Análise de Tensões em Implantes

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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
MARIA CECILIA CORRÊA DE SÁ E BENEVIDES DE MORAES
ANÁLISE DE TENSÕES EM IMPLANTES DENTÁRIOS
POR ELEMENTOS FINITOS
Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso
De Mestrado em Ciência dos Materiais do
Instituto Militar de Engenharia, como requisito
parcial para a obtenção do título de Mestre em
Ciências em Ciência dos Materiais
Orientador: Prof. Carlos Nelson Elias – D.C.
Rio de Janeiro
2001
c2000
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha
Rio de Janeiro – RJ
CEP: 22290-270
Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá incluí-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar qualquer
forma de arquivamento.
É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre
bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que
esteja ou venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações,
desde que sem finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica
completa.
Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do(s) autor(es) e
do(s) orientador(es).
M827
Moraes, Maria Cecília Corrêa de Sá e Benevides de Moraes
Análise de tensões em implantes dentários por elementos finitos/
Maria Cecília Corrêa de Sá e Benevides de Moraes. - Rio de
Janeiro: Instituto Militar de Engenharia, 2001.
93 p.: il., tab.
Dissertação (mestrado) – Instituto Militar de Engenharia, 2001.
1. Análise de Tensões 2. Elementos Finitos 3. Implantes dentários
4. Implantes Osseointegrados
2
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
MARIA CECILIA CORRÊA DE SÁ E BENEVIDES DE MORAES
ANÁLISE DE TENSÕES EM IMPLANTES DENTÁRIOS
POR ELEMENTOS FINITOS
Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Ciência dos
Materiais do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção
do título de Mestre em Ciências em Ciência dos Materiais.
Orientador: Prof. Carlos Nelson Elias
Aprovada em 14 de fevereiro de 2001 pela seguinte Banca Examinadora:
__________________________________________________________________
Prof. Carlos Nelson Elias - D.C. do IME - RJ - Presidente
__________________________________________________________________
Prof. Carlos Sérgio da Costa Viana - Ph.D. do IME - RJ
__________________________________________________________________
Prof. Marcelo Amorim Savi - D.C. do IME - RJ
__________________________________________________________________
Prof. Jayme Pereira de Gouvêa - D.C. da UFF – Volta Redonda
Rio de Janeiro
2001
3
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Carlos Nelson Elias, orientador desta tese, pelo interesse e empenho na
realização do presente trabalho, assim como pela amizade e incentivo constantes.
Aos professores, funcionários e colegas do Departamento de Engenharia Mecânica e
Ciência dos Materiais, que direta ou indiretamente contribuíram para a execução deste
trabalho.
A minha família, pelo grande apoio e compreensão durante este período.
Ao IME, pela oportunidade de realização do Mestrado.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES, pelo apoio
financeiro.
Aos amigos da pós-graduação, pela cooperação e convívio durante estes dois anos.
A Conexão Sistemas de Prótese pelo fornecimento de material específico necessário ao
desenvolvimento desta tese.
4
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES................................................................................................
7
LISTA DE TABELAS.........................................................................................................
8
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS.................................................................... 9
LISTA DE SIGLAS............................................................................................................. 10
RESUMO............................................................................................................................
ABSTRACT........................................................................................................................
11
12
1
INTRODUÇÃO......................................................................................................... 13
2
OBJETIVO................................................................................................................
22
3
REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................
3.1 O Método de Elementos Finitos........................................................................
3.2 Avaliações Clínicas...........................................................................................
3.3 Tensões no Tecido Ósseo..................................................................................
3.4 Distribuição de Cargas sobre os Implantes.......................................................
3.5 Próteses Unitárias Suportadas por Implantes...................................................
3.6 Variação do Ângulo de Inclinação das Cúspides da Coroa Protética...............
3.7 Tipo de Ancoragem dos Implantes....................................................................
3.8 Material Estético da Coroa Protética.................................................................
3.9 Variação do Diâmetro em Implantes Unitários.................................................
3.10 Variação da Largura da Mesa Oclusal de Coroas Protéticas.............................
23
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35
4
MATERIAIS E MÉTODOS.....................................................................................
4.1 Geometria das Estruturas....................................................................................
4.1.1 O Implante...............................................................................................
4.1.2 O Pilar Intermediário...............................................................................
4.1.3 O Cilindro de Ouro..................................................................................
4.1.4 A Coroa Protética....................................................................................
4.1.5 O Segmento Ósseo Mandibular...............................................................
4.2 O Modelo de Elementos Finitos.........................................................................
4.2.1 Confecção do Modelo.............................................................................
4.2.2 Hipóteses Simplificadoras ......................................................................
4.2.3 Descrição do Modelo...............................................................................
4.3 Aplicação do Carregamento...............................................................................
4.4 Regiões de Tensões a serem analisadas.............................................................
4.5 Procedimentos da Análise..................................................................................
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38
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5
RESULTADOS..........................................................................................................
5.1 Tensões de Von Mises para o Carregamento 1.................................................
5.2 Tensões de Von Mises para o Carregamento 2.................................................
5.3 Tensões de Von Mises para o Carregamento 3.................................................
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Tensões de Von Mises para o Carregamento 4................................................
Tensões de Von Mises para Ângulo de Inclinação da Cúspide de 30 °...........
Tensões de Von Mises para Ângulo de Inclinação da Cúspide de 45 °...........
Tensões de Von Mises para Implante Monoancorado.....................................
Tensões de Von Mises para Implante Biancorado ..........................................
Tensões de Von Mises para Coroa Protética de Porcelana..............................
Tensões de Von Mises para Coroa Protética de Resina Compósito Charisma
Tensões de Von Mises para Coroa Protética de Resina Compósito Artglass..
Tensões de Von Mises para Coroa Protética de Resina Acrílica Biotone........
Tensões de Von Mises para Implante com Diâmetro de 3,75 mm...................
Tensões de Von Mises para Implante com Diâmetro de 5,00 mm...................
Tensões de Von Mises para Mesa Oclusal Estreita..........................................
Tensões de Von Mises para Mesa Oclusal Larga.............................................
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65
6
ANÁLISE E DISCUSSÃO........................................................................................ 66
7
CONCLUSÕES E SUGESTÕES............................................................................. 84
7.1 Conclusões........................................................................................................... 84
7.2 Sugestões............................................................................................................. 85
8
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 86
6
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIG. 1.1 Componentes do sistema de implante...................................................................
FIG. 1.1 (a) Implante osseointegrado....................................................................................
FIG. 1.1 (b) Pilar intermediário ou “abutment”.....................................................................
FIG. 1.1 (c) Parafuso de fixação do pilar intermediário........................................................
FIG. 1.1 (d) Cilindro ou “coping” de ouro ...........................................................................
FIG. 1.1 (e) Parafuso de ouro................................................................................................
FIG. 1.1 (f) Coroa protética sobre os componentes acoplados..............................................
FIG. 1.2 Implante instalado em paciente parcialmente desdentado....................................
FIG. 1.3 O sistema estomatognático....................................................................................
FIG. 1.4 Elemento dentário e o ligamento periodontal.......................................................
FIG. 1.5 Movimento descrito pela mandíbula durante a mastigação..................................
FIG. 1.6 Implante de menor diâmetro e implante de maior diâmetro.................................
FIG. 1.7 Ângulos de inclinação da cúspide.........................................................................
FIG. 1.8 Mesa oclusal larga e estreita.................................................................................
FIG. 4.1 Modelo do implante e supraestrutura....................................................................
FIG. 4.2 Modelo do segmento ósseo com o implante monoancorado................................
FIG. 4.3 Modelo do segmento ósseo com o implante biancorado......................................
FIG. 4.4 Malha de elementos finitos do implante e supraestrutura.....................................
FIG. 4.5 Malha de elementos finitos do segmento ósseo com o implante monoancorado.
FIG. 4.6 Malha de elementos finitos do segmento ósseo com o implante biancorado.......
FIG. 4.7 Elemento Plane 82.................................................................................................
FIG. 4.8 Condições de contorno para carregamento 1........................................................
FIG. 4.9 Condições de contorno para carregamento 2........................................................
FIG. 4.10 Condições de contorno para carregamento 3........................................................
FIG. 4.11 Condições de contorno para carregamento 4........................................................
FIG. 4.12 Condições de contorno para ângulo de inclinação da cúspide de 45 °..................
FIG. 4.13 Condições de contorno para ancoragem monocortical.........................................
FIG. 4.14 Condições de contorno para ancoragem bicortical...............................................
FIG. 4.15 Condições de contorno para implante com diâmetro de 5,00 mm........................
FIG. 4.16 Condições de contorno para mesa oclusal larga...................................................
FIG. 5.1 Tensões de Von Mises para o carregamento 1......................................................
FIG. 5.2 Tensões de Von Mises para o carregamento 2......................................................
FIG. 5.3 Tensões de Von Mises para o carregamento 3......................................................
FIG. 5.4 Tensões de Von Mises para o carregamento 4......................................................
FIG. 5.5 Tensões de Von Mises para ângulo de inclinação da cúspide de 45 °..................
FIG. 5.6 Tensões de Von Mises para implante monoancorado...........................................
FIG. 5.7 Tensões de Von Mises para implante biancorado.................................................
FIG. 5.8 Tensões de Von Mises para coroa protética de resina compósito Charisma........
FIG. 5.9 Tensões de Von Mises para coroa protética de resina compósito Artglass..........
FIG. 5.10 Tensões de Von Mises para coroa protética de resina acrílica Biotone................
FIG. 5.11 Tensões de Von Mises para implante com diâmetro de 5,00 mm........................
FIG. 5.12 Tensões de Von Mises para mesa oclusal larga....................................................
7
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LISTA DE TABELAS
TAB. 4.1 Propriedades mecânicas dos materiais.................................................................
TAB. 6.1 Tensões máximas nos componentes com a variação do carregamento.................
TAB. 6.2 Tensões máximas nos componentes com a variação do ângulo de inclinação da
cúspide....................................................................................................................
TAB. 6.3 Tensões máximas nos componentes com a variação da ancoragem do implante...
TAB. 6.4 Tensões máximas nos componentes com a variação do tipo de material da coroa
protética..................................................................................................................
TAB. 6.5 Tensões máximas nos componentes com a variação do diâmetro do implante......
TAB. 6.6 Tensões máximas nos componentes com a variação da largura da mesa oclusal..
8
42
66
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79
82
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
E – Módulo de elasticidade ou módulo de Young
MEF – Método de elementos finitos
MPa - Mega Pascal
GPa – Giga Pascal
N/m2 - Newton por metro quadrado
υ - Coeficiente de Poisson
9
LISTA DE SIGLAS
CAPES
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
10
RESUMO
O titânio é um metal com aplicações na área de saúde incluindo a fabricação de implantes
dentários utilizados principalmente na reabilitação de pacientes desdentados parciais ou totais.
Neste trabalho, o método de elementos finitos bidimensional foi utilizado na análise de
tensões em uma prótese fixa suportada por um implante, quando uma carga axial concentrada
de 100 N foi aplicada sobre a coroa protética em quatro diferentes condições. Outras análises
foram feitas envolvendo variações do ângulo de inclinação da cúspide, a ancoragem do
implante, o material da coroa protética, o diâmetro do implante e a largura da mesa oclusal. A
melhor distribuição de tensões nos componentes foi obtida com a aplicação da carga
distribuída por toda a superfície da coroa protética. O ângulo de inclinação da cúspide de 30 °
mostrou níveis de tensões menores quando comparado com o de 45 °. A análise envolvendo
o tipo de ancoragem mostrou que o implante com ancoragem bicortical apresentou tensões 1,5
vezes maiores na região de aplicação da carga e 2,5 vezes maiores na sua porção média
quando comparado ao implante com ancoragem monocortical. Analisando a influência do
material da coroa protética, os resultados foram que a coroa de porcelana transmitiu para a
região próxima ao osso cortical tensões superiores em relação às resinas. Comportamento
inverso foi observado com a coroa de resina Biotone. O implante de maior diâmetro
apresentou níveis de tensões menores quando comparado com o implante de menor diâmetro.
A mesa oclusal larga mostrou tensões mais elevadas para todos os componentes quando
comparada com a reduzida.
11
ABSTRACT
The titanium is a metal with applications in health area including the manufacturing of
dental implants used in the reabilitation of parcial or total patients. In this work, the
bidimensional finite element method was used to analyze the stress supported by an fixed
prostheses supported by a implant when an axial concentrated load of 100 N were applied on
the prosthetic crown in four different conditions. Other analysis was made involving
variations of the angle of cusp inclination, the anchorage of the implant, the material of the
prosthetic crown, the diameter of the implant and the width of the occlusal table. The best
distributions of stress in the components was obtained with distribuited load over all the
surface of the prosthetic crown. The cusp inclination angle of 30 ° showed lower stress level
when compared with the 45 °. The analysis involving type of anchorage showed that the
bicortically anchored implant presented stress 1,5 times higher in the region of load
application and 2, 5 times higher in its media portion when compared with the monocortically
anchored implant. Analysing the influence of prosthetic crown material, the results were that
the porcelain crown transmited to the region near to cortical bone stress that were higher when
compared with the resins. Inverse comportament was observed with the Biotone resin crown.
The wide implant showed lower stress when compared with the narrow one. The large
occlusal table showed higher stress for all the components when compared with the reduced
one.
12
1. INTRODUÇÃO
O titânio é um metal muito utilizado na atualidade em função de suas propriedades físicas,
mecânicas e composição química. Este material é utilizado em várias áreas tais como:
indústria química, nuclear, aeroespacial, medicina e odontologia. O emprego diversificado do
titânio deve-se principalmente a sua alta resistência mecânica, baixa relação peso/resistência
mecânica e boa resistência à corrosão em diversos meios agressivos.
Na Odontologia é um material metálico de grande utilização em várias especialidades tais
como: Endodontia, Dentística Restauradora, Prótese Dentária, Ortodontia, Cirurgia
Bucomaxilofacial e Implantodontia.
Atualmente, o titânio e suas ligas são utilizados na Implantodontia de várias formas, em:
-
Implantes Dentários
-
Conexões Protéticas
-
Parafusos de fixação para enxertos e membranas
-
Membranas para regeneração óssea guiada
-
Ligas para fundição de estruturas
-
Instrumentos
A Implantodontia é a especialidade da Odontologia que tem como objetivo principal a
reabilitação protética de pacientes edêntulos ou desdentados, totais ou parciais, por meio dos
implantes
dentários
(MISCH,
1993;
GUERRIERI,
&
MIGUEL,
1982;
VAN
STEENBERGHE ET AL., 1990; ADELL ET AL., 1981; ALBREKTSON ET AL., 1981).
Os implantes dentários são artefatos metálicos de titânio utilizados para substituir
elementos dentários perdidos ou removidos. São compostos de estruturas metálicas acopladas,
sendo uma delas instalada cirurgicamente no osso, o implante. Após a colocação do implante,
deve-se aguaradar um período de tempo necessário para ocorrer a osseointegração. A seguir,
acopla-se a segunda estrutura, o pilar intermediário ou “abutment” (ADELL ET AL., 1981;
MISCH, 1993), sobre a qual será confeccionada a prótese.
Este sistema complexo
“abutment” - prótese é composto por vários componentes, por isso também denominado de
supraestrutura. (FIG. 1.1)
13
(e)
(d)
(c)
(f)
(b)
(a)
FIG. 1.1 Componentes do sistema de implante: (a) Implante osseointegrado, (b) Pilar
intermediário ou “abutment” , (c) Parafuso de fixação do pilar intermediário, (d) Cilindro ou
“coping” de ouro, (e) Parafuso de ouro, (f) Coroa protética sobre os componentes acoplados.
Após a descoberta do fenômeno da osseointegração, por Per-Ingvar Brånemark concluise que o titânio é o melhor metal para a utilização na Implantodontia (HOBO, 1993;
REZENDE & JOHANSSON, 1993). O surgimento dos implantes osseointegráveis há três
décadas, renovou o conceito de reabilitação oral, devido ao alto índice de sucesso
apresentado. Os estudos de Brånemark demonstraram que quando estabelecido um protocolo
para a instalação de implantes no osso, é possível conseguir uma conexão direta e funcional
entre o osso estruturado vivo e a superfície do implante, quando este for submetido a carga
funcional – Fenômeno da Osseointegração (ADELL ET AL., 1981; ALBREKTSON ET AL.,
1981; HOBO, 1993; BRÅNEMARK ET AL., 1977; BRÅNEMARK ET AL., 1987;
BRUNSKI ET AL., 2000).
A palavra "osseointegração" é constituída pelo prefixo "os", palavra latina que significa
osso, e "integração", derivada de palavras latinas que significam "o estado de ser" (HOBO,
1993).
Em um dos seus primeiros trabalhos, BRÅNEMARK ET AL. (1977) propôs a instalação
de 6 implantes, nas regiões anteriores de maxila e mandíbula, de pacientes edêntulos para
suportar uma prótese fixa com 12 elementos, ficando as extremidades desta prótese em
balanço. Este tipo de prótese ficou conhecida como “ Protocolo de Brånemark”. A utilização
de próteses tipo “protocolo”, vem sendo confirmado por estudos que atestam sua eficiência.
14
Com o passar dos anos, surgiu a necessidade de se estender as reabilitações com implantes
osseointegrados à pacientes parcialmente desdentados.(FIG. 1.2).
Os implantes são
instalados nas regiões onde haja ausência do elemento dental e que possuam altura e
espessura óssea suficiente para o comprimento e diâmetro do implante a ser instalado.
FIG.1.2 Implante instalado em paciente parcialmente desdentado.
A apresentação do conceito de osseointegração proporcionou um grande avanço para a
especialidade, pois, a colocação de implantes de titânio associada à um protocolo cirúrgicoprotético adequado, possibilita a reabilitação de pacientes com boa previsibilidade de sucesso.
As próteses dentárias podem ser fixadas ao “abutment” por meio de cimentos ou
microparafusos.
São ditas próteses cimentadas e próteses parafusadas, respectivamente.
(ADELL ET AL., 1981; MISCH, 1993; TAYLOR ET AL., 2000).
Os “abutments” podem ser retos ou angulados. “Abutments” angulados são utilizados para
corrigir inclinações dos implantes instalados, em decorrência de dificuldades e limitações
encontradas durante a cirurgia e com isso estabelecer a manutenção do compromisso estético
e funcional da reabilitação protética (KALLUS ET AL., 1990).
A principal função do sistema estomatognático é a mastigação. Este sistema é de extrema
complexidade, sendo composto por: ossos, articulações, ligamentos, dentes e músculos.
(FIG.1.3).
É regulado por um intrincado sistema neurológico que coordena todas essas
estruturas. Durante o processo mastigatório os dentes são submetidos a cargas que são
geradas pela trituração dos alimentos, às quais são adicionadas carregamentos durante a
15
deglutição decorrentes dos contatos dentários e em outras situações parafuncionais. Estas
forças incidem sobre estas estruturas com direção e intensidade que variam com a capacidade
muscular do indivíduo, região do elemento dentário, anatomia dentária, condições locais,
alimentação e hábitos do paciente ( NAERT, 1998; OKESON, 1992).
FIG.1.3 O sistema estomatognático
É importante ressaltar que o dente está ligado ao osso pelo ligamento periodontal, que
além de proporcionar uma pequena mobilidade possibilita um amortecimento das cargas
mastigatórias, tem função proprioceptora permitindo um maior controle da força durante a
mastigação. (FIG.1.4).
Assim, baseado no funcionamento do sistema estomatognático
podemos concluir que uma reabilitação protética sobre implantes dentários apresenta muito
mais vulnerabilidade do que os dentes.
Isto porque será submetida às mesmas cargas
funcionais que os dentes, mas não têm a presença do ligamento periodontal e apresentam uma
supraestrutura fixada por microparafusos ( NAERT, 1998; OKESON, 1992; WEINBERG,
1993).
FIG. 1.4 Elemento dentário e o ligamento periodontal.
16
O processo de mastigação produz principalmente forças verticais na dentição. São
também criadas forças transversais em função do movimento horizontal da mandíbula (FIG.
1.5) e da anatomia dentária (inclinação das cúspides dentárias). Estas forças são transferidas
através da prótese ao implante e finalmente ao osso.
FIG. 1.5 Movimento descrito pela mandíbula durante a mastigação.
As forças axiais são mais favoráveis para a supraestrutura, uma vez que distribui o
esforço com mais regularidade por todo o implante (RANGERT ET AL., 1989; RICHTER,
1995; NAERT, 1998; BRUNSKI, 1998). Forças verticais excêntricas geram um momento
(RANGERT ET AL., 1995; RICHTER, 1998) e podem levar o implante a fletir. Forças
anguladas geram componentes de cisalhamento, prejudiciais aos implantes (RANGERT ET
AL., 1989; RICHTER, 1995; NAERT, 1998; BRUNSKI, 1998).
A sobrecarga no conjunto implante e supraestrutura pode levar a falhas biomecânicas.
RANGERT ET AL., (1995), BRUNSKI ET AL., (2000), ECKERT ET AL. (2000),
GUICHET ET AL. (2000), WATANABLE ET AL. (2000), relataram danos nas estruturas
ósseas e componentes protéticos. A maioria dos problemas que ocorrem na supraestrutura se
traduz por afrouxamento do parafuso ou fratura do parafuso de ouro da prótese, cuja técnica
prevê a facilidade de reposição. A sobrecarga nestas estruturas é transmitida às estruturas de
suporte. Altos níveis de tensões resultam em sobrecargas e reabsorção óssea e níveis baixos
17
em atrofia por desuso. O conhecimento da distribuição de tensões e suas intensidades pode
ser útil para prevenir falhas embora não seja possível prever se haverá remodelação óssea ou
atrofia ao analisarmos estas tensões (MEIJER ET AL., 1993)
Existe uma preocupação em relação aos implantes unitários quando instalados em região
de ausência de dentes molares, devido ao fato desta área apresentar grande concentração de
cargas. Foram relatados problemas como mobilidade da prótese e perda da osseointegração.
BALSHI ET AL. (1996; 11:372-378) compararam a utilização de um ou dois implantes
de mesmo diâmetro para reposição de um único molar e concluíram que dois implantes
promovem maior estabilidade e diminuem os problemas biomecânicos. LANGER ET AL.
(1993) sugeriram o uso de implantes de maior diâmetro como alternativa de tratamento em
situações especiais do tecido ósseo tais como pouca altura. Desde então, implantes de maior
diâmetro (FIG. 1.6) vêm sendo sugeridos como boa alternativa para alguns casos clínicos
(GRAVES ET AL., 1994; BECKER & BECKER, 1995; BAHAT & HANDELSMAN, 1996;
IVANOFF ET AL., 1997; BRUNSKI ET AL., 2000; TAYLOR ET AL.2000).
FIG. 1.6 Implante de menor diâmetro e implante de maior diâmetro
A ancoragem dos implantes dentários pode ser bicortical ou monocortical. Um implante
ancorado em duas corticais ósseas é dito biancorado. IVANOFF ET AL.(2000) analisaram
em uma retrospectiva de 15 anos com casos clínicos, a influência do tipo de ancoragem dos
18
implantes. Concluíram que os implantes com ancoragem bicortical apresentaram uma taxa de
fratura 3 vezes maior que os implantes monoancorados.
A influência do tipo de material das coroas protéticas no sucesso dos tratamentos com
implantes parece ser significativo, já que não temos a presença do ligamento periodontal.
Estudos analisando a distribuição de tensões no osso e no implante considerando-se diferentes
tipos de material da coroa protética foram apresentados por STEGAROIU ET AL.
(1998;13:781-790) E ÇIFTÇI & CANAY (2000).
WEINBERG (1993) concluiu que o ângulo de inclinação da cúspide da coroa protética é
um fator importante nas reabilitações com implantes e sugere uma pequena inclinação da
cúspide.(FIG. 1.7). Outro aspecto por ele analisado foi a largura da mesa oclusal ou largura
da coroa protética (FIG. 1.8), concluindo que uma mesa oclusal estreita reduziria as cargas
sobre os implantes, também citado por BINON (2000).
FIG. 1.7 Ângulos de inclinação da cúspide.
FIG. 1.8 Mesa oclusal larga e estreita.
O método dos elementos finitos (MEF), o qual é um procedimento numérico para a
resolução de equações variacionais na física e na engenharia, foi inicialmente utilizado na
indústria aeronáutica, no início dos anos 50. O método evoluiu de um procedimento para
resolução de problemas estruturais para um procedimento numérico geral, visando solucionar
uma equação diferencial ou um sistema destas equações. Com o uso da técnica e discretização
do meio contínuo a partir de elementos finitos, as equações diferenciais do problema podem
ser transformadas em sistema de equações algébricas que resolvidas, fornecem a solução do
problema com uma precisão aceitável para a maioria dos problemas de engenharia quando
comparada à solução pelos métodos clássicos.
19
O conceito fundamental do MEF é que qualquer quantidade contínua (como a
temperatura, pressão ou deslocamento) pode ser aproximada por um modelo discreto,
composto de um conjunto de funções contínuas em intervalos do domínio, definida sobre um
número finito de subdomínios.
Estas funções são definidas utilizando os valores da
quantidade contínua em um número finito de pontos do domínio.
A situação mais comum ocorre quando a quantidade contínua é desconhecida e deseja-se
determinar os valores desta quantidade em certos pontos. A construção do modelo discreto é
baseada em uma seqüência de atividades descrita a seguir:
1) um número finito de pontos do domínio é identificado; estes pontos são chamados de
pontos nodais ou nós;
2) o valor da quantidade contínua em cada ponto nodal é denotado como uma variável que
será determinada;
3) o domínio é dividido em um número finito de subdomínios chamados elementos. Estes
elementos são conectados em pontos nodais comuns e, em conjunto para se aproximar da
forma do domínio e,
4) a quantidade contínua é aproximada em cada elemento por um polinômio que é definido
usando-se os valores nodais da quantidade contínua. Os polinômios são selecionados de
modo que a continuidade seja mantida nos nós.
Dentre as principais vantagens do método dos elementos finitos podemos citar:
1) suas aplicações atuais são amplas e incluem todos os problemas físicos regidos por
equações diferenciais;
2) as propriedades dos materiais de elementos adjacentes não precisam ser as mesmas, isto
permite que o método seja aplicado a estruturas compostas de diversos materiais;
3) contornos irregulares podem ser aproximados utilizando elementos retos ou utilizando
elementos com contornos curvos. Desse modo, o MEF não é limitado a contornos "bem
definidos";
4) o número dos elementos pode ser variado, permitindo que a malha de elementos seja
expandida ou refinada, conforme necessário e,
5) possibilita a análise de tensões e deformações, frente a diferentes esforços e solicitações,
podendo-se determinar situações e locais críticos com possibilidade de levar a falha dos
componentes da estrutura quando em serviço.
20
O estudo de modelos em elementos finitos permite a simulação e análise de tensões com
confiabilidade, através da construção de modelos matemáticos, reproduzindo o implante, sua
supraestrutura e tecido ósseo com resultados melhores que os estudos similares com
fotoelasticidade (MEIJER ET AL., 1993).
O programa Ansys, utilizado neste trabalho é uma importante ferramenta que faz uso
do método dos elementos finitos.
Além disso, este programa vem sendo descrito pela
literatura como adequado e preciso para avaliação de sistemas complexos, tais como os
componentes dos implantes osseointegrados (HOLMGREN, 1998; BARBIER ET AL., 1998;
STEGAROIU ET AL., 1998, 13:82-90; STEGAROIU ET AL., 1998, 13:781-790). Uma
análise típica do Ansys, envolve três etapas:
1) pré-processamento - onde é feita a entrada de dados tais como geometria, material e tipo
de elemento no programa e geração da malha;
2) solução - onde se define o tipo e opções de análise, bem como aplicação do carregamento,
condições de contorno e,
3) pós-processamento - onde serão vistos os resultados da análise através de gráficos ou
listas tabulares no monitor ou impressora.
Neste trabalho, foi utilizado o método dos elementos finitos com o programa Ansys 5.5.3,
a fim de se analisar as tensões nos componentes de um sistema de implante osseointegrado e
nas estruturas de suporte. Foram aplicados diferentes carregamentos com o objetivo de
simular as cargas mastigatórias.
Realizou-se uma análise comparativa de variações do
desenho da prótese, material de revestimento da prótese, diâmetro do implante e tipo de
ancoragem do implante.
21
2.
OBJETIVO DO TRABALHO
As supraestruturas das próteses implanto-suportadas possuem diversos componentes, que
se acoplam no complexo prótese-implante, e são submetidas às cargas mastigatórias. Embora
estes componentes possuam tolerâncias dimensionais apertadas, em alguns casos são levados
à fratura devido à folga entre eles, gerando problemas de difícil solução nessas reabilitações
(MISCH, 1993; ADELL ET AL., 1981; WEINBERG, 1993, SAKAGUCHI & BORGERSEN
1995; MORGAN & JAMES, 1993; PREISKEL, 1996; VERSLUIS ET AL., 1999;
MCGLUMPHY, ET AL., 1992; MCGLUMPHY, ET AL., 1998; BINON, 2000). Os
resultados clínicos têm apresentado falhas nos sistemas dos implantes osseointegráveis sem
existir uma análise das possíveis causas.
O presente trabalho consiste na análise de tensões nas estruturas dos implantes
osseointegrados, mediante a aplicação de cargas mastigatórias, empregando-se para este fim
o método dos elementos finitos com a utilização do programa Ansys 5.5.3.
Foram
desenvolvidos modelos axissimétricos bidimensionais destas estruturas. O objetivo deste
estudo é determinar as regiões de maior concentração de tensões e os locais críticos com
possibilidade de levar à falha dos componentes da estrutura quando em serviço, ou seja,
quando submetidas às cargas mastigatórias.
Os resultados obtidos neste trabalho permitirão um maior conhecimento da distribuição
das tensões a que os implantes dentários são submetidos, permitindo melhor entendimento das
causas das falhas observadas clinicamente, garantindo assim embasamento para auxiliar no
desenvolvimento de sistemas de implantes com maior segurança, modificando e adequando a
geometria dos componentes.
Os profissionais que utilizam os sistemas de implantes poderão se beneficiar com os
resultados obtidos, uma vez que os desenhos gerados pelo programa Ansys identificam as
regiões do alvéolo cirúrgico que apresentam concentração de tensões. Além disso, apesar de
existirem na literatura trabalhos semelhantes, estes não podem ser empregados para o sistema
de implante brasileiro que foi usado no presente trabalho. Deste modo, os resultados obtidos
podem auxiliar os fabricantes nacionais na busca de melhor qualidade para seus sistemas.
22
3.
REVISÃO DA LITERATURA
Para melhor compreensão, a revisão da literatura foi dividida conforme os assuntos
relacionados: método de elementos finitos, tensões no tecido ósseo, distribuição das cargas
sobre os implantes, próteses unitárias suportadas por implantes, influência da variação do
ângulo de inclinação das cúspides da coroa protética, tipo de ancoragem dos implantes,
material estético da coroa protética, variação do diâmetro em implantes dentários e variação
da largura da mesa oclusal de coroas protéticas.
3.1 MÉTODO DE ELEMENTOS FINITOS
Fenômenos biológicos foram estudados inicialmente com o emprego da fotoelasticidade,
que surgiu em 1949 em trabalhos de Noonan e fornecia a análise qualitativa das tensões no
interior de uma estrutura homogênea.
Posteriormente, surgiram estudos com elementos
finitos, apresentados por HUANG & LEDLEY (1969), quando passou a ser possível estudar
estruturas complexas e analisá-las qualitativa e quantitativamente.
THRESHER ET AL. (1973), utilizaram o método de elementos finitos com o objetivo de
analisar as tensões em um dente e nas estruturas ósseas com um modelo homogêneo e outro
heterogêneo. Neste trabalho, foram representadas estruturas como esmalte, dentina e
ligamento periodontal. Mostraram a importância da utilização do modelo não homogêneo
para se determinar a distribuição interna de tensões, concluindo que a maior parte delas era
recebida pelo esmalte e transferida para a raiz.
FARAH ET AL. (1988), empregaram o método de elementos finitos em um modelo
bidimensional de um quadrante da mandíbula.
Cargas de 100 N foram aplicadas nas
seguintes condições: a) distribuída sobre o segundo molar; b) concentrada a 30 graus sobre o
segundo molar e c) distribuída sobre o segundo pré molar e segundo molar. Verificaram que
o carregamento oblíquo, força concentrada a 30°, apresentou tensões de 3 a 5 vezes maiores
em relação à carga distribuída.
Com o objetivo de comparar implantes de titânio, um com roscas e outro sem roscas,
VALENTIM ET AL. (1990), desenvolveram um modelo de elementos finitos bidimensional
com aplicação de uma carga de 100 N distribuída em regiões diferentes e constataram a
ocorrência de tensões na área de osso cortical próxima ao pescoço do implante.
23
WILLIAMS ET AL. (1990) empregaram um modelo bidimensional de elementos finitos
para estudar a distribuição de tensões de uma carga conhecida em prótese suportada por
implantes. Concluíram que o método pode ser utilizado para reduzir os insucessos clínicos e
melhorar o desempenho da prótese.
PANDURIC ET AL. (1998) analisaram um modelo de elementos finitos de uma prótese
total inferior com aplicação de carregamentos variados e concluíram que este método pode ser
aplicado para se obter com precisão a distribuição de tensões em estruturas complexas tais
como próteses totais e parciais.
APICELLA ET AL.(1998), desenvolveram dois modelos tri-dimensionais de elementos
finitos da mandíbula humana, sendo um com quatro implantes e outro com seis implantes,
tendo como objetivo, analisar as tensões e deformações geradas por diferentes condições de
carregamento tanto na prótese quanto no tecido ósseo circunvizinho aos implantes.
A importância do conhecimento clínico relacionado aos achados mecânicos foi ressaltada
por SKALAK (1983,1988). Segundo o qual, a biomecânica é determinante no sucesso dos
tratamentos, bem como a compreensão do mecanismo de transferência de carga para o
implante e deste para o tecido ósseo, o que permitirá o aprimoramento desta tecnologia.
3.2 AVALIAÇÕES CLÍNICAS
BRÅNEMARK ET AL. (1969), responsáveis pela introdução do conceito de implantes
osseointegráveis, desenvolveram um trabalho com cães e mostraram que as próteses poderiam
ser suportadas por implantes. A técnica por eles apresentada seguia um protocolo em que
preconizava uma cirurgia para instalação atraumática dos implantes para os tecidos, implantes
de titânio quimicamente estáveis e puros, sutura da incisão de forma a manter os implantes
sepultos e higiene oral.
BRÅNEMARK ET AL. (1977), apresentou um estudo ao longo de 10 anos com 1618
implantes osseointegrados em 235 mandíbulas e maxilas com as próteses instaladas. Os casos
de insucesso sofreram nova manipulação e reimplantação, atingindo-se uma média de sucesso
de 94 % para implantes na maxila e 100 % para implantes na mandíbula.
HARALDSON & CARLSSON (1977), avaliaram a eficiência mastigatória de próteses
sobre implantes em 19 pacientes, os quais se mostraram satisfeitos. Foram obtidas ainda
24
através de registros de forças oclusais as seguintes médias: suave com 15,7 N, durante a
mastigação 50,1 N e força oclusal máxima 144,4 N.
ADELL ET AL. (1981), avaliaram por 5 a 9 anos, 130 pacientes com próteses sobre
implantes na maxila e na mandíbula. Concluíam que 81% dos implantes na maxila e 91% dos
implantes na mandíbula permaneceram estáveis. Foi verificada uma perda óssea de 1,5 mm
durante o período de osseointegração (18 meses) e 0,1 mm nos anos subsequentes.
Por um período de 6 anos, ), 46 pacientes foram acompanhados por LINDQUIST ET AL.
(1988), com o objetivo de se medir a perda óssea marginal ao redor dos implantes. Obtiveram
perdas ósseas de 0,5 mm no primeiro ano e 0,06 a 0,08 nos anos subseqüentes sendo a má
higiene e o bruxismo fatores que contribuíram significantemente para estes resultados.
ADELL ET AL. (1990), avaliaram em um estudo longitudinal de 15 anos, 759 próteses
sobre implantes instaladas em 700 pacientes. Por um período de 5 a 10 anos, permaneceram
estáveis 99% na mandíbula e 95% na maxila, com declínio para 92% em 15 anos.
NAERT ET AL. (1992), em um estudo longitudinal de 7 anos com próteses sobre
implantes, constataram 93% de sucesso para a maxila e 98,3% de sucesso para a mandíbula.
Concluíram que pacientes com próteses sobre implantes onde o antagonista era dente natural
apresentaram uma perda óssea menor do que os que tinham como antagonista próteses sobre
implantes.
Um estudo sobre a aplicação de implantes na região posterior de mandíbula foi publicado
por NEVINS & LANGER (1993). O acompanhamento por um período de 7 anos comprovou
a viabilidade da técnica apresentando 95,5% de sucesso para os 551 implantes instalados na
mandíbula e 97% de sucesso para as 247 próteses instaladas.
PAREIN ET AL. (1997) apresentaram um estudo retrospectivo da utilização de implantes
na região posterior da mandíbula. Relataram que as maiores complicações ocorreram em
próteses suportadas por molar ou molares, recomendando então que a prótese para estes casos
fosse do tipo cimentada. Alguns aspectos apontados como responsáveis pelas complicações
encontradas e já relatados por RANGERT EL AL. (1995), foram: forças mastigatórias
elevadas, mesa oclusal larga e dificuldade de acesso cirúrgico e protético. Recomendaram o
estreitamento da mesa oclusal, redução da inclinação das cúspides, centralização dos contatos
oclusais no sentido axial do implante e utilização de implantes de maior diâmetro para
substituição de molares.
25
3.3 TENSÕES NO TECIDO ÓSSEO
As cargas que incidem sobre a coroa protética são transmitidas para o implante e para o
tecido ósseo de suporte. Por conseguinte, o estudo das tensões sobre o tecido ósseo auxiliam
para uma melhor compreensão do desempenho dos implantes osseointegrados.
Wolff (1982) introduziu o conceito de remodelação óssea induzida por tensão,
determinando que solicitações mecânicas seriam responsáveis por alterações nas estruturas
internas e externas do tecido ósseo.
Desta forma, o alinhamento do trabeculado ósseo
coincidiria com as linhas de ação de força.
O padrão de alinhamento do trabeculado
permitiria que o tecido ósseo suportasse melhor as cargas às quais estaria sendo submetido,
ajustando sua morfologia para manter esta deformação em níveis aceitáveis. (CHAMAY &
TSCHANTZ, 1972).
O sucesso do tratamento com implantes osseointegrados está relacionado ao modo como
as cargas são transmitidas do implante ao tecido ósseo adjacente, sendo essencial que nem o
implante e nem o tecido ósseo sejam forçados além de sua resistência mecânica SKALAK
(1988).
Em um estudo com 35 cães, CHAMAY & TSCHANTZ (1972), analisaram a relação
entre a distribuição de tensões e a quantidade de hipertrofia do tecido ósseo. Concluíram que
o tecido ósseo submetido a uma carga apresenta uma deformação fisiológica elástica. Mas,
em algumas situações, o osso é sobrecarregado produzindo uma deformação plástica que
produz lesões internas sem fraturas.
PUGH ET AL. (1973), afirmaram que o tecido ósseo remodela sua estrutura segundo a
carga a que está submetido. Em função da carga, a remodelação poderá ser construtiva ou
destrutiva. A ausência de carga poderia resultar em atrofia por desuso e um excesso de carga
poderia levar a perda do implante.
A ausência do ligamento periodontal em implantes osseointegráveis provoca a
transmissão de cargas ao tecido ósseo adjacente ao implante. Já nos dentes naturais, o
ligamento periodontal absorve parte da carga e dissipa de certa forma a restante. Desta forma,
cargas aplicadas sobre implantes são transmitidas com maior intensidade ao tecido ósseo.
HOBO ET AL. (1989).
BORCHERS & RECHARDT (1983), utilizaram o método de elementos finitos para
analisar as tensões geradas por um implante. As maiores tensões foram observadas na região
da crista óssea, próxima ao pescoço do implante. Para os autores, a ausência do ligamento
26
periodontal provoca de forma quase imediata a transmissão de cargas ao osso adjacente ao
implante. Sugerem ainda o uso de materiais com baixo módulo de elasticidade para coroas
protéticas a fim de minimizar os picos de tensão transmitidos ao osso.
KITOH ET AL. (1988), estudaram a distribuição de tensões geradas no osso por um
implante recoberto com hidroxiapatita.
Foi desenvolvido um modelo bidimensional em
elementos finitos. Mediante aplicação de carga vertical, observaram que as tensões no osso
cortical, na região próxima ao pescoço do implante, foi 29 vezes maiores que as observadas
no osso trabecular.
RICHTER (1989), afirmou que cargas horizontais causam maiores tensões no osso
cortical, o que é mecanicamente desfavorável já que o osso cortical é um elemento de suporte
do implante. Surgem assim, áreas de destruição óssea na região próxima ao pescoço do
implante. Com o objetivo de minimizar os problemas causados por cargas horizontais, o
autor sugere o aumento do diâmetro do implante e o estreitamento da mesa oclusal.
CLELLAND ET AL. (1991), estudaram a distribuição de tensões no osso adjacente a
implantes de formas diferentes. Concluíram que as maiores tensões apresentavam-se na
região de crista óssea, ou seja, região próxima ao pescoço dos implantes e que as menores
tensões concentravam-se na região do ápice dos implantes. Afirmaram ainda que a carga
capaz de ser suportada pelo implante sem causar dano ao osso adjacente é desconhecida e de
difícil mensuração.
MEIJER ET AL. (1993), utilizando um modelo tridimensional de elementos finitos,
analisaram um implante osseointegrado instalado em mandíbula. Os resultados mostraram
tensão máxima na região de osso cortical próxima ao pescoço do implante. Forças verticas
geraram tensões maiores que forças oblíquas e horizontais.
3.4 DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS SOBRE OS IMPLANTES
Para CAPUTO & STANDLEE (1987), os contatos oclusais incluem contatos freqüentes
na oclusão habitual e deslizamento lateral. A intensidade destes contatos e deslizamentos
variam de indivíduo para indivíduo e conforme a mastigação, também é afetada pelo tipo de
oclusão, quantidade e tipo de alimento. Devido à natureza destes contatos, cargas axiais e
horizontais são produzidas durante a mastigação e esta combinação produz um movimento do
dente em todas as direções. Quando se trata de forças máximas de mordida, afirmam que
27
estas podem alcançar até 500 N na região de molares e de 100 N a 200 N na região de
incisivos. Indivíduos com próteses totais perdem até 75 % da força em relação aos que têm
dentição natural. Porém, durante a mastigação e deglutição, as forças máximas encontradas
variam de 70 N a 150 N em função dos alimentos.
BIDEZ & MISCH (1992), afirmaram que uma carga elevada aplicada a um implante
osseointegrado, pode provocar dano ao implante ou aos tecidos ósseos adjacentes,
influenciando no sucesso do tratamento.
HOBO ET AL. (1989) e BIDEZ & MISCH (1992), relataram que as forças atuantes em
um implante apresentam magnitude, direção e sentido imprevisíveis. Dentes naturais em
trauma sofrem mobilidade e cessado o trauma, eles retornam ao grau de mobilidade
fisiológica. Em implantes osseointegrados este mesmo trauma quando cessado, raramente faz
com que o implante retorne à condição inicial. Este fato deve-se à ausência do ligamento
periodontal.
RANGERT ET AL. (1989), relataram que o parafuso de ouro que retém a prótese seria a
primeira peça do sistema a romper-se, promovendo a segurança do sistema. Nas situações
analisadas, o osso cortical apresentou maior concentração de tensões. Implantes biancorados
apresentaram diminuição dos níveis de tensões no osso ao redor do pescoço do implante.
Concluíram que, a presença de roscas diminuem a tensão de cisalhamento presente na
interface implante/osso quando sob ação de cargas axiais.
PATTERSON ET AL. (1992), estudaram através de análises teóricas de um modelo
idealizado, a fadiga dos parafusos que compõe o sistema de implantes osseointegrados.
Verificaram a importância da pré-carga inicial existente entre os parafusos. Quando um
sistema é construído com implantes suficientes e eqüidistantes, a resistência à fadiga é de
aproximadamente 20 anos. Este valor cai drasticamente quando as condições prescritas não
são satisfeitas.
SAKAGUCHI & BORGERSEN (1993), utilizaram um modelo de elemento finito
bidimensional para avaliar o comportamento mecânico do componente da coroa, do parafuso
e do pilar intermediário sob ação de carga. Os resultados mostraram que a separação entre a
coroa, o pilar e o parafuso contribui para a folga do parafuso retentor e para a deformação do
corpo do mesmo.
BINON (1994), considerou que a fratura de parafusos de fixação do pilar ocorrem em
função da baixa tolerância dimensional existente no acoplamento dos componentes. As
28
diferenças dimensionais permitem a ocorrência de micromovimentos no complexo pilarimplante, que associados a sobrecarga mastigatória podem levar a fratura dos componentes
A sobrecarga no conjunto prótese/implante pode levar a falhas biomecânicas. Danos nas
estruturas biológicas e/ou nos componentes protéticos foram relatados por SKALAK (1988);
RANGERT ET AL. (1995).
RICHTER (1995) quantificou, a partir do desenvolvimento de um aparato, as cargas
oclusais dos pacientes. Um transdutor era colocado diretamente sobre o implante ou dente
natural dos pacientes. Constatou que nos implantes isolados na região de molares e prémolares ocorriam forças verticais máximas de 120 N a 150 N. A mastigação em oclusão
centralizada gerou uma força de aproximadamente 50 N tanto para o implante quanto para
dente natural.
RANGERT ET AL. (1997), concluíram que em próteses parciais localizadas na região
posterior devem ser considerados alguns aspectos para atingir o sucesso no tratamento.
Recomendam o estreitamento da mesa oclusal e centralização dos contatos oclusais. Afirmam
que próteses unitárias em região de molar devem receber implantes de maior diâmetro ou dois
implantes unidos, todavia, a manutenção dos contatos oclusais em ambos os casos é
fundamental.
BRUNSKI ET AL. (2000), consideram que existem vários aspectos biomecânicos que
devem ser analisados no planejamento e reabilitação de pacientes edêntulos utilizando
implantes osseointegrados. No entanto ressalta que a carga mastigatória é um dos fatores mais
importantes e de elevado grau de dificuldade de avaliação, em função de apresentar muitas
variáveis relacionadas ao hospedeiro. Após rever vários trabalhos observou que as regiões de
pré-molares e molares apresentam os maiores índices de problemas biomecânicos, sendo
considerada pelo autor como área de risco.
TAYLOR ET AL. (2000) afirmaram que o estudo biomecânico dos componentes das
supraestruturas sobre-implantes deve ser mais enfocado nas pesquisas futuras. Aspectos
como: desenho, material e dinâmica de funcionamento quando submetido as cargas
mastigatórias merece uma atenção especial no sentido de apresentar à comunidade científica
dados mais conclusivos e que possam ser usados na previsão do desempenho da prótese e no
planejamento protético.
29
3.5 PRÓTESES UNITÁRIAS SUPORTADAS POR IMPLANTES
JEMT ET AL. (1990), publicaram um acompanhamento de 3 anos com as primeiras
modificações da técnica proposta por Brånemark e seu emprego em implantes unitários.
JEMT ET AL. (1991), avaliaram 107 implantes unitários em 92 pacientes. Após o
período de um ano, somente três implantes foram perdidos. Foi observado o afrouxamento do
parafuso do pilar intermediário em 26% dos casos.
JEMT & PETTERSON (1993), publicaram um outro acompanhamento de 3 anos para 70
implantes unitários. A média de sucesso foi de 98,5%. Foram encontradas fístulas devido ao
afrouxamento do parafuso do pilar intermediário. Os autores sugeriram o uso de parafuso de
ouro e aplicação de torque com o objetivo de melhorar a união entre este e o implante
(JÖRNEUS ET AL., 1992).
LANEY ET AL. (1994), dando continuidade na pesquisa de JEMT ET AL. (1991),
relataram que dos 92 pacientes iniciais, 82 permaneciam no estudo e que após um ano em
função apenas três implantes haviam sido perdidos, ou seja, 97,2 % dos implantes
permaneciam instalados com sucesso. Após três anos, nenhum outro implante foi perdido e o
índice de sucesso se manteve sem alteração.
O afrouxamento do parafuso do pilar
intermediário continuou embora com freqüência menor. Os parafusos de ouro mostraram-se
melhores que os de titânio por permitirem uma maior deformação elástica e uma pré-tensão
inicial maior.
BECKER & BECKER (1995), estudaram 24 implantes instalados em 22 pacientes em
área de molares superiores e inferiores. Após dois anos, a taxa de sucesso foi de 95 %. Todos
os implantes receberam pilar intermediário e cilindro de ouro, ajuste oclusal minimizando
contatos cêntricos e interferências laterais. Foi observado o afrouxamento do parafuso de
ouro que retinha a coroa protética em 38 % dos casos.
BALSHI ET AL. (1996; 11: 372-378) compararam a utilização de um ou dois implantes
de mesmo diâmetro para reposição de um único molar e concluíram que dois implantes
promovem maior estabilidade e diminuem os problemas biomecânicos.
BURGUETE ET AL. (1994), estudaram as características dos parafusos das uniões que
compõem o sistema dos implantes osseointegrados. O processo de afrouxamento pode ocorrer
em dois estágios. Inicialmente, forças externas aplicadas a união parafusada, por exemplo a
mastigação, geram deformações nas uniões das roscas. Neste estágio, quanto maior for o
30
torque inicial dado, menor será a chance de ocorrer afrouxamento na área rosqueada,
conseqüentemente maior deverá ser a força externa para provocar esse efeito.
HAAS ET AL. (1995), observaram durante o acompanhamento clínico de 76 implantes
unitários do sistema Brånemark, após 1 ano em função , que a complicação mais freqüente foi
a perda do parafuso de fixação do pilar. Os autores recomendam o uso de implantes em
próteses unitárias devido ao sucesso funcional e estético alcançado.
Recomendação do uso de implantes em próteses unitárias também foi feita por PRIEST
(1996), que após vasto levantamento da literatura sobre as taxas de insucessos com implantes
unitários, concluiu que estes estão relacionados com a qualidade do tecido ósseo, o que já
havia sido relatado por JAFFIN & BERMAN (1991); a localização em mandíbula apresenta
taxa de sucesso maior que em maxila ALBREKTSSON ET AL.(1988); maiores índices de
insucessos em pacientes fumantes BAIN & MOY (1993); implantes de menor comprimento
fracassam mais que os longos. O autor avalia que trabalhos sobre implantes unitários são em
sua maioria de implantes instalados em maxila anterior e que devem ter seus resultados
considerados apenas para esta região.
BECKER & BECKER (1995) estudaram
especificamente implantes unitários em região posterior. Implantes de maior diâmetro são
utilizados em região posterior onde a altura óssea geralmente é insuficiente, porém, seu
sucesso deve ainda ser comprovado.
3.6 VARIAÇÃO DO ÂNGULO DE INCLINAÇÃO DAS CÚSPIDES DA COROA
PROTÉTICA
WEINBERG (1993) concluiu que o ângulo de inclinação da cúspide da coroa protética é
um fator importante nas reabilitações com implantes e sugere uma inclinação pequena da
cúspide. Outro aspecto por ele analisado foi a largura da mesa oclusal ou largura da coroa
protética, concluindo que uma mesa oclusal estreita reduziria as cargas sobre os implantes.
WEINBERG & KRUGER (1995), afirmaram que: 1) para cada 10 graus de aumento na
inclinação da vertente da cúspide, existe aproximadamente 30% de aumento da carga
transferida ao sistema implante/prótese, 2) para cada 10 graus de variação do eixo do
implante, existe aproximadamente 5% de aumento da carga transferida ao sistema
implante/prótese.
31
RANGERT ET AL. (1995), em análise retrospectiva afirmaram que a sobrecarga induz a
uma reabsorção óssea e que esta parece preceder e contribuir para a fratura dos componentes
do implante. Sugerem a diminuição dos braços de alavanca, estreitamento da mesa oclusal,
redução nas inclinação das vertentes das cúspides e centralização dos contatos oclusais.
KAUKINEN ET AL. (1996) estudaram a influência da forma oclusal na transferência de
forças mastigatórias em próteses implanto suportadas. Variando o ângulo de inclinação da
cúspide em 0 ° e 30 °, verificaram que os modelos de 0 ° apresentaram redução de 50 % nas
cargas dissipadas na prótese e no tecido ósseo. Observaram que quanto menor a inclinação
das vertentes das cúspides, menores seriam as forças laterais, o que beneficia a manutenção e
preservação da osseointegração e dos componentes do sistema.
3.7 TIPO DE ANCORAGEM DOS IMPLANTES
JEMT ET AL. (1992), apresentaram um estudo de análise de complicações e insucessos
apresentados em 127 próteses parciais fixas implanto suportadas após um ano de uso. Dentre
os problemas observados, cita que 13% das complicações foram o afrouxamento dos
parafusos das conexões da supraestrutura. Ressaltaram ainda que as tensões geradas pelas
cargas mastigatórias podem levar a problemas na ancoragem do implante, assim como fratura
por fadiga de componentes metálicos.
A ancoragem dos implantes dentários pode ser bicortical ou monocortical. Um implante
ancorado em duas corticais ósseas é dito biancorado. IVANOFF ET AL. (1996), estudaram a
influência da mono ou da bicorticalização de implantes de 10 mm e de 16 mm de
comprimento por 3,75 mm de diâmetro instalados em tíbias de coelhos. Realizaram ensaios
de remoção por torque e concluíram que os implantes biancorados necessitavam de um torque
duas vezes maior que os monocorticais após 6 semanas e um torque três vezes maior após 12
semanas para sua remoção.
IVANOFF ET AL. (2000) analisaram a influência do tipo de ancoragem dos implantes
em uma retrospectiva de 15 anos com casos clínicos. Concluíram que os implantes com
ancoragem bicortical apresentaram uma taxa de fratura 3 vezes maior que os implantes
monoancorados.
32
3.8 MATERIAL ESTÉTICO DA COROA PROTÉTICA
A influência do tipo de material das coroas protéticas no sucesso dos tratamentos com
implantes parece ser significativo, já que não temos a presença do ligamento periodontal.
GRACIS ET. AL. (1991), estudaram o comportamento de cinco materiais de coroas
protéticas.
Dois tipos de ligas de ouro, um tipo de porcelana e dois tipos de resinas.
Concluíram que as duas resinas reduziram a força em 50 % sobre a estrutura devido à
absorção de carga, quando comparadas às ligas de ouro ou à porcelana.
HOBKIRK ET AL. (1992) mediram as forças mastigatórias de próteses suportadas por
implantes com superfícies oclusais em porcelana e resina contra dentição natural. Foram
utilizados sensores para a medição das forças mastigatórias para alimentos diferentes. Não foi
possível estabelecer uma correlação direta entre o material e a força mastigatório.
JEMT & LEKHOLM (1993) estudaram 94 próteses sobre 259 implantes. Após 5 anos, a
média de sucesso foi de 97,2 % para os implantes e 100 % para as próteses. Foi detectado
fratura do material resinoso das coroas.
Estudos utilizando um modelo tridimensional de elementos finitos com o objetivo de
analisar a distribuição de tensões no osso e no implante considerando-se diferentes tipos de
material da coroa protética foram apresentados por STEGAROIU ET AL., (1998;13:781790). Os resultados mostraram que na coroa de ouro e porcelana as tensões são similares.
Em quase todos os casos, a tensão no modelo com a prótese de resina foi similar ou maior que
os outros dois materiais. O maior incremento na tensão com a resina foi dado na unidade
implante-“abutment” sob carregamento axial.
ÇIFTÇI & CANAY (2000), analisaram a distribuição de tensões no osso ao redor de
implantes utilizando o método de elementos finitos.
Cinco modelos foram construídos
variando-se o tipo de material da coroa protética sendo porcelana, liga de ouro, resina
compósito, resina compósito reforçada e resina acrílica. Tensões parecem estar concentradas
no osso cortical ao redor da área do pescoço do implante.
Liga de ouro e porcelana
produziram os maiores valores para esta região. Tensões criadas por resina acrílica e resina
compósito reforçada foram 25 % e 15% menores, respectivamente, quando comparadas com
porcelana ou liga de ouro.
33
3.9 VARIAÇÃO DO DIÂMETRO DOS IMPLANTES UNITÁRIOS
Existe uma preocupação em relação aos implantes unitários quando instalados em região
de ausência de dentes molares devido ao fato desta área apresentar grande concentração de
cargas. Foram relatados problemas como mobilidade da prótese e perda da osseointegração.
MATSHUSHITA ET AL. (1990) concluíram que quanto maior o diâmetro do implante,
menores são as tensões no osso cortical, ou seja, o maior diâmetro favorece a distribuição das
tensões geradas. Verificaram ainda que as tensões no osso cortical foi maior que no osso
trabecular, e que sob carga lateral foi duas vezes maior, quando comparada à carga vertical.
LANGER ET AL. (1993) descreveram a utilização de implantes de 5,0 mm de diâmetro.
Este implante é uma modificação do implante convencional de 3,75 mm de diâmetro de
Brånemark e foi idealizado para aumentar a área de contato osso/implante. Indicaram o seu
uso em áreas de pouca altura óssea, em local com baixa qualidade óssea, em substituição
imediata de implante não osseointegrado ou fraturado.
GRAVES ET AL. (1994) avaliaram 268 implantes de maior diâmetro em 196 pacientes e
obtiveram 96 % de sucesso.
IVANOFF ET AL. (1997), com o objetivo de estudar a influência do diâmetro do
implante na osseointegração, realizaram ensaios de remoção por torque em implantes
instalados em tíbia de coelhos. Implantes de 3,0 mm, 3,75 mm, 5,0 mm e 6,0 mm de
diâmetro por 6,0 mm de comprimento foram instalados em nove coelhos e acompanhados por
12 semanas. Os testes mostraram que o torque de remoção é diretamente proporcional ao
diâmetro do implante. Concluíram que a resistência ao deslocamento está relacionada com a
superfície do implante em contato com a cortical óssea e que a estabilidade do implante
aumenta quando seu diâmetro é maior.
BALSHI ET AL. (1996; 11:372-378), compararam a utilização de um ou dois implantes
de mesmo diâmetro para reposição de um único molar e concluíram que dois implantes
promovem maior estabilidade e diminuem os problemas biomecânicos. LANGER ET AL.
(1993) sugeriram o uso de implantes de maior diâmetro como alternativa de tratamento em
situações especiais do tecido ósseo tais como pouca altura. Desde então, implantes de maior
diâmetro vem sendo descritos como boa alternativa para alguns casos clínicos (BECKER &
BECKER, 1995; BAHAT & HANDELSMAN, 1996; TAYLOR ET AL. 2000; BRUNSKI ET
AL. 2000).
34
BALSHI (1996; 11:660-666), afirmou que o índice de fratura em implantes é pequeno,
porém, quando ocorre, gera problemas para o paciente e para o clínico. As causas das fraturas
estão relacionadas com os defeitos inerentes do próprio material, falta de passividade na
adaptação da estrutura metálica da prótese e sobrecarga fisiológica ou biomecânica. Alerta
para a necessidade do uso de placa de proteção oclusal em pacientes com hábitos oclusais
parafuncionais para minimizar forças aberrantes noturnas. O autor conclui que as forças
oclusais são a principal causa das fraturas em implantes, já que estas ocorrem principalmente
na região posterior.
Sugere que implantes de maior diâmetro sejam utilizados, quando
possível, na reposição de implantes fraturados, o que já havia sido indicado também por
EVIAN & CUTLER (1995).
MC GLUMPHY ET AL. (1998), sugerem a colocação de implantes de largo diâmetro
para reduzir o braço de alavanca do momento gerado pelas forças oclusais excêntricas.
BINON (2000), fazendo uma revisão da literatura sobre os componentes dos implantes
ossseointegrados, refere-se as vantagens clínicas dos implantes de largo diâmetro por
aumentarem a superfície disponível para osseointegração e por reduzirem a transferência de
carga para a região de osso cortical ao redor do implante. É especialmente indicado para área
posterior dando maior estabilidade e resistência às cargas mastigatórias. Implantes de largo
diâmetro também aumentam a estabilidade dos “abutments” por reduzirem a largura da mesa
oclusal.
3.10 VARIAÇÃO DA LARGURA DA MESA OCLUSAL DE COROAS PROTÉTICAS
RICHTER (1989) afirmou que cargas horizontais ao implante causam maiores tensões no
osso cortical, o que é mecanicamente desfavorável já que o osso cortical é um elemento de
suporte do implante. Surgem assim, áreas de destruição óssea na região próxima ao pescoço
do implante. Com o objetivo de minimizar os problemas causados por cargas horizontais, o
autor sugere o aumento do diâmetro do implante, estreitamento da mesa oclusal,
WEINBERG (1993) concluiu que o ângulo de inclinação da cúspide da coroa protética é
um fator importante nas reabilitações com implantes e sugere uma inclinação pequena da
cúspide. Outro aspecto por ele analisado foi a largura da mesa oclusal ou largura da coroa
protética, concluindo que uma mesa oclusal estreita reduziria as cargas sobre os implantes.
RANGERT ET AL (1995) em análise retrospectiva, afirmaram que a sobrecarga induz a
uma reabsorção óssea e que esta parece preceder e contribuir para a fratura dos componentes
35
do implante. Sugerem a diminuição dos braços de alavanca e distâncias entre apoios,
estreitamento da mesa oclusal, redução da inclinação das vertentes das cúspides e
centralização dos contatos oclusais.
MC GLUMPHY ET AL. (1998) afirmam que para se manter os componentes dos
sistemas de implantes em condições de suportarem as cargas mastigatórias, deve-se ajustar a
oclusão de forma a direcionar as forças na direção do longo eixo do implante. Alertam para o
fato de que mesas oclusais maiores promovem contatos excêntricos.
36
4.
MATERIAIS E MÉTODOS
No presente trabalho empregou-se o método dos elementos finitos para simular o
carregamento de próteses sobre implantes osseointegráveis.
Os trabalhos foram iniciados pela confecção de um modelo ou da estrutura contínua
como se fosse uma montagem de um número finito de elementos estruturais conectados a um
número finito de pontos chamados nós.
O processo de análise consistiu em satisfazer a compatibilidade dentro de cada elemento
e condições de equilíbrio dos pontos nodais ou nós.
Partindo-se da hipótese de continuidade de contato entre os elementos, as tensões foram
calculadas através de equações geradas e processadas pelo sistema computacional.
(CAPUTO, 1983).
4.1 GEOMETRIA DAS ESTRUTURAS
Para a avaliação das tensões desenvolvidas no implante osseointegrável, na sua
supraestrutura e nas estruturas de suporte foi necessária a confecção de um modelo que
representasse as reais relações entre estas estruturas. A confecção deste modelo baseou-se na
dimensões de peças fabricadas e comercializadas pela empresa Conexão Sistema e Próteses
(Rua Azevedo Soares 1580, São Paulo, SP).
4.1.1 O IMPLANTE
O implante utilizado foi o conhecido como implante osseointegrado rosqueável de
hexágono externo, que é confeccionado em titânio comercialmente puro. Foram utilizados
implantes de 3,75 mm de diâmetro por 10,00 mm de comprimento e implantes com 5,00 mm
de diâmetro por 10,00 mm de comprimento.
componentes da supraestrutura analisada.
37
Mostra-se na FIG. 4.1 os diferentes
4.1.2
O PILAR INTERMEDIÁRIO
Os pilares intermediários também conhecidos como “abutments” são os elementos que
unem os implantes às coroas protéticas. O pilar intermediário utilizado foi do tipo Esteticone
também confeccionado pelo mesmo fabricante dos implantes. Estes pilares são fixados ao
implante por intermédio de um parafuso de titânio conhecido como parafuso de fixação do
pilar intermediário ou parafuso de fixação do “abutment” (FIG. 4.1).
4.1.3
O CILINDRO DE OURO
O cilindro ou “coping” de ouro utilizado foi o tipo cônico confeccionado pelo mesmo
fabricante do implante e do pilar intermediário. Este coping de ouro é fixado por seu parafuso
de ouro na parte superior do pilar intermediário ou “abutment”. Sobre o cilindro de ouro é
confeccionada a coroa protética. (FIG. 4.1).
4.1.4
A COROA PROTÉTICA
A coroa protética adapta-se sobre o cilindro de ouro. Foram utilizados quatro diferentes
tipos de materiais para a coroa protética. Avaliou-se a coroa em porcelana, resina compósito
Charisma, resina compósito Artglass e resina acrílica Biotone. (FIG. 4.1).
4.1.5
O SEGMENTO ÓSSEO MANDIBULAR
Um segmento ósseo humano mandibular foi modelado com a primeira cortical, osso
trabecular ou esponjoso e segunda cortical. Foram desenvolvidos dois modelos, sendo um
para implante ancorado em uma cortical, implante monoancorado (FIG. 4.2); e outro para
implante ancorado em duas corticais, implante biancorado (FIG. 4.3). A primeira cortical
apresenta-se com altura de 1,0 mm e a segunda cortical com altura de 2,0 mm. A altura óssea
total foi de 18,0 mm. A largura da área de osso modelada foi de 5,0mm em ambos os
modelos. Estas dimensões são normalmente encontradas em humanos adultos.
38
FIG. 4.1 Modelo do implante e sua supraestrutura.
Abutment
Cilindro de Ouro
Implante
Coroa protética
Parafuso de fixação
do Abutment
Parafuso de ouro
FIG. 4.1 Modelo do implante e supraestrutura
Osso 1ª Cortical
Osso Trabecular
Osso 2ª Cortical
FIG. 4.2 Modelo do segmento ósseo com o implante monoancorado.
39
1ª Cortical óssea
Osso Trabecular
2ª Cortical óssea
FIG. 4.3 Modelo do segmento ósseo com o implante biancorado.
4.2 MODELO DE ELEMENTOS FINITOS
4.2.1
CONFECÇÃO DO MODELO
O modelo de elementos finitos desenvolvido representou um corte buco-lingual de um
segmento ósseo humano mandibular com um implante instalado em tecido ósseo, pilar
intermediário, parafuso de fixação do pilar intermediário, cilindro de ouro, parafuso de ouro e
coroa protética.
Desta forma, determinou-se a localização dos pontos do modelo e gerou-se uma malha de
elementos finitos que permitiu uma discretização das estruturas que compunham o modelo,
tendo sido realizada a análise de convergência da malha. (FIG. 4.4, FIG. 4.5 e FIG. 4.6).
40
Abutment
Cilindro de Ouro
Implante
Coroa protética
Parafuso de fixação
do Abutment
Condições
de
Contorno
Parafuso de Ouro
Y
X
FIG. 4.4 Malha de elementos finitos do implante e supraestrutura
1ª Cortical óssea
Osso Trabecular
2ª Cortical óssea
Condições
de
Contorno
Y
X
FIG. 4.5 Malha de elementos finitos do segmento ósseo com o implante monoancorado.
41
1ª Cortical óssea
Osso Trabecular
2ª Cortical óssea
Condições
de
Contorno
Y
X
FIG. 4.6 Malha de elementos finitos do segmento ósseo com o implante biancorado.
As propriedades mecânicas dos materiais envolvidos neste trabalho são apresentadas na
TAB. 4.1
TAB. 4.1 Propriedades mecânicas dos materiais.
MÓDULO DE COEFICIENTE
ELASTICIDADE DE POISSON REFERÊNCIAS
(E) GPa
(υ )
Osso cortical
13,70
0,30
(a)
Osso trabecular
1,37
0,30
(a)
Titânio
110,00
0,33
(b)
Liga de ouro
90,00
0,30
(c)
Porcelana
70,00
0,22
(d)
Resina compósito (Charisma)
14,10
0,24
(e)
Resina compósito (Artglass)
10,00
0,30
(e)
Resina acrílica (Biotone)
2,26
0,35
(e)
(A) BARBIER ET AL., 1998; MENICUCCI ET AL., 1998; TORTAMANO &
VIGORITO, 1998.
(B) BARBIER ET AL., 1998; HOLMGREN ET AL., 1998.
(C) BARBIER ET AL., 1998; STEGAROIU ET AL., 1998, 13: 781-790; STEGAROIU
ET AL., 1998, 13: 82-90; BENZING ET AL., 1995; VAN ZYL ET AL., 1995.
(D) STEGAROIU ET AL., 1998, 13: 82-90
(E) ÇIFTÇI & CANAY, 2000.
MATERIAL
42
4.2.2
HIPÓTESES SIMPLIFICADORAS
Para a viabilização deste trabalho, buscando tornar a modelagem e a solução do processo
possível, foram adotadas algumas hipóteses simplificadoras.
Os materiais envolvidos nesta análise foram considerados homogêneos, isotrópicos e
linearmente elásticos.
Uma estrutura axissimétrica definida com sua direção axial ao longo do eixo y do sistema
de coordenadas cartesianas ortogonais e com sua direção radial paralela ao eixo x, pode ser
representada por um modelo de elementos finitos no plano xy.
O uso de um modelo
axissimétrico é apropriado para estruturas que apresentam simetria ao redor de eixos
carregados, tendo ainda a vantagem de reduzir o tempo de modelagem e análise.
O modelo deste trabalho foi desenvolvido segundo um modelo axissimétrico, ou seja, as
estruturas foram representadas levando-se em consideração sua simetria em torno de um eixo
central (simetria axial). Uma secção longitudinal das estruturas foi modelada.
O modelo foi construído a partir de pontos, denominados nós. Os nós foram localizados
no espaço, segundo o sistema de coordenadas cartesianas ortogonais. Os nós originaram
pequenas formas geométricas triangulares ou quadrangulares denominadas de elementos.
Estes elementos quando parecidos com triângulos eqüiláteros ou quadrados resultam em uma
análise mais acurada. Obteve-se assim, um modelo geométrico bidimensional.
4.2.3 DESCRIÇÃO DO MODELO
O modelo foi desenvolvido utilizando-se o elemento estrutural sólido PLANE 82 do
programa Ansys.
Este elemento é bidimensional, pode ser usado como elemento
axissimétrico e é indicado para modelar contornos curvos e formas irregulares. Apresenta
oito nós. Cada nó tem dois graus de liberdade e as translações são nas direções cartesianas
nodais x e y.
43
FIG. 4.7 Elemento Plane 82.
As estruturas foram modeladas como sendo uma única peça, considerando-se as uniões
entre os componentes como uma união rígida, não permitindo qualquer movimentação
relativa entre os componentes, o que tornou a análise linear. Esta análise é estática.
A análise efetuada constituiu na variação do tipo de carregamento imposto à
supraestrutura, sendo analisadas quatro condições de carregamento. A partir daí, foram
analisadas algumas alternativas envolvendo variação:
i)
do ângulo da cúspide (30 ° e 45 °);
ii)
do tipo de ancoragem do implante (monocortical e bicortical);
iii)
do tipo de material da coroa protética (porcelana, resina compósito Charisma,
resina compósito Artglass, resina acrílica Biotone);
iv)
variação do diâmetro do implante (3,75 mm e 5,00 mm) e
v)
variação da largura da mesa oclusal (larga e estreita).
Segundo BEER & JOHNSTON (1995), os elementos estruturais e os componentes de
máquinas são projetados com material dúctil para não apresentarem fratura imprevisível pela
ação das cargas a que serão submetidos. Quando um elemento ou componente estrutural
44
estiverem sob ação de um estado uni-axial de tensão, o valor da tensão normal (σx),
responsável pelo escoamento do material, pode ser comparado ao obtido em um ensaio de
tração do mesmo material, uma vez que o elemento ou o componente e o corpo de prova estão
sob o mesmo tipo de solicitação e sob o mesmo estado de tensões. Consideramos que a peça
estrutural submetida a carregamentos não cíclicos estará segura sempre que a tensão normal
for menor que a tensão de escoamento do material. Porém, quando o elemento estrutural
estiver submetido a um estado plano de tensões, as tensões máximas não podem ser
simplesmente comparadas com as tensões de escoamento uniaxial do material. É necessário
estabelecermos então um critério que considere o mecanismo real de ruptura do material,
permitindo a comparação dos efeitos causados pelos dois estados de tensão no material em
estudo.
O critério utilizado no presente trabalho para a análise destes dados é o critério de Von
Mises (1883-1953), especialista em matemática aplicada, que avalia a máxima energia de
distorção. O método baseia-se na determinação da energia de distorção de um determinado
material, isto é, da energia relacionada com mudanças na forma do material. Segundo este
critério, um componente estrutural estará em condições de segurança, se o maior valor de
energia de distorção por unidade de volume do material, permanecer abaixo da energia de
distorção por unidade de volume, necessária para provocar o escoamento do corpo de prova
do mesmo material submetido a ensaio de tração. Acima desse valor o material sofreria uma
deformação permanente. Podemos ainda dizer que o componente escoa quando a energia de
distorção em um estado complexo de tensões é igual à energia de distorção em tração (ou
compressão) uniaxial.
Desta forma, levando-se em consideração as variações dos parâmetros da supraestrutura e
as condições de carregamento obteve-se a partir do programa Ansys, as imagens gráficas das
tensões de Von Mises presentes nos componentes das estruturas que compõem o sistema de
implante osseointegrado.
4.3 APLICAÇÃO DO CARREGAMENTO
Os carregamentos atuantes nas estruturas usadas no presente trabalho são
diversificados, e optamos por considerar situações críticas envolvendo condições de
carregamento axial. Os esforços foram aplicados através de cargas concentradas em pontos
45
também reconhecidos como críticos do ponto de vista da estrutura em serviço. O valor
da força aplicada foi retirado da literatura. (CAPUTO & STANDLEE, 1987; RICHTER,
1995).
Fez-se a análise do comportamento biomecânico das estruturas de suporte, estruturas
internas e externas que compõem um implante osseointegrado, de sua coroa protética com
aplicação de carga concentrada axialmente ao implante.
Inicialmente, foram analisados quatro carregamentos de 100 N, aplicados de diferentes
maneiras na superfície superior da coroa protética nas seguintes condições:
Carregamento 1: carga concentrada aproximadamente na metade do raio da coroa protética
(carga distribuída ao longo de uma linha concêntrica ao eixo de simetria);
apresentada na FIG. 4.8,
Carregamento 2: carga distribuída em um segmento de 1,2 mm próximo ao centro da
coroa
protética ( carga distribuída em uma área); apresentada na FIG. 4.9,
Carregamento 3: carga distribuída em um segmento de 1,55 mm próximo a extremidade
da coroa protética (carga distribuída em uma área); apresentada na FIG.
4.10 e,
Carregamento 4: carga distribuída em toda a superfície da coroa protética (carga distribuída
em uma área); apresentada na FIG. 4.11
Para o emprego do MEF é necessário definir as condições de contorno para o modelo, ou
seja, determinar os pontos que irão fixar o modelo no espaço e se opor às forças externas.
Na análise dos carregamentos de 1 a 4, as condições de contorno foram estabelecidas
restringindo-se os movimentos dos nós do implante que estão em contato com o tecido ósseo,
como podemos observar nas FIG. 4.8, FIG. 4.9, FIG. 4.10 e FIG. 4.11.
46
FIG. 4.3.2 Carregamento 2 e condições de contorno
FIG. 4.8 Condições de contorno para carregamento 1.
FIG. 4.9 Condições de contorno para carregamento 2.
47
FIG. 4.10 Condições de contorno para carregamento 3.
FIG. 4.11 Condições de contorno para carregamento 4.
48
A partir da análise dos quatro carregamentos, foram selecionados o primeiro e o terceiro,
para se estudar a influência de algumas variações dos parâmetros relevantes citados na
literatura, são eles:
a) Utilizando-se o modelo desenvolvido para a condição de carregamento 1
a.1. Analisou-se a distribuição das tensões variando-se o ângulo de inclinação da
cúspide em 30° (FIG. 4.8) e 45° (fig. 4.12);
a.2. O tipo de ancoragem do implante sendo monocortical (FIG. 4.13) ou bicortical
(FIG. 4.14);
a.3. O tipo de material da coroa protética sendo porcelana, resina compósito
Charisma, resina compósito Artglass e resina Biotone. Nesta análise, o mesmo
modelo foi usado para os quatro tipos de materiais (FIG. 4.8).
FIG. 4.12 Condições de contorno para ângulo de inclinação da cúspide de 45°.
49
FIG. 4.13 Condições de contorno para ancoragem monocortical.
FIG. 4.14 Condições de contorno para ancoragem bicortical.
50
Na análise que envolveu o tipo de ancoragem do implante, tanto para o implante
monoancorado como para o implante biancorado, foram restringidos os nós da base do osso
da 2ª cortical bem como de toda lateral do tecido ósseo presente nestes modelos, conforme
FIG. 4.13 e FIG. 4.14.
Em todas as outras análises, as condições de contorno foram as
mesmas utilizadas nos carregamentos de 1 a 4, ou seja, foram restringidos os movimentos
dos nós do implante que estão em contato com o tecido ósseo, como podemos observar na
figura: FIG. 4.8.
b) Utilizando-se o modelo desenvolvido para a condição de carregamento 3
a.1. Analisou-se a distribuição das tensões variando-se o diâmetro do implante em
3,75 mm (FIG. 4.10) e 5,0 mm (FIG. 4.15);
a.2. A largura da mesa oclusal sendo estreita (FIG. 4.10) e larga (FIG. 4.16).
FIG. 4.15 Condições de contorno para implante com diâmetro de 5,00 mm.
51
FIG. 4.16 Condições de contorno para mesa oclusal larga.
4.4 REGIÕES DE TENSÕES A SEREM ANALISADAS
Foram analisadas as regiões correspondentes ao implante osseointegrado, aos
componentes de sua supraestrutura e seu tecido ósseo de suporte. Os valores das tensões
foram obtidos a partir das nas 12 imagens gráficas das tensões de von Mises obtidas com o
programa Ansys.
4.5 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE
Após a análise matemática feita pelo programa Ansys fez-se a avaliação qualitativa e
quantitativa dos resultados.
A análise qualitativa foi realizada através de observação visual das imagens gráficas das
tensões de von Mises ocorridas nas estruturas e que foram geradas pelo programa.
52
A análise quantitativa foi realizada através do gradiente de cores que fornece o valor
máximo e mínimo para cada cor que representa a intensidade de tensão ocorrida em uma
região. O resultado quantitativo expresso no gradiente de cores apresenta valores de tensões
em N/mm² ou MPa.
53
5.
RESULTADOS
Os dados obtidos na revisão da literatura nos alertam para uma preocupação dos
pesquisadores com a distribuição das tensões nas estruturas que compõem o sistema
osso/implante/coroa protética. No presente trabalho fez-se a análise das tensões conforme
descrito a seguir:
5.1 TENSÕES DE VON MISES PARA O CARREGAMENTO 1
A FIG. 5.1 mostra a distribuição das tensões de Von Mises obtido para um implante de
3,75 mm de diâmetro, com ângulo de inclinação da cúspide de 30 °, mesa oclusal estreita e
coroa protética de porcelana, quando submetido a uma carga concentrada de 100 N, na
direção do eixo do implante, aplicada aproximadamente na metade do raio da coroa protética
(carga distribuída ao longo de uma linha concêntrica ao eixo de simetria).
FIG. 5.1 Tensões de Von Mises para o carregamento 1.
54
5.2 TENSÕES DE VON MISES PARA O CARREGAMENTO 2
A FIG. 5.2 mostra a distribuição das tensões de Von Mises obtido para um implante de
3,75 mm de diâmetro, com ângulo de inclinação da cúspide de 30 °, mesa oclusal estreita e
coroa protética de porcelana, quando submetido a uma carga de 100 N, na direção do eixo do
implante, distribuída em um seguimento de 1,2 mm próximo ao centro da coroa protética
(carga distribuída em uma área).
0
FIG. 5.2 Tensões de Von Mises para o carregamento 2.
55
5.3 TENSÕES DE VON MISES PARA O CARREGAMENTO 3
A FIG. 5.3 mostra a distribuição das tensões de Von Mises obtido para um implante de
3,75 mm de diâmetro, com ângulo de inclinação da cúspide de 30 °, mesa oclusal estreita e
coroa protética de porcelana, quando submetido a uma carga de 100 N, na direção do eixo do
implante, distribuída em um seguimento de 1,55 mm próximo a extremidade da coroa
protética (carga distribuída em uma área).
0
FIG. 5.3 Tensões de Von Mises para o carregamento 3.
56
5.4 TENSÕES DE VON MISES PARA O CARREGAMENTO 4
A FIG. 5.4 mostra a distribuição das tensões de Von Mises obtido para um implante de
3,75 mm de diâmetro, com ângulo de inclinação da cúspide de 30 °, mesa oclusal estreita e
coroa protética de porcelana, quando submetido a uma carga de 100 N, na direção do eixo do
implante, distribuída em toda a superfície da coroa protética (carga distribuída em uma área).
FIG. 5.4 Tensões de Von Mises para o carregamento 4.
57
5.5 TENSÕES DE VON MISES PARA ÂNGULO DE INCLINAÇÃO DA CÚSPIDE DE
30 °
A FIG. 5.1 mostra a distribuição das tensões de Von Mises obtido para um implante de
3,75 mm de diâmetro, com ângulo de inclinação da cúspide de 30 °, mesa oclusal estreita e
coroa protética de porcelana, quando submetido a uma carga concentrada de 100 N, na
direção do eixo do implante, aplicada aproximadamente na metade do raio da coroa protética
(carga distribuída ao longo de uma linha concêntrica ao eixo de simetria).
5.6 TENSÕES DE VON MISES PARA ÂNGULO DE INCLINAÇÃO DA CÚSPIDE DE
45 °
A FIG. 5.5 mostra a distribuição das tensões de Von Mises obtido para um implante de
3,75 mm de diâmetro, com ângulo de inclinação da cúspide de 45°, mesa oclusal estreita e
coroa protética de porcelana, quando submetido a uma carga concentrada de 100 N, na
direção do eixo do implante, aplicada aproximadamente na metade do raio da coroa protética
(carga distribuída ao longo de uma linha concêntrica ao eixo de simetria).
FIG. 5.5 Tensões de Von Mises para ângulo de inclinação da cúspide de 45°.
58
5.7 TENSÕES DE VON MISES PARA IMPLANTE MONOANCORADO
A FIG. 5.6 mostra a distribuição das tensões de Von Mises obtido para um implante
monoancorado de 3,75 mm de diâmetro, com ângulo de inclinação da cúspide de
30 °, mesa oclusal estreita e coroa protética de porcelana, quando submetido a uma carga
concentrada de 100 N, na direção do eixo do implante, aplicada aproximadamente na metade
do raio da coroa protética (carga distribuída ao longo de uma linha concêntrica ao eixo de
simetria).
FIG. 5.6 Tensões de Von Mises para implante monoancorado.
59
5.8 TENSÕES DE VON MISES PARA IMPLANTE BIANCORADO
A FIG. 5.7 mostra a distribuição das tensões de Von Mises obtido para um implante
biancorado de 3,75 mm de diâmetro, com ângulo de inclinação da cúspide de 30 °, mesa
oclusal estreita e coroa protética de porcelana, quando submetido a uma carga concentrada de
100 N, na direção do eixo do implante, aplicada aproximadamente na metade do raio da coroa
protética (carga distribuída ao longo de uma linha concêntrica ao eixo de simetria).
FIG. 5.7 Tensões de Von Mises para implante biancorado.
60
5.9 TENSÕES DE VON MISES PARA COROA PROTÉTICA DE PORCELANA
A FIG. 5.1 mostra a distribuição das tensões de Von Mises obtido para um implante de
3,75 mm de diâmetro, com ângulo de inclinação da cúspide de 30 °, mesa oclusal estreita e
coroa protética de porcelana, quando submetido a uma carga concentrada de 100 N, na
direção do eixo do implante, aplicada aproximadamente na metade do raio da coroa protética
de porcelana (carga distribuída ao longo de uma linha concêntrica ao eixo de simetria).
5.10
TENSÕES DE VON MISES
PARA COROA PROTÉTICA DE RESINA
COMPÓSITO CHARISMA
A FIG. 5.8 mostra a distribuição das tensões de Von Mises obtido para um implante de
3,75 mm de diâmetro, com ângulo de inclinação da cúspide de 30 °, mesa oclusal estreita e
coroa protética de resina compósito Charisma, quando submetido a uma carga concentrada de
100 N, na direção do eixo do implante, aplicada aproximadamente na metade do raio da coroa
protética de resina compósito Charisma (carga distribuída ao longo de uma linha concêntrica
ao eixo de simetria).
FIG. 5.8 Tensões de Von Mises para coroa protética de resina compósito Charisma.
61
5.11
TENSÕES DE VON MISES
PARA COROA PROTÉTICA DE RESINA
COMPÓSITO ARTGLASS
A FIG. 5.9 mostra a distribuição das tensões de Von Mises obtido para um implante de
3,75 mm de diâmetro, com ângulo de inclinação da cúspide de 30 °, mesa oclusal estreita e
coroa protética de resina compósito Artglass, quando submetido a uma carga concentrada de
100 N, na direção do eixo do implante, aplicada aproximadamente na metade do raio da coroa
protética de resina compósito Artglass (carga distribuída ao longo de uma linha concêntrica ao
eixo de simetria).
FIG. 5.9 Tensões de Von Mises para coroa protética de resina compósito Artglass.
62
5.12 TENSÕES DE VON MISES PARA COROA PROTÉTICA DE RESINA ACRÍLICA
BIOTONE
A FIG. 5.10 mostra a distribuição das tensões de Von Mises obtido para um implante de
3,75 mm de diâmetro, com ângulo de inclinação da cúspide de 30 °, mesa oclusal estreita e
coroa protética de resina acrílica Biotone, quando submetido a uma carga concentrada de 100
N, na direção do eixo do implante, aplicada aproximadamente na metade do raio da coroa
protética de resina acrílica biotone (carga distribuída ao longo de uma linha concêntrica ao
eixo de simetria).
FIG. 5.10 Tensões de Von Mises para coroa protética em resina acrílica Biotone.
63
5.13 TENSÕES DE VON MISES PARA IMPLANTE COM DIÂMETRO DE 3,75 MM
A FIG. 5.3 mostra a distribuição das tensões de Von Mises obtido para um implante de
3,75 mm de diâmetro, com ângulo de inclinação da cúspide de 30 °, mesa oclusal estreita e
coroa protética de porcelana, quando submetido a uma carga concentrada de 100 N, na
direção do eixo do implante, distribuída em um seguimento de 1,55 mm próximo a
extremidade da coroa protética (carga distribuída em uma área).
5.14 TENSÕES DE VON MISES PARA IMPLANTE COM DIÂMETRO DE 5,00 MM
A FIG. 5.11 mostra a distribuição das tensões de Von Mises obtido para um implante de
5,00 mm de diâmetro, com ângulo de inclinação da cúspide de 30 °, mesa oclusal estreita e
coroa protética de porcelana, quando submetido a uma carga concentrada de 100 N, na
direção do eixo do implante, distribuída em um seguimento de 1,55 mm próximo a
extremidade da coroa protética (carga distribuída em uma área).
FIG. 5.11 Tensões de Von Mises para implante com diâmetro de 5,00 mm.
64
5.15 TENSÕES DE VON MISES PARA MESA OCLUSAL ESTREITA
A FIG. 5.3 mostra a distribuição das tensões de Von Mises obtido para um implante de
3,75 mm de diâmetro, com ângulo de inclinação da cúspide de 30 °, mesa oclusal estreita e
coroa protética de porcelana, quando submetido a uma carga concentrada de 100 N, na
direção do eixo do implante, distribuída em um seguimento de 1,55 mm próximo a
extremidade da coroa protética (carga distribuída em uma área).
5.16 TENSÕES DE VON MISES PARA MESA OCLUSAL LARGA
A FIG. 5.12 mostra a distribuição das tensões de Von Mises obtido para um implante de
3,75 mm de diâmetro, com ângulo de inclinação da cúspide de 30 °, mesa oclusal larga e
coroa protética de porcelana, quando submetido a uma carga concentrada de 100 N, na
direção do eixo do implante, distribuída em um seguimento de 1,55 mm próximo a
extremidade da coroa protética (carga distribuída em uma área).
FIG. 5.12 Tensões de Von Mises para mesa oclusal larga.
65
6 ANÁLISE E DISCUSSÃO
Mostra-se na TAB. 6.1 os valores das tensões máximas nos diferentes componentes do
sistema de implante osseointegrado para as diferentes condições de carregamento.
TAB. 6.1 Tensões máximas nos componentes com a variação do carregamento.(N/mm2).
Componentes
Carregamento Carregamento Carregamento Carregamento
1
2
3
4
Coroa protética
6,9
25,0
0,7
4,0
Parafuso ouro
2,3
5,6
0,4
1,3
Cilindro ouro
2,3
2,8
0,9
0,9
Pilar intermediário
3,1
2,8
1,3
1,0
Parafuso de fixação do
2,3
2,8
0,9
0,9
pilar intermediário
O carregamento 1 (FIG. 5.1), apresentou tensão máxima para o componente coroa
protética, na região de aplicação da carga, sendo observado o valor de 6,9 N/mm2 (TAB. 6.1)
e média em torno de 2,3 N/mm2 para a região afetada pelo perfil de tensões e valores não
significativos para as demais regiões da coroa.
No parafuso de ouro foi observado o valor máximo de 2,3 N/mm2 em sua parte superior.
No cilindro de ouro verificou-se uma diminuição gradativa das tensões a medida em que
nos afastamos do ponto de aplicação da carga, apresentando o valor mínimo de 0,8 N/mm2 e
valor máximo de 2,3 N/mm2 .
Para o pilar intermediário, manteve-se a tendência de diminuição gradativa a medida em
que consideramos regiões mais afastadas do ponto de aplicação da carga.
66
Para o
carregamento 1 foi identificado um ponto concentrador de tensões localizado na região
inferior do pilar intermediário.
Nesta região, a tensão máxima foi de 3,1 N/mm2.
A
ocorrência da concentração de tensões na região inferior do pilar intermediário pode ser
explicado pelo modelamento do sistema, que considerou as estruturas como sendo uma única
peça, não permitindo qualquer movimentação relativa entre os componentes, ou ainda pela
combinação de geometria e carregamento.
Analisando-se o parafuso de fixação do pilar intermediário e o implante no carregamento
1, observou-se tensões máximas de 2,3 N/mm2 para ambos os componentes. A princípio a
distribuição de carga reduz a condição de transmissão de tensões entre os componentes.
O perfil de distribuição de tensões para o carregamento 2 (FIG. 5.2), apresentou um valor
máximo de 25 N/mm2 (TAB. 6.1), sendo este valor aproximadamente o triplo do encontrado
para o carregamento 1. Apesar do carregamento 2 ser distribuído na coroa protética, ele foi
distribuído em um segmento localizado próximo ao centro da coroa protética.
A coroa protética apresentou concentração de tensões na área de aplicação da carga e
tensão média de 2 N/mm2 nas outras regiões.
O parafuso de ouro apresentou uma diminuição gradativa dos níveis de tensões a medida
que consideramos regiões mais afastadas do área de aplicação de carga. Em sua região
superior as tensões atingiram o valor de 5,6 N/mm2 e em sua região inferior o valor foi de 2,8
N/mm2.
O cilindro de ouro, o pilar intermediário, o parafuso de fixação do pilar intermediário e o
implante, foram pouco atingidos pelo perfil de tensões para o carregamento 2, apresentando
tensões que não ultrapassaram o valor de 2,8 N/mm2. Este valor encontrado não apresentou
diferenças significativas quando comparados com os do carregamento 1 para os mesmos
componentes.
O carregamento 3 (FIG. 5.3), apresentou um perfil de distribuição de tensões com a
tendência de diminuição gradativa a medida em que consideramos regiões mais afastadas do
ponto de aplicação da carga.
analisados.
Fato observado também para os demais carregamentos
Porém, como nos casos anteriores, observou-se pontos de concentração de
tensões devido ao modelamento adotado ou ainda pela combinação de geometria e
carregamento. O valor máximo de tensão observado para este carregamento foi de 1,3 N/mm2
(TAB. 6.1) e localizou-se na parte inferior do pilar intermediário. Este resultado à primeira
67
vista pode parecer anômalo, uma vez que nos casos anteriores as tensões máximas ocorreram
no ponto de aplicação da carga. Como foi dito, este resultado pode ser explicado pela
combinação de geometria e carregamento.
Pode-se observar na FIG. 5.3, que esta condição de carregamento induziu o deslocamento
da estrutura, tendendo a abrir em torno do seu eixo de simetria, o que promoveu uma
concentração de tensões para a região inferior do pilar intermediário. Estes resultados
corroboram as observações encontradas na literatura, segundo as quais as forças axiais são
mais favoráveis, distribuindo o esforço com mais regularidade por todo o implante
(RANGERT ET AL., 1989; RICHTER, 1995; NAERT, 1998; BRUNSKI, 1998). Forças
verticais excêntricas geram um momento (MEIJER ET AL., 1993; RANGERT ET AL., 1995;
RICHTER, 1998).
A coroa protética apresentou tensão máxima de 0,7 N/mm2 e média de 0,4 N/mm2, cerca
de seis vezes menor que a média do carregamento 1 e cerca de dez vezes menor que o valor
máximo.
O valor de tensão máxima no parafuso de ouro foi de 0,4 N/mm2 , cerca de seis vezes
menor que o valor encontrado para o carregamento 1.
Para o cilindro de ouro não houve diferença qualitativa no perfil de distribuição de
tensões quando comparado com o carregamento 1 e foram encontrados valores máximos de
0,9 N/mm2, cerca de 2,5 vezes menor que os do carregamento 1.
O pilar intermediário, o parafuso de fixação do pilar intermediário e o implante
apresentaram tensões menores que o carregamento 1. No carregamento 3 a tensão foi cerca
de 2,5 vezes menor para o pilar intermediário, para o parafuso de fixação do pilar
intermediário e para o implante.
Os níveis de tensão gerados nos diferentes componentes com o carregamento 3 não são
críticos diante da resistência mecânica dos diferentes materiais usados na fabricação.
O maior valor de tensão observado no carregamento 4 (FIG. 5.4) ocorreu na coroa
protética e foi de 4 N/mm2 (TAB. 6.1).
O parafuso de ouro apresentou tensões com valor máximo de 1,3 N/mm2 na sua porção
superior e média de tensão de 0,4 N/mm2.
Para o cilindro de ouro e para o parafuso de fixação do pilar intermediário não houve
diferença qualitativa no perfil de distribuição de tensões quando comparado com o do
68
carregamento 3. A tensão máxima observada foi de 0,9 N/mm2 , valor também observado no
carregamento 3 para ambos os componentes.
O pilar intermediário e o implante não apresentaram diferença qualitativa no perfil de
distribuição de tensões quando comparado com o do carregamento 3. As tensões observadas
foram cerca de 1,5 vezes menores para o pilar intermediário e 10 % menor para o implante.
Entre todos os carregamentos analisados, a condição de carregamento 4 permitiu uma
melhor distribuição das tensões entre os diferentes componentes do sistema de implante
osseointegrado analisado.
Analisando-se a variação do ângulo de inclinação da cúspide com 30 ° (FIG. 5.1) e 45°
(FIG. 5.5), para a condição de carregamento 1, observou-se tensões máximas no ponto de
aplicação da carga na coroa protética, para ambos os modelos, tendo sido encontrados os
valores de 6,9 N/mm2 e 10 N/mm2 respectivamente (TAB. 6.2). O aumento da inclinação da
cúspide em 50 %, induziu aumento da tensão em 40 % na coroa protética.
TAB. 6.2 Tensões máximas nos componentes com a variação do ângulo de inclinação da
cúspide. (N/mm2).
Ângulo de inclinação
Ângulo de inclinação
da cúspide 30 °
da cúspide 45°
Coroa protética
6,9
10,0
Parafuso de ouro
2,3
3,3
Cilindro de ouro
2,3
2,2
Pilar intermediário
3,1
2,2
Parafuso de fixação do pilar intermediário
2,3
2,2
Implante
2,3
2,2
Componentes
69
Para o parafuso de ouro os valores máximos de tensões encontrados foram de 2,3 N/mm2
e 3,3 N/mm2 respectivamente para o modelo com ângulo de inclinação de 30 ° e 45 °. Assim
como na coroa protética, ocorreu aumento de aproximadamente 40 % no nível de tensão
observada no parafuso de ouro com inclinação da cúspide de 45 °.
Para o cilindro de ouro, pilar intermediário, parafuso de fixação do pilar intermediário e
implante, as tensões máximas encontradas foram de 2,2 N/mm2.
Os níveis de tensões
encontrados para estes componentes foram portanto, similares para ambos os modelos.
WEINBERG (1993) concluiu que o ângulo de inclinação da cúspide da coroa protética é
um fator importante nas reabilitações com implantes e sugere uma inclinação pequena da
cúspide. WEINBERG & KRUGER (1995), afirmaram que: 1) para cada 10 graus de aumento
na inclinação da vertente da cúspide, existe aproximadamente 30% de aumento da carga
transferida ao sistema implante/prótese.
KAUKINEN ET AL (1996), estudaram a influência da forma oclusal na transferência de
forças mastigatórias em próteses implanto suportadas. Variando o ângulo de inclinação da
cúspide em 0 ° e 30 °, verificaram que os modelos de 0 ° apresentaram redução de 50 % nas
cargas dissipadas na prótese e no tecido ósseo. Observaram que quanto menor a inclinação
das vertentes das cúspides, menores seriam as forças laterais ou transversais, o que beneficia a
manutenção e preservação da osseointegração e dos componentes do sistema.
No presente trabalho, um aumento de 15 ° na inclinação da cúspide, gerou um aumento de
40 % nas tensões transferidas aos componentes coroa protética e parafuso de ouro. Este
resultado está de acordo com os encontrados por WEINBERG & KRUGER (1995) e
KAUKINEN (1996), mostrando que a redução da inclinação das cúspides é mais favorável,
promovendo melhor dissipação das cargas nos componentes do sistema prótese-implante.
Na presente análise a largura da mesa oclusal foi mantida e apenas a inclinação da
cúspide foi alterada. Com o aumento do ângulo de inclinação da cúspide, verificamos um
aumento da área da coroa protética e um aumento das tensões cisalhantes. Comparando-se a
cúspide com um plano inclinado, o ângulo de inclinação da cúspide será o ângulo que o plano
inclinado faz com a horizontal. Então, uma força aplicada na coroa protética na direção do
longo eixo do implante, ou em um plano inclinado, apresenta duas componentes. Uma
componente normal ao plano inclinado no ponto de aplicação e outra componente paralela ao
plano no mesmo ponto. A componente paralela ao plano terá valor igual ao produto da força
aplicada pelo seno do ângulo de inclinação. Portanto, quanto maior o ângulo de inclinação
deste plano, ou quanto maior o ângulo de inclinação da cúspide, maior será a componente que
70
é paralela ao plano, e maiores serão então as tensões de cisalhamento. O fato das forças
anguladas ou transversais gerarem componentes de cisalhamento, prejudiciais aos implantes,
foi também relatado por RANGERT ET AL., 1989; RICHTER, 1995; NAERT, 1998 E
BRUNSKI, 1998.
O processo de mastigação produz principalmente forças verticais na
dentição. São também criadas forças transversais em função do movimento horizontal da
mandíbula e da anatomia dentária (inclinação das cúspides dentárias). Estas forças são
transferidas através da prótese ao implante e finalmente ao osso. As forças axiais são mais
favoráveis, distribuindo o esforço com mais regularidade por todo o implante (RANGERT ET
AL., 1989; RICHTER, 1995; NAERT, 1998; BRUNSKI, 1998).
Uma carga axial aplicada na coroa protética, produz uma força resultante, cuja linha de
ação é perpendicular à inclinação da cúspide. O momento produzido por esta força em
relação ao implante é igual ao produto da força aplicada pela distância perpendicular entre a
linha de ação da força e o implante. Com o aumento do ângulo de inclinação da cúspide, a
distância perpendicular entre a linha de ação da força e o implante aumenta. Assim, temos
um aumento do momento na estrutura. Este fato poderia explicar o aumento das tensões para
a condição de carregamento com inclinação da cúspide de 45 °, observada no presente
trabalho.
A condição de carregamento com inclinação da cúspide de 45 °, mostrou-se crítica em
relação a de 30 °.
Com o objetivo de se analisar a influência do tipo de ancoragem dos implantes, foram
feitas simulações supondo-se inicialmente a ancoragem apenas na primeira cortical e a seguir
simulações com ancoragem na primeira e segunda cortical. Nestas simulações não se variou
outros parâmetros e a condição de carregamento foi a presença de carga axial de 100 N
concentrada aproximadamente na metade do raio da coroa protética (carregamento 1).
Comparando-se o implante com ancoragem monocortical (FIG. 5.6) e o implante com
ancoragem bicortical (FIG. 5.7), verificou-se que as tensões máximas foram encontradas na
coroa protética, no ponto de aplicação da carga, com valores de aproximadamente 4,5 N/mm2
e 7,0 N/mm2 respectivamente (TAB. 6.3), o que representou tensões 1,5 vezes maiores para o
implante biancorado.
71
TAB. 6.3 Tensões máximas nos componentes com a variação da ancoragem do
implante.(N/mm2).
Implante
Implante
monoancorado
biancorado
Coroa protética
4,5
7,0
Parafuso de ouro
3,5
5,4
Cilindro de ouro
2,5
3,1
Pilar intermediário
2,5
3,1
Parafuso de fixação do pilar
2,5
3,1
Implante
2,0
4,6
1ª cortical óssea
1,0
0,7
Osso trabecular
0,5
0,7
Componentes
intermediário
Para o parafuso de ouro, a tensão máxima encontrada foi de 3,5 N/mm2 e 5,4 N/mm2 para
o implante mono e biancorado, respectivamente.
Para o cilindro de ouro, pilar intermediário e parafuso de fixação do pilar intermediário as
tensões foram semelhantes. Foram encontradas tensões máximas de 2,5 N/mm2 para estes
componentes no implante monoancorado e 3,1 N/mm2 no implante biancorado. Observou-se
assim que além da coroa protética e do parafuso de ouro, estes componentes também
apresentaram um aumento das tensões para a condição de ancoragem bicortical.
A região de osso cortical próxima ao pescoço do implante apresentou tensões máximas de
1 N/mm2 e 0,7 N/mm2 para o implante mono e biancorado, respectivamente. Mostrando que
as tensões no osso cortical próximas ao pescoço do implante, diminuem em 40 % quando
emprega-se a ancoragem em duas corticais em relação aos casos em que o implante apresenta
ancoragem monocortical. No osso trabecular foram observados os valores máximos de 0,5
N/mm2 e 0,7 N/mm2 para ancoragem mono e bicortical, respectivamente.
Foram observadas na região correspondente ao terço médio do implante, tensões máximas
com valores de 2,0 N/mm2
respectivamente.
e 4,6 N/mm2,
para o implante mono e biancorado,
Para esta região as tensões foram cerca de 2,5 vezes maior para a
ancoragem bicortical..
72
Os resultados encontrados na literatura são contraditórios quanto à eficiência entre o
implante mono e o bicorticalizado. IVANOFF ET AL. (1996), estudaram a influência da
mono e da bicorticalização de implantes de 10 mm e de 16 mm de comprimento por 3,75 mm
de diâmetro instalados em tíbias de coelhos. Realizaram ensaios de remoção por torque e
concluíram que os implantes biancorados necessitavam de um torque duas vezes maior que os
monocorticais após 6 semanas e um torque três vezes maior após 12 semanas para sua
remoção. Por outro lado, pode-se explicar que o implante bicorticalizado apresenta maior
área de interface osso-implante e de melhor qualidade para ocorrer a osseointegração. O osso
cortical é um osso de melhor qualidade que o osso trabecular, mais compacto, mais denso e
apresenta maior módulo de elasticidade, sendo portanto mais resistente e promove assim uma
melhor fixação e ancoragem do implante. Em conseqüência, necessita-se de maior torque para
remover e fraturar a interface osso-implante.
Resultado aparentemente contraditório foi obtido por IVANOFF ET AL. (2000), os quais
analisaram a influência do tipo de ancoragem dos implantes em uma retrospectiva de 15 anos
com casos clínicos. Concluíram que os implantes com ancoragem bicortical apresentaram
uma taxa de fratura 3 vezes maior que os implantes monoancorados.
Comparando-se os resultados obtidos no presente trabalho com os de IVANOFF ET AL.
(2000), pode-se afirmar que os resultados do presente trabalho são semelhantes. Havendo
bicorticalização, a distribuição de tensão no implante torna-se mais heterogênea, a qual é
agravada pela forma de parafuso do implante que possui áreas de concentração de tensão. Em
conseqüência, a possibilidade de fratura aumenta.
O implante quando ancorado em duas regiões, como no caso do bicorticalizado,
apresentou tensões maiores que o monoancorado.
Estas tensões foram observadas no
implante e também nos componentes da supraestrutura. O osso cortical é mais denso, mais
compacto e tem maior módulo de elasticidade, sofre uma deformação menor que o osso
trabecular. Este fato poderia explicar o aumento nas tensões no implante e supraestrutura para
o implante com ancoragem bicortical, observado neste trabalho.
O nível de tensão observada no tecido ósseo cortical foi menor para a ancoragem
bicortical, o que está de acordo com o trabalho de RANGERT ET AL. (1989), onde
afirmaram que os implantes biancorados apresentaram diminuição dos níveis de tensões no
osso cortical ao redor do pescoço do implante. Este resultado corrobora ainda com os
resultados de Bidez & MISCH (1992), que afirmaram que uma carga elevada, aplicada a um
implante osseointegrado, pode gerar um dano aos tecidos ósseos adjacentes e influenciar na
73
longevidade do tratamento. Estas cargas elevadas poderiam levar à perda da osseointegração,
mostrando assim, a importância da bicorticalização dos implantes na transmissão de cargas.
Quando a ancoragem é feita em apenas uma cortical, o osso trabecular, menos denso e
com menor módulo de elasticidade, está presente na base do implante, como no caso dos
implantes monocorticalizados.
O osso trabecular, com menor módulo de elasticidade,
apresenta menor resistência ao carregamento aplicado, uma deformação maior.
Como
conseqüência, maiores tensões são observadas na região de osso cortical para os implantes
monocorticalizados.
Na análise da variação do material da coroa protética sendo porcelana (FIG. 5.1), resina de
compósito Charisma (FIG. 5.8), resina compósito Artglass (FIG. 5.9) e resina acrílica Biotone
(FIG. 5.10), não foram observadas diferenças qualitativas significantes nos perfis de
distribuição de tensões.
Para a condição de carregamento 1, verificou-se que mesmo
variando-se o material da coroa protética, as tensões máximas foram encontradas na coroa
protética, no ponto de aplicação da carga. Para a coroa protética de porcelana o valor máximo
foi de aproximadamente 6,9 N/mm2. Para as coroas protéticas em resinas Charisma, Artglass
e Biotone, a tensão máxima encontrada foi de aproximadamente 7,4 N/mm2 , 7,3 N/mm2 e
9,6 N/mm2 , respectivamente.(TAB. 6.4).
TAB. 6.4 Tensões máximas nos componentes com a variação do material da coroa
protética. (N/mm2).
Porcelana Resina compósito Resina compósito Resina acrílica
Componentes
Charisma
Artglass
Biotone
Coroa protética
6,9
7,4
7,3
9,6
Parafuso de ouro
2,3
2,4
3,2
5,4
Cilindro de ouro
2,3
3,3
3,2
3,2
Pilar intermediário
3,1
2,4
2,4
2,1
Parafuso de fixação do
2,3
3,3
3,2
3,2
2,3
2,4
2,4
2,1
pilar intermediário
Implante
74
Analisando-se os quatro materiais avaliados, a coroa protética de porcelana apresentou a
menor deformação, em função de ser o material com maior módulo de elasticidade, indicando
que este material teria menor possibilidade de fraturar ao ser submetido às cargas
mastigatórias.
Na região inferior do pilar intermediário, próxima à região do pescoço do implante, ou
ainda, região próxima ao tecido ósseo cortical de suporte, foram observadas as maiores
tensões para esta região, quando a coroa protética foi de porcelana. Estas tensões atingiram o
valor máximo de aproximadamente 3,1 N/mm2, o que poderia ser explicado por ser o material
com o maior módulo de elasticidade dentre os observados neste trabalho (TAB. 4.1), sofrendo
uma deformação menor (FIG. 5.1), porém, transmitindo tensões mais elevadas para as
estruturas de suporte. Este resultado está de acordo com CAPUTO & STANDLEE (1987) e
WEINBERG (1993), que concluem que uma estrutura rígida irá transmitir as tensões para as
estruturas de suporte, principalmente nas regiões de apoio, próximas ao pescoço do implante.
Também compartilham deste resultado, BORCHERS & RECHARDT (1983), que,
utilizando o método de elementos finitos, analisaram as tensões geradas por um implante
cerâmico. As maiores tensões foram observadas na região de crista óssea. Para eles, a
ausência do ligamento periodontal nos implantes osseointegrados, provoca de forma quase
que imediata a transmissão de cargas ao osso que rodeia o implante. Propuseram então, o uso
de materiais com baixo módulo de elasticidade, a fim de minimizar as tensões transmitidas ao
tecido ósseo.
As coroas de resina compósito Charisma e resina compósito Artglass, apresentaram níveis
de tensões similares de aproximadamente 7,4 N/mm2 e 7,3 N/mm2 , respectivamente.
A deformação apresentada por estas coroas foi maior que a apresentada pela coroa de
porcelana, pois ambas as resinas compósito têm módulo de elasticidade menor que a
porcelana. Estes materiais têm maior possibilidade de fratura quando comparados com a
porcelana.
Para a região inferior do pilar intermediário, próxima ao tecido ósseo cortical de suporte,
foram observadas tensões que atingiram o valor máximo de 2,4 N/mm2 para ambas as resinas,
o que poderia ser explicado pelo fato de ambas as resinas apresentarem módulo de
elasticidade com valores muito próximos (TAB. 4.1). Estes valores foram menores que o
transmitido para esta região com a coroa de porcelana, conforme resultados de BORCHERS
& RECHARDT (1983), CAPUTO & STANDLEE (1987) E WEINBERG (1993), os quais
75
afirmaram que materiais com menor módulo de elasticidade transmitem menores tensões para
as estruturas de suporte.
A coroa de resina acrílica Biotone, apresentou comportamento inverso ao da coroa de
porcelana. Observou-se que a mesma apresentou as maiores tensões, as quais poderiam
promover a fratura do material resinoso da coroa protética, de acordo com JEMT &
LEKHOLM (1993).
As tensões na coroa de resina acrílica Biotone, atingiram o valor
máximo de 9,6 N/mm2 .
As tensões transmitidas para a área próxima ao osso cortical de suporte, quando utilizouse coroa de resina acrílica Biotone, atingiram o valor máximo de 2,1 N/mm2. Empregando-se
a resina Biotone a transmissão de carregamento foi a menor valor dentre os quatro materiais
analisados, fato que explicasse por ser este o material com o menor módulo de elasticidade
dentre os quatro tipos analisados neste trabalho (TAB. 4.1). Além disto a resina Biotone
sofreu a maior deformação.(FIG. 5.10) e apresentou as maiores tensões. Porém, transmitiu
tensões menos elevadas para as estruturas de suporte. Este resultado está de acordo com
BORCHERS & RECHARDT (1983), que defendem a utilização de um elemento responsável
pela redução de cargas para os implantes, comumente chamados de elementos absorvedores
de tensões. Sugerem a utilização de materiais com baixo módulo de elasticidade, a fim de
minimizar a transmissão de tensões às regiões de suporte. Os autores HOBKIRK (1992) ,
DAVIS ET AL. (1988) E ÇIFTÇI & CANAY (2000), demonstraram que a resina acrílica
reduz as forças oclusais e atua como absorvedor de choques. Porém, o desgaste é maior
quando o antagonista é um dente natural ou coroa de porcelana.
De acordo com VAN ROOSEN (1990), MEIJER, (1993), STEGAROIU ET AL.(1998,
13:82-90), BRUNSKI (1988) E BRUNSKI (2000), os fatores biomecânicos têm importante
função na sobrevida de implantes orais. A seleção da posição dos implantes, desenho da
prótese e material da supraestrutura são críticos para a longevidade e estabilidade de próteses
suportadas por implantes. A natureza e a magnitude das cargas necessárias para causar a perda
dos implantes são desconhecidas, sendo assim, tem sido recomendado que estas sejam as
menores possíveis. Os implantes osseointegrados estão em contato direto com o osso e não
apresentam o ligamento periodontal e as cargas são transmitidas aos implantes. Devido a
ausência de micromovimentos nos implantes osseointegrados, a distribuição de forças fica
concentrada na crista óssea, o que pode levar à uma reabsorção óssea e subseqüente perda do
implante.
Uma possibilidade, não analisada no presente trabalho, mas que vem sendo
sugerida por alguns autores, é o emprego de elementos absorvedores de tensões ou redutores
76
de carga, incorporados nas supraestruturas de implantes osseointegrados, para reduzir as
cargas sobre os implantes. O sistema de implantes IMZ apresenta um absorvedor interno de
tensões, em polioximetileno, com módulo de elasticidade menor que o do titânio, com o
objetivo de simular a resposta dos dentes naturais às cargas geradas durante a mastigação
normal e durante as cargas de impacto encontradas quando da mastigação de objetos sólidos.
No componente parafuso de ouro, foram encontrados os valores máximos de 2,3 N/mm2,
2,4 N/mm2, 3,2 N/mm2 e 5,4 N/mm2 para porcelana, resina compósito Charisma, resina
compósito Artglass e resina acrílica Biotone, respectivamente.
Para o cilindro de ouro e parafuso de fixação do pilar intermediário os valores máximos
das tensões foram semelhantes para estes componentes. Encontrou-se 2,3 N/mm2 , 3,3
N/mm2, 3,2 N/mm2 e 3,2 N/mm2, para a coroa de
porcelana, resina compósito Charisma,
resina compósito Artglass, resina acrílica Biotone, respectivamente.
Os valores máximos encontrados no implante foram semelhantes aos já mencionados e
encontrados na região inferior do pilar intermediário.
A influência do tipo de material das coroas protéticas no sucesso dos tratamentos com
implantes parece ser significativo, já que não temos a presença do ligamento periodontal.
GRACIS ET. AL. (1991), estudaram o comportamento de cinco materiais de coroas
protéticas.
Dois tipos de ligas de ouro, um tipo de porcelana e dois tipos de resinas.
Concluíram que as duas resinas reduziram a força em 50 % sobre a estrutura devido à
absorção de carga, quando comparadas às ligas de ouro ou à porcelana. Resultado semelhante
foi encontrado no presente trabalho, onde verificou-se uma redução de 50 % nas tensões
transmitidas para a região inferior do pilar intermediário quando comparamos a coroa de
porcelana e a coroa de resina acrílica Biotone.
ÇIFTÇI & CANAY (2000), analisaram a distribuição de tensões no osso ao redor de
implantes utilizando o método de elementos finitos.
Cinco modelos foram construídos
variando-se o tipo de material da coroa protética sendo porcelana, liga de ouro, resina
compósito, resina compósito reforçada e resina acrílica. Concluíram que as tensões parecem
estar concentradas no osso cortical ao redor da área do pescoço do implante. A liga de ouro e
a porcelana produziram os maiores valores de tensões para esta região. As tensões criadas por
resina acrílica e resina compósito reforçada foram 25 % e 15% menores respectivamente,
quando comparadas com porcelana ou liga de ouro.
No presente trabalho a coroa de
porcelana também produziu os maiores valores para a região de osso cortical, próxima a área
de pescoço do implante. Já as tensões criadas por resina acrílica e resina compósito
77
foram 50 % e 30 % menores respectivamente quando comparadas com a porcelana. Os
percentuais apresentaram-se mais elevados, porém, a proporção entre eles se manteve.
Os resultados obtidos no presente trabalho, mostraram que a distribuição de tensões está
diretamente relacionada com o módulo de elasticidade do material da coroa protética, isto é,
quanto maior a rigidez do material, maiores tensões serão transmitidas para as estruturas de
suporte. (TAB. 6.4).
Uma seleção apropriada do material irá minimizar as cargas sobre os
implantes e reduzir as tensões no tecido ósseo de suporte.
A coroa de porcelana tem a vantagem de favorecer a estética (TAYLOR ET AL., 2000),
apresentar maior módulo de elasticidade que as resinas compósito e acrílica e ter menor
possibilidade de fratura.
No entanto, de acordo com os resultados obtidos no presente
trabalho, a coroa de porcelana transmite maiores tensões para a região próxima ao osso
cortical quando comparada com as coroas de resina, o que pode comprometer a longevidade
do implante devido a reabsorção óssea.
O uso de resina acrílica reduz as tensões que são transmitidas para as estruturas de
suporte. Outra vantagem de sua utilização, seria a facilidade de reparação quando necessário.
Todavia, a baixa resistência ao desgaste e fratura são desvantagens para a sua utilização.
Utilizando-se a condição de carregamento, carga distribuída ao longo de um segmento de
1,5 mm próximo à extremidade da coroa protética (carregamento 3) e variando-se o diâmetro
do implante, analisou-se o perfil de distribuição de tensões nos componentes do sistema de
um implante osseointegrado.
Neste trabalho, como citado, foram analisados o diâmetro de 3,75 mm (FIG. 5.3) e o
diâmetro de 5,0 mm (FIG. 5.11).
As tensões máximas foram observadas na região inferior do pilar intermediário para
ambos os modelos, o que poderia ser explicado pela combinação da geometria da estrutura e
carregamento com carga distribuída em um segmento próximo à extremidade da coroa
protética. Estas tensões atingiram o valor máximo de 1,3 N/mm
2
e 0,8 N/mm
2
para
diâmetro de 3,75 mm e 5,00 mm, respectivamente. (TAB. 6.5).
Para o implante com diâmetro de 3,75 mm, a tensão máxima encontrada na coroa
protética foi de 0,7 N/mm 2 . Para o implante com diâmetro de 5,00 mm, deste valor foi de
0,5 N/mm 2 , cerca de 40 % menor.
Para o cilindro de ouro as tensões máximas foram 0,9 N/mm2 e 0,5 N/mm
diâmetro de 3,75 mm e 5,00 mm, respectivamente.
78
2
para
TAB. 6.5 Tensões máximas nos componentes com a variação do diâmetro do
implante.(N/mm2).
Componentes
Diâmetro de 3,75 mm Diâmetro de 5,00 mm
Coroa protética
0,7
0,5
Parafuso de ouro
0,4
0,4
Cilindro de ouro
0,9
0,5
Pilar intermediário
1,3
0,8
Parafuso de fixação do pilar intermediário
0,9
0,7
Implante
1,0
0,6
O parafuso de ouro apresentou tensões máximas de 0,4 N/mm 2 tanto para diâmetro de
3,75 mm como para o de 5,00 mm.
Para o parafuso de fixação do pilar intermediário e para o implante o nível de tensões foi
reduzido também para estes componentes no modelo com o implante de 5,00 mm de
diâmetro, ou implante de largo diâmetro. Esta redução no nível de tensões pode ser atribuída
a um aumento da área da seção resistente da estrutura, decorrente do aumento do diâmetro do
implante.
No presente trabalho, os valores das tensões na região inferior do pilar intermediário,
foram reduzidas em cerca de 60 % quando da utilização do implante com diâmetro de 5,00
mm. Este resultado corrobora com RICHTER (1989), que afirmou que para minimizar os
problemas oriundos das cargas horizontais deve-se usar implantes com maiores diâmetros. As
cargas horizontais aplicadas ao implante causam maiores tensões no osso cortical, o que é
mecanicamente desfavorável já que o osso cortical é um elemento de suporte do implante.
Surgem assim, áreas de destruição óssea na região próxima ao pescoço do implante.
MATSHUSHITA ET AL. (1990), mediante simulação bidimensional por elementos finitos,
também concordam com este resultado, quando concluíram que quanto maior o diâmetro do
implante, menores são as tensões no osso cortical, ou seja, o maior diâmetro favorece a
distribuição das tensões geradas.
BALSHI (1996), afirmou que o índice de fratura em implantes é pequeno, porém, quando
ocorre gera problemas para o paciente e para o clínico.
As causas das fraturas estão
relacionadas com os defeitos inerentes do próprio material, falta de passividade na adaptação
79
da estrutura metálica da prótese e sobrecarga fisiológica ou biomecânica.
O autor conclui
que as forças oclusais são a principal causa das fraturas em implantes, já que estas ocorrem
principalmente na região posterior. Sugere que implantes de maior diâmetro sejam utilizados,
quando possível, na reposição de implantes fraturados nesta região, o que já havia sido
indicado também por EVIAN & CUTLER (1995), objetivando com isso reduzir as tensões
transmitidas para as estruturas de suporte.
IVANOFF ET AL. (1997), com o objetivo de estudar a influência do diâmetro do
implante na osseointegração, realizaram ensaios de remoção por torque em implantes
instalados em tíbia de coelhos. Os testes mostraram que o torque de remoção é diretamente
proporcional ao diâmetro do implante. Concluíram que a resistência ao deslocamento está
relacionada com a superfície do implante em contato com a cortical óssea e que a
previsibilidade de sucesso do implante aumenta quando seu diâmetro é maior.
O aumento da previsibilidade de sucesso para o implante de maior diâmetro, estaria
relacionado com o aumento da área de superfície para a osseointegração.
Além disso,
conforme os resultados do presente trabalho, o decréscimo do nível de tensões para os
implantes com 5,00 mm de diâmetro, apresentou-se como decorrência do aumento da área da
seção resistente do implante, bem como pela redução dos efeitos das carga excêntricas na
estrutura, quando do aumento do diâmetro do implante.
LANGER ET AL. (1993) sugeriram o uso de implantes de maior diâmetro como
alternativa de tratamento em situações especiais do tecido ósseo tais como pouca altura.
Desde então, implantes de maior diâmetro vêm sendo prescritos como alternativa para alguns
casos clínicos (BECKER & BECKER, 1995; BAHAT & HANDELSMAN, 1996; TAYLOR
ET AL., 2000; BRUNSKI ET AL., 2000).
MC GLUMPHY ET AL. (1998), sugerem a colocação de implantes de maior diâmetro
para reduzir o braço de alavanca do momento gerado pelas forças oclusais excêntricas.
O
aumento do diâmetro do implante, promove a redução do braço de alavanca das cargas
excêntricas, centralizando-as na direção do longo eixo do implante, e reduzindo assim, as
tensões na estrutura, conforme os resultados apresentados no presente trabalho.
BINON (2000), fazendo uma revisão da literatura sobre os componentes dos implantes
ossseointegrados, refere-se as vantagens clínicas dos implantes de maior diâmetro por
aumentarem a superfície disponível para osseointegração e por reduzirem a transferência de
carga para a região de osso cortical ao redor do implante, fato que também pode ser observado
neste trabalho.
80
Implantes de maior diâmetro quando indicados para áreas posteriores poderiam promover
maior estabilidade e resistência às cargas mastigatórias elevadas que estão presentes nesta
região. Implantes de largo diâmetro também aumentam a estabilidade dos pilares
intermediários por reduzirem a largura da mesa oclusal.
Quanto ao aumento do diâmetro do implante na distribuição de tensões nos componentes
dos sistemas de implantes, os resultados obtidos no presente trabalho corroboram com os
encontrados na literatura. O aumento do diâmetro aumenta a área para a osseointegração,
aumenta a área da seção resistente do implante, diminui o braço de alavanca das cargas
excêntricas e favorece a distribuição das tensões. Como pode-se observar na TAB. 6.5, os
valores das tensões para o implante de 5,00 mm são menores para todos os componentes da
supraestrutura.
Mantendo-se todos os parâmetros constantes e variando-se a largura da mesa oclusal para
o carregamento 3, pode-se constatar que o aumento da largura da mesa oclusal não apresenta
diferenças qualitativas significantes entre os dois perfis de distribuição de tensões. (FIG. 5.3 e
FIG. 5.12). Mas, há diferença no valor das tensões quando modifica-se a largura da mesa
oclusal.
As maiores tensões observadas, ao analisarmos a mesa oclusal estreita (2,5 mm) e a larga
(3,5 mm), ocorreram na região inferior do abutment, e atingiram o valor máximo de 1,3
N/mm2 e 3,1 N/mm2, respectivamente. (TAB. 6.6). Sendo o segundo valor cerca de 140 %
maior que o primeiro. Este fato foi comentado quando da análise da variação do diâmetro do
implante, considerando-se o modelamento adotado e a combinação dos fatores geometria e
carregamento, utilizado nestas duas análises.
Ao analisarmos as tensões para a condição de mesa oclusal maior, verficamos um
aumento do nível de tensões em todos os componentes do sistema de implante
osseointegrado, quando comparado com a condição de mesa oclusal estreita.
Na coroa protética observou-se o valor máximo de 0,7 N/mm2 e 1,0 N/mm2 para mesa
oclusal estreita e mesa oclusal larga, respectivamente. Para o implante os valores foram 1,0
N/mm2 e 1,7 N/mm2 , respectivamente. Estes valores correspondem a tensões aumentadas
para o implante em aproximadamente 70 % para a condição de mesa oclusal larga quando
comparada com a condição de mesa oclusal estreita.
81
TAB. 6.6 Tensões máximas nos componentes com a variação da largura da mesa
oclusal.(N/mm2).
Mesa oclusal
Mesa oclusal
estreita (2,5 mm)
larga (3,5 mm)
Coroa protética
0,7
1,0
Parafuso de ouro
0,4
0,7
Cilindro de ouro
0,9
1,7
Pilar intermediário
1,3
3,1
Parafuso de fixação do pilar intermediário
0,9
1,7
Implante
1,0
1,7
Componentes
Para o parafuso de ouro, cilindro de ouro e parafuso de fixação do pilar intermediário, as
tensões máximas encontradas foram 90 % maiores para a condição de mesa oclusal larga
quando comparada com as observadas para a condição de mesa oclusal estreita.
Segundo RICHTER (1989), para minimizar os problemas causados por cargas horizontais,
é aconselhável o aumento do diâmetro do implante e o estreitamento da mesa oclusal.
Resultado semelhante foi obtido por WEINBERG (1993), o qual analisou a largura da mesa
oclusal ou largura da coroa protética, concluindo que uma mesa oclusal estreita reduziria as
cargas sobre os implantes, resultado que também foi encontrado neste trabalho, onde
observou-se a redução dos níveis de tensões para todos os componentes do sistema de
implante osseointegrado analisado, para a condição de mesa oclusal estreita.
RANGERT ET AL (1995), em análise retrospectiva afirmaram que a sobrecarga induz a
uma reabsorção óssea e que esta parece preceder e contribuir para a fratura dos componentes
do implante. Sugerem a diminuição dos braços de alavanca, estreitamento da mesa oclusal, e a
centralização dos contatos oclusais com o objetivo de reduzir a ocorrência de cargas
excêntricas, responsáveis pela flexão da estrutura e por gerarem um momento maior. Estas
cargas associadas a uma mesa oclusal larga, geram tensões elevadas na região inferior do pilar
intermediário na região de osso cortical, podendo levar à uma severa reabsorção óssea e
82
conseqüentemente a perda do implante, conforme foi dito anteriormente e pode ser observado
na FIG. 5.13.
MC GLUMPHY ET AL. (1998), afirmam que mesas oclusais largas promovem contatos
excêntricos. Os resultados encontrados no presente trabalho, mostraram que a mesa oclusal
mais larga deve ser evitada, uma vez que gerou tensões mais elevadas nos componentes do
sistema.
Para se manter os componentes dos sistemas de implantes em condições de
suportarem as cargas mastigatórias, deve-se ajustar a oclusão de forma a direcionar as forças
na direção do longo eixo do implante, reduzindo-se o braço de alavanca, e a ocorrência de
contatos excêntricos.
Os resultados de simulação por elementos finitos variando-se a largura da mesa oclusal,
mostram que quanto maior a mesa oclusal, mais desfavorável é a distribuição de tensões. Este
comportamento pode ser atribuído ao aumento do momento gerado pelas cargas excêntricas,
as quais estão presentes na estrutura quando em função.
83
7. CONCLUSÕES E SUGESTÕES
7.1 CONCLUSÕES
1.
O presente trabalho confirma a aplicabilidade do método de elementos finitos MEF
em análises de sistemas com geometrias complexas como a dos componentes de um
sistema de implante osseointegrado, o qual permite a sua verificação e/ou modificação
para correção de eventuais problemas com tensões.
2.
Nos diferentes carregamentos analisados não se observou diferença qualitativa
significativa nos perfis de tensão desenvolvidos no cilindro de ouro, pilar
intermediário, parafuso de fixação do pilar intermediário e implante, havendo
diferença no nível de tensão na coroa protética e no parafuso de ouro.
3.
Nos carregamentos analisados, foi observado um ponto de concentração de tensão na
parte inferior do abutment, fato este explicado pela combinação da geometria da
estrutura modelada e carregamento.
4.
Analisando-se a variação do ângulo de inclinação da cúspide de 30 ° para 45° ,
verificou-se que o aumento da inclinação aumenta as tensões na coroa protética e no
parafuso de ouro. Para o cilindro de ouro, pilar intermediário, parafuso de fixação do
pilar intermediário e implante, os níveis de tensões encontrados foram similares em
ambos os modelos.
5.
A ancoragem bicortical apresentou tensões reduzidas na região de osso cortical
e tensões elevadas para o ponto de aplicação da carga e porção média do implante, em
relação à monocortical.
6.
A coroa de porcelana transmitiu para a região inferior do pilar intermediário,
próxima ao osso cortical de suporte, as maiores tensões em relação às coroas de resina
compósito Charisma, resina compósito Artglass e resina acrílica Biotone.
84
7.
Com o implante de maior diâmetro os níveis de tensões são inferiores para todos os
componentes do sistema de implante quando comparado com o implante de menor
diâmetro.
8.
O aumento da largura da mesa oclusal elevou as tensões em todos os componentes
do sistema de implante osseointegrado analisado.
7.2 SUGESTÕES
Em trabalhos futuros, sugere-se:
1. Análise comparativa dos resultados encontrados utilizando modelos tri-dimensionais
de elementos finitos, levando-se em consideração o contato entre os componentes.
2. Análise comparativa dos resultados encontrados utilizando a fotoelasticidade.
3. Realizar simulações com dois ou mais implantes, levando-se em consideração o
contato entre os componentes.
85
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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