MORFOLOGIA E ANÁLISE QUÍMICA DOS ESPELEOTEMAS GOETHÍTICOS E HEMATÍTICOS DAS CROSTAS FERRUGINOSAS DE ORIGEM LATERÍTICA DA LOCALIDADE RURAL DE MORRO DAS BALAS, MUNICÍPIO DE FORMIGA – MG Anísio Cláudio Rios Fonseca∗ RESUMO: Este trabalho de pesquisa trata da análise da composição química e morfologia de mineralizações em forma de espeleotemas de goethita e hematita em crostas lateríticas da região de Morro das Balas, município de Formiga-MG, Brasil. Palavras-chave: Goethita. Hematita. Quartzo. Siderita ∗ Professor do UNIFOR-MG, Especialista em Solos e Meio-Ambiente pela Universidade Federal de Lavras -MG, Curador e Coordenador do acervo mineralógico do Laboratório de Mineralogia do UNIFOR-MG 1 INTRODUÇÃO O processo de laterização e dissecação de um solo culmina na formação de uma crosta de aparência Processos de laterização em e espessura bem variáveis onde solos predominantemente tropicais são predominam óxidos e hidróxidos de amplamente área ferro e alumínio, devido à intensa agronômica e na área geológica. lixiviação da sílica em PH elevado Sendo um processo essencialmente (CURI, 1998) e (ALKIMIM, 1998). químico de remoção de bases e sílica, Estes o mesmo é naturalmente acelerado ou minerais formando as mais diversas retardado condições variedades em termos estruturais e ambientais reinantes, principalmente morfológicos. Trabalhos desenvolvidos as de natureza climática; temperatura por FONSECA (2.005) na região de e 1984, Morro das Balas demonstraram que as AMBROSSI, 1986). Quanto maiores rochas lateríticas ali presentes não forem a temperatura e a precipitação, podem estar ligadas diretamente com mais favorecido será o processo. as transgressões (avanço do mar COSTA tem conduzido importantes continente estudos (recuo dos mares) marinhas do cráton estudados conforme precipitação sobre as na (COSTA, os processos de colóides vão adentro) depositando e regressões laterização na região amazônica e São obtido 1983), mas sim derivadas de rochas resultados aplicáveis para Francisco (RADAMBRASIL, interpretação dos processos análogos depositadas da região de Morro das Balas. transgressão, devido ao grande lapso Rochas lateríticas durante esta de de tempo entre a transgressão e a diferentes graus de evolução são idade média dos lateritos (COSTA, encontradas em diversos tipos de 1991), os quais podem ser maturos ou solos, imaturos. O processo de laterização principalmente na região amazônica (COSTA, 1991) devido ao pode clima aos velocidade muito grande, em termos processos de laterização. Em muitos geológicos, como o que acontece com locais estes processos geram rochas- solos minérios importantes, tais como muitas (BOTELHO, 1981), onde o processo das reservas de minério de manganês pôde ser parcialmente mensurado. do Brasil. Embora com significativas variações altamente favorável se desenvolver cultivados em em uma Angola texturais, estruturais e químicas devido são predominantemente alteradas por à profundidade em que se formaram e fenômenos também relacionados com o tipo de originaram diversos espeleotemas de solo de origem, pode-se dizer que óxidos todas as crostas lateríticas apresentam pequenos cristais de quartzo que, em mineralizações de quartzo. Crostas muitos lateríticas portadoras de óxidos de interstícios. manganês fraturas dentro das brechas intraformacionais preenchidas por cristais engrenados (formadas no local) algumas cavidades de quartzo, como as citadas por atapetadas FONSECA (2.005), cuja espessura negros, quase microscópicos, com varia de poucos milímetros a mais de aspecto 2cm, de acordo com o tipo de fratura. provavelmente são de polianita (óxido apresentam Drusas de hematita botrioidal (FONSECA, 2.005) preenchendo diversas cavidades nas encontradas rochas próximas de de dissolução ferro casos, que associados com preenchem os É comum se encontrar por de pequenos veludo cristais e que de manganês tetragonal associada a ocorrem outros minerais de manganês. A água fraturas atua e lateríticas ao nestas rochas de maneira ambígua, ora no sentido de formar as local rochas, ora no sentido de transformá- denominado de Morro dos Cristais, las em outras rochas e minerais, local inserido dentro de Morro das consoante as mudanças climáticas. Balas e estão associadas a numerosas mineralizações de quartzo de tamanho 2 O LOCAL DE OCORRÊNCIA DOS variável, ESPELEOTEMAS com submilimétrico predominância e há vestígios do de formações estalactíticas em algumas O local de coleta das crostas destas rochas, embora sem a riqueza lateríticas contendo os espeleotemas morfológica fica na região de Morro das Balas, encontrada em outras amostras. Já município as crostas de Formiga-MG. Está lateríticas inserido no Supergrupo São Francisco, encontradas associadas a brechas Grupo Bambuí e Formação Serra de intraformacionais Santa (RADAMBRASIL, Helena (COMIG 2003, 1983) com clastos de quartzo e lamitos RADAMBRASIL 1983). A formação unidos cimento Serra de Santa Helena caracteriza-se manganesífero pela presença de argilitos, siltitos, e com predominantemente arenitos finos. O local de coleta das diretamente ao grau de mineralização crostas situado e também ao intemperismo atuante pouco abaixo do local do primeiro nestas estruturas lateríticas que, ao estudo FONSECA que tudo indica, estão impregnadas (2.005) e geologicamente insere-se no com mineralizações de quartzo de mesmo contexto. As crostas lateríticas origem encontradas soluções residuais do magma e de ferruginosas realizado no está por local são meros hidrotermal, a partir de testemunhos de estruturas extensas e temperatura muito maiores que foram removidas e presente destruídas pela erosão milenar. Em hidrotermais afetaram grandemente as um diversas corte na observado estrada no pode solo um ser perfil não determinada trabalho. Estas fraturas dissolução e soluções cavidades presentes na no rocha de e tipicamente alóctone que apresenta as recristalizaram goethita e hematita chamadas presentes linhas de pedras, nas formas maciças, constantes em trabalhos feitos por botrioidais e em formas prismáticas COSTA (1991) e FONSECA (2005). O presentes nos espeleotemas, na forma material coletado no terreno parece de cristais tabulares e estriados, sem pertencer todo a este perfil, embora uma orientação preferencial aparente possa que ser assegurado que este estipulasse um padrão de material provém de muito perto, dadas crescimento. Embora a goethita e a outras hematita ocorrências conhecidas em perfis autóctones em locais próximos. possam sedimentares hidrotermais no ser estritamente solo, de baixa soluções temperatura podem cristaliza-las. 2 AS FORMAÇÕES ESTALACTÍTICAS Entre as dezenas de quilogramas de crostas ferruginosas de origem laterítica coletadas, existe uma enorme profusão de formas, cores, texturas e estruturas destes espeleotemas e isto está ligado Fig. 1- Espeleotemas rosados na crosta laterítica Os espeleotemas considerados aqui não possuem carbonato de cálcio em sua constituição como os que se formam em maciços calcários, mas suas formas e mecanismos genéticos são semelhantes exclusivamente e parecem ser sedimentares e formados através do mesmo processo em que os espeleotemas originados em cavernas situadas em corpos de minério de ferro ou mesmo em cavernas de origem calcária, conforme Fig.2- Espeleotemas de cor rosada e brilho nacarado. citado anteriormente. Nestes casos a O que chama a atenção do goethita apresenta-se comumente em e observador de imediato é a presença estalactíticas, de aspecto fibrorradiado de cristais prismáticos e brilhantes de em suas secções transversais. A goethita/ hematita pode também assumir estas torno dos espeleotemas. Em outras formas, amostras, formas botrioidais, conforme renimorfas seu processo hematita, há a imbricados em associação de genético. A goethita apresenta-se com espeleotemas com um invólucro de uma variada gama de cores que quartzo incolor, que se torna branco variam do amarelo ao cinza do aço, quando mas seu traço é predominantemente ópticos. mais amarelado. Veios fibrorradiados frequentemente de goethita atravessam as amostras, cristalizado) e forma drusas de cristais seguindo de curtos, formando curiosas associações fratura das mesmas, de tal forma que com os espeleotemas, impregnando- as soluções hidrotermais ou mesmo os os processos supérgenos (à temperatura formando em diversas amostras um e pressão ordinárias) a recristalizaram. mosaico de cristais imbricados que provavelmente linhas e visto sem instrumentos Esse quartzo euédrico intercrescendo delineiam seções com é (bem eles, circulares estalactites goethíticas/ hematíticas. de associação não apresenta os cristais prismáticos e nem foi analisada no MEV (Microscópio eletrônico de varredura), mas foi observada ao microscópio estereoscópio do laboratório de mineralogia. Fig.3- Finíssimos espeleotemas de hematita revestidos de quartzo branco. goethita/ O tamanho e a perfeição dos espeleotemas são extremamente variáveis e dependem do tamanho da cavidade de dissolução onde se Fig.4- Visão geral de um dos espeleotemas com drusas de cristais prismáticos. formaram e de todas as condições físicas e químicas do processo. 3 OS CRISTAIS TABULARES DE HEMATITA/ GOETHITA Os cristais encontrados são predominantemente prismáticos e também tabulares, havendo, porém algumas formações drússicas de cristais curtos e melhor orientados, Fig.5- Microfotografia em detalhe do espeleotema anterior. Notar o aspecto tabular dos cristais mas que não foram observados com o MEV. Em algumas amostras existe uma espécie de estrutura alveolada, onde estão placas de separadas 4 OS ROMBOEDROS DE SIDERITA hematita/goethita por cavidades compridas, dando um aspecto muito interessante ao conjunto. Este tipo de Em uma das imagens geradas pelo MEV, destacam-se ao fundo belos romboedros algo encurvados de siderita. Estes romboedros são pequenos e aparecem implantados nos cristais prismáticos/tabulares e sua composição pôde ser mensurada através do sistema EDS. Fig. 9-Espeleotemas centimétricos exibindo acentuado brilho metálico em suas lamelas, mas sem evidenciar cristais tabulares. Fig. 6- Romboedros de siderita mostrando planos de clivagem 5 AS ESTRUTURAS DE ORIGEM DESCONHECIDA As imagens geradas pelo MEV do departamento de microscopia eletrônica da Universidade Federal do Rio Fig. 7- Romboedros de siderita sumilimétricos na crosta ferruginosa- fotografia obtida através de microscópio estereoscópico do laboratório de mineralogia do UNIFOR-MG Grande algumas do Sul estruturas almofadado evidenciaram com aderidas aspecto aos cristais prismáticos dos espeleotemas. Na ocasião da análise, Tanto o Dr. Heinrich Theodor operador do Frank aparelho como o puderam testemunhar o momento quando estas estruturas almofadadas começaram a literalmente explodir, devido ao feixe de elétrons emitido pelo aparelho. Como estas estruturas aparentemente não Fig. 8- Formações estalactíticas impregnadas com cristais tabulares de goethita/ hematita. são de provavelmente origem trata-se mineral, de uma estrutura orgânica como um fungo ou com seriedade para estudos na área uma por de Ciências Biológicas e Espeleologia, ele sendo citado aqui apenas como uma naquele curiosidade, já que o equipamento colônia exemplo. de A conseguiu bactérias, maneira como desenvolver-se ambiente se deve ao fato de que a utilizado nas análises os detectou. crosta laterítica é bem porosa e possui canais intercomunicáveis que não devem ter sido totalmente obstruídos pela mineralização hidrotermal, ou então, devido ao intemperismo da crosta laterítica, a estrutura encontrava-se próxima à superfície e era constantemente abastecida pelas soluções aquosas ricas em matéria orgânica e sais, infiltradas Fig. 10-Estruturas almofadadas intactas sobre cristais prismáticos da superfície; isso, claro, considerando que sejam estruturas orgânicas. Muitas das crostas lateríticas apresentam intensa intemperização em sua superfície, sendo que o quartzo que permeia os espeleotemas encontra-se amarelado devido a impregnações de óxidos de ferro e Fig. 11- Estrutura mostrando fenda de expansão causada pela emissão do feixe de elétrons do MEV. estruturalmente muito pulverulento, de modo que os agregados se desfazem com muita facilidade. Os troglóbios, 6 MATERIAL E MÉTODOS organismos que habitam cavernas, que ocorrem em cavidades e cavernas Para em diversos minérios de ferro são tomados como referência para a amostras análise foram clássicos prévia utilizados alguns hipótese de que a estrutura das ensaios microfotografias abaixo seja realmente (BOTELHO, 1979) e DANA (1978). um fungo ou colônia de bactérias. O Foram fato em si é curioso e deve ser tratado propriedades; dureza, usando como aferidas da das as mineralogia seguintes referência a escala de Mohs, cor do traço na relativa. porcelana Para e densidade mensuração da densidade relativa foi utilizada uma balança digital da marca Coleman. Os valores obtidos para a densidade relativa aproximam-se dos valores ideais encontrados para a goethita, embora haja bastante Fig. 12- Cristais tabulares de goethita/ hematita recobrindo espeleotema. hematita mesclada a ela em diversos graus, havendo, pois pseudomorfoses diversas devido à desidratação, logo, estes dados não serão discriminados aqui. Em estudos feitos no mesmo material rochoso por FONSECA (2.005), os mesmos detectaram hematita praticamente pura em drusas Fig. 13- Gráfico EDS da amostra da fig. 11. Tabela 1- Valores de O, Al e Fe da amostra. botrioidais esferoidais, onde a relação Parameter O Al Fe entre ferro e oxigênio difere muito dos Weight concentration % ZAF Value Atom concentration % Atom % error Formula 30.06S 0.00 69.94 1.64 60.00 2.53 0.00 1.07 40.00 +/- 7.77 O +/- 0.00 Al2O3 Al2O3 +/- 0.53 Fe2O3 Fe2O3 0.00 0.00 100.00 resultados obtidos aqui pelo mesmo método de microscopia eletrônica e esta diferença é devido ao fato de que as drusas botrioidais são praticamente anidras, ao passo que os cristais Compound Concentration % prismáticos estão hidratados, o que Embora limitado quanto ao aumenta a relação Fe/O e o hidrogênio aspecto quantitativo de elementos na não é detectado pelo método usado. amostra e, consequentemente, dedução de fórmulas, utilizado pôde o método evidenciar traços importantes da composição química dos espeleotemas. O valor ZAF é um valor de correção utilizado nestas análises. Na amostra da Fig. 12, o gráfico EDS evidencia a predominância de ferro e oxigênio e raros traços de alumínio foram retirados da tabela da composição geral, devido à margem de erro. O hábito dos cristais prismático. A espeleotemas intercalada é tabular mineralogia analisados entre a goethita e dos está e a Tabela 2- Valores de O e Fe da amostra. Parameter O Fe ZAF Value Weight concentration % Atom concentration % Atom % error Formula Parameter 1.67 30.06S 60.00 +/-0.00 1.07 69.94 40.00 +/-0.54 Fe2O3 Fe2O3 Compound concentration % 0.00 100.00 Na amostra da fig.14, os parâmetros hematita, pois pseudomorfoses são da comuns mesmos, mas sem traços de alumínio. na região, oriundas de análise são processos de substituição molecular A sem detrimento da forma externa dos goethita/hematita. amostra é praticamente composta os de cristais. Fig 16- cristais tabulares de goethita/ hematita -notar as estrias longitudinais nos cristais. Fig.14- Cristais tabulares de goethita/ hematita. Fig. 15- Gráfico EDS da fig. 14 Fig. 17- Gráfico EDS da amostra da fig. 16. Tabela 3- Valores de O e Fe da amostra da fig.16 Parameter O Fe ZAF Value Weight Concentration % Atom concentration % Atom % error 1.65 30.06 1.07 69.94 60 +/- 0.00 40 +/- 0.63 O Fe2O3 Fe2O3 0.00 100.00 Formula Compound concentration % Parameter C O Al Fe ZAF Value Weight concentration % Atom concentration % Atom % error 3.93 2.01 1.69 33.44 S 60.97 2.56 0.76 1.09 63.80 0.82 33.33 +/2.81 +/-0.08 +/-0.41 Formula Parameter CO2 CO2 Al2O3 Al2O3 Fe2O3 Fe2O3 Compound concentration % 7.35 1.43 91.22 A A amostra da figura 16 se apresenta com hábito tipicamente tabular e a mesma constituição das anteriores. 4.87 +/-0.46 0.00 amostra da Fig. 18 é tipicamente romboédrica, evidente nos três cristais em destaque. A análise pontual desta mineralização mostra teores de carbono, oxigênio, alumínio e ferro expressos em óxidos, o que permite classificá-la como o mineral siderita (FeCO3). Novamente o alumínio está na forma de hidróxido e provavelmente Fig. 18- Três romboedros de siderita em espeleotema amostra. cristais impregnando a Não foram encontrados prismáticos de goethita/ hematita maiores que 2mm, embora em sua forma maciça e fibrorradiada sejam comuns espécimes maiores.As análises expressam a composição em óxidos nas parâmetros massa, Fig. 19- Gráfico EDS da amostra da fig.18 amostras, de além concentração concentração atômica dos de e fatores de correção. A presença de Al2O3 na amostra, ainda que em Tabela 4- Valores de C, O, Al e Fe da amostra. pequena porcentagem, é relevante o bastante para se atribuir sua presença a processos de intemperismo em rochas ricas em minerais de alumínio (feldspatos, micas) e posterior remoção de sílica em PH favorável, associação das rochas lateríticas e do precipitando assim o hidróxido de quartzo, alumínio (gibsita). endêmico na região estudada leva a bem como o quartzo crer que os eventos mineralizantes foram 8 CONCLUSÃO conjuntos ou pelo menos contemporâneos. O fato de haver apenas testemunhos de estruturas lateríticas Os resultados indicam uma muito maiores também que o intemperismo agiu de grande predominância de óxidos de forma ferro hidratados, devido à relação Fe/O formações e os cristais prismáticos são mesmo gerando novos solos. de goethita/ hematita, recristalizados e depositados hidrotermalmente nas mostra a destruir a lateríticas maioria da das região, A karstificação em pequena escala da rocha laterítica é um formações estalactíticas pré-formadas processo análogo ao que ocorre em por processos de karstificação. Isto é rochas interessante, já que a goethita ocorre calcários e é subordinada ao grau de mais massas dissolução dos compostos de ferro, fibrorradiadas, aciculares, globulares, onde o ferro ferroso é mais solúvel em estalactíticas, renimorfas e botrioidais igualdade de PH (CURI, 1998). Existe (DANA, 1978), e não em cristais neste processo a lenta formação de isolados. Conclui-se que um sistema estruturas intercomunicável de estalactites e helictites, pois contrariam canalículos, poros e fraturas na rocha a gravidade e são assim formados laterítica fluidos devido a forças endógenas, intrínsecas rocha do processo de cristalização. Conclui- laterítica, depositando sílica na forma se que os dois processos ocorreram de quartzo, associado às estalactites. em épocas distintas, sendo que os O óxido de ferro das crostas foi espeleotemas provavelmente mineralizações são os mais antigos. normalmente em composto conduziu mineralizantes por os toda a recristalizado desta maneira. Há carbonáticas nos intermediárias cobertos maciços entre por Não se pesquisou se o processo rochas hidrotermal de gênese mineral pode compostos gerar espeleotemas como os que apenas por quartzo. A intensidade da foram encontrados, mas de acordo lateríticas geodos basicamente em com trabalhos espeleológicos de impurezas no cristal, mantendo sua realizados em cavernas localizadas forma, parecendo existir outros cristais em canga e minério de ferro, os no interior. espeleotemas são temperatura formados ambiente, ou à seja, genuinamente sedimentares então. A quartzo grande quantidade encontrada na Toda a região de Morro das Balas foi palco de eventos mineralizantes que atingiram as rochas de do pacote sedimentar de forma mais região ou menos extensa, criando curiosas estudada vem corroborar a natureza formações hidrotermal das mineralizações estudadas com muito rigor, dada sua quartzo encontradas crostas ferruginosas, dentro embora de das a possibilidade de cristais neoformados ou autigênicos não possa ser descartada. Os cristais de quartzo encontrados até o momento não atingem grandes dimensões e alguns apresentam figuras de crescimento tipo phanton, onde a diferenciação química formação durante o do cristal processo pode de ser observada a partir de zonação de cor e que merecem mineralogia e metalogenia. ser AGRADECIMENTOS Ao Prof. Heinrich Theodor Frank, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pela análise das amostras enviadas por mim. Aos profissionais do Departamento de Microscopia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pelas análises feitas e por terem chamado a atenção para as estruturas de possível origem orgânica presentes nas amostras analisadas. ABSTRACT: This research deals with the analysis of chemical composition and morphology of mineralization in the form of speleothems of goethite and hematite in lateritic crusts from the region of Morro das Balas, city of Formiga, MG, Brazil. KEYWORDS: Goethite. Hematite. Quartz. Siderite 6 REFERÊNCIAS ALKMIM,F.F., MARSHAK,S. Transamasonian orogeny in the southern São Francisco Cráton Region, Minas Gerais, Brazil: evidence for paleoproterozoic collision and collapse in the Quadrilátero Ferrífero. Precambrian Research, v.90, p.29-58, 1998. AMBROSI, A. ; NAHON,D. Petrological and geochemical diferentiation of lateritic iron crust profiles. Chemical Geology, v.57, p. 371-393, 1986. BRANCO, P.M. Dicionário de mineralogia. 2. ed. Porto Alegre: UFRGS, 1982. 264p. COMIG, Companhia Mineradora do Estado de Minas Gerais. Mapa Geológico do estado de Minas Gerais. Edição especial, 2003, BRASIL. COSTA, M. L. Aspectos Geológicos dos lateritos da Amazônia. Revista Brasileira de Geociências vol. 21, p.146-160, 1991. COSTA, M. L. A dinâmica de formação de lateritas: o exemplo do NE do Pará e NW do Maranhão. In: CONGR. BRAS. GEOL. 33., Rio de Janeiro, 1984. Anais...Rio de Janeiro, SBG. V. 10, p. 4823-4837. COSTA, M.L. Lateritos e lateritização. In: CONG. BRAS. GEOL., 36. Natal. 1990. Anais...Natal, SBG. v.1, p.404-421. DANA, J.D. Manual de mineralogia. Rio de Janeiro: Livros técnicos e Científicos, 1978. 420p. FONSECA, Anísio Cláudio. Rios. Morfologia de rochas lateríticas de Morro das Balas, município de Formiga-MG. 2005. 30p. (Monografia- Curso de especialização em solos e meio-ambiente). Universidade Federal de Lavras, Lavras, Minas Gerais. MACHADO F. L. et al. Projeto RADAMBRASIL. Folha SF 23/24. Rio de Janeiro/Vitória, 1983. vol. 32, p. 27- 324 SUGUIO, K.; BARBOUR, A . P. Morfologia e gênese das estruturas limoníticas dos sedimentos da Bacia de São Paulo. Anais... Academia Brasileira de Ciências, v. 41, n. 2, p. 161-180.