XI CURSO DE INVERNO DE GENÉTICA – FCAV/UNESP DESENVOLVIMENTO DE GENÓTIPOS DE DENDEZEIRO NA REGIÃO CENTRO NORTE DE SÃO PAULO OIL PALM GENOTYPES DEVELOPMENT CENTER IN THE REGION OF SÃO PAULO NORTH Everton Luis Finoto (1) Ludmila de Paula (2) Paulo Sérgio Cordeiro Junior (2) Lucas Zambelli Migliaccio Miguel (3) Melina Zacarelli Pirota (4) Mônica Helena Martins (5) Resumo Objetivou-se com o presente trabalho avaliar o desenvolvimento das plantas de diferentes genótipos de dendezeiro cultivados no município de Pindorama, situado na região centronorte do estado de São Paulo. Utilizou-se o delineamento experimental em blocos casualizados com 6 repetições. Os tratamentos foram constituídos por 12 genótipos dendezeiro: Amazon, BRS 2001, BRS 2328, BRS 2501, BRS 2528, BRS 3701, BRS 7201, Bamenda x Ekona, Compacta x Ghana, Deli x Gana, Manicore e Tanzânia x Ekona. Avaliouse a altura de planta, comprimento da folha bandeira, número de folhas verdes e secas. Houve diferença significativa dos caracteres avaliados na maioria das épocas. O genótipo Bamenda x Ekona obteve maior altura de plantas em todas a épocas diferenciado-se do Amazon na primeira avaliação e do Compacta x Ghana nas outras duas. Na primeira avaliação os genótipos Bamenda x Ekona e Amazon apresentaram maior número de folhas verdes que o Compacta x Ghana e Deli x Ghana. Palavras-chave: Elaeis guineensis. Folha bandeira. Dendê/palma. Abstract The objective of the present study was to evaluate the development of plants of different genotypes of cultivated oil palm in the city of Pindorama, located in the north central region of São Paulo. We used the experimental randomized block design with six repetitions. The treatments consisted of 12 oil palm genotypes: Amazon, BRS 2001 BRS 2328, BRS 2501 BRS 2528, BRS 3701, BRS 7201, Bamenda x Ekona, Compact x Ghana, Deli x Ghana, Manicore and Tanzania x Ekona. It evaluated the plant height, length of flag leaf, Pesquisador; Apta – Polo Regional Centro Norte; Rodovia Washington Luis Km 372, Pindorama, SP – (17) 3572-1592; [email protected]; 3Graduando em Agronomia; Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP; Rua Yvete Gabriel Atique, 45, Boa Vista, São José do Rio Preto, SP – (17) 3211-3000; [email protected]; [email protected]; 3Graduando em Agronomia; Fundação Educacional de Ituverava – FAFRAM; Rua Cel. Flauzino Barbosa Sandoval, 1259, Cidade Universitária, Ituverava, SP – (16) 3729-9000; [email protected]; 4Mestranda em Agronomia (Genética e Melhoramento Vegetal), FCAV/Unesp Jaboticabal, SP; [email protected]; 5Eng. Agrônoma; bolsista CNPq; Apta – Polo Regional Centro Norte – Rodovia Washington Luis Km 372, Pindorama, SP – (17) 3572-1592; [email protected]. 1 Ciência & Tecnologia: Fatec-JB, Jaboticabal, v. 7, 2015. Número especial. XI CURSO DE INVERNO DE GENÉTICA – FCAV/UNESP number of green and dry leaves. There were significant differences of the characters evaluated in the majority of times. The Bamenda x Ekona genotype had a higher plant height in all the different times from the Amazon in the first evaluation and Compact x Ghana in the other two. In the first evaluation the Bamenda x Ekona genotypes and Amazon showed a higher number of green leaves that the Compact x Ghana and Deli x Ghana. Keywords: Elaeis guineensis. Leaf flag. Palm oil. 1 Introdução A palma de óleo ou dendezeiro (Elaeis guineensis jacq.) é uma palmeira originaria da Costa Ocidental da África (Golfo de Guiné), encontrada em povoamentos subespontâneos desde o Senegal até a Angola (TRINDADE et al., 2005). Introduzida no Brasil, em meados do século XV, pelos escravos africanos, dentro do então processo de tráfico e comercialização de escravos oriundos do continente africano, dando origem aos dendezais subespontâneos do litoral Baiano (VALOIS, 1997). Trata-se de uma planta perene, de vida econômica reprodutiva em média de 25 anos, e tendência a produção econômica a partir do oitavo ano do ciclo de vida. Destaca-se por apresentar melhor desenvolvimento em regiões tropicais, pois seu processo produtivo sofre influência direta do clima (MÜLLER; ALVES, 1997). O dendezeiro adaptou-se bem ao clima tropical úmido. O estado do Pará é responsável por mais de 90% da produção no Brasil, seguido da Bahia e do Amazonas (FURLAN JÚNIOR et al., 2004). Contudo, diante da grande quantidade de terras agricultáveis no país e do elevado nível tecnológico empregado em algumas regiões agrícolas brasileiras, destaca-se para o potencial produtivo da cultura em outras regiões mais secas, como o Cerrado, dependendo de uma irrigação suplementar em alguns meses do ano. Estudos recentes apresentados pela Embrapa Cerrados visando estudar o dendezeiro fora das áreas produtoras tradicionais demonstraram que as plantas são potencialmente produtivas, com a vantagem de não apresentar as doenças e pragas comuns das regiões produtoras tradicionais, contrariando estudos anteriores que indicavam a inviabilidade do cultivo em locais de alta altitude (maior que 400 metros) e principalmente em baixas temperaturas (menor que 16oC), que causariam abortamento dos frutos. Os resultados preliminares de algumas pesquisas demonstram que o cultivo do dendezeiro pode se tornar praticável e com previsões de excelentes rendimentos em áreas de cerrado, como a região centro-sul brasileira. Sendo assim, estados como São Paulo, Goiás, Mato Grosso, etc; poderiam incluir o dendezeiro dentre os cultivos tradicionais, produzindo Ciência & Tecnologia: Fatec-JB, Jaboticabal, v. 7, 2015. Número especial. XI CURSO DE INVERNO DE GENÉTICA – FCAV/UNESP matéria prima não só para a indústria de biodiesel, mas também para a alimentícia e a química, trazendo uma série de benefícios sociais, ambientais e econômicos para a região, pois atualmente a produção anual brasileira de óleo de palma e palmiste, cerca de 243.000 toneladas, representam menos de 0,5% da produção mundial e esta longe de atender o consumo interno de 489.000 toneladas ao ano (AGRIANUAL, 2011), necessitando o país importar em 2010, 257.000 toneladas de óleo. Objetivou-se com o presente trabalho avaliar o desenvolvimento das plantas de 12 genótipos de dendezeiro cultivados no município de Pindorama, situado na região centronorte do estado de São Paulo. 2 Material e Métodos O experimento foi conduzido no Pólo Regional Centro Norte, vinculado a Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio, pertencente à Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, localizado no município de Pindorama, SP. A área experimental tem solo caracterizado como argissolo eutrófico, considerado profundo, com horizonte A arenoso e horizonte B textural com alta fertilidade e topografia plana. Conforme classificação de Koppen, o clima enquadra-se no tipo Aw, definido como tropical úmido com estação chuvosa no verão e seca no inverno. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso com 12 tratamentos (12 cultivares de dendê/palma de óleo) e 6 repetições, sendo avaliada 3 plantas de cada variedade de dendezeiro em cada repetição. As variedades submetidas a avaliação foram Amazon, BRS 2001, BRS 2328, BRS 2501, BRS 2528, BRS 3701, BRS 7201, Bamenda x Ekona, Compacta x Gana, Deli x Gana, e Tanzania x Ekona. Avaliou-se a altura de planta, comprimento da folha bandeira, número de folhas verdes e secas. As médias dos caracteres avaliados obtidas em cada tratamento e suas respectivas repetições foram submetidas a analise estatística, onde foram esfetuadas Analise de Variância (teste F) e teste Tukey a 5% de probabilidade. 3 Resultados e Discussão Os resultados das análises estatísticas demonstraram haver diferenças significativas entre no desenvolvimento dos genótipos de dendezeiro avaliados, na maioria das épocas (Tabela 1 e Tabela 2). Ciência & Tecnologia: Fatec-JB, Jaboticabal, v. 7, 2015. Número especial. XI CURSO DE INVERNO DE GENÉTICA – FCAV/UNESP Tabela 1 – Valores médios de altura da planta e comprimento da folha bandeira em três épocas de avaliação (jun/14, jan/15 e jun/15) de doze genótipos de dendezeiro, Pindorama – SP, 2015 Altura da Planta Comprimento da Folha jun/14 jan/15 jun/15 jun/14 jan/15 jun/15 Genótipos 1,1 1,64 ab 1,86 Amazon 1,27 b 1,89 ab 2,09 ab 1,35 2,03 a 2,21 Bamenda x Ekona 1,54 a 2,29 a 2,43 a 1,26 1,94 ab 3,08 BRS-2001 1,45 ab 2,19 ab 2,34 ab 1,23 1,67 ab 1,91 BRS-2328 1,43 ab 1,97 ab 2,19 ab 1,2 1,94 ab 2,08 BRS-2501 1,40 ab 2,25 ab 2,35 ab 1,25 1,65 ab 1,85 BRS-2528 1,44 ab 1,97 ab 2,12 ab 1,18 1,68 ab 1,87 BRS-3701 1,38 ab 1,97 ab 2,09 ab 1,12 1,66 ab 1,95 BRS-7201 1,33 ab 1,94 ab 2,17 ab 1,16 1,55 b 1,75 Compacta x Ghana 1,32 ab 1,86 b 1,95 b 1,35 1,74 ab 1,97 Deli x Ghana 1,54 a 2,04 ab 2,19 ab 1,18 1,86 ab 2,04 Manicoré 1,34 ab 2,18 ab 2,34 ab 1,21 1,84 ab 2,02 Tanzânia x Ekona 1,39 ab 2,06 ab 2,28 ab Teste F 2.26 * 2.74 ** 2.56 * 1.65 ns 2.58 * 1.38 ns 12.44 12.90 35.26 CV (%) 9.63 10.42 9.66 Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. * e ** Significativo a 5% e 1% de probabilidade, respectivamente. CV (%):Coeficiente de Variação Tabela 2 – Valores médios do número de folhas verdes e secas em três épocas de avaliação (jun/14, jan/15 e jun/15) de doze genótipos de dendezeiro, Pindorama – SP, 2015 Número de Folhas Verdes Número de Folhas Secas jun/14 jan/15 jun/15 jun/14 jan/15 jun/15 Genótipos Amazon Bamenda x Ekona BRS-2001 BRS-2328 BRS-2501 BRS-2528 BRS-3701 BRS-7201 Compacta x Ghana Deli x Ghana Manicoré Tanzânia x Ekona Teste F CV (%) 11,17 a 11,50 a 8,94 ab 9,89 ab 9,67 ab 10,22 ab 8,94 ab 9,72 ab 8,06 b 8,39 b 8,94 ab 10,28 ab 3.40 ** 14.46 13,72 14,39 12,89 12,61 13,06 12,78 12,47 13,72 13,22 11 12,22 13,06 1.40 ns 13.66 12,06 a 14,06 a 12,06 a 11,56 a 12,78 a 12,11 a 10,81 a 13,06 a 12,28 a 11,06 a 13,78 a 12,89 a 2.03 * 13.79 4,78 b 6,06 ab 6,72 ab 5,50 ab 6,33 ab 5,89 ab 6,67 ab 6,33 ab 5,39 ab 7,39 a 5,44 ab 5,39 ab 2.58 * 18.67 7,56 7,33 7,39 7,56 6,33 7,39 7,44 7,44 6,94 7 6,5 7,11 0.46 ns 20.24 8,5 8,78 7,39 7,39 7,33 8,11 7,56 8,72 7,83 7,67 9,06 6,44 1.52 ns 19.06 Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. * e ** Significativo a 5% e 1% de probabilidade, respectivamente. CV (%): Coeficiente de Variação. Ciência & Tecnologia: Fatec-JB, Jaboticabal, v. 7, 2015. Número especial. XI CURSO DE INVERNO DE GENÉTICA – FCAV/UNESP O genótipo Bamenda x Ekona obteve maior altura de plantas em todas a épocas diferenciado-se do Amazon na primeira avaliação e do Compacta x Ghana nas outras duas. Na primeira avaliação os genótipos Bamenda x Ekona e Amazon apresentaram maior número de folhas verdes que o Compacta x Ghana e Deli x Ghana. 4 Conclusão O genótipo Bamenda x Ekona se destaca apresentando altura de planta maior que o Amazon e o Compacta x Ghana. O genótipo Compacta x Ghana apresenta menor comprimento da folha bandeira em relação ao Bamenda x Ekona. Os genótipos Bamenda x Ekona e Amazon a possui número maior de folhas verdes que os Compacta x Ghana e Deli x Ghana. Referências AGRIANUAL. Anuário da Agricultura Brasileira, 1 ed. São Paulo. 2011. FURLAN JÚNIOR, J.; KALTNER, F. J.; ALVES, S. M.; BARCELOS, E. A utilização de óleo de palma com o componente do biodiesel na Amazônia. Belém: Embrapa-CPATU, 2004. 5P. (Comunicado Técnico, 103). MÜLLER, A. A., ALVES R. M. A dendeicultura na Amazônia brasileira. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 1997. 44p. (Documentos, 91). TRINDADE, D. R.; POLTRONIERI, L. S. Doenças da cultura do dendezeiro (Elaeis guineensis). In: KIMATI, H.; AMORIN, L.; REZENDE, J. A. M.; BERGAMIM FILHO, A.; CAMARGO, L. E. A. (Ed.). Manual de fitopatologia. 4. Ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 2005. v. 2. p. 303-307. VALOIS, A. C. C. Possibilidades da Cultura do dendê na Amazônia. Brasília: EmbrapaCenargen. (Embrapa-Cenargen. Comunicado Técnico, n.19). 7p. 1997. Ciência & Tecnologia: Fatec-JB, Jaboticabal, v. 7, 2015. Número especial.