A Ilha Eraldo Bacelar Na Europa, Ásia e América do Norte o clima é de insegurança. O anúncio do presidente George Bush sobre a mobilização do seu governo para salvar a economia americana não chegou a aliviar totalmente os maus presságios sobre a crise econômica internacional. Afinal, são 14 bilhões de dólares jogados no roldão dos créditos imobiliários podres pelas gigantes do setor. Um dos maiores bancos dos EUA abriu falência, seguindo outros 12 de menor porte. Para tentar salvar os dedos, os americanos usam recursos dos contribuintes para manter de pé a maior seguradora do mundo, a AIG, cujo fechamento provocaria um efeito dominó sobre o restante da economia. E o Brasil? Está tranqüilo e perfeitamente seguro, juram o presidente Lula e seus ministros da área econômica. Com direito a tiradas irônicas: “os palpiteiros dos bancos internacionais estão quebrando e nós estamos em crescimento”. O furacão ruge lá fora, mas aqui colecionamos sinais positivos. Crescimento recorde de empregos formais, economia acelerada, uma poupança segura em petróleo no pré-sal. Há sinais, contudo, de que é preciso cautela. A bolsa paulista, a Ibovespa, perdeu um trilhão de reais no primeiro semestre com os solavancos mundiais. O assalariado do mínimo, ainda a base da pirâmide social brasileira, não consegue visualizar uma quantia de tal porte. Bom que os índices sociais estejam melhorando. Mas a desigualdade é ainda preocupante. O tsunami que afoga as economias do resto do planeta talvez passe ao largo, como reiteram as autoridades brasileiras. Mesmo assim, como há uma eleição se aproximando, melhor não confiar apenas na fé cega e na faca amolada. Não estamos livres do perigo. A estabilidade, por enquanto, está sendo mantida pelas reservas internacionais e pelo crescimento do mercado interno, movido a crédito caro e uma das maiores cargas fiscais do mundo. Ao escolher os governantes e os legisladores de seus municípios os brasileiros podem ampliar a margem de segurança que permita o crescimento sustentado da economia ou perder o trem para o futuro. Uma escolha mal feita pode resultar numa crise como a que sacode, fora da nossa ilha da fantasia, os demais países do mundo interligados e interdependentes economicamente. Presidente da Fundenor e SindHnorte