IEP - INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA – SANTA CASA BH Mestrado Profissional de Educação em Diabetes Débora Bohnen Guimarães ESTRATÉGIA EDUCACIONAL PARA AUMENTAR A ADERÊNCIA A PRESCRIÇÃO ALIMENTAR SAUDÁVEL PARA DIABÉTICOS TIPO 1 EM CONTAGEM DE CARBOIDRATOS Belo Horizonte, 2013 IEP - INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA – SANTA CASA BH Mestrado Profissional de Educação em Diabetes Débora Bohnen Guimarães ESTRATÉGIA EDUCACIONAL PARA AUMENTAR A ADERÊNCIA A PRESCRIÇÃO ALIMENTAR SAUDÁVEL PARA DIABÉTICOS TIPO 1 EM CONTAGEM DE CARBOIDRATOS Dissertação apresentada ao programa de pós-graduação do Instituto de Ensino e Pesquisa – IEP do Grupo Santa Casa de Belo Horizonte, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Educação em Diabetes. Orientação: Profa. Dra. Janice Sepulveda Reis Coorientação: Profa. Dra. Marcella Lobato Dias Consoli Belo Horizonte, 2013 G963e Guimarães, Débora Bohnen Estratégia educacional para aumentar a aderência alimentar saudável para diabéticos tipo 1 em contagem de carboidratos./ Débora Guimarães Bohnen – Belo Horizonte, 2013. 59f. Orientadora: Profa. Janice Sepúlveda Reis. Dissertação para Mestre em Educação em Diabetes Bibliografia: f. 43-50 1.Diabetes 2.Prescrição Alimentar Diabetes 3.Carboidratos I.Título. CDD:16.462 Dedico esse trabalho aos meus queridos pacientes com Diabetes tipo 1, que lutam diariamente com dedicação na melhora do controle glicêmico, passando pelas constantes dificuldades do dia a dia cada vez mais corrido. Pacientes esses que mesmo em meio a essa selva de sobrevivência que é a vida social e econômica, estão sempre buscando, paralelamente, autocuidado e orientações precisas para uma melhor qualidade de vida, assumindo o diabetes como uma busca para a vida saudável. AGRADECIMENTOS À Professora Dra. Janice Sepúlveda Reis, minha orientadora, pela parceria para o nascimento dessa obra. Primeiramente pelo incentivo em fazer o mestrado, por desenvolver e coordenar um curso tão importante para os diabéticos e profissionais de saúde que lidam com esse público, e por ter viabilizado um mestrado na área principal de minha atuação, fechando completamente minhas expectativas para a evolução da minha carreira. Agradeço também pela disponibilidade, orientação precisa, amizade, cuidado e atenção; À Professora Dra. Marcella Lobato Dias Consoli, minha coorientadora e grande amiga da área de nutrição. Agradeço pela orientação com jeito doce, sensato, calmo e principalmente pelo incentivo constante, sempre delimitando os pontos fortes e importantes de meu trabalho; A todos os pacientes que participaram deste trabalho, sem os quais nada disso seria possível. Agradeço a disponibilidade de participação aos encontros e avaliações, pelo valor que deram ao projeto para tentativa de melhorias em seu autocuidado; Aos amigos e companheiros de mestrado e do ambulatório de Diabetes da Santa Casa de Belo Horizonte, Beatriz Diniz Gabriel, Marina Moreno Wardi, William Valadares Campos Pereira, Cristiane Duarte Vieira, Paula Lamego Lourenço, Sônia Maria do Carmo Maulais, e Marina Mendes Nogueira Rodrigues, que dividem esse sonho de levar educação em diabetes ao público, e que com a convivência em todas as quintas feiras, participaram muito dos momentos de construção, de dúvidas e discussões para a confecção desse trabalho. Obrigada pela valiosa amizade; Aos colegas de turma do mestrado, que com grande humor e satisfação pelo curso, fizeram da convivência em sala de aula e dos aprendizados em diabetes momentos incríveis, a ponto de criarmos ansiedade para cada dia de aula; Aos professores e funcionários do programa de pós graduação da Santa Casa, que com grande energia, simpatia, inteligência e didática, ensinaram conteúdos tão importantes para minha formação profissional; Ao Dr. Rodrigo Nunes Lamounier pela parceria, amizade, troca de experiências, ajuda em atualizações que são essenciais na evolução da minha carreira como nutricionista especialista em Diabetes, e principalmente pela disponibilização do local e de recursos materiais para a aplicação do projeto de educação; Aos amigos do CDBH, principalmente a enfermeira e gerente Glauciane Mendes, e às secretárias Alessandra Chaves e Lúcia Helena Moreira, pela amizade que demonstraram na imensa ajuda desprendida para que o projeto de educação fosse um sucesso, como de fato foi. Obrigada queridas; Aos amigos de trabalho do laboratório Novo Nordisk, pela amizade e incentivo constante na área de educação em diabetes, principalmente em nome da gerente regional Mariane Silva Hosken, que conseguiu minha liberação do trabalho em horários comerciais das sextas feiras para algumas disciplinas no mestrado; Aos meus amados pais, Elizabeth Bohnen Guimarães e Hildeber Baeta Guimarães, exemplos de vida e renúncia, de amor por mim e por minha irmã. O amor de vocês me protege de tal forma que sinto amparo e segurança em tudo que me proponho a fazer por saber que tenho sempre o apoio, força e incentivo de vocês. À minha irmã Juliana Bohnen Guimarães, que não apenas me demonstra amor, apoio, amizade, união familiar com sua constante presença mesmo após seu casamento, mas também porque fez importantes contribuições para esse trabalho, em discussões e análises por sua formação acadêmica de doutorado na área da saúde. A meu namorado, Sadao Leal Okumura, um homem encantador que me acompanha desde o início dessa jornada no mestrado, que demonstra a cada dia seu amor e orgulho, valorizando cada momento, inclusive os de renúncia a passeios e encontros de amigos, para viabilização do término dessa obra. Ao meu cunhado, Luíz Alexandre Medrado de Barcellos, que me incentiva sempre na profissão e vida acadêmica juntamente com minha irmã; A todos aqueles que contribuíram de alguma forma para conclusão deste trabalho; E finalmente, a Deus, por me ajudar a vencer mais esse desafio, por me possibilitar trabalhar no que mais gosto, por me manter de pé, com saúde e ânimo, e por permitir, de alguma forma, ser um tipo de exemplo de aceitação e boa lida com o Diabetes. “A educação em diabetes não é somente parte do tratamento do diabetes, ela é o próprio tratamento”. Elliot Joslin “A educação é um processo contínuo para a libertação dos seres humanos”. Paulo Freire RESUMO A contagem de carboidratos, terapia nutricional de escolha no diabetes tipo 1, permite maior flexibilidade nas escolhas alimentares. Observa-se com frequência uma mudança na qualidade do cardápio, com aumento da ingestão de alimentos com alto teor de açúcar, proteínas e gorduras, podendo ocasionar o ganho de peso e piora do perfil lipídico. Objetivo: Desenvolver e avaliar a efetividade de um programa de educação nutricional em diabetes focado na aderência ao plano alimentar saudável e na contagem de carboidratos em portadores de diabetes tipo 1 (DM1). Métodos: 16 pacientes com DM1 em contagem de carboidratos foram submetidos a um programa de educação nutricional em diabetes e reavaliados em 1 e 3 meses. Foram analisados os exames antropométricos, bioquímicos, dose total de insulina, aderência alimentar ao plano saudável e qualidade de vida. Resultados: Foram demonstrados aumento da aderência ao plano alimentar saudável, com diminuição significativa de ingestão calórica (p 0.008), de carboidratos (p 0.001) e de lipídeos na dieta (p 0.04), além de melhora na escala de qualidade de vida (p 0.001) entre os tempos antes, 1 e 3 meses do projeto. Quanto à avaliação das variáveis categóricas do questionário de alimentação saudável e controle do diabetes, obtevese melhora em hábitos de vida como ingestão de frutas, de alimentos com açúcar ou doces, menor frequência de alimentação em fast foods, melhora da leitura global dos rótulos nutricionais e correto tratamento de hipoglicemia com 15g de carboidratos. Não foram observadas diferenças no peso, índice de massa corporal, circunferência abdominal e exames bioquímicos. Conclusão: Esse estudo demonstrou que um programa de educação nutricional em diabetes, em grupo, para pacientes DM1 em contagem de carboidratos, foi eficaz em aumentar a aderência ao plano alimentar saudável e melhorar os índices de qualidade de vida. ABSTRACT Carbohydrate counting, nutritional therapy of choice in type 1 diabetes, allows greater flexibility in food choices. It is observed frequently a change in the quality of the menu, with increased intake of foods high in sugar, proteins and fats, which can cause weight gain and worsening of lipid profile. Objective: To develop and evaluate the effectiveness of a nutrition education program in diabetes focused on adherence to healthy eating plan and count carbohydrates in patients with type 1 diabetes (DM1). Methods: 16 patients with DM1 in carbohydrate counting underwent a nutrition education program on diabetes and reassessed at 1 and 3 months. Tests were analyzed anthropometric, biochemical, total insulin dose, adherence to plan healthy food and quality of life. Results: We demonstrated increased adherence to healthy eating plan, with significant reduction of caloric intake (p 0.008), carbohydrate (p 0.001) and lipids in the diet (p 0.04), and improvement in quality of life scale (p 0.001) between the times before, 1 and 3 months of the project. Regarding the evaluation of categorical variables the questionnaire healthy eating and diabetes management, has obtained an improvement in lifestyle habits like eating fruits, foods with sugar or sweets, lower supply frequency in fast foods, improved overall reading labels nutrition and proper treatment of hypoglycemia with 15g of carbohydrates. There were no differences in weight, body mass index, waist circumference, and biochemical tests. Conclusion: This study demonstrated that a program of nutritional education in diabetes group for T1DM in carbohydrate counting was effective in increasing adherence to healthy eating plan, and improve the quality of life indices. LISTA DE TABELAS Tabela 1: Dados clínicos, antropométricos e bioquímicos dos pacientes ............... 29 Tabela 2: Ingestão dietética avaliada por registro alimentar de 72 hs por tempo de avaliação .................................................................................................................. 31 Tabela 3: Escore dos questionários TASCD, B-PAID e suas subdimensões por tempo de avaliação .................................................................................................. 32 Tabela 4: Distribuição percentual de hábitos alimentares satisfatórios no questionário TASCD por tempo de avaliação .......................................................... 33 LISTA DE ABREVIATURAS AADE – American Association of Diabetes Educators ADA – American Diabetes Association B-PAID – Versão Brasileira da escala PAID – Problems Areas in Diabetes CA – Circunferência Abdominal CDBH – Centro de Diabetes de Belo Horizonte DCCT – Diabetes Control and Complications Trial DM1 – Diabetes Mellitus tipo 1 DOIT – Diabetes outpatient intensive treatment DSME – Diabetes Self-management Education DTD – Dose total diária HbA1c – Hemoglobina glicada HDL – Fração de colesterol – High Density Lipoprotein IDF – International Diabetes Federation IMC – Índice de Massa Corporal LDL – Fração de colesterol – Low Density Lipoprotein OMS – Organização Mundial de Saúde PAID – Problems Areas in Diabetes SBD – Sociedade Brasileira de Diabetes TASCD – Teste de Aderência a Alimentação Saudável e de Controle do Diabetes TGL – Triglicerídeos VLDL – Fração de colesterol – Very Low Density Lipoprotein SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO................................................................................................... 14 2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................ 16 Terapia nutricional do Diabetes ............................................................................. 16 Barreiras da Contagem de carboidratos................................................................ 18 Educação em Diabetes ......................................................................................... 19 Diabetes e Qualidade de vida ............................................................................... 20 3. METODOLOGIA ................................................................................................ 21 Critérios de inclusão .............................................................................................. 21 Critérios de exclusão ............................................................................................. 21 Desenho do estudo ............................................................................................... 21 Avaliação antropométrica ...................................................................................... 22 Avaliação bioquímica ............................................................................................ 22 Avaliação alimentar ............................................................................................... 22 Avaliação de qualidade de vida ............................................................................. 25 Encontros propostos ............................................................................................. 25 Análise estatística ................................................................................................. 27 4. RESULTADOS .................................................................................................. 28 5. DISCUSSÃO ..................................................................................................... 34 6. CONCLUSÃO .................................................................................................... 41 Limitações ............................................................................................................. 41 Considerações finais ............................................................................................. 41 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 43 8. APÊNDICES ...................................................................................................... 51 APÊNDICE A: Termo de consentimento livre e esclarecido ................................. 51 APÊNDICE B: Registro Alimentar ......................................................................... 52 APÊNDICE C: Teste de aderência a alimentação saudável – TASCD ................. 53 9. ANEXOS ............................................................................................................ 56 ANEXO A - Carta de autorização do Comitê de Ética ........................................... 56 ANEXO B - B-PAID ............................................................................................... 58 14 1. INTRODUÇÃO O Diabetes Mellitus é uma doença crônica que requer cuidados médicos contínuos, além de educação em auto-gestão constante aos pacientes, afim de evitar as complicações agudas e reduzir o risco de complicações a longo prazo (1). O Diabetes Tipo 1 (DM1) caracteriza-se pela deficiência na produção de insulina pelo pâncreas, resultando em hiperglicemia e distúrbios no metabolismo dos macronutrientes (2), tendo a nutrição importante papel no seu controle. Na prática clínica, uma das principais dificuldades relatadas pelos pacientes para o seguimento de todo o tratamento e o alcance do bom controle glicêmico é lidar com as restrições alimentares e seguir continuamente uma prescrição dietética adequada. A recomendação de alimentação para diabetes não difere da alimentação do não diabético, sendo baseada na ingestão adequada de carboidratos, proteínas e gorduras ajustados às metas metabólicas, necessidades energéticas e preferências do indivíduo. Monitorar carboidratos, seja por contagem de gramas ou por escolhas, permanece como estratégia chave para o alcance do bom controle glicêmico (1, 3, 4). A contagem de carboidratos permite maior flexibilidade nas escolhas alimentares, podendo o paciente utilizar qualquer alimento, dentro de um plano alimentar saudável, o que muitas vezes não ocorre. Com a ênfase na quantidade de carboidratos, observa-se com frequência uma mudança na qualidade do cardápio, a qual pode levar a inserção de alimentos com elevado índice glicêmico e alto teor de gorduras, ocasionando, não raramente, o ganho de peso e piora do perfil lipídico (58). A Educação em diabetes tem sido associada com melhores resultados clínicos e de qualidade de vida em pacientes diabéticos (9-13). A Educação para auto-gestão do diabetes, o processo de ensinar indivíduos para gerir o manejo com o diabetes, tem sido considerado uma parte importante do tratamento clínico (14). 15 Educar e motivar diabéticos tipo 1 em contagem de carboidratos, a seguirem o plano alimentar de forma mais contínua é um grande desafio. Aplicar a educação em diabetes por oficinas em grupo, reforçando a teoria da boa nutrição juntamente com a contagem de carboidratos, a fim de facilitar o planejamento diário das refeições ou as trocas alimentares em convívios sociais, pode ser uma estratégia para melhorar a aderência ao tratamento nutricional. Com isso, o objetivo desse estudo foi desenvolver e avaliar a efetividade de um programa de educação nutricional em grupo focado na aderência ao plano alimentar saudável e na contagem de carboidratos em portadores de diabetes tipo 1 nos parâmetros alimentares, antropométricos, bioquímicos e de qualidade de vida. 16 2. REFERENCIAL TEÓRICO A prevalência de diabetes está aumentando exponencialmente e deve chegar a 366 milhões de pessoas por volta do ano de 2030 (15). Considerada uma doença epidêmica, no Brasil 7,6% da população entre 30 a 69 anos de idade tem a doença. É classificada em Diabetes Mellitus tipo 1, tipo 2, diabetes gestacional e outros tipos, sendo o mais prevalente o tipo 2, que representa 80 a 90 % dos casos (16). A International Diabetes Federation (IDF) revela que a cada ano mais de 70 mil crianças e adolescentes desenvolvem DM 1, o qual é resultado da destruição autoimune das células beta do pâncreas, levando a deficiência absoluta de insulina (1). O Diabetes é causa de várias complicações crônicas quando não controlado, sendo a principal causa de novos casos de insuficiência renal, cegueira entre adultos e amputações não traumáticas de membros inferiores (4). A terapia nutricional é um dos componentes fundamentais da abordagem terapêutica do portador de diabetes tipo 1. O plano alimentar, juntamente com a atividade física e o tratamento insulínico, constitui os pilares do tratamento. A educação em diabetes garantirá que essas modalidades terapêuticas sejam implantadas e mantidas (17). Diante deste quadro, a assistência ao paciente com DM 1 e sua família deve visar o viver mais saudável, indo além do conhecimento sobre as alterações físicas e psíquicas. É necessário também compreender as experiências construídas por essas pessoas no processo de viver com a doença (18). Terapia nutricional do Diabetes Segundo as diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes e Associação Americana de Diabetes de 2013, a alimentação recomendada para indivíduos com diabetes não difere da alimentação recomendada como saudável para a população em geral. A relação de nutrientes deve ser de 45 a 60% do valor energético total proveniente dos carboidratos (mínimo 130 g por dia), sacarose até 10% e fibra alimentar no mínimo 20g. Um padrão alimentar que inclua carboidratos de frutas, vegetais, grãos 17 integrais, legumes e leite com baixo teor de gordura é encorajado para uma boa saúde. O teor de gorduras não deve ultrapassar os 30%, sendo no máximo 7% de saturadas, menos que 2g de gorduras trans, menos de 10% de poliinsaturadas, completando com as monoiinsaturadas, e colesterol até 200mg. As proteínas devem suprir de 15 a 20% do total calórico, as vitaminas e minerais tem suas recomendações iguais as da população geral e sódio até 2400 mg/dia (1, 4). Segundo o Guia alimentar para população brasileira do Ministério da Saúde de 2005, a alimentação diária deveria compor de três grandes refeições intercaladas por três pequenos lanches, incluindo carboidratos complexos ricos em fibras, 3 porções de frutas, pelo menos 3 porções de hortaliças, uma porção de proteína vegetal como o feijão, uma porção de carne, 3 porções de leite e derivados, uma porção de óleo ou gorduras e no máximo uma porção de doces ou açúcar. Para diabéticos do tipo 1 a terapia insulínica deve integrar-se ao padrão alimentar e de atividade física (3). O estudo DCCT provou que o controle glicêmico intensivo com múltiplas aplicações diárias de insulina e monitorização constante da glicemia diminui o desenvolvimento e a progressão das complicações crônicas do diabetes em longo prazo (5). A contagem de carboidratos foi uma das estratégias utilizadas, sendo hoje considerada a terapia nutricional de escolha no DM 1 (3), e se fundamenta no conceito de ser mais importante a quantidade de carboidratos ingeridos numa refeição do que seu tipo na determinação da resposta glicêmica pósprandial (1, 7, 19). Diante disso, a contagem de carboidratos é uma estratégia nutricional que permite ao paciente escolher os alimentos que deseja consumir em cada refeição, e a partir da soma dos gramas de carboidratos contidos em cada alimento, ajustar o bolus prandial, ou seja, as doses de insulina rápida ou ultrarrápida a ser aplicada na refeição (3). Estudos demonstraram diminuição nos valores de hemoglobina glicada (HbA1c) e aumento na satisfação em relação ao tratamento utilizando a contagem de carboidratos (20), mesmo incluindo a sacarose como parte do conteúdo das refeições (2). Essa terapia nutricional é considerada uma alternativa motivadora para 18 os pacientes, pois aumenta a adesão ao tratamento, já que ela permite flexibilidade nas escolhas alimentares (5). Barreiras da Contagem de carboidratos A grande preocupação após início da contagem de carboidratos é a possibilidade de piora na qualidade da alimentação, sem um planejamento alimentar que inclua todos os grupos de alimentos. Há a possibilidade de ingestão de alimentos gordurosos e ricos em açúcar em quantidades maiores que as recomendadas, o que facilitaria o ganho de peso e piora do perfil lipidíco (6, 8). Alimentos essencialmente protéicos ou fontes de gorduras, como carnes, presunto, queijos, manteiga e óleos em geral não possuem carboidratos em sua composição, podendo, com isso, serem usados erroneamente com maior frequência, sem a necessidade de uso de insulina extra, ficando em quantidades maiores que as recomendadas. Estudos recentes têm demonstrado que as proteínas e gorduras possuem efeito tardio na resposta glicêmica pós prandial (21-24). Pankowska e colaboradores estudam um algoritmo que inclua a contagem de proteínas e gorduras para o cálculo de dose de insulina em pessoas com DM1 que usam bomba de insulina, a qual permite o ajuste do bolus para uma forma prolongada, além da imediata. Dessa forma, haveria a cobertura do efeito tardio das proteínas e gorduras na glicemia, até 6 horas após ingestão (23). Segundo Mehta e cols em 2009, pais de jovens diabéticos tipo 1 relataram que seus filhos escolhem frequentemente alimentos que não requerem administração adicional de insulina, fato presenciado na rotina diária das equipes de diabetes. Essa preferência por alimentos com menos carboidratos pode levar alguns jovens a consumir mais legumes e vegetais, mas, todavia, também pode aumentar a ingestão de alimentos protéicos e ricos em gorduras (8). 19 Educação em Diabetes Educação em diabetes é definida como o processo através do qual pessoas com ou em risco de desenvolver diabetes utiliza conhecimentos e habilidades necessárias para alcançar as suas metas de controle do diabetes (25). A pessoa com diabetes é responsável por 99% do seu próprio cuidado (26) e com isso, deveria obter informações para uma efetiva autogestão do diabetes. No entanto, a maioria dos pacientes não recebem educação em diabetes formalmente, como parte do seu tratamento (27-29). A educação em diabetes melhora os resultados clínicos e a qualidade de vida (9-13). As metas de educação em diabetes são otimizar o controle metabólico, prevenir as complicações agudas e crônicas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes dentro de um custo aceitável (1). Estratégias de educação em diabetes na área da nutrição têm sido realizadas demonstrando seu impacto positivo, avaliando o conhecimento dos pacientes ou de profissionais de saúde sobre alimentação e diabetes (30), contagem de carboidratos e sua precisão (31, 32), impacto no controle glicêmico, no peso corporal e no risco cardiovascular (10, 33-36). A literatura ainda é escassa em estudos sobre a aderência alimentar à nutrição saudável em pacientes que fazem contagem de carboidratos (37). A educação ou aconselhamento nutricional é o processo pelo qual os pacientes são efetivamente auxiliados a selecionar e praticar comportamentos desejáveis de nutrição e estilo de vida. O resultado desse processo é a mudança de comportamento e não somente a melhora do conhecimento sobre nutrição (38). Oficinas em grupo, com atividades culinárias e planejamento de refeições, pode ser uma estratégia para melhora de hábitos alimentares saudáveis (39). 20 Diabetes e Qualidade de vida A alimentação do diabético é uma das variáveis importantes relacionadas com a aceitação da doença, convívio, sentimentos e consequentemente à qualidade de vida (40, 41). A avaliação dessa variável tem sido muito explorada recentemente para ajudar a propor estratégias de tratamento. Estudos têm avaliado o impacto na qualidade de vida em diversos tratamentos, inclusive em estratégias nutricionais (4244) Estresse emocional frequentemente ocorre em pessoas com diabetes e está relacionado com o tratamento e as preocupações com o desenvolvimento de complicações. O sofrimento psicológico pode comprometer o comportamento de autocuidado e muitas vezes está relacionado à dificuldade em lidar com o cotidiano (45). Medidas têm sido desenvolvidas para avaliar a qualidade de vida das pessoas com diabetes e fornecer informações objetivas sobre os problemas mais comuns envolvidos em lidar com o tratamento da doença (40, 41, 44, 46) O B-PAID é um questionário desenvolvido para avaliar indivíduos adultos com diabetes em risco para estresse emocional. É a versão brasileira validada por Gross et al., 2007 do questionário PAID (Problems areas in Diabetes Scale), feito por Polonsky et al, 1995. O B-PAID contém 20 questões relacionadas à convivência com o diabetes, dentre as quais três estão diretamente relacionadas com a alimentação. No questionário são explorados quatro domínios: estresse emocional, barreiras ao tratamento, problemas relacionados com alimentação e falta de suporte social. Cada questão é avaliada em uma escala de 5 pontos, variando de 1 (“não é um problema”) até 5 (“é um problema sério”), com maior pontuação final indicando maior sofrimento emocional (ANEXO B). 21 3. METODOLOGIA Trata-se de um estudo prospectivo, não controlado, de intervenção, com avaliação de adultos com diabetes tipo 1 em terapia de contagem de carboidratos. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Santa Casa de Belo Horizonte (ANEXO A). Os pacientes foram selecionados em consultórios de endocrinologistas e nutricionistas de equipes multidisciplinares da cidade de Belo Horizonte. Todos os participantes do estudo foram previamente orientados e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE A). O projeto foi executado no CDBH (Centro de Diabetes de Belo Horizonte), local de atendimento clínico da pesquisadora responsável. Critérios de inclusão Foram incluídos pacientes com Diabetes tipo 1 com idade entre 19 e 60 anos, com pelo menos 1 ano de diagnóstico e 3 meses de tratamento nutricional em contagem de carboidratos pelo método de gramas. Critérios de exclusão Foram excluídos os portadores de complicações crônicas que pudessem prejudicar a avaliação antropométrica (p.ex. amputações de membros inferiores) ou que impedissem o tratamento intensivo em múltiplas doses (insuficiência renal dialítica com suspensão de doses de insulina por hipoglicemias) e gestantes. Desenho do estudo Os pacientes foram avaliados individualmente em três momentos: no início do estudo (Tempo 0), após 1 mês de um programa estruturado de educação nutricional 22 em diabetes e contagem de carboidratos em grupo (Tempo 1), e após 3 meses do mesmo (tempo 3). Foram coletados dados sobre atividade física, escolaridade, dose total diária (DTD) de insulinas (basal e bolus alimentares), feita a conferência do plano alimentar prévio prescrito pelo nutricionista e analisados os exames antropométricos, bioquímicos, aderência alimentar ao plano saudável e índice de qualidade de vida. Avaliação antropométrica Para avaliação do estado nutricional utilizou-se o índice de massa corporal (IMC) e a circunferência abdominal (CA). O peso e a estatura foram medidos por balança da marca Filizola, e a CA com fita métrica. Segundo a classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS), foi considerado peso normal IMC entre 18,5 e 24,9 kg/m2, baixo peso abaixo de 18,5, sobrepeso de 25 a 29,9 e obesidade acima do IMC 30 kg/m2. Para CA, foram considerados valores dentro da normalidade para mulheres até 80 cm e para homens até 94 cm (47). O IMC foi calculado pelo peso dividido pela altura ao quadrado e a CA foi medida ao nível da cicatriz umbilical. Avaliação bioquímica Os exames de HbA1c, colesterol total e frações (LDL, HDL, VLDL) e triglicérides foram coletados nos três momentos do estudo, por métodos automatizados, respeitando-se jejum de 12 horas. Avaliação alimentar A alimentação dos pacientes foi avaliada através de registro alimentar de 72 horas, sendo dois dias da semana e um dia de fim de semana, com o objetivo de analisar a 23 média calórica e de macronutrientes ingerida. Os registros foram conferidos com os pacientes no momento da entrega e os cálculos foram realizados por programa Diet Pro versão 5.0, com base nas tabelas nacionais de composição de alimentos (48, 49). Realizou-se uma pesquisa sobre questionários validados sobre alimentação saudável em indivíduos diabéticos em contagem de carboidratos, porém não foi encontrado nada descrito sobre o assunto na literatura. Diante disso, foi desenvolvido questionário para avaliação da alimentação dos pacientes, intitulado TASCD – Teste de Aderência a Alimentação Saudável e de Controle do Diabetes. Esse questionário se baseou nas recomendações de alimentação saudável da ADA, SBD e Ministério da Saúde (1, 3, 4, 50) (APÊNDICE C). Na versão do questionário exposta no apêndice constam as pontuações correspondentes ao lado de cada resposta, o que não se aplica a entregue aos pacientes. Nesse teste foram englobadas questões sobre os grupos de alimentos e sua ingestão diária (frutas, hortaliças, laticínios, carnes), frequência das refeições, ingestão de açúcar e doces e a aplicação de bolus alimentares, ingestão de alimentos gordurosos, frequência de alimentação em fast foods, alimentos ricos em fibras, tratamento de hipoglicemia, leitura de rótulos, preocupação com manutenção de metas de carboidratos, manutenção de peso ideal, ingestão de água, dentre outros itens. O teste tem uma pontuação maior conforme as respostas forem em desacordo com as recomendações saudáveis, ou seja, quanto maior a pontuação, menor aderência a alimentação saudável. Foi realizado um pré-teste com cinco pacientes diabéticos tipo 1, anterior a utilização no estudo, para avaliar a funcionalidade do questionário para a auto-resposta dos pacientes. Para avaliação das questões do teste de aderência alimentar em melhora de ingestão de alguns grupos de alimentos ou de aderência ao tratamento correto de algum tipo de orientação realizada no programa de educação em diabetes, foram convertidas as respostas do questionário entre satisfatórias e insatisfatórias em relação às recomendações da SBD 2013, ADA 2013 e Ministério da Saúde 2005, para realização do teste estatístico. 24 Foram consideradas satisfatórias as seguintes respostas: - ingestões de 5 a 7 refeições diárias; - ingestão de até 3 porções de carboidratos (até 45g) por dia em alimentos contendo açúcar (1 porção de carboidratos equivalendo a 15g) dentro da meta de carboidratos da dieta prescrita, ou seja, como substituição de carboidrato e não como adição ao plano, evitando excesso calórico. Essa quantidade foi considerada com relação às recomendações de até 10% do valor calórico total podendo ser fornecidos de sacarose (3, 4, 50). Foi feito um cálculo prévio de gasto calórico médio de pessoas adultas com atividades leves e características parecidas com a nossa amostra, e adotou-se como base uma média de 1.800 a 2.000 kcal. De acordo com as recomendações, desse total, em torno de 10% da energia pode provir da sacarose, ou seja, 180 a 200 kcal, que convertidas em carboidratos, equivalem a uma média de 45 a 50g por dia ou 3 porções de carboidratos. - ingestão média de 3 frutas/dia, com respostas satisfatórias de 2 a 4 porções de frutas por dia ou mais; - ingestão de 1 a 2 porções de carnes/dia; - ingestão ≥ 4 colheres de sopa de hortaliças/dia; - ingestão ≥ 3 porções de laticínios/dia; - ingestão de frituras ≤ 2 vezes por semana; - ingestão de mais de 5 copos de água/dia; - ingestão de no máximo 1 a 2 doses de bebida alcoólica/dia; - alimentação em fast foods no máximo 1 vez na semana; - observação de valor calórico nos rótulos nutricionais, além do conteúdo de carboidratos; 25 - se a substituição de carboidratos está sendo feita através da diminuição do arroz nas grandes refeições sempre, ou pelo menos, quase sempre; - se há utilização de alimentos integrais diariamente; - se o tratamento de hipoglicemia é feito com 15g de carboidratos, sendo alimentos sem alto teor de gorduras. Avaliação de qualidade de vida Para a avaliação da qualidade de vida, foi aplicado nos três momentos do estudo, o questionário B-PAID - Versão brasileira da escala PAID – (Problems Areas in Diabetes), avaliando as diferenças de pontuações totais e de cada domínio separadamente (40). Encontros propostos Após entrevista e avaliação inicial, os pacientes foram encaminhados para o programa de educação nutricional em diabetes e contagem de carboidratos, no formato de grupo, composto por quatro encontros semanais, com duração de 1 hora. O programa de educação foi elaborado com conteúdo focado em intensificar o tratamento com a contagem de carboidratos, dando maior precisão e atenção aos cálculos e porções, além de incentivar a aderência à alimentação saudável, aumentando o envolvimento do paciente com sua prescrição alimentar através do planejamento semanal das refeições e incentivo a alimentos saudáveis. Dentro desse contexto, o paciente poderia ter maior facilidade no seguimento do plano diário, visto que não precisaria elaborar de última hora o que vai alimentar por já ter um planejamento de cardápio preestabelecido semanal, não estando assim sujeitos a alimentos de fácil consumo, fast foods, alimentos calóricos, com açúcar ou frituras. 26 A sequência e o conteúdo dos encontros se deram da seguinte forma: Encontro 1: Alimentação saudável e contagem de carboidratos Introdução teórica sobre o tema diabetes, controle glicêmico, alimentação saudável e contagem de carboidratos. Foi realizada apresentação audiovisual com foco na importância dos nutrientes, escolhas alimentares saudáveis e efeito dos nutrientes na glicemia, utilizando a pirâmide alimentar e a tabela de contagem de carboidratos. A aula foi interativa com tempo para discussão. Encontro 2: Planejamento das refeições Temas direcionados a assegurar a disponibilidade de alimentos do plano alimentar prescrito pelo nutricionista e refeições adequadas. A prescrição dietética individual prévia foi utilizada para incentivar o paciente a analisar seu plano alimentar e a lista de substituição dos alimentos. Foi incentivada a elaboração de cardápios semanais de acordo com preferências, prescrição adequada de nutrientes, disponibilidade de alimentos e trocas permitidas, além do planejamento da lista de compras semanais para melhorar a aderência ao plano alimentar. Encontro 3: Como fazer as compras do plano alimentar e analisar rótulos Oficina voltada para escolhas de alimentos com menor teor de gorduras, sódio, açúcar, o uso de alimentos integrais ou ricos em fibras e alimentos funcionais. Para isso foram dadas instruções sobre gorduras benéficas, alimentos diet e light, escolhas adequadas de alimentos com maior valor nutricional e leitura de rótulos nutricionais, com atenção não somente na quantidade de carboidratos. Encontro 4: Técnicas dietéticas saudáveis e receitas naturais O objetivo desse encontro foi ensinar bons conceitos e práticas sobre técnicas dietéticas para assegurar um plano alimentar adequado em calorias e carboidratos. Foram abordados modo de cocção, quantidade de óleo, uso de substitutos de gorduras e tamanho das porções. Para treinar o tamanho das porções foram pesados diversos tipos de alimentos para que os pacientes tivessem maior 27 experiência quanto ao peso dos mesmos e melhorassem a precisão da contagem de carboidratos. Foi solicitado aos pacientes que levassem uma receita saudável, light ou diet de uso habitual, para análise e discussão em grupo. Realizou-se então as trocas de receitas para trabalhar variações e motivação do plano alimentar saudável, além de discussão de propostas de melhorias para torná-las mais ricas em fibras, diminuir o índice glicêmico, reduzir o teor de açúcar e de gorduras. Análise estatística Para análise estatística foi utilizado o Software SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) na versão 17. Todas as variáveis numéricas foram submetidas ao teste de normalidade, e aplicado teste ANOVA de medidas repetidas para amostras dependentes. Nas variáveis que obtivemos resultados de p < 0.05, foram analisados os testes de comparações pareadas para identificar em qual dos tempos houve a diferença estatística. Para as variáveis categóricas do questionário de aderência alimentar (TASCD), a análise de proporções de respostas satisfatórias entre os tempos antes e após o programa de educação foi realizada com o teste de Cochran. 28 4. RESULTADOS 39 pacientes atenderam aos critérios de inclusão. Desses, 19 foram excluídos por não terem aceitado a participar do estudo por falta de disponibilidade para os encontros, e 4 não completaram todo o programa de educação. Portanto, 16 completaram todo o período de avaliações e entrevistas. Os dados clínicos dos pacientes estão apresentados na tabela 1. Foi avaliado o nível de escolaridade dos participantes e constatou-se que 62,5% tinham curso superior completo, 31,3% superior incompleto e o restante, 6,3%, tinham ensino médio completo. Sobre a prática de exercícios físicos, 87,5% (n=14) dos pacientes eram ativos pelo menos 3 vezes na semana, ou pelo menos 150 minutos por semana (1), e mantiveram a prática de exercícios durante todo período do estudo. Não houve diferença entre as DTD de insulina nos três momentos do estudo (p = 0.5) (tabela 1). Sobre a avaliação do estado nutricional, as variáveis peso, IMC e CA não variaram significativamente entre os três momentos. A maioria dos pacientes (68,7%) já estavam dentro do peso ideal no início do estudo. Em relação a CA, foi constatado que os homens estavam dentro da normalidade (CA < 94 cm), mas as mulheres estavam acima do parâmetro normal (tabela 1). Em avaliação dos exames bioquímicos, não houve diferença significativa nos resultados antes e após o programa de educação em diabetes. Os resultados de A1c médios demonstraram pouca interferência no controle glicêmico antes e após 1 e 3 meses do programa de educação (p = 0.2) (tabela 1). 29 Tabela 1: Dados clínicos, antropométricos e bioquímicos dos pacientes. Tempo 0 Tempo 1 Tempo 3 n =16 n = 16 n = 16 4 / 12 NA NA - 32 (11) NA NA - Tempo de diabetes em anos, média (dp) 18 (12) NA NA - Contagem de CHO em meses, média (dp) 36 (19) NA NA - Peso em kg, média (dp) 66,9 (8,2) 66,5 (8,3) 66,8 (8,8) 0.4 Estatura em metros, média (dp) 1,65 (0,1) NA NA - IMC em kg/m , média (dp) 24,6 (2.2) 24,4 (2,2) 24,5 (2.4) 0.4 Circunf. abdominal em cm, média (dp) 87,9 (6,4) 87,5 (6,2) 87,8 (6.4) 0.7 Homens 86,9 (6,1) 87,1 (7,4) 87,5 (6,8) - Mulheres 88,2 (6,7) 87,7 (6,2) 87,9 (6,6) - 44 (11) 43 (10) 43 (10) 0.5 Tempo 0 Tempo 1 Tempo 3 p n =14 n = 14 n = 14 8,2 (1,1) 7,9 (1,2) 8,0 (1,4) 0.2 Tempo 0 Tempo 1 Tempo 3 p n =10 n = 10 n = 10 Colesterol total em mg/dl, média (dp) 189 (36) 182 (36) 185 (32) 0.8 LDL em mg/dl, média (dp) 103 (27) 101 (25) 98 (26) 0.8 HDL em mg/dl, média (dp) 69 (13) 63 (9) 68 (11) 0.2 VLDL em mg/dl, média (dp) 13 (3) 16 (6) 16 (6) 0.8 Triglicérides em mg/dl, média (dp) 72 (25) 80 (32) 81 (33) 0.2 Variáveis Sexo Masculino / Feminino (n) Idade em anos, média (dp) 2 DTD insulina em unidades, média (dp) Hemoglobina glicada em %, média (dp) IMC : índice de massa corporal; DTD: dose total diária; CHO: Carboidratos; NA: não se aplica; dp: desvio padrão; n: quantidade de participantes. p 30 A tabela 1 apresenta os valores médios de colesterol total, LDL, HDL, VLDL e triglicerídeos dos tempos de avaliação 0, 1 e 3. Não houve diferença entre os momentos, entretanto a amostra não continha valores médios altos dessas variáveis, estando a maioria dos pacientes dentro de valores aceitáveis de lipídeos sanguíneos. Apenas um paciente fazia uso de estatina antes do estudo, há pelo menos 3 anos. Esse foi retirado da avaliação de colesterol total e frações e de triglicérides por ter feito uso irregular da estatina, parando de usar após o programa de educação e iniciado novamente após 2 meses do mesmo. As médias de ingestões calóricas e de macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras) analisadas por ANOVA de medidas repetidas para amostras dependentes, nos três tempos, demonstrou redução significativa de ingestão calórica, de carboidratos e de lipídeos na dieta, sem diferença na proporção de ingestão de proteínas. Nas comparações pareadas para identificação de qual dos tempos houve a diferença, obteve-se resultados de diminuição calórica (p 0.008) e de carboidratos (p 0.001) tanto entre os tempos 0 e 1, quanto nos tempos 0 e 3, demonstrando resultados logo após a exposição ao programa de educação em diabetes, quanto após 3 meses do mesmo. Quanto a quantidade de lipídeos da dieta, a redução foi identificada entre os tempos 0 e 3 (p 0.04). (tabela 2). 31 Tabela 2: Ingestão dietética avaliada por registro alimentar de 72 hs por tempo de avaliação. Tempo 0 Tempo 1 Tempo 3 p n =15 n =15 n =15 1787 (318) 1584 (469)* 1598 (434) Carboidratos em kcal, média (dp) (% VCT) 947 (212) (53%) 838 (258)* (53%) 818 (246) (51%) Proteínas em kcal, média (dp) (% VCT) 311 (74) (17%) 299 (73) (19%) 335 (76) (21%) Lipídeos em kcal, média (dp) (% VCT) 531 (110) (30%) 446 (189) (28%) 445 (157) (28%) GET em kcal, média (dp) 2.248 (225) NA NA - Dieta prescrita em kcal, média (dp) 1.673 (230) NA NA - 107 95 96 - Variáveis Ingestão calórica em kcal, média (dp) Adequação calórica (%) # # 0.008 0.001 0.3 # 0.04 # * p < 0.05 entre tempos 0 e 1; p < 0.05 entre tempos 0 e 3; VCT: valor calórico total; GET: gasto energético total; NA: não avaliado; dp: desvio padrão; n: quantidade de participantes. Sobre a avaliação de aderência a alimentação saudável calculada através do questionário TASCD, onde quanto maior a pontuação, menor a aderência a alimentação recomendada como saudável, houve diminuição significativa de pontuação média avaliada através dos três tempos de análise do estudo, o que demonstra melhora na aderência ao plano saudável (p < 0.001). As mudanças foram encontradas tanto para os tempos 0 e 1, quanto para tempos 0 e 3 (tabela 3). Na avaliação sobre qualidade de vida realizada pelo teste validado B-PAID, que quanto menor a pontuação, menor é a dificuldade em lidar com o diabetes e melhor 32 é a qualidade de vida, obteve-se melhora desse quesito, com diminuições significativas das pontuações médias na escala PAID entre os três momentos do estudo. Essa diferença foi vista tanto no período inicial e 1 mês após o projeto, quanto do inicial e três meses após (tabela 3). Na análise dos quatro domínios do BPAID, foi demonstrado que as diferenças ocorreram nos domínios fatores emocionais, alimentação e tratamento, mas não se obteve diferença nas pontuações da subdimensão que avalia sobre suporte social. Tabela 3: Escore dos questionários TASCD, B-PAID e suas subdimensões por tempo de avaliação. Tempo 0 Tempo 1 Tempo 3 n=16 n=16 n=16 12 (5) 7 (3)* 8 (4) 48 (15) 36 (12)* 37 (13) Emocional em pontos, média (dp) 31 (11) 22 (6)* 23 (8) Tratamento em pontos, média (dp) 6 (3) 5 (3)* 5 (3) # 0.001 Alimentação em pontos, média (dp) 8 (3) 6 (2)* 6 (2) # 0.036 Social em pontos, média (dp) 3 (1) 3 (1) 3 (2) 0.349 QUESTIONÁRIOS TASCD em pontos, média (dp) B-PAID em pontos, média (dp) # p < 0.001 # # 0.001 0.001 * p < 0.05 entre tempos 0 e 1; # p < 0.05 entre tempos 0 e 3. dp: desvio padrão; TASCD : Teste de aderência a alimentação saudável e de controle do diabetes; B-PAID: Versão brasileira PAID - Problems areas in diabetes. Na avaliação de cada item do TASCD obteve-se diferença significativa de melhora em hábitos de vida como na ingestão de frutas, ingestão de alimentos com açúcar ou doces, frequência de alimentação em fast foods, melhora da leitura global dos rótulos nutricionais e correto tratamento de hipoglicemia com 15g de carboidratos, evitando o supertratamento. Nos itens como quantidade de refeições por dia, 33 frequência de frituras, água, ingestão de carne, substituição do arroz e ingestão de alimentos integrais, rico em fibras, apesar de melhoras percentuais após o projeto, não houve diferença entre os tempos. Não se obteve melhorias na ingestão de hortaliças e de laticínios (tabela 4). Tabela 4: Distribuição percentual de hábitos alimentares satisfatórios no questionário TASCD por tempo de avaliação. HÁBITOS ALIMENTARES Tempo 0 Tempo 1 Tempo 3 p Refeições 87% 100% 94% 0.37 Doces 50% 75% 81% 0.03 Frutas 75% 100% 94% 0.04 Carne 87% 94% 87% 0.78 Hortaliças 69% 69% 50% 0.22 Laticínios 31% 31% 31% 1.00 Frituras 62% 69% 62% 0.85 Água 37% 50% 69% 0.09 Álcool 94% 94% 94% 1.00 Fast food 37% 69% 75% 0.01 Rótulos 19% 87% 69% < 0.01 Substituição do arroz 56% 69% 69% 0.64 Fibras 56% 75% 62% 0.37 Tratamento de Hipoglicemia 37% 94% 87% < 0.01 TASCD : Teste de aderência a alimentação saudável e de controle do diabetes; 34 5. DISCUSSÃO Desde 1970, ensinar pessoas em grupo tem sido uma intervenção efetiva para educação em diabetes. A educação em grupo é uma parte importante do arsenal para melhora do estado de saúde e bem-estar de pessoas com diabetes (51). O presente estudo avaliou modificações nos hábitos alimentares, parâmetros metabólicos e na qualidade de vida de pessoas adultas com diabetes tipo 1 em contagem de carboidratos, com base em um programa de educação em diabetes com foco em nutrição saudável, tema no qual há escassez de dados na literatura. Por ser um estudo com adultos, ou seja, pessoas em idade produtiva, houve grande dificuldade em conseguir um número maior de pacientes que tivessem disponibilidade para comparecer em todos os encontros. O grupo de 16 pacientes foi caracterizado por 75% (n=12) de mulheres e 25% (n=4) de homens. A busca por pacientes em relação ao sexo foi aleatória, mas observamos que houve uma menor adesão dos homens ao programa, visto que dos quatro pacientes excluídos por terem faltado a pelo menos um dia de encontro do programa de educação em diabetes, três eram homens. Os resultados demonstraram melhorias nos parâmetros dietéticos e de qualidade de vida. Foram encontrados redução de ingestão calórica, de carboidratos e de gorduras da dieta, maior aderência ao plano alimentar saudável, maior conhecimento do tratamento correto de hipoglicemias e de análise completa de rótulos nutricionais, não enfatizando somente os carboidratos da porção alimentar. Porém falhou em demonstrar resultados nos exames bioquímicos (em HbA1c, colesterol total e frações e triglicérides) e antropométricos (peso, IMC e CA). Isso pode ser devido a nossa amostra ter sido de DM1 já, em sua maioria, com peso dentro dos parâmetros normais, com IMC dentro da eutrofia e em estabilidade com sua prescrição alimentar há pelo menos 3 meses, além da média dos lipídeos sanguíneos estarem também dentro de parâmetros normais no início do estudo. Segundo as diretirizes da ADA de 2013 (1), vários estudos encontraram que a DSME (diabetes self-management education), ou educação para auto-gestão do diabetes, é associada com um melhor conhecimento sobre o diabetes e melhoras no 35 comportamento de autocuidado (52), além de resultados clínicos melhorados, tais como menor HbA1c (10, 11, 53-55), menor peso (52), melhor qualidade de vida (56, 57), enfrentamento saudável da doença (58), e menores custos de tratamento (59). Melhores resultados foram relatados para intervenções de DSME que eram mais longas e incluíam suporte de acompanhamento (52, 60-63). Evidências apontam para a eficácia do treinamento de auto-gestão do diabetes, particularmente em curto prazo (52). Os resultados do presente trabalho demonstraram resultados positivos logo após a exposição ao programa de educação, em 1 mês, e a manutenção dessa resposta aos 3 meses após a intervenção. Porém, corroborando com as afirmativas da literatura, observou-se que, com o passar do tempo, alguns hábitos desfavoráveis voltam a se repetir, demonstrado de forma leve em nosso estudo, ainda não significativa de 1 para 3 meses, com pequeno aumento das pontuações dos questionários e diminuição de proporções de respostas satisfatórias em hábitos alimentares avaliados no questionário TASCD. Isto reforça a ideia atual de que a educação em diabetes deve ser de forma contínua e frequente para que os pacientes se mantenham envolvidos na busca pela saúde. Seguindo nessa linha de pensamento, o estudo de Polonsky publicado em 2003 (61), avaliou os resultados de um programa intensivo para pacientes diabéticos tipo 1 e tipo 2 em ambulatório (DOIT – Diabetes outpatient intensive treatment). Tal programa envolveu grupo interativo de educação e habilidades em diabetes com atenção médica diária, e foi comparado a um sistema de cuidados habituais em diabetes, com adição de educação trimestral. Ao longo de 6 meses, período pósintervenção, os pacientes aleatoriamente incluídos no programa DOIT tiveram significativamente melhor controle glicêmico e melhor autocuidado, basicamente em automonitorização glicêmica e controle de ingestão de gorduras e aumento de carboidratos, em comparação com os pacientes que foram submetidos apenas aos cuidados habituais. No entanto, em longo prazo, a frequência de contatos de acompanhamento com a enfermeira responsável da equipe foi ligada a melhores resultados glicêmicos, com efeito em cerca de metade (48,3%) dos pacientes que 36 tinham mais de dois contatos de seguimento conseguindo uma HbA1c menor que 7,0% em 6 meses, contra apenas um quarto (27,8%) dos pacientes que tiveram dois ou menos contatos e apenas 11,5% dos pacientes que não tiveram seguimento. Isto é consistente com os comentários de Norris e colaboradores, 2001 (52), demonstrando que intervenções de autogestão do diabetes seguidas de reforços regulares parecem ser mais eficazes. Brekke e colaboradores (64) estudaram os efeitos em longo prazo, em 1 e 2 anos, de uma intervenção no estilo de vida em parentes de primeiro grau não diabéticos de pacientes diabéticos tipo 2. Eles analisaram os efeitos de 1 ano de dieta em comparação com dieta e exercício físico, em relação ao grupo controle, além da sustentabilidade destes efeitos do tratamento em 2 anos. Foram encontradas mudanças positivas no estilo de vida, na redução do peso corporal, nos lipídeos sanguíneos e de insulina em jejum nos grupos intervenção, as quais foram sustentadas em 2 anos. Porém demonstraram redução nas alterações dietéticas em 2 anos quando comparados com os dados do ano 1. Outro estudo avaliando o efeito de intervenções no estilo de vida em longo prazo, foi o de Wing e colaboradores de 1998 (65). Eles avaliaram os efeitos da intervenção no estilo de vida em 6 meses, 1 ano e em 2 anos, sobre as mudanças no peso, doença arterial coronariana, fatores de risco e incidência de diabetes em indivíduos com excesso de peso com história familiar de diabetes. Aos 6 meses, os grupos submetidos a intervenção de dieta, e de dieta e exercício, diferiram significativamente em medidas de alimentação, exercício físico e perda de peso em relação ao grupo controle. Mas após os 6 meses, houve deterioração gradual de mudanças comportamentais e fisiológicas, de modo que em 2 anos, quase nenhuma diferença foi mantida entre os grupos. No entanto, nesse estudo, a participação em sessões de acompanhamento foi dramaticamente reduzida de 6 meses a 2 anos. Estes resultados indicam que o seguimento da educação é necessário para alcançar efeitos desejados em longo prazo sobre o estilo de vida. 37 A colaboração entre educadores em diabetes e pacientes demonstram resultados clínicos positivos de qualidade de vida (66). Alguns autores já demonstraram que diversas estratégias foram utilizadas para melhorar a adesão ao tratamento de indivíduos diabéticos tipo 1, as quais se mostraram eficientes. Entre elas incluem-se intervenções comportamentais em seguimento (67), atendimento dos pacientes em grupo, com a finalidade de compartilhar problemas comuns relacionados ao controle do diabetes (68) e controle de estresse (69). Um ensaio clínico randomizado comparou a eficácia da educação em diabetes em grupo em relação à individual. O controle glicêmico melhorou em ambos os grupos, com resultados mais acentuados na configuração de educação em grupo (diferença entre os grupos nos níveis de HbA1c foi de 0,8%, P = 0.05). Tanto intervenções em grupo quanto individuais mostraram melhoras no controle do peso, no ajuste psicossocial, em atitude para com o diabetes, e na saúde mental, apoiando, assim, a conclusão que as sessões de grupo são tão eficazes quanto sessões individuais na educação de adultos com diabetes (70). Um estudo que analisou o impacto da educação em diabetes em grupo na qualidade de vida de 56 pacientes diabéticos tipo 1 divididos em dois grupos (com e sem contagem de carboidratos) demonstrou que a educação em diabetes independente da contagem de carboidratos resulta em benefícios nos índices de qualidade de vida (71). Em nosso trabalho, que interviu com educação em diabetes em pacientes em contagem de carboidratos, obteve-se redução de 25% na pontuação média do questionário de qualidade de vida comparando o momento inicial e o após a exposição (48 pts - Tempo 0 / 36 pts - Tempo 1 / 37 pts - Tempo 3), demonstrando melhoras significativas dessa variável. Sobre os domínios analisados no questionário B-PAID conseguimos melhorias sobre fatores emocionais, tratamento e lidar com a alimentação. Apenas no domínio suporte social não houve diferença entre os momentos de avaliação. Segundo Gross 2007 (40), identificar os problemas emocionais que afetam os pacientes poderá favorecer a escolha de intervenções adequadas e que levem a modificações de comportamento apropriadas. 38 Em relação à contagem de carboidratos, recentemente alguns estudos têm observado o impacto dessa terapia em pioras no padrão dietético e estudado o impacto da educação nutricional nesses resultados, porém com literatura ainda escassa (6, 8, 37). Não foi encontrado um modelo padrão de educação nutricional em diabetes para pacientes DM1 em contagem de carboidratos. Com isso, nosso estudo propôs desenvolver e avaliar a eficácia de oficinas e palestras em grupo abordando teoria de nutrição saudável, maior entendimento do efeito dos nutrientes na glicemia e na saúde geral, treinamento da precisão da contagem de carboidratos e planejamento de refeições de acordo com a prescrição dietética. Foi demonstrado que pacientes adultos em contagem de carboidratos são capazes de melhorar a aderência a alimentação saudável, diminuir a ingestão calórica, de carboidratos e de gorduras após receber educação em diabetes com foco em nutrição. Os resultados foram considerados satisfatórios devido a bons percentuais de adequação da ingestão calórica à dieta prescrita, próxima aos 100% em todos os três momentos de avaliação, relação harmônica de carboidratos conforme recomendações (45 a 60% do valor energético total), além de diminuição da ingestão final de gorduras. O estudo de Marigliano e colaboradores (37), que testou o impacto da contagem de carboidratos juntamente com educação nutricional em 25 crianças de 7 a 14 anos com diabetes tipo 1 e uso de bomba de insulina, encontrou diminuição de hemoglobina glicada após seguimento de 18 meses de tratamento, mas sem modificações em outros parâmetros bioquímicos. Não houve mudanças no requerimento de insulina/kg/dia. Nos padrões dietéticos observaram diminuição de ingestão de gorduras e de proteínas e aumento de ingestão de carboidratos. Quando dividiram a amostra em 2 subgrupos de pacientes, com e sem melhora do controle glicêmico, observaram que os achados de padrões dietéticos eram relacionados aos pacientes com melhora de controle glicêmico e, mesmo que todos os pacientes recrutados tenham sofrido o mesmo tratamento nutricional e treinamento na estimativa do conteúdo de carboidratos da refeição para melhor calcular as doses de insulina, apenas os que melhoraram a composição da dieta e modificaram seus hábitos alimentares (escolha de alimentos mais saudáveis, com 39 maior teor de carboidratos e menos gordura e proteína) apresentaram melhor controle da hemoglobina glicada. Sobre resultados de controle glicêmico, o trabalho de Cooke e colaboradores (72), demonstrou melhoras de controle glicêmico em adultos com DM1 após processo de educação em diabetes na rotina de tratamento após 6 e 12 meses do início da intervenção, ou seja, em longo prazo, mas que em dados de qualidade de vida foi atingido índices melhores já aos 3 meses de seguimento. Em contrapartida, o trabalho não controlou se houve mudanças de dose total de insulina utilizadas para atribuir os resultados com segurança à educação em diabetes. Em nosso estudo, o seguimento foi feito apenas após 3 meses do projeto de educação nutricional em diabetes. Já em pacientes diabéticos tipo 2 submetidos a um programa de educação em diabetes (En Balance) que ensina pacientes a lidar com o auto-controle da glicose por monitorização e inclui oficinas e aulas com ênfase em nutrição, foi encontrado após 3 meses de intervenção, melhora nos índices de hemoglobina glicada e de lipídeos sanguíneos, demonstrando a diferente fisiopatologia da doença. Nossos resultados corroboraram aos desse estudo, pois o mesmo demonstrou também uma diminuição de ingestão de gorduras e colesterol na dieta, a qual foi avaliada por questionário de frequência alimentar validado para a população hispânica (73). Uma meta-análise com um total de 2.720 participantes avaliando intervenção educacional e comportamental sobre o controle glicêmico e peso corporal em diabéticos tipo 2, produziram melhorias modestas no controle glicêmico (10). Em estudo avaliando a educação nutricional individualizada para diabéticos do tipo 2 na melhora da adesão à prescrição alimentar, os resultados indicaram que o programa foi eficaz em corrigir problemas de comportamento alimentar, e melhorar a troca de conhecimento de alimentos e qualidade da dieta, levando a uma melhora nos resultados clínicos (33). De acordo com meta-análise sobre os pontos básicos de um programa de educação ao paciente com Diabetes Tipo 1, o portador de diabetes e sua família devem ser 40 treinados a fazer decisões efetivas de autocuidado em sua rotina diária. O aprimoramento do paciente no automanejo aproxima o valor da HbA1c ao adequado para sua faixa etária. A educação individual e a em grupo apresentam equivalência na melhora do controle metabólico. Existe uma correlação positiva entre o tempo de educação e o controle da glicemia (74). O presente trabalho contemplou apenas 3 meses de seguimento após o fim da intervenção educacional, com isso não foi possível estender se haveriam melhores resultados bioquímicos em longo prazo. A AADE (American Association of Diabetes Educators) (75) relata que a construção de comportamentos saudáveis é apropriada para um programa de autogerenciamento do diabetes, servindo como base para pessoas com diabetes incorporarem uma alimentação saudável em seu autocuidado e estilo de vida. Essa construção apóia mudanças na dieta e atividade física e tem como objetivo conseguir a perda de peso ou manutenção. Educar as pessoas com diabetes a seguir um plano de alimentação saudável deve ser prioridade para todos os programas de diabetes. Educadores em diabetes devem abordar alimentação saudável com objetivo de treinar o auto-gerenciamento no controle do diabetes e um objetivo secundário associado com redução do risco de comorbidades, especialmente doenças cardiovasculares e obesidade. Sem o conhecimento e habilidades necessários, os indivíduos com diabetes dificilmente conseguirão gerir sua condição de forma eficaz. Embora alguns terão capacidade e perseverança para atingir seus objetivos por tentativa e erro, a maioria necessita de formação estruturada, baseada em evidências. Isto deve estar disponível a todos os diabéticos tipo 1 para treiná-los a manter um melhor controle metabólico e qualidade de vida. A educação em diabetes formal não pode mais ser considerada como um tratamento opcional. Ela precisa ser vista como essencial para o tratamento, como as medicações, e portanto, pesquisar e avaliar recursos com garantia de qualidade a um padrão similar a ser seguido e aplicado (76). 41 6. CONCLUSÃO O presente estudo demonstrou que a educação nutricional para pacientes diabéticos tipo 1, adultos, em contagem de carboidratos, já orientados em consultórios de nutricionistas, envolvendo o paciente com a nutrição saudável, o planejamento adequado das refeições e treinando a precisão da contagem de carboidratos, é eficaz. A prática em grupo ajudou a aumentar a aderência ao plano alimentar saudável, diminuiu a ingestão calórica, de carboidratos e de gorduras da dieta, melhorou a ingestão de diversos grupos alimentares saudáveis, aumentou a ingestão de melhores escolhas de alimentos, além de fazer com que o paciente se sinta mais acolhido e em acordo com uma melhor aceitação a doença, demonstrada pela melhoria da qualidade de vida. Esse trabalho demonstrou também que o processo de educação em diabetes possui melhoras comportamentais principalmente agudas, necessitando de processos contínuos de acompanhamento e de educação para a saúde. O ideal seria o acompanhamento em longo prazo, em torno de 6 meses e 1 ano, confrontando resultados de grupos com e sem seguimento de programas de educação em diabetes. Limitações As limitações encontradas foram tempo curto de seguimento dos pacientes e falta de grupo controle para verificar se conseguiríamos resultados bioquímicos mais expressivos, além da escassez de estudos com mesmo objetivo para confrontar os resultados. Considerações Finais É necessário mais estudos que avaliem a eficácia da educação em diabetes na aderência ao plano alimentar em pacientes DM1 em contagem de carboidratos. 42 Dessa forma, poderíamos ter um processo de educação nutricional padrão para que esses pacientes consigam manter uma alimentação mais benéfica a saúde, diminuindo os fatores de risco para as complicações da doença. 43 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ADA - American Diabetes Association. Standards of medical care in diabetes - 2013. Diabetes Care. 2013 Jan;36 Suppl 1:S11-66. 2. 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APÊNDICES APÊNDICE A: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Este estudo intitulado “Estratégia educacional para aumentar a aderência a prescrição alimentar saudável para diabéticos tipo 1 em contagem de carboidratos”, tem como objetivo facilitar a aderência ao plano alimentar saudável e de contagem de carboidratos de quem tem diabetes tipo 1 através do envolvimento com a boa nutrição e autoplanejamento alimentar. Serão convidados a participar do estudo pacientes com diagnóstico de diabetes tipo 1 em contagem de carboidratos, respeitando-se os critérios de inclusão e exclusão do estudo. Os pacientes serão submetidos a um programa de educação nutricional com maior envolvimento com o plano alimentar personalizado e foco em diabetes, contagem de carboidratos e alimentação saudável. Serão analisados os exames antropométricos (peso, altura, Índice de Massa Corporal (IMC) e Circunferência Abdominal (CA), bioquímicos (HbA1c, colesterol total e frações e triglicérides), dose total diária de insulina (DTD), adequação nutricional com o plano alimentar por recordatório alimentar de 72hs e questionário de aderência nutricional. Será aplicado também um questionário de qualidade de vida validado (B-PAID - Versão brasileira da escala PAID - Problems Areas in Diabetes). Serão propostos quatro encontros de palestras e oficinas em grupo para o programa de educação nutricional, um em cada semana, durante 1 mês, além dos encontros de entrevistas e avaliações, sendo esses antes do programa de educação e após 1 e 3 meses do término do mesmo. Cada encontro terá a duração de 1 hora. Os resultados serão comparados por período, antes e após o programa de educação nutricional. Após realização de entrevista com o paciente e assinatura deste termo, não será alterado a conduta inicial do médico assistente, que estará livre para fazê-lo, independente desse estudo, ao ter acesso aos resultados do mesmo. Os participantes serão informados sobre todos os procedimentos realizados e poderão se recusar a participar da pesquisa, ou retirar o consentimento, mesmo após a assinatura deste termo. Os mesmos permanecerão anônimos no estudo, não constando em nenhum arquivo o nome completo e/ou endereço, apenas iniciais e números. Os resultados serão apresentados em reunião clínica, nas instituições ligadas ao estudo, ao final do trabalho e estarão disponíveis inclusive para os participantes. Este projeto visa também publicação dos resultados em revistas especializadas e dissertação de tese de mestrado. Não haverá despesas pessoais para o paciente, nem compensação financeira pela sua participação. O pesquisador também não será remunerado e seu interesse é apenas científico. Garantimos que os exames realizados serão apenas aqueles relativos à pesquisa e que o mesmo não será utilizado, em hipótese alguma, para outro fim além do citado. Em qualquer época do estudo o paciente poderá solicitar esclarecimentos ao investigador principal, Débora Bohnen Guimarães, que poderá ser encontrada na Santa Casa de Belo Horizonte, Rua Domingos Vieira, 519 - telefones (31) 32388838/ 9191-9316. Se tiver alguma dúvida sobre a ética da pesquisa, poderá consultar o Comitê de Ética em Pesquisa - Rua Domingos Vieira, 519 - 9o andar - telefone: 3238-8838. Belo Horizonte: / / 12. ________________________________ Assinatura do paciente ou representante legal. Declaro que obtive, de forma apropriada e voluntária, o Consentimento Livre e Esclarecido deste paciente ou representante legal, para participação neste estudo. Belo Horizonte: / / 12. _____________________________ Assinatura do responsável pelo estudo. 52 APÊNDICE B: Registro Alimentar Alimento Desjejum – glicemia antes: ____ Porção Qtdade g/ ml g CHO TOTAL de CHO:__________ TOTAL de Insulina:_______BA_____ BC_____ Alimento Colação – glicemia 2hs após desjejum: ____ Porção Qtdade. g CHO TOTAL de CHO:__________ TOTAL de Insulina:_______ BA_____ BC_____ Alimento Almoço – glicemia antes: ____ Porção Qtdade. g CHO TOTAL de CHO:__________ TOTAL de Insulina:_______ BA_____ BC_____ Alimento Lanche – glicemia 2hs após almoço: ____ Porção Qtdade. g CHO TOTAL de CHO:__________ TOTAL de Insulina:_______ BA_____ BC_____ Alimento Jantar – glicemia antes: ____ Porção Qtdade. g CHO TOTAL de CHO:__________ TOTAL de Insulina:_______ BA_____ BC_____ Alimento Ceia – glicemia 2hs após jantar: ____ Porção Qtdade. TOTAL de CHO:__________ TOTAL de Insulina:_______ BA_____ BC_____ g CHO 53 APÊNDICE C: Teste de aderência a alimentação saudável – TASCD TESTE DE ADERÊNCIA A ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E DE CONTROLE DO DIABETES – TASCD INSTRUÇÕES: Este formulário contém 20 perguntas sobre aderência ao seu plano de tratamento nutricional para diabetes. O objetivo do questionário é conhecer melhor as dificuldades alimentares dos pacientes, com isso seja sincero em seu preenchimento. Coloque um X na opção que melhor corresponde a sua resposta 1. Quantas refeições você faz por dia? ( ) 1 a 4 refeições (1) ( ) 5 a 7 refeições (0) ( ) mais de 7 refeições (1) 2. Com que frequência você consome doces ou açúcar nos alimentos, e quando consome, quantas porções de carboidratos (CHO) você ingere habitualmente por dia? (Ex: 1 porção de 15g CHO = 1 Colher de açúcar, 1 colher rasa de doce, 1 copo de refrigerante comum, 1 barra pequena de chocolate ou 1 bombom grande, 1 fatia de bolo sem recheio). ( ( ( ( ( ( ) ) ) ) ) ) menos que 3x/semana, apenas 1 a 3 porções / dia dentro da minha meta de CHO (0) menos que 3x/semana, mais que 3 porções / dia (2) menos que 3x/semana, apenas 1 a 3 porções / dia fora da minha meta de CHO (2) mais que 3x/semana, apenas 1 a 3 porções /dia dentro da minha meta de CHO (0) mais que 3x/semana, mais que 3 porções / dia (2) mais que 3x/semana, apenas 1 a 3 porções /dia fora da minha meta de CHO (2) 3. Quando consome doces, você faz o ajuste de dose de insulina? ( ) Quase nunca (3) ( ) Algumas vezes (2) ( ) Maioria das vezes (1) ( ) Sempre (0) 4. Quantas porções de frutas você consome por dia? ( ) mais de 5 porções (1) ( ) 2 a 4 porções (0) ( ) 1 porção (2) ( ) Nenhuma (3) 5. Quantas porções (bife médio) de carne, aves ou peixe você ingere por dia? ( ) 1 a 2 porções (0) ( ) 3 a 4 porções (2) ( ) mais de 4 porções (3) ( ) Nenhuma porção (1) 6. Você ingere líquidos durante as grandes refeições (almoço e jantar)? ( ) Sim (1) ( ) Não (0) 54 7. Quantas porções de vegetais (verduras e legumes) você consome por dia (1 C. Sopa = porção)? ( ) mais de 7 porções (0) ( ) 4 a 7 porções (0) ( ) 1 a 3 porções (1) ( ) Nenhuma porção (2) 8. Com que freqüência você ingere leite e/ou derivados (queijo e iogurte)? ( ) Nenhuma vez (2) ( ) 1 a 2 x/dia (1) ( ) 3 a 4 x/dia (0) ( ) mais de 4 x/dia (1) 9. Com que freqüência você ingere frituras? ( ) Diariamente (3) ( ) 3 a 5 x/sem (2) ( ) 1 a 2 x/sem (1) ( ) menos de 1x/sem (0) 10. Quantos copos de água você ingere por dia? ( ) Nenhum (2) ( ) 1 a 5 copos (1) ( ) Mais de 5 copos (0) 11. Com que freqüência você ingere bebidas alcoólicas? E qual a quantidade? (1 dose = 1 lata de cerveja, 1 taça de vinho, 50 ml de destilados). ( ) Raramente ou nunca (0) ( ) 1 a 2 x/semana, 1 a 2 doses/dia (0) ( ) 1 a 2 x/semana, mais que 3 doses /dia (2) ( ) mais que 3 x/semana, 1 a 2 doses/dia (0) ( ) mais que 3 x/semana, mais que 3 doses /dia (2) 12. Quando ingere bebidas alcoólicas, toma quais cuidados? ( ) Meço a glicemia, ingiro carboidrato junto e ajusto dose de insulina (0) ( ) Meço a glicemia e ajusto dose de insulina (1) ( ) Não faço nada na hora da bebida e só corrijo a glicemia depois (2) ( ) Não ingiro bebidas alcoólicas (0) 13. Com que frequência você consome fast foods (pizza, salgadinhos, sanduíches gordurosos)? ( ) Diariamente (3) ( ) 3 a 5 x/sem (2) ( ) 1 a 2 x/sem (1) ( ) menos de 1x/sem (0) 14. Você costuma comprar alimentos diet e light? ( ) Sim, sempre (0) ( ) Na maioria das vezes (0) 55 ( ) Raramente ou nunca (2) 15. O que você observa nos rótulos dos alimentos ao comprar um produto? ( ) Quantidade de carboidratos por porção (1) ( ) Quantidade de carboidratos e calorias da porção (0) ( ) Quantidade de calorias por porção (2) ( ) Se contém açúcar ou se é diet (1) ( ) Se contém açúcar e a quantidade de carboidratos da porção (0) ( ) Não observo rótulos (3) 16. Você substitui massas, batatas, farinhas pelo arroz para manter sua meta de carboidratos? ( ) Sempre (0) ( ) Quase sempre (0) ( ) Às vezes (1) ( ) Não (2) 17. Com que frequência você consome alimentos ricos em fibras (pães integrais, arroz integral ou cereais integrais)? ( ) Diariamente (0) ( ) 3 a 5 x/sem (1) ( ) 1 a 2 x/sem (2) ( ) Raramente ou nunca (3) 18. Você costuma usar sua lista de substituições dos alimentos para manter a adequação de sua alimentação? ( ) Sempre (0) ( ) Quase sempre (0) ( ) Às vezes (1) ( ) Raramente ou nunca (2) 19. Você planeja suas refeições antes de sair de casa para manter a adequação de sua dieta e levar alimentos consigo? ( ) Sempre (0) ( ) Quase sempre (0) ( ) Às vezes (1) ( ) Raramente ou nunca (2) 20. Em hipoglicemia, é mais comum você se tratar com o que? ( ) Chocolates ou doces ricos em gorduras (15g CHO) (1) ( ) Balas, mel ou açúcar (15g CHO) (0) ( ) Sucos naturais, frutas, refrigerantes (15g CHO) (0) ( ) Lanche comum, pães, leite, etc. até sentir-se melhor (>15g CHO) (2) ( ) Alimentos com açúcar até sentir-se melhor (>15g CHO) (2) ( ) Antecipo meu lanche (15g CHO) (0) 56 9. ANEXOS ANEXO A - Carta de autorização do Comitê de Ética 57 58 ANEXO B - B-PAID B-PAID Versão Brasileira da escala PAID – Problems Áreas in Diabetes Instruções: A partir de sua própria perspectiva, em que grau as seguintes questões relacionadas ao diabetes são um problema comum para você? Observe o quadro ao lado para classificar sua resposta! Pequeno problema problema moderado problema 1 1. A falta de metas claras e concretas no cuidado do seu diabetes: 2. Sentir-se desencorajado com o seu tratamento do diabetes: 3. Sentir medo quando pensa em viver com diabetes: Enfrentar situações sociais desconfortáveis relacionadas 4. 5. 6. 7. aos cuidados com seu diabetes (por exemplo pessoas falando para você o que você deve comer): Ter sentimentos de privação a respeito da comida e refeições: Ficar deprimido quando pensa em ter que viver com diabetes: Não saber se seu humor ou sentimentos estão relacionados com o seu diabetes: 8. Sentir que o seu diabetes é um peso para você: 9. Preocupar-se com episódios de glicose baixa: 2 Problema Quase sério Não é um 3 4 Problema sério 5 59 10. Ficar brabo/ irritado quando pensa em viver com diabetes: 11. Preocupar-se com a comida e o que comer: Preocupar-se com o futuro e com a possibilidade de sérias 12. complicações: Sentir-se culpado(a) ou ansioso(a) quando você deixa de 13. cuidar do seu diabetes: 14. Não aceitar seu diabetes: 15. Sentir-se insatisfeito com o médico que cuida o seu diabetes: Sentir que o diabetes está tomando muito de sua energia 16. mental e física diariamente: 17. Sentir-se sozinho com seu diabetes: Sentir que seus amigos e familiares não apóiam seus 18. esforços em lidar com o seu diabetes: 19. Lidar com as complicações do diabetes: Sentir-se esgotado com o esforço constante que é 20. necessário para cuidar do seu diabetes: