FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO VAIDADE FISICA E O CONSUMO NA TERCEIRA IDADE FERNANDA DIAS CARNEIRO MARQUES ORIENTADOR: FÁTIMA CRISTINA BACELLAR Rio de Janeiro, 18 de Junho de 2009 “VAIDADE FISICA E O CONSUMO NA TERCEIRA IDADE” FERNANDA DIAS CARNEIRO MARQUES Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Comportamento do Consumidor ORIENTADOR: FÁTIMA CRISTINA BACELLAR Rio de Janeiro, 18 de Junho de 2009. “VAIDADE FISICA E O CONSUMO NA TERCEIRA IDADE” FERNANDA DIAS CARNEIRO MARQUES Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Comportamento do Consumidor Avaliação: BANCA EXAMINADORA: _____________________________________________________ Professor FÁTIMA CRISTINA BACELLAR (Orientador) Instituição: IBMEC RJ _____________________________________________________ Professor ERIC COHEN Instituição: IBMEC RJ _____________________________________________________ Professor CECÍLIA MATTOSO Instituição: ESPM RJ Rio de Janeiro, 18 de Junho de 2009. FICHA CATALOGRÁFICA 658.8342 M357 Marques, Fernanda Dias Carneiro. Vaidade física e o consumo na terceira idade / Fernanda Dias Carneiro Marques - Rio de Janeiro: Faculdades Ibmec, 2009. Dissertação de Mestrado Profissionalizante apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração das Faculdades Ibmec, como requisito parcial necessário para a obtenção do título de Mestre em Administração. Área de concentração: Administração geral. 1. Comportamento do consumidor. 2. Estética e vaidade. 3. Idosos – Consumo. RESUMO Apesar de estudos apresentarem evidências de que a vaidade física existe desde o surgimento do homem, a preocupação com a aparência têm se tornado uma realidade cada vez mais presente nas sociedades atuais. Com o fortalecimento de padrões de beleza, é natural que as pessoas se sintam influenciadas e adequem suas atitudes e seus comportamentos de acordo com as exigências desse cenário. Porém, a maioria dos estudos relativos à vaidade física ainda foca em jovens, mesmo diante do crescimento mundial da população mais idosa. Para entender como a vaidade física participa do comportamento de consumo das mulheres da terceira idade foi realizada uma pesquisa exploratória com consumidoras brasileiras acima de 65 anos (inclusive). A pesquisa objetivou elaborar um esboço de modelo teórico a fim de mostrar o que mais motiva tais consumidoras a cuidar da beleza assim como suas atitudes e seus comportamentos de consumo. Foi identificado nos resultados obtidos que a vaidade física é motivada tanto por estímulos do ambiente, como a sociedade, família e cultura como por estímulos internos como desejos, percepções e a influência da própria idade. Foi analisado, então, como as entrevistadas lidam com a preocupação com a aparência e como encaram a vida. Finalmente, foram verificadas as atitudes e comportamentos dessas consumidoras em relação à mídia e à indústria de beleza assim como os sentimentos experimentados no pós-consumo. v Palavras Chave: vaidade física, beleza, aparência, padrões de beleza, terceira.idade, idosa, consumo, comportamento, atitude. vi ABSTRACT Despite evidencies of phisical vanity since the beginning of humanity, the concern regarding appearence and beauty has become a rule in modern society in the last decades. The beauty standards strengthened nowadays have made people adjust their attitudes and behaviors in order to adapt to these cenario. However, most studies on this matter concerns to youth, even so the old population is growing fast and has become one of the major consumer market: the grey market. To understand how the physical vanity participates in the old female consumer behavior, an exploratory research has been undertaken with brasilian women aged 65 or above. This research aimed to elaborate a draft of a teoritical model to show what are the factors that motivates most these consumers concern about their beauty and how physical vanity participates in their consumption attitudes and behaviours. The results found showed that phisical vanity is motivated by external factors such as society, family and culture and also by personal factors such as desires, perceptions e the influency of age. Then it has been analysed how these women deal with their appereance and how they deal with life in general. Finally, it has been identified what are these consumers attitudes and behaviors regarding the midia and the beauty industry and the feelings experienced after consumption. vii Key Words: Vanity, appereance, beauty, attitudes, behavior, old, grey market, beauty standards. viii LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Evolução da Pirâmide Etária Brasileira ............................................................... 26 Figura 2 – Modelo Teórico Proposto .................................................................................... 58 ix LISTA DE ABREVIATURAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ANPAD Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração x SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................1 1.1 APRESENTAÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA .............................................................................. 1 1.2 PERGUNTA DE PESQUISA................................................................................................................. 6 1.3 OBJETIVO .............................................................................................................................................. 6 1.4 DELIMITAÇÃO ..................................................................................................................................... 7 1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ..................................................................................................... 7 2 2.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................8 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR ........................................................................................ 8 2.2 VAIDADE .............................................................................................................................................. 12 2.2.1 Definição de Vaidade e sua Evolução ................................................................................................ 13 2.2.2 Estereótipos de Beleza e o Papel da Mídia......................................................................................... 15 2.2.3 Meios de Consumo para Alcançar a Beleza Física Ideal.................................................................... 18 2.2.4 O Impacto da Beleza Física na Vida dos Consumidores .................................................................... 21 2.2.5 O Lado Negativo do Culto a Beleza Física ........................................................................................ 22 2.2.6 Características dos Consumidores que Buscam a Beleza Ideal .......................................................... 23 2.3 A TERCEIRA IDADE .......................................................................................................................... 25 2.3.1 Definindo a Terceira Idade................................................................................................................. 25 2.3.2 Comportamento de Consumo na Terceira Idade ................................................................................ 33 2.3.3 Importância da Beleza Física na Terceira Idade................................................................................. 38 3 METODOLOGIA DE PESQUISA.......................................................................43 3.1 APRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA ESCOLHIDA E JUSTIFICATIVA ............................ 43 3.1.1 A Pesquisa Exploratória e a Abordagem Qualitativa ......................................................................... 43 3.1.2 A Entrevista........................................................................................................................................ 48 3.2 PROCEDIMENTO DE CAMPO......................................................................................................... 51 3.2.1 Entrevistados ...................................................................................................................................... 51 3.2.2 Coleta de Dados ................................................................................................................................. 52 3.2.3 Tratamento dos Dados........................................................................................................................ 52 xi 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................57 4.1 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS........................................................................................... 57 4.1.1 Estímulos Internos.............................................................................................................................. 59 4.1.2 Estímulos Externos............................................................................................................................. 65 4.1.3 Atitudes Gerais ................................................................................................................................... 72 4.1.4 Comportamentos Gerais ..................................................................................................................... 77 4.1.5 O Consumo......................................................................................................................................... 80 4.1.5.1 Atitudes de Consumo..................................................................................................................... 81 4.1.5.2 Comportamentos de Consumo....................................................................................................... 85 4.2 5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS..................................................................................................... 89 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................92 5.1 CONCLUSÃO ....................................................................................................................................... 92 5.2 LIMITAÇÃO DA PESQUISA ............................................................................................................. 93 5.3 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS .................................................................................. 94 5.4 IMPLICAÇÕES GERENCIAIS.......................................................................................................... 95 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................98 APÊNDICE A ..........................................................................................................106 APÊNDICE B ..........................................................................................................107 xii 1 INTRODUÇÃO Este capítulo apresenta o tema, contextualizando-o e mostrando sua relevância para o meio acadêmico e para os profissionais de marketing. Em seguida, é definido o objetivo deste estudo assim como sua delimitação. 1.1 APRESENTAÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA A vaidade tem se apresentado como um dos temas dominantes na cultura ocidental (NETEMEYER et al., 1995). Apesar de a vaidade ser realmente inerente ao ser humano (SCHOUNTEN, 1991), nem sempre foi vista com bons olhos como pode ser verificado por sua própria definição no dicionário: “qualidade daquilo que é vão (fútil, insignificante, que só existe na fantasia, falso, ilusório e inútil)” (FERREIRA, 1975). Etcoff (1999) argumenta que a beleza, uma preocupação constante para os vaidosos, é uma fuga da realidade, é como uma criança dentro de nós que se recusa a aceitar esse mundo cheio de turbulências. Segundo Netemeyer et al. (1995), a vaidade está muito relacionada ao materialismo justificando a importância de estudos sobre este constructo e seu impacto no comportamento do consumidor. Thompson e Hirschman (1995) ressaltam ainda que a dedicação a fim de alcançar o corpo desejado estimula o consumo de vários serviços e produtos de uma indústria 1 multibilionária com foco explícito no corpo dos consumidores: programas de dietas, equipamentos de ginástica, cosméticos, cirurgias plásticas, alimentos ligth e diet, livros e revistas com imagens de corpos idealizados. Como vivemos em uma sociedade claramente orientada ao consumo, os profissionais de marketing anunciam os produtos e serviços associando-os à idéia de sucesso pessoal e aparência física ideal utilizando modelos e personalidades atraentes estimulando nos consumidores a ênfase na aparência física (NETEMEYER et al., 1995). As experiências e percepções dos consumidores em relação a sua aparência física têm grande influência no comportamento de consumo e nos significados atribuídos aos produtos e serviços relativos a questões estéticas (THOMPSON ; HIRSCHMAN, 1995). No entanto, o corpo ideal construído pelas imagens da mídia está longe do corpo que a média da população possui e desvios dos padrões idealizados culturalmente são encarados como um problema pelas pessoas gerando conseqüências pessoais significantes (THOMPSON ; HIRSCHMAN, 1995). Nessa lacuna entre a norma cultural para aparência física e a realidade biológica das pessoas, anúncios e propagandas ligados ao assunto dieta floresceram: Nos anos 1980, receitas provenientes de comerciais de centros de dietas cresceram 18% por ano, alcançando dois milhões de dólares em 1990 (STEPHEN et al., 1994). Hoje em dia, não ser vaidoso é sinônimo de relaxamento e falta de força de vontade. Em pesquisa realizada em dez países por Butler et al. (2004) foi identificado que no Brasil o peso e a beleza do corpo influem mais na auto-estima das mulheres do que o sucesso na profissão, 2 fé religiosa ou número de amigos. Apenas 7% das mulheres se consideram bonitas e, por conta disso, 54% se dizem dispostas a fazer cirurgias plásticas. Em todo mundo, cosméticos e produtos de higiene pessoal constituem uma indústria de 45 bilhões de dólares. Nos EUA, milhões de dólares são gastos todo ano em propagandas para convencer os consumidores de que os produtos e serviços estéticos oferecidos irão torná-los atrativos e, assim, melhorar seu bem-estar (BLOCH ; RICHINS, 1992). No Brasil, existem mais vendedores de estética do que pessoas inscritas no exército: o Brasil só fica atrás dos Estados Unidos no número de cirurgias plásticas (ETCOFF, 1999). Segundo dados publicados no site de sociedade brasileira de cirurgia plástica, em 2004, o Brasil realizou 616.287 mil cirurgias plásticas, sendo: 59% estéticas e 69% mulheres e 31% homens. Reportagem divulgada sobre a cirurgia plástica e os idosos no site da CBS Saúde em 2007, relatou que pessoas idosas estão passando, progressivamente, a procurar as clínicas de cirurgia plástica, em busca de procedimentos estéticos. Segundo dados do Euromonitor, o mercado de cosméticos e higiene pessoal brasileiro se tornou em 2006 o terceiro mais valioso do mundo. De acordo com o site da ABIHPEC (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal Perfumaria e Cosméticos) vários fatores têm contribuído para o acelerado crescimento do setor, entre os quais se destacam: utilização de tecnologia de ponta e conseqüente aumento da produtividade, participação crescente da mulher brasileira no mercado de trabalho, lançamento constante de novos produtos atendendo cada vez mais as necessidades do mercado e o aumento da expectativa de vida que traz a necessidade de conservar uma aparência de juventude. 3 Entre as diversas exigências colocadas pelos estereótipos de beleza da sociedade atual, está a juventude. Ter rugas, ficar flácido e ter cabelos brancos a mostra é sinal de descuido, de relaxamento. Embora seja ancestral o inconformismo do homem frente ao processo de envelhecimento, a busca pela manutenção da juventude pode ser compreendida como um dos emblemas da cultura contemporânea (PALACIOS, 2006). Segundo Belk (1998), uma variedade de atividades de consumo, desde produtos para tingir cabelos e prevenir sua queda, cosméticos para evitar envelhecimento da pele até cirurgias plásticas refletem o desejo de controlar as forças da natureza, particularmente o inevitável envelhecimento. O corpo que se modifica de formas não desejadas e que eventualmente se deteriora com o passar do tempo é visto como um objeto que deve ser controlado pela razão, conhecimento e tecnologia, principalmente no que tange a resistir às forças da natureza particularmente o envelhecimento. Esse desejo de controlar e resistir a tais mudanças em seu corpo e sua imagem se baseia em um valor sociocultural primário: a idealização cultural da juventude (THOMPSON ; HIRSCHMAN, 1995). A situação ainda é mais crítica para as mulheres. Em pesquisa realizada para uma grande empresa de cosméticos por Butler et al. (2006) foram entrevistadas 1450 mulheres entre 50-64 anos em 9 países diferentes, entre eles o Brasil, para entender como elas se sentem sobre envelhecimento, beleza e bem-estar. A maior reclamação dessas mulheres da terceira idade é com os esteriotipos de beleza que têm sido propagados e a sua invisibilidade na mídia. Elas desejam ser vistas de forma autêntica, na diversidade de sua beleza: espertas e ativas, sensuais e atraentes e dignas de admiração e afeto como qualquer outra mulher. 4 Poderia se pensar que esse desafio para a terceira idade não seria de grande relevância para o marketing se o cenário fosse de uma população jovem com apenas uma minoria na maturidade. No entanto, a população mundial está envelhecendo. De acordo com projeções disponibilizadas pelo site da Organização Mundial de Saúde, devido ao efeito combinado da redução dos níveis da fecundidade e da mortalidade, no ano 2050 mais de 20% da população mundial terá mais de 60 anos de idade e essa também é uma realidade no Brasil. Segundo Camarano (2002), a expectativa de sobrevida nas idades mais avançadas no Brasil é tão elevada quanto a de países desenvolvidos. A redução dos níveis da fecundidade e da mortalidade puderam ser verificados no Brasil no Censo Demográfico 1991 onde foi comprovado o início do processo de transformação do perfil demográfico da população brasileira: a esperança de vida ao nascer do brasileiro que era de 66,93 anos em 1991 aumentou para 72,05 anos em 2005 (IBGE). Além de representarem grande parte do mercado brasileiro, os consumidores de terceira idade têm uma característica que deve ser levada em consideração pelas empresas: estes consumidores possuem uma renda disponível para gastar maior que as outras faixas etárias. Segundo Solomon (1992), os adultos mais velhos controlam mais de 50% da renda discrecionária nos Estados Unidos. Esse cenário que une o fortalecimento da vaidade com o crescimento da população da terceira idade e seu poder aquisitivo cria inúmeras oportunidades para as empresas do setor de beleza. Com a maior longevidade desses idosos, seu poder aquisitivo e a exposição constante às propagandas e estereótipos de beleza impostos pela sociedade, seria razoável supor que os idosos irão buscar na indústria de beleza produtos e serviços para satisfazer sua vaidade física, mantendo-os mais jovens, mais bonitos e mais felizes com sua imagem corporal. 5 No entanto, apesar de todos os fatos acima expostos, pouco se encontra na literatura sobre a vaidade na terceira idade e sua influência no seu comportamento de consumo. A maioria dos estudos ainda foca no segmento mais jovem quando fala de vaidade física. Da mesma forma, é fácil observar nos meios de comunicação que os anúncios de produtos e serviços de beleza pouco ou nada incluem a terceira idade, deixando uma lacuna a ser preenchida. Esta dissertação busca diminuir essa lacuna ao se propor a responder a pergunta de pesquisa definida no item 1.2. 1.2 PERGUNTA DE PESQUISA Considerando o cenário atual apresentado, essa dissertação visa responder a seguinte pergunta de pesquisa: Como a vaidade física participa do comportamento da consumidora da terceira idade? Para responder a esta pergunta será realizada uma revisão da base teórica disponível e uma pesquisa de campo com consumidoras da terceira idade. 1.3 OBJETIVO O objetivo desse trabalho é estudar como a vaidade física participa do comportamento de consumo de um crescente segmento conhecido como terceira idade. Esse estudo se propõe a entender como o mercado maduro, ou terceira idade, se coloca frente aos estereótipos criados pela sociedade atual relativos à aparência física, como é a sua relação com a vaidade e a participação desta no seu comportamento de consumo. 6 1.4 DELIMITAÇÃO Nesse estudo será abordado o aspecto da vaidade relativo à fixação e à valorização da aparência física, também conhecido e doravante referenciado como vaidade física. Este estudo tem seu foco na vaidade física dos consumidores brasileiros do gênero feminino que se encontrem na terceira idade. O segmento da terceira idade é detalhado no item 2.3 deste documento. A pesquisa de campo não foca em um único produto ou serviço da indústria da beleza utilizado para satisfazer a vaidade física do consumidor, mas se propõe a analisar os meios mais utilizados pelas entrevistadas. 1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO Esse trabalho está divido em 5 capítulos. O capítulo 1 apresenta uma introdução sobre o tema a ser pesquisado. No capítulo 2 é apresentada uma revisão da literatura contemplando estudos realizados sobre comportamento do consumidor, sobre vaidade física e construtos correlatos e estudos relacionados à terceira idade. No capítulo 3 é realizada uma análise da metodologia de pesquisa contemplando os aspectos da pesquisa e a abordagem utilizadas nesse estudo assim como o procedimento de campo realizado. No capítulo 4 são apresentados os resultados da pesquisa de campo e uma discussão sobre estes resultados. Por fim, no capítulo 5, são apresentadas as conclusões desta dissertação indicando as limitações da pesquisa realizada, assim como sugestões para pesquisas futuras e as implicações gerenciais identificadas. 7 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Esse capítulo aborda os principais construtos relacionados ao tema deste estudo estando dividido em três partes para uma melhor compreensão. Primeiramente, é abordado o campo do comportamento do consumidor e os conceitos relevantes para a análise do tema desta dissertação. Em seguida, é apresentado um levantamento da base teórica referente à vaidade física e construtos correlatos e, por fim, a terceira e última parte foca na terceira idade e em seu comportamento de consumo. 2.1 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Para estudar como o constructo vaidade física participa do comportamento de consumo na terceira idade, primeiramente se faz necessário esclarecer o que é o campo ‘Comportamento do Consumidor’. O estudo do comportamento do consumidor tem se tornado mais relevante a medida que os consumidores modernos enfrentam dificuldades cada vez maiores relativas a restrições orçamentárias, questões de moralidade e propriedade, escassez de tempo e, principalmente, uma ansiedade existencial no processo de escolha dos produtos (HOLBROOK, 1987). 8 Segundo Holbrook (1987), o termo ‘pesquisa do consumidor’ não possui ainda um significado claro e, em parte, isso se deve à proliferação de perspectivas de diversas disciplinas como psicologia, sociologia, economia, antropologia e até um pouco de filosofia, fazendo deste um campo multidisciplinar. Porém, ele ressalta que o que distingue a pesquisa do consumidor das outras disciplinas é o seu foco central no consumo, ou seja, nas atividades realizadas para se alcançar um objetivo, atender a uma necessidade ou satisfazer um desejo. Portanto, ele propõe se pensar na pesquisa do consumidor como: “o estudo dos processos em que a aquisição, o uso e a disposição de todos os tipos de produtos potencialmente provêem valor ao atender às necessidades e desejos humanos.” Solomon (2002) ressalta ainda que tais processos envolvem tanto indivíduos quanto grupos e que os produtos englobam também serviços, idéias ou experiências. Ele lembra ainda que em seus estágios iniciais de desenvolvimento, este campo era conhecido como comportamento do comprador, o que refletia uma ênfase na interação entre consumidores e produtores apenas no momento da compra. Porém, atualmente, o comportamento do consumidor é considerado como um processo contínuo que inclui as questões que influenciam o consumidor antes, durante e depois da compra. O estudo do comportamento do consumidor tinha tradicionalmente um foco nos fatores racionais de consumo, sendo essa perspectiva conhecida como perspectiva de processamento de informação. Nessa perspectiva, o foco está nos benefícios tangíveis dos produtos e serviços, nas questões utilitárias, nos estímulos verbais e nas restrições monetárias do consumidor que é considerando como um solucionador de problemas racional cujas respostas são associadas ao raciocínio analítico, lógico e orientado à resolução dos problemas (HIRSCHMAN ; HOLBROOK, 1982). 9 Ao expandir o foco da análise do comportamento de consumo extrapolando questões funcionais e tangíveis, surge uma nova abordagem conhecida como perspectiva experimental que, segundo Hirschman e Holbrook (1982), tem seu foco em fatores aparentemente irracionais para as necessidades de consumo, tais como lazer, sonhos, diversão e emoções. Segundo estes pesquisadores, essa perspectiva considera o consumo como um estado de consciência subjetivo envolto em uma variedade de significados simbólicos, respostas hedônicas e critérios estéticos. Na perspectiva experimental, o foco está nas percepções e preferências dos consumidores, o interesse é o estudo da gama completa de emoções relevantes para o comportamento do consumidor que compreende sentimentos como amor, ódio, medo, alegria, ansiedade, orgulho, tristeza, vergonha etc. É importante notar que, uma vez que o objetivo desse estudo é entender o comportamento de consumo relacionado à vaidade física e, portanto, envolto em questões estéticas, cheias de significados subjetivos, simbólicos e emoções, a perspectiva experimental parece ser revestir de grande importância para a presente pesquisa. Outro aspecto relevante no estudo do comportamento do consumidor é que os consumidores, como seres humanos que são, cultivam sentimentos sobre si próprios, ou seja, possuem um conjunto de crenças e avaliações sobre os próprios atributos que, por sua vez, influencia suas decisões de compra chegando ao ponto de, em algumas ocasiões, produtos e serviços consumidos servirem como um eu-estendido (BELK, 1988). Esse conjunto de crenças é conhecido na literatura acadêmica como auto-conceito. Solomon (2002) ressalta que um componente importante do auto-conceito é a imagem corporal definida como a avaliação do consumidor sobre seu eu físico. No entanto, muitas vezes, a imagem corporal ou o próprio auto-conceito no seu sentido mais amplo são distorcidos fazendo com que a auto-estima, ou seja, o grau de positividade do auto-conceito dos consumidores seja afetada (SOLOMON, 10 2002). Esses três construtos (auto-conceito, imagem corporal e auto-estima) são fundamentais ao analisar como a vaidade física influencia o comportamento dos consumidores e serão abordados diversas vezes ao longo deste estudo. Além dos conceitos individuais já abordados, Holt (1997) ressalta os aspectos e questões sociais como fatores relevantes ao se estudar o comportamento do consumidor. Essas questões até então pouco abordadas nas pesquisas de comportamento do consumidor são o foco da abordagem conhecida como pós-estruturalista. Segundo ele, essa abordagem foca em questões sociológicas defendendo que o consumo é um padrão social porque pessoas que compartilham condições sociais semelhantes adquirem gostos similares que são então organizados em ações de consumo. Para entender melhor essa abordagem, Holt (1997) explicita alguns princípios chaves do pósestruturalismo. Primeiramente, ele defende que padrões de consumo consistem em regularidades nas práticas de consumo e que estes padrões são estruturados por contextos culturais e sociais. Ele também ressalta a importância de não focar apenas nos construtos individuais do consumidor focando na análise dos consumidores como coletividade, como grupos. Finalmente, ele defende que estudar padrões de consumos de gêneros, grupos étnicos e de gerações conduzirá a uma análise muito mais completa do que ao se estudar o padrão de consumo de um indivíduo. Essas questões apontadas por Holt (1997) são de grande relevância ao se analisar como o comportamento de consumo é afetado em uma sociedade com o foco na vaidade física. Com o objetivo de detalhar alguns conceitos importantes para o estudo em questão ainda se faz necessário analisar um tipo de comportamento de consumo de grande relevância para o estudo da terceira idade: o consumo compensatório. 11 O consumo compensatório, segundo Yao e Yin (2006), é uma forma de auto-recompensa das pessoas mais idosas. A motivação desse tipo de consumo é compensar o passado, tentando satisfazer suas necessidades e desejos, fato que não era possível quando eram mais jovens por terem muitos compromissos que consumiam sua renda, seu tempo e sua energia. Esse comportamento de consumo é facilitado especialmente porque, quando os filhos se tornam independentes e saem de casa, os consumidores mais velhos experimentam um aumento em recursos escassos como tempo e dinheiro. O consumo é um meio utilizado pelas pessoas para satisfazerem objetivos tangíveis e intangíveis, que podem se manifestar de formas conscientes ou até inconscientes. Por isso, é importante entender esse processo e seus aspectos relevantes, pois o consumo é um dos meios utilizados pelas pessoas para satisfazer a vaidade física, que será analisada no item a seguir. 2.2 VAIDADE Esse item apresenta uma análise dos estudos sobre vaidade física e construtos correlatos. Primeiramente, é apresentada uma definição para vaidade física e sua evolução desde sua origem até os dias atuais. Em seguida, são abordadas as questões relativas a estereótipos de beleza e o papel da mídia na criação e disseminação destes. Posteriormente, é apresentada uma análise dos meios disponíveis e utilizados pelos consumidores, segundo a literatura, para o alcance da beleza e a satisfação da vaidade física. São abordados, em seguida, os principais impactos da beleza física ou a falta desta na vida dos consumidores, seguido de um estudo do lado negativo do culto a beleza. Por último, é apresentada uma análise das características dos consumidores que têm foco na vaidade física. 12 2.2.1 Definição de Vaidade e sua Evolução Segundo Schounten (1991), a vaidade é realmente inerente ao ser humano. Primeiramente, deve-se entender o que significa esse sentimento, ou essa emoção humana para realizar uma análise mais detalhada sobre seus possíveis efeitos no comportamento de consumo. Foi proposta por Netemeyer et al. (1995) uma definição para vaidade que consiste em dois temas: fixação na aparência física e no sucesso pessoal. Tal fixação consiste em uma preocupação constante e uma visão positiva e, muitas vezes exagerada, desses dois aspectos da vaidade. Apesar de os estudos de Netemeyer et al. (1995) terem sido focados na sociedade ocidental, Durvasula et al. (2001) verificaram que esta mesma escala mostrou ser útil e ter aplicabilidade também na cultura oriental. Para se explorar mais profundamente o aspecto da vaidade física, não se pode deixar de analisar os estudos relacionados à beleza, à atratividade física. Segundo Bloch e Richins (1992), a atratividade física é considerada como atributo de valor inerente para a espécie humana. Segundo estes pesquisadores, as características da atratividade física podem ser agrupadas em duas categorias em função do seu nível de permanência: características inatas e características mutáveis. As características inatas refletem traços duradouros, que não se modificam tais como altura, estrutura óssea e proporções do corpo, enquanto as características mutáveis são definidas por Cash e Cash (1982, apud BLOCH ; RICHINS, 1992) como aquelas que podem ser controladas de alguma forma, tais como postura, peso, aparência e expressão facial. 13 O interesse dos acadêmicos em estudar a beleza física os levou a buscar a origem da preocupação com a aparência física. Etcoff (1999) defende que a habilidade humana para perceber a beleza e responder a ela existe desde o surgimento do homem e ressalta que com a chegada do Cristianismo, a beleza é encarada como uma tentação sensual e uma grande vaidade, ao mesmo tempo em que é vista como imagem da graça de Deus, sendo a beleza carnal considerada evidência da beleza espiritual e a feiúra considerada como sinal de maldade, de perigo ou ainda como resultado do castigo de Deus. Para Sant’Anna (2004), foi a partir da década de 1950 que a beleza deixou de ser um dom divino, atribuído a algumas mulheres e não a outras, para ser algo que se compra e se inventa diariamente. As ciências sociais só começaram a debater sobre a natureza da beleza humana a partir da década de 1970. Os escritos antes da década de 1960 em psicologia e antropologia sugeriam que a aparência física parecia não ter muita influência nas atitudes humanas nem desempenhar um papel na sua vida mental. Evidências da abordagem comportamental, no entanto, mostram que as pessoas podem drasticamente alterar seu comportamento em resposta a um ambiente de recompensas e de punições, ou seja, que o comportamento humano é maleável e enormemente adquirido por meio de experiência (ETCOFF, 1999). Atualmente, o embelezamento é aceito como um gesto rotineiro, não apenas um direito, mas também um dever de todas as mulheres e, mais recentemente, também dos homens (SANT’ANNA, 2004). No Brasil, é visto como sinal de falta de cuidado, de desleixo, o fato de deixar o corpo na sua aparência natural, principalmente se esse natural é um corpo gordo ou envelhecido (GOLDENBERG, 2008). 14 Segundo Palacios (2006), nas sociedades contemporâneas, a antiga preocupação com o rosto já não é mais dominante: o corpo e sua conservação é que mobilizam cada vez mais as paixões e a energia femininas. Para ela, encontramo-nos no momento da “antiidade” e do “antipeso”. Goldenberg (2008) constatou que a preocupação com a aparência e com a juventude pode ser considerada uma obsessão entre as mulheres brasileiras provocando uma permanente insatisfação com a imagem corporal e que os itens mais invejados entre estas mulheres estão a beleza, o corpo e a inteligência, nesta ordem. Goldenberg (2008) defende que o foco na aparência física é tão forte nos brasileiros, principalmente nos cariocas, que o corpo passa a ser considerado como um capital. Outra descoberta bastante relevante diz respeito à relação entre cultura e beleza. Segundo Etcoff (1999), no final da década de 1960, estudos concluíram que a cultura não é a causa, mas sim, uma resposta aos instintos básicos humanos e preferências natas, pois pesquisas mostraram que recém-nascidos já reconhecem a beleza sugerindo que os humanos podem compartilhar traços universais de beleza mesmo possuindo traços variados. 2.2.2 Estereótipos de Beleza e o Papel da Mídia Apesar de o fato de recém-nascidos já reconhecerem a beleza sugerirem que os humanos podem compartilhar traços universais de beleza, Etcoff (1999) defende a idéia de que um tipo ideal de beleza não existe. Porém, ainda assim, a sociedade tem historicamente criado esteriotipos de beleza a serem seguidos. Segundo Mauss (1974, apud Goldenberg, 2008), existe uma construção cultural do corpo típico para cada sociedade, em que há uma valorização de determinados atributos e comportamentos em detrimento de outros. 15 Um esteriótipo identificado por diversos autores como presente na maior parte do mundo ocidental é possuir um corpo esbelto. Desde os estudos conduzidos por Adams (1977), o peso já emergia como uma variável importante da atratividade física para as mulheres, sendo a magreza, juntamente com traços faciais e boa aparência, as variáveis de maior importância para as mulheres. Estudos atuais como os de Monteath e McCabe (1997), identificaram o peso como o item que mais contribui para a insatisfação corporal e que o ideal estabelecido é de extrema magreza. Essa cultura que prega uma grande preocupação com o peso é, sem dúvida, fortalecida pelo estereótipo de pessoas gordas, que são vistas como menos inteligentes, menos populares e menos extrovertidas do que aquelas que são mais esbeltas (STEPHEN et al., 1994), chegando-se ao extremo de se encarar a gordura como sinônimo de maldade (MONTEATH ; MCCABE, 1997). Outro esteriótipo observado nas sociedades ocidentais é a idealização cultural da juventude. Nas últimas duas décadas, a preocupação em se manter jovem cresceu muito no Brasil devido aos padrões de beleza a serem seguidos serem cada vez mais jovens (GOLDENBERG, 2008). Segundo Thompson e Hirschman (1995), o corpo que se modifica de formas não desejadas e que eventualmente se deteriora com o passar do tempo é visto como um objeto que deve ser controlado pela razão, conhecimento e tecnologia, principalmente no que tange a resistir às forças da natureza, particularmente o envelhecimento. Goldenberg (2008) ressalta que como o estigma de envelhecer pode ser encoberto e as mulheres não se sentem valorizadas socialmente ao assumirem sua própria idade, as mulheres com mais de 50 anos tentam parecer mais jovens do que realmente são. Dychtwald (1997) é mais enfático defendendo que a cultura ocidental é bastante gerontofóbica, que as pessoas têm medo de envelhecer e possuem preconceito contra a população mais velha. 16 O culto ao corpo é tão forte que no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, que o corpo cuidado, sem rugas, sem gorduras, sem celulites é o único que, mesmo sem roupas, está decentemente vestido. Hoje estar indecente é sair dos padrões de beleza. Passa a ser o corpo que entra e sai de moda e não as vestimentas em si (GOLDENBERG, 2008). Tanto a idealização da magreza quanto a da juventude são continuamente reforçadas pela mídia e pelos pares (SOLOMON, 2002). O padrão de beleza tem sido submetido a todas as formas de manipulação em uma tentativa de criar um ideal que parece não ter uma encarnação humana (ETCOFF, 2002). A mídia, por meio da promoção mercadológica, cria nos consumidores o sonho de ser eternamente jovem e de alcançar a beleza ideal (MENEZES, 2006). É estimulada nos consumidores uma ênfase na aparência física pela utilização na mídia de imagens de modelos atraentes, pois esta ênfase é importante para estabelecer e manter o auto-conceito de um individuo (NETEMEYER et al., 1995). Como a aparência física e os desvios dos ideais de beleza influenciam a satisfação corporal e a socialização dos indivíduos (MONTEATH ; MCCABE , 1997; FELERICO ; HOFF, 2007; MIRANDA ; LEAO, 2003), é natural, a constatação de Stephen et al. (1994) de que a insatisfação com a aparência física dos consumidores fortalece o poder de persuasão das propagandas. O desejo de controlar o corpo como um objeto motiva os indivíduos a se engajarem em práticas de consumo focadas na aparência física (THOMPSON ; HIRSCHMAN, 1995). O consumo passa a ser utilizado como meio para criar a autoidentidade (BELK, 1998). No entanto, Etcoff (1999) defende que nem tudo pode ser atribuído a pressão da mídia, pois as mulheres também cultivam a beleza por vontade própria e ainda usam o poder por ela 17 conferido. Além disso, consumidores vaidosos avaliam favoravelmente propagandas com apelos relacionados à aparência física (WATSON et al., 1999). No item 2.2.3 será realizada uma análise dos serviços e produtos de beleza enfatizados pela mídia como meios para se adequar aos esteriotipos de beleza. 2.2.3 Meios de Consumo para Alcançar a Beleza Física Ideal O senso de não estar completo, que é inerente ao ser humano, o direciona a se auto-criar, a sempre buscar melhorar e a consumir produtos e serviços nesse processo (SCHOUNTEN, 1991). Como as mulheres são recompensadas por sua beleza de forma que não o são por outros ativos que possuam, é natural que queiram investir parte de seus recursos no cultivo da beleza, inclusive outros recursos além do dinheiro, pois, historicamente, as mulheres têm se submetido a extremos desconfortos, dores e riscos na tentativa de se adequar aos padrões culturais de beleza (ETCOFF, 1999). Milhões de dólares são gastos todo ano em propagandas para convencer os consumidores que os adornos disponíveis no mercado irão preencher suas necessidades para torná-los atrativos e melhorar seu bem-estar (BLOCK; RICHINS, 1992). Segundo Netemeyer et al. (1995), entre os comportamentos de consumo estimulados pela vaidade física pode-se citar uso de cosméticos, preocupação com vestuário e moda, engajamento em dietas, prática de exercícios e realização de cirurgias estéticas. Essa variedade de atividades de consumo refletem o desejo de se controlar as forças da natureza, particularmente o inevitável envelhecimento (BELK, 1998). 18 Um produto disponibilizado pela indústria da beleza é o cosmético. Palácios (2006) constata que, no caso específico deste tipo de produto, há uma clara intenção do discurso publicitário em instituir o seu uso como um padrão e de uso obrigatório por toda a vida. Um tipo de cosmético bastante utilizado na tentativa de esconder os sinais da idade e os danos causados pelos maus hábitos é a maquiagem. Segundo Block e Richins (1992), vários estudos indicam que o uso de maquiagem por mulheres tem sido relacionado a fortes atribuições de atratividade e feminilidade. Quando a tentativa de modificar os traços naturais com cosméticos não é mais efetiva as pessoas utilizam meios mais extremos buscando alterações cirúrgicas (ETCOFF, 1999). Segundo Goldenberg (2008), as brasileiras tornaram-se as campeãs mundiais na busca pelo corpo perfeito, passando a frente dos Estados Unidos e se tornando o povo que mais se submete a cirurgias plásticas no mundo atualmente. Segundo Schounten (1991), controlar o corpo e sua aparência é intrinsecamente recompensador para alguns e também pode ser usado como uma forma de aumentar o controle sobre as respostas emocionais dos outros. A cirurgia plástica pode ser considerada não só como uma cirurgia no corpo, mas também no cérebro, pois modifica-se a personalidade da pessoa com o bisturi: é a cirurgia da vaidade (MENEZES, 2006). Pesquisas verificaram melhora na auto-estima dos consumidores após a realização de cirurgia plástica, por meio do sentimento de melhora na atratividade, na auto-confiança ou na maior facilidade social devido a melhora na sua imagem corporal. Para muitos a cirurgia plástica é encarada como uma reconstrução em grande escala da identidade (SCHOUNTEN, 1991). Além do uso de cosméticos e de cirurgias plásticas, outro meio utilizado na tentativa de ficar belo é a utilização de adornos. Na visão de Block e Richins (1992) os adornos são utilizados 19 de três formas para afetar a atratividade das pessoas: (1) como transformadores (depiladores, inibidores de apetite, coloração) removendo ou alterando significantemente atributos mutáveis considerados insatisfatórios, (2) como camuflagens (maquiagem, roupas, acessórios) para ocultar ou subestimar características inatas que o consumidor não consegue mudar e (3) como potencializadores para realçar ou chamar atenção para características natas que são vistas de forma positiva (maquiagens, roupas). Os estudos indicam ainda a moda como um importante artifício utilizado pelos consumidores no mundo da vaidade física. Segundo Etcoff (1999), a moda ajuda a realçar o que as pessoas acham de bonito em si próprias e ainda é considerada uma forma de arte, por meio da qual se constrói status e se mostram atitudes, sendo utilizada para fazer as pessoas aparentarem ser mais jovens, mais altas, mais ricas. Seja qual for o meio utilizado na busca pela beleza, o fato é que os meios disponibilizados por essa indústria provêm os consumidores com algum controle direto sobre sua aparência física conferindo-lhes, por meio dela, maior poder ou auto-confiança em seus relacionamentos sociais, profissionais e íntimos, em especial em pessoas que sofreram algum tipo de perda ou rejeição (SCHOUNTEN, 1991). Além disso, o consumo de produtos de beleza gera aumento da auto-estima (BLOCH ; RICHINS, 1992) e melhora da percepção social e da autopercepção da atratividade física (CASH et al., 2001). Em virtude de fatores como os progressos científicos, os métodos industriais e a elevação do nível de vida, os produtos de beleza, que antes eram um privilégio das classes mais favorecidas, tornaram-se, em nossas sociedades, artigos de consumo corrente, um luxo ao alcance de todos (PALACIOS, 2006). 20 2.2.4 O Impacto da Beleza Física na Vida dos Consumidores A aparência é a nossa parte mais pública e visível que o mundo assume ser um reflexo do nosso invisível interior. Julgamentos sobre beleza são como barômetros sensíveis de status social. A sociedade atribui significados e associa implícita ou explicitamente valores positivos à beleza física assim como atribui valores e significados negativos a falta de beleza, ou feiúra, havendo evidências de que as penalidades de ser feio são ainda maiores do que as recompensas de ser belo (ETCOFF, 1999). Etcoff (1999) ainda ressalta que os impactos relativos a beleza ou a falta desta ocorrem tanto na infância quanto na fase adulta e abrangem praticamente todas as áreas da vida humana: amizade, profissão, relacionamentos, atitudes, sociabilidade e até na justiça criminal. Segundo Goldenberg (2008), um corpo sexy, jovem, magro e em boa forma confere status de superioridade aquele que o possui, pois é visto como uma conquista que requer muito dinheiro, empenho e sacrifício e concluí que : “... o corpo, com tudo que ele simboliza, promove nos brasileiros uma conformidade a um estilo de vida e a um conjunto de regras de conduta, recompensada pela gratificação de pertencer a um grupo de valor superior.” Tais conclusões são condizentes com os estudos de Thompson e Hirschman (1995) que identificaram que a forma física em que as pessoas se encontram simboliza seu valor pessoal, sua posição nas relações sociais, o mérito do seu estilo de vida e inclusive o grau de controle sobre suas vidas. Segundo eles, os indivíduos vêem seus corpos como registros vivos da sua história de vida e dos seus hábitos de consumo e defendem que essa ideologia cultural é concretizada pela mídia de massa, propagandas, crenças, pronunciamentos científicos, relações interpessoais e encontros sociais. 21 A beleza influencia não apenas nossas percepções e comportamento em relação aos outros, mas também, em relação a nós mesmos. Adams (1977), identificou que a atratividade física e a boa aparência estavam positivamente relacionados a auto-conceitos positivos e verificou que pessoas atraentes apresentam características de personalidade mais desejáveis socialmente como possuírem maior auto-aceitação, serem menos influenciáveis pelos pares e se percebem como realmente atraentes. No caso da terceira idade, os impactos individuais são mais negativos, pois com o forte esteriótipo de juventude, cariocas entre 50 e 60 anos pesquisadas por Goldenberg (2008) revelaram uma sensação de invisibilidade, falta de parceiro e de exclusão do mercado afetivo-sexual por estarem fora deste padrão. 2.2.5 O Lado Negativo do Culto a Beleza Física Avaliar a estética das pessoas começou a gerar preocupações por provocar efeitos no modo como as pessoas se comportam umas com as outras. Entre os efeitos preocupantes, Zuckert (2005) destaca o tratamento de pessoas consideradas belas como objeto, seja para gratificação sexual ou para satisfação de aspirações sociais do parceiro e a injustiça social ao conceder tratamento diferenciado, mais favorável às pessoas belas. No entanto, para Zuckert (2005) a beleza não é um dom natural como se costumava dizer, mas resulta de escolhas e esforços (dieta, exercícios, cosméticos, cirurgias) os quais não estão relacionados com o caráter ou moral de uma pessoa. “As novas, sutis e esmagadoras exigências da sociedade moderna em relação aos padrões de beleza vigentes, e essas imposições, estão gerando depressão, baixa auto-estima e perda da capacidade competitiva embasada no não-alcance desses padrões vigentes.” (MENEZES,2006). Goldenberg (2008) defende que sociedades com esses modelos de beleza impostos são capazes de levar seus membros à doença e à morte, a perda da vontade de viver 22 e a depressão marginalizando aqueles que são diferentes e ressalta: “A apologia ao corpo perfeito foi uma das mais cruéis fontes de frustração feminina no século XX.” Nesse contexto sócio cultural é natural pessoas sentirem culpa por desviarem dos padrões de beleza, além de enxergarem tais comportamentos como falta de força de vontade, disciplina e auto-controle, gerando conseqüências pessoais significantes (THOMPSON ; HIRSCHMAN, 1995). Stephen et al. (1994), ressalta que a maioria das mulheres avalia seu próprio valor em termos de quão magras estão, podendo sua saúde mental e física ser dramática e negativamente afetada pelo uso de padrões culturais de beleza praticamente impossíveis de se alcançar. Netemeyer et al. (1995) identificou que o narcisismo estimula um comportamento de consumo negativo como hábitos prejudicais à saúde, entre os quais pode-se citar as desordens alimentares, o uso de esteróides e a exposição excessiva ao sol, entre outros. 2.2.6 Características dos Consumidores que Buscam a Beleza Ideal Muitos fatores psicológicos ajudam a explicar porque pessoas são motivadas a estar na moda, tais como conformidade social, busca da variedade, criatividade pessoal e atração sexual (SOLOMON, 2002). Um dos motivos que leva os seres humanos a buscar a beleza é que esta é um prazer básico. Estudos clínicos comprovam que a falta de resposta à beleza física é um sinal de profunda depressão e que uma das medidas padrão para avaliar a depressão inclui perguntas para avaliar mudanças na percepção dos pacientes sobre sua própria aparência física (ETCOFF, 1999). Ela defende que, ao perceber uma pessoa se olhando no espelho, é possível perceber 23 que ela está tentando se satisfazer. Se nos preocupamos com a nossa própria imagem, é natural nos preocuparmos também com a imagem que os outros têm de nós. Dúvida e ansiedade sobre si próprio com relação à sexualidade e romance impulsionam o desejo das pessoas de se auto-transformarem por meio do consumo em um esforço para ser tornarem belas. Tais sentimentos podem surgir de imagens corporais que não estão de acordo com os ideais criados pela cultura popular que dita o tamanho, a forma, o peso, a cor e até a textura de um corpo sensual e atraente e promovem os meios de consumo pelos quais tais características podem ser obtidas (SCHOUNTEN, 1991). Etcoff (1999) ressalta também que o desejo por amor e aceitação motiva as pessoas a desejarem ter um rosto e um corpo que outros desejem olhar e conhecer, ou seja, que sejam considerados belos. Porém, ela ressalta que se importar com a aparência também traduz traços positivos de personalidade e que indivíduos mais felizes cuidam melhor da sua aparência, fazendo maior uso de produtos e serviços voltados para a beleza do que pessoas infelizes. Pessoas com traços de personalidade associados a maior ênfase na aparência, buscam o consumo como ferramenta para melhorar sua atratividade e seu bem estar e até mesmo sua auto-estima (BLOCH ; RICHINS, 1992). Além da ênfase na aparência, eles apontam que consumidores que julgam não serem atraentes irão consumir produtos de beleza como instrumentos compensatórios. Motivos hedônicos também incluem um desejo por romance e para acabar com a monotonia. Profissionais da moda, há muito tempo, identificaram esses desejos e têm lançado frequentemente mudanças nos estilos de roupa e nas cores dos cosméticos (MIRANDA ; LEAO, 2003). 24 Schounten (1991) identificou que uma pessoa pode ter uma tendência a buscar mudanças se tiver uma auto-imagem negativa. Uma transição de identidade se inicia com a perda de algum papel, relacionamento ou outro componente chave do eu-estendido. Quando uma pessoa perde ou rejeita um aspecto importante de si próprio, tal separação ocorre provocando uma transição de identidade. Esse estudo mostra a importância do consumo dos produtos e serviços de beleza como meio de restaurar a harmonia para um ambíguo, incongruente e não satisfatório auto-conceito. Após analisar os aspectos e construtos correlatos da vaidade física, é necessário ainda analisar os aspectos da terceira idade e como este segmento se comporta frente à vaidade física. 2.3 A TERCEIRA IDADE Esse item aborda as definições da terceira idade e suas características assim como seus hábitos e comportamento de consumo. Finalmente, é analisada a importância da vaidade física nos consumidores da terceira idade. 2.3.1 Definindo a Terceira Idade O mercado tradicional focado nos consumidores entre 18 e 34 anos está perdendo população e se tornando um mercado difícil para as empresas. Se as empresas querem ganhar mercado, devem focar nos consumidores maduros (DYCHTWALD,1997). Focar na terceira idade tem suas razões nos números: este segmento representa 25% de toda a população e em torno de 30% da força de trabalho segundo dados do IBGE (2000). Para um melhor entendimento do cenário da população brasileira, a figura 1 disponibiliza um breve histórico da pirâmide etária no Brasil. 25 Figura 1 – Evolução da Pirâmide Etária Brasileira Fonte: CAMARANO, A.A. Envelhecimento da População Brasileira: Uma contribuição demográfica. Disponível em w.ipea.gov.br/pub/td/td_2002/td_0858.pdf> Acesso em: 20 dez. 2007. É interessante ainda atentar para o processo definido por Camarano (2002) como a feminização da velhice, visto que tem sido verificada uma maior longevidade das mulheres. Segundo Donovan (2005), o mercado sênior tem se tornado mais atrativo à medida que a proporção de pessoas de terceira idade na população mundial tem aumentado e à medida que esse mercado vêm controlando cada vez mais ativos. Como conseqüência, a forma e adequação de quase tudo precisarão ser revistas pelas empresas (DYCHTWALD, 1997). As empresas que direcionarem seus esforços para atender a esse mercado terão muitos benefícios ao desenvolverem e implementarem estratégias focadas em satisfazer as preferências dos idosos. Esse crescimento drástico se deve a estilos de vida mais saudáveis, a melhores diagnósticos e tratamento médicos e ao resultante aumento na expectativa de vida (Solomon, 2002), além da redução da mortalidade (CAMARANO, 2002). Camarano (2002) defende que essa longevidade é conseqüência de políticas e incentivos promovidos pela sociedade e pelo estado e do progresso tecnológico. Dychtwald (1997) acrescenta como fatores importantes os baby26 boomers, que constituem a maior coorte já existente, estarem atingindo a terceira idade e a diminuição da população jovem, visto que estimativas apontam que pelo menos 23% dos babyboomers não tiveram filhos e 25% tiveram apenas 1. No entanto, segundo Camarano (2002), o envelhecimento da população brasileira só entrou na agenda de pesquisa em 1998 durante o VI Encontro Nacional de Estudos Populacionais. Primeiramente, para estudar os consumidores da terceira idade, é necessário esclarecer o que é este mercado. Muitos são os nomes atribuídos a estes consumidores mais velhos: consumidores idosos, mercado maduro, terceira idade e mercado cinza. Independente do nome, Solomon (2002) os considera como uma subcultura de idade. Apesar de a dificuldade de se ter uma definição universal do que é idoso, Camarano (2002) indica o critério etário como o mais apropriado para sua definição. Porém, a definição desse critério também é complexa. Alguns autores como Dychtwald (1977) defendem que este mercado engloba os indíviduos acima de 50 anos enquanto Solomon (2002) entende que esse é um mercado que compreende os indivíduos acima de 55 anos. Para Camarano (2002) este mercado compreende os indivíduos acima de 60 anos, porém Gonçalves et al. (2005) consideram idosos todos os indivíduos com idade igual ou superior a 65 anos. No entanto, segundo Dychtwald (1997), quanto mais as pessoas envelhecem mais diversas ficam, sendo necessário muitas vezes dividir esse mercado em grupos para um melhor entendimento. Dychtwald (1997) propõe uma divisão do mercado cinza em três grupos: um grupo entre 50 e 64 anos (denominado meio da maturidade), um grupo entre 65 e 79 anos (denominado final da maturidade) e um último grupo com 80 anos em diante (denominado velhos). Ele defende que o primeiro grupo (consumidores entre 50 e 64 anos) possui a maior 27 renda disponível para consumo e está ansioso para poder gastar com si próprios e com os netos. Por outro lado, Camarano (2002) propõe apenas uma subdivisão em dois grupos: idosos jovens e mais idosos enquanto Solomon (2002) sugere pensar nesse mercado como constituído de quatro sub-segmentos: grupo mais velho (entre 55 e 64 anos), um grupo idoso (entre 65 e 74 anos), um grupo envelhecido (entre 75 e 84 anos) e um grupo muito velho (mais de 85 anos). Como visto pelas divergências dos autores acima citados e conforme uma extensa pesquisa bibliográfica conduzida por Tongren (1988), verifica-se que não existe uma definição padrão da faixa etária adotada para delinear essa subcultura. Porém, ao escolher a faixa etária a ser estudada é preciso atentar que se o limite inferior adotado for de 50 ou 55 anos, este mercado passa a ser composto por muitos consumidores que ainda estão ativos no mercado de trabalho e isto pode influenciar consideravelmente seu comportamento de consumo (SOLOMON, 2002). Outro fator importante de ser considerado ao adotar tais limites inferiores é que uma coorte muito importante para os profissionais de marketing passa a ser contemplada no mercado da terceira idade: os baby boomers que, segundo Novaes (2005), compreendem as pessoas que nasceram durante a explosão demográfica após a segunda guerra mundial, entre 1946 e 1964. Este é o mais poderoso segmento de mercado devido a seu tamanho e poder econômico (SOLOMON, 2002) e, por isso, tornou-se uma das maiores forças direcionadoras das estratégias de marketing e, à medida que a população envelhece, as necessidades dos consumidores mais velhos se tornam cada vez mais influentes. (NOVAES, 2005). Portanto, entender as características de personalidade, valores, comportamentos e atitudes dessa coorte é extremamente relevante. 28 Leventhal (1997) ressalta que os baby boomers irão atuar e até parecerem muito mais jovens do que qualquer outro grupo maduro que veio antes deles. Esta coorte sempre apresentou uma nova postura diante a vida defendendo a posição de não serem passivos como as gerações passadas, questionando e se impondo: no Brasil participaram do movimento hippie, da revolução sexual, resistiram a ditadura e mantiveram ao longo da vida muito forte seus ideais em sua personalidade, estilo de vida e opiniões e, à medida que envelhecem, apesar de seus interesses, necessidades e desejos mudarem, seus valores continuam (NOVAES, 2005). Esse estudo utilizará a faixa etária proposta por Gonçalves et al. (2005): acima de 65 anos (inclusive). Ao utilizar essa faixa etária o foco será direcionado para consumidores já inativos no mercado de trabalho, com maior tempo para pensar em si e cuidar da sua aparência. Utilizar essa faixa etária também possibilitará acrescentar novas descobertas a base teórica, visto que muitos estudos da terceira idade já focam nos baby boomers. Além da faixa etária, outro fator determinante do comportamento do mercado idoso é como uma pessoa lida com a velhice. Esse ponto é tão relevante que surgiu uma nova abordagem de segmentação para o mercado da terceira idade conhecida como gerontografia que divide este mercado em grupos com base no nível de bem-estar físico e nas condições sociais (TONGREN, 1988). GERRARD et al (2000) defendem que devem ser evitadas comparações com outros idosos que estejam passando por situações problemáticas, pois isto pode provocar no consumidor idoso sentimentos tristes como pena e medo de estarem na mesma situação no futuro próximo. É importante considerar também que os consumidores deste mercado cresceram na mesma época e compartilham muitas recordações culturais porque pertencem a uma coorte de idade comum, portanto, apelos nostálgicos dos profissionais de marketing podem obter uma 29 resposta positiva desses consumidores (SOLOMON, 2002). Gerrard et al (2000) identificaram que o processo de pensar ou falar sobre fatos passados é muito comum em idosos visto que ao longo da vida, as pessoas desenvolvem uma vasta coleção de memórias de experiências anteriores. Este processo é tão importante que tem sido utilizado para auxiliar aqueles que encontram problemas em envelhecer, sendo portanto, um fator relevante a ser analisado ao estudar o comportamento desses consumidores. Neste estudo, foi identificado que o fato de relembrar um momento positivo no passado é particularmente adaptativo para mulheres idosas que estão insatisfeitas com sua situação atual enquanto que para aquelas satisfeitas com sua situação atual, apelar para o passado é visto negativamente, pois elas não estão interessadas em relembrar como eram melhores há 30 ou 40 anos atrás. Conclui-se, portanto, que apesar de a importância do apelo nostálgico em propagandas este deve ser analisado cuidadosamente para não surtir um efeito indesejado. Estudar um mercado específico em função de sua faixa etária é relevante, pois a idade possui grande impacto no comportamento do consumidor por possuir uma forte associação com as condições psicológicas e físicas de um indivíduo assim como seu papel social e dentro da família (YING ; YAO, 2006). Porém, no caso de consumidores idosos, muito mais importante que sua idade cronológica é a sua idade percebida, pois esta tem forte influencia no seu comportamento de compra (TONGREN, 1988), pois a perspectiva mental e o nível de atividade de uma pessoa está muito mais relacionada com sua longevidade e qualidade de vida do que sua idade cronológica (SOLOMON, 2002). A idade percebida pode ser mensurada em várias dimensões como a idade sentida e a idade aparente. Quanto mais o consumidor envelhece, maior é a diferença entre a sua idade sentida e a idade cronológica (SOLOMON, 2002). A maioria dos consumidores idosos se sente com pelo menos uns 20 a 25 anos a menos do realmente têm (LEVENTHAL, 1997). O conceito de 30 quando envelhecer está mudando: a maioria dos baby-boomers, por exemplo, acredita que ficarão velhos a partir dos 79 anos, apesar de acreditarem que para seus pais a velhice começou aos 60 (DYCHTWALD, 1997). Como muitos idosos percebem sua idade mais jovem do que a idade cronológica, eles tendem a consumir de acordo com sua idade percebida e, por isso, tendem a rejeitar anúncios que os tratam como um mercado separado de velhos (TONGREN, 1988). Desta forma, muitos profissionais de marketing enfatizam os benefícios dos produtos e serviços em vez de sua adequação a idosos (SOLOMON, 2002; TONGREN, 1988). Além da idade percebida, outro fator relevante é que os consumidores maduros de hoje são como qualquer outro segmento de consumidorres: estudos mostram que traços básicos não mudam com a idade e, na realidade, os consumidores maduros são muito parecidos com quaisquer outros grupos em termos de personalidade (LEVENTHAL, 1997). No entanto, estudo realizado com consumidores chineses mostrou que, Apesar de os consumidores idosos apresentarem necessidades de consumo similares aos jovens, o mercado maduro apresentou algumas especificidades tais como ter atitudes de consumo mais maduras, possuir uma menor participação nas decisões de compra da família e possuir grande desejo por consumo compensatório (YING ; YAO, 2006). Segundo estes pesquisadores, o consumo compensatório ocorre com estes consumidores por ser focado em aproveitar a vida, por ser uma forma de compensar todos os sacrifícios e economias que tiveram que fazer durante a vida enquanto tinham que trabalhar duro e criar os filhos. Eles ainda ressaltam que no consumo compensatório os idosos se importam ainda menos com o fator preço em suas decisões de compra. 31 Uma tendência relevante ressaltada por Dychtwald (1997), é a mudança de um estilo de vida tradicional com uma ordem seqüencial de educação, trabalho e lazer para um estilo mais cíclico em que estes estágios serão revividos e intercalados ao longo da vida. Não será mais necessário ser jovem para trabalhar, para estudar ou para se divertir. Apesar de a imagem mostrada por algumas propagandas retratando pessoas maduras como antigas, acabadas, incapacitadas em cadeiras de rodas, enrugadas e cheias de cabelos brancos, os idosos atuais apresentam características bastante contrárias a esse estereotipo negativo. Estes indivíduos têm se mostrado ativos, interessados no que a vida tem a oferecer e são consumidores entusiasmados, com os meios e disposição para comprar muitos produtos e serviços, pois terminaram com muitas das obrigações financeiras que escoam a renda de consumidores mais jovens: eles sentem-se mais inclinados a gastar dinheiro consigo próprios do que economizar em nome dos filhos e dos netos (SOLOMON, 2002). No Brasil, aproximadamente 83% dos idosos entrevistados pela PNAD de 1998 estavam satisfeitos com seu estado de saúde (CAMARANO, 2002), ou seja, os idosos atualmente estão mais dispostos para viver e provavelmente para consumir. Além disso, pessoas idosas, por serem aposentadas e não terem mais crianças em casa, possuem mais tempo livre e dinheiro para aproveitar a vida (YING ; YAO, 2006). Em pesquisa realizada por Butler et al. (2006) com mulheres entre 50 e 64 anos em mais de 10 países, a nova denominação identificada para a terceira idade foi “os novos velhos”, pois apenas 16% das entrevistadas usaram a palavra ‘velha’ para se descrever e 59% utilizaram a palavra ‘nova’. Nesse estudo foi verificado que os anos após a juventude não mudaram essas mulheres, mudaram apenas como os próximos anos serão vividos e experimentados: a maioria das mulheres pesquisadas se descreveu como sendo amáveis, bondosas, felizes, ativas e 32 valorizadas. Os resultados da pesquisa mostraram ainda que a felicidade e satisfação não declinam, mas sim aumentam com o avanço da idade: o que declina são as emoções negativas como medo e raiva. No Brasil, em pesquisa realizada por Goldenberg (2008) no Brasil, o envelhecimento foi associado pelas idosas a idéias positivas como liberdade, conquistas, amadurecimento, serenidade, tolerância, sabedoria, aceitação e cuidado maior de si mesma . Algumas reportaram ainda que o envelhecimento representa uma descoberta de um “eu” que estava escondido, sufocado pelas obrigações sociais, especialmente no papel de mãe e de esposa e que viam na maturidade a oportunidade de serem elas mesmas pela primeira vez (GOLDENBERG, 2008). Para Burtler et al. (2006): “as mulheres de hoje entre 50 e 65 anos fazem parte de uma geração vibrante que mudou o conceito de como eram vistas e do que é possível se fazer nessa idade. A cada década essas mulheres encontram uma nova forma de passarem dos 50. “ 2.3.2 Comportamento de Consumo na Terceira Idade Como hoje se vive mais do que em qualquer época anterior, esses anos extras as pessoas são mais saudáveis, mais ativas, vigorosas e influentes do que qualquer outra geração jamais foi (DYCHTWALD, 1997). Além do aumento do número de consumidores idosos, o mercado cinza é de grande interesse para os profissionais de marketing por possuírem a mais alta renda média do Brasil (NOVAES, 2005). Porém, Ying e Yao (2006) defendem uma outra perspectiva: segundo estes pesquisadores os consumidores idosos possuem renda menor por estarem aposentados, mas, 33 mesmo assim, consomem mais que os outros consumidores porque o que antes era destinado para investimento passa a ser destinado para o puro consumo. Outro fator de interesse é que a pesquisa acadêmica tem mostrado que os idosos são um pouco menos sensíveis a preço que consumidores mais jovens (TONGREN, 1988). Pesquisa realizada por Ying e Yao (2006) mostrou que apenas uma minoria dos idosos pesquisados apontou o preço como o fator principal no processo de decisão de consumo, enquanto que a maioria considerou como fator principal a qualidade e as características ou função do produto. Portanto, estar atento e sensível às necessidades desses consumidores pode significar gerar muito lucro. Com relação ao processo de decisão de compra, a maioria dos 600 idosos pesquisados na China por Ying e Yao (2006) afirmou que consultava outras pessoas antes de decidir por uma compra, identificando mais uma característica específica desse mercado: processo conjunto de decisão. No entanto, Ying e Yao (2006) chamam a atenção que o mercado cinza está em constante mudança e que o consumidor idoso é mais complexo e diverso do que se imaginava. Donovan et al. (2005) ressaltam que devido a essa complexidade, pode ser mais difícil atingir com sucesso os idosos do que outros segmentos de consumidores. Portanto, os profissionais de marketing devem estar sempre monitorando tais mudanças de forma a entender esse mercado e atende-los da forma mais adequada. Outro fator complicador é que com o processo de envelhecimento surgem mudanças psicológicas, nas capacidades cognitivas e nos relacionamentos sociais que devem ser consideradas. Ao envelhecer algumas habilidades cognitivas importantes para processar informações são alteradas. Elas tendem a prejudicar a percepção e as habilidades de aprendizado assim como a memória devido a diminuição do 34 sistema nervoso central: estudos demonstraram que pessoas idosas têm dificuldade em distinguir entre estímulos relevantes e irrelevantes durante uma comunicação (GRUCA,1992). Porém, este pesquisador alerta que se disparadores e instruções específicas forem usados na fonte da mensagem, limitações da idade são substancialmente reduzidas e, às vezes, até desaparecem completamente. Desta forma, os profissionais de marketing devem estar atentos a esses fatores ao se comunicar com o mercado maduro. Entre algumas características de consumo da terceira idade levantadas na literatura acadêmica pode-se citar o estudo de Leventhal (1997) que aponta para algumas preferências de consumo do mercado maduro tais como preferência por alimentos de baixa gordura e livres de sódio, paixão por café e doces, hábito de jantar fora, inclinação para a vida, determinação para se exercitar e gosto por viagens. Ele também ressalta que o mercado maduro lê mais, gosta de interações e buscam confiança. Além disso, estes consumidores apresentam necessidade maior por informação e educação (DYCHTWALD, 1997), por isso, tendem a reagir positivamente a anúncios que oferecem abundância de informações (SOLOMON, 2002). Dychtwald (1997) ressalta que estes consumidores são mais experientes, mais educados, e mais sofisticados que os outros consumidores. Os resultados dos estudos realizados por Tongren (1988) e Leventhal (1997) resumem bem os padrões de comportamentos e características determinantes de consumidores idosos, conforme detalhado no quadro 1. 35 Quadro 1 – Características e Comportamentos dos Consumidores da Terceira Idade Autor Característica Consumidores Mais Ativos Tongren (1988) Eles gastam quase que o mesmo em aparatos, possuem mais consciência da moda e são menos sensíveis a preço do que outros adultos. Eles possuem mais renda disponível para gastar. Eles reagem aos apelos de marketing em função de sua idade percebida ou cognitiva que geralmente é mais jovem do que sua idade cronológica. Eles utilizam passeios a shoppings como exercício e recreação enquanto aproveitam para buscar informações sobre os produtos e serviços. Decisão de Compra em Conjunto Idosos são mais propensos do que consumidores mais jovens a consumir em grupo e a tomar decisões em conjunto. Não estão muito preocupados com amenidades oferecidas para idosos como locais para descansar, letreiros maiores e serviços de entrega. Dependência da mídia de massa Conforme a idade aumenta, aumenta a dependência da mídia de massa para obter informações assim como a credibilidade percebida da informação, sendo os meios mais apropriados as revistas e jornais. Reatividade a apelos de velhice Idosos não gostam de serem lembrados que são velhos e reagem negativamente a anúncios que usam essa abordagem. Busca por Autonomia Leventhal (1997) Descrição Para pessoas idosas o controle se torna crucial, pois forças atuam mais intensamente nesses consumidores afetando e limitando sua habilidade de tomar o controle. Além disso, autonomia é primordial em um cenário que os idosos estão tendo que prover seu próprio futuro em termos de pensões e fundos de aposentadoria, em função dos cortes nessa área que os governos têm realizado. Busca por Altruísmo Pessoas maduras demonstram desejo de retribuir ao mundo assim como influenciar o comportamento dos outros idosos. Busca por Crescimento pessoal Pessoas idosas gostam de serem retratados como seres humanos que ainda tem estão se desenvolvendo e aprendendo. Busca por Revitalização Pessoas idosas gostam de serem atuantes, seja em aprendizado, seja em trabalhando. Fonte: Elaborado pela autora a partir de LEVENTHAL, R.C.Aging Consumers and Their Effects on the Marketplace. Journal of Consumer Marketing, v.14, n.4, p.276-281. Set .1997 e TONGREN, H. N.Determinant Behavior Characteristics of Older Consumers. The Journal of Consumers Affairs, v.22, n.1, 1988. Além das características dos consumidores da terceira idade, a literatura acadêmica identificou que algumas das categorias de produtos e serviços que podem ser beneficiar deste mercado estão relacionadas ao constructo tão presente atualmente: vaidade física. Solomon (2002) aponta oportunidades em produtos como instalações para exercícios físicos, cirurgias estéticas e tratamentos de pele. Ele ainda ressalta que entre as categorias que os idosos mais gastam dinheiro está o vestuário feminino que representa um gasto até 56% maior que os outros consumidores. Com um gasto tão relevante é importante os profissionais de marketing estarem atentos para o fato de que estes consumidores costumam buscar informações sobre 36 produtos e serviços de moda em revistas, amigos e vendedores nessa ordem (TONGREN, 1988). Produtos e serviços criados para idosos podem na realidade serem rejeitados pelo mercado maduro: em vez de criar esteriotipos de idosos, os produtos/serviços devem ser vendidos pelos seus benefícios para esse mercado (LEVENTHAL, 1997). Segundo Tongren (1988), muitos estudos suportam que lojas ou produtos que cortejam os consumidores idosos podem acabar ressaltando sua idade. A abordagem mais apropriada seria cortejá-los em função de sua idade percebida e oferecer benefícios de acordo, porém de forma cuidadosa e discreta.. Apesar de alguns acreditarem que os consumidores maduros não provam novos produtos, na realidade eles se dispõem a experimentar o novo sim, porém por razões diferentes dos consumidores mais novos: em vez de experimentarem por estar na moda, eles aprovarão o novo que atender uma necessidade específica e real (LEVENTHAL, 1997). Ying e Yao (2006) concluíram que o comportamento de consumo dos idosos mudou: os idosos estão mais abertos para aceitar o novo e as propagandas têm representado um importante papel no processo de decisão de compra destes consumidores. Segundo Leventhal (1997), é importante considerar que esse tipo de consumidor já possui bastante experiência de vida e, portanto, é capaz de formar percepções instantâneas dos produtos/serviços, porém precisam de mais tempo para responder às investidas das empresas. Deve-se focar nos benefícios concretos dos produtos, pois estes consumidores tendem a serem céticos com relação a promoções vagas e relacionadas a imagem (SOLOMON, 2002). Para esse tipo de consumidor o ideal é uma abordagem pessoal: uma das ações mais impactantes que se pode fazer ao focar no mercado maduro é criar um relacionamento 37 positivo com estes consumidores (LEVENTHAL, 1997). Os apelos de marketing dirigidos a esses consumidores devem se concentrar no auto-conceito e na idade percebida dos consumidores (SOLOMON, 2002). Outro ponto relevante é que consumidores maduros estão frequentemente fazendo comparações. A propaganda boca a boca é a mais importante para esse tipo de consumidor. Eles têm se mostrado seletivos, distintos e céticos com relação a tudo. Esse comportamento faz todo sentido visto que eles vêm sendo expostos a todo tipo de propaganda nos últimos 30 a 40 anos. Portanto, para uma comunicação efetiva com este segmento, a mensagem atual deve ser consistente com a sua última, sendo importante manter um diálogo honesto e amigável. Porém, para esse mercado as ações contem mais do que as palavras (LEVENTHAL, 1997). Portanto, para influenciar com sucesso o mercado maduro, devem ser observados alguns direcionamentos: entenda seus valores, utilize estímulos emocionais, lembre-se estes consumidores que são menos influenciados pelos pares, se atenha a fatos, seja paciente e dêlhes mais tempo, seja consistente para não perder sua confiança, se abstenha de esteriotipos, mantenha senso de humor, mostre interações entre gerações, crie relacionamentos, retrate-os de maneira positiva, lembre-se que nem todos os consumidores maduros são iguais. Porém, Leventhal (1997) alerta: “trate as pessoas mais velhas como clientes primeiramente e como clientes maduros incidentalmente.” 2.3.3 Importância da Beleza Física na Terceira Idade Envelhecer é muito mais difícil para as mulheres, pois a sociedade ocidental sempre valorizou as mulheres por sua beleza que sempre foi baseada na aparência de juventude 38 (DYCHTWALD, 1997). Butler et al. (2006) defende que historicamente mulheres da terceira idade têm sido marginalizadas, sendo mal vistas ao revelarem sua idade ou fazendo coisas que pareciam muito jovens: elas não mais ficarão restritas nas suas opções, podendo se engajar em quaisquer atividades que lhes dê prazer. Na cultura brasileira, onde o corpo é visto como um capital, o envelhecimento pode ser um problema muito grande, o que explica os enormes sacrifícios que as mulheres maduras fazem para parecerem mais jovens seja por meio do corpo, da roupa ou do comportamento (GOLDENBERG, 2008). No entanto, a definição de beleza está se expandindo para contemplar mulheres de todas as idades: começam a surgir empresas de cosméticos e vestuário que utilizam modelos maduras, expandindo nossa visão de beleza (DYCHTWALD, 1997). As mulheres da terceira idade de hoje são mais confiantes, possuem maior independência financeira, são mais saudáveis mais envolvidas na sociedade, mais francas, mais engajadas, aproveitam mais o sexo do que quando eram mais jovens (BUTLER et al., 2006). Segundo Novaes (2005), os babyboomers de hoje enfatizam o eu, se preocupam com a aparência pessoal e com sua saúde que parecem influenciá-los a terem uma preocupação com o corpo, tanto com foco na saúde quanto na estética. No foco estético sua preocupação principal gira em torno dos efeitos físicos do envelhecimento. Novaes defende que essa geração quer transparecer física e esteticamente o seu estado de espírito ativo e de luta, rejeitando ao máximo esteriotipos antigos. 39 Se preocupar com a aparência física não é privilégio dos mais novos. A maioria dos idosos (71.9%) entrevistados por Ying e Yao (2006) acreditam que cuidar da aparência é necessário ou muito necessário. Butler et al. (2006) constatou que entre os aspectos que mais preocupam as mulheres acima dos 50 está a deteriorização física e mental que só perde para a preocupação em perder alguém amado e que elas consideram mais importante estarem satisfeitas com seu corpo do que religião, sucesso financeiro ou relações amorosas. Em pesquisa realizada por Santiago et al. (2007) para analisar as motivações dos idosos para realizar exercícios físicos foi identificado que a aparência corporal para os idosos é vista como um elemento fundamental e as variáveis relativas a estética são seus grandes motivadores: foram relatados a melhora da auto-imagem e da auto-estima como principais motivos para adesão em programas de exercícios físicos e manter-se em forma, melhorar a aparência e parecer mais jovem para permanecer no programa, sendo que os homens idosos relataram dar menos importância para a auto-imagem do que as mulheres. Pesquisa realizada por Ying e Yao (2006) com mais de 600 idosos na China, mostrou que 71.9% consideravam muito necessário comprar roupas finas e maquiagem e apenas 1.6% acharam que esse consumo não era necessário de forma alguma. Santiago et al. (2007) conclui que: “as preocupações com os padrões de beleza perduram até a maturidade, comprovando que pessoas com mais de 60 anos não descuidam da vaidade, da elegância e dos cuidados com o corpo.” Os resultados apresentados por Santiago et al. (2007) foram retificados por Gonçalves et al. (2005) que concluíram em pesquisa realizada na região Sul do Brasil que mulheres idosas mais ativas, ou seja, que praticavam mais de 150 minutos semanais de atividade física, são 40 mais satisfeitas com sua auto-imagem e sua auto-estima, além de considerarem que sua vida tem bastante sentido. Além disso, os autores verificaram que o ato de praticar atividade física realizado por uma mulher idosa é bem visto pela família e amigos, permitindo portanto supor que a própria sociedade valoriza que as idosas se cuidem, que sejam vaidosas. Apesar de as mulheres da terceira idade se importarem com aparência física e até buscarem minimizar os impactos da idade na sua aparência, o fato de envelhecer não tem provocado impacto negativo na auto-estima destas mulheres (BUTLER et al., 2006). Estas mulheres também revelaram que preferem cuidar e prevenir a esconder ou disfarçar os sinais de idade, nas brasileiras esse percentual foi bastante alto: 97%. Porém o estudo revelou um paradoxo: Apesar de a maioria das mulheres entrevistadas afirmarem ter orgulho de sua idade (86%) e nunca omitir nem mentir sobre sua idade (79%), elas também revelaram se sentir bem quando as pessoas dizem que elas parecem mais jovens (91%) e que o envelhecimento é mais escondido do que celebrado pelas mulheres (69%). Segundo Dychtwald (1997), três formas de lidar com o envelhecimento físico têm surgido entre as mulheres: na primeira abordagem as mulheres querem ser valorizadas pelo que são e não pelo que aparentam fisicamente, não pintam cabelo nem fazem plástica enquanto que na segunda abordagem o objetivo é parecer sempre jovem por meio do uso de cosméticos e intervenções cirúrgicas. A terceira abordagem é um meio termo na qual as mulheres tentam envelhecer com saúde, beleza e vigor: uma forma mais natural e confortável de envelhecer. Outro fator importante revelado por este estudo foi que a maioria das brasileiras revelou que os amigos, os filhos, pares e outros familiares são os principais influenciadores seguidos pela mídia no que diz respeito a envelhecimento e seu impacto na aparência física. 41 Com relação às mulheres brasileiras, foi verificado por Butler et al. (2006) algumas especificidades como sua antecipação nas ações tomadas para limitar o impacto do envelhecimento iniciando em média aos 43 anos (idade menor do que nos outros 12 países pesquisados). Também foi reportado pelas mulheres brasileiras suas maiores preocupações com relação a aparência física são as varizes, mudanças no odor do corpo e menopausa. O mais interessante no estudo de Butler et al. (2006) foi que 49% das mulheres de terceira idade entrevistadas se consideram belas, sendo o Brasil o país que mais apresentou esse sentimento (73%). 42 3 METODOLOGIA DE PESQUISA Esse capítulo apresenta uma análise dos aspectos metodológicos referentes ao tipo de pesquisa utilizado nessa dissertação. Em seguida, é detalhado o procedimento de campo para realizado na pesquisa específica para este estudo. 3.1 APRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA ESCOLHIDA E JUSTIFICATIVA Esse item apresenta primeiramente os principais aspectos, pontos fortes e limitações da pesquisa exploratória e da abordagem qualitativa analisando-se o papel do roteiro e do pesquisador nesse tipo de pesquisa. Em seguida, são analisados aspectos importantes da entrevista como meio de coleta de dados e, então, são abordadas algumas considerações relativas a entrevista em profundidade e a entrevista com consumidores idosos. 3.1.1 A Pesquisa Exploratória e a Abordagem Qualitativa Para analisar e obter um entendimento mais profundo do significado da vaidade física no comportamento de consumo da terceira idade, será realizada uma pesquisa do tipo exploratória utilizando-se a abordagem qualitativa. A pesquisa exploratória é um tipo de pesquisa científica que, segundo Selltiz et al. (1974), visa obter um aprofundamento, ou ainda, obter uma nova compreensão de um fenômeno: o 43 foco é a descoberta de novas idéias e intuições. Outro fator importante ressaltado por estes pesquisadores é que a pesquisa exploratória provê um conhecimento importante sobre o fenômeno para o pesquisador que deseja realizar um estudo posterior mais estruturado, esclarecendo conceitos importantes. Por isso, é a mais recomendada para análise de problemas ainda pouco conhecidos, pois explora as dimensões de um problema ou fenômeno dando significado para questões mais amplas. Porém, a pesquisa exploratória é considerada ainda um estudo recente quando comparada a métodos descritivos, pois a teoria disponível ainda é muito geral e demasiadamente específica para servir de orientação para pesquisas empíricas dificultando assim, a apresentação de hipóteses precisas para investigação (SELLTIZ et al., 1974). Além disso, estes pesquisadores alegam que resultados de mensuração refletem não apenas aquilo que está sendo medido, mas também outros fatores desconhecidos que influenciam o que está sendo medido. Por isso, em pesquisas exploratórias que possuem instrumentos de mensuração menos estruturados, esse problema tende a ser mais relevante, ou seja, como não é possível saber a posição real de um indivíduo da amostra na variável sendo medida, não existe forma direta de determinar a validade do que foi medido (SELLTIZ et al., 1974). Selltiz et al. (1974) recomenda alguns métodos úteis para a realização de uma análise exploratória, tais como: uma análise da bibliografia sobre o problema a ser analisado, um levantamento das pessoas que podem contribuir para melhor entendimento do problema e uma análise dos exemplos que ajudem na compreensão das diversas dimensões do problema. Uma abordagem utilizada em pesquisas exploratórias é a abordagem qualitativa que, segundo Flick (2004), vem atender a uma necessidade por abordagens cada vez mais indutivas: ao invés de partir de teorias já existentes para testá-las em campo, a meta é descobrir o novo e 44 desenvolver teorias empiricamente embasadas. O interesse dessa abordagem é a compreensão dos mundos dos entrevistados, possibilitando a descrição detalhada de fenômenos sociais específicos, o desenvolvimento conceitual e o teste de conceitos, podendo servir como base para pesquisas futuras (BAUER ; GASKELL, 2003). Ao contrário da abordagem quantitativa, a abordagem qualitativa não visa contar opiniões ou pessoas, mas sim explorar as opiniões e diferentes representações do fenômeno em estudo (BAUER ; GASKELL, 2003), além de esclarecer significados subjetivos para aqueles diretamente afetados por este fenômeno, permitindo uma compreensão das diversas perspectivas nos contextos (FLICK, 2004). Segundo Flick (2004), a abordagem qualitativa não estuda uma realidade determinada, mas sim, construída por diferentes atores sendo essa abordagem entendida como um processo contínuo de construção de versões da realidade, visto que a cada vez que o pesquisador interpreta os dados de sua pesquisa, produz uma nova versão da realidade. Essas versões da realidade são as perspectivas por meio das quais o mundo é visto. Porém, é necessário que o pesquisador tenha um prévio conhecimento do sujeito ou área em estudo antes de ir a campo. “O pesquisador deve enxergar o mundo pelo ângulo dos sujeitos que estuda.” (STRYKER, 1976, apud FLICK, 2004), pois os indivíduos desenvolvem teorias sobre o funcionamento do mundo e da sua própria vida. Outro ponto importante é que, na abordagem qualitativa, os números e estatísticas utilizados nas pesquisas quantitativas dão lugar aos textos que representam a base para as interpretações, assim como, para a apresentação e comunicação das descobertas. Estes dados podem ser verbais, coletados durante as entrevistas, ou podem ser visuais, coletados em observações e em análises de fotografias e filmes, sendo estes dados transformados em texto por gravação e 45 transcrição, tornando-se, assim, a base para a reconstrução da realidade e da interpretação (FLICK, 2004). É fundamental atentar para o papel do pesquisador em uma abordagem qualitativa: o pesquisador passa a buscar, e não mais a evitar, o contato mais próximo ou intenso possível com o campo, não sendo mais possível ser neutro (FLICK, 2004). Ao contrário, é importante que na entrevista exista todo calor e troca de personalidade de uma conversação, desde que de acordo com a orientação de uma pesquisa científica (GOODE ; HATT, 1979). Bauer e Gaskell (2003), ressaltam a importância de se estabelecer o que se conhece como rapport, ou seja, uma relação de confiança e segurança com o entrevistado. O pesquisador em si, suas competências comunicativas e sua capacidade de estabelecer relações passam a ser o principal instrumento de coleta de dados. Goode e Hatt (1979) defendem a importância de estabelecer três elementos na situação de entrevista: interesse, o mérito da pesquisa e sua própria competência, além, é claro, de garantir a confidencialidade. Porém, ressaltam que o objetivo de uma entrevista científica não é tornar-se amigo, pois é vital que o entrevistador seja capaz de penetrar os clichês ou contradições do informante sendo um interlocutor crítico e inteligente, mas sempre sem expressar seus próprios pontos de vistas: o foco são os pontos de vista do entrevistado e este não deve ser influenciado. É importante atentar para o fato de que há uma tentativa do entrevistado de desvendar os motivos do entrevistador e, por isso, este deve ser cauteloso com o que apresenta na entrevista: sua aparência, sua face e gestos com as mãos, sua entonação, seus medos e ansiedades e seus talentos. O entrevistador deve desviar a atenção de si mesmo fazendo com que o informante foque no que é realmente importante (GOODE ; HATT, 1979). Bauer e 46 Gaskell (2003), defendem que o pesquisador assume papéis e posições que são negociados entre pesquisador e entrevistado ao longo dos diversos estágios da entrevista. Porém, o entrevistador deve estar sempre consciente do seu papel social atentando para características externas tais como: gramática adequada, prontidão, confiança, seriedade e vestuário (GOODE ; HATT, 1979). Os métodos qualitativos consideram as reflexões do pesquisador, a sua comunicação com o campo e seus membros como partes integrantes do conhecimento produzido, em vez de tentar excluí-las ao máximo como nos métodos quantitativos (FLICK, 2004): as reflexões impressões e sentimentos são parte dos dados e da interpretação dos resultados. As pesquisas e suas descobertas são inevitavelmente influenciadas pelos interesses assim como pela cultura do pesquisador. Na abordagem qualitativa, a representatividade da amostra não está na aleatoriedade nem em sua estratificação, mas sim, em como os entrevistados poderão contribuir sobre o tema em estudo (FLICK, 2004). Em outras palavras, os respondentes precisam ser selecionados em função da sua experiência, vivência no fenômeno em estudo, além de possuir habilidade de comunicação: é necessário que sejam entrevistadas pessoas que possam oferecer as contribuições desejadas (SELLTIZ et al., 1974). Portanto, é de grande relevância a seleção das pessoas a serem estudadas. Bauer e Gaskell (2003), defendem que o que deve guiar o pesquisador na seleção dos entrevistados é a sua imaginação social científica, identificando entrevistados de ambientes sociais relevantes. Outra questão importante levantada por Flick (2004), é o principio da seleção gradual no qual a continuidade da amostragem se dá de acordo com a relevância dos 47 casos pesquisados devendo ser interrompida a busca por novos casos no campo quando ocorre a saturação teórica, ou seja, quando não se identifica mais nenhuma descoberta nova. Para Bauer e Gaskell (2003), não existe um número ideal de entrevistas, pois depende da situação. Porém, ressalta que há um número limitado de versões da realidade e, por isso, ao não se identificar mais nada novo no campo, aumentar o número de entrevistas não irá adiantar, justamente por ter se alcançado o ponto de saturação do sentido. Além disso, eles chamam a atenção para o volume de dados a serem transcritos e analisados que exige muito dos recursos limitados, como o tempo do pesquisador, em abordagens qualitativas. 3.1.2 A Entrevista A entrevista é a base sobre a qual repousam os outros elementos, pois é a fase de coleta dos dados (GOODE ; HATT, 1979). As entrevistas em abordagens qualitativas utilizam roteiros que assumem o lugar dos questionários totalmente estruturados utilizados em abordagens quantitativas. Bauer e Gaskell (2003), defendem que o roteiro deve funcionar como uma pauta, uma agenda a ser seguida, cobrindo os temas e tópicos centrais da pesquisa, sendo as perguntas um convite, um estímulo ao entrevistado para falar longamente com suas próprias palavras e para refletir o quanto for necessário. Eles apontam ainda que o guia também serve como um meio para monitorar a entrevista enquanto esta é realizada, porém, deve ser flexível o suficiente para incluir ou excluir itens em função do resultado de entrevistas anteriores, ou seja, não é um instrumento estático. Como o roteiro visa guiar a entrevista realizada em campo, Flick (2004) ressalta que o pesquisador deve refletir bem sobre a questão de pesquisa e se assegurar de que as questões 48 sejam bem claras, sólidas e possíveis de serem respondidas dentro dos recursos limitados (tempo, prazo, dinheiro, etc.), sob pena de dificultar a interpretação dos dados coletados. Porém, Apesar de o tempo poder ser um recurso limitado, nesse tipo de entrevista é importante que o entrevistado reflita sobre as perguntas, é importante dar-lhe o tempo necessário para tal, portanto, pausas não devem ser logo preenchidas com outras perguntas sob pena de perder uma revelação que poderia ser de grande relevância (BAUER ; GASKELL, 2003). Goode e Hatt (1979) ressaltam também a importância do entrevistador assegurar-se, a cada resposta recebida, que a compreendeu e que esta é realmente uma resposta à questão, exigindo frequentemente uma verificação mais profunda do significado das respostas fornecidas. Eles também explicam, que quando o informante responde “não sei” pode ser por incapacidade de pensar rapidamente, por medo de tentar responder ou ainda por não ter compreendido a pergunta. Para lidar com tais situações, ele sugere reconstituir a situação abordada na pergunta, levando o informante indiretamente a reviver experiências prévias, utilizando a técnica de estimular a recordação de fatos bem estáveis, que em geral, são recordados com facilidade, tais como: onde morava na época, que ocupação tinha e assim por diante. Nesses tipos de entrevistas, é recomendado que estas sejam gravadas para que a atenção do entrevistador possa estar focada no que está sendo dito e não nas anotações a serem feitas (BAUER ; GASKELL, 2003). Porém, deve ser comunicado e solicitado aos entrevistados seu consentimento para a gravação. Um tipo de entrevista utilizado é a entrevista em profundidade que, segundo Selltiz et al. (1974), costuma ser usada para um estudo mais intensivo de percepções, atitudes, motivações, 49 pois quando utilizadas adequadamente, possibilitam a revelação de aspectos carregados de valor, permitindo que a definição da situação de entrevista se exprima de maneira completa e minuciosa, além de despertar o contexto social e pessoal de crenças e sentimentos. Esse tipo de entrevista atinge seu objetivo na medida em que as respostas da pessoa são espontâneas. Além disso, se o entrevistador crê que as respostas não estão revelando tudo que tem a ser revelado, ele deve continuar a sondar mais profundamente e cuidadosamente (GOODE ; HATT, 1979 ; BAUER ; GASKELL, 2003). Segundo Selttiz et al. (1974), a entrevista em profundidade tem a característica de ser focalizada, direcionando sua atenção em determinada experiência e seus efeitos, cujos aspectos ou tópicos a serem abordados são conhecidos previamente pelo pesquisador com base na sua análise da teoria e na formulação do problema de pesquisa. Estes pesquisadores ressaltam ainda que, embora o entrevistado tenha a liberdade para exprimir seu pensamento, é papel do entrevistador orientar a entrevista para que o foco não seja perdido. A entrevista em profundidade é um processo social em si mesmo, em que várias percepções e realidades são exploradas e construídas (BAUER ; GASKELL, 2003) e é importante considerar ainda o elemento intuição, de forma a saber reconhecer indícios sublimiares sendo, portanto, exigido um alto nível de competência do entrevistador (GOODE ; HATT, 1979). Além disso, a liberdade do entrevistador pode ser uma desvantagem também, a medida que sua flexibilidade pode resultar em falta de comparabilidade de uma entrevista com outra, tornando a análise dos resultados mais difícil e demorada. (SELTTIZ et al., 1974). Além das orientações que a literatura fornece para a condução de entrevistas, Gruca (1992) alerta que, ao realizar pesquisas com pessoas mais idosas, deve-se atentar ainda para 50 características específicas desses consumidores que afetam diretamente a pesquisa. Essas principais características estão resumidas no quadro 2. QUADR O 2- F AT O R E S R E L E VANT E S AO P E S QUIS AR C O NS UMIDO R E S IDO S O S Alterações s ens oriais (mudanças na vis ão e na audição ) e de proces s amento de informação. Maior propens ão em compartilhar s uas opiniões e experiências com entrevis tadores do que cons umidores mais jovens . C oleta de dados requer maior interação s ocial e, portanto, entrevis tas pes s oais s ão as mais indicadas para cons umidores idos os por s erem menos es tres s antes para os res pondentes . Neces s idade de mais repetições e es clarecimentos s obre as ins truções as s im como um maior período de ambientação. Alguns tipos de perguntas podem s er cons ideradas com maior facilidade como delicadas , intrometidas ou até ameaçadoras . Fonte: Elaborado pela autora a partir de GRUCA, T.S.; SCHEWE, C. D. Researching Older Consumers. Marketing Research. Set. 1992. Com base nas considerações e orientações identificadas nesta revisão teórica sobre a pesquisa exploratória, a abordagem qualitativa e a entrevista em profundidade, será explicitado a seguir o procedimento de campo a ser conduzido nesta dissertação. 3.2 PROCEDIMENTO DE CAMPO Esse item descreve como foi realizada a pesquisa de campo detalhando as características dos entrevistados, assim como o instrumento de pesquisa utilizado para a coleta e para o tratamento dos dados. 3.2.1 Entrevistados Para essa dissertação foram realizadas entrevistas com 8 indivíduos com as seguintes características: gênero feminino, idade a partir de 65 anos (inclusive), aposentadas e pertencentes às classes econômicas A1, A2 e B1. Todas as entrevistadas se consideravam vaidosas. 51 Por razões de anonimato as entrevistadas tiveram seus nomes reais substituídos pelas iniciais de seu nome e de seu primeiro sobrenome. As características das entrevistadas estão disponibilizadas no quadro 3. Quadro 3 - CARACTERÍSTICAS DAS ENTREVISTADAS INICIAIS IDADE CLASSE ECONÔMICA RV 65 ANOS A2 WT 80 ANOS A1 TC 74 ANOS B1 DM 88 ANOS A2 ME 66 ANOS A2 WB 68 ANOS A1 AD 70 ANOS B1 ER 72 ANOS B1 Fonte: Elaborada pela autora a partir da pesquisa de campo. 3.2.2 Coleta de Dados Foram realizadas entrevistas pessoais, individuais e em profundidade com cada uma das entrevistadas para a coleta dos dados. O instrumento de pesquisa foi o roteiro disponibilizado no apêndice A deste documento que serviu de guia para a condução da entrevista. Foi realizado um total de oito entrevistas, pois as últimas indicavam uma saturação teórica por não serem identificados novos significados. As entrevistas foram realizadas no Brasil, no estado do Rio de Janeiro, nas cidades de Niterói, Rio de Janeiro e Cabo Frio. 3.2.3 Tratamento dos Dados O registro das entrevistas foi realizado por meio de gravação sonora e posterior transcrição para geração de dados em textos. Segundo Flick (2004), Apesar de a utilização de um gravador poder influenciar os enunciados do entrevistado e levantar questões relacionadas à perda do anonimato, a gravação das entrevistas torna a documentação dos dados independente 52 das perspectivas e da memória dos envolvidos, registrando-se o que realmente ocorreu de forma meticulosa. Nas entrevistas realizadas não foi identificada nenhuma reação dos entrevistados que sugerisse qualquer inibição nas suas falas por sua entrevista estar sendo gravada. Conforme previsto por Flick (2004), a etapa da transcrição exigiu grande concentração para que se obtivesse a máxima exatidão do que foi dito pelos entrevistados: enunciados, intervalos, revezamentos, finais de frase, etc. Uma vez realizada a transcrição dos dados coletados, foi realizada a codificação de cada entrevista. A codificação realizada foi a codificação teórica que, segundo Flick (2004), pode ser entendida como um processo de abstração por meio do qual os dados são fragmentados e conceitualizados e, e conjunto, reintegrados de novas maneiras. A codificação teórica utilizou, de forma combinada, três procedimentos para interpretar o texto: codificação aberta, codificação axial e codificação seletiva. Cada um destes procedimentos foi realizado de acordo com Flick (2004): Codificação aberta: o processo de codificação iniciou-se com a codificação aberta com o objetivo de identificar conceitos a partir dos dados coletados. Os dados foram segmentados e cada segmento foi classificado em função da sua unidade de significado. Para cada idéia identificada no texto (e não necessariamente uma frase, linha ou parágrafo), foi criado um segmento cujo início foi indicado com uma barra diagonal. Foram gerados 680 códigos abertos. A lista de códigos abertos pode ser visualizada no apêndice B deste documento. 53 Codificação Axial: a etapa seguinte foi a realização da codificação axial visando distribuir os códigos e categorias da codificação aberta em títulos, também chamados de labels ou categorias axiais. As categorias axiais representam os fatos mais complexos e importantes. As categorias axiais foram ajustadas com o maior número possível de códigos/categorias da codificação aberta. Categorias relacionadas a códigos abertos de apenas uma única entrevistada foram suprimidos por representarem um caso muito particular. O quadro de famílias obtidos a partir da lista de códigos abertos pode ser visualizado no quadro 4. Por último, foram elaboradas as relações entre as categorias axiais estabelecendo um modelo que reflete o fenômeno estudado. Este modelo pode ser visualizado na figura 2. 54 QUADRO 4 - QUADRO DE FAMÍLIAS Grupos ESTÍMULOS INTERNOS ESTÍMULOS EXTERNOS ATITUDES GERAIS Sub-Famílias Consciência de que a idade chegou. Medo da deteriorização física, da perda da saúde e das limitações que a PERCEPÇÕES idade traz; Ficarem bem consigo: questão de auto-estima. Influência da idade na vaidade: mais vaidosas hoje Influência da idade na vaidade: mais vaidosas quando novas Influência da idade na vaidade: idade não influenciou IDADE Mais tempo de se cuidar na 3a. Idade Preocupação com a família diminue tempo livre para se cuidar. “Nova” 3a. Idade: Se cuida mais que a antiga Desejo de ser bem percebida pelos outros SOCIALIZAÇÃO Cobrança da família FAMÍLIA Orgulho da família Vaidade herdada da mãe Preconceito dos jovens em relação a velhice PRECONCEITOS SOCIAIS Preconceito geral contra a velhice na vida social Preconceito mais forte no Brasil que em países da Europa CULTURA DO BRASIL Início da diminuição do preconceito no Brasil Influência da mídia ao divulgar produtos e serviços de beleza MÍDIA Gostam muito de se cuidar, de estarem bonitas, de se sentirem bem Maiores limitações para se cuidar:principalmente com vestuário e IMPORTÂNCIA DA maquiagem APARÊNCIA Se consideram mais equilibradas, mais comedidas, com menos fanatismo em relação a beleza devido a experiência de vida Imagem corporal positiva: Acham que envelheceram com saúde, com beleza. Famílias AUTO-IMAGEM COMPORTAMENTOS GERAIS Acham que o momento que vivem influi na auto- avaliação da aparência Se consideram sem preconceito Preocupação em não parecerem ridículas para a idade ao se vestirem ATITUDES COM Consideram importante ter boa cabeça, estarem bem consigo e ajudar os outros. RELAÇÃO À VIDA Cuidam da aparência. COMPORTAMENTOS DE Assumem a idade: O importante é saber envelhecer VAIDADE Preocupação com corpo: maior foco em não se prejudicarem, não se limitarem, em saúde do que com magreza ou estética. COMPORTAMENTOS São de bem com a vida. Curtem viver. EM RELAÇÃO À VIDA São ativas, não se acomodam: gostam de sair, dançar, ler, fazer artezanatos ATITUDES EM RELAÇÃO Identificam que a mídia estimula padrões de beleza Não concordam com tais padrões, acham muito exagerados MÍDIA ATITUDES DE CONSUMO Consideram como aspectos positivos da indústria da beleza: ser sempre inovadora, ter bastante diversidade e oferecer bons produtos ATITUDES EM RELAÇÃO Consideram como aspectos negativos da indústria da beleza: os produtos A INDÚSTRIA DA serem caros, os venderores serem muito jovens e inexperientes e haver BELEZA muita pressão para a compra dos produtos; Consideram que há menos preconceito com a 3a. Idade na indústria da beleza São menos modistas, possuem maior personalidade, são menos influenciáveis Buscam novidades Buscam aparência mais jovem através de cremes anti-rugas, tintura para COMPORTAMENTOS esconder cabelos brancos, uso de roupas modernas e prática de exercícios físicos EM RELAÇÃO À INDÚSTRIA DA BELEZA Desejam os resultados que uma boa plástica proporcionaria na aparênca X medo dos riscos por já serem de mais idade Ficam mais felizes e sentem melhora na auto-estima ao usar produtos / PÓS-CONSUMO serviços de beleza. TOTAL Qtd 9 4 12 3 4 13 6 8 7 15 7 13 9 11 15 19 6 8 42 12 42 22 3 5 21 10 16 7 5 8 32 23 24 15 18 10 17 6 122 22 29 680 Elaborado pela autora a partir dos dados da pesquisa de campo. Codificação Seletiva: a última etapa realizada foi a codificação seletiva. Essa é uma fase bastante conceitual na qual se abstrai dos indivíduos entrevistados, sendo 55 destacadas algumas frases dos entrevistados por razões de exemplificação dos conceitos apontados. 56 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Este capítulo apresenta os resultados da pesquisa de campo com base nos quais é proposto um esboço de modelo teórico para responder a pergunta de pesquisa. Em seguida, é realizada uma discussão destes resultados obtidos confrontando-os com os estudos analisados na revisão de literatura. Na sequência, são apresentadas sugestões para pesquisas futuras e, por fim, são identificadas as implicações gerenciais. 4.1 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Nas entrevistas realizadas foi possível verificar que muitos fatores contribuem para explicar como a vaidade física participa do comportamento do consumidor da terceira idade. Alguns destes fatores confirmam a teoria, porém outros foram descobertas novas e até surpreendentes. Com base nos dados coletados nas entrevistas, foi elaborado um modelo que representa o resultado da pesquisa de campo realizada. O modelo pode ser visualizado na figura 2. Como mostra este modelo, a vaidade física nas mulheres da terceira idade é motivada tanto por estímulos internos quanto estímulos externos. Uma vez despertada a vaidade por tais estímulos, suas atitudes e comportamentos gerais são influenciados. Essas atitudes e 57 comportamentos resultam, por sua vez, em atitudes e comportamentos de consumo específicos na indústria de beleza. Figura 2 – Modelo Teórico Proposto Fonte: Elaborada pela autora a partir dos resultados da pesquisa de campo. 58 Os sub-itens a seguir têm como objetivo detalhar cada um dos componentes do modelo, a saber: Estímulos Internos, Estímulos Externos, Atitudes Gerais, Comportamentos Gerais, Atitudes de Consumo e Comportamentos de Consumo. 4.1.1 Estímulos Internos As mulheres da terceira idade entrevistadas relataram se preocuparem com a sua aparência física e se assumiram vaidosas em razão de algumas motivações de natureza pessoal, ou seja, que estão diretamente ligadas a suas percepções, à influência direta da sua idade nesse contexto e a sua necessidade de socialização. 1. Percepções a. Consciência de que a idade chegou Com relação as suas percepções, estas mulheres revelaram que a consciência da idade ter chegado, ou seja, a consciência do envelhecimento do corpo lhes despertou uma necessidade ainda maior de cuidar da sua aparência com o objetivo de envelhecer bem, de envelhecer com beleza. Alguns trechos das entrevistas mostram claramente como essa percepção influencia na vaidade física destas mulheres. A gente olha no espelho e vê ruga, bastante ruga. Aí, a gente tem que começar a se cuidar, né? Eu acho que a gente tá pegando idade tem que começar a se cuidar, né? (AD). 59 O que me motiva mais a me cuidar é a minha aparência porque eu não quero ficar velha assim, né? (ER). Eu não quero assim ter uma aparência de velha, entendeu? Lógico, daqui há alguns anos eu vou ter que ter mesmo porque não adianta. (RV). b. Medo da deteriorização física, da perda da saúde e das limitações que a idade traz Essa consciência do envelhecimento inevitavelmente trouxe à tona o medo das limitações que a idade traz e esse medo fortalece ainda mais nestas mulheres a vontade de se cuidar e envelhecerem da melhor maneira possível. O trecho a seguir mostra como alguns medos em decorrência do envelhecimento estão presentes nas entrevistadas. Agora a minha preocupação maior é com o meu corpo. Não para ser uma miss, para dizer “Ah que corpo bonito” Não! É para andar bem, andar sabe ereta, ter facilidade para poder subir uma escada, pra poder descer uma escada, pra poder fazer uma limpeza dentro de casa, me abaixar, limpar debaixo dos móveis. Isso é o que eu quero. (RV) Quando você tem qualquer coisinha aqui, você fica preocupada, você quer corrigir aquilo, não é? Quando aparece mais algum negocinho na pele, você já vai preocupando, alguma coisa tá acontecendo, tá entendendo?” (WT) c. Questão de auto-estima: importante estar bem consigo: Outro fator revelado pelas entrevistadas como forte motivador para seus cuidados com a aparência foi se sentirem bem consigo. Estas mulheres da terceira idade consideram uma questão de auto-estima, de compromisso com elas próprias se manterem belas, com boa aparência, conforme pode ser visto nos relatos abaixo. Eu acho que isso é uma questão de auto-estima que a gente desenvolve a vida toda, entendeu? Eu acho que a auto-estima, ela define tudo, tá entendendo? Eu acho que ela define tudo. Eu acho que eu mesmo me estimulo. (WT) 60 O motivo mais é esse pra me sentir bem. Eu acho que eu tenho que me sentir bem comigo mesmo. (DM) Acho q isso vai muito do ego das pessoas. Eu acho que basicamente é a auto-estima, para você se sentir feliz com você mesma, você se sentir bem. (WB) 2. Idade Questões relativas à idade influenciam diretamente na vaidade física destas mulheres e algumas contradições foram identificadas ao abordar a influência da idade na vaidade delas. a. Influência da idade na vaidade Foi identificado que não houve consenso quando as entrevistadas foram questionadas se a vaidade física tinha aumentado com a idade. Algumas entrevistadas relataram que são mais vaidosas na terceira idade, outras relataram que eram mais vaidosas quando novas enquanto outras ainda disseram que a idade não influenciou na vaidade física. Estas últimas afirmam que acreditam que ser vaidosa é parte do seu ser e que, portanto, sempre foram vaidosas. Os trechos abaixo mostram como as mulheres da terceira idade encaram de maneiras diferentes a influência da idade na sua vaidade física, ou seja, no prazer de se cuidar. 61 Não. Eu acho que [a idade] não teve relação com isso. Eu acho que isso é na pessoa. É muito interna. Eu considero até uma necessidade essencial. Uma coisa essencial da sua vida você se preocupar com sua aparência, com sua alimentação, com sua pele, com seu bem-estar, com a sua aparência. (WT) Sempre fui assim, mesmo com os meninos pequenos. Que coisa, né? (ME) Eu nunca desprezei, nunca abandonei, sempre cuidei desde nova até hoje. (DM) Quando eu era nova Fernanda, a minha preocupação com a beleza era muito maior. Hoje eu procuro continuar, porque se a gente não se cuidar... procuro continuar... Mas, quando eu era jovem com meus 20 até 30 anos fazia muito mais. (TC). Sim. Teve. Teve sim porque eu nunca fui vaidosa. Nunca fui. [...] eu acho que realmente novinha eu nunca me cuidei não. Eu não tinha essas vaidades não. Mas, depois que eu comecei a trabalhar eu comecei a me cuidar e até hoje, sai do trabalho, me aposentei e continuo me cuidando ate hoje. (AD) Agora me cuido mais. Cuido mais. Sem dúvida. (EM) b. Mais tempo de se cuidar na 3a. Idade X Preocupação com a família diminui tempo livre para se cuidar Outra contradição identificada foi com relação a existir mais tempo livre para se cuidar por estar na terceira idade. Enquanto as entrevistadas identificavam claramente que essa era uma vantagem de estar na terceira idade e estar aposentada, com os filhos já criados, elas também relataram se ocuparem bastante com a família, principalmente com os netos e, como conseqüência, isso diminui o tempo livre que deveriam ter para cuidar da sua aparência. Os trechos a seguir, mostram essa contradição. Eu acho que eu agora estou me cuidando mais tempo, né?(ME) A gente tem mais tempo, né? Mais tempo pra se cuidar, né?(AD) 62 Eu trabalhava fora. No tribunal de contas. Tinha os filhos pra cuidar. Era um luta . Eu nem olhava pro teto. [Risos...] Eu dizia ‘Não tenho tempo de olhar pra cima. É só embaixo.’ Era muito puxado. (ER) Não. Não faço [nenhum exercício físico]. Por quê? Eu tenho três netas Da idade de treze e doze anos. E eu de vez em quando vou levar no colégio, apanho no colégio e saio com elas, as três, sabe? Aí fico muito com elas Não paro em casa hora quase que nenhuma, entendeu? (AD) O meu problema também é que eu vivo pra minha família. Tenho trabalho, mas eu gosto. Minha neta vem comer todo dia na minha casa. (ER) c. “Nova” 3a. Idade: se cuida mais que a antiga Ainda com relação à idade, as entrevistadas defendem a idéia de que a terceira idade atual se cuida muito mais do que a terceira idade de antigamente e mostram orgulho de pertencerem ao que chamo no modelo de ‘A Nova terceira idade’. Os trechos abaixo deixam essa idéia clara. Hoje a terceira idade se cuida muito melhor que a de antigamente. Antigamente a gente vivia pro lar. Aposentava ficava que nem uma escrava dentro de casa cuidando de marido. Hoje não tem isso não. A terceira idade vai pra rua, vai pra baile, vai passear. Viajam. Eu já viajei duas vezes esse ano. Quer dizer, tem muito mais atividade hoje em dia do que antigamente. Antigamente a terceira idade tipo assim, ´Tá na terceira idade, tÁ morrendo’. Hoje não. Hoje não é isso.” (AD) A terceira idade de hoje é muito mais valorizada por todos do que a antiga porque a antiga, acho que vinha muito de um grupo voltado para dona de casa, esposa, mãe, entendeu? Ela quase não tinha boa relação. Elas não vivenciavam as novidades da vida. Já as de hoje não. As de hoje, você vê, as facilidades de hoje também são muito maiores Eu acho que a terceira idade de hoje... tem um vigor que a antiga não tinha. (WB) 3. Socialização a. Desejo de ser bem percebida pelos outros Finalmente, ficou claro durante as entrevistas que estas mulheres da terceira idade se preocupam muito em como os outros a vêem, em como são percebidas pela sociedade 63 buscando, por isso, sempre estarem com boa aparência, bonitas e bem cuidadas. Os trechos abaixo mostram isso claramente. Hoje eu quero estar bem, quero estar com a minha fisionomia boa, com a minha imagem boa perante as pessoas. Eu não quero que os outros me olhem na rua e digam assim “ Ah, coitadinha, olha como é que ela tá! (RV) Quero chegar na festa e chegar bem, entendeu? Não quero que ninguém fique falando ‘Ai, ER tá mixuruca...’ Não. Quero que fale bem. Quero estar bem arrumada, quero botar uma roupa nova. Quero abafar!(ER) Porque se você não cuidar da aparência vai passar justamente por uma pessoa caída, sem nenhum estímulo. Se ninguém te percebe, você fica lá no canto. Eu acho que você sempre cobra também que as pessoas gostem. Você não se apronta só pra você, essa é a grande verdade. Você é vaidosa, você se arruma, tá dentro do contexto, você não se arruma só pra você, você gosta de ser apreciada, todo mundo gosta. (WB) A gente não pode ser uma velha relaxada, excluída, né? Ah não... A gente tem que chegar num lugar e chegar bem, né? As pessoas se sentirem bem com a presença da gente, né? Mas, se você chega toda escrachada, com a cara feia...pelo amor de Deus, né? A pessoa resolve nem querer te ver, né? (ME) 64 4.1.2 Estímulos Externos Além de motivações internas, pessoais, ficou claro durante as entrevistas que estas mulheres da terceira idade tem sua vaidade influenciada por fatores externos, que fogem ao seu controle, como a postura da família, os preconceitos existentes na sociedade, a própria cultura do país em que vivem e ainda a pressão da mídia na disseminação do culto a beleza. 1. A Família A família se mostrou um fator bastante presente na influência da vaidade física destas mulheres da terceira idade. a. Cobrança da Família Elas relataram que existe uma cobrança do marido, dos netos e, principalmente, de filhas mulheres, para que elas sempre se cuidem, estejam sempre arrumadas e bonitas. Como a convivência destas mulheres com a sua família é muito grande e pelo valor que a família representa para as entrevistadas, essa cobrança é um estímulo bastante forte para se cuidarem e se manterem vaidosas. Os trechos a seguir mostram alguns desses relatos. Eu tenho minhas filhas que me cobram muito, muito mesmo. (RV) Meu esposo, [...] o que ele puder achar... ele diz ‘Bota sim!’ [...] ele me incentiva muito a me arrumar. (TC) Eles também me cobram muito, menina! Minha filha, quando me mudei pra cá ano passado, ela falava “Mãe pelo amor de Deus não vai perder sua maneira de ser” porque aqui na casa só ia ficar só de bermuda, de sandália de dedo havaiana, né? Não tem nada haver porque aqui é praia seria lógico... [...] Então, ela falava e eu dizia “não 65 precisa se preocupar porque eu gosto, eu tenho prazer de tomar um banho refrescante, usar meu perfume... (ME) A filha então me cobra muito. ´Mãe, você passou seu creme a noite?’ Num sei que, pá pá pá.... ´Tá passando o do olho?’ Num sei o quê... Cobram. Até as netas. É! Essa que mora aqui, que tem doze anos... Hii, mas ela ´Vovó já passou seu creme hoje?’ Quer dizer, cobram. Cobram. (AD) b. Orgulho da Família Outro ponto relatado por estas mulheres foi o grande incentivo que sentem ao ver o orgulho da família por elas estarem bonitas, por cuidarem da sua aparência. Esse orgulho as deixa felizes e faz com que elas queiram se cuidar e se estarem cada vez mais belas. Os trechos a seguir mostram como esse orgulho da família mexe com as entrevistadas. Eu tenho os meus netos que tem orgulho incrível de andar comigo Eles me chamam de vovó gata [...] eles gostam demais de tá saindo comigo, de tá passeando.(RV) Eu acho muito bacana quando eles ‘Pô, vó! Você tá muito bonita! Você é uma vó bonita.‘ Pra mim isso é um estimulo, né? Eu acho que isso tudo é um estimulo que a pessoa tem. (WT) Meu esposo [...] Eu noto que ele tem prazer de sair comigo toda arrumadinha de mãozinha dada comigo. Mesmo com 46 anos de casada! [...].os meus filhos gostam demais... Quer ver eu agradar minha filha é ela me ver assim...Sempre. (TC) A minha neta diz: ‘Quero ser igual a minha avó!’ [...] Eu acho que os meus filhos tem muito orgulho de me apresentar. Agora mesmo numa loja, [...] meu filho veio atrás e falou “Mamãe”. Aí, a moça olhou...”É sua mãe? Ah eu não acredito...” Aí, minha filha falou: “Minha também!” hahahaha... Então é isso que motiva mais, os filhos! (ME) c. Vaidade Herdada da Mãe Ainda com relação à influência da família, uma questão relatada diversas vezes pelas entrevistadas foi o fato de sentirem que a vaidade física é algo herdado da sua mãe. Muitas delas mencionaram a vaidade da mãe, como a mãe envelheceu lindamente e, 66 diversas vezes, se emocionaram ao compartilhar essas lembranças. Ficou claro que o exemplo da mãe é uma grande influência para que estas mulheres sejam tão vaidosas hoje, na terceira idade. Alguns trechos a seguir deixam claro como essa herança foi passada de mãe para filha. Minha mãe era uma pessoa extremamente vaidosa. Ela morreu com 86 anos. Ela não deixava de pintar o cabelo uma vez por mês, se na raiz dela crescesse um pouquinho de branco ela já queria tá retocando, já queria tá pintando. As unhas eram feitas toda semana. Então, eu tinha aquela vaidade da minha mãe, sabe? Ela mesmo dizia pra mim: ‘Minha filha, você precisa se vestir, você precisa se arrumar’ Essas coisas todas. (RV) A minhas irmãs são bem vaidosas. A minha mãe era muito vaidosa e a gente vai seguindo o caminho. É uma herança, você precisava ver como minha mãe era vaidosa! (TC) Eu acho que foi por causa da minha mãe. Ela envelheceu assim lindamente e mamãe foi uma mulher maravilhosa. Ela me deixou um legado maravilhoso, sabe? Então ela era muito vaidosa. Eu me lembro quando eu tava de tênis e minha mãe disse “você está muito bonita, mas eu não gosto de ver você de tênis”. Porque ela andava só de saltinho. ‘Mamãe eu vou usar o tênis só na viajem, pra ficar mais acomodada.’ Toda vez que eu pego um tênis eu me lembro de mamãe... Ela falava “eu não gosto. Você tem que usar é saltinho”, sabe? Essas coisas. (ME) Agora eu herdei um pouco da minha mãe. Embora ela fosse de outro tempo, ela era muito vaidosa, ela era excessivamente vaidosa. Ela transmitiu isso para mim. Era talvez mais do que eu. Daquela de passar creme, sempre toda bonitinha, toda arrumada, entendeu? Ela era excessivamente vaidosa. Ela transmitiu isso pra mim e eu continuei (WB) 2. Preconceitos Percebidos Como visto no referencial teórico, vários estudos enfatizam como o culto a beleza tem trazido a tona discriminação para aquelas pessoas que não se enquadram nos padrões estabelecidos na sociedade. Como um destes padrões é a valorização da juventude, era de se esperar que as mulheres da terceira idade entrevistadas sofressem algum tipo de preconceito. Durante as entrevistas, elas mencionaram dois tipos de preconceitos que 67 vivenciam no seu dia a dia: Preconceito por parte da juventude e o preconceito na vida social. a. Preconceito dos jovens com relação à velhice Na pesquisa de campo, foi apontado pelas entrevistadas que a grande discriminação que sentem é realizada pelos jovens. Elas se mostram muito chateadas com a atitude da juventude, ou melhor a falta de atitude digna, dessa juventude para com as pessoas mais idosas. Os relatos abaixo exemplificam o ponto de vista destas mulheres. Às vezes, vou a algum lugar, às vezes, uma pessoa nova chega, puxa conversa, gosta. Já outros não. Já olham pra gente meio de lado não tem aquele carinho. (DM) Eu vejo o maior descaso, sabe? Dos jovens. E tenho visto isso com as outras pessoas das minhas relações. Reclamam das mesmas coisas. (ME) As pessoas mais novas não dão muita atenção. (ER) b. Preconceito geral contra a velhice na vida social Já com relação ao preconceito na parte social, as entrevistadas mostraram uma insatisfação com a atitude da sociedade, se sentindo até mesmo tolidas em sua vontade de curtir a vida após envelhecer. Elas apontaram principalmente a discriminação da sociedade quando saem para se divertir, seja em um restaurante, em uma boate, seja em uma festa. Também reclamaram do preconceito da sociedade com relação à vida amorosa. É comum na terceira idade, algumas mulheres serem viúvas, porém, segundo elas, a sociedade recrimina muito o relacionamento amoroso entre pessoas mais idosas. Alguns relatos abaixo evidenciam esses preconceitos. 68 Se você vai a uma boate, a um lugar pra dançar, uma festa de modo geral, você sente que se você vai dançar todo mundo já te olha, tipo te recriminando. O único lugar que você se sente bem em qualquer idade é em lugar de dança de salão porque aí tem todas as idades Porque se é numa balada, se é num lugar assim, você é discriminada. Se você hoje em dia for num restaurante sozinha, não tiver uma mesa, você ficar num bar, bebendo, tomando qualquer coisa, você já sente que as pessoas tão te olhando, tipo assim “Ah, que coisa esquisita...Uma mulher já idosa sozinha num restaurante. (RV). Eu acho que tem discriminação em relação por exemplo ao amor, aos namorados, em relação ao parceiro. Então, a sociedade discrimina muito a mulher. Que a mulher assim depois de uma certa idade não tem mais que ter relação sexual, não tem que ter mais nada disso, não tem que ter amor, tá entendendo? (WT) Eu acho que a pessoa de idade, de um modo geral, se não tiver família é deixada de lado. (TC) 69 3. Cultura Brasileira As mulheres entrevistadas são pessoas de uma classe social mais favorecida e, por isso, ou já viajaram para países mais desenvolvidos, como países da Europa ou têm acesso a informação de como é a atitude destas outras sociedades em relação à terceira idade e em relação à preocupação com a beleza. Como conseqüência, foi inevitável, durante as entrevistas, a comparação entre o Brasil e a Europa. a. Preconceito mais forte no Brasil que em países da Europa Estas mulheres relataram que na Europa a preocupação com a beleza e a discriminação são muito menores que no Brasil e reconhecem que isso pode ser em função de nestes países a população idosa ser a maioria. Elas lamentam no Brasil ainda existir tantos preconceitos e tanta falta de preparo para lidar com os idosos. Os relatos abaixo demonstram como estas mulheres enxergam a cultura brasileira em relação a terceira idade. Porque lá em Portugal as mulheres são feiosas, e ninguém liga pra ninguém e os maridos são fiéis, sabe? Não tem aí pra nada. Lá o pessoal, menina, só você vendo como é. Ninguém lá fala em Beleza. Aqui é mais, sabe? Aqui o pessoal é mais, fica tomando conta, sabe? Se aparece um cabelo branco o pessoal já fica olhando... (ER) Infelizmente nós ainda estamos num país que, embora a gente aqui esteja muito mais pra velho do que pra novo, né? Eu tô lendo sempre essas reportagens e tô vendo sempre que a população de velhos tá aumentando muito, ainda há muita discriminação. Não acontece, você sabe disso, na Europa né? Você vai na Europa, você entra naqueles magazines, você entra naquelas lojas e é tudo gente de meia idade, aquelas senhoras muito bem arrumadas, muito bem vestidas... E nos restaurantes, nos bares, são senhoras sozinhas tomando um drink num bar. Infelizmente eu nasci no Brasil e eu tenho que viver no Brasil porque não tem outra opção de vida. Mas, como eu adoraria viver num país desenvolvido que os velhos são assim... as pessoas abrem as portas pros velhos. (RV) b. Início da diminuição do preconceito no Brasil 70 Apesar de concordarem que existe ainda muito preconceito contra a terceira idade no Brasil, elas enxergam o início da diminuição destes preconceitos, conforme exemplificado nos relatos a seguir. Hoje em dia eu vejo a terceira idade de outra forma. Agora mesmo, não sei, você já chegou a ver no Big Brother tem duas pessoas de idade. Você viu o nível daquela? Hoje no jornal, na revista, aparece o marido falando dela, que ela parece uma garota de 15 anos, sempre alegre, disposta na vida normal e na vida dele com ela. Você vê, quando lá no passado uma mulher de 60 e poucos anos, parece que ela tem 69, ia entrar no Big Brother? Nunca! Até pelos preconceitos e até pela própria mídia que bloqueava. (WB) Homem de idade pode namorar, ter tudo e a mulher não. A mulher já de idade, tá caindo um pouquinho isso mais, né? É aquele padrão daquela mulher de antigamente. Que isso não existe mais. Tá desaparecendo, graças a Deus. (WT) 4. A Mídia a. Influência da mídia ao divulgar produtos e serviços de beleza Finalmente, outro estímulo relatado pelas entrevistadas foi a influência da mídia, que as incentiva a se cuidar e a consumir produtos e serviços de beleza, conforme mostram os relatos a seguir. A mídia influencia até dizer chega Ela influencia muito com a divulgação, eles fazem programas, eles fazem vários programas com as pessoas demonstrando a parte de beleza mesmo os produtos isso e aquilo. Quer dizer vai te influenciar, quer queira quer não. Você vê mulheres bonitas, arrumadas. (WB) propaganda, quando assiste televisão e vê propaganda de de de beleza, de creme de tudo quanto é tipo. Aí eu fico com interesse. Eu pelo menos me interesso muito. Toda vez que eu vejo uma coisa saindo, ´Pou!’ Pintou um negócio novo na área! Quer dizer a gente fica super estimulada pra... né ? Pra tentar usar, seguir ali...o..né? (AD) 71 4.1.3 Atitudes Gerais Em função desses estímulos, sejam internos ou externos, que as entrevistadas relataram estar submetidas, era de se esperar que algumas atitudes viessem a ser reveladas com relação à vaidade física. Dois temas que foram bastante mencionados nas entrevistas foram a importância que os cuidados com a aparência, com a beleza tem em suas vidas e a autoimagem que estas mulheres têm. 1. Importância da Aparência a. Gostam muito de se cuidar, de estarem bonitas Com relação à importância da aparência na vida destas mulheres, foi unânime o gosto, o prazer em se cuidarem que elas relataram. Muitas colocaram o prazer em cuidar da aparência, em estar sempre bonitas, arrumadas como algo primordial no seu dia a dia, sendo parte do seu cotidiano. Os trechos abaixo revelam como estas mulheres da terceira idade são vaidosas. Eu gosto, gosto de me preparar, de me arrumar, gosto de passear. Eu acho que a mulher deve ser vaidosa, deve ter certos cuidados com sua saúde, seu corpo... Eu me cuido da saúde, do corpo e da mente...então eu acho que é muito importante. (DM) Acho que a pessoa, por estar assim já de idade, não pode dizer “Ah vou usar um chinelinho, vou andar de qualquer jeito. Eu acho que o que eu puder fazer de melhor pra mim eu faço. (TC) Sempre tive assim preocupação com a aparência, em estar bem, tá entendendo? Eu acho que isso é importante na vida da gente. (WT) b. Sentem maiores limitações para se cuidar, principalmente com vestuário e maquiagem 72 Porém, apesar de gostarem de cuidar da aparência, elas também se queixaram das limitações que sentem no dia a dia pra se manterem belas, principalmente em relação a vestuário e maquiagem. Essas duas áreas da indústria de beleza, acabam não conseguindo ser utilizadas pelas mulheres da terceira idade da forma que gostariam, pois na maioria das vezes apresentam produtos que acabam por ajudar a envelhecê-las e não a embelezá-las. Os relatos a seguir mostram o ponto de vista destas mulheres em relação a essa questão. Agora você com mais idade, primeiro que as limitações já são maiores, você já não tem mais como se empetecar. Porque eu também não gosto de ficar com cara de macaca. Neste ponto eu tenho muito bom senso, entendeu? Você faz uma maquiagem, mas uma coisa suave. Hoje já não uso sombra por que fica um pouco enrugada por causa da idade. Aí você já fica um pouco limitada. (WB) E são aquelas roupas antigas, aquelas roupas quadradonas, aquelas roupas pra velha, que você olha são uns vestidos fechados, umas blusas largonas. Você olha aquilo e diz “Meus Deus, mas não é isso que eu quero vestir. (RV) Eu acho tb, sabe, que as pessoas meteram na cabeça que a pessoa mais idosa tem que usar umas roupas cafonas, umas roupas chifrim.”(WT) c. Se consideram mais equilibradas, mais comedidas, com menos fanastimos em relação a beleza devido a experiência de vida Apesar de o prazer em cuidar da aparência e da importância que isto tem em suas vidas, uma descoberta interessante foi revelada. As entrevistadas demonstraram firmeza ao defenderem que a maturidade, a vivência, a sua bagagem de vida por estarem na terceira idade a tornaram mais comedidas, com menos fanatismo com relação a beleza. A palavra que resumiu bem essa atitude foi ‘equilíbrio’, conforme mostram os relatos abaixo. Quando eu estava na faixa dos 50, eu tinha obsessão por beleza, sabe? Tinha que ser assim um corpo maravilhoso, uma pele maravilhosa, tudo tinha que ser dentro da 73 mais alta tecnologia pra tá muito bonita. Mas com o passar dos anos, você vai caindo assim numa conscientização de que não é tudo na sua vida a beleza. A idade, o sofrimento que você passa ao longo dos anos, a experiência de vida que você tem, vai te trazendo esse equilíbrio, mas esse equilíbrio é muito bom. É muito bom porque você não se deixa levar por coisas bobas, entendeu? Você ter consciência das coisas que você tá fazendo, de você não dá assim tanto ouvido pras pessoas, pra o que as pessoas dizem, o que as pessoas falam, isso é muito bom. É uma experiência de vida excelente. (RV) Tem tanta coisa boa para gente fazer na vida, antes que o tempo passe rápido. A gente não pode ser escrava disso. Tem que ser cuidadosa, mas não é a prioridade. Precisa de um equilíbrio, né? Sem exagero, sem nada, senão vira uma loucura. (ME) 2. Auto-Imagem a. Acham que envelheceram com saúde, com beleza: Imagem corporal positiva Apesar de terem consciência do envelhecimento, as entrevistadas revelaram estarem satisfeitas com sua aparência, com sua saúde, com a forma física que estão na terceira idade. Isso é um reflexo direto da atitude positiva em relação à vida que estas mulheres da “nova terceira idade” demonstraram durante as entrevistas, conforme pode ser verificados nos trechos abaixo. De saúde, eu acho que eu me cuido. Eu tomo remédio, tenho tudo controladinho. Saúde, acho que eu daria assim oito. Oito. Tô Feliz com minha aparência. Graças a Deus. Eu acho que é aquele negocio, a gente olha no espelho e vê que a gente envelheceu, mas envelheceu com saúde, com beleza. (AD) Olha, eu me acho muito bem pra minha idade. Eu me acho muito bem pra minha idade. E realmente, eu às vezes, eu acho até engraçado, quando eu vou no médico e digo a minha idade. Ele diz assim ‘Mas, você não parece ter essa idade’. Às vezes eu pergunto assim as pessoas ‘Que idade você me dá?’ ‘Ah..eu lhe dou uns 60 anos’. Teve um dia desses que uma pessoa me deu 55 anos. Eu digo assim é exagero! (risos) Eu acho que eu tô bem. A minha aparência assim pra minha idade tá bem. Eu estou bem pra minha idade. (WT) Você vê, minhas amigas, muitos conhecidos, quando eu falo a minha idade, quando eu pergunto ‘Quantos anos eu tenho?’ Sempre me dão menos. Eu já fiz 88 anos! As pessoas me dão 78, 77. Menos 10 anos pelo menos, né? Eu não me sinto tão ruim, tão acabada. (DM) b. Acham que o momento que vivem influi na auto- avaliação da aparência 74 Apesar de estarem satisfeitas com sua aparência, elas revelaram que o momento da vida que estão passando influi bastante na forma como se vêem. Quando estão passando por momentos mais tristes, sua satisfação com a aparência diminui, conforme os relatos a seguir. A aparência da gente ela vem muito de acordo com o momento que você ta vivendo. Quando vc tem naqueles momentos mais pra baixo, a sua aparência cai um pouquinho, né? (WT) Às vezes você vai no espelho e diz assim ‘Hiii, hoje eu to ó...’ (fez sinal de ruim)... Mas, aí passou um creme, uma base, um pó de arroz, aí passa um lápis no olho, hahahaha (risos), aí melhora o aspecto, não é? Tem dias que você se sente melhor. Tem dias que você olha no espelho e tá se sentindo péssima. (DM) c. Se preocupam em não parecerem ridículas para a idade ao se vestirem X Se consideram sem preconceito Ao avaliarem sua auto-imagem, estas mulheres mostraram uma contradição. Apesar de afirmarem serem livres de quaisquer preconceitos, constantemente era mencionada por elas a preocupação em não parecerem ridículas para a idade, principalmente no que tange a vestuário, ou seja, deixavam claro que consideram que há regras a serem seguidas do que é ou não adequado para a terceira idade, conforme mostram os relatos abaixo. Eu não vou botar ai uma roupa de barriga de fora, porque eu acho um pouco exagerada pra minha idade, entendeu? Mas, também se eu olhar uma pessoa fazendo isso eu não vou discriminar, ter preconceito não. Pra mim cada pessoa faz aquilo que bem entende, entendeu? (WT) Sou pra frente. Não sou assim atrasada. Eu tenho uma neta que se parece muito comigo. Ela me dá as coisas dela pra eu usar. ‘Oh, vó!’, ela tá morando comigo, ‘oh tá aqui no quarto no armário, tem brinco, tem cordão, tem o q você quiser pega aqui uma coisa.’ O que também eu tenho, se ela gosta, ela usa. (DM) Digo “olha menina toma cuidado para não ficar uma velha ridícula.” Tem que usar as coisas de acordo com a idade. O medo que eu tenho é esse, de ficar ridícula, né? 75 Estou me policiando. Uma grande amiga minha, ela tá se tornando ridícula, de minisaia... Já é bisavó. Então, eu tenho medo disso. Tem que tomar cuidado. Porque às vezes a gente se acostuma com determinadas coisas e vai carregando aquilo ao longo da vida. Não pode ser assim. O que usei ontem, não posso usar hoje, não é? (ME) Por questão de idade você tem um pouco de bom senso, já tem um certo limite com roupas. Você vai sair com roupa por aqui no meio da coxa com a idade que eu já estou? Não tem condição! Não dá! Você vê velha por aí andando assim. Agora eu já nesse ponto me censuro, entendeu? Já não gosto. Vejo mulheres dentro do ridículo. Pra mim, eu ignoro. Eu não vejo dessa forma. Eu vejo que você tem ...Com 15 anos você tem um tipo de roupa que você pode fazer tudo. Já na tua idade você está com um tipo... um tipo de roupa que não é dos 15 anos e assim vai gradativamente de acordo com sua idade. (WB) 3. Atitude em Relação à vida a. Consideram importante ter boa cabeça, estarem bem consigo e ajudar os outros Um ponto que chamou a atenção durante as entrevistas foi a postura positiva destas mulheres em relação a vida, priorizando o bem-estar próprio, o bem-estar dos que as rodeiam e ainda a importância de ter uma boa cabeça. Os relatos abaixo mostram como estas mulheres enxergam a vida. A cabeça sendo boa... o que comanda né é a cabeça. Quem tem uma boa cabeça vive melhor. Não adianta a pessoa andar muito bem vestida, muito bem arrumada e não ter a cabeça boa. (DM) Porque se você esta bem com você, você esta bem com os outros. Se você não estiver bem com você, você não pode nunca estar bem com as outras pessoas. É assim que eu penso. (WT) Hoje em dia eu sou uma pessoa assim muito mais preocupada com as outras pessoas, com a velhice, sabe? Eu me preocupo muito com a velhice, com as crianças, com todos. (RV) 76 4.1.4 Comportamentos Gerais As atitudes gerais descritas no item 4.1.3 resultaram em comportamentos que puderam ser identificados nos relatos das entrevistadas. Esses comportamentos foram agrupados em: Comportamentos relativos a vaidade física e comportamentos com relação a vida. 1. Comportamentos de Vaidade As atitudes das mulheres entrevistadas revelaram a importância que a aparência e os cuidados com a beleza ocupam em suas vidas, assim como revelaram como elas lidam com as questões de auto-imagem. Como conseqüência natural destas atitudes, foram identificados, durante a pesquisa de campo, comportamentos específicos destas mulheres no que diz respeito à vaidade física. a. Cuidam da Aparência Condizente com a atitude revelada de se considerarem vaidosas e de considerarem o ato de se cuidarem como um compromisso com elas próprias, as entrevistadas relataram comportamentos que efetivamente refletem seus cuidados com a aparência. Eu cuido muito da aparência porque é o reflexo de tudo aquilo que eu já vivi, né? Que eu já passei... Então, se eu me relaxar, me descuidar eu vou estar me abandonando, né? Que minha natureza é essa... eu já me levanto, vou para o chuveiro e, mesmo que eu tenha que fazer uma faxina esse dia, eu tenha que arrumar um quarto, eu tomo meu banho, me pinto, me arrumo, ponho uma roupa bem adequada e lá vou eu para qualquer coisa que tenha que fazer. (ME) Não saio na rua toda bagunçada. Saio sempre arrumadinha, com brinco, com colar... Uma coisa !!! Sempre saio ajeitada. (WB) E aparência quando eu saio também to sempre arrumadinha... direitinha... (AD) 77 b. Assumem a idade: O importante é saber envelhecer Apesar de o medo da deteriorização física que acompanha o envelhecimento e o orgulho relatado quando os outros lhe dão menos idade, estas mulheres da terceira idade relataram que assumem a idade. As entrevistadas defendem que o mais importante é saber envelhecer, envelhecendo com beleza, com saúde e com boa cabeça conforme identificado nas atitudes gerais do modelo. Os relatos abaixo exemplificam esse comportamento. Acho que a gente tem que assumir a idade e isso aí, né? Tem que ser jovem na cabeça e não na aparência. Acho que a gente tem que assumir, né? Não tem como correr. (AD) A pessoa tem que aceitar a sua idade e fazer dela e viver da melhor forma possível, sempre tentando aparentar não é uma fisionomia caída, não uma pessoa zangada e sim uma pessoa que está festejando a vida, que tá gostando e que tá vivendo legal. (WB) Tenho vontade de saber envelhecer. Agora uma ruguinha a mais, uma a menos... Faz parte da vida... Eu acho... (ME) c. Se preocupam com o corpo: foco maior em não se limitarem, em saúde do que em estética As mulheres entrevistas demonstraram maior preocupação com o corpo no sentido de não se limitarem, não perderem sua independência devido à deteriorização física. Um foco muito mais voltado para a saúde do que para o padrão de magreza. Isso provavelmente ocorre por estarem na terceira idade e já temeram as limitações físicas decorrentes da idade. Os trechos das entrevistas a seguir mostram o foco destas mulheres no que diz respeito aos cuidados com o corpo. 78 Eu não deixo assim ficar como muita senhora de idade que se acha velha... Eu não. Estou sempre me pondo no meu lugar, na minha postura. Nunca relaxo o corpo, sempre tô andando firme e sempre durinha. (DM) Então, vc quer estar bem, se sentir bem, não é? ter um corpo assim que não te prejudica em nada porque quando a pessoa é muito gorda, muito obesa sente limitações. Eu não gosto de sentir essas limitações. (RV) 2. Comportamentos em relação à vida a. São de bem com a vida. Curtem viver. A postura diante da vida revelada por estas entrevistadas, culminou em comportamentos em relação à vida muito positivos, como o gosto pela vida e o prazer de vivenciar cada dia com alegria, com bom-humor. Esse comportamento provavelmente contribui para a auto-imagem positiva que elas têm e até mesmo para o equilíbrio que experimentam na terceira idade, deixando de lado fanatismos, como pode ser verificado nos depoimentos abaixo. Eu também tenho uma coisa de bom comigo. Eu não esquento com nada. Não esquento… Se a pessoa me faz mal, eu esqueço. Esqueço mesmo de coração. (ER) Eu nunca me lembro de me levantar, olha que eu tenho tido vários problemas, não são poucos, como todo ser humano, né? Nunca me lembro de ter levantado aborrecida, com a cara feia, descarregar nos outros... A vida é um dom de Deus! Dormir numa noite numa cama gostosa enquanto tanta gente dorme ao relento... A gente tem que valorizar a vida da gente. A vida é maravilhosa, apesar de tudo, das perdas, dos desencontros, né? (ME) 79 b. São ativas, não se acomodam: gostam de sair, dançar, ler, fazer artesanatos Apesar de a idade, essa ‘Nova terceira idade’ se revelou bastante ativa, tanto na sua vida social quanto nas suas atividades cotidianas. Ficarem paradas esperando a vida passar definitivamente não é perfil destas mulheres, conforme pode ser identificado nos relatos abaixo. Olha, eu vou toda as sextas feiras nós vamos a boate dançar. Toda sexta feira. Pode chover canivete! Neta não me pega na sexta feira. Toda sexta feira eu e meu marido vamos pra boate no ABB. Toda sexta feira tem. A gente dança até 3 horas da manha. O porteiro aqui fala ´Eu gosto de ver Dona Aracy sexta feira toda arrumada. Ela fica tão bonita!’ Boto sapato alto e vou pra boate. (AD) Não fico parada, não gosto de ficar em casa o dia todo sentada parada. Eu gosto de sair, de andar, passear. Encontro com as amigas, eu vou na rua e sempre encontro. Eu conheço muita gente. (DM) Eu sou meio assim moleca. Eu subo árvore, entendeu? Subo na goiabeira, sabe? Adoro! Lá em Barra eu levo um chapéu e ... ‘Mãe sai daí. A senhora não tem mais essa idade não!’ Mas, eu subo. Eu sou meio assim, sabe? (ER) Eu gosto muito de me ocupar com coisas que me dão prazer. Eu gosto de escrever poema, eu gosto de fazer meus artesanatos, ver um filme e assim vou ocupando meu tempo. Acho muito bom. (ME) 4.1.5 O Consumo A vaidade física destas mulheres da terceira idade pôde ser identificada nas atitudes e comportamentos revelados por elas. Além disso, foi possível constatar que a maturidade e experiência de vida trazida pela terceira idade, fazem com que estas mulheres tenham uma forma particular de como lidam com a vida. Com base nessas atitudes e comportamentos, foi possível identificar as atitudes e comportamentos de consumo destas mulheres da terceira idade, conforme mostram os subitens abaixo. 80 4.1.5.1 Atitudes de Consumo Nas entrevistas foi possível identificar a postura destas mulheres da terceira idade com relação ao consumo. As principais posturas identificadas foram sua posição com relação a mídia e sua avaliação da indústria de beleza, onde puderam ser entendidos o que consideram de positivo assim como o que consideram negativo. Um ponto relativo a avaliação desta indústria que foi destacado no modelo foi a opinião das entrevistadas sobre o preconceito nessa área, visto que preconceito é um constructo de relevância neste contexto. Os sub-itens a seguir explicam cada uma destas atitudes de consumo destas mulheres da 3.a idade. 1. Atitudes em relação à mídia a. Identificam que a mídia dissemina padrões de beleza X não concordam com tais padrões, acham muito exagerados. As mulheres entrevistadas acharam que é evidente como a mídia coloca em voga o culto a beleza além de criar e propagar padrões de beleza, conforme mostram os relatos a seguir. A mídia divulga cada vez mais essa cobrança, né? Que você tem que ser igual a fulano, igual a sicrano, né? Os artistas que tão em voga... e a mídia, lógico, contribui muito. (ME) Eu acho que... eu acho que ..eles procuram um grupo, não sei explicar..que as mulheres mais bonitas tem sempre o seu lugar. (TC) Você vê esses desfiles de moda que você vai, que você assiste na televisão, programas de televisão que tem esses desfiles, tudo com mulheres magras, magras, magras. Você não vê ninguém gordinho fazendo desfile de moda. (RV) 81 Porém, estas mulheres não concordam e consideram até exagerados os padrões divulgados, principalmente com relação a magreza. Provavelmente isso se deve ao fato de serem mais maduras e menos suscetíveis a pressão da mídia do que os jovens. Muitos relatos mostraram inclusive que elas se referiam a tais padrões como uma imposição aos jovens, como se não se sentissem alvo destes padrões. Os trechos das entrevistas abaixo mostram como estas mulheres encaram essa ação da mídia. Eu acho que eles estavam pregando, não na terceira idade, mas nas modelos, quando eles estavam...aquelas modelos feito palitos. Hoje já tem paises que proíbem aquele excesso daquela magreza. É um tipo da mulher cabide, sei lá. Eu não aprecio. Eu acho que uma mulher mais cheinha, mais com formato de corpo apresenta roupa muito melhor, entendeu? (WB) Essas modelos, tanto essas que morreram com anorexia, né? Fez uma chamada geral para que o padrão de manequim, de beleza de manequim não fosse quem pesa 38 kilos. Porque isso é um absurdo né? Você vê essas meninas só comendo alface, só comendo chuchu. São infelizes porque não podem comer o que deveriam comer, né? E fica esse padrão de beleza essas mulheres magras demais, esqueléticas, que não é normal, você só vê osso ali. (RV) A pessoa tem que saber dá um basta naquilo, tá entendendo? É que o jovem ainda não tem essa força, essa personalidade, essa maturidade de você saber escolher, ta entendendo? É saber escolher, determinar o que você quer, ter vontade, sabe? (WT) 82 2. Atitudes em relação a indústria da beleza Na pesquisa de campo, estas mulheres revelaram como se sentem em relação a indústria da beleza, relatando tanto os pontos que apreciam quanto os pontos que consideram negativos. Uma revelação interessante destas mulheres é que elas consideram que nesta indústria o preconceito e as dificuldades em consumir para a terceira idade é bem menor ou até mesmo inexistente. Os sub-itens a seguir mostram os pontos positivos, negativos e a questão do pouco preconceito nessa indústria. a. Consideram como aspectos positivos da indústria da beleza: ser sempre inovadora, ter bastante diversidade e oferecer bons produtos. Então eu fico pensando hoje tem mil técnicas, mil coisas, né? Pra as pessoas ficarem bonitas, né? Tratadas, cheirosas, né? Nossa tem muita coisa linda... A gente tem que aproveitar e ficar lembrando do que foi lá trás, que não tinha isso, mas a gente usava outras coisas. Quer dizer, tá sempre evoluindo, renovando aquilo que é pra melhorar a vida da gente, né? (ME) Ah, cada coisa maravilhosa. Esses produtos que passam por aí na televisão, tudo eu tenho. Eu tenho uma bancada assim lotada desses produtos. Porque sempre tem produtos novos, né? (AD) b. Consideram como aspectos negativos da indústria da beleza: os produtos serem caros, os vendedores serem muito jovens e inexperientes e haver muita pressão para a compra dos produtos. As entrevistadas se queixaram que a indústria da beleza costuma vender milagres, mágicas, mas que, apesar de considerarem que existem bons produtos e que estão sempre inovando, não acreditam que existam produtos “mágicos”, que façam realmente tudo que prometem. Outro ponto que foi relatado por elas foi o alto custo de muitos destes produtos de beleza. Mesmo sendo senhoras com bom poder aquisitivo, 83 elas afirmam que esses produtos de beleza são muito caros, principalmente os que são de melhor qualidade, de marcas mais conhecidas. Finalmente, uma postura que elas relataram ser irritante é a pressão que os vendedores desta área fazem para que o cliente compre. Segundo elas, tudo eles ficam dizendo que está lindo. Na área de beleza eles empurram tudo. Falam que os produtos fazem milagres, mas não é verdade. Toda vida. Sem dúvida. Não tem aquela poção mágica não... (ME) Por que quando a gente vai num lugar, às vezes a roupa tá horrível, a moça fica dizendo que tá linda. Às vezes eu entro, fecho a porta. Você vê que a roupa ta feia, ta apertada, sabe? Ah, eu não gosto disso! (ER) Eu vou muito a dermatologista, sabe? Ela me dá uns cremes. Mas, tudo muito caro! Eu acho muito caro essas coisas. (ER) Uma vez eu entrei numa loja e notei que as moças nem bola pra mim me deram. Então eu entrei na loja e ninguém deu bola. Eu fiquei na minha, olhando, observando, vendo se tinha alguma coisa pra eu comprar. Determinada hora uma das vendedoras falou uma coisa com a outra e ela veio perto de mim e falou assim: ‘A sra. tá esperando alguém?’ ‘Eu esperando? Não to só. Não to esperando ninguém. Eu estou aqui pra comprar, mas aqui não tem nada que me agrade.’ Hahahahah. Aí, sai e fui embora. (ME) c. Consideram que há menos preconceito com a 3a. Idade na indústria da beleza. Um ponto positivo enfatizado pelas entrevistadas mereceu destaque no modelo por se tratar de um constructo tão fundamental para a terceira idade: o preconceito. Estas mulheres relataram que não sentem muito preconceito na indústria de beleza e não experimentam dificuldades para utilizar os produtos e serviços para cuidar da aparência, conforme mostram os trechos abaixo. Eu uso os meus produtos, que eu já tô acostumada. Tem o meu salão que eu corto meu cabelo. Eu não tenho muita dificuldade com isso não. (DM) Eles querem sempre te ajudar, querem te vender as coisas sim. Cabe a você também se posicionar das coisas que te agradam e que não agrada. Eu acho que é por aí. Mas, ter dificuldade essas coisas não. O consumo pra terceira idade tá muito tranqüilo. (WB) 84 4.1.5.2 Comportamentos de Consumo Durante as entrevistadas foi possível identificar comportamentos de consumo destas entrevistadas muito alinhados com as atitudes relatas. Os principais comportamentos revelados foram com relação a mídia nesse mercado, em relação ao consumo de produtos e serviços de beleza e em relação aos sentimentos experimentados no pós consumo. Os sub-itens abaixo explicam cada um destes comportamentos. 1. Comportamentos em relação à Mídia a. São menos modistas, possuem maior personalidade, são menos influenciáveis X Buscam novidades. Condizente com sua maturidade alcançada pela experiência de vida e com atitude de não concordarem com padrões de beleza disseminados pela mídia, estas mulheres da terceira idade revelaram-se menos influenciáveis, menos modistas e defendem que sabem filtrar melhor ao consumirem produtos e serviços de beleza. Os relatos abaixo mostram como estas mulheres se comportam frente Tem que ter cautela com essas coisas. Não vai fazer logo aquilo... Não! Tem que ter cautela pra ver como é que é, se informar melhor, deixar passar algum tempo pra ver se aquilo funciona. Tem que ver o que serve pra você. Nada de modismo não. (WT) Eu compro mais aquilo que eu sinto que vai me cair bem, aquilo que eu vou poder usar mais. Eu acho que com a idade você fica mais amadurecida pra realmente você poder julgar se aquilo é o que você quer, se é o que você gosta ou não. (WB) Hoje em dia a gente tem mais experiência. Hoje em dia a gente tem muito mais liberdade de... né? De decidir, de saber o que a gente quer mesmo. Eu não sou nem um pouco influenciável. Eu vejo gostei, se não gostei também... (AD) 85 No entanto, mesmo sendo mais cautelosas e tendo maior personalidade, elas relataram curtir e até buscarem novidades, ficando atentas aos novos produtos e serviços lançados e anunciados pela mídia, conforme mostram os relatos a seguir. Eu, por exemplo, sou uma pessoa que estou sempre procurando uma novidade. Eu gosto de ver novidade, procuro até... (WB) Adoro! Amo Novidade! Tô sempre procurando. Aí sai um produto novo, eu falo pra Bete ‘Será que é bom?’ Aí ela, ‘Vai, experimenta!Você gosta.’ (AD) 2. Comportamentos em relação à Indústria da Beleza a. Buscam aparência mais jovem por meio de cremes anti-rugas, tintura para esconder cabelos brancos, uso de roupas modernas e prática de exercícios físicos. Nas entrevistas realizadas foi possível identificar que o consumo destas mulheres da terceira idade está focado na busca por uma aparência mais jovem e mais bonita. Os relatos a seguir mostram os produtos e serviços eleitos, mais procurados por elas nos seus cuidados com a aparência em uma indústria repleta de inovações. Eu também não me relaxo. Ginástica continuo fazendo, exercício continuo fazendo. Não relaxo assim em matéria de exercícios, sabe? Eu quero sempre tá fazendo um exercício pra poder ta com meu corpo bem. Se eu deixar de fazer uns meses de ginástica eu sinto diferença no meu corpo. Se eu começar , se eu procurar uma academia, se eu procurar fazer uma ginástica, em um mês, dois meses depois eu já sinto a diferença. Fico super entusiasmada, aí eu não quero perder um dia de ginástica não porque eu voltei, meu corpo tá voltando, to perdendo banhinha aqui, tô perdendo banhinha ali. Eu sou muito preocupada assim com o meu rosto. Eu gosto de usar bons cremes, sabe? (RV) Eu faço ginástica né? Pilates. Eu faço massagem, drenagem linfática. Eu faço uma vez por semana. Eu já fiz uma lifting. Eu uso cremes, eu uso creme para contorno de 86 olho, tá entendendo? Eu boto coisas assim modernas, que a aparência da gente melhora, né?”(WT) Agora, o cabelo eu pinto pq eu acho que enquanto puder botar um lourinho aqui para tapear os brancos vai pondo, né? Porque ficar toda com a cabeça branca eu acho que não. Eu acho que envelhece muito. Pra isso existe as tintas, né? Cada dia melhor. (ME) Antes de dormir passo creme no rosto. Passo pra ruga. Passo no olho. Adoro passar creme. Sair do banho, se encher de creme. Não fico sem batom hora nenhuma, até em casa. Sou uma velha jovem! Boto bermuda, batinha, essas coisas. Eu gosto de me vestir jovem. (AD) b. Desejam os resultados que uma boa plástica proporcionaria na aparência X medo dos riscos por já serem de mais idade. Um ponto relatado pelas mulheres entrevistadas que chamou a atenção foi o medo de se submeterem a um tratamento mais incisivo como uma cirurgia plástica. Apesar de desejarem a aparência mais jovem que uma boa plástica proporciona, elas têm muito medo dos riscos por serem de mais idade, conforme os relatos abaixo. Eu acho que uma pessoa pra ir pra uma cirurgia, só uma emergência Eu só vou mesmo quando estiver ruim. Eu sou incapaz de botar uma coisa na minha barriga pra tirar gordura. Não sei qual o resultado que vai ter, entendeu? Então, prefiro ficar na minha. É um risco. Só vou mesmo se precisar, entendeu? Jamais vou fazer uma plástica. (ER) Eu já fiz uma lifting.Assim aquela coisa bem suave há 10 anos atrás. Foi bom, gostei, ta entendendo? Agora to com medo de fazer outra vez (risos). Agora to com medo de fazer. A gente vai ficando com mais idade vai ficando com medo de operação. Porque é uma operação. É um risco. Então, você fica às vezes preocupada. Eu não sei se faço ou não. (WT) Há um tempo atrás eu até pensei em fazer uma estética de rosto. Mas, hoje me dia tem tanta coisa acontecendo, com lipo, a pessoa toma anestesia, aí dá alguma coisa errada, dá medo. Ai, hoje em dia eu não tenho vontade de fazer não. (AD) 87 c. Ficam mais felizes e sentem melhora na auto-estima ao usar produtos/serviços de beleza. Estas mulheres da terceira idade revelaram se sentirem felizes, com uma melhor auto-estima quando acham que ficaram mais bonitas, quando gostam dos resultados de um produto ou serviço de beleza que consumiram. Os relatos a seguir mostram como resultados positivos na aparência, mexem com o interior dessas mulheres. É uma melhora incrível. Eu acho... é com a auto-estima sim. Você sente vontade de sair, você sente vontade de conversar com as pessoas. Uma coisa assim que me deixa assim muito feliz é quando eu mudo o cabelo. Mudei o corte de cabelo, mudei a cor do cabelo, fez um cabelo novo, aí eu sinto uma diferença incrível. Aí fico feliz (risos), vou pra rua, quero que todo mundo veja. Aí me dá uma auto-estima muito grande. Realmente, entendeu? (RV) Ah... Eu acho que a gente se sente mulher, né? Se sente feliz. (ME) Ah, eu acho que é uma realização, né? Você se sente gratificada com aquilo que você escolheu. É aquela alegria interior, né? Porque justamente você atinge o objetivo, não é? Ficar bonita e ser apreciada, não é? Ser julgada de uma forma legal. Então aquele teu objetivo foi conseguido. Aí você se sente super bem. (WB) Ah, assim... eu sinto que tô ótima, que tô melhor. Me sinto bem, feliz, eu digo ‘Tô ótima!’ (DM) 88 4.2 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Como identificado por diversos estudos (YING;YAO, 2006; Novaes, 2005; BURTLER et. al., 2006) as mulheres mais idosas se precouparm com a aparência física, com a saúde e enfatizam o eu. A pesquisa de campo confirmou que os cuidados com a aparência e a vaidade física são motivados pelo desejo de ser bem percebida pelos outros, conforme relatado nos estudos de Schounten (1991), que defende que a aparência é utilizada como uma tentativa de controlar as respostas emocionais dos outros em relação a nós mesmos. Essa preocupação com a percepção dos outros em relação a sua aparência, está ligada aos preconceitos contra a velhice que estas mulheres da terceira idade relataram experimentar tanto na mídia quanto na vida social e afetiva. Tais relatos confirmam os estudos analisados que identificaram um forte esteriotipo de juventude, assim como a sensação de invisibilidade e de exclusão do mercado afetivo-sexual experimentado por mulheres da terceira idade (BUTLER et al. 2006; ETCOFF, 1999; GOLDENBERG, 2008; Dychtwald, 1997). Apesar de Butler et. al (2006) terem identificado em sua pesquisa que as mulheres da terceira idade têm sido marginalizadas quando fazem coisas que pareçam mais jovens, esse tipo de preconceito partiu das próprias entrevistadas que relataram não parecerem ridículas ao se arrumarem, tendo muita preocupação com o bom senso. Isso demonstra que há uma regra implícita entre essas mulheres que separa muito bem o que é propício para se usar quando é mais idosa e o que é permitido apenas quando se é mais jovem. Apesar de buscarem aparência mais jovem, de gostarem de se cuidar e de se preocuparem com os preconceitos da sociedade, esta pesquisa mostrou que as mulheres da terceira idade 89 não são fanáticas por beleza e não se sentem muito pressionadas pelos padrões de beleza. Esse resultado vai de encontro com os estudos reportados por outros pesquisadores que identificaram baixa na auto-estima, depressão, distúrbios alimentares entre outras atitudes e comportamentos negativos em consumidoras mais jovens que se consideravam longe dos padrões de beleza impostos (MENEZES, 2006; GOLDENBERG, 2008). Além de não se sentirem pressionadas pelos padrões de beleza, as mulheres entrevistadas possuem uma auto-avaliação positiva, relatando estarem satisfeitas com sua aparência e se considerarem bem conservadas para sua idade. Esse resultado vai de encontro com outros estudos realizados (BUTLER et al., 2004; CAMARANO, 2002) que indicam que a maioria das mulheres não se consideram bonitas. Essa diferença quanto a atitude e comportamento entre o que foi identificado nessa pesquisa e o que os outros estudos têm mostrado, pode ser explicada pelo fato de essas mulheres da terceira idade possuírem personalidade forte, maior experiência de vida e maior equilíbrio, não se deixando levar por modismos nem por padrões extremistas e inalcançaveis. Nas entrevistas as mulheres da terceira idade relataram inclusive discordarem de tais padrões que consideram exagerados e feios no que se refere ao padrão de magreza reforçado pela mídia. Outra diferença identificada se refere à atitude das entrevistadas com relação a cirurgias plásticas. Apesar de vários estudos indicarem o crescimento de pessoas que se submetem a cirurgias plásticas no Brasil (ETCOFF, 1999; GOLDENBERG, 2008), as mulheres da terceira idade mostraram que ainda não são as maiores adeptas deste serviço de beleza, mesmo desejando uma aparência mais jovem e consumindo outros produtos e serviços para esta finalidade. Este fato é explicado pelos relatos quase que unânimes das entrevistadas que confessaram ter medo dos riscos dessas cirurgias justamente por estarem mais idosas e, por 90 tanto, com uma saúde mais frágil. Esse medo é naturalmente muito menor ou até inexistente em pessoas mais jovens que gozam de melhor saúde e são mais acostumadas com as inovações tecnológicas desses procedimentos. Os resultados obtidos nesta pesquisa reforçam os estudos de Ying e Yao (2006) que indicam que a idade possui um impacto significante no comportamento do consumidor, por possuir uma forte associação com as condições psicológicas e físicas de um indivíduo assim como o seu papel na social. Também foi possível identificar nas entrevistas que a idade influenciou na evolução da importância da vaidade física na vida dessas mulheres e, consequentemente, nas prioridades de consumo na indústria da beleza. Apesar de estudos indicarem que idosos possuem menor sensibildade a preço (YING ; YAO, 2006; TONGREN, 1998), as entrevistadas apontaram o alto preço dos produtos e serviços de beleza como um dos principais fatores negativos dessa indústria. No que tange às atitudes e comportamentos gerais, os relatos das entrevistadas confirmam os estudos reportados por Solomon(2002), Camarano(2002) , Butler et.al(2006), Goldenberg (2008) e Dychtwald(1997) que defendem que as mulheres da terceira idade são ativas, interessadas na vida e com atitudes mais positivas, mais felizes e mais bondosas. Finalmente, com relação ao pós consumo, em acordo com o que foi indicado por Schounten (1991), Bloch e Richins (1992) e Cash et al. (2001), as entrevistadas também relataram que cuidar da aparência e ficar satisfeita com os resultados de um produto ou serviço de beleza aumentam sua auto-estima, sua auto-confiança e até facilitam sua sociabilidade. 91 5 5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS CONCLUSÃO Como se pode concluir a partir dos resultados da pesquisa, as mulheres entrevistadas revelaram que a vaidade física é algo realmente presente na terceira idade de hoje e que os estímulos vêm tanto de questões pessoais quanto do ambiente externo. Essa confirmação da existência da vaidade física, da preocupação com a aparência física, em estar bonita e se sentir bonita em mulheres mais maduras, foi um primeiro passo para poder analisar se esses sentimentos participavam de alguma forma do comportamento de consumo deste mercado consumidor tão representativo: o mercado da terceira idade. Caso, fosse verificado que essa vaidade não existesse ou é que era muito superficial nessa fase da vida, seria provável que não houvesse qualquer participação deste sentimento no consumo destas mulheres. Porém, ao analisar as atitudes e comportamentos relatados, foi possível identificar como era importante para as entrevistadas se sentirem bonitas e serem percebidas pelos outros como mulheres bem cuidadas, conservadas para a idade. Como essa era uma parte importante das suas vidas, era natural presumir que elas iriam buscar na indústria da beleza produtos e serviços para atender às suas necessidades e desejos. Com a pesquisa de campo, foi possível identificar como as mulheres da terceira idade percebem o papel da mídia na indústria de beleza e que, apesar de relatarem pontos de 92 melhoria nessa indústria, enxergam muitos pontos positivos e se consideram satisfeitas com o que hoje é disponibilizado para elas no mercado. Finalmente, foi possível entender como essa vaidade física experimentada pelas entrevistadas participava do comportamento de consumo delas. Foi identificada uma série de produtos e serviços que elas buscam na indústria da beleza para obter e manter uma aparência mais jovem e também um corpo mais saudável, além dos sentimentos e significados que surgem no pós-consumo. Apesar da pesquisa de campo ter respondido a pergunta de pesquisa proposta nesta dissertação, fatores restritivos resultaram em algumas limitações que são abordadas no item 5.2 deste documento. 5.2 LIMITAÇÃO DA PESQUISA Esta pesquisa encontrou fatores que limitaram sua realização assim como o tratamento dos dados coletados. A pesquisa de campo tinha uma grande restrição de tempo por precisar atender ao prazo para apresentação desta dissertação. Essa limitação não permitiu que houvesse um tempo maior entre uma entrevista e outra. Esse maior intervalo de tempo poderia ter permitido utilizar mais a experiência obtida nas primeiras entrevistas para uma melhor preparação e adequação das últimas entrevistas. 93 Outro fator importante a ser considerado é que, por ser a primeira pesquisa de campo realizada pela autora, a pouca experiência neste tipo de trabalho pode ter influenciado a condução das entrevistadas assim como as interpretações dos dados coletados. Além disso, existiu uma limitação geográfica visto que as entrevistas foram realizadas em locais de conveniência da autora, podendo ter levado a resultados que refletem uma visão específica de senhoras de cidade grande e com atitudes e comportamentos menos conservadores do que de senhoras de outros locais do Brasil. Apesar das limitações encontradas, esta pesquisa foi um primeiro passo para uma série de possibilidades de pesquisa no campo de comportamento do consumidor. No item 5.3 são indicadas sugestões para pesquisas futuras. 5.3 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS A pesquisa realizada é apenas uma pequena parte de um grande universo do comportamento do consumidor a ser explorado. A seguir são sugeridas algumas sugestões de pesquisas futuras no tema abordado nesta dissertação. Uma pesquisa que aprofundaria a análise da participação da vaidade física no comportamento de consumo da terceira idade seria enriquecida com estudos exploratórios comparativos. Uma análise a ser realizada seria comparar os resultados desta pesquisa com a participação da vaidade física no comportamento de consumo do homem da terceira idade. Outra comparação a ser feita seria confrontar os resultados encontrados nesta pesquisa, que está inserida no contexto cultural brasileiro, com uma pesquisa com mulheres da terceira idade de países cuja população idosa é predominante e, consequentemente, os preconceitos são menores. 94 Poderia também ser realizada uma pesquisa quantitativa para identificar em uma amostra bastante abrangente, contemplando vários estados do Brasil, quais estímulos contribuem em maior escala para a vaidade física na terceira idade e quais os produtos e serviços mais procurados por estes consumidores na indústria de beleza. O tema da vaidade física na terceira idade é um tema que ainda tem muito a ser explorado, visto que a literatura disponível quando aborda esse tema, foca nas consumidoras mais jovens. Essa pesquisa não tem a pretensão de encerrar essa discussão no campo de comportamento do consumidor, mas ao contrário, visa fornecer informações que possam servir de início para um melhor conhecimento da participação da vaidade física no comportamento de consumo em um mercado cada vez mais significativo: o mercado cinza. 5.4 IMPLICAÇÕES GERENCIAIS As questões relatadas por estas mulheres da terceira idade também fornecem informações preciosas para as empresas da indústria da beleza. A seguir são sugeridas algumas ações para que estas empresas estejam cada vez mais adequadas às mulheres da terceira idade. A pesquisa mostrou que estas mulheres da terceira idade, devido a sua maturidade e experiência de vida, são menos influenciáveis e não se deixam escravizar e até discordam de padrões de beleza como a magreza e o culto ao corpo, por exemplo. Além disso, elas revelaram a preocupação não só em se manterem belas, mas também em se manterem ativas, com saúde e sem limitações físicas. Por isso, ao focar no mercado da terceira idade, a mídia deve direcionar seus apelos, não para esteriotipos de beleza ou modismos, mas sim para os benefícios em termos de prazer, bem-estar, saúde e boa aparência que os produtos e serviços irão proporcionar a estas mulheres. 95 Apesar de serem menos suscetíveis a esteriotipos, todas as entrevistadas revelaram que consomem uma série de produtos e serviços de beleza para manter uma aparência mais jovem, como tinturas, cremes anti-rugas, roupas modernas e exercícios físicos. Por isso, a indústria da beleza, deve estar sempre projetando produtos cosméticos específicos para proporcionar uma aparência mais jovem. Especialmente as empresas de vestuário e de maquiagem ainda precisam ser mais inovadoras e lançar produtos mais adequados para a terceira idade. No caso de vestuário, as lojas precisam disponibilizar roupas mais modernas para esse público, ou seja, que não sejem largonas e “sem graça” e que, ao mesmo tempo, não sejam roupas que só jovens consigam usar. Nessa área de vestuário ainda falta esse meio termo. Já no caso de maquiagem, as empresas podem focar em produtos mais leves, com materiais mais propícios para a pele de pessoas mais idosas de forma que elas se sintam mais rejuvescidas quando se maquiarem, visto que as entrevistadas reclamaram que com a idade não podem mais se maquiar como antes. Com relação a cirurgias plásticas, as empresas desse setor poderiam focar em informação, ou seja, propagandas que esclareçam melhor os reais riscos destes procedimentos. Também seria interessante pesquisarem técnicas que permitam procedimentos menos incisivos e, portanto, com menos riscos para pessoas mais idosas. Pelos relatos destas mulheres, fica clara a busca por uma aparência mais jovem, porém os medos de se submeterem a procedimentos cirúrgicos e anestesias as impedem de desfrutar plenamente desse setor. Alguns aspectos negativos da indústria da beleza relatados pelas entrevistadas também deixam claro que existem oportunidades de melhoria destas empresas ao atender a terceira idade. Apesar de a renda discricionária ser maior nessa fase da vida, estas mulheres consideram ainda muito caro os produtos e serviços de beleza mais eficazes. Estas empresas poderiam investir em pesquisa e desenvolvimento e no controle de custos de forma a 96 disponibilizar produtos e serviços mais acessíveis. Outro ponto importante para atender mais adequadamente esse segmento é disponibilizar vendedores bem treinados, educados e que, de preferência, “falem a língua da terceira idade”. Apesar de as entrevistadas terem revelado que consideram existir menos preconceito na indústria da beleza do que em outras áreas, vendedoras mais maduras, no lugar de jovens inexperientes, deixariam estas clientes mais à vontade para consumir os produtos e serviços da empresa. Além disso, as empresas de beleza devem continuar atendendo a essa expcetativa das mulheres da terceira idade de novos lançamentos, visto que elas buscam constatemente novidades e consideram positivo o fato de, até hoje, essa indústria ter sido bem inovadora. Além da indústria da beleza em si, o setor de serviços para entretenimento e vida social também possui oportunidades no mercado cinza. As entrevistadas revelaram que sentem preconceito e sem espaço em diversos locais como restaurantes, bares, locais para dança e até locais para conhecer parceiros, visto que é comum algumas idosas já estarem viúvas, porém ainda com muita vitalidade e vontade de ser feliz. Como visto na revisão bibliográfica e na pesquisa de campo, o mercado cinza é uma grande promessa para inúmeros setores e a indústria da beleza certamente tem muitas oportunidades para concretizar. 97 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADAMS, G.R. Physical Attractiveness, Personality, And Social Reactions To Peer Pressure. The Journal of Psychology, Washington DC, v. 96, n.2, p.287-296, jul. 1977. BELK, R.W. Possessions and the Extended Self. Journal of Consumer Research, Chicago, v.15, n.2, p.139-168, set. 1988. BERGAN, M. R.; GIBBONS, F.X.; GERRARD, M.; YBEMA, J. F. The Impact of Reminiscence on Socially Active Elderly Women's Reactions to Social Comparisons. Basic and applied social psychology, Mahwah, v.22, n.3, p. 225-236, 2000. BLOCH, P.H.; RICHINS, M.L.You Look "Mahvelous": the Pursuit of Beauty and the Marketing Concept. Journal of Psychology & Marketing, Hoboken, v.9, n.1, p.3-15, jan. 1992. BUTLER, R.; ETCOFF, N.; ORBACH, S.; D’AGOSTINO, H. 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Porque? O que mais te estimula e motiva nessa busca por uma melhor aparência física? Quais os quesitos de beleza que você acredita que são mais valorizados atualmente? Você enxerga algum padrão de beleza que seja mais cobrado hoje em dia? Como você se sente em relação a isso? INFLUÊNCIA DA APARÊNCIA FÍSICA, DA BELEZA Você poderia me relatar fatores e sentimentos positivos que tenha experimentado relacionados a aparência física? E sentimentos negativos? Já experimentou algum? Quais? Você acredita que exista um julgamento diferenciado dos outros em função da aparência física das pessoas? Você já teve alguma experiência nesse sentido? Como você se avaliaria hoje em termos da sua aparência? Você está satisfeita? Me conta um pouco sobre isso… Que nota você se daria? O CONSUMO NA INDÚSTRIA DE BELEZA Que produtos e serviços você mais consome ou gostaria de consumir para cuidar da aparência? Me conta um pouco sobre sua rotina de beleza… Você sente falta de algum produto ou serviço que, na sua opinião, seriam muito úteis no cuidado com a aparência, mas que não vê disponível no mercado? Me fala o que você acha da indústria de beleza, do que eles vêm disponibilizando no mercado? Como você vê a mídia, as propagandas nessa área da beleza? Como você percebe que eles consideram a terceira idade em seus anúncios? Quais obstáculos você entende que tem que enfrentar nessa área de beleza por estar na maturidade? Na sua opinião existem fatores que facilitem as suas atividades de consumo por estar na 3ª idade? Suas prioridades de consumo mudaram com relação a sua juventude? SENTIMENTOS PÓS CONSUMO Que sentimentos você experimentou quando consumiu produtos ou serviços para melhorar a aparência física? Que desafios você encontra na 3ª idade para se manter bela? Você acredita que existe uma maior pressão hoje em dia para ser bela na 3ª idade do que antigamente? 106 APÊNDICE B LISTA DE CÓDIGOS ABERTOS GRUPO: FAMÍLIA: SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 ATITUDES DE CONSUMO ATITUDES EM RELAÇÃO A INDÚSTRIA DA BELEZA Consideram como aspectos negativos da indústria da beleza: os produtos serem caros, os venderores serem muito jovens e inexperientes e haver muita pressão para a compra dos produtos. CÓDIGO ABERTO Achando que não tem aquela poção mágica. [Que a indústria de beleza promete mais do que realmente fazem] toda vida. Achando que [na área de beleza], a roupa ta horrível, apertada e a moça fica dizendo que ta linda. [Jovens na área de beleza] querem que a gente compre.Não sabendo se é o consumismo. Achando que na área de beleza eles empurram tudo. Achando que falam que os produtos fazem milagres, mas não achando que seja verdade. Achando que o [mal atendimento em loja] à vezes é por falta de educação, por a pessoa ser grossa e não por [o cliente] ser de mais de idade. saindo da loja sem comprar o que queria, o que gostou porque ninguém soube vender. Achando que alguns vendedores [da área de beleza] tratam bem, procuram agradar, outros não. Achando que o bom vendedor sabe agradar. Usando muito Helena Rubstein, mas achando caríssimo e não tendo mais no Brasil. Achando caro, mas que vale a pena. Comprando quando viaja. Achando cremes [indicados pela dermatologista] tudo muito caro. Achando muito caro essas coisas [os produtos de beleza]. Não podendo [fazer plásticas] por razões financeiras. Os limites sempre sendo financeiros. Por mim estaria comprando mil roupas, mil sapatos. Achando que a situação financeira [ também influem na menor preocupação com a beleza]. Esses cremes são muito caros. Nunca deixando de comprar as coisas por causa de dinheiro. (contradição com TX019 percebida pela própria entrevistada) Consideram como aspectos positivos da indústria da beleza: ser sempre inovadora, ter bastante diversidade e oferecer bons produtos. CÓDIGO ABERTO Nunca tendo [sentido preconceito na área de beleza porque era da 3ª. Idade]. Achando que [a indústria de beleza] tá atendendo bem, sempre tendo produtos novos. Achando que a cliente se interessa porque [a indústria de beleza] tá sempre renovando. Pensando que hoje tem mil técnicas, mil coisas pras pessoas ficarem bonitas, tratadas, cheirosas. Muita coisa linda. Achando que tem que aproveitar e ficar lembrando que lá trás não tinha isso [mil técnicas]. Achando ta sempre evoluindo, renovando aquilo que é pra melhorar a vida. Achando que dentro da sua idade tem coisas lindas. Achando que a indústria da beleza está bem adequada a 3ª. idade, que tem todo tipo de roupa pra toda idade. Achando que o consumo pra 3ª. idade ta muito tranqüilo. Achando que cada vez esta evoluindo mais [a industria da beleza pra 3ª. idade]. Achando que as facilidades de hoje são muito maiores. 107 30 31 32 33 SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 GRUPO: FAMÍLIA: SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 67 68 69 70 Achando que tem várias coisas pra fazer [na 3ª. idade]. Achando os produtos da indústria da beleza uma coisa maravilhosa. Achando que [creme anti-rugas] dá resultado. Achando que dá resultado [os produtos de beleza]. Consideram que há menos preconceito com a 3a. Idade na indústria da beleza. CÓDIGO ABERTO Não sentindo que existe nem tendo experimentado obstáculos na indústria de beleza. Achando que agora não tido muito [mal atendimento em loja], mas muitas vezes acontecia. Não tendo muita dificuldade com usar produtos ou ir ao salão. Nunca tendo esse tipo de problema em salão nem em loja [discriminação]. Sendo incentivada a por [uma roupa]pela vendedora quando tem receio de ficar muito jovem. Achando que o descaso dos [jovens na área de beleza] é menor. Não achando que existe obstáculos pra se arrumar, ficar bonita na 3ª. idade. Não achando que tem preconceito ou dificuldade nessa área de beleza da 3ª. Idade. Achando que eles [a indústria da beleza] querem sempre te ajudar, te vender as coisas. Não sentindo [dificuldade pra se cuidar na indútria da beleza]. ATITUDES DE CONSUMO ATITUDES EM RELAÇÃO MÍDIA Identificam que a mídia estimula padrões de beleza. CÓDIGO ABERTO Achando que eles [a mídia] divulgam muito atrizes, pessoas do high society. vendo nos desfiles de moda que vc vai ou que vê na televisão tudo mulheres magras. Não vendo ninguém gordinho desfilando. A mídia falando muito sobre os padrões e influenciando muitas pessoas. Achando que por trás da mídia tem algum patrocinador, que ela não faz nada sem receber dinheiro. Achando que a mídia ta por trás de uma série de coisas, incentivam personagens. Achando que a sociedade e a mídia cobra muito a beleza. Achando que cobra muito elegância, uma pessoa que pise bem, que saiba caminhar. Achando que a mídia procura um grupo, que as mulheres mais bonitas tem sempre o seu lugar. Achando que a mídia valoriza muito a beleza. Achando que uma pessoa culta e bonita é privilegiada pela mídia Achando que a mídia estimula muito. Achando que a mídia divulga cada vez mais essa cobrança [ com a beleza]. Achando que a mídia pressiona que vc tem que ser igual aos artistas em voga. pensando na magreza como padrão de beleza. sendo gorda não encontra roupas em todos os lugares. não importando se vc é bonita de rosto, nem a cor ou o tamanho do cabelo, o padrão de beleza é ser magra. Tendo que ser magra pra ser elegante e bonita. Achando que tem o padrão de beleza de ser magra. Achando que [a mídia] exalta mais o corpo. Achando que o padrão é a pessoa magra. Concordando que tem culto ao corpo. Reconhecendo que os padrões de beleza existem. (=~ WT039). Reconhecendo que as pessoas são muito influenciadas pelos padrões de beleza. Não concordam com tais padrões, acham muito exagerados. CÓDIGO ABERTO Não achando que mídia nesse ponto influencia em nada [de culto ao corpo]. Não se sentindo afetada Achando que o pessoal ta cultuando muito o corpo. Não apreciando [modelos palitos]. Achando que uma mulher cheinha, mais com formato de corpo apresenta roupa muito melhor. Achando é demais o que essas revistas falam: coisas pra vc tomar, dieta... 108 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 GRUPO: FAMÍLIA: SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 GRUPO: FAMÍLIA: SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 101 102 103 SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 104 Achando que isso tudo vai passar [cobrança da mídia]. Achando que eles [a mídia] esta pregando modelos palitos, mas não na 3ª. idade. Achando que a pessoa tem que saber dá uma basta na mídia. Achando que a mídia força muito nesta parte [da padrão da magreza], modifica muito as pessoas que acabam exagerando e estragando a beleza. Achando que as pessoas não podem ser escrava dos padrões. Achando que hoje em dia [os padrões de beleza] é tudo muito artificial, exagerado, para se mostrar. Achando que o padrão de beleza normal deve ser com cuidados, mas sem artifício. Se sentindo menos influenciada pelo padrão de beleza [magreza]. achando que o padrão tá completamente fora da média. achando um absurdo o padrão de beleza ser quem pesa 38 kgs como as modelos que morreram de anorexia. vendo meninas que só comem alface e chuchu e que são infelizes porque não podem comer o deveriam só vendo osso no padrão de beleza dessas mulheres magras demais, esqueléticas. Achando que criou-se um padrão de beleza de uma pessoa esquelética. Não concordando com o padrão de beleza de pessoa esquelética. Achando que cada pessoa tem o seu padrão de beleza. Não aceitando esses padrões. (=~ WT040). Achando que os padrões são alcançáveis para [algumas] pessoas, principalmente as meninas. Achando que tem gosto para tudo, que as pessoas não devem ser nem muito magras nem gordas. Achando que o esteriótipo de magreza nunca a atingiu, desde que se casou. achando que magreza demais também é ruim. Não gostando [do padrão de ser magra]. Achando que não é padrão, que é feio a moça que não tem nada, nenhuma gordurinha, perna fina. ATITUDES GERAIS ATITUDES COM RELAÇÃO À VIDA Consideram importante ter boa cabeça, estarem bem consigo e ajudar os outros. CÓDIGO ABERTO Achando que é a cabeça que comanda e que tem boa cabeça vive melhor. Achando que não adianta andar muito bem vestida, arrumada e não ter cabeça boa. Achando que estar bem consigo mesma faz com que esteja bem com os outros. Achando que tudo é feito pra estar bem consigo mesma e com os outros. Sendo muito mais preocupada com as outras pessoas e com a velhice.Se preocupando muito com a velhice, com as crianças, com todos. (≈ RX057) Se preocupando muito com o bem estar das pessoas, da família. Tendo trabalhado durante 40 anos em um grupo com instituições de caridade. Tendo feito trabalho de assistência social, visitando as instituições, indo nas creches, nos asilos. Não querendo assumir o grupo de assistência social pq já tem idade. Comprando o que a instituição precisasse com o que arrecadasse e entregando o donativo. ATITUDES GERAIS AUTO-IMAGEM Acham que o momento que vivem influi na auto- avaliação da aparência. CÓDIGO ABERTO Achando que tem dias que se olha no espelho e se sente péssima e tem dias que se sente melhor. Achando que a aparência é muito de acordo com o momento da vida: em momentos mais pra baixo, a aparência cai um pouquinho. Tendo dias em que se acha feinha. Imagem corporal positiva: Acham que envelheceram com saúde, com beleza. CÓDIGO ABERTO Achando que se cuida mesmo. Tendo tudo controladinho de saúde. Se dando oito. 109 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 147 148 Se sentindo feliz com a aparência. Vendo que envelheceu com saúde, com beleza. Se dando uma nota 8. Se achando conservada para a idade porque se cuida. Se achando muito bem pra sua idade, pessoas dando 60 até 55 anos pra ela (20 a 25 anos a menos). Vendo muitas pessoas da sua idade muito caídas. Querendo ficar com [seu] corpinho, achando que seu corpo ta bom e com menos só apareceria pelancas. Tendo um corpo muito bem feito toda vida. Não se sentindo bem [quando] ficou bem magrinha. se sentindo melhor agora que ganhou uns quilinhos. Se sentindo muito magrinha quando tinha 52 kg se sentindo muito melhor agora que engordou uns quilos. Amigos e conhecidos sempre dão menos idade. Menos 10 anos pelo menos Não se sentindo ruim nem acabada. Se sentindo bem. Se dando uma nota noventa. Não se desvalorinzado [dando nota noventa]. Vendo que a pessoa com mais idade vai perdendo um pouco da beleza. [Se dando nota noventa] porque se sente bem. Estando feliz consigo. Se dando nota cem quando se arruma. Preocupação em não parecerem ridículas para a idade ao se vestirem. CÓDIGO ABERTO Tendo muito bom senso. Sempre com medo de não ficar ridícula. Tendo medo de ficar ridícula. Se policiando. Tendo medo de ficar igual a amiga (se vestindo ridícula pra idade). Não gostando de ficar com cara de macaca. Fazendo uma maquiagem mais suave. Neste ponto fazendo um pouco de restrição. Se limitando porque por questão de idade tem um pouco de bom senso. Tendo certo limite com roupas. Se censurando nesse ponto. Gostando de me arrumar, mas dentro de um limite me enquadrando na idade. Achando que vai muito do bom sendo de cada um. Vendo mulheres bem vestidas sem estar no ridículo. Achando que tem um tipo de roupa de acordo com sua idade. Uma questão de bom gosto. Achando muitas garotinhas ridículas, querendo se mostrar sem necessidade. Usando muito bom senso. Saindo muito fora, correndo muito do ridículo. Achando indecente senhoras de idade com calças apertadas, blusa curta. Usando as coisas de acordo com a idade. Acompanhando, convivendo com uma grande amiga que não acompanha a idade. De mini sai e já é bisavó. Não podendo usar hoje o que usou ontem [roupas]. Achando que tem que tomar cuidado e ir acompanhando porque, às vezes, se acostuma e vai carregando aquilo [modo de se vestir de ontem] ao longo da vida. Achando que a pessoa tem que acompanhar algumas coisas. Nunca botando tangas ridículas, Tudo dentro dos padrões da minha idade. Jamais se sentindo bem com um vestido por aqui [curtinho]. Comprando roupas que não sejam ridículas, que não seja curtinho, nada que agrida. Não querendo ficar perua, toda fantasiada [ao se arrumar pra festa]. Se consideram sem preconceito CÓDIGO ABERTO não tendo preconceito (em sair sozinha). Não discriminando quem usar algo exagerado para a idade. Cada pessoa faz aquilo que bem 110 149 150 151 GRUPO: FAMÍLIA: SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 152 153 154 155 156 157 158 159 160 161 162 163 164 165 166 167 168 169 170 171 172 173 174 175 176 177 178 179 180 181 182 183 184 185 186 187 188 189 190 191 192 entende. Sendo pra frente Não sendo atrasada Não vendo essa coisa de diferença de idade [com a neta]. ATITUDES GERAIS IMPORTÂNCIA DA APARÊNCIA Gostam muito de se cuidar, de estarem bonitas, de se sentirem bem. CÓDIGO ABERTO Curtindo se cuidar. Sendo uma pessoa que se preocupa com a aparência e com o corpo Gostando de estar bem, de se sentir bem. Querendo se sentir bem, estar bem. Achando que [se cuidar] não é só questão de terceira idade. Não considerando uma rotina a preocupação com a aparência. Gostando muito de cuidar da aparência, de ficar bonita. Sempre gostando de se aprontar bem, de se vestir bem. Achando que por estar de idade tem que se manter. Achando que a pessoa por estar já de idade não pode andar de qualquer jeito. Achando que comprar faz parte do dia a dia, não podendo deixar de ter sua aparência, mesmo com 80 anos, as rugas estão ai... Achando que a pessoa por estar com muita idade não pode deixar de se cuidar. Se considerando uma pessoa que gosta de cuidar da aparência, de se sentir e ficar bonita, de ficar arrumadinha. Gostando de se preparar, de se arrumar. Achando que a mulher deve ser vaidosa, cuidar da saúde, do corpo. Vendo moças que casam e parecem que morreram pro mundo, não se cuidam, não botam uma roupa bonitinha. Achando que a pessoa tem que se cuidar. Achando que a pessoa envelhece mais rápido se não se cuidar. Se considerando muito vaidosa. Se preocupando muito consigo, tanto de fora pra dentro quanto de dentro pra fora. Achando que se relaxar consigo, se descuidar, está se abandonando. Achando que cuidar da aparência é um processo que ocorre durante a vida todinha, fazendo parte do cotidiano. Achando que não pode ser uma velha relaxada, excluída. Achando que tem que ser cuidada da cabeça aos pés. Se considerando vaidosa. Achando que isso [se arrumar] é faz parte da mulher. Sendo vaidosa. Gostando de se arrumar, fazendo sobrancelha. Sempre sendo voltada pra parte de estética. Sempre gostando. Achando que tem sempre que estar melhorando. Achando que se não procurar fazer isso [estar sempre melhorando] vai se sentir um farrapo. Achando que é horrível parar no tempo e espaço, que a 3ª. idade não pode parar. Gostando de cuidar da aparência. Curtindo [se cuidar]. Gostando de se cuidar. Querendo se arrumar. Achando triste não fazer as unhas das mãos porque fica na cozinha. Não ter esse direito. Gostando de se cuidar. Não se achando bonita, mas querendo se cuidar. Achando que a aparência ocupa um lugar importante mesmo na sua vida, que é o seu cartão. Achando a aparência muito importante, talvez a mais importante. Não aceitando a idade chegar e ainda ficar com a cara toda ruim. Gostando de se arrumar. 111 193 SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 194 195 196 197 198 199 200 201 202 203 204 205 SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 206 207 208 209 210 211 212 213 214 215 216 217 218 219 220 221 222 223 224 225 226 227 228 229 Gostando muito de consumir essa parte de beleza. Maiores limitações para se cuidar:principalmente com vestuário e maquiagem. CÓDIGO ABERTO Achando que com mais idade as limitações são maiores. Não tendo mais como se empetecar. Não usando sombra hoje porque fica uma pouco enrugada por causa da idade. Ficando um pouco limitada. tendo que procurar loja de gordinhas se está um pouco mais gorda. olhando aquelas roupas antigas, quadradonas, largonas, pra velha e não querendo usar aquilo. indo em lojas mais moderninhas e não encontrando nada que entra em vc. tendo que ir pra parte das gordas que é tudo roupa horrorosa. não encontrando roupa em lugar nenhum, tendo que se vestir como velha se não for magra. Achando que as pessoas idosas meteram na cabeça que tem que usar roupas cafonas, chifrim. sentindo vontade de usar roupa curta. sentindo, pelo olhar das vendedoras, todas meninas, que vc está ridícula. sentindo mais discriminação na área de moda porque é tudo roupinha curta. Não querendo virar uma matrona, não tendo gênio pra usar aquelas roupas muito austeras. Se consideram mais equilibradas, mais comedidas, com menos fanatismo em relação a beleza devido a experiência de vida. CÓDIGO ABERTO Achando que tem que fazer tudo sem excesso. Sendo hoje em dia uma pessoa muito mais comedida. dizendo que é aquilo é uma bobagem, se questionando por que fazer aquilo (devido ao equilíbrio). (≈ RX159). Sentindo como se tivesse uma força te segurando (equilíbrio). (≈ RX159). achando a velhice uma experiência de vida incrível, pois é muito bom ter equilíbrio, consciência do que faz, não dar tanto ouvido as pessoas. Se preocupando também com seu modo de viver, de estar bem com aquilo de faz. Achando que a experiência de vida influenciou no seu modo de vida, diminuindo a impetuosidade da juventude. Achando que com a experiência de vida você vai se modificando, se adaptando, maneirando, senão você sofre muito. Achando que as lições da vida te ensinam como você deve ser: mais moderada, menos impetuosa, pensar mais antes de falar, ter mais calma, ser mais cautelosa. Não tendo mais aquele fanatismo que tinha até uns 3 anos atrás. Achando que tudo é um processo que passa com a idade. Tendo obsessão por beleza na faixa dos 50, tendo que ter corpo e pele maravilhosos e dentro da mais alta tecnologia pra ficar muito bonita. Caindo na conscientização, com o passar dos anos, que a beleza não é tudo na vida. Não tendo mais aquele fanatismo de antes (≈ RX004) Não sendo mais aquela procura de estar no melhor possível. Não sendo tanta vaidade como antigamente, estando agora num limite bom. (≈ RX015) Não ficando mais no desespero. Fazendo amanhã o que não pode fazer hoje, mas sem deixar de fazer (≈ RX015) Não existindo mais aquele fanatismo. (≈ RX015) A idade levando ao equilíbrio. Aposentadoria sendo fator principal do equilíbrio. A morte da mãe sendo outro fator que levou a procurar um equilíbrio. Vendo aquele sofrimento no CTI, pensava pra que tanta vaidade. Se questionando pra que se preocupar tanto em ficar bonita, arrumada, vestida, se no final se acaba numa cama de hospital sendo cuidada pelos outros. Vendo as pessoas morrerem, desprovidas de toda a vaidade naqueles 40 dias de CTI. (≈ RX040) 112 230 231 232 233 234 235 236 237 238 239 240 241 242 243 244 245 246 247 GRUPO: FAMÍLIA: SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 248 249 250 251 252 253 254 255 256 257 258 259 260 261 262 263 264 265 266 267 268 269 Sendo muito marcada por sua mãe, tão podica, tendo pessoas que nunca havia visto dando banho e trocando fralda dela. Se questionando sobre o fim das pessoas. Vivendo (ou vivia?)cultuando a beleza. Percebendo que o culto a vaidade no fim da vida não tem sentido. A mãe sendo uma pessoa extremamente vaidosa e no final passando por tudo isso. Se sentindo uma outra pessoa depois que a mãe morreu. Não sendo a mesma de sete anos atrás (antes da mãe morrer). (≈ RX055) Achando que o fator da mãe foi muito importante para ela. (≈ RX055) Vivenciando o que é estar em um CTI durante 40 dias. Achando que ver um morrendo, outro passando muitíssimo mal, foi até bom porque a modificou muito. não se preocupando com o corpo para ser uma miss. A experiência de vida, o sofrimento ao longo dos anos trazendo um equilíbrio muito bom. Achando o equilíbrio muito bom. (≈ RX159). Achando que cuidar da aparência não é tudo, não é primordial. O primordial é a saúde. Achando que precisa de um equilíbrio. Sem exagero, sem nada, senão vira uma loucura. Considerando que a experiência toda de uma vida é uma benção porque vc vai vendo as coisas. Querendo usar mil coisas [quando era] mais jovem, assim na idade de 15 anos. Não tendo limite, querendo botar tudo que tem de novidade. Achando que o tempo passa rápido, que não pode ser escrava disso [da beleza].Achando que tem que ser cuidadosa [com a beleza], mas não é a prioridade. COMPORTAMENTOS DE CONSUMO COMPORTAMENTOS EM RELAÇÃO À INDÚSTRIA DA BELEZA Buscam aparência mais jovem através de cremes anti-rugas, tintura para esconder cabelos brancos, uso de roupas modernas e prática de exercícios físicos. CÓDIGO ABERTO Gostando muito de uma bijuteria bonita. Adorando bijuteria. Sempre olhando, sempre comprando bijuteria. Gostando de botar os anéis quando fica com a mão feita. Achando que passa um creme, uma base, um pó de arroz, um lápis no olho e melhora o aspecto. Não ficando sem batom. Não se maquiando hoje em dia. Só usando batom no dia a dia e um blushzinho quando vai à boate. Usando batom até em casa. Não ficando sem batom hora nenhuma. Achando que fica muita pálida sem batom. Não ficando sem batom. Já sendo costume. Achando que com o batom dá mais uma corzinha. Tendo tudo quanto é tipo de batom. Sempre tendo gostando de se maquiar. Estando sempre vendo coisas de maquiagem Curtindo muito essa parte de maquiagem. Praticando exercícios desde 4 anos e nunca parando. Procurando sempre estar em movimento, não gostando de ficar parada, por ser uma pessoa ágil. Não relaxando, continuando a fazer exercício. querendo sempre fazer exercício para estar com o corpo bem. sentindo diferença no corpo se deixar de fazer ginástica. Sentindo a diferença em um ou dois meses depois que começa a ginástica. Fazendo ginástica, pilates, massagem, drenagem linfática. Fazendo ginástica, musculação e hidro para cuidar da aparência. 113 270 271 272 273 274 275 276 277 278 279 280 281 282 283 284 285 286 287 288 289 290 291 292 293 294 295 296 297 298 299 300 301 302 303 304 305 306 307 308 309 310 311 312 313 314 315 Achando que o exercício físico é muito importante, que ajuda muito a cabeça. Cuidando da sua saúde, do corpo e da mente [e] achando isso muito importante. Tendo feito ioga uns 18 anos. Andando na praia. Caminhando todo dia pela manhã. Tendo como projeto se inscrever nas Ondinas, senhoras da terceira idade que fazem hidroginástica lá na praia. Sonhando agora em aprender a dançar bem para se honrar. Nunca soube e o marido sendo um bailarino. Vendo se agora consegue fazer umas aulinhas de dança pra preencher. Achando a dança uma coisa maravilhosa. Achando que vai lhe fazer muito bem [aprender a dançar]. Fazendo hidro por causa da coluna. Fazendo aparelho de estepe. Fazendo pouco exercício, mas fazendo. Fazendo caminhada, comprando aparelho [de ginástica], fazia hidro. Sempre sendo muito voltada para o esporte, sempre se movimentando. Tendo praticado na juventude natação, vôlei, salto em altura. Adorando fazer pilates. Ficando com preguiça de ir no pilates quando tinha uma escada grande pra subir. Adorando água, natação. Não fazendo outro exercício além de pilates. Às vezes andando na praia. Caminhando. Andando bastante. Adorando a noite. Querendo tomar seu banho com aquela água quentinha e deitar. Andando um pouco irritada com a pintura. Gostando de pintar o cabelo, de passar creme no corpo. Usando os produtos que já ta acostumada e indo ao salão para cortar cabelo. Cabelo ficando melhor quando ajeita, pinta, vai cortar. Focando mais no cabelo, quando tá ficando branco, pinta. Focando mais no cabelo em termos de beleza.Sempre cuidando mais, um produto novo... Pintando o cabelo [de louro] pra tapear os brancos. Achando que ficar com toda a cabeça branca envelhece muito. Arrumando sempre meu cabelo. Sempre cuidando do cabelo. Marido dizendo que a cabeça é de 1 milhão de dólares. Gastando um monte nos cabelos. Tendo que alisar o cabelo que é um pouco crespo. Passando henna toda semana. Indo no salão às vezes, só alisar. Passando henna em casa. O cabelo sendo seu problema. Querendo ser magrinha. Cuidando muito do corpo também. Passando creme. Focando o corpo também. Não se deixando engordar. Cuidando da sua alimentação. Sendo muito preocupada com o rosto. Gostando de usar bons cremes. Gostando de ver a pele limpa. 114 316 317 318 319 320 321 322 323 324 325 326 327 328 329 330 331 332 333 334 335 336 337 338 339 340 341 342 343 344 345 346 347 348 349 350 351 352 353 354 355 356 357 358 359 360 361 Não gostando de ver na pele espinha ou cravo ou qualquer outra coisa. Cuidando da pele com cremes que passa em casa. (≈ RX068) Não dormindo sem antes limpar o rosto, passar creme de limpeza, tirar toda a maquiagem. (≈ RX069) Tirando a maquiagem, não gostando de ficar. Sempre passando creme no rosto para tirar a maquiagem. (≈ RX069) usando (produtos de rosto) porque faz bem, hidrata, não ficando com aparência de pele ressecada, se pele seca. Se preocupando com a pele, hidrantando-a por que o organismo necessita mais com a idade e também por causa das diferenças de temperatura. Usando cremes para contorno de olho, filtro solar para se manter bonita. Cuidando da pele. Gostando muito de cuidar da pele e de usar cremes. Não gostando de dormir sem estar arrumadinha, sem um creme no corpo. Gostando de cuidar da pele. Não sendo viciada em maquiagem, produtos caros, cremes.Usando coisa mais simples que é um hidratante. Não deitando sem tomar um banho, passar um hidratante. Cuidando do rosto. Tendo acne na juventude e hoje tendo uma bolinha de gordura que tem tirado constantemente. Sendo sempre cliente do pai dele [do seu atual dermatologista] há 20 anos. Sempre gostando de cuidar do rosto. Usando hidratante por causa da idade. Não usando mais nada. Fazendo questão de cuidar do rosto. Passando creme todo dia. Adorando passar creme. Passando creme no rosto pra ruga antes de dormir Amando creme. Usando muito cremes. Adorando passar creme. Indo a dermatologista. Usando creme anti-rugas. Focando mais no rosto. Indo muito a dermatologista que lhe dá uns cremes. Focando no rosto também. Gostando mais de coisas [roupas] ligth, mais esportivas, que valorizam a gente. Gostando de comprar as roupas íntimas. Gostando de uns pijaminhas bem leves. Gostando de olhar as butiques, ver as roupas. Não sendo muito perua neste sentido de usar roupas muito badaladas. Sendo uma velha jovem [com relação a roupa]. Botando bermuda, batinha. Sendo sempre jovem com roupa. Tendo facilidade pra comprar roupas. Usando muito vestido quando vai a boate. Gostando muito de vestido. Andando muito de short. Sendo incapaz de sair com uma roupa amarrotada. Detestando roupa amarrotada. Tendo festa toda semana e toda semana querendo um vestido novo. Gostando de se vestir legal. Não gostando de roupa séria. Gostando de roupa que rejuvenesça. Comprando bastante roupa. Tomando seu banho, se pintando, pondo uma roupa bem adequada mesmo que tenha que fazer uma faxina.Essa é sua natureza. Botando coisas modernas que melhoram a aparência, que valorizam a personalidade, mas não sendo ridícula. Usando as coisas [da neta]. 115 362 363 364 365 366 367 368 369 SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 370 371 372 373 374 375 376 377 378 379 380 381 382 383 384 385 386 387 388 389 390 391 GRUPO: FAMÍLIA: SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 392 393 394 395 396 397 SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 398 Também tendo coisas que a neta usa, se gosta. Gostando de sair bem arrumada. Fazendo unha toda semana, agora a sobrancelha. Indo ao salão, fazendo unha toda semana. Indo uma vez por mês no salão de beleza, fazendo luzes e pintando a mão toda semana. Fazendo a unha do pé sempre bem feitinha. Gostando de fazer os pés de quinze em quinze dias. Fazendo unha no salão. Desejam os resultados que uma boa plástica proporcionaria na aparênca X medo dos riscos por já serem de mais idade. CÓDIGO ABERTO Estando com medo de fazer outro lifting conforme vai ficando com mais idade porque é uma operação. Ficando preocupada e na dúvida se vai fazer outro lifting que estava planejado. Sendo meio psíca com relação a essas coisas [de hospital, dentista, de tudo descartável]. Só indo mesmo [pra hospital] quando estiver ruim. Achando um horror a quantidade de mulheres fazendo lipo.Sendo raro uma amiga das filhas que não tenha silicone. Achando que está demais [mulheres fazendo lipo]. Amigas das filhas não têm nem idade suficiente e já faz uma lipo aqui outra ali e, às vezes, prejudicando a própria saúde. Tendo pensado em fazer estética no rosto. Mas, hoje em dia dá medo, não tendo vontade de fazer. Não sendo a favor de cirurgia plástica. Achando que cirurgia plástica em relação a rosto na maior parte das vezes deforma. (≈ RX066) Não relaxando com o corpo em matéria de exercícios e não em negocio de lipoaspiração ou cirurgia plástica. Não tendo vontade de fazer outra cirurgia plástica. [a outra foi feita por que a pálpebra estava prejudicando a visão]. Não tendo nenhuma vontade de fazer [cirurgia plástica]. Tendo receio [de cirurgia plástica]. Achando que uma pessoa deve ir pra uma cirurgia, só numa emergência. Sendo incapaz de botar uma coisa na barriga pra tirar gordura. Não sabendo qual resultado vai ter [em uma cirurgia plástica]. Achando que jamais vai fazer uma plástica. Tendo medo do pós [operatório], de com quem vai fazer. Só vai mesmo [fazer cirurgias] se tiver precisando. Achando que não tiraria umas ruginhas. Achando que não vale o risco [de uma plástica] pela sua avaliação, em como se vê hoje. COMPORTAMENTOS DE CONSUMO COMPORTAMENTOS EM RELAÇÃO À MÍDIA Buscam novidades. CÓDIGO ABERTO Sendo uma pessoa que está sempre procurando uma novidade. Achando que procuram novidades, trocam idéias [a 3ª. idade de hoje]. Adorando, amando [novidades]. Sempre procurando um produto novo. Experimentando [produtos novos]. Gostando de ver novidade. Procurando até... São menos modistas, possuem maior personalidade, são menos influenciáveis CÓDIGO ABERTO Achando que a mulher tem que escolher sua vida. 116 399 400 401 402 403 404 405 406 407 408 409 410 411 412 413 414 GRUPO: FAMÍLIA: SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 415 416 417 418 419 420 421 422 423 424 425 426 427 428 429 430 431 432 433 434 435 436 Se considerando mais “pé atrás” com as novidades lançadas. Achando que é preciso ter muita cautela [com as novidades lançadas], não fazer logo aquilo, se informar melhor, deixar passar algum tempo pra ver se aquilo funciona. Achando que deve ver o que serve pra vc, nada de modismo. Ficando mais com você mesma e fazendo o que realmente quer e não o que os outros fazem. Não se deixando levar por coisas bobas (devido ao equilíbrio). (≈ RX159). [Achando] que as pessoas tem que ter sua personalidade, não podem ficar escravas [do que a sociedade cobra] [Achando] que as pessoas podem aceitar aquilo que a sociedade cobra, mas não a vida toda. Aceitando determinadas coisas, mas outras não, pois você faz sua personalidade. Achando que deve-se saber filtrar o que se adapta a pessoa. Achando que quando a pessoa tem cabeça boa, tem personalidade formada, analisa o que é bom para si, mesmo que as vezes se deixe influenciar. Achando que o jovem não tem essa força, essa personalidade, maturidade de saber escolher [não influenciar-se pela mídia] Achando que cabe a vc saber o que quer. Comprando aquilo que sinto que vai me cair bem, que vou poder usar mais. Achando que com a idade você fica mais amadurecida pra realmente poder julgar o que vc gosta. Tendo mais segurança naquilo que se propõe, tendo o pé mais firme no chão do que os jovens. Não se achando nem um pouco influenciável. COMPORTAMENTOS DE CONSUMO PÓS-CONSUMO Ficam mais felizes e sentem melhora na auto-estima ao usar produtos / serviços de beleza. CÓDIGO ABERTO Tendo uma auto-estima muito grande. Achando que o principal resultado de se cuidar pra fica bonita é a auto-estima, gostar de se ver bem, de ter prazer de olhar e sentir que está bem. Achando que mexe muito com a auto-estima [resultado positivo de um produto de beleza]. Elevando muito a auto-estima. Se sentindo muito jovem [depois de ter um resultado legal quando usa um creme ou faz alguma coisa]. Ficando super entusiasmada porque o corpo começa a voltar, a perder banhinha. ficando feliz, indo pra rua e querendo que todo mundo veja. (≈ RX153). Se achando linda quando se arruma. Ficando feliz quando começa a usar um produto e ver que dá um resultado bom. se sentindo muito feliz quando muda o cabelo. sentindo diferença incrível quando muda o corte, a cor do cabelo, quando faz um cabelo novo. (≈ RX153) dizendo que o cabelo ta lindo. [Achando que os tratamentos de beleza com resultados positivos provocam] um alto astral. Achando que quando ta assim pra baixo e corta o cabelo, se cuida, se sente melhor, ilumina seu semblante. Achando que [se sentir melhor quando se cuida] é natural do ser humano. Achando que se aquele creme que usou a fez sentir melhor, valeu por tudo. Ficando feliz quando se olha no espelho e vê que a pela melhorou. Ficando feliz quando vê que está com saúda, que está bem, que pode viver bem, andar bem. Se sentindo ótima, que esta melhor quando faz algum tratamento de beleza que o resultado fez diferença na aparência. Se sentindo bem, feliz quando fica mais bonita. dizendo pra si mesma que mesmo sem grandes melhoras, a pele ta sendo hidrata e fica se sentindo bonita. Se sentindo mulher, feliz [quando vê um resultado naquilo que fez na área de beleza]. 117 437 438 439 440 441 442 443 GRUPO: FAMÍLIA: SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 444 445 446 447 448 449 450 SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 451 452 453 454 455 456 457 458 459 460 461 462 463 464 465 466 SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 467 468 469 470 471 GRUPO: Achando que o resultado mexe com a gente. Achando que é uma realização, se sentindo gratificada com aquilo que escolheu [quando adora um tratamento que fez ou alguma coisa para a aparência que comprou]. Sentindo uma alegria interior porque atinge seu objetivo de ficar bonita, ser apreciada, ser julgada de uma forma legal. Falando que está bem [quando vê um bom resultado]. Querendo ficar assim pra sempre [quando vê um bom resultado]. Ficando muito feliz [quando vê um bom resultado]. Ficando bem pra cima [quando vê um bom resultado]. COMPORTAMENTOS GERAIS COMPORTAMENTOS DE VAIDADE Assumem a idade. O importante é saber envelhecer. CÓDIGO ABERTO Achando que tem que assumir [a idade], que não tem como correr. Tendo vontade de saber envelhecer. Achando que uma ruguinha a mais ou a menos faz parte da vida. Não tendo vergonha de falar a idade. Achando que a pessoa tem que aceitar a sua idade e viver da melhor forma possível, tentando aparentar uma pessoa que está festejando a vida. Achando que tem que assumir a idade que tem que ser jovem na cabeça e não na aparência. Não ficando muito preocupada [com o envelhecimento]. Cuidam da aparência. CÓDIGO ABERTO Querendo chegar bem na festa. Querendo se sentir bem [ao se arrumar pra festa]. Cuidando muito da aparência por ser um reflexo de tudo que já viveu, já passou. Dizendo que vai ficar com a cara toda ruim se não cuidar. Fazendo o que puder de melhor pra si. Fazendo tudo que puder para melhorar. Procurando fazer ali, aqui, [se cuidar] mesmo com a velhice aí. Gostando de andar arrumada, indo sempre bem vestida se tivesse um casamento ou uma festa. Sempre tendo a preocupação com a aparência, com estar bem e achando isso importante na vida. Procurando continuar hoje a se cuidar. Nunca deixando de se amar. Fazendo cabelos de colegas. Não relaxando. Saindo sempre arrumadinha. Adorando uma festa pra se arrumar. Não saindo na rua toda bagunçada. Saindo sempre arrumadinha, com brinco, com colar, sempre ajeitada. Preocupação com corpo: maior foco em não se prejudicarem, não se limitarem, em saúde do que com magreza ou estética. CÓDIGO ABERTO Nunca relaxando o corpo, sempre se pondo na sua postura, andando firme e sempre durinha. Querendo ter um corpo que não prejudica em nada sendo sua maior preocupação com o corpo. (CONTRADICAO COM RX064) Achando que nessa fase da 3ª. Idade tem que ter muita cabeça, não pode se deixar levar porque o corpo brinca: tem que saber responder. Não sendo uma pessoa fanática [com o corpo]. COMPORTAMENTOS GERAIS 118 FAMÍLIA: SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 472 473 474 475 476 477 478 479 480 481 482 483 484 485 486 487 488 489 490 491 492 493 494 495 496 497 498 499 500 501 502 503 SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 504 505 506 507 508 509 510 511 COMPORTAMENTOS EM RELAÇÃO À VIDA São ativas, não se acomodam: gostam de sair, dançar, ler, fazer artezanatos… CÓDIGO ABERTO Subindo árvore. Gostando de uma piscina. Indo quase todo dia. Levando neto pra lá, pra cá. Quase não parando em casa hora nenhuma. Curtindo quando sai com as netas. Acompanhando o ritmo das netas. Indo todas as sexta feiras a boate dançar. Botando sapato alto e indo pra boate. Porteiro falando que ela fica tão bonita. Pode acontecer o que acontecer [que sexta vai pra boate] Curtindo muito dançar. Hoje a 3ª.idade vai pra rua, pra baile, vai passear, viajam. Muito mais atividade do que antigamente. Não sendo uma pessoa de se acomodar, de ficar sentada. Procurando reagir, se reanimar, pegar um sol, espairecer porque o sofrimento abate a pessoa, a deixa murcha. Sendo ativa assim toda a vida. Gostando de passear. Não gostando de ficar em casa, sentada, parada. Gostando de sair, andar, passear. Sempre encontrando com as amigas na rua. Conhecendo muita gente. Indo todo mês com as amigas lanchar, conversar, bater papo. Tendo uma vida social bem ativa. Não relaxando por ter ido pro hospital, ter sido operada e estar fazendo fisioterapia ate hoje. Sendo uma pessoa bem ativa. Tendo feito muito trabalho manual. Gostando muito de ler. Gostando muito de auto-ajuda que nessa fase fica muito voltada para o lado espiritual. Gostando muito de se ocupar com coisas que dão prazer. Achando que são muito mais ativos, procuram ginástica, amizades, vivem mais a vida. Não ficam trancadas dentro de casa. Acordando a mil. Querendo tudo limpo. Sendo meio moleca. Adorando uma festa. Senhoras da terceira idade (da Ondinas) sendo animadas, tendo um grupo que vai pra seresta. Sendo bem ativas. Gostando de escrever poema, fazer artesanatos, ver um filme e assim vou ocupando meu tempo. Sendo muito ativa. São de bem com a vida. Curtem viver. CÓDIGO ABERTO Gostando de viver, da vida, das coisas. Nunca se lembrando de ter levantado aborrecida, com a cara feia, descarregar nos outros. Achando que a vida é maravilhosa, que a gente tem que valorizar a vida da gente, apesar de tudo. Achando que a experiência de vida é uma bagagem que não pode jogar fora. Tendo amigas que se separaram, que ficaram viúvas, ficam sozinhas, mas tão vivendo bem, não são pessoas de mal com a vida, que são mal amadas. Vingindo que não escuta [as reclamações dos jovens] e vai levando. Não esquentando com nada. Esquecendo de coração se a pessoa lhe faz mal. 119 GRUPO: FAMÍLIA: SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 512 513 514 515 516 517 SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 518 519 520 521 522 523 524 525 526 527 528 529 530 531 532 533 534 535 536 GRUPO: FAMÍLIA: SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 537 538 539 540 541 542 543 ESTÍMULOS EXTERNOS CULTURA BRASILEIRA Início da diminuição do preconceito no Brasil CÓDIGO ABERTO Achando que [o preconceito no amor para as mulheres da terceira idade] tá caindo um pouquinho. Achando que não passou por uma experiência de discriminação. Achando que preconceito com relação a idade [em lojas] melhorou muito. Achando que não existe mais, que ta desaparecendo [aquela mulher de antigamente] Achando que no passado uma mulher de 60 e poucos anos nunca ia entrar no Big Brother. Que os preconceitos e a própria mídia bloqueava, excluída a 3ª. idade. Vendo a valorização da 3ª. idade, senhoras desfilando. Preconceito mais forte no Brasil que em países da Europa CÓDIGO ABERTO Estando num país que ainda há muita discriminação (com os velhos). não vendo isso (gente de meia idade nas lojas, bares e restaruantes) aqui (no Brasil). se sentindo incomodada porque não vê ninguém fazendo (nenhuma outra idosa saindo sozinha). Achando que ainda existe muito aquele padrão daquela mulher de antigamente, que depois de uma certa idade não tem que ter amor, relação sexual, nada disso. Achando que aqui [no Brasil] o pessoal fica tomando conta. Se aparece cabelo branco o pessoal já fica olhando. não acontecendo discriminação na Europa em lojas, bares, restaurantes. Tudo com gente de meia idade. Tendo muita discriminação (de idade) no Brasil. lamentando que isso (preconceito) exista. lamentando por ter nascido no Brasil e ter que viver aqui porque não tem outra opção. dizendo como adoraria viver em um país em que as pessoas abrem as portas pros velhos e eles têm facilidade de mercado de trabalho. sentindo que se tivesse em outro país, estaria trabalhando e estaria felicíssima. se lamentando por o Brasil ainda ser um país muito jovem. Considera os preconceitos com aparência e idade fundamentais no Brasil. não tendo boa aparência e não sendo bem jovem, não tem vez aqui. Contando que em Portugal as mulheres são feiosas, e ninguém liga e os maridos são fiéis. Achando que aqui no Brasil, a pessoa fica preocupada se não se cuidar. Achando bonito em Portugal as mulheres não ligarem pra isso [de se preparar para o marido]. Achando que se tivesse em Portugal seria igual [não se preocuparia tanto com a aparência]. Contando que em Portugal e nos EUA ninguém fala em beleza, ninguém liga. ESTÍMULOS EXTERNOS FAMÍLIA Cobrança da família CÓDIGO ABERTO Tendo as filhas que a cobram muito (para se cuidar). tendo que estar sempre bem em matéria de aparência, se cuidando porque as filhas são todas novas e querem sempre levá-la pra algum lugar. Achando que quando a mulher é bem arrumadinha, isso influencia muito, até para o marido. Sendo motivada porque as irmãs são bem vaidosas. Tendo uma neta muito parecida com ela, muito vaidosa também. Sendo muito cobrada por eles (marido e as filhas). A filha e até as netas cobrando muito. 120 SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 544 545 546 547 548 549 550 551 552 553 554 555 556 SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 557 558 559 560 561 562 563 564 565 GRUPO: FAMÍLIA: SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 566 567 568 569 570 571 572 573 GRUPO: FAMÍLIA: SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 574 575 Orgulho da família CÓDIGO ABERTO tendo os netos orgulhosos de andar com ela. sendo chamada pelos netos de “vovó gata”. os netos gostando muito de sair, de passear com ela. levando os netos para fazer coisas que as mães normalmente não tem tempo. Achando um estímulo a família diz que está bonita. (CONTRADIÇÃO COM WT019) Os filhos gostando demais [de ver a mãe arrumadinha]. Agradando a filha quando a vê assim [bem arrumadinha.] Sendo muito motivada a se arrumar pelo marido. Notando que ele tem prazer de sair com ela toda arrumadinha. A neta sempre dizendo que quer ser igual a avó. Sendo motivada pela família (os filhos) a estar sempre bonita. Filhos tendo orgulho de lhe apresentar. Sendo mais motivada pelos filhos. Adorando quando as netas falam que a avó é um barato. Vaidade herdada da mãe. CÓDIGO ABERTO Mãe sendo uma pessoa extremamente vaidosa. Mãe morrendo com 86 anos, sem deixar de cuidar do cabelo nem das unhas. Tendo a vaidade da mãe. Mãe dizendo que ela precisava se vestir, se arrumar. Sendo motivada porque a mãe era muito vaidosa. Achando que é assim [vaidosa] por causa da mãe que era muito vaidosa e envelheceu lindamente. [Vaidade vindo de família.] Tendo herdado um pouco [da vaidade] da mãe que era muito vaidosa e transmitiu isso para ela. Mãe alimentando muito isso [estética]. Costurando pra mim. ESTÍMULOS EXTERNOS MÍDIA Influência da mídia ao divulgar produtos e serviços de beleza. CÓDIGO ABERTO Achando que a mídia influencia até dizer chega. Achando que ela [a mídia] influencia muito com a divulgação, demonstrando a parte de beleza. Vendo mulheres bonitas, arrumadas. Achando que a mídia influencia muito [nesses padrões de beleza]. Vendo propaganda de beleza de tudo quanto é tipo quando assiste televisão e se interessando muito. Ficando super estimulada pra usar toda vez que vê que pintou um negócio novo. Tendo todos esses produtos que passam na televisão. Concordando que tem mais vontade de ficar magrinha por causa da pressão por esse padrão. Tendo muito mais vontade de comprar [devido ao estímulo da mídia]. ESTÍMULOS EXTERNOS PRECONCEITOS SOCIAIS Preconceito contra velhice, principalmente por parte dos jovens CÓDIGO ABERTO Achando que as pessoas mais novas não dão muita atenção [para os de mais idade]. Pessoas reclamando quando vai na fila do idoso. 121 576 577 578 579 580 581 582 583 584 SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 585 586 587 588 589 590 591 592 593 594 595 596 597 598 599 GRUPO: FAMÍLIA: SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 600 601 602 603 604 605 606 607 608 Achando que muita família não quer uma pessoa de idade, pois a idéia vai diminuindo, fica menos capacitada. Achando que os jovens principalmente ligam menos para as pessoas idosas. Achando que [os jovens] não querem ter paciência com a pessoa de idade. Achando que o preconceito sempre existiu, o velho sempre foi deixado de lado. Achando que hoje em dia a juventude não estão dando muita conversa para os idosos.Alguns até puxam conversa, mas outros olham meio de lado, que não tem aquele carinho. Achando que tem jovens que não aceitam, que acham que é uma velha emproada. Ficando muito decepcionada [com a atitude dos jovens]. Vendo maior descaso dos jovens principalmente quando pergunta de eletrônicos porque nossa geração tem um pouco mais de dificuldade. Vendo descaso dos jovens com outras pessoas das minhas relações. Preconceito geral contra a velhice na vida social CÓDIGO ABERTO sentindo discriminação agora por estar em uma idade mais pra velhice. se sentindo muito triste com a discriminação de idade. Não gostando que tenha discriminação. sendo olhada diferente pelas pessoas que têm preconceito. Não estando sempre muito bem, as pessoas te olham mais ou menos, não te convidam pra sair. sentindo que todo mundo olha recriminando quando vai dançar em uma boate ou festa. se sentindo bem apenas em lugar de dança de salão porque tem pessoas de todas as idades se distraindo. sendo discriminada quando dança em uma balada. Se sentindo tolida principalmente na parte social. se sentindo olhada pelas pessoas quando fica num bar de um restaurante bebendo enquanto aguarda mesa. Entrando num restaurante sozinha e se sentindo olhada, sendo cobrada por não estar com a família. Achando que há muita discriminação por parte da sociedade quando vê uma pessoa mais velha usando uma coisa mais ousada. Achando que a sociedade discrimina muito a mulher da terceira idade em relação ao amor, ao parceiro. Achando que a pessoa de idade, de um modo geral, se não tiver família é deixada de lado. se sentindo incomodada ao ver todo mundo olhando, comentando, cochichando dela. (≈ RX138) ESTÍMULOS INTERNOS SOCIALIZAÇÃO Desejo de ser bem percebida pelos outros. CÓDIGO ABERTO Querendo estar bem, com boa fisionomia, com boa imagem perante as pessoas. Não querendo que os outros a olhem na rua e tenham pena dela. estando em todo lugar e as pessoas dizendo que está sempre arrumadinha, bonitinha. Achando que tem que chegar num lugar e chegar bem. As pessoas se sentirem bem com a presença da gente. Botando uma roupinha, um colarzinho, pintando o rosto um pouquinho vai passar pra aquela pessoa que ta te vendo uma coisa boa. Achando que se vc chega com a cara feia, a pessoa resolve nem querer te ver. Se questionando que, se não cuidar da aparência, o que vai passar para as outras pessoas. Achando que se não cuidar da aparência vai passar por uma pessoa caída, sem estímulo. Achando que se ninguém te percebe, você fica lá no canto. 122 609 610 611 612 613 614 GRUPO: FAMÍLIA: SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 615 616 617 618 619 620 621 SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 622 623 624 625 626 627 628 629 630 631 632 633 634 SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 635 636 637 SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 638 639 Achando que você não se apronta só pra você, que você gosta de ser apreciada, que sempre cobra também que as pessoas gostem. Achando que aquilo [ser elogiada] mexe com você, com seu interior, te gratifica. Não querendo ninguém falando que ta mixuruca. Querendo abafar na festa, botar roupa nova, estar bem arrumada. Sendo importante pra se sentir bem que as pessoas a admirem. Não querendo [que falem que ela relaxou]. ESTÍMULOS INTERNOS IDADE “Nova” 3a. Idade: Se cuida mais que a antiga CÓDIGO ABERTO Achando que a 3ª. Idade de hoje se cuida muito melhor que a de antigamente que vivia pro lar, que nem uma escrava cuidando do marido. Achando que a 3ª. idade de hoje cuida mais da aparência como também do vigor físico. Achando que a 3ª. idade de hoje é muito mais valorizada do que a antiga porque a antiga vinha muito de um grupo voltado para dona de casa, esposa, mãe. Elas não vivenciavam as novidades da vida. Achando que a antiga [3ª. idade] era muito acomodada, muito submissa, aceitava tudo. Achando que a 3ª. idade de hoje tem um vigor que a antiga não tinha. Vendo a 3ª. idade de outra forma hoje em dia. Citando exemplo do Big Brother com uma senhora de 69 anos]. Achando que tem mais experiência do que as pessoas que viveram em épocas passadas da 3ª. Idade. Influência da idade na vaidade: idade não influenciou CÓDIGO ABERTO Achando que a experiência de vida não influenciou seu foco na aparência. Achando que a maturidade não teve relação nenhuma com o foco na aparência física. Não acreditando [que a vaidade, a importância da aparência física] diminuiu [com a idade]. Sempre dando a mesma importância. Não achando que a vaidade mudou com a chegada da terceira idade. Sempre sendo vaidosa, desde bem nova. Nunca desprezando, nunca abandonando [os cuidados com sua aparência], sempre cuidando desde nova. Sempre tendo sido muito vaidosa. Não sabendo se está dentro do seu sangue, do seu ser. Sempre sendo assim [vaidosa]. Considerando uma necessidade essencial se preocupar com a aparência e com o bem estar. Sendo sempre muito preocupada com a aparência, desde pequena, sendo uma coisa sua. Achando que a diferença é muito pequena [de como se cuida hoje comparando quando era mais jovem]. Sempre sendo assim. Sempre procurando me cuidar com tudo que tinha. Achando que a intensidade é a mesma, mas limitando pela idade. Influência da idade na vaidade: mais vaidosas hoje CÓDIGO ABERTO Achando que teve [mudança em como lida com a vaidade] porque nunca foi vaidosa. Achando que novinha nunca se cuidou, que não tinha essas vaidades. Achando que agora [na 3ª. Idade] se cuida mais. Influência da idade na vaidade: mais vaidosas quando novas CÓDIGO ABERTO Tendo uma preocupação com a aparência muito maior quando era nova. Fazendo [cuidando da beleza] muito mais quando era jovem com 20 até 30 anos. 123 640 641 SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 642 643 644 645 646 647 SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 648 649 650 651 652 653 654 655 GRUPO: FAMÍLIA: SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 656 657 658 659 660 661 662 663 664 SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 665 666 667 668 669 670 671 672 673 674 675 676 677 Achando que a idade também influi [em se preocupar menos com a beleza]. Achando que [a preocupação com a aparência] diminui com a idade. Mais tempo de se cuidar na 3a. Idade. CÓDIGO ABERTO Achando que agora tem mais tempo pra seu cuidar. Antes era pai e mãe, porque o marido vivia no mar [se cuidava menos]. Trabalhava fora no Tribunal de Contas e tinha filhos pra cuidar. [Se cuidava menos]. Não tendo tempo nem de olhar pro teto. Sendo muito puxado [a rotina quando mais nova]. Tendo mais tempo de se cuidar [na 3ª. idade]. Preocupação com a família diminue tempo livre para se cuidar. CÓDIGO ABERTO Achando que o seu problema é que vive pra família. Estando bem quando os filhos estão bem. Ficando satisfeita quando a filha vai comer com ela. A neta indo comer todo dia na sua casa. Gostando de ter trabalho com eles [família]. Não fazendo atividade física porque tem três netas e ficando muito com elas. Resolvendo problemas [pra filha]. Ajudando em tudo. Ficando preocupada com eles [família]. ESTÍMULOS INTERNOS PERCEPÇÕES Consciência de que a idade chegou. CÓDIGO ABERTO Se olhando no espelho e vendo ruga que não tinha há 3 anos atrás. Achando que tem que começar a se cuidar porque ta pegando idade. Se cuidando mesmo porque tá pegando idade. [Sendo mais motivada a se cuidar] pela sua aparência porque não quer ficar velha. Achando que [a preocupação com a aparência, os cuidados] aumentaram porque olha no espelho e vê ruga. Achando que com certeza [na 3ª. idade] exige um cuidado maior do que na juventude. não tendo duvida que daqui há alguns anos vai ter aparência de velha. Sentindo que a idade já ta chegando. Não querendo que o tempo chegue. Ficarem bem consigo: questão de auto-estima. CÓDIGO ABERTO Achando que [se cuidar] é uma questão de auto-estima [que se] desenvolve a vida toda. Vendo tanta velhinha que se abandona, não se cuida e fica com a auto-estima lá em baixo. Achando que a auto-estima define [toda a motivação] para cuidar da aparência. Achando que, mesmo sem o estímulo da família, se auto-estimularia. Gostando mesmo de se cuidar. O motivo é pra se sentir bem consigo mesma. Achando que tem que se sentir bem consigo mesma. Achando que tem que ficar com a auto-estima lá em cima. Achando que é mais motivada pelo ego. Achando que isso [a motivação] vai muito do ego. Achando que é auto-estima [a motivação]. Achando que [a motivação] é a auto-estima, se sentir feliz com vc mesma, se sentir bem. Achando que se você se apresentar legal, sempre está de bem com você mesma. se preocupando com a gordura, em não engordar demais pra ter o que vestir. 124 SUB-FAMÍLIA: IDENTIFICADOR 678 679 680 Medo da deteriorização física, da perda da saúde e das limitações que a idade traz. CÓDIGO ABERTO achando a velhice horrível em matéria de aparência. Ficando preocupada quando tem qualquer coisinha, querendo corrigir. se preocupando com o corpo para andar bem, ereta, tendo facilidade para subir e descer escada, para limpar a casa 125