Universidade do Vale do Paraíba Instituto de Pesquisa e

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Universidade do Vale do Paraíba
Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento
JANAÍNA DE MORAES SILVA
EFEITO AGUDO DA ESTIMULAÇÃO VIBRATÓRIA EM HEMIPARÉTICOS
ESPÁSTICOS PÓS-ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
São José dos Campos, SP
2011
Janaína de Moraes Silva
EFEITO AGUDO DA ESTIMULAÇÃO VIBRATÓRIA EM HEMIPARÉTICOS
ESPÁSTICOS PÓS-ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Bioengenharia
da Universidade do Vale do Paraíba, como
complementação dos créditos necessários para
obtenção do título de Mestre em engenharia
Biomédica.
Orientador: Mario Oliveira Lima
Coorientador: Alderico Rodrigues de Paula
Júnior
São José dos Campos, SP
2011
Silva, Janaina de Moraes da
Efeito agudo da estimulac;ao vibrat6ria em hemipareticos espasticos p6sacidente vascular encefalicol Janaina de Moraes da Silva. Orientadores: Profs.
Drs.Mario Oliveira Lima, Alderico Rodrigues de Paula Junior. Sao Jose dos
Campos, 2011.
89 f., 1 disco laser: color
DissertaC;80 apresentada ao programa de P6s-Graduac;ao em Bioengenharia do
Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraiba,
2011.
1. Acidentes vasculares cerebrais 2.Espasticidade 3.Hemiplegia 4. Eletromiografia
5. Fisioterapia I. Lima, Mario Oliveira, Orient. II. Paula Junior, Alderico Rodrigues
de III.Titulo
Autorizo exclusivamente para fins academicos e cientificos, a reproduC;80 total ou parcial desta
dissertac;ao, por processos fotocopiadores ou transmissao eletrOnica, desde que citada
fonte.
a
Asstnaluradaaluna.
~~u~
JANAINA DE MORAES SILVA
í'EFf,rro AcuDo DAESTIMULAçÃO
EsPÁsrlcos
VIBRÂTóRIAEMHEMIPARÉTICoS
,
PÓS-ACIDENTEVASCULAR ENCEFÁLICO,
aprovadâcon'ÌorequisitoparciaÌà obtençãodo g.raude Mestre em Engeúaria
Dissertação
e
do lnstituÌode Pesquisa
em Bioengeúaria.
Biomédica,do Programade Pós-Craduação
da Univelsidadedo Vale do Paraíba.SãoJosédosCampos.SP,pelaseguinte
Desenvolvimento
bancaexalnìnadom:
Proi Dr. AIRTON A. MARTIN GÌNIVAP)
Proi'.Dr. MARIO OLIVEIRÁ LIMA (T'NIVAP)
Prol Dr. ALDERICO RODRIGUESDE PAULA JR.
Prof.Dr. MARIO BERN4RDOFILHO lLÉRlr
daCosta
MariaFonseca
Prof. Dra.Sandra
Diretordo lP&D- Univap
22demarço
de?0ìl.
SãoJosédosCampos.
AGRADECIMENTOS
A Deus e Nossa Senhora, por permitir a Vida;
Aos meus pais e a minha irmã, pelo Amor e por tornarem tudo possível;
Ao Tiago pelo incentivo, companheirismo e carinho;
A Bárbara pela alegria, parceria durante todas as nossas viagens e aos seus familiares pelo
apoio e receptividade em São Paulo;
Ao Professor Mario, por sua rapidez de raciocínio, condução na orientação e por sua
flexibilidade em permitir desenvolver a pesquisa em Teresina-PI;
Ao Professor Alderico, por sua serenidade e sabedoria para o desenvolvimento da pesquisa;
Aos sujeitos da pesquisa pela assiduidade e cooperação;
Aos colegas de turma, a convivência foi muito gratificante;
A Débora, por sua simpatia e pelo desprendimento em ajudar;
A Rauena e Olívia por terem disponibilizado o eletromiógrafo;
Ao Sr. Ernaldo por ter disponibilizado a almofada vibratória;
A todos os professores do mestrado, que se dedicaram e se esforçaram em nos despertar à
pesquisa;
Aos funcionários da UNIVAP que sempre nos receberam com ânimo e atenção.
Meu carinho e Muito Obrigada!
“A realização do Ser precisa de um objetivo, que
obrigatoriamente depende de um plano estratégico, de
determinação e fé em si mesmo.”
(Autor Desconhecido).
SILVA, J. de M. Efeito agudo da estimulação vibratória em hemiparéticos espásticos
pós-acidente vascular encefálico. 2011. 89f. Dissertação (Mestrado em Bioengenharia)
Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento, Universidade do Vale do Paraíba, São José dos
Campos, SP, 2011.
RESUMO
Acidente Vascular Encefálico (AVE) é o termo usado para caracterizar uma perturbação focal
da função cerebral, de suposta origem vascular isquêmica ou hemorrágica, que tem como
principais manifestações clínicas, distúrbios do nível de consciência e comprometimento das
funções sensório-motora, cognitiva, perceptiva e de linguagem. Os déficits motores
decorrentes caracterizam-se por hemiplegia ou hemiparesia, tipicamente contralateral à lesão
encefálica. Um dos fatores mais relevantes para os déficits funcionais é a presença da
espasticidade, que surge após um período inicial de recuperação. O estímulo vibracional
constitui um novo recurso terapêutico para a reabilitação, visando à modulação dessa
disfunção tônica. O objetivo da pesquisa foi investigar os efeitos imediatos e de curta duração
(até 10 minutos) da estimulação vibracional na espasticidade e atividade muscular, do
membro inferior de sujeitos hemiparéticos. O estudo caracteriza-se por ser do tipo
experimental, transversal e comparativo. Foram selecionados para compor a amostra 27 (vinte
e sete) sujeitos, de ambos os sexos, com sequela de AVE. Estes foram submetidos à
goniometria e eletromiografia (EMG), antes e depois da estimulação vibratória aplicada por
intermédio de uma almofada digital, nos músculos tibial anterior e gastrocnêmio medial do
hemicorpo comprometido. Os dados satisfizeram o critério de normalidade. Utilizou-se na
análise estatística, o teste ANOVA para amostras relacionadas, para comparar os valores da
Root Mean Square (RMS) e o Teste T Student pareado para os resultados da goniometria
antes e depois do tratamento. Atribuiu-se para os testes estatísticos, o nível de significância de
5%. Os resultados desse estudo, nas condições experimentais utilizadas, sugerem que houve
um aumento significativo, da amplitude de movimento medida pela goniometria (p<0,0001).
A atividade eletromiográfica apresentou um aumento significativo entre o valor de prévibração e pós cinco minutos do término da vibração no músculo gastrocnêmio (p<0,05) e
tibial anterior (p<0,01) e pós dez minutos do término da vibração em ambos os músculos
(p<0,01). Houve um aumento, porém não significativo do RMS quando comparado à fase prévibração e pós-vibração imediata. Pode-se concluir que a estimulação vibratória interferiu na
modulação do tônus, na atividade muscular, promovendo uma facilitação do movimento,
contribuindo positivamente para o ganho de amplitude de movimento da articulação do
tornozelo dos sujeitos avaliados.
Palavras-chave: AVE, EMG, Espasticidade, Vibração.
SILVA, J. de M. Acute effect of vibratory stimulation in spastic hemiparetic after a
stroke. 2011. 89f. Dissertação (Mestrado em Bioengenharia) Instituto de Pesquisa e
Desenvolvimento, Universidade do Vale do Paraíba, São José dos Campos, SP, 2011.
ABSTRACT
Stroke (AVE) is the term used to characterize a focal disturbance of cerebral function, of
presumed ischemic or hemorrhagic vascular origin, which has as the main clinical
manifestations, the disturbance of consciousness level and commitment of sensory-motor,
cognitive, perceptual, and language functions. The resulting motor deficits are characterized
by hemiplegic or hemiparesis, typically on the opposite side of the body to brain injury. One
of the most relevant factors to the functional deficits is the presence of spasticity, which
occurs after an initial period of recovery. Vibrational stimulus is a new therapy for
rehabilitation that aims to change this tonic dysfunction. The objective of this research was to
investigate the immediate and short term (until 10 minutes) effects of the vibrational
stimulation on spasticity and muscular activity in the lower limb of hemiparetic subjects. The
study was experimental, cross-sectional, and comparative. The sample was composed of 27
(twenty-seven) subjects of both sexes, with post stroke effects. They were subjected to
goniometry and electromyography (EMG), before and after vibratory stimulation applied
through a digital pad, in the anterior tibialis muscle and medial gastrocnemius muscle for the
affected half of body. The data met the normality criteria. For statistical analysis, ANOVA
test was used for related samples to compare the values of Root Mean Square (RMS) and the
T Student Test was matched to the results of goniometry before and after treatment. The
significance level of 5% was attributed to the statistical tests. The results of this study,
according to the experimental conditions used, suggest that there was quite a significant
increase in the range of motion measured by goniometry (p <0.0001). The electromyographic
activity showed a significant increase between the pre-vibration value and five minutes after
the end of vibration in the gastrocnemius muscle (p <0.05) and anterior tibialis (p <0.01) and
after ten minutes at the end of vibration in both muscles (p <0.01). There was no significant
increase of the RMS when compared to the immediate pre-vibration and post-vibration. In
conclusion, the vibratory stimulation interfered in modulation of tone and in muscle activity,
thereby promoting a facilitation of movement, which contributed to the gain in the range of
motion of the ankle joint in the evaluated subjects.
Keywords: AVE, EMG, Spasticity, Vibration.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro
1:
Parâmetros
utilizados
pelos
autores
na
literatura
para
estudos
neurofisiológicos da vibração na espasticidade, desempenho motor, ilusão de
movimento.............................................................................................................................. 43
Figura 1: Músculo tibial anterior; músculo gastrocnêmio medial........................................
21
Figura 2: Movimento de dorsiflexão do tornozelo...............................................................
22
Figura 3: Organização do sistema motor, evidenciando a participação de seus vários
níveis hierárquicos nas diferentes etapas de elaboração e execução do plano motor............
23
Figura 4: (A) Arco reflexo simples. (B) Axônio do neurônio motor. (C) Estrutura do fuso
muscular.................................................................................................................................
27
Figura 5: Órgão Tendinoso de Golgi (OTG)........................................................................
28
Figura 6: Representação das conexões aferentes e eferentes na medula e músculos. (E) –
motoneurônio extensor; (F) – motoneurônio flexor............................................................... 29
Figura 7: Diferentes tipos de ondas produzidas pela vibração.............................................
37
Figura 8: Goniômetro (A) – Eixo; (B) – Braço fixo; (C) – Braço móvel.............................
46
Figura 9: Eletromiógrafo......................................................................................................
47
Figura 10: Eletrodo de Ag/AgCl........................................................................................... 47
Figura 11: Almofada Vibratória Digital...............................................................................
48
Figura 12: Alinhamento goniométrico para medida de dorsiflexão do tornozelo................
50
Figura 13: Posicionamento dos eletrodos de acordo com protocolo SENIAM.................... 51
Figura 14: Esquema gráfico da metodologia de coleta.........................................................
52
Figura 15: Sinal eletromiográfico de um sujeito e medida do RMS, após filtragem do
sinal bruto, durante 10 segundos............................................................................................ 53
Figura 16: Posicionamento do sujeito durante aplicação da estimulação vibratória e
captação do sinal eletromiográfico......................................................................................... 54
Figura 17: Valores da goniometria (em graus), do movimento de dorsiflexão, antes e
após a vibração. Valores representados em média, ± dois erros padrões, valores máximo e
mínimo (p<0,0001)................................................................................................................
56
Figura 18: Valores RMS normalizado do EMG do músculo tibial anterior, pré-vibração,
pós-vibração imediato, pós-vibração 5 minutos, pós-vibração 10 minutos. Valores
representados em média, ± dois erros padrões, valores máximo e mínimo
(p=0,005)................................................................................................................................ 57
Figura 19: Valores RMS normalizado do EMG do músculo gastrocnêmio pré-vibração,
pós-vibração imediato, pós-vibração 5 minutos, pós-vibração 10 minutos. Valores
representados em média, ± dois erros padrões, valores máximo e mínimo
(p=0,005)............................................................................................................................... 59
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Médias e desvio padrão da idade, tempo de lesão, escala de Ashworth...............
55
Tabela 2: Características clínicas dos sujeitos do estudo, quanto ao tipo de AVE...............
55
Tabela 3: Características clínicas dos sujeitos do estudo, quanto ao hemicorpo
comprometido........................................................................................................................
55
Tabela 4: Valores das médias da goniometria, pré e pós a terapia vibratória do
movimento de dorsiflexão do tornozelo................................................................................
56
Tabela 5: Valores das médias do RMS normalizado, pré e pós a terapia vibratória do
músculo tibial anterior...........................................................................................................
58
Tabela 6: Comparação entre as fases antes e após da aplicação da vibração do músculo
tibial anterior..........................................................................................................................
58
Tabela 7: Valores das médias do RMS normalizado, pré e pós a terapia vibratória do
músculo gastrocnêmio medial................................................................................................
60
Tabela 8: Comparação entre as fases antes e após da aplicação da vibração do músculo
gastrocnêmio medial..............................................................................................................
60
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ADM Amplitude de Movimento
ANOVA ANalysis Of Variance
AVE Acidente Vascular Encefálico
CEP Comitê de Ética em Pesquisa
DP Desvio Padrão
EAM Escala de Ashworth Modificada
EMG Eletromiografia
FES Functional Electrical Stimulation
FMED Frequencia Média do Espectro
M Média
MIF Medida de Independência Funcional
NASA National Aeronautics and Space Administration
ns não significativo
OTG Orgão Tendinoso de Golgi
PI Piauí
RMS Root Mean Square
TVR Tonic Vibration Reflex
s significativo
SENIAM Surface Electromyography For The Non-invasive Assessment of Muscle
SNC Sistema Nervoso Central
SNMS Síndrome do Neurônio Motor Superior
TENS Transcutaneous Nerve Stimulation
UNIVAP Universidade do Vale do Paraíba
WBV Whole-Body Vibration
LISTA DE SÍMBOLOS
Ag Prata
AgCl Cloreto de Prata
cm centímetro
G Constante gravitacional
Hz hertz
mm milímetro
m/s2 Metro por segundo ao quadrado
p Valor-p; nível crítico amostral; “significância” entre estatística de um teste
s segundo
% Porcentagem
α Alfa
γ Gama
° Grau
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................
14
2 JUSTIFICATIVA.......................................................................................................
17
3 OBJETIVO DO ESTUDO.........................................................................................
18
3.1 OBJETIVO GERAL................................................................................................
18
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................................................
18
4 REVISÃO DE LITERATURA..................................................................................
19
4.1 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO...........................................................
19
4.2 QUADRO FUNCIONAL DE SUJEITOS PÓS-AVE: O MOVIMENTO DE
DORSIFLEXÃO............................................................................................................
20
4.3 ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA NEUROMOTOR............................................
22
4.4 PROPRIOCEPÇÃO................................................................................................
24
4.5 FISIOPATOLOGIA DA ESPASTICIDADE........................................................
28
4.6 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DO MÚSCULO ESPÁSTICO...........................
30
4.6.1 GONIOMETRIA..................................................................................................
31
4.6.2 ELETROMIOGRAFIA........................................................................................
32
4.7 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO DA ESPASTICIDADE.....................
33
5 VIBRAÇÃO.................................................................................................................
35
5.1 DEFINIÇÃO E BREVE HISTÓRICO..................................................................
35
5.2 BASES FÍSICAS......................................................................................................
36
5.3 BASES FISIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS..........................................................
38
6 MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................
44
6.1 ASPECTOS ÉTICOS..............................................................................................
44
6.2 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA.................................................................
44
6.3 CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS...............................................................
44
6.4 LOCAL E DATA DA REALIZAÇÃO DA PESQUISA.......................................
45
6.5 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO................................
45
6.5.1 GONIÔMETRO....................................................................................................
45
6.5.2 ELETROMIÓGRAFO.........................................................................................
46
6.5.3 EQUIPAMENTO VIBRATÓRIO.......................................................................
47
6.5.4 DEMAIS MATERIAIS UTILIZADOS..............................................................
48
7 PROTOCOLO DE PESQUISA.................................................................................
48
7.1 AMPLITUDE DE MOVIMENTO.........................................................................
49
7.2 ELETROMIOGRAFIA..........................................................................................
50
7.3 ESTIMULAÇÃO VIBRATÓRIA..........................................................................
53
8 ANÁLISE ESTATÍSTICA.........................................................................................
54
9 RESULTADOS...........................................................................................................
55
9.1 CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS...............................................................
55
9.2
GONIOMETRIA
DO
MOVIMENTO
DE
DORSIFLEXÃO
DO
TORNOZELO................................................................................................................
9.3
REGISTRO
ELETROMIOGRÁFICO
DO
MÚSCULO
56
TIBIAL
ANTERIOR....................................................................................................................
57
9.4 REGISTRO ELETROMIOGRÁFICO DO MÚSCULO GASTROCNÊMIO
MEDIAL.........................................................................................................................
59
10 DISCUSSÃO..............................................................................................................
61
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................
67
REFERÊNCIAS.............................................................................................................
68
APÊNDICE A: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO...
80
APÊNDICE B: FICHA DE AVALIAÇÃO..................................................................
82
APENDICE C: DADOS DA PESQUISA.....................................................................
83
ANEXO A: ESCALA DE ASHWORTH.....................................................................
87
ANEXO
B:
CONTRA-INDICAÇÕES
DO
USO
DA
ALMOFADA
VIBRATÓRIA................................................................................................................
88
ANEXO C: PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA.....................................................
89
14
1 INTRODUÇÃO
O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é a terceira causa de morte em diversos países,
incluindo o Brasil. Suas vítimas, se não forem a óbito, poderão apresentar sequelas físicofuncionais significativas (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2002).
As manifestações clínicas do AVE refletem a localização e extensão da lesão vascular. As
lesões no sistema córticoespinal interferem com as atividades de vida diária, mobilidade e
comunicação
(O`SULLIVAN;
SCHMITZ,
2010).
Sujeitos
sequelados
demonstram
dificuldade no controle motor. As principais causas desta interferência são a espasticidade e a
fraqueza muscular, fazendo com que haja acometimento da habilidade do paciente em
produzir e regular o movimento voluntário (CORRÊA et al., 2005). Merecendo destaque ao
déficit de marcha, esses sujeitos geralmente apresentam dificuldade na realização da fase que
exige o movimento de dorsiflexão, devido à redução da função dos músculos dorsiflexores,
em especial, pela ação do músculo tibial anterior. Por outro lado, podem apresentar
plantiflexores (músculo tríceps sural) com significativa espasticidade, realizando oposição ao
movimento de dorsiflexão (SOARES, 2003).
A espasticidade pode ser definida como aumento velocidade-dependente do tônus
muscular com exacerbação de reflexos profundos, decorrente da hiperexcitabilidade do
reflexo de estiramento (MISCIO et al., 2004). É caracterizada pelo aumento da resistência ao
alongamento muscular passivo e também pode ser acompanhada de mudanças nas
propriedades intrínsecas da musculatura esquelética, através da alteração no comprimento e
no número dos sarcômeros, da relação entre comprimento e tensão, da transformação de fibras
musculares do tipo II em tipo I e da fibrose tecidual (SALMELA et al., 2003; OLIVEIRA,
2007; TRÓCOLI; FURTADO, 2008).
Para Freriks e Hermes (2000, apud Ortolan et al., 2005, p.70) existem inúmeros métodos
de avaliação da espasticidade e do desempenho muscular. Destaca-se a utilização da
eletromiografia de superfície, por meio do monitoramento dos valores da Raiz Quadrada do
Valor Médio Quadrático (RMS – do inglês Root Mean Square). Este é um dos parâmetros
mais utilizados para obtenção de informações relacionadas com a amplitude do sinal e por
informar a potência média deste, no intervalo de tempo analisado, sendo possível inferir sobre
a quantidade de unidades motoras disparando (DE LUCA, 2002). Além disso, é um parâmetro
muito utilizado para evidenciar a resposta muscular decorrente da intervenção com
equipamentos vibratórios (HALLAL; RIBEIRO; GONÇALVES, 2010). Outro método de
15
avaliação consiste na goniometria, que é capaz de mensurar a limitação da amplitude de
movimento de um segmento corporal, causada pela espasticidade (LIANZA, 2001).
Diversas modalidades terapêuticas são utilizadas para se tentar minimizar a espasticidade
diretamente. No entanto, estudos sugerem efeitos benéficos da estimulação somatossensorial.
E umas das formas de estimulação, que mostra considerável promessa para a reabilitação, é a
terapia vibratória (BECK; NOGUEIRA NETO; NOHAMA, 2010).
Sabe-se que a vibração tem múltiplas influências fisiológicas, promovendo padrões
normais de atividade motora pela modulação da excitabilidade dos motoneurônios. As
vibrações aumentam o influxo aferente final do fuso muscular primário, permitindo a
contração reflexa, o chamado reflexo tônico de vibração (BATISTA et al., 2007). Esse reflexo
é mediado tanto por via espinhal segmentar quanto por via espinhal supra-segmentar, sendo
sustentado por centros superiores (HILSEMANN, 2006).
Recentemente foram desenvolvidos inúmeros aparelhos produtores de vibração, tais como
halteres, plataformas vibratórias, almofadas, esteiras, dentre outros, e paralelamente à
disseminação desses aparelhos, muitos estudos têm sido realizados para comprovar sua
eficiência (BATISTA et al., 2007).
Pesquisas reportam alterações da flexibilidade (CARDINALE; LIM, 2003; VAN DEN
TILLAAR, 2006; CORMIE et al., 2006); da potência muscular (BOSCO et al., 2000; DA
SILVA et al., 2006); das forças máximas dinâmicas e isométricas (DELECLUSE;
ROELANTS; VERSCHUEREN, 2003; SILVA; COUTO; SZMUCHROWSKI, 2008;
STEWART; COCHRANE; MORTON, 2009); do desempenho funcional em jovens
(MAHIEU et al., 2006) e idosos (BAUTMANS et al., 2005; BRUYERE et al., 2005; REES;
MURPHY; WATSFORD, 2008); no ganho de massa óssea em mulheres pós-menopausa
(GUSI; RAIMUNDO; LEAL, 2006); nos parâmetros cardiovasculares (KERSCHAN et al.,
2001); alterações nos níveis hormonais (ERSKINE et al., 2007); do equilíbrio e marcha de
idosos com doença de Parkinson (BURKE; ANDREWS; LANCE, 1972; NOVAK; NOVAK,
2006); de crianças com paralisia cerebral (AHLBORG; ANDERSON; JULIN, 2006) e na
modulação da excitabilidade córticoespinal (LORRAINE; BRENDA, 2005; SMITH;
BROUWER, 2005; MILEVA; BOWTELL; KOSSEV, 2009).
Em sujeitos espásticos pós-AVE, sabe-se que os estímulos vibracionais ativam o tecido
conjuntivo, as fibras nervosas do tipo Ia, Ib, II, os receptores nervosos e regiões do Sistema
Nervoso Central (SNC), e se mostram potencialmente promissores, por levarem a um
aumento da inibição pós-sináptica, atuando assim no músculo espástico, modulando o tônus,
além de contribuir para a propriocepção através da retroalimentação dos receptores de
16
estiramento, consequentemente, aumentando a funcionalidade (GILLIES et al., 1969; VAN
NES et al., 2004).
No entanto, as características dos protocolos de treinamento e intervenção com vibração,
variam em diversos aspectos. Em estudos realizados por Kitazani e Griffin, (1998) mostraram
que o grau de contração muscular e a posição do corpo durante a exposição à vibração podem
afetar a resposta biológica. Martin e Park, (1997) apontaram que o desencadeamento do
reflexo tônico de vibração está diretamente relacionado com a frequência de vibração imposta
ao tecido muscular. Bongiovanni, Hagbarth e Stjernberg (1990) sugerem que a duração da
exposição à vibração pode afetar grandemente a função muscular. Deste modo, as evidências
científicas apontam algumas variações importantes relacionadas às características da vibração
referentes à amplitude e a frequência das ondas, o tipo de equipamento utilizado, o local, o
tempo e a frequência do treinamento (JORDAN et al., 2005).
Os estudos realizados com intuito de conhecer os efeitos das vibrações no ser humano
indicam que, esta modalidade pode ser considerada um instrumento terapêutico. Porém, há
grande divergência entre seus efeitos no corpo humano, o que se deve principalmente a
grande variedade dos protocolos experimentais. Deste modo, as atualizações da literatura
devem ser consideradas para adequada aplicação dos protocolos de terapia com vibração e
para o controle de parâmetros os quais podem interferir diretamente nos efeitos fisiológicos
proporcionados por este estímulo mecânico.
Tendo em vista o pequeno número de estudos sobre vibração e a importância da
reabilitação de pacientes com seqüela de acidente vascular encefálico, propõe-se, nessa
pesquisa, avaliar o efeito imediato e em curto prazo da vibração nos músculos do membro
inferior de sujeitos espásticos pós-AVE, no que diz respeito à modulação da espasticidade e
atividade muscular, onde as variáveis de frequência, amplitude e tempo de vibração foram
controladas. Os resultados ajudarão a formar base para o estabelecimento de um protocolo
que pode ser aplicado e testado em ambiente clínico como recurso terapêutico.
17
2 JUSTIFICATIVA
Grande parte dos sujeitos com lesão no SNC depara-se com problemas relacionados à
espasticidade e fraqueza muscular, o qual interfere na sua função motora. Essas alterações
dificultam o processo de reabilitação e limita, muitas vezes, padrões de movimentos
funcionais.
Os benefícios do tratamento vibratório são previsíveis com base no conhecimento sobre
os mecanismos neurofisiológicos. Sabe-se que as vibrações promovem padrões normais de
atividade motora pela modulação da excitabilidade dos motoneurônios e da via córticoespinal.
Desta maneira pode-se recomendar essa terapia para provocar efeitos de inibição da
espasticidade e efeitos no controle motor em sujeitos com seqüela de AVE.
Dessa forma têm-se o interesse em observar os efeitos da estimulação vibratória, após
uma única sessão de aplicação desta técnica, através da goniometria e das leituras
eletromiográficas do músculo tibial anterior e gastrocnêmio medial, do membro inferior do
hemicorpo acometido, de sujeitos pós-AVE, com a justificativa de que a vibração mesmo que,
temporariamente, ocasiona a melhora do movimento de dorsiflexão do tornozelo
repercutindo, em seguida, no processo de reabilitação.
18
3 OBJETIVO DO ESTUDO
3.1 Objetivo Geral
Investigar o efeito imediato e em curto prazo da estimulação vibracional na espasticidade
e função muscular, através da goniometria e da leitura do sinal eletromiográfico, de sujeitos
hemiparéticos após AVE.
3.2 Objetivos Específicos
 Medir a variação do grau de amplitude de dorsiflexão do tornozelo comprometido,
antes e após aplicação da estimulação vibratória;
 Avaliar a atividade eletromiográfica do músculo tibial anterior, antes e após aplicação
da estimulação vibratória;
 Avaliar a atividade eletromiográfica do músculo gastrocnêmio medial, antes e após
aplicação da estimulação vibratória.
19
4 REVISÃO DE LITERATURA
4.1 Acidente Vascular Encefálico
A expressão Acidente Vascular Encefálico (AVE) refere-se a um complexo de sintomas
de deficiência neurológica, que duram pelo menos vinte e quatro horas e resultam de lesões
cerebrais provocadas por alterações da irrigação sanguínea. As lesões cerebrais são
provocadas por um enfarte, devido à isquemia ou hemorragia, podendo ocorrer de forma
ictiforme, devido à presença de fatores de risco vascular ou por deformidade neurológica
focal (O`SULLIVAN; SCHMITZ, 2010).
O AVE representa umas das principais causas de morbidade e mortalidade em nível
mundial, tendo grande repercussão na qualidade de vida dos doentes. Anualmente, quinze
milhões de pessoas em todo mundo são vítimas do AVE. Destes, cinco milhões se recuperam;
cinco milhões morrem e outros cinco milhões ficam permanentemente incapacitados.
(GOLDSTEIN et al., 2010). A incidência está diminuindo em muitos países desenvolvidos,
através de um melhor controle dos fatores de risco. Contudo, o número absoluto continua a
aumentar devido ao envelhecimento da população, representando a terceira causa de morte
mais comum, seguinte à doença arterial coronária e neoplasias (SILVA, 2010).
O dano no tracto piramidal, acompanhado da lesão do tracto extrapiramidal que ocorre no
AVE, dá origem à Síndrome do Neurônio Motor Superior (SNMS), que apresenta sinais
clínicos que envolvem alterações sensoriais, comportamentais, perceptivas, de linguagem e
das funções motoras (O`SULLIVAN; SCHMITZ, 2010), incluindo tônus muscular, reflexos
tendinosos profundos, coordenação, velocidade de movimento, força, resistência muscular
(CASTRO et al., 2008). O sinal clássico do comprometimento motor do AVE é designado por
paralisias completas (hemiplegia) ou parciais/incompletas (hemiparesia) no hemicorpo
contralateral à lesão encefálica (ANDRÉ, 2006).
O tônus é definido como a resistência do músculo ao alongamento ou estiramento
passivo, quando um sujeito tenta manter o relaxamento muscular. Ele depende de um número
de fatores, incluindo: inércia física, tensão mecânica elástica do músculo e dos tecidos
conectivos, e contração muscular reflexa (SCHINWELSKI; SLAWEK, 2010). Anormalidades
tônicas são categorizadas como hipertonia ou hipotonia, (O`SULLIVAN; SCHMITZ, 2010).
20
É comum, no estágio inicial do AVE, a presença de flacidez (hipotonia), falta de
movimentos voluntários, que posteriormente é substituída por padrões motores em massa e
espasticidade (hipertonia) (PFISTER et al., 2003).
A espasticidade pode ser definida como um distúrbio motor hipertônico caracterizado
pela resistência velocidade dependente ao estiramento passivo. O surgimento ocorre como
parte da SNMS, por lesão das vias córticoespinais, sejam no nível do córtex cerebral, cápsula
interna, tronco cerebral ou medula espinhal (FLEUREN et al., 2008).
A espasticidade está presente em cerca de 90% dos casos, resultando em restrição dos
movimentos dinâmicos, funcionais e posturas estáticas (DEIBERT; DROMERICK, 2002;
SMANIA et al., 2010).
O ato motor de sujeitos pós-AVE pode ser dificultado por déficit de sensibilidade,
espasticidade, perda das reações de proteção, equilíbrio, movimentos sinérgicos e perda de
movimentos seletivos. Essas condições não permitem o movimento coordenado com força
muscular adequada para executar atividades funcionais (SHUSTER, 2009).
Há ainda, incapacidade ou impedimento de gerar força muscular em graus normais,
devido à perda ou diminuição na atividade das unidades motoras, que reduzem em
aproximadamente 50% entre o 21º (vigésimo primeiro) e 61º (sexagésimo primeiro) mês após
AVE, e alterações fisiológicas no músculo parético, devido ao desuso ou desnervação
(CANNING; ADA; O`DWYER, 2000; ROSAMOND et al., 2008).
Os estudos morfológicos dos músculos esqueléticos de pacientes hemiplégicos ou
hemiparéticos de Bhadra e Peckham (1997) têm sugerido que a atrofia muscular é
consequência do desuso, da perda dos efeitos tróficos centrais, da atrofia neurogênica, do
repouso excessivo durante a fase aguda da doença, da perda de unidades motoras, da alteração
na ordem de recrutamento e do tempo de disparo das unidades motoras, da alteração na
condução dos nervos periféricos e do estilo de vida sedentário.
4.2 Quadro Funcional de Sujeitos Pós-AVE: O Movimento de Dorsiflexão
Os músculos responsáveis pela movimentação do tornozelo e do pé, em sua maioria,
originam-se da tíbia ou fíbula. Os músculos que flexionam plantarmente o tornozelo são:
gastrocnêmio, sóleo, plantar, fibular longo, tibial posterior, flexor longo dos dedos e flexor
longo do hálux. Os três primeiros são os mais potentes plantiflexores, e por terem a mesma
21
inserção, o conjunto todo é chamado de tríceps sural. Sua inserção dá-se no osso calcâneo por
meio de um dos mais poderosos tendões do corpo humano, o tendão de Aquiles ou tendão
calcâneo (PALASTANGA; FIELD; SOAMES, 2000), (Figura 1).
Os dorsiflexores do tornozelo são tibial anterior, extensor longo dos dedos, extensor
longo do hálux e fibular terceiro. Sendo o músculo tibial anterior o principal dorsiflexor,
originando-se ao longo do bordo lateral da tíbia e inserindo-se no bordo medial do osso
cuneiforme medial (PUTZ; PABST, 2000), (Figura 1).
Figura 1: (a)-Músculo tibial anterior; (b)-Músculo gastrocnêmio medial.
Fonte: http://www.ehealthconnection.com/regions/ehealth/content/
A instalação do quadro de AVE pode causar diversas consequências ao sujeito,
relacionados aos aspectos motor, sensitivo, cognitivo, emocional e funcional. O que se
enfatiza nesta pesquisa são os comprometimentos motores, mais precisamente, o déficit de
movimento de dorsiflexão do pé (Figura 2), ocasionado pelo déficit de força do músculo tibial
anterior associado à espasticidade dos músculos gastrocnêmios e sóleo (SHUMWAY-COOK;
WOOLLACOTT, 2003). Segundo Iwabe, Diz e Barudy (2008), tais alterações podem
acarretar deformidades tanto estáticas quanto dinâmicas que, consequentemente, podem
alterar a angulação articular durante a marcha.
22
Os períodos da marcha são de apoio e balanço e se subdividem em fases. As fases da
marcha são o contato inicial, apoio inicial, resposta à carga, médio apoio, apoio final, prébalanço, balanço inicial, médio balanço e balanço final (SAMPAIO, 2007). O movimento de
dorsiflexão do tornozelo é importante desde o término da fase de pré-balanço, durante todo o
balanceio até a fase de contato inicial. Em cada uma das fases, grupos musculares diferentes
atuam de forma harmônica, mantendo a estabilidade das articulações e o equilíbrio corporal
(OLIVEIRA, 2008).
Os tempos de ativação e desativação muscular no tornozelo do hemicorpo comprometido
de sujeitos pós-AVE podem estar alterados em decorrência da espasticidade (CORRÊA et al.,
2005).
Para melhor compreensão dos aspectos fisiológicos da espasticidade, faz-se necessário a
compreensão do sistema neuromotor.
Figura 2: Movimento de dorsiflexão do tornozelo.
Fonte: http://fgbpersonal.com/index.php?pag=dicas&sum=lesoes
4.3 Organização do Sistema Neuromotor
Os comandos para o movimento voluntário se originam nas áreas corticais de associação
(Figura 3). Os movimentos são planejados no córtex e também nos gânglios da base e nas
regiões laterais dos hemisférios cerebelares, que dirigem as informações para o córtex prémotor e motor por meio do tálamo. Os comandos motores provenientes do córtex motor são
enviados para os motoneurônios do tronco cerebral. O movimento produz alterações nos
23
impulsos aferentes sensoriais provenientes dos músculos, tendões, articulações e pele. Essa
informação de feedback, que ajusta e suaviza o movimento, é enviada diretamente para o
córtex motor e para o espinocerebelo, que se projeta para o tronco cerebral (GUYTON;
HALL, 2006).
As áreas corticais de associação e os núcleos da base são estruturas neurais envolvidas
mais diretamente com a elaboração de uma estratégia motora. A elaboração dos aspectos
táticos é de responsabilidade do córtex motor e cerebelo. E a ativação de interneurônios e
motoneurônios que participam tanto da ação quanto das correções dos movimentos, ou seja, a
execução do plano motor é responsabilidade fundamental da medula espinhal e de núcleos do
tronco cerebral (LUNDY-EKMAN, 2000).
Figura 3: Organização do sistema motor, evidenciando a participação de seus vários níveis hierárquicos nas
diferentes etapas de elaboração e execução do plano motor.
Fonte: Baldo (2007).
Segundo Barbosa (2009) cada segmento da medula espinhal tem milhões de neurônios em
sua substância cinzenta. A substância cinzenta da medula espinhal é a área de integração dos
reflexos medulares espinhais. Pelas raízes sensoriais que os sinais sensoriais entram na
medula, seguindo dois destinos separados: um ramo que evoca reflexos segmentares
24
medulares locais; e outro ramo que transmite sinais para os níveis superiores de sistema
nervoso.
Os neurônios motores anteriores dão origem às fibras dos nervos que saem da medula
espinhal e inervam as fibras musculares esqueléticas, sendo os neurônios de dois tipos:
neurônios motores alfa (α) e os neurônios motores gama (γ). Os neurônios motores alfa dão
origem a grandes fibras nervosas motoras do tipo A alfa (Aα), que após entrar no músculo se
ramificam várias vezes e inervam as grandes fibras musculares esqueléticas. A estimulação de
uma fibra nervosa alfa isolada podem excitar a contração de três fibras musculares até uma
unidade motora inteira. Os neurônios motores gama, localizados nos cornos anteriores da
medula espinhal, transmitem impulsos por fibras nervosas motoras A gama (Aγ) e por
pequenas fibras intrafusais, que constituem a parte média do fuso muscular. Os interneurônios
estão presentes em todas as áreas da substância cinzenta da medula espinhal, são células
numerosas, pequenas e facilmente excitáveis emitindo, assim, descargas muito rapidamente;
têm interconexões umas com as outras e muitas fazem sinapse com os neurônios motores alfa,
sendo esta conexão responsável por funções integradoras da medula espinhal (COHEN,
2001).
4.4 Propriocepção
O Sistema Nervoso Central (SNC) recebe constantemente estímulos dos receptores do
corpo sobre alterações tanto do ambiente interno quanto do externo. Estes estímulos são
conduzidos pelos neurônios sensoriais que partilham de um mesmo padrão de organização
anatômica. Assim, as sensações nos permitem interagir com o ambiente, através de
informações oriundas da pele e do sistema músculo-esquelético. As informações da pele ou
sensorial superficial compreendem tato, dor e temperatura, enquanto as informações
originárias dos músculos abrangem propriocepção e dor (LUNDY-EKMAN, 2000).
Os receptores cinestésicos ou proprioceptores incluem os fusos musculares, os órgãos
tendinosos de Golgi e os receptores das articulações, fazendo com que a propriocepção inclua
a sensação estática dos ângulos das articulações como também, as sensações cinestésicas.
Estas últimas são estímulos sensoriais sobre o movimento, fornecendo desse modo o grau de
estiramento dos músculos, o grau da tensão exercida nos tendões, a posição das articulações e
25
a vibração profunda (ANDREWS; HARRELSON; WILK, 2000; POWERS; HOWLEY,
2000).
O órgão sensorial do músculo é o fuso muscular, consistindo de fibras musculares,
terminações sensoriais e motoras, sendo que as terminações sensoriais respondem ao
estiramento, isto é, às variações do comprimento muscular e da velocidade com que ocorrem
essas variações (BARBOSA, 2009).
Os fusos musculares se distribuem por todo corpo do músculo e enviam informações para
o sistema nervoso mostrando o comprimento do músculo ou a velocidade de variação de seu
comprimento. Cada fuso contém pequenas fibras musculares intrafusais, que se fixam às
grandes fibras musculares esqueléticas extrafusais circundantes. A região central da fibra
muscular intrafusal não tem elementos contráteis, não contraindo quando as extremidades os
fazem, funcionando, assim, como receptor sensorial. Já as extremidades das fibras intrafusais
são partes que efetivamente contraem e são excitadas por pequenas fibras motoras gama (γ),
também chamadas de fusimotor, originadas dos neurônios motores tipo A gama (Aγ)
supracitado. Também são denominadas fibras eferentes gama (γ) que se contrastam com as
grandes fibras eferentes alfa (α), originando-se das fibras nervosas tipo A alfa (Aα), que
inervam o músculo esquelético extrafusal (FONSECA; OCARINO; SILVA, 2004;
GUYTON; HALL, 2006).
As fibras sensoriais dos receptores do fuso muscular se originam na parte central do fuso
muscular, podendo ser excitadas de duas formas: ao alongar todo o músculo distende-se
também a parte média do fuso excitando, portanto, o receptor; e, mesmo que a extensão de
todo o músculo não se altere, a contração das partes terminais das fibras intrafusais do fuso
também vão distender as partes médias das fibras e excitar o receptor (POWERS; HOWLEY,
2000).
Na área receptora do fuso muscular são encontradas a terminação primária e a terminação
secundária. A terminação primária é formada por uma grande fibra nervosa sensorial do tipo
Ia, que circunda a parte central de cada fibra muscular intrafusal. A terminação secundária é
formada por fibras nervosas sensoriais menores do tipo II, que inervam a região receptora de
um ou de ambos os lados da terminação primária. Assim, quando há uma lenta distensão da
parte receptora do fuso muscular, os números de impulsos transmitidos pelas terminações
primárias e secundárias aumentam em proporção direta ao grau de distensão e por alguns
minutos, caso o receptor permaneça estirado as terminações ainda transmitem impulsos. Esse
efeito é denominado resposta estática do receptor do fuso (COHEN, 2001; NARDONE;
SCHIEPPATI, 2005).
26
Entretanto, quando o receptor do fuso sofre um aumento súbito no comprimento, apenas a
terminação primária é estimulada de forma muito vigorosa, transmitindo assim, um grande
número de impulsos para a fibra Ia. Essa resposta dinâmica perdura enquanto o comprimento
do fuso estiver aumentando. Quando deixa de aumentar, a frequência da descarga dos
impulsos retorna os níveis inferiores ao da resposta estática. Quando o fuso encurta, essa
variação diminui momentaneamente a emissão de impulsos pela terminação primária, então,
assim que o fuso alcança o comprimento mais curto, os impulsos ressurgem na fibra Ia numa
fração de segundo. Assim, os sinais enviados pela terminação primária para a medula
espinhal, podem ser positivos (maior número de impulsos) ou negativos (menor número de
impulsos), informando qualquer variação no comprimento do fuso muscular (COHEN, 2001;
FONSECA; OCARINO; BALDO, 2007).
O reflexo miotático é a manifestação mais simples dos fusos musculares e possui três
estruturas: o fuso muscular que responde ao estiramento, uma fibra nervosa aferente que
conduz o impulso sensorial do fuso para a medula espinhal e um motoneurônio eferente
(gama tipo A) na coluna espinhal, que ativa as fibras musculares distendidas
(BECK;NOGUEIRA; NETO; NOHAMA, 2010), (Figura 4).
O reflexo miotático, também chamado de reflexo de estiramento, é um mecanismo
autorregulador ou compensador permitindo ao músculo ajustar-se automaticamente às
diferenças nas cargas (e no comprimento), sem necessitar de um processamento imediato da
informação através de centros superiores do sistema nervoso central, pois essa é uma via
monossináptica, que possibilita que o sinal reflexo retorne de volta ao músculo, depois da
excitação do fuso com o retardo temporal mais curto possível (GUYTON; HALL, 2006).
O fuso pode ser distendido de outra maneira, pode ser ativado exclusivamente, sem a
participação do restante do músculo. As extremidades das fibras do fuso são inervadas por
neurônios motores gama e podem ser estimulados diretamente pelos centros motores
localizados no córtex cerebral. Quando estimuladas, as extremidades do fuso se contraem,
distendendo a porção central, estimulando o nervo sensorial. Esse arranjo neural especial
recebe o nome de sistema gama. Os neurônios gama possuem uma ordem de recrutamento,
assim como os motoneurônios alfa (α). As interrelações funcionais que promovem os
movimentos voluntários precisos ainda não são completamente conhecidas, mas esse
recrutamento
combinado
é
designado
ROSENKRANZ et al., 2003; BALDO, 2007).
co-ativação
alfa-gama
(COHEN,
2001;
27
Figura 4: (A) Arco reflexo simples. (B) Axônio do neurônio motor. (C) Estrutura do fuso muscular.
Fonte: http://www.bibliomed.com.br/bibliomed/bmbooks/anatomia/livro2/cap/fig01-13.htm
Segundo Taneda e Pompeu (2006), os Órgãos Tendinosos de Golgi (OTG) estão
localizados dentro dos tendões perto da junção do músculo (Figura 5). Diferentemente dos
fusos musculares, que ficam paralelos às fibras extrafusais e detectam o comprimento do
músculo e suas variações, os OTG estão conectados em série, com fibras extrafusais e
detectam a tensão muscular, sendo mecanismos inibidores a contração da musculatura
agonista e estimula a ação dos antagonistas.
Os OTG são receptores sensoriais que detectam diferenças na tensão gerada pelo músculo
ativo e respondem como um monitor de retroalimentação para emitir impulsos sob uma de
duas condições: em resposta à tensão criada no músculo ao se contrair e em resposta à tensão
quando o músculo é distendido passivamente. Se estimulados por tensão excessiva, os OTG
transmitem sinais à medula espinhal causando um efeito reflexo inteiramente inibitório no
músculo por eles inervados. Logo, se a mudança na tensão for excessivamente grande, a
descarga do sensor aumenta, deprimindo assim, a atividade dos motoneurônios, o que reduzirá
a tensão gerada nas fibras musculares, provocando, em alguns casos, um relaxamento
instantâneo de todo o músculo; sendo este um mecanismo protetor, impedindo a ruptura da
musculatura ou avulsão do tendão (GUYTON; HALL, 2006). Entretanto, se a contração do
músculo produz pouca tensão, os OTG irão exercer pouca influência. Assim, as funções
28
básicas dos OTG consistem em proteger o músculo e seu envoltório de tecido conjuntivo
contra possíveis lesões induzidas por uma sobrecarga excessiva (POWERS; HOWLEY,
2000).
Figura 5: Órgão Tendinoso de Golgi (OTG).
Fonte: http://aprendizagemecontrolomotor.blogspot.com/2010/11/organizacao-do-controlo-moto.html
4.5 Fisiopatologia da Espasticidade
A fisiopatologia da espasticidade ainda não é completamente esclarecida. Por muito
tempo, há suposições que o aumento dos reflexos miotáticos ou de estiramento na
espasticidade era resultado da hiperatividade dos neurônios motores gama, no qual provocaria
a contração da região polar estriada do fuso neuromuscular, levando o aumento da
sensibilidade das formações anuloespinhais e facilitando a descarga frente ao alongamento
muscular com a conseguinte contração das fibras musculares extrafusais, ou seja, a
espasticidade dependeria de um estado de potenciação pré-sináptica dos motoneurônios alfa,
29
que facilitariam a resposta reflexa miotática no alongamento muscular (COHEN, 2001;
SEGURA et al., 2005;).
No entanto, experimentos recentes lançam dúvidas sobre essa explicação. Ainda que a
hiperatividade gama esteja presente em alguns casos, mudanças na atividade de base de
neurônios motores alfa e de interneurônios são provavelmente mais importantes (KANDEL;
SSHWARTZ; JESSEL, 2003; FELICE; SANTANA, 2009).
A base patológica fundamental da espasticidade sustenta-se na perda ou desestruturação
dos mecanismos de controle supraespinhal, que regulam os mecanismos espinhais e seus
correspondentes arcos reflexos. O arco reflexo clássico envolve um receptor no fuso muscular
e sua fibra aferente do tipo Ia, que leva impulsos até a raiz dorsal da medula, que diretamente
faz sinapse com os motoneurônios alfa. Todos os elementos que intervém nestes arcos
recebem uma dupla influência supraespinhal descendente, ativadora ou inibidora. Em
consequência aparece um exagero dos reflexos polissinápticos ou uma redução na atividade
das vias de inibição pós-sinápticas e nos mecanismos de inibição pré-sináptico, tão
importantes para manter os processos de inibição recíproca, recorrente e autógena (DIETZ;
SINKJAER, 2007; CASTRO, et al., 2008), (Figura 6).
Figura 6: Representação das conexões aferentes e eferentes na medula e músculos. (E) – motoneurônio
extensor; (F) – motoneurônio flexor.
Fonte: http://www.sistemanervoso.com/pagina.php?secao=2&materia_id=30&materiaver=1(2005)
30
A perda das influências inibitórias das vias supraespinhais resulta também no aumento da
liberação de neurotransmissores envolvidos na regulação do tônus muscular (ácido gamaaminobutírico, glicina, glutamato), (LIMA et al., 2007).
O aparecimento da espasticidade, em fases mais tardias ao processo patológico inicial, é
explicada pela sinaptogênese ou brotamento axonal colateral que formaria uma rede de
aferência reflexa com neurônios medulares parcialmente lesados (SILVA, 2010).
Os inúmeros modelos que tentam explicar a real fisiopatologia da espasticidade se
justificam pela complexidade que o sistema neuronal possui, pois muitas vias espinhais e
supraespinhais e muitos mecanismos neuronais estão envolvidos no processo. As causas
principais,
atualmente
consideradas
possíveis,
incluem o
aumento
do
nível
de
neurotransmissores nas vias existentes, alterações na excitabilidade dos interneurônios
espinhais, hipersensibilidade dos receptores e formação de novas sinapses pelo processo de
reinervação colateral (MACHADO, 2006).
4.6 Métodos de Avaliação do Músculo Espástico
Os métodos de avaliação da espasticidade podem ser subdivididos em três grandes
subgrupos: escalas clínicas, métodos biomecânicos e neurofisiológicos (PIZANO et al., 2000;
RABITA et al., 2005).
As escalas clínicas são métodos ditos subjetivos, na sua maioria, têm a intenção de avaliar
a resistência à movimentação passiva e os outros fenômenos clínicos observáveis como, por
exemplo: a amplitude de movimentação, a posição do membro no repouso, os reflexos
tendíneos, o clônus e os espasmos. Estão relacionadas ao fenômeno, ou como a espasticidade
afeta a função: (1) avaliação de Fugl – Meyer, (2) Medida de Independência Funcional (MIF)
(3) e a Escala de Ashworth modificada (EAm), que ainda corresponde a mais utilizada,
devido a sua praticidade e facilidade de aplicação (KALLENBERG; HERMENS, 2008).
A Escala de Ashworth e a Escala de Ashworth Modificada é uma escala de pontos que
variam de 0 a 4, na qual, quanto maior a graduação, maior a gravidade da espasticidade
(Anexo A). Sua aceitação deve-se a sua confiabilidade e reprodutibilidade inter-observador; é
realizada pela movimentação passiva da extremidade através do arco de movimento para
estirar determinados grupos musculares, quantificando sua resistência ao movimento de forma
31
rápida nas diversas articulações (ASHWORTH, 1964; PRATICK; ADA, 2006; LIANZA et
al., 2001).
Os métodos biomecânicos e neurofisiológicos são quantitativos, fornecem dados
numéricos, provenientes de medições, em relação à espasticidade dos sujeitos, e são livres de
subjetividade, uma vez que exclui da análise, o fator humano. Nas avaliações biomecânicas
destacam-se os indicadores biomecânicos provenientes da análise de parâmetros cinéticos,
cinemáticos e eletromiográficos (PIZANO et al., 2000).
4.6.1 Goniometria
A palavra goniometria vem da junção de duas palavras gregas: Gonio que significa
ângulo e Metria que significa medida, ou seja, quantifica o movimento de uma articulação.
Consiste numa técnica muito usada na prática fisioterapêutica, que permite medições
angulares
do
corpo humano,
admitindo
uma
melhor
avaliação
do
paciente
e
consequentemente uma terapia ou tratamento mais indicado. É utilizado um equipamento
específico, o goniômetro, que de acordo com o seu posicionamento nos fornece o ângulo
formado por determinada articulação e as limitações do movimento (VENTURINI et al.,
2006).
O goniômetro permite assim caracterizar o movimento passivo e ativo do membro do
paciente, para documentar anomalias na amplitude. Desta forma apresenta-se por uma
ferramenta de trabalho, muito útil e requerida para avaliação do desempenho muscular e
função neurológica (RODRIGUES, 2010).
O instrumento é formado por dois braços e um eixo, um braço vai acompanhar o
movimento, o outro vai permanecer fixo até o final da medida e o eixo vai ficar sobre a
articulação avaliada (VENTURINI, et al., 2006). Construídos em plástico ou metal, com
diversos tamanhos e formas, as escalas de medição geralmente são de dois tipos, escalas de
180º ou 360º ([0º-180º, 180º-0º] e [0º-360º, 360º-0º]), com incrementos que variam entre 1 a
10 graus, sendo as mais usuais com incrementos de 1 ou 5 graus (RODRIGUES, 2010).
Entre as vantagens dessa metodologia, pode-se citar o baixo custo do instrumento e a fácil
mensuração. A padronização da metodologia é parâmetro fundamental para controlar as
fontes de erro, proporcionando, assim, uma medida confiável (VENTURINI et al., 2006).
32
Para Greene e Heckman (1994, apud Lianza, 2001, p.16) a goniometria é um método
biomecânico, no qual consiste em mensurar a limitação do arco de movimento causada pela
espasticidade, pode-se utilizar o movimento lento e rápido, passivo ou ativo. O padrão
internacional adotado é o da American Academy of Orthopaedic Surgeons. Utiliza-se como
regra geral a medida em graus de uma articulação ao realizarmos um movimento.
4.6.2 Eletromiografia
Atualmente, a eletromiografia (EMG) tem sido introduzida como forma de avaliação em
pacientes neurológicos (CORRÊA et al., 2005). É uma técnica que permite obter registros dos
sinais elétricos gerados pela despolarização das membranas das células musculares (ENOKA,
2000; DE LUCA, 2002). Como um indicador, estes sinais podem fornecer a ordem e o tempo
exato do início da atividade muscular de um ou mais músculos durante a realização de tarefas
(FONSECA et al., 2001).
A atividade elétrica que surge em um músculo individualmente pode ser estudada quanto
à sua forma de participação em atividades motoras coordenadas, ou pode ainda ser observada
em uma função repetida sob diferentes condições fisiológicas (UMPHRED, 2004). Segundo
Oliveira (2007) e Ribeiro (2005), o sinal captado na EMG é a manifestação elétrica da
atividade neuromuscular, com consequente contração da musculatura correspondente.
A EMG permite o estudo em tempo real da função muscular pela análise do sinal elétrico
gerado durante a contração muscular, sendo possível, a partir da coleta do sinal
eletromiográfico, fazer interpretações em condições normais e patológicas do aparelho
locomotor (AMORIM et al., 2003).
O equipamento de EMG é composto por: (1) Eletrodos de superfície de diferentes formas
e tamanhos, tendo seu uso mais frequente, colocados em paralelo às fibras musculares; (2)
Cabos sensores protegidos e selados; (3) Sensores pré-amplificadores que soam à atividade
elétrica e enviam informação para a unidade através dos cabos; (4) Unidade de Biofeedback
de diferentes tipos e complexidades. A maioria tem interface com os computadores mostrando
dados numéricos e gráficos (CARDOSO; OLIVEIRA; ALMEIDA, 2003). De acordo com
Portney e Roy (1996, apud O`Sullivan e Schmitz, 2010, p 296) os computadores coletam e
armazenam os dados da EMG para a visualização e análise; esses dados podem ser
armazenados de forma analógica ou digital.
33
A validade e a precisão de qualquer medida eletromiográfica são dependentes do processo
de detecção dos sinais. Este processo inclui a distância entre os eletrodos, seu tamanho, suas
localizações e preparação da pele para minimização da impedância. Esses parâmetros devem
ser controlados em todos os estudos que utilizam a eletromiografia de superfície como técnica
de mensuração da atividade muscular (FONSECA et al., 2001). Além do eletrodo de registro,
um eletrodo de referência precisa ser aplicado, para fornecer um mecanismo que cancele o
efeito de interferência dos ruídos elétricos e externos, como os causados por luzes
fluorescentes, aparelhos de rádio e outros aparelhos elétricos. O eletrodo terra é um eletrodo
de superfície que é preso à pele perto dos eletrodos de registro, de preferência sobre tecidos
inativos, por exemplo, as proeminências ósseas (DE LUCA, 2002).
As análises dos parâmetros eletromiográficos investigam a espasticidade, principalmente
pelas respostas elétricas do sistema motor sobre uma variedade de estímulos como:
estimulação elétrica de nervos periféricos, estimulação mecânica de tendões musculares, bem
como movimentações passivas e ativas. A resposta neuromuscular dos métodos
neurofisiológicos é obtida por registro eletromiográfico de eletrodos de superfície (LEE;
BANG; HAN, 2002; STARSKY et al., 2005; JASKÓLSKA et al., 2006).
Dentre os parâmetros eletromiográficos, a raiz quadrada do valor médio quadrático (RMS
– do inglês Root Mean Square) e frequência média do espectro (FMED) são comumente
usadas na avaliação do sinal de EMG. São utilizados para inferir sobre os comandos
fisiológicos do SNC ao músculo e sobre a relação entre o nível de ativação muscular e o
desenvolvimento de fadiga. Portanto, são parâmetros úteis a serem avaliados em hemiplégicos
(BURRIDGE et al., 2005; HU et al., 2009).
4.7 Tratamento Fisioterapêutico da Espasticidade
Nos últimos anos, muito tratamentos fisioterapêuticos vêm sendo sugeridos, objetivando a
melhora dos sinais clínicos desencadeados pela espasticidade. Quatro princípios devem ser
levados em consideração para o tratamento dessa disfunção tônica: não existe cura definitiva;
o tratamento é multifatorial, visando sua diminuição; o tratamento deve ser inserido dentro de
um programa de reabilitação e o tempo de tratamento deve ser baseado na evolução do
paciente (LIANZA, 2001; COELHO; ALMEIDA; OLIVEIRA, 2006; SMANIA et al., 2010).
34
Dentre os recursos destacam-se: a cinesioterapia, termoterapia (frio, calor), eletroterapia
(SMANIA et al., 2010) e a vibração (BISSCHOP; BISSCHO; COMMANDRÉ, 2001;
ORTOLAN, 2005).
A cinesioterapia é uma modalidade, reconhecida na literatura, como recurso terapêutico
para o controle da espasticidade. É utilizada em todas as fases do quadro clínico que gera a
espasticidade, sendo à base da reabilitação, atuando na prevenção de incapacidades
secundárias e na reeducação neuromotora. Os processos de reabilitação envolvem: técnicas de
base (instalação, posicionamento, mobilização, posturas e alongamentos), técnicas
neuromotoras (Bobath, Kabat, Brunnstrom) e técnicas sensitivo-motoras (Perfetti, Rood)
(HINSELMANN, 2006).
A Termoterapia sob a aplicação do frio como forma terapêutica é utilizada com efeito
transitório no controle da espasticidade, por reduzir a sensibilidade ao reflexo de estiramento
do fuso neuromuscular e por inibir os motoneurônios pelas vias polissinápticas. O frio pode
ser aplicado em diferentes temperaturas, na forma de imersão, aerossóis e bolsas, conforme
indicação clínica individualizada, por 15 a 30 minutos e seu efeito dura cerca de 30 minutos a
2 horas (LEE; BANG; HAN, 2002; CARDOSO; OLIVEIRA; ALMEIDA, 2003).
O efeito fisiológico do calor na espasticidade é controverso. Acredita-se que o calor tem
um efeito sobre o tônus musculoesquelético. O calor relaxa os músculos ao longo do sistema
esquelético, por diminuir o limiar de disparo dos eferentes gama, reduzir a excitabilidade dos
fusos musculares e aumentar a atividade dos órgãos tendinosos de Golgi (UMPHRED, 2004;
MATSUMOTO et al., 2006; FELICE; SANTANA, 2009).
A eletroterapia inclui a Estimulação Elétrica Funcional, conhecida como FES (Functional
Electrical Stimulation), que é utilizada para a contração de músculos plégicos ou paréticos
com objetivos funcionais. É empregada no controle da espasticidade devido a mecanismos
imediatos de inibição recíproca e relaxamento do músculo espástico e estimulação sensorial
de vias aferentes, ação na neuroplasticidade por modificar as propriedades viscoelásticas
musculares e favorecer a ação e o desenvolvimento de unidades motoras de contração rápida
(SUKANTA et al., 2010).
O TENS (Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation) é outro recurso na eletroterapia,
em estudo, para uso no controle da espasticidade. Pesquisas apontam que o TENS pode ser
efetivo, em reduzir a atividade de neurônios motores espinhais hipersensíveis, que está
tipicamente presentes em indivíduos com SNMS, o mecanismo sugerido é que a TENS causa
uma entrada sensorial adicional no SNC causando uma inibição pré-sináptica das vias
35
suprassegmentares que estão hiperativas (JOODAKI; LYAEI; BAGHERI, 2001; AYDIN et
al., 2005).
O Estímulo vibracional constitui um novo recurso para reabilitação física. Pesquisas
apontam que a vibração pode modular as aferências musculares, ocasionar sensação ilusória
de movimento, provocando uma resposta tônica excitatória no músculo agonista, inibitória no
antagonista e diminuição de reflexos tendinosos. Desta maneira, podendo ser recomendado
para provocar efeitos de relaxamento e inibição nos episódios espásticos originário do SNC
(ORTOLAN et al., 2005; NONA et al., 2009). Além disso, indiretamente aumenta função
motora em pacientes com espasticidade (NESS; FILDE-FOTE, 2009).
5 Vibração
5.1 Definição e Breve Histórico
A Vibração pode ser entendida como o movimento alternado de um corpo sólido em
relação ao seu centro de equilíbrio; ou ainda como um movimento de característica
oscilatória, que se repete em torno de uma posição de referência (JORDAN et al., 2005; LUO;
MCNAMARA; MORAN, 2005; BATISTA et al., 2007).
As primeiras aplicações de vibração para a melhoria do desempenho humano foram
desenvolvidas na Grécia antiga. No entanto, existe evidência de que o início do princípio
vibratório foi utilizado na década de 1880 e 1890, pelo Dr. John Harvey Kellogg (AMARAL,
2010).
Na antiga Alemanha Oriental, na década de sessenta, o Dr. Biermann realizava
experimentos com o uso de oscilações cíclicas, com o objetivo de identificar os seus efeitos
sobre o corpo humano. Na mesma época, o cientista russo Nazarov traduziu esses achados
para uso prático em atletas. Ele observou um aumento substancial da flexibilidade e força nos
atletas após a aplicação de vibrações (KUNNEMEYER; SCHMIDTBLEICHER, 1997).
Na época da corrida espacial, devido à falta de gravidade no espaço, os astronautas
apresentaram atrofia muscular e perda óssea, que os obriga a retornar à Terra muito
rapidamente. O Programa Espacial Russo, assim como a Agência Espacial Européia e a
National Aeronautics and Space Administration (NASA) fizeram experiências com
36
plataformas vibratórias a fim de obter os benefícios do estímulo vibratório para essas
alterações (AMARAL, 2010).
5.2 Bases Físicas
Existem dois métodos de aplicação da vibração no corpo humano durante os exercícios.
No primeiro, a chamada vibração localizada, a vibração é aplicada de forma direta e
perpendicular ao músculo ou o tendão a serem treinados. A vibração é aplicada por uma
unidade vibratória que pode ser segurada com a mão ou ser fixada a um suporte externo. No
segundo, a chamada: vibração de corpo inteiro - (WBV- do inglês Whole Body Vibration), a
vibração é aplicada ao músculo, de forma indireta, sendo transmitida através de uma
plataforma que vibra alcançando o músculo alvo, através das extremidades do corpo (LUO;
MCNAMARA; MORAN, 2005).
Quando aplicado o estímulo vibratório, todos os sistemas corporais são afetados, contudo,
a maior propagação da vibração ocorre nos tecidos mais próximos à fonte de vibração, em
razão de a mesma ser atenuada pelos músculos durante seu trajeto pelo corpo (CARDINALE;
WAKELING, 2005; KIISKI et al., 2008).
A vibração pode se manifestar por diferentes tipos de ondas: periódica (sinoidal e
multissinoidal), não periódica (transitória e choque) e aleatória (estacionária aleatória e nãoestacionária aleatória) (BATISTA, 2010; HALLAL; RIBEIRO; GONÇALVES, 2010).
. Os aparelhos de vibração confeccionados para treinamento e para reabilitação física
produzem vibrações que se encaixam na forma sinoidal (KOMI, 2006; BATISTA 2007;
SILVA; COUTO; SZMUCHROWSKI, 2008), (Figura 7).
37
Figura 7: Diferentes tipos de ondas produzidas pela vibração.
Fonte: Adaptado de BATISTA (2010)
A frequência, amplitude e magnitude são variáveis biomecânicas que determinam à
intensidade da vibração. A frequência da vibração é mensurada em Hertz (Hz) e representa
uma taxa de repetição de ciclos oscilatórios, ou seja, quantas vibrações por segundo serão
executadas pelo equipamento. A amplitude significa a extensão do movimento oscilatório,
representada em milímetros (mm). A magnitude é indicada, mais comumente, pela aceleração
que pode ser expressa em termos de aceleração pico a pico (CARDINALE; BOSCO, 2003).
A vibração fornece uma perturbação no campo gravitacional podendo alcançar até 15G,
onde G representa a aceleração gravitacional da Terra, 9,81 m/s2 (SIGGELKOW et al., 1999;
CARDINALE; WAKELING, 2005). Em outras palavras, isto significa que, durante a
exposição à vibração, os músculos podem ser exigidos a produzir uma força até 15 vezes
superior àquela que produzem normalmente para se opor à ação da força gravitacional.
Dependendo da frequência de vibração que o corpo ou parte dele é exposto, os tecidos
corporais podem oscilar em sua máxima amplitude estrutural, entrando em ressonância com a
vibração, o que pode ser lesivo para algumas estruturas. Cada tecido corporal de acordo com
sua densidade tem uma frequência ressonante. Em teoria, os músculos, quando expostos à
vibração, apresentam um reflexo de contração involuntária, que ocorre a fim de minimizar a
38
ressonância dos tecidos corporais. Essa contração reflexa é denominada na literatura científica
como reflexo tônico de vibração (TVR - do inglês: Tonic Vibration Reflex), (TERRA, 2011).
5.3 Bases fisiológicas e científicas
Nos últimos anos, o uso da vibração como uma forma de treinamento ou auxílio do
mesmo, ganhou popularidade. A estimulação vibratória aplicada à superfície da pele penetra
por entre os tecidos adjacentes ativando o tecido conjuntivo, além de fibras nervosas do tipo
Ia, Ib, II e receptores nervosos (MACHADO, 2006).
Defende-se que a exposição à vibração induz alterações temporárias na excitabilidade de
estruturas neurais centrais e periféricas, o que, supostamente, facilitaria a ativação de unidades
motoras nos minutos subsequentes, dando suporte à hipótese de um mecanismo envolvendo
estruturas corticais para explicar os efeitos agudos da estimulação vibratória (RITTWEGER;
MUTSCHELKNAUSS; FELSENBERG, 2003; ARMSTRONG et al.; 2008; MILEVA;
BOWTELL; KOSSEV, 2009);
Alguns autores investigaram o efeito do estímulo vibracional na espasticidade e no
desempenho motor, como perspectiva de tratamento para sujeitos com desordens neurológicas
(Quadro1).
Hagbarth e Eklund (1966, apud BECK NOGUEIRA NETO; NOHAMA, 2010, p.526) já
mostravam com testes preliminares que o uso da vibração de 160 Hz sobre o tendão de
músculos espásticos, melhorava o controle motor durante a aplicação e mantinha esse efeito
por alguns minutos subseqüentes. Em 1968 os mesmos autores utilizaram a vibração sobre
pacientes com doença de Parkinson e desordens cerebelares e reportaram que a vibração pode
modular as aferências musculares, as quais são importantes no controle motor. Eles ainda
observaram que após a vibração, o músculo apresenta uma resposta reflexa de contração
sustentada e relaxamento simultâneo de seu antagonista.
Childers et al (1999, apud BECK NOGUEIRA NETO; NOHAMA, 2010, p.526)
aplicaram a vibração de 60 Hz durante 60 segundos, por quatro dias, no tendão do músculo
flexor radial do carpo de pacientes que sofreram lesão encefálica com espasticidade presente.
Através da amplitude do reflexo de Hoffmann da EMG, com e sem vibração. Utilizaram um
índice de inibição vibratória para mensurar o decremento da amplitude do músculo espástico,
durante a vibração e comparar com a ausência de vibração.
39
Ortolan et al (2005), estudaram 8 voluntários que haviam sofrido AVE e avaliaram a
espasticidade antes e após um protocolo de vibração, que consistiu na aplicação de vibração
(frequência de 100 Hz e amplitude de 1-2mm), durante 15 minutos no tendão do tríceps
braquial, por um período total de tratamento de 35 dias (3 sessões por semana). A evolução
foi analisada por eletromiografia de repouso do músculo bíceps e tríceps braquial e medida de
amplitude do movimento. Concluíram-se ganhos significativos no arco de movimento da
articulação do cotovelo e evolução do valor de RMS do sinal mioelétrico.
Ahlborg, Anderson e Julin (2006), em um estudo com 14 pacientes com paralisia
cerebral, avaliaram a espasticidade, força e desempenho motor, utilizando a Escala de
Ashworth modificada, dinamometria, o teste de caminhada de seis minutos, antes e após 8
semanas de treino de vibração (25-40 Hz) comparado com treino resistido. Os resultados do
estudo apontaram para redução significativa da espasticidade após o período de intervenção,
aumento da força e velocidade, porém não houve diferença significativa quando comparado
com treino resistido.
Tihanyi et al (2007), avaliaram o efeito de uma única sessão de vibração de corpo inteiro
(frequência: 20 Hz; amplitude: 5 mm) durante 1 minuto, por seis vezes em uma única sessão.
Verificaram que houve um aumento da força voluntária e ativação muscular do quadríceps
afetado.
Jackson et al (2008), verificaram o efeito agudo da vibração de corpo inteiro na
extremidade inferior, em relação ao desempenho muscular (quadríceps e isquios-tibiais) em
pessoas com esclerose múltipla, a vibração foi aplicada com frequência de 2-26 Hz, durante
30 segundos. Os valores do torque foram medidos antes e depois de 10 e 20 minutos. Apesar
de estatisticamente não significativo, os valores de toque dos músculos avaliados foram mais
elevados depois da vibração de 2 Hz.
Cordo et al (2009), avaliaram 20 pacientes espásticos com aparelho confeccionado para
treino motor em músculos antagonistas com período de tratamento de seis meses e 30 minutos
de aplicação diária. Os parâmetros utilizados foram 2-3 mm de amplitude, frequência inicial
de 70 Hz, que depois decaia para 60 Hz. Ocorreu melhora da condição motora dos pacientes
com relação ao arco de movimento e estabilidade da deambulação, que permaneceram por
aproximadamente seis meses.
Tihanyi et al (2010) investigaram o efeito crônico de baixa frequência de vibração sobre a
força isométrica e excêntrica dos extensores do joelho de sujeitos pós-AVE do membro
parético e não-parético. Para o experimento, 20 sujeitos foram divididos em dois grupos (teste
e controle). Nos resultados obtiveram o torque máximo isométrico e atividade EMG
40
aumentada estatisticamente significante para ambos os membros inferiores (parético e não
parético), mas a melhora foi três vezes maior no grupo de vibração. O estudo indicou que a
seleção da frequência de vibração eficaz depende do estado físico do sistema neuromuscular.
A vibração produz uma sensação ilusória do movimento, além disso, manifestações
musculares podem ser observadas, tais como o Reflexo Tônico de Vibração (TVR - do inglês:
Tonic Vibration
Reflex), também entendido como o reflexo miotático de forma cíclica
(BATISTA, 2010)
O reflexo tônico é uma resposta reflexa, mediada pelo aumento da atividade das
terminações sensoriais Ia provenientes dos fusos musculares, que fazem sinapse com os
motoneurônios alfa e que são despolarizadas em respostas as rápidas e curtas modificações no
comprimento das fibras musculares extrafusais (BATISTA, 2010). Postula-se que o mesmo
desencadeia um aumento do recrutamento de unidades motoras, o que leva a uma melhora da
sincronicidade de estímulos para o músculo, uma co-contração dos músculos sinergistas e
inibição dos antagonistas de forma mais eficiente (CARDINALE; BOSCO, 2003).
Burke, Andrews e Lance (1972), avaliaram o reflexo tônico vibratório aplicando vibração
nos tendões e músculos do quadríceps e tríceps sural de sujeitos normais, espásticos e
parkinsonianos. Mostraram que os pacientes espásticos apresentam de 50 a 100 milissegundos
após o início da vibração um “pico” na EMG e que o reflexo tônico atinge um platô após 2-4s.
Já os parkinsonianos o platô ocorre após uma lenta subida de 60s.
Calvin-Figuière et al (1999), sugerem que a vibração aplicada aos tendões do músculo
evoca sensações ilusórias, que são normalmente associadas a uma resposta de excitação tônica
dos músculos antagonistas, àqueles vibrados. Para o efeito, foram analisadas as relações entre
os parâmetros da vibração do tendão (localização anatômica e frequência) e os do movimento
ilusório percebido (direção e velocidade). A vibração foi aplicada com frequências entre 30 e
80 Hz, nos músculos flexores do pulso. Os resultados mostraram que a vibração neste grupo
muscular induziu tanto uma ilusão cinestésica de extensão do punho, como uma resposta
motora no músculo extensor radial.
No estudo de Cordo et al (2005), quinze voluntários sem acometimentos neurológicos
tiveram tendão do músculo tríceps braquial aderido a um aparelho de vibração, 0,5mm de
amplitude e uma frequência de 50Hz, durante 30s de tempo de aplicação. Os voluntários
deveriam demonstrar com o membro contralateral a sensação evocada. Todos os voluntários
afirmaram ter sentido a ilusão do movimento de flexão do cotovelo e que o membro não teria
voltado à posição original após cessar o estímulo.
41
Outras pesquisas sustentam o fato do suporte de regiões supraespinhais do SNC, nos
efeitos da vibração.
Smith e Brouwer (2005) em um estudo com 16 voluntários saudáveis, exploraram o efeito
da vibração (100 Hz) aplicada por 15 ou 30 minutos dos extensores do antebraço na
excitabilidade cortical e a influência da duração do estímulo. O estudo apontou que a
excitabilidade do córtex motor pode aumentar em indivíduos saudáveis, em resposta a
vibração muscular, mas o efeito depende da duração da estimulação. Apenas a vibração por
15 minutos promoveu mudanças na excitabilidade das projeções córticoespinhais e o aumento
da área de representação cortical do músculo-alvo, sendo observado a manutenção desta por
pelo menos 5 minutos. A excitabilidade cortical foi medida com a magnitude do potencial
evocado e o tamanho da área de representação associada ao músculo extensor longo radial do
carpo.
Shinohara (2005) mostrou através de dados eletromiográficos, que após 30 minutos de
aplicação vibracional (75 Hz) sobre os tendões dos flexores do punho de pacientes hígidos,
teve-se um acréscimo da atividade córticoespinhal no músculo extensor radial curto, que
perdurou por 60 minutos após o experimento. A aplicação da vibração sobre pacientes
espásticos proporciona uma redução de espasmos e um relaxamento muscular que se
prolongou por aproximadamente duas horas.
Naito, Bowtell e Kossev (2005), utilizando-se de estímulos vibracionais (80 Hz) sobre o
OTG do músculo extensor radial curto verificando sua representação encefálica através de
imagem por ressonância magnética funcional e tomografia por emissão de pósitron,
observaram, a ativação das regiões distintas do encéfalo. Das regiões encefálicas ativadas
pode-se citar: área motora primária contralateral, motora suplementar bilateral, pré-motora
dorsal contralateral, cerebelar ipslateral, 44 e 45 do hemisfério direito e a somatossensorial
primária, região anterior do giro parietal inferior, região caudo-lateral da parte opercular do
giro parietal ascendente, giro temporal superior, região anterior da ínsula e região motora do
giro cingulado (área 24). A área 2 direita, especialmente, é ativada tanto durante a estimulação
do membro esquerdo (frente à estimulação vibracional) quanto do membro direito
(concomitantemente com a área 2 esquerda).
Face aos protocolos de vibração abordados sobre desordens neurológicas e para evocação
de ilusão de movimento, induz-se que os estímulos vibracionais ativam regiões do SNC e que
podem ser aplicados terapeuticamente em pacientes com distúrbios de movimento como
espasticidade. Se a remodelagem das vias neurais ocorre devido à plasticidade do sistema
nervoso, tanto periférico como central, o mesmo necessita de estímulos para sua proliferação.
42
A vibração se encaixa em uma forma de terapia física que aperfeiçoa a remodelagem
sináptica das vias envolvidas como na reorganização das representações somatossensoriais no
córtex cerebral (BECK; NOGUEIRA NETO; NOHAMA, 2010).
No entanto há informações conflitantes entre as atribuições corticais e periféricas para os
efeitos da estimulação vibratória no ser humano (ARMSTRONG et al., 2008; HOPKINS et
al., 2008).
Em razão disso, há necessidade de estudos mais controlados (LUO; MCNAMARA;
MORAN, 2005). Segundo MESTER et al (1999), as reações biológicas aos estímulos
vibratórios são uma característica desafiadora do ponto de vista científico.
43
Quadro 1:Parâmetros utilizados pelos autores na literatura para estudos neurofisiológicos da
vibração na espasticidade, desempenho motor, ilusão de movimento.
Autores
Hagbarth e
Eklund, 1966
Hagbarth e
Eklund, 1968
Childers et al,
1999
Ortolan et al,
2005
Ahlborg et al,
2006
Tihanyi et al
2007
Jackson et al,
2008
Cordo et al,
2009
Tihanyi et al
(2010)
Burke et al,
1972
CalvinFiguière et al,
1999
Cordo et al,
2005
Smith et al,
2005
Shinohara et
al, 2005
Naito et al,
2005
Freqüência
(Hz)
160
Amplitude
(mm)

Tempo de
aplicação (min)

Equipamento
150-160
1,5-2

Vibrador local
60


Vibrador local
100
1-2
15
Vibrador local
25-40

30
Vibrador local
20
5
1
2-26

0,5
60-70
2-3
30
Plataforma
vibratória
Plataforma
vibratória
Haste vibratória
20
5
1
50-200


Plataforma
vibratória
Vibração local
30-50-80


Vibração local
50
0,5
30
Vibração local
100

15-30
Vibração local
75

30
Vibração local
80

1,85-3,6
Vibração local
Vibrador local
Nota: (Hz): Hetz; (mm): milímetros; (min): minutos; (): dado não apresentado
Fonte: Revisão realizada pelo autor
44
6.0 MATERIAL E MÉTODOS
6.1 Aspectos Éticos
Todos os sujeitos inseridos da amostra participaram de forma voluntária e foram
orientados sobre o experimento, seus objetivos, procedimentos, e assinaram o termo de
consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE A), de acordo com os critérios estabelecidos
pela resolução nº.196/96 do Conselho Nacional de Saúde.
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (ANEXO A) da Universidade
Vale do Paraíba-UNIVAP, sob o protocolo H39/CEP2010.
6.2 Caracterização da Pesquisa
O estudo se caracteriza por ser do tipo experimental, transversal e comparativo (LUNA,
2002; DULCE, 2010).
6.3 Caracterização dos Sujeitos
Para execução do estudo, utilizou-se uma amostra composta por sujeitos adultos, de
ambos os sexos, com sequela de AVE, de etiologia isquêmica ou hemorrágica, que estavam
realizando ou realizaram atendimento na Clinica FISIOSAÚDE - Clinica de Tratamento em
Fisioterapia LTDA, na cidade de Teresina, estado do Piauí. O recrutamento foi feito por
convite pessoal.
Para inclusão no estudo, os sujeitos deveriam obedecer aos seguintes critérios:
 Pacientes adultos, com diagnóstico de AVE, comprovados por tomografia
computadorizada ou ressonância magnética;
 Tempo mínimo de doze meses de sequela ou fase espástica estabelecida;
45
 Presença de espasticidade, classificada de 1, 1+ e 2 na Escala de Ashworth modificada
(ANEXO A);
 Ausência de alterações ortopédicas na articulação do tornozelo.
Como critérios de exclusão estabeleceram-se:
 Presença de alterações cárdio-respiratórias;
 Presença de disfasia ou afasia de Wernicke;
 Presença de espasticidade, classificada de 3 e 4 na Escala de Ashworth modificada
(ANEXO A);
 Uso de medicamentos para promover relaxamento muscular;
 Sujeitos que já haviam realizado treinamento vibratório anteriormente;
 Presença de contra-indicações para uso da vibração, referidas pelo equipamento
(ANEXO B).
6.4 Local e Data da Realização da Pesquisa
Os dados do estudo foram coletados nas dependências da FISIOSAÚDE - Clinica de
Tratamento em Fisioterapia LTDA, na cidade de Teresina-PI, no período compreendido entre
outubro a novembro de 2010.
6.5 Instrumentos de Avaliação e Intervenção
6.5.1 Goniômetro
O Goniômetro (Figura 8) utilizado na pesquisa tem as seguintes especificações técnicas:
 Marca Carci;
 Fabricado de plástico transparente com duas réguas de 20 cm;
 Transferidor de 0º-360º.
46
(B)
(A)
(C)
Figura 8: Goniômetro (A) – Eixo; (B) – Braço fixo; (C) – Braço móvel.
Fonte: Arquivo Pessoal.
6.5.2 Eletromiógrafo
Para a coleta do sinal eletromiográfico foi utilizado o eletromiógrafo (Figura 9), com as
seguintes especificações técnicas:
 Marca EMG System do Brasil LTDA;
 Modelo EMG 410C;
 Placa de conversão Analógico / Digital de 16 bits de resolução;
 Amplificador: ganho de 2000 vezes;
 Filtro passa-banda de 20 a 500 Hz;
 Eletrodos (Figura 10): Ag/AgCl (prata/cloreto de prata) com 10mm de diâmetro,
marca: Global Tec;
 Software de coleta e análise de sinais, plataforma Windows.
47
Figura 9: Eletromiógrafo.
Fonte: Arquivo pessoal.
Figura 10: Eletrodo de Ag/AgCl.
Fonte: Arquivo pessoal.
6.5.3 Equipamento de Vibração
A estimulação vibratória foi aplicada através da Almofada Vibratória Digital (Figura 11),
que possui as seguintes especificações técnicas:
 Fabricante: Nissan-Indústria e comércio de aparelhos fisioterapêuticos LTDA;
 Dimensões: 0,32 cm x 0,46 cm x 0,11cm;
48
 Frequência: 35-80 Hz;
 Amplitude: 1,5-1,8 mm;
 Intensidade: representação numérica 1(mínimo) à 8 (máximo).
Figura 11: Almofada Vibratória Digital.
Fonte: Arquivo Pessoal.
6.5.4 Demais Materiais Utilizados
Foram utilizados: gel para aplicação dos eletrodos, álcool e algodão (para assepsia da
pele), esparadrapo (para garantir a fixação dos eletrodos), trena antropométrica, máquina
digital Sony Cyber Shot (12.1megapixels) e Nobreak Microsol Stay 700.
7 Protocolo de Pesquisa
Inicialmente foram coletados os dados de identificação pessoal dos voluntários, como:
gênero, idade, tempo de AVE em meses, hemicorpo comprometido, realização de
atendimento fisioterapeutico durante o período da pesquisa. Em seguida, os voluntários foram
submetidos à avaliação clínica, para estabelecer sua inclusão no estudo, ou não. Nesta
49
avaliação os sujeitos foram classificados de acordo com a Escala de Ashworth Modificada e
capacidade de obedecer a comando simples de relaxar e flexionar o pé comprometido.
Vale ressaltar que os sujeitos que foram incluídos na pesquisa não realizaram atendimento
fisioterapeutico no respectivo dia da avaliação e da aplicação do recurso. No entanto, o
horário de coleta foi de acordo com a disponibilidade do sujeito e do avaliador.
Para avaliação do tônus muscular segundo a Escala de Ashworth Modificada (ANEXO
A), o individuo foi posicionado em decúbito dorsal em uma maca, de modo que o pé ficasse
fora da borda da maca, facilitando assim a mobilização do tornozelo. O paciente foi orientado
a relaxar enquanto se realizava a mobilização.
Sendo admitidos para a pesquisa, os sujeitos foram solicitados a sentar em uma cadeira,
de maneira relaxada. A partir daí realizou-se a goniometria na articulação do tornozelo para o
movimento de dorsiflexão ativa e logo em seguida a aquisição eletromiográfica simultânea do
músculo tibial anterior e gastrocnêmio medial do membro inferior do hemicorpo
comprometido, por um tempo de 20 segundos, durante o qual o sujeito realizava movimento
de dorsiflexão ativo-livre.
Em seguida, o sujeito foi submetido a 15 minutos ininterruptos de vibração através da
almofada vibratória digital (equipamento disponibilizado comercialmente). Ao término dos 15
minutos, a almofada foi desligada, coletou-se de imediato 20 segundos de sinal
eletromiográfico, em seguida esperou-se 5 minutos e coletou-se mais 20 segundos e em
seguida esperou-se mais 5 minutos e coletou-se novamente 20 segundos de EMG e para
finalizar realizou-se a goniometria.
As coletas aconteceram uma única vez para cada sujeito com o intuito de evitar possível
fadiga muscular (RITTWEGER; BELLER; FELSENBERG 2000; PELEGRINA; SILVA,
2009); e por intermédio de um único avaliador.
7.1 Amplitude de Movimento
Para a medição do movimento de dorsiflexão ativa da articulação do tornozelo, os sujeitos
ficaram em posição sentada, com o tornozelo em posição anatômica (Figura 12).
O alinhamento goniométrico consistiu:
 Eixo: colocado 2,5 cm distal ao maléolo lateral da fíbula;
50
 Braço fixo: colocado paralelo à linha média lateral da fíbula, projetando-se para a
cabeça da fíbula;
 Braço móvel: colocado paralelo à linha média lateral do calcâneo.
Algumas precauções foram mantidas:
 Prevenção da movimentação das articulações do quadril e do joelho;
 A amplitude de movimento (ADM) foi avaliada evitando a inversão e eversão do pé;
 O joelho foi mantido em flexão para prevenção do estiramento do músculo
gastrocnêmio.
Os sujeitos foram orientados a dorsoflexionar o pé ativamente, a partir daí foi feito o
registro angular antes e depois da vibração.
Vale destacar que em condições normais a angulação do tornozelo varia de 0 a 20 graus.
(O`SULLIVAN; SCHMITZ, 2010).
Figura 12: Alinhamento goniométrico para medida de dorsiflexão do tornozelo.
Fonte: Arquivo Pessoal.
7.2 Eletromiografia
Para a captação do EMG superficial, os sujeitos ficavam sentados, com pés apoiados na
almofada vibratória. Obedecendo as recomendações da SENIAM (Surface Electromyography
for the Non-invasive Assessment of Muscle), um par de eletrodos foi posicionado no ventre
51
muscular do tibial anterior a 1/3 da linha entre a cabeça da fíbula e maléolo medial e o outro
par na região mais proeminente do músculo gastrocnêmio medial. O eletrodo de referência foi
fixado no epicôndilo lateral do cotovelo direito (Figura 13).
Figura 13: Posicionamento dos eletrodos de acordo com protocolo SENIAM.
Fonte: http://www.seniam.org/
O registro da EMG superficial foi captado com uma frequência de amostragem de 2000
Hz e ganho de 2000 vezes, gravando-se 20 segundos do sinal, obtido durante movimentos de
dorsiflexão ativo-livre do tornozelo dos sujeitos, os movimentos foram repetidos de acordo
com a possibilidade de o sujeito realizá-los no tempo de 20 segundos.
A captação foi realizada em dois momentos, totalizando quatro coletas. Assim descritas:
(Figura 14).
 Momento I: antes da vibração (pré-vibração):
o
Coleta de 20 segundos.
 Momento II: depois da Vibração (pós-vibração):
o
Coleta de 20 segundos logo após o término da vibração;
o
Coleta de 20 segundos após 5 minutos do término da vibração;
o
Coleta de 20 segundos após 10 minutos do término da vibração.
52
(A)
(B)
(B)
(B)
(B)
(A)
Figura 14: Esquema gráfico da metodologia de coleta (A)-goniometria; (B) - eletromiografia.
Fonte: Arquivo Pessoal.
Para a realização do movimento, o sujeito foi treinado previamente com o procedimento,
visando o aprendizado do movimento. Para obter as máximas contrações voluntárias, o
mesmo examinador solicitava o máximo empenho dos sujeitos mediante estímulos de
comandos verbais.
Existem inúmeras técnicas descritas na literatura para processar o sinal do EMG bruto,
visto que, este tem pouco valor para fazer uma correlação direta com o grau de atividade
muscular (força muscular), tornando-se necessário processá-lo adequadamente para extrair a
informação desejada (CARVALHO et al., 2001).
O processamento do sinal off-line foi realizado por intermédio do software DelSys
EMGworks analysis, constou-se inicialmente do uso de um filtro Band Stop, na faixa de 4ª
ordem Butterworth, ajustado para as frequências de corte em 60 Hz, 120 Hz, 180 Hz, 240 Hz
para reduzir a interferência da rede elétrica e em seguida um filtro Band Pass, na faixa de 4ª
ordem Butterworth, ajustado para frequência de corte de 20 Hz e 280 Hz, a fim de eliminar
ruído residual.
53
Considerando o tempo total de cada coleta (20 segundos), para a análise dos dados foi
selecionado um trecho de 10 segundos de cada uma das aquisições (excluíram-se os 5
segundos iniciais e 5 segundos finais da coleta).
O valor RMS foi obtido após a filtragem do sinal, nos 10 segundos de contrações
voluntárias (Figura 15).
Daí foi realizado a comparação da coleta pré-vibração, pós-imediato, pós 5 minutos do
término da vibração, pós 10 minutos do término da vibração de cada um dos sujeitos.
Figura 15: Sinal eletromiográfico de um sujeito e medida do RMS, após filtragem do sinal bruto, durante
10 segundos.
Fonte: Arquivo Pessoal.
7.3 Estimulação Vibratória
A estimulação vibratória foi aplicada, durante 15 minutos ininterruptos, com uma
frequência aproximada de 80 Hz, amplitude de 1,8mm e intensidade máxima representada
pelo numero 8 (oito) fornecida pelo próprio aparelho.
A intervenção foi aplicada com os sujeitos em posição sentada em uma cadeira de forma
relaxada, com os membros inferiores apoiados com base livre, pés descalços (para eliminar
54
qualquer amortecimento da vibração causada pelo calçado), joelhos flexionados e tornozelo a
um ângulo de 90 graus sobre a almofada vibratória (Figura 16).
Figura 16: Posicionamento do sujeito durante aplicação da estimulação vibratória e captação do sinal
eletromiográfico.
Fonte: Arquivo Pessoal
8 Análise Estatística
A análise descritiva dos dados foi realizada por meio das medidas de tendência central e
desvio padrão, valores máximo e mínimo. Os dados apresentaram uma distribuição normal,
comprovados pelo teste de normalidade de D`Agostino. A análise de variância (ANOVAANalysis Of VAriance) para amostras relacionadas foi utilizada para comparação dos
resultados antes e após a utilização do recurso. Identificada as diferenças entre a atividade
eletromiográfica antes e após o recurso, era usado o teste post hoc de Tukey para identificar
quais médias eram estatisticamente diferentes. O Teste T-Student pareado foi aplicado para
comparar os resultados da goniometria antes e depois da vibração. Atribuiu-se para os testes
estatísticos o nível de significância de 5%.
Os testes estatísticos foram realizados utilizando o programa BioEstat 5.0.
55
9 RESULTADOS
9.1 Caracterização dos Sujeitos
Participaram do estudo 27 sujeitos, sendo 25 do sexo masculino e 2 do sexo feminino.
Quanto ao tipo de AVE, 17 foram de etiologia isquêmica e 10 hemorrágica. Em relação ao
hemicorpo comprometido, 17 sujeitos apresentavam hemiparesia direita e 10 hemiparesia
esquerda. As características clínicas dos sujeitos estão descritas das nas tabelas 1, 2 e 3:
Tabela 1: Médias e desvio padrão da idade, tempo de lesão, escala de Ashworth.
Média ± DP
Valor Min-Máx
Idade (anos)
64,4 ± 4,24
46-75
Tempo de lesão (meses)
33,7 ±12,00
12-60
Escala de Ashworth
1,45 ± 0,52
1-2
(0-4)
Nota: DP-desvio padrão; Min – mínimo; Máx – máximo.
Tabela 2: Características clínicas dos sujeitos do estudo, quanto ao tipo de AVE
Tipo de AVE
Número da amostra
Isquêmico
17
Hemorrágico
10
Tabela 3: Características Clínicas dos sujeitos do estudo, quanto ao hemicorpo comprometido
Hemicorpo comprometido
Número da amostra
Direito
17
Esquerdo
10
56
9.2 Goniometria do Movimento de Dorsiflexão do Tornozelo
A Figura 17 e a Tabela 4 apresentam os resultados da goniometria no pré e pós aplicação
da vibração, para o movimento de dorsiflexão do tornozelo. Houve um aumento
estatisticamente significativo após a aplicação da terapia vibratória (p<0,0001).
Figura 17: Valores da goniometria (em graus), do movimento de dorsiflexão, antes e após a vibração. Valores
representados em média, ± dois erros padrões, valores máximo e mínimo (p<0,0001).
Tabela 4: Valores das médias da goniometria, pré e pós a terapia vibratória do movimento de
dorsiflexão do tornozelo.
PRÉ
PÓS
M
12.7778
15.9259
DP
2.8465
2.3358
Nota: p<0,05 pré versus pós. M=Média; DP= Desvio padrão.
57
9.3 Registro Eletromiográfico do Músculo Tibial Anterior
A Figura 18 apresenta os resultados do RMS pós aplicação da vibração normalizados pelo
valor do pré-vibração no músculo tibial anterior. Houve um aumento estatisticamente
significativo após a aplicação da terapia vibratória (p=0,005).
Figura 18: Valores RMS normalizado do EMG do músculo tibial anterior, pré-vibração, pós-vibração imediato,
pós-vibração 5 minutos, pós-vibração 10 minutos. Valores representados em média, ± dois erros padrões, valores
máximo e mínimo (p=0,005).
Os valores RMS normalizados do EMG do músculo tibial anterior, não mostraram
diferenças significativas pós-imediato da aplicação da vibração, porém mostraram diferenças
significativas (p<0,01), pós 5 e 10 minutos do término do recurso, como mostrado na tabela 5:
58
Tabela 5: Valores das médias do RMS normalizado, pré e pós a terapia vibratória do músculo
tibial anterior.
PRÉ
PÓS-
PÓS-5 min
PÓS-10 min
Imediato
M
1,00
1,4015
2,1141
2,1074
DP
0
0,2695
0,2737
0,2746
Nota: p<0,05 pré versus pós. M=Média; DP= Desvio padrão.
Quando comparado o pós-imediato e pós 5 e 10 minutos do término da vibração, notou-se
um aumento significativo (p<0,05), porém, quando comparado o valor do pós-5 minutos e
pós-10 minutos da vibração não houve diferença significativa, como mostrado na tabela 6:
Tabela 6: Comparação entre as fases antes e após da aplicação da vibração do músculo tibial
anterior.
Fases
EMG
Pré-vibração versus Pós- imediato
ns
Pré-vibração versus Pós-5 min
p<0,01*
Pré-vibração versus Pós-10 min
p<0,01*
Pós-imediato versus Pós-5 min
p<0,05*
Pós-imediato versus Pós-10 min
p<0,05*
Pós-5 min versus Pós-10 min
Nota: ns: não significativo; * significativo.
ns
59
9.4 Registro Eletromiográfico do Músculo Gastrocnêmio Medial
A Figura 19 apresenta os resultados do RMS normalizado no pré e pós aplicação da
vibração no músculo gastrocnêmio medial. Houve um aumento estatisticamente significativo
após a aplicação da terapia vibratória (p=0,005).
Figura 19: Valores RMS normalizado do EMG do músculo gastrocnêmio pré-vibração, pós-vibração imediato,
pós-vibração 5 minutos, pós-vibração 10 minutos. Valores representados em média, ± dois erros padrões, valores
máximo e mínimo (p=0,005).
Os valores RMS normalizado do EMG do músculo gastrocnêmio medial, não mostraram
diferenças significativas pós-imediato da aplicação da vibração, porém mostraram diferenças
significativas, após 5 minutos do término da vibração (p<0,05) e após 10 minutos do término
do recurso (p<0,01), como mostrado na tabela 7:
60
Tabela 7: Valores das médias do RMS normalizado, pré e pós a terapia vibratória do músculo
gastrocnêmio medial.
PRÉ
PÓS-
PÓS-5 min
PÓS-10 min
Imediato
M
1,00
1,7078
2,1652
2,4678
DP
0
0,2729
0,2740
0,2671
Nota: p<0,05 pré versus pós. M=Média; DP= Desvio padrão.
Quando comparado o pós-imediato e pós 5 e 10 minutos do término da vibração e quando
comparado o pós 5 e 10 minutos do término da vibração não houve diferença significativa
como mostrado na tabela 8:
Tabela 8: Comparação entre as fases antes e após da aplicação da vibração do músculo
gastrocnêmio medial.
Fases
EMG
Pré-vibração versus Pós- imediato
ns
Pré-vibração versus Pós-5 min
p<0,05*
Pré-vibração versus Pós-10 min
p<0,01*
Pós-imediato versus Pós-5 min
ns
Pós-imediato versus Pós-10 min
ns
Pós-5 min versus Pós-10 min
ns
Nota: ns: não significativo / *: significativo
61
10 DISCUSSÃO
Neste trabalho procurou-se analisar a evolução da função muscular decorrente da
aplicação da estimulação vibratória, através da goniometria e da avaliação eletromiográfica,
onde se obteve parâmetros que foram correlacionados diretamente com o grau de atividade
muscular.
O músculo esquelético é um tecido especializado que modifica sua capacidade funcional
em resposta a diferentes estímulos. O corpo humano responde à vibração de forma complexa,
pois esta impõe uma atividade de hipergravidade em função de altas acelerações. A vibração é
produz rápidas e curtas mudanças no comprimento do complexo músculo-tendíneo. Essa
perturbação é detectada por receptores sensoriais, que modulam a rigidez muscular através de
uma atividade reflexa tentando amortecer as ondas vibratórias (CARDINALE; BOSCO, 2003;
BARBOSA, 2009).
Com isso, três efeitos motores são resultantes do estímulo vibratório no músculo. O
primeiro é uma contração sustentada, conhecida como reflexo tônico à vibração, em que o
músculo em vibração contrai ativamente, resultado da estimulação de fusos musculares.
Segundo, a excitabilidade dos motoneurônios que inervam os músculos antagonistas é
deprimida por inibição recíproca. Terceiro, a via monossináptica do reflexo miotático da
musculatura em vibração é reprimida (BISSCHOP; BISSCHO; COMMANDRÉ, 2001;
BARBOSA, 2009).
O aumento observado no grau de amplitude de movimento de dorsiflexão e do aumento
do RMS do sinal eletromiográfico do músculo tibial anterior, estatisticamente significativo,
após a vibração, foi indicativo de melhora da função do membro, fato que deve estar
correlacionado ao recurso utilizado, pois este visou incrementar a mobilidade por provocar,
mesmo que temporariamente, mudanças na função das unidades motoras dos músculos
agonistas, modulação da espasticidade do músculo antagonista e controle motor voluntário
dos sujeitos.
Em relação ao ganho de amplitude de movimento obtido no experimento, há duas
suposições para explicação desse resultado, uma que a vibração ocasiona um aumento do
fluxo sanguíneo muscular, provocando secundariamente um relaxamento muscular.
(KERSCHAN et al., 2001; FELICE; SANTANA, 2009; TERRA, 2011). E outra, que a
vibração provoca um efeito facilitatório do músculo agonista e inibitório do antagonista
(CARDINALE; BOSCO, 2003).
62
O estudo realizado por Kerschan et al (2001), quantificou as alterações no volume
sanguíneo dos músculos quadríceps e gastrocnêmios de sujeitos saudáveis, através de um
ultrassom Doppler, antes e após vibração de corpo inteiro (frequência de 26 Hz; tempo de 9
minutos). Os resultados indicaram um aumento significativo do volume sanguíneo em ambos
os músculos, após aplicação da vibração. O aumento da circulação muscular acompanhada do
aumento do metabolismo supostamente provoca um relaxamento muscular, aumento da
flexibilidade, da extensibilidade do tecido colágeno e ocasiona alívio da dor e espasmo
muscular (FELICE; SANTANA, 2009; TERRA, 2011). Embora essa explicação tenha
fundamentação, não foram encontradas pesquisas experimentais com sujeitos pós-AVE, que
confirmem essa suposição.
Segundo Cardinale e Bosco (2003) a melhora aguda no desempenho motor com a
vibração, pode estar relacionada ao aumento da sensibilidade do reflexo de estiramento. A
facilitação deste, aumenta o suporte neural aos motoneurônios-α de músculos homônimos e
sinergistas, além de inibir a ação dos motoneurônios-α dos antagonistas. Essas alterações
envolvendo proprioceptores musculares modificariam o padrão de coordenação intramuscular,
facilitando o movimento ao redor da articulação.
Esperava-se nesse estudo, baseado nos indícios neurofisiológicos, citados na literatura,
que houvesse aumento do sinal eletromiográfico do músculo tibial anterior (agonista)
concomitante à redução para o músculo gastrocnêmio medial (antagonista) durante o
movimento de dorsiflexão. Isto significaria o mínimo de co-contração entre os dois músculos,
uma diminuição da espasticidade do gastrocnêmio e um aumento da amplitude de movimento;
contudo, os resultados do experimento foram inconciliáveis, em relação ao sinal
eletromiográfico para o músculo gastrocnêmio medial.
O protocolo experimental desse estudo detectou um aumento do RMS (pós-5 min e 10
min do término da vibração) para o músculo gastrocnêmio medial, estatisticamente
significativo, acompanhado por um aumento da amplitude de movimento de dorsiflexão. As
explicações para esse fato, consistem em considerar que apesar do sinal eletromiográfico ter
sido captado durante a realização da dorsiflexão, não significa que esse sinal se refere apenas
a contração dos músculos durante esse movimento. O sinal foi coletado tanto durante a ação
de dorsofletir o tornozelo, quanto durante a ação de retornar para a posição neutra (queda do
pé). Além disso, não foi levado em consideração o número de vezes que o sujeito poderia
realizar o movimento dentro do tempo estimado.
Referências indicam que as ações do gastrocnêmio são de flexão plantar e flexão do
joelho (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2003). Durante a coleta, o sujeito encontrava-
63
se em posição de flexão do joelho, além disso, durante o movimento de retorno a posição
neutra do movimento de dorsiflexão (queda do pé), esse músculo é esperado por demonstrar
maior
ativação
que
os
demais
flexores
plantares
(ABDULLAH;
ABUOSMAN;
ABDULRAHIM, 2008); principalmente quando o músculo tibial anterior apresenta déficit de
contração excêntrica (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2003).
Outra explicação alternativa para o aumento da ativação muscular do gastrocnêmio
medial pode estar relacionada à resposta tônica excitatória, ocasionada por uma ilusão de
movimento provocada pela vibração. Segundo Goodwin et al., (1972, apud Cohen, 2001,
p.118) no início da década de 70, demonstraram a importância da retroalimentação dos
receptores de estiramento para a percepção do movimento do membro. Nesses estudos foi
aplicado um vibrador sobre a pele na região do tendão do músculo bíceps do braço, enquanto
o braço era imobilizado e os sujeitos saudáveis tinham os olhos vendados. Solitava-se a eles
que indicassem qualquer alteração na posição do braço que estava recebendo a vibração
movendo o braço oposto, o qual permanecia livre. Foi visto que a vibração (frequência: 100
Hz) produzia a ilusão de que o cotovelo movia-se em extensão, como se o músculo que
recebesse a vibração, alongasse.
Calvin-Figuiére et al (1999) relataram que a vibração quando aplicada no tendão promove
a produção de uma sensação ilusória de movimento. A sensação ilusória é comumente
acompanhada de uma resposta tônica excitatória no músculo antagonista, além disso,
manifestações musculares podem ser observadas, tais como o reflexo de vibração tônico, que
ativa a musculatura agonista e a resposta vibratória antagonista, esta chamada de reflexo
tônico de vibração inverso, que ativa os músculos antagonistas.
Então, o aumento observado no RMS do sinal eletromiográfico estatisticamente
significativo, referente ao músculo gastrocnêmio medial, pode não ser indicativo do aumento
da co-contração e nem do aumento da espasticidade desse músculo, visto ter ocorrido melhora
na amplitude de movimento avaliada. Nessa situação, os resultados foram indicativos de
incremento da resposta muscular durante o movimento de queda do pé, após retorno do
movimento de dorsiflexão; podendo estar correlacionado ao recrutamento e sincronização de
unidades motoras e por uma resposta excitatória advinda da estimulação do córtex
somatossensorial, induzida por uma ilusão de movimento ocasionada pela vibração.
A eficiência do sistema neuromuscular e a função da unidade motora estão diretamente
relacionadas ao grau de força muscular. A sugestão para explicar o aumento do RMS do
músculo tibial anterior após a vibração é de que o treinamento vibratório aumenta a eficiência
neuromuscular, através de três maneiras possíveis: aumento na quantidade de unidades
64
motoras recrutadas; aumento na velocidade de disparo de cada unidade motora e aumento na
sincronização da unidade motora em disparo (O`SULLIVAN; SCHMITZ, 2010).
Autores defendem que a exposição à vibração induz alterações temporárias na
excitabilidade de estruturas neurais centrais e periféricas (BOSCO et al., 2000;
CUNNINGTON
et
al.,
2002;
CARDINALE;
BOSCO,
2003;
RITTWEGER;
MUSCHELKNAUSS; FELSENBERG, 2003; NAITO; BOWTELL; KOSSEV, 2005), o que
supostamente, facilitaria a ativação de unidades motoras nos minutos subsequentes, e
explicaria as melhoras no desempenho com treinamento de vibração (CARDINALE; BOSCO,
2003; RITTWEGER; MUTSCHELKNAUSS; FELSENBERG, 2003; ARMSTRONG et al.,
2008; MILEVA; BOWTELL; KOSSEV, 2009). Essa suposição é baseada no fato de que a
área motora suplementar, que faz parte da unidade central de processamento de sinais
aferentes e é ativada antes do início de um movimento voluntário, é estimulada pela exposição
à vibração. Assim, essa pré-ativação poderia facilitar movimentos voluntários subsequentes
(COHEN, 2001).
Na reabilitação, a aplicação de estímulo proprioceptivo promove padrões de atividade
motora pela modulação da excitabilidade dos motoneurônios projetando eferências para os
músculos. A organização cortical pode ser remodelada secundária à alteração de entradas
aferentes por alteração da representação cortical associada à região estimulada (LORRAINE;
BRENDA, 2005; SMITH; BROUWER, 2005).
Em relação aos estudos sobre parâmetros de estímulos necessários para se obter
plasticidade cortical, a literatura estabelece que os períodos de entrada sensorial com a
introdução da vibração aumentam significativamente a excitabilidade dos circuitos neurais,
que controlam a saída motora para o músculo estimulado (ROSENKRANZ et al., 2003).
O estudo de Smith e Brouwer (2005) demonstraram expansão da área de representação
cortical associadas com o músculo vibrado. Verificou-se que a vibração induzida foi
sustentada até 5 minutos além do período de estimulação de 15 minutos. Além disso,
Nakajima et al (2008) demonstraram que ativação muscular em alta frequência de vibração,
produz maior reflexo tônico. Esse fenômeno é usado para explicar o aumento da capacidade
de produzir força do músculo agonista durante e alguns minutos após a exposição à vibração
(BOSCO et al., 2000; CARDINALE; WAKELING, 2005).
Como o protocolo experimental de nossa pesquisa, utilizou o tempo de aplicação da
vibração de 15 minutos, com alta frequência de 80 Hz, resultando um aumento da atividade
muscular até 10 minutos subsequentes ao término do estímulo, pode-se sugerir que o aumento
do RMS do músculo tibial anterior pode ser justificado por uma possível excitabilidade de
65
estruturas centrais, através do estimulo somatossensorial, acarretando um aumento da resposta
motora.
A despeito do aumento, porém não significativo, do sinal eletromiográfico, observado em
nosso experimento, imediatamente ao término da vibração, para os músculos tibial anterior e
gastrocnêmio medial, três estudos devem ser citados para argumentar tal comportamento.
Segundo Curry e Clelland (1981, apud Barbosa, 2009, p. 28), cada ciclo de vibração
realiza alongamento ao músculo e seletivamente estimula as fibras aferentes Ia dos fusos
musculares. Embora o reflexo tônico vibratório seja iniciado imediatamente ao estímulo
vibratório, o nível de tensão no músculo que sofreu a vibração aumenta progressivamente e
vagarosamente até que alcance um platô, por volta de 30 – 60 segundos. A tensão permanece
em seguida pelo mesmo nível para a duração do estímulo. Um período de potenciação póstetânica existe por mais de três minutos depois que o estímulo cessa.
Outras pesquisas defendem o fato da estimulação sensorial ocasionar uma inibição de
receptores da pele, reduzindo a condução nervosa nas fibras do tipo Ia e II e também a
inibição de motoneurônios gama, fazendo que a intensidade do arco reflexo seja diminuída
imediatamente após o término da vibração (EYTAN; BRENNER; MARON, 2003).
Um raciocínio semelhante para explicar a atenuação da resposta após o término da
vibração é que após estímulo vibratório prolongado ocorre uma redução relativa da
excitabilidade cortical, a estimulação aferente pode gerar uma habituação sensorial resultando
em dessensibilização das vias espinhais, porém os mecanismos envolvidos ainda não foram
esclarecidos (SIGGELKOW et al.; 1999; ROSENKRANZ et al.; 2003).
A maior parte da literatura que cita os efeitos neurofisiológicos ocasionados pela vibração
na espasticidade e atividade motora de sujeitos pós-AVE, faz referência a aplicação focal do
estímulo vibratório no tendão ou músculo específico. Não foram encontradas pesquisas que
indicassem se os efeitos neurofisiológicos são os mesmos quando a estimulação vibratória
ocorre simultaneamente nos músculos agonista e antagonista.
Apesar de nosso experimento demonstrar resultados satisfatórios em relação à melhora da
atividade motora dos músculos submetidos à vibração, não era esperado o incremento da
atividade eletromiográfica do músculo antagonista (gastrocnêmio medial), concomitante ao
aumento da atividade eletromiográfica do músculo agonista (tibial anterior). Interpretamos
que é importante lembrar que a espasticidade envolve inúmeros aspectos, além das alterações
neurofisiológicas, como as mudanças viscoelásticas, as transformações de fibras musculares e
os mecanismos de excitabilidade de vias centrais e periféricas. Estes aspectos devem ser
esclarecidos, para contribuir no entendimento da influência deles sobre esse comportamento
66
observado. Além disso há pesquisas sobre a estimulação vibratória, utilizando equipamentos,
tipos de aplicação, parâmetros físicos e locais de aplicação diferentes, porém ainda não se
compreende exatamente o que acontece nos mecanismos que fazem a mediação dos efeitos da
resposta vibratória diante dessas variáveis, confirmando, assim, a necessidade de mais estudos
tangíveis ao presente assunto.
Apesar de nossa pesquisa não objetivar o caráter qualitativo, curiosamente, não foram
observados eventos adversos relevantes durante e após a aplicação da vibração. As
intervenções foram seguras e bem toleradas pelos sujeitos, ocorrendo apenas relatos, que o
membro plégico, parecia “mais leve” após a vibração.
67
CONCLUSÃO
Diante dos resultados, de acordo com o protocolo experimental utilizado, foi demonstrado
que a vibração proporcionou o aumento da amplitude de movimento de dorsiflexão do
tornozelo e aumento da atividade eletromiográfica do músculos tibial anterior e gastrocnêmio
medial, do membro inferior parético espástico de sujeitos pós-AVE, após a aplicação de 15
minutos de vibração, sendo o efeito mantido por até 10 minutos depois de cessar o estímulo
vibracional.
A vibração pode ser considerada como um importante recurso para o controle motor
voluntário e a modulação da espasticidade, justificada na literatura por alterações na
excitabilidade das vias neurais periféricas e centrais. Dessa forma, a vibração pode ser
utilizada como estimulação somatossensorial para beneficiar a conduta fisioterapêutica dentro
de um programa de reabilitação.
68
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APÊNDICE A: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
80
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TÍTULO DA PESQUISA: EFEITO AGUDO DA ESTIMULAÇÃO VIBRATÓRIA EM
HEMIPARÉTICOS PÓS-ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
INVESTIGADORES: Prof. Dr. Mario Oliveira Lima; Prof. Dr. Alderico de Paula Jr.;
Janaína de Moraes Silva
Eu ________________________________________, portador (a) do RG ___________ , ou
responsável por__________________________________, consinto minha participação ou a
do (a) mesmo (a) em um estudo científico nos termos do projeto pelo Instituto de Pesquisa &
Desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP. A pesquisa intitulada
“EFEITO AGUDO DA ESTIMULAÇÃO VIBRATÓRIA EM HEMIPARÉTICOS PÓSACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO”, tem como objetivo avaliar a espasticidade de
indivíduos hemiparéticos (lado do corpo afetado) com base na eletromiografia, após aplicação
de estimulação vibratória. Os voluntários passarão por uma avaliação, antes e depois do
treinamento vibratório, de eletromiografia dos músculos do membro inferior comprometido.
O treinamento vibratório será realizado por um tempo de 15 minutos ininterruptos. As coletas
ocorrerão na FISIOSAÚDE - Clínica de Tratamento em Fisioterapia LTDA, localizada no
Conjunto Saci Quadra-31 Nº 26, Teresina-PI e serão acompanhadas diretamente pelos
pesquisadores. Os dados das análises servirão para facilitar outras pesquisas com treinamento
vibratório no tratamento da espasticidade e função motora. As informações obtidas serão
mantidas em sigilo e não poderão ser consultadas por outros sem a minha expressa
autorização por escrito. Esses dados serão usados para fins estatísticos ou científicos, sempre
resguardando a minha privacidade.
Os riscos da pesquisa são mínimos e os possíveis danos recorrentes ao desenvolvimento da
pesquisa serão cobertos pela Clinica. Estou suficientemente esclarecido a respeito das
informações que li e dos propósitos do estudo discutidos com os pesquisadores. Estou ciente
também que minha participação é isenta de despesas e que não receberei nenhum valor
financeiro.
81
Declaro que obtive de forma apropriada, livre e voluntária as informações e, poderei retirar
meu consentimento a qualquer momento sem qualquer prejuízo. Assino o presente Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido para a participação neste estudo.
Teresina,____ de _______de 2010.
Assinatura do Voluntário
Assinatura do Pesquisador
APÊNDICE B: Ficha de Avaliação
82
TÍTULO DA PESQUISA: EFEITO AGUDO DA ESTIMULAÇÃO VIBRATÓRIA EM
HEMIPARÉTICOS PÓS-ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO.
INVESTIGADORES: Prof. Dr. Mario Oliveira Lima; Prof. Dr. Alderico de Paula Jr.;
Janaína de Moraes Silva.
FICHA DE AVALIAÇÃO
IDENTIFICAÇÃO
NOME:
IDADE:
SEXO:
PESO:
ALTURA:
TIPO DE AVE:
TEMPO DE LESÃO:
HEMICORPO ACOMETIDO:
ESPASTICIDADE (ESCALA DE ASHWORTH):
REALIZA FISIOTERAPIA:
TEMPO:
OUTRAS INFORMAÇÕES RELEVANTES:
ELETROMIOGRAFIA
MÚSCULO
ANTES
DEPOIS IMEDIATO
DEPOIS 5
DEPOIS 10
MINUTOS
MINUTOS
Tibial anterior
Gastrocnêmio
medial
GONIOMETRIA
MOVIMENTO
ANTES
D
Dorsiflexão
APÊNDICE C: Dados da Pesquisa
DEPOIS
E
D
E
83
CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS
Idade
Tempo de
Lesão (meses)
Escala de
Ashoworth
Modificada
Hemicorpo
Realizando
Fisioterapia
63
24
2
Direito
Sim
72
36
1+
Direito
Sim
58
36
1+
Direito
Sim
59
36
2
Direito
Sim
62
48
1+
Direito
Sim
46
60
1
Esquerdo
Não
61
12
1
Direito
Não
60
14
1
Direito
Sim
73
47
1
Direito
Sim
72
50
1
Direito
Não
70
44
2
Direito
Não
66
36
1+
Esquerdo
Não
69
24
1+
Esquerdo
Não
59
26
1
Direito
Sim
72
28
1+
Esquerdo
Sim
65
31
2
Esquerdo
Sim
75
60
1
Esquerdo
Não
61
13
1
Direito
Não
63
18
1+
Esquerdo
Sim
63
25
2
Direito
Sim
59
23
2
Esquerdo
Sim
65
22
2
Esquerdo
Sim
60
37
1
Esquerdo
Sim
59
29
1
Direito
Sim
71
54
1
Direito
Sim
68
36
1
Direito
Sim
69
41
1
Direito
Não
GONIOMETRIA
84
SUJEITO
PRÉVIBRAÇÃO
PÓSVIBRAÇÃO
1
10º
12º
2
12º
14º
3
16º
18º
4
10º
14º
5
18º
18º
6
15º
16º
7
15º
15º
8
17º
20º
9
16º
18º
10
14º
18º
11
10º
14º
12
10º
12º
13
10º
12º
14
12º
17º
15
12º
16º
16
9º
12º
17
13º
18º
18
14º
14º
19
12º
18º
20
10º
18º
21
10º
18º
22
8º
15º
23
16º
17º
24
18º
18º
25
13º
18º
26
13º
15º
27
12º
15º
EMG
(Valor do RMS)
85
MÚSCULO TIBIAL ANTERIOR
71.12182
70.91763
70.99025
87.91813
62.04810
68.77109
87.14129
83.93550
89.66645
109.1594
129.1698
135.1215
71.40195
72.90577
82.06955
85.92769
20.98791
68.31535
79.70575
80.63533
31.39495
77.55755
84.33947
77.55755
36.07271
59.98979
83.50219
84.78416
26.49827
78.94392
73.20312
91.10846
43.97776
66.30166
89.91125
85.90931
38.79556
79.89383
107.7290
85.87800
40.41965
70.66082
86.91335
113.3350
53.25845
47.51991
102.3159
60.71872
49.34980
75.79471
91.36518
105.1296
74.29722
65.38091
101.7252
89.10872
68.79633
40.65738
93.83123
112.2276
80.13204
59.58292
83.97912
51.49043
66.79742
58.83373
95.44489
108.9326
30.29969
41.87681
97.18565
129.5917
58.28885
42.93685
90.61968
73.65906
90.45032
39.29155
57.69771
89.78582
72.45766
63.49549
103.4336
80.44775
48.36951
63.98591
99.24160
109.8715
54.17161
41.36794
91.86884
97.23115
44.44559
55.43000
90.90422
10.49980
21.48277
44.26076
88.52251
104.4758
27.35148
67.56764
90.48732
83.66166
21.58969
21.54907
97.67707
92.99468
MÚSCULO GASTROCNÊMIO MEDIAL
17.01190
16.58971
16.59053
10.27944
86
45.91166
31.79470
74.44390
32.01129
60.76580
14.06469
23.28486
32.66665
17.31821
11.58857
63.45785
81.90774
59.38033
4.098361
41.12739
41.38195
54.53958
73.38756
48.02446
73.38756
56.55825
142.9663
47.25429
19.19402
36.70263
27.79946
77.65067
47.79149
26.72441
32.15381
54.69584
79.04356
21.43280
20.63107
59.76623
30.28475
20.04304
70.73266
57.62155
61.83726
27.66766
39.48861
12.41453
66.67907
10.93585
23.29464
58.77621
10.62267
14.50246
12.13433
44.49988
111.4508
19.99446
57.68664
48.12279
80.48275
24.49943
37.04702
29.19606
51.16148
19.57831
7.109375
99.71161
24.88423
10.65724
37.59750
11.66718
72.95109
15.01211
41.28006
18.54021
76.70179
18.50614
47.23700
50.26772
88.01898
15.19418
56.04559
22.02878
22.05300
10.87493
56.54322
57.64217
78.85263
23.84465
85.42544
70.71208
72.72283
84.59307
12.57678
60.04676
12.05340
77.09405
63.94682
93.28690
20.82507
42.66505
29.69464
82.79515
16.05667
32.24284
32.36623
108.6500
38.72457
ANEXO A: Escala de Ashworth Modificada para Graduação da Espasticidade.
87
0: Nenhum aumento no tônus muscular
1: Leve aumento do tônus muscular, manifestado por uma tensão momentânea
ou por resistência mínima, no final da amplitude
de movimento articular
(ADM), quando a região é movida em flexão ou extensão;
1+: Leve aumento do tônus muscular, manifestado por tensão abrupta, seguida
de resistência mínima em menos da metade da ADM restante;
2: Aumento mais marcante do tônus muscular, durante a maior parte da ADM,
mas a região é movida facilmente;
3: Considerável aumento do tônus muscular, o movimento passivo é difícil;
4: Parte afetada rígida em flexão ou extensão.
Fonte: O’Sullivan e Schmitz (2010, p.255).
ANEXO B: Contra-indicações do uso da almofada vibratória:
88

Processos hemorrágicos e ulcerosos;

Gestantes e Pós-partos;

Durante quadro inflamatório agudo;

Fratura em consolidação;

Derrame recente;

Cicatrização cirúrgicas;

Crianças recém-nascidas;

Labirintite;

Tumores;

Diabetes mellitus;

Trombose venosa profunda;

Ausência de sensibilidade térmica.
Fonte: Nissan Fisio (2010, p.14).
ANEXO C: Parecer do Comitê de Ética
89
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