Autor(es): SIRLENE LOPES DE OLIVEIRA, PALOMA LEITE GOMES, AROLDO GOMES FILHO, ALISSON SOARES SIQUEIRA , ESTEFSON FERREIRA MOREIRA, GEOVANA GONÇALVES SILVA, MAYSA GONÇALVES BARBOSA AVALIAÇÃO DA DIVERGÊNCIA GENÉTICA EM GENÓTIPOS DE GIRASSOL CULTIVADOS EM SISTEMA DE SEQUEIRO NO NORTE DE MINAS GERAIS - SAFRA 2015/2016 Introdução O girassol é uma dicotiledônea anual, oriunda do continente americano, sendo cultivado em todo o mundo, pois se adapta aos mais variados ambientes, sendo uma espécie produtora de grãos e forragens. (Castro et al., 1996). A cultura ocupa atualmente a posição de quarta oleaginosa mais consumida no mundo chegando a teores superiores a 50% em variedades produzidas por hibridação (Lira et al, 2009). A possibilidade de produção de bicombustível a partir de girassol tem sido uma alternativa. Para Corrêa (2006) a substituição de óleo diesel ou a sua mistura com o diesel tem sido o foco para suprir a escassez dos combustíveis convencionais, derivados de petróleo, além de reduzir níveis de emissão de poluentes na atmosfera. Faz-se necessário o estudo de características morfoagronômicas das plantas cultivadas, para se obter conhecimento da divergência genética do conjunto de germoplasma disponível, de modo a aumentar a eficiência da amostragem dos genótipos, contribuírem na definição de cruzamentos, e auxiliar a recomendação de cultivares e linhagens para determinadas regiões (Elias et al., 2007; Mohammadi & Prasanna, 2003). Segundo Rotili et al, (2012), a divergência genética fornece parâmetros para a escolha de genitores que, quando cruzados, fornecem maior efeito heterótico na progênie, aumentando a probabilidade de obtenção de genótipos superiores. Para determinar a dissimilaridade genética empregam-se procedimentos estatísticos com base nas estimativas de distâncias entre cada par de genótipos e sua apresentação em uma matriz simétrica. A partir desta, a sua interpretação pode ser facilitada pela utilização de métodos de agrupamento, de modo a formar dentro de um grupo, subgrupos com homogeneidade dentro e heterogeneidade entre os subgrupos (Bertan et al., 2006). Para Elias et al, (2007), quando diversos caracteres são medidos aos pares simultaneamente, em diferentes genótipos, pode ser empregado as distâncias de Mahalanobis (D2) como estimativas de diversidade genética entre eles. Essa diversidade é baseada de acordo com diferenças fisiológicas, morfológicas e agronômicas analisadas a partir de um grupo de genótipos. O presente trabalho tem como objetivo estimar a divergência genética entre treze genótipos de girassol avaliados sob sistema de cultivo de sequeiro em Januária, Norte de Minas gerais na safra de 2015/2016. Material e métodos O trabalho foi realizado no período de 19 de dezembro de 2015 a 20 de abril de 2016, em área experimental do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais – Campus Januária, localizada na Fazenda São Geraldo, em Januária – MG. O clima da região é classificado como clima Aw segundo a classificação climática de köppen-Geiger, com um período chuvoso com volume de precipitação concentrado entre os meses de novembro a março, passando o restante do ano sem precipitações consideráveis para a produção agrícola. Foram implantados treze genótipos de girassol, pertencente ao ensaio nacional de genótipos de girassol da Embrapa Soja. Os genótipos implantados foram M 734(T), SYN 045(T), SYN 050A, BRS G40, BRS G37, BRS G44, BRS G45, BRS G46, BRS 47, BRS G48, BRS G49, BRS G50 e BRS G51. O preparo do solo foi realizado com uma grade aradora pesada, seguida de uma niveladora. A adubação de plantio foi realizada segundo as recomendações da Embrapa, sendo 30 kg de N/ha, 80 kg de P2O5/ha e, 80 kg de K2O/ha, e aos 25 dias após a emergência foi realizada uma adubação de cobertura com 30 kg de N/ha e 2 kg de Boro/ha via solo. O plantio foi realizado em parcelas de 16,8 m2 com 4 linhas de plantio de 6 m de comprimento. Utilizou-se o espaçamento de 0,7 m entre linhas e 0,3 m entre covas, totalizando 21 covas/linha, sendo plantadas 2 sementes por cova. Foi empregado o Delineamento de Blocos Casualizados com 4 repetições. Considerou-se como área útil da parcela as duas linhas centrais, excluindo-se 0,50 m de cada extremidade. Foram avaliadas as características: Stand (STD), Altura de Planta (AP), Data da Floração Inicial (DFI), Data da Maturação Fisiológica (DMF), Curvatura do Capítulo (CC), Tamanho do Capítulo (TC), Número de Plantas Acamadas (NPA), Número de Plantas Quebradas (NPQ), Peso de 1000 Aquênios e Produção (PROD). Os dados foram processados utilizando-se a ANOVA [dados não apresentados], e em seguida a dissimilaridade fenotípica entre os genótipos foi estimada pelo uso da distância generalizada de Mahalanobis (D 2), a partir das médias dos genótipos e da matriz de covariância residual, de acordo com CRUZ e REGAZZI (2001). Já para o agrupamento dos genótipos foi empregado os métodos de agrupamento de Tocher, e ligação entre grupo (UPGMA) para a formação do dendograma. As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o software estatístico Genes (CRUZ, 20013). Apoio financeiro: FAPEMIG Resultados e discussão A partir do dendograma gerado, figura 1, é possível verificar a formação de quatro grupos genéticos onde foi efetuado um corte em 40% de probabilidade. Para Rotili (2012), o corte é necessário para determinar os grupos mais divergentes, auxiliando o melhorista, na escolha de populações a serem usadas em cruzamentos contrastantes, pois permitem explorar a heterose. Os genótipos que se encontraram em um mesmo grupo são mais similares geneticamente. O primeiro grupo destacou-se por formar um grande grupo contendo sete genótipos, sendo eles: M 734(T), SYN 050A, BRS G40, BRS G46, BRS G48, BRS G49, BRS G51. Nooryazdan et al, (2011), afirmam que a base genética do girassol tem se estreitado consideravelmente, devido aos vários anos de seleção e domesticação, que tem reduzido sua diversidade, quando comparado a materiais selvagens. Outro grupo gerado foi representado por quatro genótipos sendo eles: BRS G50, SYN (T), BRS G37 e BRS G44. Os genótipos BRS G47 e BRS G45 foram responsáveis por formar um grupo cada. Conclusão Houve a formação de um grande grupo formado por sete genótipos sendo eles: M 734(T), SYN 050A, BRS G40, BRS G46, BRS G48, BRS G49, BRS G51 mostrando similaridade entre os mesmos. Os materiais mais divergentes encontrados são os genótipos BRS G47 e BRS G46. Os resultados apresentados podem servir como parâmetro para seleção de materiais contrastantes em programas de melhoramento genético. Agradecimentos Os autores agradecem o apoio financeiro da FAPEMIG, pela concessão de bolsa de IC científica. Ao IFNMG – Campus Januária, pela concessão de área experimental e recursos necessários para a condução do experimento. E a Embrapa Soja pelo fornecimento dos materiais genéticos avaliados. Referências bibliográficas BERTAN I.; CARVALHO F.I.F.; OLIVEIRA A.C.; et al. Comparação de métodos de agrupamento na representação da distância morfológ ica entre genótipos de trigo. Revista Brasileira de Agrociência, vol.12 p.279-286, 2006 CASTRO, C. de; CASTIGLIONI, V. B. R.; BALLA. A Cultura do girassol: tecnologia de produção. Londrina: EMBRAPA-CNPSo, 1996. CORRÊA, I. M.; MAZIERO, J.V.G.; ÚNGARO, M.R.; BERNARDI, J.A.; STORINO, M. Desempenho de motor diesel com misturas de biodiese l de óleo de girassol. Ciência agrotecnica. V. 32, 2008. CRUZ CD; REGAZZI AJ. 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