a percepção de mulheres sobre o exame citopatológico

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES
CURSO DE ENFERMAGEM
A PERCEPÇÃO DE MULHERES SOBRE O EXAME
CITOPATOLÓGICO
Talise Zanotelli
Lajeado, junho 2013
1
BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu)
Talise Zanotelli
A PERCEPÇÃO DE MULHERES SOBRE O EXAME
CITOPATOLÓGICO
Trabalho de Conclusão de Curso, como
exigência para a obtenção do título de
Bacharel
em
Enfermagem,
do
Universitário Univates.
Orientadora Profa. Dra. Ioná Carreno
Lajeado, junho 2013
Centro
BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu)
2
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pela minha vida.
Agradeço aos meus pais Ildo e Beatris que me deram a vida e o seu amor, me
ensinaram a viver com dignidade e humildade, me iluminaram com afeto e dedicação, que se
doaram por inteiro e renunciaram por momentos seus sonhos para que eu fosse em busca dos
meus.
Agradeço ao meu irmão Tael que mesmo distante sempre me apoio nas minhas
decisões, e sempre foi o meu espelho de vida.
Agradeço ao meu amigo e chefe Adairto, pelo apoio nesses anos de faculdade e
compreensão pelas várias vezes que sai para realizar os meus estágios.
Agradeço aos colegas que, por vários anos, compartilharam comigo dificuldades,
inseguranças, erros e acertos, vitórias, alegrias, risos e choros, mas chegamos ao final com a
certeza do dever cumprido.
Agradeço aos professores que transmitiram seus conhecimentos com muita dedicação,
sempre nos estimulando em busca de novos saberes, em especial a professora orientadora
Ioná Carreno por seus conhecimentos e saberes transmitidos, pela sua dedicação e paciência
na construção deste trabalho.
Enfim, agradeço a todos que acreditaram e apostaram em mim durante esta longa
caminhada.
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RESUMO
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) o câncer de colo de útero tem
aproximadamente 500 mil novos casos por ano no mundo, com taxas de incidência cerca de
duas vezes mais altas em países em desenvolvimento. O presente estudo tem por objetivo
avaliar a percepção das mulheres acima de 50 anos que nunca realizaram o exame
citopatológico de colo uterino. Trata-se de uma pesquisa qualitativa exploratória, realizada em
uma UBS, em um município do interior do Rio Grande do Sul, fizeram parte do estudo 12
mulheres acima de 50 anos que nunca realizaram o exame preventivo de colo uterino, foi
utilizado como instrumento a Análise de Conteúdo de Bardin. A análise das entrevistas
permitiu a obtenção de três categorias. Conforme relataram a maioria das entrevistadas não
houve procura em nenhum momento da vida para realizar o exame devido à falta de sintomas
ou queixas, também algumas mulheres relataram não terem realizado o exame pela
dificuldade de acesso ao serviço de saúde e pela falta de orientações adequadas. Concluiu-se
que há necessidade dos profissionais da saúde investirem em ações educativas na equipe de
saúde, tendo uma atuação diferenciada, fazendo com que as mulheres tenham uma melhor
adesão aos serviços de saúde, uma mudança em relação a sua saúde ao seu autocuidado e
maior atenção em relação ao exame de prevenção do câncer de colo uterino, ajudando assim a
reduzir a morbimortalidade. Analisando a importância do diagnóstico precoce e do tratamento
para a neoplasia de colo de útero. Buscou-se com esta pesquisa ajudar na reestruturação do
serviço de saúde.
Palavras-chave: Câncer colo uterino. Saúde da Mulher. Neoplasia de colo uterino. Equipe de
saúde. Prevenção do câncer de colo uterino.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
5
2 REFERENCIAL TEÓRICO
7
2.1 Características epidemiológicas do câncer de colo uterino
7
2.2 Fisiopatologia do câncer de colo uterino
8
2.3 A importância da prevenção e do diagnóstico precoce para o câncer de colo uterino
11
2.4 A enfermagem e a coleta do exame de colo uterino
12
2.5 Promoção á saúde da mulher
13
3 METODOLOGIA
15
4 ANÁLISE DOS DADOS
17
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
24
REFERÊNCIAS
26
APÊNDICES
30
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A PERCEPÇÃO DE MULHERES SOBRE O EXAME
CITOPATOLÓGICO
1 INTRODUÇÃO
Define-se câncer de colo uterino como uma patologia neoplásica maligna que atinge o
aparelho reprodutor feminino, caracterizar-se pelo aparecimento de células que se multiplicam
desordenadamente formando tumores na região do colo do útero. Esta neoplasia agride a parte
inferior do útero, ou seja, parte que fica no fundo da vagina, porção enriquecida por células
epiteliais (PINOTTI, BARROS, 2004).
O câncer de colo uterino acomete na maioria das vezes, os grupos com maior
vulnerabilidade social, onde se encontram as maiores barreiras de acesso à rede de serviços
para detecção e tratamento precoce da doença advinda de dificuldades econômicas e
geográficas, insuficiência de serviços e questões culturais, como medo e preconceito dos
companheiros (INCA, 2010).
Os principais fatores de risco para o aumento da incidência do câncer de colo uterino
são o número de parceiros, o início precoce da atividade sexual, o tabagismo, as doenças
sexualmente transmissíveis, uso de contraceptivos orais e a falta de alguns nutrientes na
alimentação. Também a idade da primeira gestação é relevante, pois, as puerperas que dão luz
com idade precoce estão mais sujeitas a desenvolverem esta doença do que as que têm idade
mais avançada à primeira gestação (BARACAT; LIMA, 2005).
6
As condições socioeconômicas das mulheres têm sido apontadas como um dos
fatores mais importantes a influenciar o comportamento preventivo feminino. Pesquisas
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demonstram que as mulheres que pertencem aos seguimentos de maior renda e com
maior escolaridade têm maior probabilidade de realizarem os exames preventivos.
Porém outros fatores podem contribuir para a adesão ou não das mulheres na realização
do exame preventivo, como a situação conjugal, número de filhos, a vida ocupacional,
terem ou não seguro de saúde, frequência de utilização dos serviços de saúde, residir na
área urbana ou rural, dentre outros (CÉSAR et al, 2003; OLIVEIRA et al, 2006;
NOVAIS; BRAGA; SCHOUT, 2006).
A realização do exame de prevenção do câncer cervicouterino, é um
procedimento
importante
de
detecção
precoce
de
lesões
pré-invasivas
e,
consequentemente instrumento essencial para a diminuição da morbimortalidade da
mulher (FERREIRA, 2009).
No Brasil a realização do exame citopatológico (CP), é a principal estratégia de
rastreamento preconizada pelo Ministério da Saúde. Aconselha-se que esse exame seja
feito anualmente em mulheres de 25 a 60 anos de idade e, após dois exames
consecutivos com diagnóstico dentro da normalidade, seja realizado novo exame a cada
três anos. Essa indicação baseia-se na observação da história natural da neoplasia, que
apresenta lenta progressão para a doença mais grave (INCA, 2009).
Além disso, embora esse método de rastreamento seja seguro, sensível e
disponível nas Unidades Básicas de Saúde, estima-se que cerca de 40% das mulheres
brasileiras nunca o tenham feito (CRUZ; LOUREIRO, 2008). Portanto, este estudo
justifica-se pela necessidade de conhecer os motivos de mulheres acima de 50 anos
nunca terem realizado o CP. Desta forma, espera-se mostrar a necessidade de
profissionais da saúde investirem em ações educativas, fazendo com que as mulheres
tenham uma melhor adesão ao exame de prevenção do câncer de colo uterino, reduzindo
assim a morbimortalidade causada pela doença.
Avaliando a importância do diagnóstico precoce para o tratamento da neoplasia
de colo de útero, busca-se com esta pesquisa ajudar na reorganização do serviço de
7
saúde. Aplicando condutas eficazes, as quais podem contribuir para a diminuição da
incidência desse câncer nas mulheres.
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O objetivo geral do trabalho foi verificar a percepção das mulheres acima de 50
anos que nunca realizaram o exame citopatológico de colo uterino em um município
do Vale do Taquari. Os objetivos específicos foram à caracterização dos sujeitos da
pesquisa quanto à idade, estado civil, escolaridade, profissão e número de filhos;
investigar os motivos pelos quais as mulheres nunca realizaram o exame
citopatológico de colo uterino; conhecer a percepção das mulheres sobre o exame
citopatológico e investigar se houve a abordagem do tema por profissional da saúde
com a mulher.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Características epidemiológicas do câncer de colo de útero
O câncer de colo de útero tem aproximadamente 500 mil novos casos por ano no
mundo, com taxas de incidência cerca de duas vezes mais altas em países em
desenvolvimento. É o segundo tumor mais comum entre as mulheres, responsável pelo
óbito de 230 mil mulheres/ano (INCA, 2009).
No Brasil, em 2011, foi esperado 18.430 mil novos casos, com um risco
estimado de 18 casos a cada 100 mil mulheres. Em 2007, esta neoplasia representou a
quarta causa de morte por câncer em mulheres (4.691 óbitos), com taxa de mortalidade
de 4,71 em 100 mil mulheres (INCA, 2010).
Segundo o INCA estimou- se diagnosticar 17.540 novos casos de câncer do colo
do útero no Brasil em 2012. Também chamado de cervical, esse tipo de tumor demora
muitos anos para se desenvolver, mas provoca 4.800 mortes anualmente e é o segundo
mais frequente na população feminina, ficando atrás apenas do câncer de mama.
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A maioria dos casos apresenta evolução lenta, havendo fases pré-clínicas tanto
detectáveis quanto curáveis, e o potencial de cura para o câncer de colo uterino chega a
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100% quando for diagnosticado e tratado em fases precursoras (INCA, 2009).
Os países em desenvolvimento são os que apresentam maiores índices de casos
novos, um número aproximado de 80%. Destaca-se ainda que, como nesses países os
casos são encontrados em estágios avançados, a média estimada apresenta índices
menores em relação aos países desenvolvidos, pois enquanto esta média varia de 59 a
60% em países desenvolvidos, nos países em desenvolvimento é estimada em 49%
(INCA, 2010).
Porém, apesar das estratégias serem utilizadas para a prevenção e o controle de
doenças e agravos não transmissíveis, ainda é um desafio para os países em
desenvolvimento a definição e implementação de estratégias efetivas (INCA, 2010).
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 15 milhões de
novos casos de câncer ocorrerão por ano no mundo a partir de 2020. Entretanto, o
conhecimento científico existente hoje é suficiente para reduzir este número
consideravelmente (NETO et al, 2001).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as estratégias para a
detecção precoce são o diagnóstico precoce (abordagem de pessoas com sinais e/ou
sintomas da doença) e o rastreamento (aplicação de um teste ou exame numa população
assintomática, aparentemente saudável, com objetivo de identificar lesões sugestivas de
câncer e encaminhá-la para investigação e tratamento (INCA, 2009).
2.2 Fisiopatologia do câncer de colo de útero
O útero é um órgão do aparelho reprodutor feminino que está situado no abdome
inferior, na parte anterior da bexiga e na parte posterior do reto e é dividido em corpo e
colo. Esta última parte é a porção inferior do útero e se localiza dentro da cavidade
vaginal (INCA, 2002).
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O colo do útero apresenta uma parte interna, que constitui o chamado canal
cervical ou endocérvice, que é revestida por uma camada única de células cilíndricas
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produtoras de muco (epitélio colunar simples). A parte externa, que mantém contato
com a vagina, é chamada de ectocérvice e é revestida por um tecido de várias camadas
de células planas (epitélio escamoso e estratificado). Entre esses dois epitélios encontrase a junção escamocolunar, que é uma linha que pode estar tanto na ecto como na
endocérvice, dependendo da situação hormonal da mulher (INCA, 2009).
Segundo Junqueira e Carneiro (1999, p. 376) “o útero saudável tem o formato de
uma pera, com uma porção dilatada – o corpo, cuja parte superior é o fundo do útero e
uma parte inferior cilíndrica que se abre na vagina, a cérvix ou o colo uterino”.O útero
tem cerca de 7,5 cm de comprimento e 5 cm de largura em sua parte superior. Suas
paredes têm cerca de 1,25 cm de espessura. O tamanho do órgão vária de acordo com a
paridade e anomalias uterinas, tais como fibroides um tipo de tumor que pode distorcer
o útero (SMELTZER; BARE, 1998).
Vários fatores de risco são identificados para o câncer de colo do útero e a
grande maioria deles está relacionada aos cuidados com a saúde e ao estilo de vida.
Consideram-se fatores de risco de câncer do colo do útero: multiplicidade de parceiros
sexuais e a história de infecções sexualmente transmitidas entre os parceiros,
multiparidade e a idade precoce na primeira relação sexual. Outros fatores, em estudos
epidemiológicos ainda não conclusivos, sugerem também o tabagismo, a alimentação
pobre em alguns micronutrientes e o uso de anticoncepcionais (CRUZ; LOUREIRO,
2008).
Com isso, evidenciou-se em vários trabalhos precário, (MEDEIROS et al, 2005)
a existência de fatores de risco para o câncer de colo uterino, como:
- Idade: o câncer de colo incide mais a partir dos 35 anos e o risco cresce
gradativamente até os 60 anos quando então tende diminuir. O carcinoma in
situ pode aparecer antes dos 35 anos.
- Estado civil: a frequência é acentuada entre as mulheres casadas (79%),
seguido das mulheres em outro estado civil (17%) e das solteiras (4%).
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- Vida sexual: pacientes com vida sexual ativa e que tiveram precoce início de
sua atividade sexual apresentam um maior risco, além do não uso frequente de
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preservativos.
- Paridade: a história obstétrica da paciente possui relevante papel na etiologia
do câncer de colo uterino. Quando primeiro parto ocorre antes dos 20 anos,
além de multiparidade e partos vaginais, há uma maior probabilidade do
desenvolvimento de câncer.
- Promiscuidade sexual: a incidência do câncer no colo uterino é mais elevada
entre as mulheres que exercem atividade sexual com múltiplos parceiros ou
quando a mulher é monogâmica, porém o parceiro não o é.
- Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST): muitas infecções do trato genital
inferior estão relacionadas com lesões malignas do colo uterino. Os vírus
Herpes Simples e Papilomavírus Humano são os que mais estão associados à
carcinogênese cervical, mas outros agentes como o Trichomonas vaginalis
também tem mostrado a sua participação neste processo.
- Nível socioeconômico: baixa condição socioeconômica contribui para uma
maior incidência do câncer de colo cervical, estando relacionado para este fato
o baixo padrão de higiene e o estado nutricional precário.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA) existe uma fase pré-clínica do
câncer do colo uterino que a mulher não apresenta sintomas. Por isso, muitas não
procuram ajuda no início da doença. Conforme a progressão da doença surge sintomas
como sangramento vaginal, corrimento e dor. Nos estágios mais avançados pode ocorrer
dor pélvica, alterações urinárias e intestinais (DUNCAN; SCHMIDT; GIUGLIANI,
2004; BARACAT; LIMA, 2005).
Desse modo, justifica-se a importância da detecção precoce do câncer uterino
em mulheres assintomáticas, pois permite a detecção de lesões precursoras da doença
em estágios iniciais, antes mesmo do aparecimento dos sintomas (CASARINI;
PICCOLI, 2008).
11
Segundo Baracat e Lima (2005) e Freitas e Menke (2006) a doença se propaga
de duas maneira: invasão direta onde o carcinoma propaga-se para a vagina e para o
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corpo do útero por continuidade e estende-se a diferentes estruturas vizinhas por
contiguidade e a invasão indireta onde ocorre pelos vasos linfáticos ou sanguíneos. A
via hematogênica é pouco comum, caracterizando moléstia avançada e propiciando o
surgimento de metástases (ósseas, hepáticas, pulmonares).
2.3 A importância da prevenção e do diagnóstico precoce para o câncer de colo
uterino
O câncer do colo do útero é o que apresenta um dos mais altos potenciais de
prevenção e cura, chegando perto de 100%, quando diagnosticado precocemente. O
diagnóstico é firmado pela histologia e quando ocorrerem situações discordantes entre
os métodos, os casos deverão ser revistos individualmente em discussão detalhada com
o citologista e o patologista (FREITAS; MENKE, 2006).
De acordo com Roberto Neto et al (2001) o conceito mais amplo de prevenção
significa reduzir a mortalidade causada por determinada doença. Na prática,
compreendem ações que evitam que ela ocorra e busque detectá-la antes que se
manifeste clinicamente e que reduzam os efeitos mórbidos quando a mesma já está
instalada.
A prevenção primária desse câncer refere-se à redução da exposição aos fatores
de risco. Nesse sentido, Duncan; Schmidt e Giugliani (2004) reforçam a importância da
informação sobre a periodicidade de avaliações clínicas, identificação da paciente de
risco e orientação sexual, desestímulo ao tabagismo, à multiplicidade de parceiros
sexuais, à gravidez precoce, estímulo ao uso de preservativo, educação para métodos
contraceptivos e suplementação de folato em usuárias a longo tempo de
anticoncepcionais orais.
Quando as pacientes apresentarem resultados citopatológicos sugerindo lesão de
baixo ou alto grau, devem ser submetidas a procedimentos adicionais de diagnósticos
(INCA, 2011). O tratamento das lesões precursoras do câncer do colo do útero é
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individualizado para cada caso. Varia desde o simples acompanhamento cuidadoso, a
diversas técnicas, incluindo a crioterapia e a biópsia com laser, a histerectomia e,
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também, a radioterapia. As modalidades terapêuticas que preservam a função
reprodutiva e que minimizam a morbidade constituem o principal objetivo da
colposcopia, que com o resultado do estudo histopatológico designa-se o tratamento
completo (INCA, 2002).
Todo o tratamento deve ser avaliado e orientado por um médico. O tipo de
tratamento dependerá do estadiamento da doença, tamanho do tumor e fatores pessoais,
como idade e desejo de ter filhos (INCA, 2002). Conforme o Instituto Nacional do
Câncer (2010) o tratamento apropriado das lesões precursoras (lesões intraepiteliais
escamosas de alto grau na citologia, neoplasias intraepiteliais cervicais 2 e 3 na
histologia e adenocarcinoma in situ) é meta prioritária para a redução da incidência e
mortalidade pelo câncer do colo uterino.
Para que haja um bom trabalho de prevenção do câncer do colo do útero, além
de programas de rastreamento, capacitação de recursos humanos, organização de
recursos materiais e físicos, também é importante que ocorra divulgações de
informações prévias para a população, nas diversas camadas sociais (OLIVEIRA;
PINTO, 2007).
2.4 A enfermagem e a coleta de exame citopatológico de colo uterino
Normalmente a coleta do exame citopatológico de colo uterino não é doloroso,
mas um desconforto variável pode acontecer, de acordo com a sensibilidade individual
de cada paciente. As mulheres devem ter sido previamente orientadas a não terem
relações sexuais ou fazerem uso de duchas, medicamentos ou exames intravaginais
(como por exemplo, a ultrassonografia) durante as 48 horas que precedem o exame. O
exame deve ser realizado fora do período menstrual, pois o sangue dificulta a leitura da
lâmina, podendo até tornar o esfregaço inadequado para o diagnóstico citopatológico.
Isto não quer dizer que, diante de um sangramento anormal, a coleta não possa ser
realizada em algumas situações particulares (INCA, 2002).
13
Antes da coleta do exame citopatológico de colo uterino a enfermeira faz a
anamnese e o exame físico e logo depois coleta o exame papanicolau (CARVALHO,
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1996). É uma técnica de coleta de material citológico do colo do útero, sendo coletada
uma amostra da parte externa, ectocérvice, e outra da parte interna, endocérvice. Para a
coleta do material, é introduzido um espéculo vaginal e procede-se à escamação ou
esfoliação da superfície externa e interna do colo por meio de uma espátula de madeira
e de uma escovinha endocervical (INCA, 2002).
As falhas que ocorrem em relação ao exame são devido ao tamanho reduzido da
lesão, lesão em local inacessível, presença de poucas células anormais na lâmina,
presença de inflamação ou sangue impedindo a visibilização e diferença de
interpretação da leitura entre os observadores (BARACAT; LIMA, 2005). A
periodicidade do exame citopatológico a ser adotada nos programas de rastreamento do
câncer do colo do útero será de três anos, após a obtenção de dois resultados negativos
com intervalo de um ano (INCA, 2002).
Quando o resultado do exame do citopatológico do colo uterino apresentar
alterações como células cervicais anormais ou presença do vírus Papilomavírus humano
(HPV), recomenda-se que repita o exame a cada seis meses. Caso o resultado continue
alterado após passado os 6 meses, a mulher deve ser encaminhada para a colposcopia
(BRASIL, 2002).
2.5 Promoção à saúde da mulher
A mulher deve ter incentivo a adotar hábitos saudáveis de vida, ou seja, estímulo
à exposição aos fatores de proteção. Ações que podem ajudar na prevenção de várias
doenças, inclusive do câncer: uma alimentação saudável pode reduzir as chances de
câncer em pelo menos 40%,atividade física regular, qualquer atividade que movimente
seu corpo, evitar ou limitar a ingestão de bebidas alcoólicas e uso de cigarro (BRASIL,
2002).
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (2002) nas áreas de promoção a saúde,
com ações efetivas irá conseguir um melhor controle do câncer. Considerando que a
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educação das pessoas é o eixo no qual se apoiam a essas ações. Devemos analisar as
mudanças nas condições de vida, hábitos e costumes, que essas alterações trazem com o
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aumento na expectativa de vida válido a definições da exposição da população a fatores
ambientais de risco e sendo susceptíveis a modificações.
É necessário haver um maior acesso aos serviços de saúde, com menos
dificuldades, oferecendo informações que sejam claras, sólidas e culturalmente
apropriadas para o conhecimento da população. Havendo assim um melhor controle do
câncer de colo do útero, mediante ações intersetorais, promovendo melhorias que
elevam o nível escolar e as condições de renda da população, qualificando o Sistema
Único de Saúde. Assim as informações passadas para a população devem ser claras,
consistentes e culturalmente apropriadas (INCA 2002).
Conforme informações de Duncan; Schimidt; Giugliani (2004) os cuidados de
prevenção primária devem ter informações sobre a importância de avaliação clinica
periódica, identificando a paciente de risco e lhe fornecendo orientação sobre a
sexualidade. Como cuidado secundário deverá ter como objetivo atenção na detecção ao
diagnóstico e ao tratamento a lesões.
15
3 METODOLOGIA
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O tipo de pesquisa desenvolvido foi exploratório-descritivo com abordagem
qualitativa. Segundo Leopardi, Beck e Nietsche (2002) pesquisas de campo são
realizadas em locais de convívio sociais como hospitais, clínicas, postos de saúde,
escolas, etc. O mesmo autor comenta que os problemas são observados a partir do
cenário onde ocorre à situação sem que haja alguma ligação ou interferência com o
pesquisador.
A pesquisa exploratória, segundo Leopardi, Beck e Nietsche (2002) permite ao
investigador aumentar sua experiência em torno de um determinado problema. Consiste
em explorar tipicamente a primeira aproximação de um tema e visa criar maior
familiaridade em relação a um fato ou fenômeno.
As pesquisas exploratórias têm como objetivo permitir uma visão geral
aproximativa acerca de um fato e a pesquisa descritiva tem como objetivo descrever as
características de uma população ou fenômeno (GIL, 1999).
Conforme Minayo (1999) a fonte de dados da pesquisa qualitativa é o ambiente
natural onde se valoriza o processo e não apenas o resultado. Leopardi; Beck; Nietsche
(2002) complementam que o interesse da pesquisa está em mostrar que qualidade ela
apresenta.
O campo de estudo foi à zona urbana de um município do interior do Rio Grande
do Sul, com uma população de 4.141 habitantes, sendo na zona urbana 1.583 habitantes.
(IBGE, 2010). A zona urbana do município conta com duas Estratégias de Saúde da
Família (ESF), cada uma possui uma equipe multiprofissional com três médicos clinico
geral, duas enfermeiras, três técnicas de enfermagem, três auxiliares administrativos,
dois dentistas, duas auxiliares de consultório dentário, um fisioterapeuta e duas
auxiliares de limpeza. E conta com uma unidade hospitalar com 28 leitos, sendo esses
para clinica médica, cirúrgica, obstétrica e pediátrica.
Os sujeitos desta pesquisa foram mulheres acima de 50 anos que nunca
realizaram o exame citopatológico de colo uterino, que possuíam nível de consciência
preservado, mantinham diálogo em idioma português e que participavam do grupo de
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hipertensos e diabéticos do município. Foram excluídas da pesquisa mulheres que
realizaram o exame e as que não assinarem o Termo de Consentimento Livre e
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Esclarecido (TCLE) (Apêndice B). O número dos sujeitos entrevistados para o estudo
foi definido a partir da saturação dos dados obtidos, sendo de 12 participantes.
O convite para participação na pesquisa ocorreu na ESF, durante o grupo de
hipertensos e diabéticos, onde foi explicado o objetivo do trabalho e o roteiro da
entrevista. A entrevista foi realizada no domicilio, esta foi agendada e realizada
conforme a disponibilidade das participantes, com tempo médio de entrevista de 30
minutos. O instrumento utilizado para coletar os dados da pesquisa (Apêndice A), foi
elaborado pela pesquisadora, contem cinco perguntas para caracterização dos sujeitos da
pesquisa e três perguntas norteadoras que respondem aos objetivos propostos neste
estudo.
Segundo Polit, Beck e Hungler (2004), nas questões abertas o sujeito
entrevistado pode responder as questões com suas próprias palavras, diferente das
questões fechadas onde há somente alternativas de respostas especificas.
A análise dos dados para caracterização dos sujeitos foi feita por frequência, e os
dados das questões norteadoras foram interpretados através da análise de conteúdo de
Bardin (1977), este que a classifica em três fases: a primeira fase a pré-análise, que
consiste na organização do material coletado, os definindo por categorias. A exploração
de material é segunda fase, onde o pesquisador deve ler atentamente o material,
considerando as categorias definidas. A última fase consiste no tratamento dos
resultados obtidos e na interpretação, requerendo fundamentação teórica.
Conforme a Resolução 196/96 a pesquisa teve o Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (TCLE). Aos sujeitos da pesquisa foram explicados os objetivos e a
metodologia da pesquisa, e após seu consentimento de participação na pesquisa
assinaram o TCLE em duas vias. Sendo que uma via foi entregue a cada entrevistada e a
outra via ficou com a pesquisadora.
A pesquisa foi aprovada pelo secretário municipal da saúde, foi mantido o sigilo
dos sujeitos que participaram através da não divulgação de seus nomes ou outras
informações que possam identificá-los, foram utilizados pseudônimos na transcrição das
17
falas da pesquisa. Como também foi assegurado aos participantes o direito de
interromper a participação em qualquer etapa da pesquisa, sem nenhuma penalização ou
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prejuízo.
4 ANÁLISE DE DADOS
Na análise da caracterização dos sujeitos da pesquisa em relação aos dados
sociodemográficos, a faixa etária entre 84 e 87 anos foi de 50%, entre 70 e 75 anos foi
de 41,7%, e com 69 anos foi de 8,3%. Quanto à situação conjugal, 58,3% das mulheres
relataram estarem solteiras e 41,7% viúvas. Em relação ao nível de escolaridade, 75%
das mulheres frequentaram a escola até o ensino fundamental e 25% relataram serem
analfabetas. Quanto à profissão, todas as aposentadas são agricultoras. Em relação ao
número de filhos, 50% não tiveram filhos, 16,7% teve um filho, 8,3% teve cinco filhos,
8,3% tiveram sete filhos e 8,3% tiveram dez filhos.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (2009) estudos apontam que o
baixo nível de instrução das mulheres afeta o comprometimento e o cuidado com a
própria saúde, contribuindo para torná-las mais vulneráveis às enfermidades. Conforme
Davim et al (2005) , essas mulheres estão expostas a um maior risco, por utilizarem com
menor frequência os serviços que visam à promoção da saúde e à prevenção de doenças.
No que diz respeito à categoria profissional 100% das mulheres entrevistadas
eram aposentadas como agricultoras. Pesquisas revelam que os trabalhadores com
vínculo empregatício precário tendem a não perceber seus problemas de saúde, ou
mesmo minimizar seus efeitos (IRIART et al, 2008).
Estudos apontam associação entre o câncer de colo uterino e o baixo nível
socioeconômico, sendo que os grupos mais vulneráveis estão onde existem barreiras de
acesso à rede de serviços de saúde, para detecção e tratamento da patologia e de suas
lesões precursoras (CASARIN; PICOLLI, 2011).
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Em relação à análise de conteúdo das entrevistas, foram construídas três
categorias, que são: realização do exame preventivo de colo uterino, entendimento das
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mulheres sobre a importância do exame citopatológico de colo uterino, e a importância
da equipe de saúde para a realização do exame preventivo.
1ª Categoria - Realização do exame preventivo de colo uterino.
Na categoria sobre a realização do exame preventivo de colo uterino a maioria
das mulheres relataram não realizar o exame preventivo em nenhum momento da vida
por não terem queixas ou sintomas, conforme as seguintes falas.
Porque eu me sentia bem, achei que estava bom assim. (E1)
[...] Nunca senti dor diferente. (E4)
Porque achei que não precisava, me sentia bem. (E6)
Porque nunca senti nada, achei que não precisava. (E8)
Conforme estudos de Maeda et al (2004) ficou evidenciado o desconhecimento
como barreira a não realização do exame preventivo. Além disso, é fundamental relatar
que a procura pelo exame, muitas vezes, ocorre apenas na presença de sinais e ou
sintomas pelas mulheres, o que de certa forma caracteriza desconhecimento da principal
finalidade do exame Papanicolau, como preventivo de câncer de colo de útero.
Segundo o Ministério da Saúde (2006), toda mulher que tem ou já teve vida
sexual deve submeter-se ao exame preventivo periódico, especialmente as que têm entre
25 e 59 anos. Inicialmente, o exame deve ser feito anualmente. Após dois exames
seguidos (com um intervalo de um ano) apresentando resultado normal, o preventivo
pode passar a ser feito a cada três anos.
19
A responsabilidade que a mulher assume para manutenção de sua condição de
saúde, a importância que atribui a comportamentos saudáveis e ações preventivas, a
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maneira como vivencia uma situação de doença, suas expectativas quanto à resolução
do problema, experiências anteriores e conhecimento relativo ao problema, podem
influenciar no seu comportamento em relação à saúde (FUGITA; GUALDA, 2006).
Para que haja uma mudança na conduta efetiva, as pessoas precisam conhecer
melhor sua própria condição de saúde e, a partir disso, poder se autoanalisar,
identificando possíveis soluções e optando as que lhes parecer mais convenientes,
transformando-se assim em agentes preocupados em promover seu próprio
desenvolvimento (RICE; CANDEIAS, 1989).
Porém Lima, Palmeira e Cipolotti (2006) refere que não é fácil mudar aspectos
do estilo de vida de uma população, principalmente em meio à pobreza e à educação
deficiente. É importante considerar o ambiente em que a mulher vive e a situação social
no qual está inserida, pois ainda são muitos tabus, preconceitos e distorções transmitidas
que funcionam como barreiras na atenção precoce dessa patologia.
Com relação à realização do exame preventivo, algumas mulheres relataram não
terem realizado o exame alguns anos atrás pela dificuldade de acesso ao serviço de
saúde, e por que não tiveram orientações da equipe de saúde, deixando assim de realizar
o exame.
Ninguém disse pra fazer, aonde vou procurar (E2)
[...] naquele tempo ninguém falava. (E3)
Porque nunca me disseram pra fazer, se adiantava eu também podia ter
feito [...] (E4)
[...] fui várias vezes no médico nunca mandou fazer. (E10)
Segundo Torres e Brito (2006) cabe ao profissional de saúde a educação da
população feminina relacionada à conscientização da importância do exame
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citopatológico. Conforme Pinelli (2002) a prevenção do câncer de colo uterino deve
abranger um conjunto de ações educativas com a finalidade de atingir grande parte das
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mulheres de risco, além da realização do Papanicolaou. Através de programas de
prevenção clínica e educativa há esclarecimentos sobre como prevenir a doença, sobre
as vantagens do diagnóstico precoce, as possibilidades de cura, sobre o prognóstico e a
qualidade de vida não só para esse tipo de câncer, como para os demais.
É fundamental que os serviços de saúde orientem o que é e qual a importância
do exame preventivo, pois a sua realização periódica permite reduzir a mortalidade por
câncer do colo do útero na população de risco (INCA, 2002).
As razões para muitas mulheres não procurarem a realização do exame
papanicolau ocorre pela dificuldade de acesso ao serviço de saúde, pelo exame que
envolve a exposição do corpo (genitália), motivos de desconforto emocional e também
as condições socioeconômicas e falta de conhecimento sobre a patologia.
(FERNANDES et al, 2009).
2ª Categoria - Entendimento das mulheres sobre a importância do exame
citopatológico do colo uterino
Quanto ao entendimento sobre a importância do exame citopatológico, algumas
mulheres relataram conhecer a finalidade e a importância do mesmo, referindo sobre a
prevenção do câncer de colo uterino e outras patologias.
É pra ver se tem câncer. (E 3)
Para evitar prevenir o câncer. (E 6)
Serve para prevenir o câncer. (E 7)
Fica claro para as mulheres que o câncer pode trazer uma grave consequência,
principalmente quando não tratado (BRASIL, 2006). Porém, o conhecimento sobre a
21
importância do exame não é suficiente para oferecer condutas saudáveis. É preciso
desenvolver nelas a capacidade de pensar por si próprias e enfrentar a vida com mais
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determinação quanto ao autocuidado (RIO GRANDE DO SUL, 2003).
Destaca-se através das falas abaixo, que algumas mulheres relacionam a
importância do exame citopatológico com a detecção de patologias.
Evitar o câncer se tiver algum problema faz tratamento. (E 8)
Pra ver se tem doenças. (E 12)
Davim e colaboradores (2005) em seu estudo apontam que a mulher, na maioria
das vezes, percebe o exame preventivo como um instrumento de diagnóstico, não o
incorporando na rotina preventiva, ressaltando, assim, a importância do entendimento
dos profissionais de saúde, de que o exame não envolve apenas a vontade de quem o
realiza, mas a sua importância.
Conforme Lima; Palmeira; Cipolotti (2006) existe relação entre o câncer do colo
uterino e os hábitos sexuais como a promiscuidade, o início da atividade sexual e as
infecções ginecológicas repetidas, possibilitando a identificação do HPV como agente
causal das alterações que levam ao carcinoma de colo uterino.
No campo da prevenção primária, a UBS tem importante papel na identificação
de grupos de mulheres que tem perfil de risco para desenvolver o câncer cérvico-uterino
e praticar ações de intervenção no meio ambiente e em seus fatores de risco (NARCHI;
JANICAS; FERNANDES, 2007).
22
3ª Categoria - A importância da equipe de saúde para realização do exame
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preventivo de colo uterino
Conforme as entrevistadas a equipe de saúde tem papel fundamental na
orientação, nas ações de prevenção e captação das mulheres para a realização do exame
preventivo de colo uterino, percebe-se que o agente comunitário de saúde e o
enfermeiro são os profissionais mais atuantes na captação das mulheres, mas mesmo
com as orientações, estas mulheres não realizaram o exame citopatológico.
Agente de saúde, disse que era pra fazer que era necessário. (E1])
Agente de saúde. (E5)
[...] nos encontros da terceira idade, as enfermeiras explicam para fazer
esse exame [...] (E6)
Me pediram umas quantas vezes pra fazer,as agentes de saúde.(E 11)
[...] a enfermeira falava pra fazer no grupo. (E 12)
O profissional enfermeiro deve estar preparado para assumir a responsabilidade
de fazer programas de orientação educativa e também coletar o exame de Papanicolaou,
destacando que haja prevenção no território contra este e os demais tipos de câncer
(INCA,2010).
Segundo Ferreira et al (2007) o enfermeiro ou qualquer profissional de saúde
deve elaborar programas de prevenção, onde deverão seguir os cinco princípios
norteados: identificação da população de risco; busca ativa; detecção (diagnóstico
precoce) e implementação de tratamento. Segundo Brito; Nery; Torres (2007) cabe ao
profissional de saúde a educação da população feminina relacionada à conscientização
da importância do exame citopatológico.
23
O bom relacionamento entre o profissional de saúde e o cliente favorece uma
maior interação, o que dá margens para que as informações necessárias ao diálogo
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sejam verdadeiras e mais esclarecedoras, e ainda minimizar outros sentimentos temidos
durante a realização do exame como dor, medo, vergonha e ansiedade (INCA, 1994).
A quebra de preconceitos, a redução do medo da doença e a importância de
todas as etapas do processo de prevenção do câncer de colo do útero são atividades que
devem ser desenvolvidas pelo profissional de saúde no momento da realização da
citologia oncótica (BRITO; NERY; TORRES, 2007).
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (1994) é possível por meios de ações
individuais ou coletivas, os agentes comunitários de saúde realizar atividades de
prevenção de doenças e promoção da saúde sob a supervisão do profissional de saúde.
Conforme a fala abaixo a realização do procedimento cirúrgico histerectomia
com preservação do colo uterino, faz com que as mesmas não procurem a unidade de
saúde para a realização do exame.
[...] nunca quis fazer porque eu tirei o útero [...] (E 12)
Segundo (INCA, 2002) mulheres submetidas à histerectomia total recomenda-se
a coleta de esfregaço de cúpula vaginal. Na histerectomia subtotal a rotina de coleta
deve ser a habitual.
Mulheres que fizeram histerectomia também precisam fazer o exame
citopatológico de colo uterino se a cirurgia tiver removido apenas o útero, mas não o
colo do útero. Por outro lado, mulheres cujo procedimento aplicado foi a histerectomia
total podem deixar de fazer o teste de Papanicolau, já que também o colo do útero foi
removido. Ainda assim, mesmo nestes casos, todas as mulheres devem realizar um
exame pélvico em regime anual (INCA, 2002).
24
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dentre todos os tipos de câncer, o câncer de colo uterino é o que apresenta um
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dos mais altos potenciais de prevenção e cura, chegando a perto de 100%, quando
diagnosticado precocemente e podendo ser tratado em nível ambulatorial em cerca de
80% dos casos.
A detecção precoce do câncer do colo do útero em mulheres assintomáticas e
rastreamento por meio do exame citopatológico Papanicolau, permite a detecção das
lesões precursoras e da doença em estágios iniciais, antes mesmo do aparecimento dos
sintomas (BRASIL, 2002).
Este trabalho procurou conhecer a percepção das mulheres acima de cinquenta
anos que nunca realizaram o exame citopatológico de colo uterino e, com isso, apontar
medidas que contribuam para melhorar a atenção da enfermagem, adesão ao exame,
diagnóstico e tratamento precoce.
Os principais resultados mostram que as mulheres não procuraram em nenhum
momento da vida realizar o exame preventivo de colo uterino devido à falta de queixas
ou sintomas. Destaca-se a dificuldade de acesso ao serviço de saúde e falta de
orientações adequadas há alguns anos atrás, implicando assim na não realização do
exame.
Quanto ao entendimento das mulheres sobre a importância do exame
citopatológico de colo uterino, a maioria relatou saber a finalidade do mesmo, referindo
sobre a prevenção do câncer de colo uterino e outras patologias ginecológicas. E
também das maneiras de tratar quando detectado precocemente.
Conforme as entrevistadas a equipe de saúde tem papel fundamental na
orientação, nas ações de prevenção e captação das mulheres para a realização do exame
preventivo de colo uterino, destacando o agente comunitário de saúde e o enfermeiro,
mas mesmo com as orientações, estas mulheres não realizaram o exame, também as
submetidas ao procedimento cirúrgico histerectomia relataram que não havia mais
necessidade de realizar o exame.
25
Algumas estratégias podem servir como a estimulação das mulheres para uma
participação ativa em relação à saúde, orientação adequadas, esclarecimento de dúvidas,
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ações educativas, reduzindo assim os fatores de risco, promovendo troca de
conhecimento e maior adesão ao exame preventivo.
Também, fica evidente que ocorra maior interação entre profissional e usuária
para que as mesmas não percam a responsabilidade com a sua saúde, destacando a
redução de morbimortalidade quando a doença é diagnosticada precocemente, com isso
tendo uma vida mais saudável.
Em relação ao profissional de saúde, para que ele seja apto a atuar, tenha uma
boa interação com as mulheres e exerça seu papel de educador, é essencial que receba
constante incentivo e capacitação. O profissional engajado em suas atividades e que
acredita em mudanças positivas será um agente transformador e efetivamente propiciará
a prevenção de doenças, promovendo a saúde.
O enfermeiro capacitado pode e deve atuar junto à equipe multiprofissional e ser
um elo entre a população e o serviço de saúde. Porém, é necessária uma atuação
diferenciada dos profissionais da saúde com as mulheres em relação ao exame de
prevenção. Uma ação com envolvimento, com respeito à sua intimidade, à sua
privacidade, a escuta ativa, ao seu direito de conhecer e de poder dialogar sobre seu
processo saúde-doença, fazendo com que o paciente e o profissional tenham um bom
vínculo.
26
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30
APÊNDICE A - Roteiro de Entrevista Estruturada
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UNIVATES
CURSO DE ENFERMAGEM
ACADÊMICA: TALISE ZANOTELLI
Monografia:
A
PERCEPÇÃO
DE
MULHERES
SOBRE
O
EXAME
CITOPATOLÓGICO
1 Caracterização das pesquisadas:
1.1 Idade _______
1.2 Estado civil: _________________
1.3 Nível de escolaridade: Não alfabetizada ( ) Fundamental ( ) Médio ( ) Superior ( )
1.4 Profissão:_________________
1.5 Número de filhos: __________
2 Questões sobre o exame de colo uterino:
2.1 Por que você nunca realizou o exame Papanicolau?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
31
2.2 O que você acha do exame Papanicolau? Por quê?
BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu)
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
2.3
Você já teve alguma orientação da equipe sobre a realização do exame
Papanicolau? Qual? Quem?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
32
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APÊNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Tendo em vista a necessidade da realização do trabalho de conclusão de curso de
Graduação em Enfermagem intitulado “A percepção das mulheres sobre o exame
citopatológico de colo uterino”, este estudo se propõe a verificar a percepção das
mulheres que nunca realizaram o exame citopatológico de colo uterino em um ESF,
buscando identificar os motivos por não realizarem, buscando, assim, apontar medidas
que contribuam para uma melhorar adesão ao exame.
Considerando a importância do diagnóstico precoce o do tratamento para a
neoplasia de colo do útero, busca-se com essa pesquisa ajudar na reestruturação do
serviço de saúde, permitindo a adoção de condutas eficazes, as quais podem contribuir
para que reduza a incidência desse câncer nas mulheres.
A coleta de dados será por meio de uma entrevista, agendada previamente
conforme a disponibilidade das participantes, sendo que estas necessitarão dispor de
tempo, em torno de 30 minutos, para responder as perguntas.
Fui igualmente informado:
- Da garantia de receber resposta a qualquer pergunta ou esclarecimento a
qualquer dúvida a cerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros
assuntos relacionados a pesquisa;
- Da liberdade de retirar meu consentimento, a qualquer momento, e deixar de
participar do estudo, sem que isto traga prejuízo à continuação do meu
trabalho e tratamento;
- Da garantia que não serei identificado quanto à divulgação dos resultados e
que as informações obtidas serão utilizadas apenas para fins científicos
vinculados ao presente projeto de pesquisa.
33
Pelo presente Termo de consentimento Livre e Esclarecido, declaro que autorizo
a minha participação neste projeto de pesquisa, pois fui informada de forma clara e
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detalhada, livre de qualquer forma de constrangimento e coerção, dos objetivos, das
justificativas, dos procedimentos que serei submetido, não contendo riscos, apenas o
desconforto do tempo disponibilizado para participar da pesquisa.
Esta pesquisa é orientada pela professora Ioná Carreno, vinculado a
UNIVATES,sendo que os dados serão coletados pela acadêmica Talise Zanotelli do
curso de enfermagem da UNIVATES, cujo telefone para contato é (51) 96154165.
O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido será redigido em duas vias,
sendo que uma ficará com o sujeito da pesquisa e a outra com o pesquisador
responsável pela coleta de dados.
_________________________
_________________________
Nome do Pesquisador
Nome do Entrevistado
Lajeado, _______de__________________2013
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