FONTES HISTÓRICAS: A PRÁTICA MEDIADORA COMO

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FONTES HISTÓRICAS: A PRÁTICA MEDIADORA COMO
POSSIBILIDADE À APRENDIZAGEM
Rosane Andrade Torquato – UNICENTRO
Nilton Maurício Martins Torquato - Colégio Bagozzi
Grupo de Trabalho – Didática: Teorias, Metodologias e Práticas
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
O ensino de História para alunos das séries finais do ensino fundamental configura-se como
um grande desafio principalmente na formação de diferentes conceitos que contribuirão para a
formação progressiva de sua consciência histórica. O conceito e uso de fontes históricas deve
ser apropriado pelos alunos num processo contínuo de construção de saberes. As fontes
históricas são reconstruções de fatos históricos ou de contextos da humanidade, desta forma,
os conteúdos históricos se contextualizam com essa fonte. Enquanto elementos históricoculturais devem ser apropriados pelos sujeitos que se desenvolvem enquanto cidadãos
conscientes de seu tempo e espaço. Este relato de experiência tem como objetivo apresentar a
prática mediadora como articuladora no processo de aprendizagem do conceito de fontes
históricas com alunos do 6º. ano do ensino fundamental vivenciado numa escola de educação
básica na cidade de Curitiba/PR. Destaca-se aqui também a relevância do professor que se
constrói enquanto professor-pesquisador como um dos elementos importantes em todo este
percurso. A prática reflexiva de sua própria ação caracteriza-se como dinâmica e auxiliadora
na (re)construção da identidade do professor tão necessária ao cotidiano escolar na atualidade.
Considera-se ao final deste relato a relevância de que o professor conheça em profundidade
sua área de conhecimento, as metodologias referentes à mesma, assim como também vá se
construindo enquanto investigador de novas práticas que aproximem o aluno dos temas e
conteúdos pertinentes a História em seu nível escolar, em destaque aqui, ao tema fontes
históricas que fará parte direta ou indiretamente de todos os conteúdos da referida área do
conhecimento.
Palavras-chave: Prática mediadora. Fontes históricas. Professor pesquisador.
Introdução
|O ensino de História nas séries finais do ensino fundamental traz grandes desafios à
relação ensino-aprendizagem. Os alunos agora diante de novos e diversos professores assim
como de saberes mais fragmentados e específicos. Em contrapartida, professores especialistas
de áreas do conhecimento com objetivo de selecionar e “traduzir” conhecimentos científicos
ISSN 2176-1396
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para os novos aprendizes. Não restam dúvidas que novos olhares sobre práticas desenvolvidas
em sala de aula tornam-se necessárias a fim de possibilitar percursos de aprendizagem que
promovam a apropriação do conhecimento social e historicamente sistematizado.
Este trabalho apresenta a experiência no processo de aprendizagem do conceito do
tema fontes históricas, vivenciados por alunos do 6º. ano do ensino fundamental. O relato aqui
descrito tem como propósito colaborar no processo dialético de refletir a prática, confrontar a
teoria e dar subsídios se necessário, para a (re) construção da própria práxis enquanto
professor de História nas séries finais do ensino fundamental.
A prática mediadora e o olhar reflexivo do professor pesquisador poderão agir de
forma colaborativa no maravilhoso processo de apropriação do conhecimento como será visto
no decorrer deste trabalho.
O professor pesquisador e a prática mediadora como elementos à construção da
aprendizagem
O professor é mediador nos processos constitutivos de humanização e de cidadania
dos alunos. No processo de construção da identidade do professor, de seus saberes docentes é
necessário aprender a como mobilizar os conhecimentos da teoria da educação, da didática, da
área específica do conhecimento relacionando-os com a compreensão de mundo, do novo que
de forma dinâmica se apresenta diariamente na complexidade da sala de aula. Entende-se que
há um caráter dinâmico da profissão docente como prática social. Desta forma, é necessário
que o professor reflita a todo instante sua prática (FREIRE, 1996), rompendo desta maneira
com aspectos estáticos que porventura estejam imobilizando ou gerando uma visão turva de
toda a sua constituição enquanto profissional da educação. É neste processo reflexivo de
caráter dinâmico que vai se (re)construindo a identidade do professor que é pesquisador de
sua própria prática e do cotidiano de suas relações. Concorda-se com Pimenta (2005, p.12)
quando a mesma declara que
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Entendemos que uma identidade profissional se constrói a partir da significação
social da profissão, da revisão constante dos significados sociais da profissão, da
revisão das tradições. Mas também da reafirmação de práticas consagradas
culturalmente e que permanecem significativas; práticas que resistem a inovações
porque prenhes de saberes válidos às necessidades da realidade. Ainda, do confronto
entre as teorias e as práticas, da análise sistemática das práticas à luz das teorias
existentes, da construção de novas teorias. Se constrói, também, pelo significado que
cada professor, enquanto ator e autor, confere à atividade docente no seu cotidiano, a
partir de seus valores, de seu modo de situar-se no mundo, de sua história de vida,
de suas representações, de seus saberes, de suas angústias e anseios, do sentido que
tem em sua vida o ser professor.
Os saberes pedagógicos do docente constroem-se e são por este apropriado na medida
em que se reflete sobre o que se fez. Identifica-se aqui o processo dialético em que se reflete a
prática ao mesmo tempo em que vai se confrontando a teoria que deu base a própria prática.
Desta maneira, os saberes docentes vão se (re) fazendo a partir da práxis do professor. Neste
trabalho práxis é compreendida “como sendo o processo de pensar e agir com a prática social
existente e com a intenção de transformá-la” (WACHOWICZ, 2009, p.22).
A prática mediadora do professor compreende-se como uma atividade que rompe com
o caráter baseados apenas na transmissão de informações, porém tem como um de seus eixos
principais as relações entre professor e alunos. Relações estas que tem o conhecimento como
objeto e a interlocução ensinar-aprender como uma característica tanto de alunos quanto de
professores, ou seja, ambos numa relação dinâmica poderão ora ser ensinantes quanto
aprendentes. Sobre isso Morettini (2012, p.14) declara que
A atividade docente pressupõe não apenas uma relação com o fenômeno educativo,
mas também com as pessoas que dele fazem parte. A atuação do professor e da
escola pode ter a característica de uma prática mediadora entre o homem e o
conhecimento. O método por si só não pode criar conhecimento. O conhecimento
passa a ser visto como uma forma de apropriação e construção daquilo que foi
produzido pela sociedade. A aprendizagem envolve a análise dos processos de
conhecimento, a explicação desses processos e o rompimento dos comportamentos
cristalizados. Enfim, o conhecimento e sua apropriação, é um processo que vai
sendo configurado por meio do confronto, da dúvida, do questionamento, da
articulação com a prática profissional etc.
Em Vigotski (2007) compreende-se o conceito de mediação enquanto a ação de
aprender. Esta ação pertence a uma pessoa, e no caso da aprendizagem a no mínimo duas
pessoas. Desta forma, tanto o mediador (professor), quanto o mediado (aluno) aprendem na
ação, ambos são parceiros no processo de aprendizagem e apropriação do conhecimento.
“Vigotski diz que todo conhecimento é construído socialmente no âmbito das relações
recíprocas das pessoas com o meio social. São as nossas vivencias que compõem a história e
fazem a transformação dos fatos em acontecimentos” (WACHOWICZ, 2009, p.98).
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A prática mediadora e o olhar reflexivo do professor pesquisador, quando
intencionalmente articulados no processo de aprendizagem, colaboram na apropriação do
conhecimento por parte dos alunos, assim como na ampliação das margens dos saberes
pedagógicos do docente.
A prática mediadora na apropriação do conceito de fontes históricas nas séries finais do
ensino fundamental
“A história se utiliza de documentos, transformados em fonte pelo olhar do
pesquisador” (LOPES, 2012, p.316). De posse da informação que indica a importância da
apropriação das fontes históricas como instrumento de produção do conhecimento histórico,
percebe-se a necessidade de proporcionar a aproximação dos alunos do Ensino Fundamental
das diversas fontes históricas existentes. Esta aproximação deve respeitar o processo de
desenvolvimento humano dos sujeitos, principalmente em sua dimensão cognitiva, visto que
os processos de abstração na formação de conceitos e relações históricas serão necessários e
poderão ser ajudados em sua formação psíquica com práticas adequadas no ensino de história
que compreendam e atendam as mesmas. O papel do professor e de instrumentos indicados
por esse1, tornam-se aqui elementos mediadores na conquista do conhecimento sobre fontes
históricas. Desta forma, é importante proporcionar ao aluno experiências que o auxiliem na
apropriação dos conceitos corretos em relação às fontes históricas com as quais convive em
seu cotidiano.
Em primeiro lugar faz-se necessário conceituar fonte histórica.
Chamaremos de "fontes" todos os vestígios do passado que os homens e o tempo
conservaram, voluntariamente ou não - sejam eles originais ou reconstituídos,
minerais, escritos, sonoros, fotográficos, audiovisuais, ou até mesmo, daqui para a
frente, "virtuais" (contanto, nesse caso, que tenham sido gravados em uma memória)
-, e que o historiador, de maneira consciente, deliberada e justificável, decide erigir
em elementos comprobatórios da informação a fim de reconstituir uma sequência
particular do passado, de analisá-la ou de restituí-la a seus contemporâneos sob a
forma de uma narrativa, em suma, de uma escrita dotada de uma coerência interna e
refutável, portanto de uma inteligibilidade científica (ROUSSO, 1996, p.86).
1
Fontana(2005) ao falar sobre mediação pedagógica na sala de aula, fundamenta-se em Luria (1988) e declara
que “A maturação orgânica, os princípios biológicos gerais, determinando o desenvolvimento dos processos
mentais elementares, influem sobre o desenvolvimento da conceitualização, na medida em que aqueles são a
base a partir da qual se opera o desenvolvimento de todas as funções mentais superiores mediadas
semioticamente. Mas a formação dos conceitos depende fundamentalmente das possibilidades que os indivíduos
tem (ou não) de, nas suas interações, se apropriarem (dos) e objetivarem os conteúdos e formas de organização e
de elaboração do conhecimento historicamente desenvolvidos” (FONTANA, 2005, p.14).
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Algumas questões ligadas a esta definição precisam ser pontuadas para facilitar a
continuidade deste artigo. Em primeiro plano as fontes não existem como tal, a grande
maioria delas foram produzidas sem a compreensão de que se tornariam fontes. São os
historiadores que as elevam a este patamar devido ao seu olhar treinado, visando à
reconstrução de fatos históricos ou de contextos da humanidade. A segunda, e entende-se
aqui, mais importante para este trabalho é o fato delas se encontrarem espalhadas pela
sociedade, seja em caixas de fotografias antigas nas casas das pessoas, seja na forma de
construções, na forma da memória de pessoas, nos costumes e tradições ou ainda de forma
escrita. Tudo o que cerca o ser humano pode ser eleito pelo historiador como fonte, bastando
a este o cuidado de conferir importância e dedicar estudo sobre o assunto. Esta profusão de
fontes necessita do cuidado de todos para a sua preservação e perpetuação. É neste ponto que
se funda a ação desenvolvida em sala de aula.
Como a fonte histórica não se apresenta como tal à sociedade que a cerca é necessário
o olhar do historiador/professor para ressignificar monumentos, documentos, relatos, fotos,
entre outros para que seus alunos tenham a experiência com estas fontes e que as mesmas
encontrem sentido no processo formativo escolar. Como parte do conteúdo de história no
sexto ano do ensino fundamental encontra-se invariavelmente a conceituação do que é Fonte
Histórica. Infelizmente trata-se de um conteúdo muitas vezes relegado a uma posição
secundária, quase como o cumprimento de um formalismo para entrar nos demais conteúdos
que compõem o ensino de história do sexto ano. Isto acaba sendo reforçado pelo espaço
dedicado nos livros didáticos ao tema. Um bom exemplo é que a apostila usada na instituição
pesquisada, produzida por uma instituição de referência no mercado editorial brasileiro,
dedica apenas duas páginas ao tema, num cômputo de 54 (cinqüenta e quatro) páginas de
conteúdo para o primeiro bimestre de 2015. Não existe nem mesmo a indicação de como o
manejo incorreto das fontes pode provocar a perda destas, muito menos indicação de ações
para facilitar a preservação das mesmas. Enfim, é visto como um conteúdo a ser percebido,
mas sem qualquer conexão profunda com o cotidiano do sujeito. A única atividade proposta
visa encontrar fontes que relatem a história da família do aluno.
O uso de fontes históricas e, portanto, a aprendizagem e apropriação deste
conhecimento são partes inerentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais. “Os próprios
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) apontam para a necessidade de demonstrar ao
aluno de que forma a história é feita, fator que se refere diretamente a fontes históricas”
(CUNHA, XAVIER, 2010, p.640). Estes autores indicam ainda que cabe ao professor
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instrumentalizar as fontes em sala de aula para que o aluno se aproprie dos conhecimentos
que ela pode dar.
O professor ao se utilizar da fonte histórica não a utiliza como os historiadores na
academia, mas com o objetivo de levar o aluno a perceber como se constitui a
história, como os conteúdos históricos se contextualizam com essa fonte. A fonte
torna-se então, uma ferramenta psicopedagógica […] (CUNHA; XAVIER, 2010, p
641).
Desta forma, o professor/historiador conduz o aluno em uma viagem através do
passado em busca de um conhecimento e de uma forma de pensar típicas da época estudada.
Para Seffner e Pereira (2008), os documentos são monumentos que as gerações anteriores
deixaram. Estes se tornam como construções a partir de onde os indivíduos procuram deixar a
marca de si mesmos para as gerações futuras.
Nesta perspectiva ao refletir sobre a prática docente enquanto mediadora de ações que
rompe com o mero reproduzir de informações de classificação das mesmas, buscou-se uma
nova abordagem para o tema Fontes Históricas, avançando para a experimentação com estas.
Não se pretende com isso que alunos de sexto ano de ensino fundamental consigam lidar com
as fontes como um historiador acadêmico o faz. A busca neste caso reflete a ideia defendida
por Cunha e Xavier (2010, p.643):
Acreditamos dessa forma, serem as fontes históricas se utilizadas de uma maneira
que considere o desenvolvimento cognitivo envolvido na relação de ensino
/aprendizagem em história, capazes de tornarem-se ferramentas no sentido amplo
que esta pode alcançar auxiliando a compreensão do presente através do passado.
Desta maneira, procura-se aproximar o aluno da fonte, promovendo situações em que
se identifica o respeito como necessário à conservação da mesma e a valorização que as fontes
precisam ter por parte da sociedade. Por um lado, atinge-se o conceito de valor que objetos
aparentemente ultrapassados têm para um historiador treinado, facilitando a proteção de
patrimônio histórico. Por outro, permite-se ao aluno o desenvolvimento da percepção e do
conceito (ainda que inicial) de como a história é produzida e indica também como pode se
aproximar do conhecimento histórico.
Projeto Fontes Históricas: um relato de experiência
Este projeto foi desenvolvido na disciplina de História, no colégio Padre João Bagozzi,
situado na cidade de Curitiba-PR, entre os meses de fevereiro e abril de 2015. Foi promovido
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em três turmas de sexto ano pela manhã e três à tarde, totalizando seis turmas. Cerca de cento
e oitenta alunos participaram neste projeto durante o período de execução.
O projeto teve início no dia 27 de fevereiro de 2015, tendo como primeiro passo a
leitura da apostila adotada pela escola, seguida de uma exposição oral sobre o tema. Várias
imagens que representavam fontes históricas foram usadas para facilitar a compreensão de
quão amplo é o espectro deste tipo de material. Com o propósito de possibilitar a participação
dos alunos na construção do conceito sobre fontes históricas, foi solicitada aos mesmos uma
tarefa de casa: Entrevistar algum parente com mais idade e questionar o que havia mudado em
seus hábitos diários tais como brincadeiras, televisão, escola e moda. Na apresentação de sua
coleta de informações, no dia 06 de março, os alunos identificaram que estiveram trabalhando
com uma fonte oral. Igualmente foram desafiados por meio de debate, a descobrir quais as
fontes que usariam para reescrever a história de seus parentes entrevistados, além da fonte
oral.
O próximo passo no projeto foi à visita a um patrimônio tombado pelo Patrimônio
Histórico de Curitiba. Como a escola está comemorando os seus 60 (sessenta) anos de
existência, o local escolhido foi uma igreja que tem muito a ver com a história da escola, a
Paróquia Senhor Bom Jesus do Portão. Esta igreja construída entre os anos de 1916 e 1928 foi
levantada ao redor da antiga capela que data de 1907. Na visita à Igreja buscou-se
compreender os símbolos existentes e sua conexão com a fé defendida pelos fieis. A narrativa
dos símbolos foi feita com a ajuda da pastoral do Colégio Bagozzi. Nela os alunos puderam
perceber como é importante a simbologia ali presente e como ela comunica-se com as
pessoas, desde que estas possam compreender os seus aspectos imateriais. Ainda durante a
visita os alunos puderam aprender sobre a restauração da pintura que se encontra em processo
na igreja. O restaurador deu uma aula para os alunos mostrando o material usado e a
comparação com o que estava originalmente ali. A pintura em questão foi feita a têmpera ovo
no ano de 1949 por um pintor polonês, cuja família ainda reside na cidade de Curitiba,
consumindo cerca de 1500 ovos na ocasião. A restauração busca retomar as técnicas e
materiais inicialmente usados na pintura. No término da visita os alunos foram levados a
registrar o que aprenderam em seus cadernos.
Na sequência de nosso projeto veio até nós a última fonte histórica a ser incluída no
processo de aprendizagem dos alunos. Na verdade, uma fonte oral, membro proeminente da
igreja que participou na primeira tentativa de restauração da pintura e que atuou diretamente
na construção do Colégio Bagozzi. Na oportunidade ele contou como se deu sua aproximação
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com a paróquia e como, junto a esta, pode participar na construção de vários blocos da escola.
Como uma fonte oral ele pode ser entrevistado além de contar algumas de suas experiências
no local. Desta forma, os alunos tiveram condições de compreender a história do prédio da
paróquia bem como reconstruir partes desta história narrada contada em forma oral.
No encontro seguinte em sala de aula tratamos sobre de como seria possível usar a
história oral. Mesmo que de forma amadora, por meio de alguns dos relatos dos alunos e do
encantamento diante do que já tinham presenciado, muitos alunos puderam se sentir fazendo
parte do trabalho de um historiador.
Nas duas aulas seguintes a fim de concluir o processo, os alunos em grupos
construíram um relatório de suas experiências com as fontes históricas nos quais buscavam
reconstruir trajetórias. Abaixo seguem algumas transcrições dos relatos dos alunos.
Nossas experiências sobre fontes históricas foram muito interessantes, foram elas
uma visita a igreja Bom Jesus do Portão, um aprendizado sobre restauradores e o
depoimento do senhor B. um homem idoso e experiente que falou sobre sua vida.
[...] (G. 11 ANOS; R. 11 ANOS).
A 1ª. fonte histórica que vimos foi a da igreja [...]. Nossa 2ª. fonte histórica, eles
falaram que antigamente, eles usavam clara de ovo, foram usadas 1.500 claras para
pintar a igreja INTEIRA! A igreja tem cerca de 100 anos. A nossa 3ª. fonte
histórica, o senhor B. Ele nasceu no dia 11 de outubro de 1928 [...] ( B. 11 ANOS;
V. 11 ANOS).
Esta produção escrita expressou os avanços e superações no desenvolvimento do
conceito de fontes históricas. Foi uma surpresa agradável identificar em alguns textos a
capacidade de alguns alunos na relação de todas as experiências com fontes históricas, numa
lógica cronológica e de análise sobre a história estudada. Isto corrobora com o processo de
desenvolvimento do conceito de fontes históricas
Considerações finais:
Com alunos recém iniciados nas séries finais (atual 6º. ano), os desafios são grandes
tanto para o aluno quanto para o professor. O desafio de uma nova etapa, com diversos
professores de diferentes áreas do conhecimento, pode por muitas vezes, ocasionar conflitos e
contradições na aproximação e conquista de novos saberes. Cabe ao professor em sala de aula
proporcionar meios para minimizar impactos nesta transição. No ensino de História é de
grande importância que o professor (aqui compreendido como professor-pesquisador e
mediador no processo de aprendizagem) conheça em profundidade sua área de conhecimento,
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as metodologias referentes à mesma, assim como também vá se construindo enquanto
investigador de novas práticas que aproximem o aluno dos temas e conteúdos pertinentes a
história em seu nível escolar.
No desenvolvimento de conceitos, como o de fontes históricas, é pertinente ao
professor desta área do conhecimento compreender a relevância da prática docente
mediadora, a fim de implementá-la com a consciência de que esta implica em entender os
conceitos como categoria sócio-histórica, desta forma, os alunos tem o direito de se
apropriarem deste conhecimento de forma a transformá-lo. O relato de experiência aqui
apresentado, identificou que o fascínio pelo conhecimento histórico cresceu entre os alunos e
a consciência de preservação de patrimônio histórico também. Com uma correta
problematização levantada pelo professor os alunos foram instados a produção textual do que
perceberam e como esta percepção foi modificada de acordo com o processo de apresentação
das fontes históricas.
A constituição do professor que se quer professor-pesquisador perpassa pela
compreensão de que é a partir da prática pedagógica cotidiana que será possível reler,
identificar, confrontar e refazer as próprias teorias que embasam o seu saber-fazer. A prática
da ação reflexiva-investigativa e mediadora podem ser elementos pertinentes e
transformadores em todo este processo.
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