Atlas das condições de vida no Rio de Janeiro Cesar Romero Jacob, Dora Rodrigues Hees, Philippe Waniez. Rio de Janeiro : Ed. PUC-Rio, 2014-2015, 180 p. Um atlas, de uma forma simplificada, consiste « num conjunto organizado de mapas, concebido para representar um determinado espaço geográfico e tratar de um ou de diversos temas » [1]. Neste caso, o espaço representado é o da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RM do Rio) e as condições de vida são o tema geral do trabalho que se estrutura em 12 capítulos e 112 pranchas cartográficas. O Brasil conta com 51 grandes cidades, das quais 43 são Regiões Metropolitanas (RM), 3 Regiões Integradas de Desenvolvimento Econômico (RIDE), sendo uma delas a Capital Federal, Brasília, e 5 Aglomerações Urbanas (AU). Juntas, elas reuniam, em 2010, 97 milhões de pessoas, ou seja, um pouco mais da metade dos 191 milhões de habitantes do país. Do ponto de vista geográfico, uma RM é uma conurbação formada por uma grande cidade central que dá seu nome à RM e por sua zona de influência próxima. A RM do Rio é formada por 19 municípios de dimensões e contingentes demográficos muito desiguais, que perfaziam, em 2010, quase 12 milhões de habitantes. É a segunda RM do país, bem atrás de São Paulo com seus 19,7 milhões de pessoas. Os oito primeiros capítulos do Atlas baseiam-se no último recenseamento da população realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, e são: distribuição da população, rendimentos, estruturas demográficas, migrações, domicílios, educação, emprego e religião. Os três capítulos seguintes lançam mão de outras fontes de dados: saúde (Sistema de Informação Hospitalar do Ministério da Saúde), criminalidade (Banco de Dados do Instituto de Seguranca Pública do Rio de Janeiro) e eleições (Sistema de Informação do Tribunal Superior Eleitoral do Brasil). Finalmente, o último capítulo compara o Rio de Janeiro com outras seis regiões metropolitanas brasileiras (São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Belém, Porto Alegre e Salvador) em relação a quatro indicadores também extraídos do recenseamento (densidade demográfica, população idosa com 60 anos ou mais, renda per capita, beneficiários do programa de ajuda social Bolsa Família). Os mapas foram realizados em diferentes malhas territoriais, escolhidas em função não só do grau de detalhamento que elas permitem, mas também da sua consistência estatística. Sabemos que o Censo Demográfico do Brasil compreende dois questionários: o primeiro, denominado « Questionário do Universo », é aplicado ao conjunto da população e seus domicílios; o segundo, o « Questionário da Amostra » diz respeito a uma fração da populacão, cujo tamanho varia de acordo com o número de habitantes de cada município (5,8% em média na RM). Assim, os dados provenientes do Universo são cartografados num nível bastante detalhado, o dos 19 507 setores censitários. Para a Amostra, a malha é a das 336 áreas de ponderação do recenseamento (base da amostra estratificada) que formam a malha territorial mais detalhada compatível com o método de pesquisa utilizado pelo IBGE. Neste caso, as fichas individuais do recenseamento (microdados) foram objeto de um tratamento ad hoc. Este Atlas é, na verdade, mais do que um conjunto organizado de mapas, na medida em que cada tema é acompanhado por um texto de apresentação e análise. De fato, «um mapa deve sempre ser apresentado e interpretado, uma vez que ele não é um simples documento cuja leitura não deixaria nenhuma margem a ambiguidade » [2]. Os objetivos destes textos são o de despertar o interesse, mostrar as limitações dos indicadores mapeados e ressaltar o que deve ser observado no mapa ou, pelo menos, o que não deve deixar de ser visto. O Atlas das Condições de Vida na Região Metropolitana do Rio de Janeiro é fruto de uma cooperação estabelecida em 2004, no âmbito de um projeto de pesquisa entre o Institut de Recherche pour le Développement (IRD) e a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Os autores são Cesar Romero Jacob, historiador e professor da PUC-Rio, Dora Rodrigues Hees, geógrafa e professora da PUC-Rio e Philippe Waniez, geógrafo, ex-diretor de pesquisa do IRD e professor da Unité de formation « Mathématique et Interactions » da Université de Bordeaux. Este Atlas foi publicado por ocasião das comemorações dos 450 anos de fundação da cidade do Rio de Janeiro [3]. Ele faz parte da coleção de e-books da Editora PUC-Rio que podem ser baixados gratuitamente em sua página na internet [4]: Em português: http://www.editora.vrc.puc-rio.br/atlas_vida_rio_de_janeiro.html Em inglês: http://www.editora.vrc.puc-rio.br/atlas_vida_rio_de_janeiro_english.html Uma versão impressa em português estará disponível ao longo do mês de maio de 2015. Vale observar que o projeto de pesquisa IRD/PUC-Rio, citado acima, deu lugar à publicação de dois outros e-books : « Religião e território no Brasil: 19912010 (publicado em 2013) » [5] e « A geografia das eleições municipais e presidenciais no Rio de Janeiro e São Paulo: 1996-2010 (publicado em 2012) [6]. Finalmente, cabe lembrar que o mapeamento destes três trabalhos foi realizado com o sofware Philcarto, que pode ser obtido gratuitamente na internet [7]. Além de francês e inglês, este programa permite a sua tradução em 9 línguas, dentre eles o castelhano e o português. Notes [1] http://www.larousse.fr/dictionnaires/francais/atlas/6119?q=atlas#6098 [2] Brunet R. et alii, Les mots de la géographe, dictionnaire critique. Paris, RECLUSLa documentation française, 518 p (1992). [3] https://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=datacomemorativa&id=66 [4] http://www.editora.vrc.puc-rio.br/ebooks.html [5] http://www.editora.vrc.puc-rio.br/religiao_territorio_brasil.html [6] http://www.editora.vrc.puc-rio.br/geografia_voto.html [7] http://philcarto.free.fr