLL, 2007). 8. CERTIFICAÇÃO CE NA EMPRESA Além da variação cambial, há mais um fator importantíssimo e que é um quesito à exportação ao mercado europeu: as exigências técnicas. Sem atendê-las, torna-se impossível adentrar ao mercado. Portanto a Romi com a consultoria da empresa BRTÜV, identificaram a necessidade da formação do Technical File (Documentação Técnica CE) contendo alguns relatórios referentes à parte eletroeletrônica da máquina, a segurança do operador no que diz respeito à construção e ao uso da máquina, a compatibilidade eletromagnética, a testes de vibração e ruídos; como também declarações de conformidade de todos os componentes que compõe a máquina, e uma relação dos manuais de Operação e Manutenção que são entregues juntos com a máquina e que devem estar de acordo com as diretivas CE. Este material deve ser arquivado na empresa para comprovar que as máquinas exportadas seguem rigorosamente os padrões exigidos pelas normas e diretivas CE. Dessa maneira, com todos estes documentos, a empresa passa a estar apta a emitir o CERTIFICADO DE CONFORMIDADE CE. Como conseqüência, com base nos fatores macroeconômicos e técnicos, a empresa precisará adequar-se constantemente. Neste sentido, há uma ferramenta no fim desse processo, que fará a interface entre esses fatores, e que é muito utilizada na gestão empresarial: o marketing. Segundo Kotler (1993), marketing é um processo social e gerencial em que os indivíduos e grupos de pessoas buscam o que almejam através da criação e troca de produtos e valores. E ainda complementa com a definição do ambiente de atuação do marketing constituído por um microambiente composto por forças próximas à empresa – os canais de marketing, os mercados consumidores, os concorrentes e o público; e por um macroambiente composto de forças sociais maiores que afetam todo o microambiente – forças demográficas, econômicas, físicas, tecnológicas, políticas e culturais. De acordo com a entrevista realizada com Mário Knoll (2007), gerente do Departamento de Vendas 17 para o Mercado Externo, o marketing interage com a certificação CE no sentido de poder aumentar a confiabilidade do produto, criando novos canais de distribuição, tanto para o mercado interno, como para a expansão de novos mercados no mundo. Afinal, atender às exigências européias significa ter eficiência e capacidade suficiente para atender as expectativas do cliente de maneira geral. Desta maneira, para o sucesso da empresa e aumento da competitividade, ela precisa administrar três itens essenciais, que são os fatores macroeconômicos, os fatores técnicos e o emprego do marketing como uma ferramenta que possibilite aumentar as vendas. 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS Discutiu-se neste artigo o papel da Certificação CE na gestão empresarial das Indústrias Romi S.A. Constataram-se alguns fatores que são indispensáveis para o sucesso da empresa e aumento da competitividade: (a) os fatores macroeconômicos, no que tange a questão cambial; (b) os fatores técnicos, relacionados à estratégia da empresa como uma forma de diferenciação no mercado e (c) o Marketing que foi apresentado como uma ferramenta capaz de fazer uma interface entre os dois fatores anteriormente citados, ou seja, em meio a crises cambiais, por exemplo, uma máquina de acordo com as diretrizes CE pode se tornar um diferencial competitivo, e neste caso o marketing interage no sentido de poder aumentar a confiabilidade do produto criando novos canais de distribuição e divulgação da marca, definindo assim o papel da Certificação CE na empresa. Além disso, o protecionismo pode ser visto como uma “via de mão dupla”, pois quando a Romi resolveu adentrar ao mercado europeu ela teve que adequar seus processos e produtos às diretrizes das normas CE e neste ponto de vista a certificação poderia ser considerada uma barreira protecionista ao comércio entre Brasil e União Européia. Porém, a Romi através de seu desempenho no mercado e eficiência técnica conseguiu suprir todas as necessidades impostas por esse mercado e hoje possui o certificado CE para alguns de seus produtos demonstrando que é capaz de atender as exigências de seus clientes e por conta disto fomentar suas vendas. Desta maneira, a Certificação CE é considerada uma vantagem competitiva às relações comerciais da empresa, se destacando em âmbito nacional e internacional. REFERÊNCIAS BRITEZ, Francisco. Barreiras Técnicas ao Comércio Internacional. UNIFAMMA, Maringá, 2005. Disponível em: <http://www. unifamma.edu.br/administracao/artigos/francisco_m_pagagua. doc>. 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