Perfil dos Usuários de Plantas Medicinais Aromáticas do Bairro

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Perfil dos Usuários de Plantas Medicinais Aromáticas do Bairro Cidade Alta
Cáceres-MT
Argilena Cardoso Amaral¹: Arno Rieder²
1- Dep. de Ciências Biológicas-bolsista apoio técnico-FAPEMAT UNEMAT-CÁCERES-MT
2- Prof. Dep. de Ciências Biológicas Coord. do Projeto PRAMED. UNEMAT-CÁCERES-MT
Resumo
A coleta de dados dos informantes e das plantas foi realizada no período de um ano.
Para realizar este estudo foram entrevistados 28 moradores do referido bairro, sendo que 92%
dos entrevistados são do sexo feminino e apenas 8% são do sexo masculino. A origem dos
informantes é bem diversificada sendo que 67% provêm da região Centro Oeste, 22% da região
Sudeste e 11% da região Nordeste. A idade dos informantes variou entre 16 a 90 anos, sendo
que os informantes mais idosos possuem maior informação sobre o uso de plantas medicinais.
Dos quintais visitados apenas 4% não possuem nenhuma espécie de planta medicinal aromática
e 96% possuem mais de uma espécie medicinal aromática. As plantas medicinais aromáticas
cultivadas com maior freqüência nos quintais dos informantes são: Cymbopogon citratus (DC)
Stapf, Ruta graveolens L. e Chenopodium ambrosioides L. A população possui amplo uso
popular dessas plantas, porque consideram as ervas naturais como farmácias vivas, sendo uma
das alternativas para terem saúde de qualidade.
Palavras chave: plantas medicinais aromáticas, usuários e origem
Introdução
As plantas medicinais possuem grande importância socioeconômica para o Brasil e ainda
pouco estudada em algumas regiões. O interesse pelas plantas medicinais é crescente, seja
pela população na busca de remédios mais baratos e eficazes ou pelas indústrias na busca d
novos compostos farmacologicamente ativos.
Para o Estado de Mato Grosso existem diversos trabalhos realizados com plantas
medicinais em geral, embora os mesmos não apresentem especificidade relacionada às plantas
medicinais aromáticas. Diante desse fato, o presente estudo foi desenvolvido no Bairro Cidade
Alta-Cáceres-MT, com a finalidade de verificar a origem, a idade e o sexo dos informantes e as
plantas mais utilizadas pela população local.
Materiais e métodos
O presente estudo foi desenvolvido no município de Cáceres, que segundo Ferreira
(1997), pertence à mesorregião 130 e microrregião 53, Sudoeste mato-grossense, conforme o
IBGE– Censo (20007), o município apresenta uma área de 24.398 km² com aproximadamente
84.175 mil habitantes.
A Cidade de Cáceres está situada à margem esquerda do Rio Paraguai próximo à foz do
Rio Jauru e Cabaçal, entre as coordenadas 16°11,42” S e 57°40’51” W. O Bairro Cidade Alta está
localizado no perímetro urbano de Cáceres, sendo identificado como Setor 0012 pelo IBGE
(2001).
Para coletar os dados a pesquisa foi realizada através de visitas as residências e
entrevistas direcionadas com auxilio de formulários semi-estruturado, conforme orienta Etekim
(1933) citado por Thiolent (2000), seguindo pressupostos observados em Gama (2002), Lima
(2002), Emiliano (2003) e Cruz (2003), com algumas adaptações baseado em Carniello apud
Cabral, 2003.
A escolha dos moradores entrevistados ocorreu através de sorteio de 14 quadras
constituintes do bairro Cidade Alta, o qual possui 516 residências, onde foram entrevistados dois
moradores em cada quadra, levando em consideração os quintais que possuíam maior
diversidade vegetacional e pessoas mais idosas.
As informações quanto ao informante basearam no nome, sexo, idade e naturalidade. Os
dados coletados se referem ao Projeto PLAMED-WS: com apoio financeiro da UNEMAT-PIBICFAPEMAT-CNPq.
Resultados e Discussões
A presença ou ausência da diversidade vegetacional no ambiente urbano está relacionado com
as pessoas que habitam esse local, que ao migrarem de uma região para outra, levam consigo
espécies vegetais que usam para diversos fins. Foram entrevistados 28 moradores do referido
bairro, sendo a maioria pertencente ao sexo feminino (Fig1). Foram registradas 24 espécies de
plantas medicinais aromáticas, distribuídas em 10 famílias, apresentando amplo uso popular, sendo todas
exóticas provenientes de outras regiões e aclimatadas nesse bairro, porém os moradores consideram as
ervas naturais como farmácias vivas, sendo uma das alternativas para terem saúde de qualidade.
Para os informantes as plantas medicinais cultivadas em seus quintais possuem maior
eficiência no tratamento das enfermidades e incômodos, comparando com os produtos
industrializados. Aamostra dos informantes esteve constituída de: 92% são do sexo feminino e
apenas 8% são do sexo masculino (fig.1).
30
26
25
20
Masculino
15
Feminino
10
5
2
0
Figura 1- Sexo dos informantes do bairro Cidade Alta Cáceres-MT, abril 2005
Quanto à origem dos informantes 67% provêm da região Centro Oeste, 22% da região
Sudeste e 11% da região Nordeste (fig.2). Pode-se verificar a diversidade cultural existente no
Bairro, relacionada ao domínio local em relação às plantas medicinais aromáticas que usam.
A origem dos informantes também influencia no saber popular, pois foi possível verificar
que os entrevistados provenientes dessas regiões, possuem um conhecimento bem diversificado
tendo como base no saber dos orixás e pai de santo que falam do uso das plantas medicinais
durante invocações e cultos em casas de benzedores, candomblés e umbandas que são
transmitidos para a população que freqüentam esses locais que posteriormente são transmitidos
de geração para geração conforme Camargo (1998).
20
19
18
16
14
12
Centro Oeste
10
Sudeste
Nordeste
8
6
6
3
4
2
0
Figura 2- Origem dos informantes, do bairro Cidade Alta – Cáceres/MT, abril 2005
A idade dos informantes foram divididas em quatro intervalos: de 16 a 30 anos
correspondem a 11%, de 30 aos 50 anos = 26%, 50 aos 70 anos = 26%, 70 aos 90 anos = 37%,
sendo que os informantes mais idosos são os que possuem maior informação sobre o uso de
plantas medicinais (fig. 3).
A prática de cultivar plantas medicinais aromáticas e o uso das mesmas entre os
moradores entrevistados do referido bairro, apresenta maior uso entre as pessoas mais idosas,
sendo que 37% dos entrevistados são os que mais utilizam plantas medicinais e possuem idade
entre 70 e 90 anos, pois os mesmos possuem um conhecimento excelente, sendo estas plantas
para os moradores de essencial importância.
12
11
10
8
7
7
70 a 90 anos
50 a 70 anos
6
30 a 50 anos
4
3
16 a 30 anos
2
0
1
Figura 3- Idade dos informantes do bairro Cidade Alta Cáceres/MT, abril 2005.
Considerações finais
A população do referido Bairro é constituída na maioria por pessoas da região Centro
Oeste, mas os informantes provenientes da região Nordeste apresentam saberes mais
diversificados em relação às Plantas Medicinais. A idade também é outro fator muito importante
e sempre deve ser levado em consideração, porque as pessoas mais antigas possuem maior
saber, pois são dotadas de saberes diversificados. Entre as plantas registradas nos quintais com
maior freqüência foram: Cymbopogon citratus (DC) Stapf, Ruta graveolens L. e Chenopodium
ambrosioides L. Portanto foi possível compreender que o melhor saber em relação às espécies,
uso, modo de preparo, dosagem é bem mais difundido entre o público feminino.
Referências Bibliográficas
AMOROZO, M. C. M. de GÉLLY, A. Uso de Plantas Medicinais por caboclos do baixo Amazonas.
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1998.
BRITO, Alba Regina M. S. Plantas Medicinais: Arte e Ciência, um Guia de Estudo
Interdisciplinar. São Paulo: UNESP, 2003.
CABRAL, C.D.O. O uso de plantas medicinais na comunidade de Porto Limão, Cáceres –
MT: Uma abordagem Etnobotânica. 2003 (Monografia).
CAMARGO, Maria Thereza Lemos de Arruda. Plantas Medicinais e de rituais afro-brasileiros
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EMILIANO, Rodrigo de Matos. Estudo etnobotânico no Jardim Padre Paulo, Cáceres-MT.
Cáceres-MT, 2003. (Monografia).
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FERREIRA, João Carlos Vicente. Mato Grosso e seus municípios. Cuiabá: Secretaria do
Estado de Educação, 1997.
GAMA, Maria das Graças Soares. Plantas utilizadas na medicina tradicional em Luciara,
Mato Grosso. Luciara-MT, 2002. (Monografia).
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – Anuário Estatístico 2001/Mato Grosso.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2007. site: www.ibge.gov.br. Acesso
em 14/09/2008.
THIOLENT, M. Metodologia da pesquisa-acão. São Paulo Cortez 10ª ed. 2000.
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