UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Administração Carlos Alberto Daher Jean Carlos Celestino José Álvaro Arribard SUSTENTABILIDADE: Sinônimo de responsabilidade socioambiental na Klabin – Divisão Papelão Ondulado Jundiaí – SP LINS – SP 2009 Daher, Carlos Alberto; Celestino, Jean Carlos; Arribard, José Álvaro Sustentabilidade: sinônimo de responsabilidade socioambiental na Klabin – Divisão papelão ondulado, Jundiaí – SP / Carlos Alberto Daher; Jean Carlos Celestino; José Álvaro Arribard. – – Lins, 2009. 151p. il. 31cm. Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Administração, 2009 Orientadores: Máris de Cássia Ribeiro Vendrame; Ana Beatriz Lima 1. Sustentabilidade. 2. Responsabilidade socioambiental. 3. Klabin S/A. I Título. CDU 658 CARLOS ALBERTO DAHER JEAN CARLOS CELESTINO JOSÉ ÁLVARO ARRIBARD SUSTENTABILIDADE: Sinônimo de responsabilidade socioambiental na Klabin – Divisão Papelão Ondulado Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Administração sob a orientação do Profª M.Sc. Máris de Cássia Ribeiro Vendrame e orientação técnica da Profª M.Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva. LINS – SP 2009 CARLOS ALBERTO DAHER JEAN CARLOS CELESTINO JOSÉ ÁLVARO ARRIBARD SUSTENTABILIDADE: Sinônimo de responsabilidade socioambiental na Klabin – Divisão Papelão Ondulado Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, para obtenção do título de Bacharel em Administração. Aprovada em: ____/____/______ Banca Examinadora: Orientadora Profª M.Sc. Máris de Cássia Ribeiro Vendrame Mestre em Administração pela Unimep Assinatura: _________________________________ 1° Prof.(a) ______________________________________________________ Titulação _______________________________________________________ Assinatura: _________________________________ 2° Prof.(a) ______________________________________________________ Titulação _______________________________________________________ Assinatura: _________________________________ A Deus por nos dar sabedoria ao longo de nossa graduação. Obrigado por tudo que vimos, ouvimos e aprendemos. Obrigado pelo dom da vida, pela força e motivação para prosseguir nas conquistas da vida. Aos nossos familiares Agradecemos de forma muito carinhosa a vocês que por muitas vezes trocaram momentos importantes e especiais para que pudéssemos realizar nossos sonhos. Pelas vezes que anularam seus ideais para que os nossos pudessem se concretizar. Por acreditarem nas nossas capacidades e nos nossos sonhos, proporcionando-nos suporte e incentivo aos estudos. AGRADECIMENTOS À nossa orientadora M.Sc Maris de Cássia Ribeiro Vendrame. Guia indispensável nos caminhos tortuosos que nos levam ao conhecimento. Pelos excelentes momentos de sabedoria, compartilhados; pela disposição, paciência e perseverança ao desempenho dessa nobre missão. À Prof. M.Sc Heloisa Helena Rovery da Silva Pelo acompanhamento pontual, competente e dedicado. A Klabin Pela cordialidade que sempre fomos recebidos. Agradecemos a oportunidade concedida. Em particular agradecemos os Srs. Ronaldo Laurentino, Edison Giusti e Filipi Santini pela disponibilidade, confiança e profissionalismo que fomos tratados. Aos mestres Em cada professor um mestre. Em cada mestre um universo. Obrigado por dedicar seu tempo e sua sabedoria para que nossa formação pudesse ser um aprendizado de vida. Ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium - Unisalesiano que possibilitou o meu crescimento profissional. RESUMO A sustentabilidade de uma organização moderna assume, neste final de século, um papel central na reflexão em torno das dimensões do desenvolvimento e das alternativas que se configuram. Depende, dentre outras exigências, do seu desempenho ambiental. O conceito de desenvolvimento sustentável avalia a relação existente entre: crescimento econômico, a sociedade civil e o meio ambiente. Neste contexto, é crescente a valorização das questões ambientais no segmento empresarial, decorrentes das novas exigências legais, de mercado e da sociedade em geral. Além disso, a preocupação com o meio ambiente pelas empresas reflete na valorização da sua imagem e na visão de fornecedores, clientes e consumidores que passaram a exigir atitudes conscientes dos empresários em relação à natureza. Este trabalho de natureza exploratória e descritiva tem por objetivo avaliar empiricamente os conceitos e pertinências a respeito da sustentabilidade socioambiental e a participação da Klabin S/A - Divisão Papelão Ondulado, em Jundiaí (SP) na adoção das práticas de desenvolvimento sustentável. Verificouse, desta forma, que a abordagem de desenvolvimento sustentável é intrínseca à responsabilidade social e empresarial. Na Klabin os resultados das ações de sustentabilidade são extremamente positivos como apresentado no primeiro capítulo deste trabalho e isto não ocorre somente na produção de papelão ondulado, ocorre em todas as atividades da empresa. O resultado é o reconhecimento através dos prêmios, certificações e da própria sociedade em que está inserida. A sustentabilidade da Klabin envolve não só recursos financeiros, mas, sobretudo, engajamento político, uma missão bem definida, condução ética, diálogo com os vários setores da sociedade, efetivação de parcerias, produção e socialização de conhecimento, afetividade e respeito nas relações interpessoais, bem como coragem para construir ações coletivas. Palavras-chave: Sustentabilidade. Responsabilidade socioambiental. Klabin S/A. ABSTRACT The sustainability of a modern organization assumes, in this end of century, a central role in the reflection of the dimensions of development and alternatives that are configured. It depends, among other requirements, of its environmental performance. The concept of sustainable development evaluates the relationship between economic growth, civil society and the environment. In this context, there is growing appreciation of environmental issues in the enterprise segment, arising from new legal requeriments, of the market and of the society in general. In addition, the preoccupation with the environment by companies reflects the appreciation of their image and vision of stockists, customers and consumers have demanded conscious attitudes of entrepreneurs in relation to the nature. This work is an exploratory and descriptiven nature`s research and it has by objective to evaluate empirically the concepts and relevance regarding the environmental sustainability and the participation of Klabin S/A - Corrugated Paperboard Division, in Jundiai (SP) in the adoption of sustainable development practices. It is verified that the sustainable development is intrinsic to social responsibility and business. In the Klabin the results of the actions of sustainability are extremely positive as shown in the first chapter of this work and this does not occur only in the production of corrugated paperboard, occurs in all company`s activities. The result is the recognition through of prize, of own society`s certifications in which it is inserted. The sustainability of Klabin involves not only financial resources but, above all, political engagement, a well-defined mission, conducting ethics, dialogue with various sectors of society, partnerships effectivations, production and sharing of knowledge, affection and respect in interpersonal relationships, as well courage to build collective actions. Keywords: Sustainability. Environmental Responsibility. Klabin S/A. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Maurício Klabin ................................................................................ 20 Figura 2: 10 de fevereiro de 1900, Rua Formosa com a ladeira São João, em São Paulo (SP), onde os escritórios de Klabin Irmãos & Companhia KIC viriam a se instalar algumas décadas mais tarde .................................... 21 Figura 3: Década de 50. Vista panorâmica da fábrica Klabin do Paraná (2º plano) e bonde aéreo utilizado para transporte de funcionários, em primeiro plano ................................................................................................. 22 Figura 4: Década de 50, caixas de fósforos promocionais produzidos pela KIC – Klabin Irmãos e Cia ............................................................................... 22 Figura 5: Década de 80. Catálogo KIC com informações técnicas de caixas de PO (tipos de caixas, produzidas, industrializados, hortifrutigranjeiros, exportação, novos produtos, testes de qualidade), elaborado pela da Divisão de Embalagens e produzido pelo Setor Ponte Grande, voltado para os usuários de caixas de papelão ondulado................. 25 Figura 6: Presença mundial ............................................................................ 32 Figura 7: Mapa das unidades Klabin............................................................... 34 Figura 8: Processo produtivo do papel ........................................................... 39 Figura 9: Embalagens produzidas com papel cartão da Klabin ...................... 42 Figura 10: Bobina de kraftliner ........................................................................ 44 Figura 11: Fábrica ecológica ........................................................................... 48 Figura 12: Fábrica ecológica ........................................................................... 49 Figura 13: Emissão de DBO5 e DBQ na Klabin papéis ................................... 51 Figura 14: Consumo específico de água (m3/t) Klabin Papéis ........................ 52 Figura 15: Resíduos sólidos (mil t) Klabin Papéis ........................................... 54 Figura 16: Consumo de energia elétrica em 2008 (1.875.312 MWh).............. 55 Figura 17: Consumo de energia térmica em 2008 – Unidade de Negócios de Papéis (723.772 MWh) .............................................................................. 55 Figura 18: Mapa do Protocolo de Kyoto em 2009 ........................................... 70 Figura 19: Evolução dos sistemas de gestão normalizados ........................... 91 Figura 20: Modelo do sistema de gestão da responsabilidade social ............. 93 Figura 21: Gestão da empresa .......................................................................102 Figura 22: Indicadores Ethos ..........................................................................103 Figura 23: Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) ................................104 Figura 24: Princípios e critérios do GRI ..........................................................104 Figura 25: Três tipos de selos para todos os níveis ........................................105 Figura 26: Balanço Social Ibase .....................................................................106 Figura 27: Escala Akatu ..................................................................................107 Figura 28: Metas do Milênio ............................................................................108 Figura 29: Pacto Global no Mundo .................................................................109 Figura 30: Pacto Global no Brasil ...................................................................110 Figura 32: Klabin S/A – Unidade de Jundiaí Tijuco Preto (SP) .......................114 Figura 33: Caixa de papel normal ...................................................................119 Figura 34: Caixa corte e vinco ........................................................................120 Figura 35: Caixa com Label ............................................................................120 Figura 36: Caixa de papelão microondulado ..................................................121 Figura 37: Acessórios .....................................................................................121 Figura 38: Brinquedos.....................................................................................122 Figura 39: Chapa de papelão ondulado ..........................................................123 Figura 40: Processo produtivo ........................................................................123 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Declaração de princípios da indústria para o desenvolvimento sustentável ....................................................................................................... 67 Quadro 2: Anexo I e metas de emissão ............................................................ 73 Quadro 3: Principais selos ecológicos mundiais .............................................. 90 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS °C - Graus Celsius ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas AMCHAM - Câmara Americana de Comércio APAE - Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais APAT - Associação para Pesquisa e Assistência ao Transplantado Apremavi - Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CBPG - Comitê Brasileiro do Pacto Global CBS - Companhia Brasileira de Sintéticos CCX - Chicago Climate Exchang CIE - Comércio Internacional de Emissões CIMAPE - Companhia de Manufatura de Papel e Embalagem CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CLT - Consolidação das Leis do Trabalho CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil CNEA - Cadastro Nacional de Entidades Ambientalistas CNI - Confederação Nacional das Indústrias ( CNUMAH - Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente CO - Monóxido de carbono CO2 - Gás Carbônico ou Dióxido de Carbono COP - Comunicações de Progresso CTMP - Chemi-Thermo Mechanical Pulp EBITDA - Earnings - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São EET - Environmental Edge Technology ETE - Estação de Tratamento de Efluentes FIESP - Federação das Indústrias de São Paulo FSC - Forest Stewardship Council Humano before interest, taxes, depreciation and amortization ECA Paulo GEE - Gases do Efeito Estufa GJ - Giga Joules GLP - Gás Liquefeito de Petróleo GRI - Global Reporting Initiative HPV - Human Papiloma Virus ou Papilomavírus Humano IC - Implementação Conjunta IKP - Indústrias Klabin do Paraná IKPC - Indústrias Klabin do Paraná de Celulose S/A Inmetro - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade ISO - International Organization for Standardization IUCN - União Internacional para a Conservação da Natureza KASSA - Klabin Administração e Serviços S/A KC - Klabin Cerâmica S/A KESA - Klabin Embalagens S/A Kg - Kilograma KIC - Klabin Irmãos & Companhia Km - Kilômetro KPAF - Klabin do Paraná Agro-florestal KPSA - Klabin Papéis S/A LPB - Liquid Packaging Board m³ - metros cúbicos m3/t - metros cúbicos por tonelada MDL - Mecanismo de Desenvolvimento Limpo Mercosul - Mercado Comum do Sul MG - Mins Gerais MP - materiais particulados MW - Megawatt Nox - Óxidos de nitrogênio OIT - Organização Internacional do Trabalho ONG - Organização Não-Governamental ONU - Organização das Nações Unidas OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público PCC - Papel e Celulose Catarinense Ltda. Industrial PDCA - Plan, Do, Check, Act PE - Pernambuco PGK - Produção de Papelão Ondulado PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente PONSA - Papelão do Nordeste S/A PR - Paraná Pronaf - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura - Programa de Plantio Comercial e Recuperação de RAC - Regulamento de Avaliação da Conformidade RJ - Rio de Janeiro RS - Rio Grande do Sul S/A - Sociedade Anônima SBAC - Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade SC - Santa Catarina SGA - Sistemas de Gestão Ambiental SGA - sistemas de gestão ambiental SGRS - Sistema de Gestão da Responsabilidade Social Sox - óxidos de enxofre SP - São Paulo TCA - Tecnologias de Captura e Armazenamento TPM - Tensão Pré-Menstrual UE - Unidade Européia USP - Universidade de São Paulo WWF - World Wildlife Fund Familiar Propflora Florestas SUMÁRIO INTRODUÇÃO................................................................................................ 16 CAPÍTULO I - A EMPRESA KLABIN S/A ...................................................... 20 1 HISTÓRICO ....................................................................................... 20 1.1 A empresa .......................................................................................... 31 1.1.1 Missão ................................................................................................ 33 1.1.2 Unidades ............................................................................................ 33 1.1.2.1 Unidade florestal ................................................................................ 34 1.1.2.2 Unidade papéis .................................................................................. 39 1.1.2.3 Unidade papelão ondulado ................................................................ 44 1.1.2.4 Unidade de sacos industriais ............................................................. 46 1.2 Visão e política de sustentabilidade ................................................... 47 1.2.1 Controle ambiental ............................................................................. 48 1.2.2 Emissões atmosféricas ...................................................................... 50 1.2.3 Efluentes hídricos ............................................................................... 52 1.2.4 Residuos sólidos ................................................................................ 53 1.2.5 Energia ............................................................................................... 54 1.2.6 Bidiversidade ...................................................................................... 56 1.2.7 Pacto Global ....................................................................................... 56 1.3 Projetos sociais .................................................................................. 57 1.3.1 Colaboradores .................................................................................... 57 1.3.2 Sociedade .......................................................................................... 60 1.3.3 Ações sociais ..................................................................................... 60 1.3.4 Saúde ................................................................................................. 61 1.3.5 Cultura................................................................................................ 61 1.3.6 Políticas públicas ............................................................................... 62 1.4 Investimentos ..................................................................................... 62 CAPÍTULO II - CONTEXTUALIZANDO SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL ................................................. 64 2 EVOLUÇÃO DA QUESTÃO AMBIENTAL ........................................ 64 2.1 Protocolo de Kyoto e o crédito de carbono ........................................ 67 2.2 Conceitos e considerações sobre sustentabilidade e responsabilidade socioambiental .................................................................... 73 2.3 Desenvolvimento sustentável ............................................................. 77 2.4 Dimensões de sustentabilidade ......................................................... 79 2.5 Gestão ambiental ............................................................................... 81 2.5.1 Estímulos para a adoção de métodos de gestão ............................... 84 2.5.1.1 Estímulos internos .............................................................................. 84 2.5.1.2 Estímulos externos ............................................................................. 86 2.6 Normas ambientais e ISO-14000 ....................................................... 90 2.7 A importância da sustentabilidade na empresa .................................. 98 2.8 Indicadores.........................................................................................101 2.8.1 Indicadores Ethos ..............................................................................102 2.8.2 Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) ....................................103 2.8.3 Global Reporting Initiative (GRI) ........................................................104 2.8.4 Balanço Social Ibase ..........................................................................105 2.8.5 Escala Akatu ......................................................................................106 2.8.6 Iniciativas Internacionais ....................................................................107 2.8.6.1 Metas do Milênio ................................................................................107 2.8.6.2 Pacto Global .......................................................................................109 2.8.6.3 FSC .....................................................................................................111 CAPÍTULO III - A PESQUISA ........................................................................113 3 INTRODUÇÃO ...................................................................................113 3.1 A Klabin S/A – Unidade de Jundiaí (SP) ............................................114 3.1.1 Histórico .............................................................................................115 3.1.2 Projetos sustentáveis .........................................................................115 3.1.3 A produção de papel ondulado ..........................................................117 3.2 Apresentação e análise dos dados ....................................................123 3.2.1 Apresentação dos dados da pesquisa de campo ...............................123 3.2.2 Apresentação dos dados da pesquisa com o Coordenador Industrial .........................................................................................................126 3.3 Parecer final sobre o caso..................................................................128 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ...................................................................130 CONCLUSÃO .................................................................................................131 REFERÊNCIAS ..............................................................................................133 APÊNDICES ...................................................................................................139 ANEXOS .........................................................................................................146 16 INTRODUÇÃO A crise ambiental é tema de discussões públicas nas últimas décadas e envolve o debate sobre ―o papel da ciência e das técnicas modernas no desastre ecológico, bem como a concepção de que o homem é o depredador, enquanto nós suas vítimas inocentes, embora todos desfrutem do conforto do mundo tecnificado‖. (SIENA; COSTA; OLIVEIRA, 2007, p. 3). Siena; Costa; Oliveira (2007), contam que a revolução industrial, decorrente da revolução científica, trouxe consigo outras formas de desemprego e ampliou os problemas relativos à pobreza e doença e também o agravamento dos problemas ambientais. Segundo Dias (2006), do ponto de vista ambiental, questionava-se cada vez mais o mito da abundância do capital natural, e constatava-se que o modelo de crescimento econômico até então adotado provocou agravamento da deterioração ambiental, com o aumento da contaminação e a possibilidade do esgotamento dos recursos naturais. Dias (2006) expõe que gradativamente, a crença no desenvolvimento linear e continuado foi sendo colocada em discussão, bem como os diversos modelos econômicos de desenvolvimento baseados no uso intensivo dos recursos naturais, considerados até então como inesgotáveis. Segundo Martins (2006), como previsto e em função da crescente preocupação com o problema ambiental, a ONU realizou em 1972, na capital da Suécia, Estocolmo, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, que teve como resultado uma Declaração e um Plano de Ação para o Meio Ambiente Humano que contém 109 recomendações. Desde então, e conforme Camargos; Dias (2003), o termo desenvolvimento sustentável tem evoluído contemplando os vários aspectos da interrelação ambiente e desenvolvimento. No entanto, o consenso sobre o seu significado e implementação está longe de ser concluída, na medida em que buscam-se respostas que satisfaçam os requisitos de uma relação equilibrada entre sociedade humana e natureza. O crescimento desenfreado da população fez com que as empresas, para atender a demanda de mercado, passassem a produzir em grande escala, 17 extraindo do meio ambiente, matérias primas inadequadamente, praticando o extrativismo, destruindo a natureza e seus ecossistemas. O avanço tecnológico deixou a população mais informada e exigente, fazendo com que as empresas acordassem e assumissem seu papel perante a sociedade. Empresas que seguem as regras também descobriram que é possível mudar sem experimentar grandes distúrbios. Se não for mudado o rumo das formas atuais de geração de energia e outros padrões de produção, em dez anos assistir-se-á um descontrole geral no clima do planeta. Biotecnologia, energia solar, células à combustível, nanotecnologia, novos materiais, tecnologias sem fios, edifícios com consumo zero de energia e disponibilização pública de patentes de tecnologia poderão ajudar a reconfigurar a face das empresas em um sentido mais social e ambientalmente responsável. (ALMEIDA, 2007). A consciência ambiental alinhada com as práticas de sustentabilidade tornou-se essencial para a sobrevivência das organizações e para a manutenção da vida com qualidade no planeta, pois a sociedade está cada vez mais exigente em seu modo de pensar e agir. Empresas que criam suas filosofias organizacionais tendo como alicerce a sustentabilidade e a responsabilidade ambiental demonstram significativas evoluções organizacionais, levando-as para um caminho sem volta, a qual obtém lucro com a manutenção e melhorias do meio ambiente, conservando-o para as gerações futuras. Ações de sustentabilidade e responsabilidade ambiental estão cada dia mais presentes no cotidiano das empresas, assim como as organizações seguem este mesmo princípio de evolução para acompanhar as exigências da sociedade e do planeta que pede socorro. Esta evolução é um passo significativo para a manutenção da vida que não suporta mais o extrativismo e a degradação. Tal evolução acendeu uma luz de alerta, para que ações de sustentabilidade sejam desenvolvidas em parceria: organizações e sociedade com o intuito de utilizar os recursos necessários para a sobrevivência sem afetar às futuras gerações do planeta. Em 2005, a China colocava em operação uma termoelétrica a carvão 18 a cada duas semanas. Uma alternativa um pouco menos danosa seria o gás natural, que emite menos da metade do CO 2 emitido pelo carvão. Para começar a reverter à curva de degradação, será preciso que, em 2025, as termoelétricas a carvão estejam em processo acelerado de implantação de tecnologias de captura e armazenamento (TCA) de carbono; que as usinas nucleares existentes (as quais já estão próximas do fim de sua vida útil) sejam renovadas e sua atual capacidade seja ampliada em 30%; e que 6% da energia gerada venham de fontes renováveis. (ALMEIDA, 2007, p. 32). Para as empresas o que interessa é o retorno financeiro, alinhado as novas exigências da sociedade, unindo as práticas empresariais com as ações de sustentabilidade e responsabilidade ambiental. O presente estudo procurou centrar-se e estabelecer basicamente conceitos referentes à sustentabilidade e responsabilidade socioambiental, utilizadas dentro da gestão ambiental analisando a sua prática no processo produtivo do papelão ondulado na Klabin S/A, unidade de Jundiaí (SP) e seus resultados frente as ações de sustentabilidade adotadas visando a contribuição com a responsabilidade socioambiental. Para a elaboração deste trabalho, foi realizada uma pesquisa de campo na empresa Klabin S/A - Divisão Papelão Ondulado, localizada na rodovia Anhanguera - Km 48,7 na cidade de Jundiaí (SP), tendo como objetivo comprovar se as ações de sustentabilidade na verticalizacão do processo produtivo das empresas Klabin - Divisão Papelão Ondulado contribuem na concretização da responsabilidade social e ambiental da empresa. Até dezembro de 2008, a Klabin possuía 449 mil hectares de área florestal, dos quais 224 mil hectares de florestas plantadas e 187 mil hectares de florestas nativas preservadas. As organizações no novo contexto necessitam partilhar do entendimento de que deve existir um objetivo comum, e não, um conflito, entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental, tanto para o momento presente como para as gerações futuras. (TACHIZAWA, 2009). "O papelão ondulado, como havia ocorrido em diversos países do mundo, irrompeu no mercado de embalagens para produtos de pequeno e médio porte". (SIBIRES, 1989, p. 70). Diante do que foi pesquisado e em virtude do que foi observado na empresa, questiona-se: as ações de sustentabilidade na verticalização do 19 processo produtivo das empresas Klabin contribuem na concretização da responsabilidade socioambiental da empresa? A priori, as ações de sustentabilidade praticadas pelas empresas Klabin na verticalização do seu processo produtivo apresenta efetivamente os resultados esperados na concretização da responsabilidade socioambiental diante da empresa e comunidade externa. O trabalho foi dividido em três capítulos: O primeiro capítulo trata da evolução histórica da empresa Klabin, e descreve a empresa, suas unidades, ações ambientais, sociais e investimentos. O segundo capítulo discorreu sobre sustentabilidade, descrevendo a evolução do conceito, normas, indicadores e a importância para as empresas. O terceiro capítulo apresenta os objetivos, os métodos e técnicas utilizados na pesquisa, bem como seus resultados e conclusão encontrada. Por fim, vem a Proposta de Intervenção e a Conclusão. 20 CAPÍTULO I A EMPRESA KLABIN S/A 1 HISTÓRICO A Klabin S/A foi constituída em 19 de abril de 1899, como resultado da reestruturação organizada em quatro unidades de negócios - Florestal, Papéis, Embalagens de Papelão Ondulado e Sacos Industriais. Em 1899 foi fundada a Klabin Irmãos e Cia (KIC), composta por Maurício Klabin, seus irmãos Salomão Klabin e Hessel Klabin e o primo Miguel Lafer. (KLABIN, 2009a). Fonte: Klabin (2009a) Figura 1: Maurício Klabin A empresa importa produtos de papelaria e produz artigos para escritório, comércio, repartições públicas e bancos. Em 1902, a família KlabinLafer entra no setor de produção de papel, com o arrendamento da Fábrica de 21 Papel Paulista de Vila do Salto de Itu. (KLABIN, 2009a). Em 1907, com o fim do contrato de arrendamento inicia-se a construção de uma fabrica própria, e em 3 de julho de 1909 a construção da companhia fabricadora de papel. (KLABIN, 2009a). Fonte: Klabin (2009a) Figura 2: 10 de fevereiro de 1900, Rua Formosa com a ladeira São João, em São Paulo (SP), onde os escritórios de Klabin Irmãos & Companhia - KIC viriam a se instalar algumas décadas mais tarde Em 1914 inicia-se a produção na fábrica em Santana São Paulo. (KLABIN, 2009a). Em 1920, ocorre a instalação do escritório no Rio de Janeiro então capital federal. (KLABIN, 2009a). O ano de 1929, marca a entrada da segunda geração da família Klabin – Lafer, sendo constituída sociedade anônima. Em 1934, foi adquirida a fazenda Monte Alegre no município de Tibagi (PR) para construção da primeira fabrica integrada do grupo no país denominada Indústrias Klabin do Paraná (IKP). (KLABIN, 2009a). Em 9 de julho de 1941 são alteradas razão social de IKP para (IKPC) Indústrias Klabin do Paraná de Celulose S/A. Em 1946, iniciam-se as operações da fábrica de Monte Alegre. (KLABIN, 2008). 22 Fonte: Klabin (2009a) Figura 3: Década de 50. Vista panorâmica da fábrica Klabin do Paraná (2º plano) e bonde aéreo utilizado para transporte de funcionários, em primeiro plano Fonte: Klabin (2009a) Figura 4: Década de 50, caixas de fósforos promocionais produzidos pela KIC – Klabin Irmãos e Cia O ano de 1953 foi marcado pelo início da produção de papelão ondulado 23 pela (PGK) Papelão Grupo Klabin. (KLABIN, 2008). Em 1961 ocorre a constituição da Papel e Celulose Catarinense Ltda. (PCC). O chamado de Projeto II, previa a criação de uma moderna fábrica de papel kraft e celulose de fibra longa, na cidade de Lages (SC), com uso da reserva florestal da região. (KLABIN, 2009a). Constitui-se a Unidade Vila Anastácio (SP) como filial da KIC e ampliação do setor de papelão ondulado. A produção dessa Unidade alcançou níveis de produção considerados dos maiores da América Latina da época. Em 1965, constitui-se a Unidade Santa Luzia (MG), que em junho entra em operação para a produção de azulejos. (KLABIN, 2009a). Em 1967, a empresa compra da Companhia de Manufatura de Papel e Embalagem (CIMAPE) na cidade de Piracicaba (SP), e em setembro do mesmo ano foi constituída a Papelão do Nordeste S/A (PONSA). (KLABIN, 2009a). Em 1969, inicia-se a construção da Ponsa, na cidade de Goiana (PE), que produzia papelão a partir do bagaço de cana, em 20 de marco de 1973 teve início sua produção. (KLABIN, 2009a). Em 1970 acontece a Associação da KIC com a Hoescht para a produção de fios sintéticos da marca ―Trevira‖, por meio da Companhia Brasileira de Sintéticos (CBS). (KLABIN, 2009a). Em 20 de março de 1973 inicia-se a produção da PONSA e constitui-se a Celucat Artes Gráficas S/A, subsidiária integral da Papel e Celulose Catarinense Ltda, com auxílio do Fundo de Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina. Na cidade de Lages (SC), a fábrica tem o objetivo de produzir sacos e envelopes. Em janeiro de 1974 é arrendada a unidade na cidade de Porto Alegre (RS), para a conversão de papelão ondulado e é adquirida a ONIBLA S/A Indústria e Comércio de Papel pela CFP. (KLABIN, 2009a). Em 1975, ocorre a implantação da CFP Mogi das Cruzes (SP), como filial da CFP para a produção de descartáveis. (KLABIN, 2009a). Em dezembro de 1978 acontece o agrupamento por atividades afins das empresas subsidiárias, filiais e setores de produção e constituições: a) Klabin Espírito Santo Rural S/A e Klabin Boa Vista Rural S/A, como subsidiárias da KIC; 24 b) Klabin Campo Mourão Agro-florestal S/A, Klabin do Paraná Agroflorestal (KPAF) e Madeireira Klabin do Paraná S/A, como subsidiárias integrais de Indústrias Klabin do Paraná de Celulose S/A (IKPC); c) Klabin Cerâmica S/A – KC, como subsidiária integral de KIC, que incorporou as Unidades Santa Luzia (MG) e a MNP (RJ); d) Klabin Administração e Serviços S/A (KASSA) como subsidiária da KIC e Klabin do Paraná Administração e Serviços S/A, como subsidiária de IKPC; e) Klabin Embalagens S/A (KESA), como subsidiária integral da KIC, e recebeu os estabelecimentos industriais das Unidades Del Castilho (RJ), Vila Anastácio (SP), Piracicaba (SP) e Porto Alegre (RS); f) Klabin Papéis S/A (KPSA), como subsidiária integral da KIC, através de transferência das antigas instalações da PGK, para a produção de papel couché e guardanapos; g) Agro Florestal Celucat S/A, como subsidiária integral da KIC. (KLABIN, 2008). Em 16 de junho de 1969 inicia-se a Produção de Papéis na Unidade Mogi das Cruzes (SP). No segundo semestre acontece a tomada de controle acionário das empresas PCC e KESA pela IKPC. (KLABIN, 2009a). Em 21 de novembro de 1969 é constituida a Klabin Mineração S.A . (PR). (KLABIN, 2009a). Com a criação de nova lei de Sociedades Anônimas, em 1979, foi estabelecido o Conselho de Administração, constituído pelos acionistas da empresa, conforme determinava a lei. (KLABIN, 2009a). O Conselho de Administração permitiu que o processo de profissionalização fosse encaminhado de forma nítida e racional. As várias Diretorias das empresas, eleitas pelo Conselho, passaram a ser conduzidas por profissionais. Nesse novo contexto, os estatutos das empresas do Grupo Klabin foram sendo, progressivamente alterados. (KLABIN, 2009a). A Klabin Irmãos & Companhia (KIC) é constituída como Sociedade em Nome Coletivo, passou a ter administração totalmente independente, integrando a representação de todos seus sócios-gerentes. Neste mesmo contexto, foi efetuada a criação de um Conselho Administrativo nas Indústrias 25 Klabin do Paraná de Celulose S/A - IKPC, que teve seu capital aberto, iniciando negociações na Bolsa de Valores em São Paulo. Os próprios sócios-gerentes de KIC e seus assessores conduziram a profissionalização das empresas, recorrendo a especialistas e participando ativamente de todo o processo. (KLABIN, 2009a). Em 1980 é inaugurada a Unidade Piracicaba (SP). Fonte: Klabin (2009a) Figura 5: Década de 80. Catálogo KIC com informações técnicas de caixas de PO (tipos de caixas, produzidas, industrializados, hortifrutigranjeiros, exportação, novos produtos, testes de qualidade), elaborado pela da Divisão de Embalagens e produzido pelo Setor Ponte Grande, voltado para os usuários de caixas de papelão ondulado No ano de 1982, a empresa altera sua constituição acionária: a CFP torna-se subsidiária integral da KIC. Acontece também a aquisição da Rio Grande Companhia de Celulose do Sul (Riocell), na cidade de Guaíba (RS). (KLABIN, 2008). Em 1983, a IKPC torna-se controladora da KPSA, CFP (CFP Mogi das Cruzes) e incorpora a KESA e criam-se divisões operacionais de IKPC: a) Divisão Embalagens de Klabin do Paraná, resultado da incorporação da KESA (Unidades Vila Anastácio (SP), Del Castilho (RJ), São 26 Leopoldo (RS) e Piracicaba (SP); b) Papel: fábrica de Monte Alegre (PR). (KLABIN, 2008). Em setembro de 1983 acontece a constituição da Riocell Mineradora e Industrial Ltda., como subsidiária da Riocell S/A (KLABIN, 2008). No ano de 1984 iniciam-se as atividades fototerápicas na IKPC, e criação do parque ecológico Samuel Klabin em Monte Alegre (PR). (KLABIN, 2008). Em 1986, as Indústrias Klabin do Paraná de Celulose S/A (IKPC) passam a chamar-se Indústrias Klabin de Papel e Celulose S/A. No mesmo ano são feitos novos investimentos na expansão da base florestal da Riocell e na instalação de novos equipamentos para a produção de celulose branqueada. (KLABIN, 2009a). Em 1989 é criado o centro de documentação e memória histórica da Klabin e em agosto constitui-se a Klabin Fabricadora de Papel e Celulose S/A (KFPC) para administrar as atividades fabris do grupo. A IKPC torne-se uma holding. (KLABIN, 2009a). Em 1992, com o início das atividades na unidade de Jundiaí (SP) é desativada a unidade Vila Anastácio (SP). O ano também foi marcado pela joint-venture para constituição da Bacell Ltda., com KFPC e Lenzing Aktiengesellschaft como acionistas, para a produção de celulose solúvel de alta qualidade para a indústria têxtil. (KLABIN, 2009a). Acontece a desativação da Unidade Vila Anastácio e a transferência de funcionários e maquinário para a recém construída Unidade Jundiaí (SP). Acontece também a aprovação da incorporação da COPA pela KFPC, como filial e a formação da Divisão COPA Fabricadora, com incorporação das Unidades Mogi das Cruzes (SP) e São Paulo (SP), bem como a incorporação da PONSAPAR Participações pela PONSA. (KLABIN, 2009a). Em 1993 acontece a entrada da Papel e Celulose Catarinense Ltda. no setor de papéis descartáveis com inauguração da fábrica de papel tissue e a transformação em S/A da Bacel Ltda com a associação da International Finance Corporation. (KLABIN, 2009a). Em 1994, a Bacell recebe apoio finaceiro do Sistema BNDES e do Deutsche Investitions-und Entwicklungsgesellchaft GmbH. (KLABIN, 2009a). No ano de 1995 acontece a instalação do setor de fábrica de papéis 27 sanitários em Recife (PE), em uma unidade fabril desativada da Bates. Em 1996 acontece a reorganização de terminologias de setores produtivos: o termo divisão é substituído por unidade de negócio e a KFPC fica responsável pela Unidade de Negócio Paraná (Unidade fabril de Telêmaco Borba, PR) e pela Unidade de Negócio Papelão Ondulado (Unidades Betim (MG), Jundiaí e Piracicaba (SP), São Leopoldo (RS), Del Castilho (RJ). (KLABIN, 2009a). Com a cisão parcial da KFPC, acontece a transferência do setor de papéis sanitários (Divisão COPA Fabricadora) para a Papel e Celulose Catarinense Ltda. Acontece também a alteração da razão social da Papel e Celulose Catarinense Ltda para Celucat S/A que fica responsável pela Unidade de Negócio Papéis Sanitários (Unidades Correia Pinto (SC), São Paulo, Mogi das Cruzes e Cruzeiro (SP), Recife (PE), Mendes (RJ) e pela Unidade de Negócio Kraft - Unidades de Correia Pinto e Lages (SC), Contagem (MG). (KLABIN, 2009a). Forma-se a joint-venture entre a IKPC e a Kimberly-Clark, em 1997, através das subsidiárias Kimberly-Clark Worldwide Inc. e Celucat S/A, controladas pela empresa Celulosa Argentina S/A. A nova empresa é denominada KCK Tissue S/A (KLABIN, 2008). Em julho de 1997 é desativada a Unidade Santana. Em dezembro do mesmo ano inicia-se a produção da KCK Tissue S/A e a constituição da Klabin Tissue S/A, como subsidiária de IKPC. O ano também é marcado pela transferência de direitos, obrigações e bens da Unidade de Negócio Papéis Sanitários para a Klabin Tissue S/A e a separação das Unidades de Negócio Embalagens e Descartáveis. (KLABIN, 2008). Em 1998, a Unidade Piracicaba (SP) é expandida. Klabin Tissue S/A passou a chama-se Klabin Kimberly em 1999. Em 31 de janeiro de 1999 acontece a incorporação da KFPC pela Celucat S/A, e a passagem dos estabelecimentos de KFPC à condição de filiais, formando a Unidade de Negócio Embalagens. (KLABIN, 2009a). A empresa adquire a Bacraft e Lalekla pela Klabin Kimberly e é inaugurada a máquina de reciclagem de embalagem Tetra Pak, na Unidade Piracicaba (SP). (KLABIN, 2009a). Em 1998, é feita a joint-venture com a Boise Cascade para a produção e 28 comercialização de produtos de madeira. (KLABIN, 2009a). Em fevereiro de 2000 é feita outra joint-venture entre Klabin e Norske Skog, para a produção de papel imprensa na Unidade Monte Alegre (PR). Em abril iniciam-se as operações da Norske Skog Klabin. Em 3 de outubro é adquirida a Igaras Papéis e Embalagens S/A, por meio da subsidiária Klabin Argentina S/A (KLABIN, 2008). Em setembro de 2001 acontece a restauração do Monumento a Carlos Gomes na Praça Ramos de Azevedo em São Paulo. (KLABIN, 2008). Em 2002 a empresa dá ênfase no desenvolvimento de produtos que agregam valor aos negócios dos clientes e inicia-se a exportação de papel cartão Carrier Board para o mercado norte-americano e são conquistados novos clientes na Europa, Estados Unidos e China com exportação de celulose solúvel. (KLABIN, 2008). Em 3 de abril de 2003 a Klabin S/A deixa de produzir papel imprensa e sai do setor e em 20 de agosto acontece a venda da participação acionária de 81,711% do capital total da Klabin Bacell S/A Acontece também a venda da participação de 50% nas sociedades Klabin Kimberly S/A (Brasil) e KCK Tissue S/A (Argentina) para a Kimberly-Clark Tissue do Brasil Ltda e Kimberly Clark Argentina S/A e a saída da Klabin do setor de descartáveis e desmobilização de ativos da Riocell. (KLABIN, 2008). No ano de 2004,a Klabin passa a integrar o Chicago Climate Exchang (CCX), e torna-se a primeira empresa brasileira a participar da bolsa de créditos de carbono. (KLABIN, 2008). Em 26 de abril é marcado pelo recorde nas exportações, comparado ao primeiro trimestre de cada ano. Em maio acontece a criação do Projeto Monte Alegre 675 para elevar a capacidade da produção da Unidade Monte Alegre (PR). (KLABIN, 2008). Em 1 de junho de 2004 ocorre o lançamento de cartão Klakold para embalagem de frigorificados. (KLABIN, 2008). Em 9 de agosto acontece o lançamento do Programa Caiubi de Educação Ambiental e em 10 de novembro a saída do setor de envelopes. Em dezembro é feito novo investimento na expansão da Unidade de Monte Alegre (PR). (KLABIN, 2008). Em 2005, as florestas da Klabin em Santa Catarina ganham o selo 29 Forest Stewardship Council (FSC), considerada a mais respeitada entidade do mundo em sustentabilidade. Com o selo, a Klabin passa a ter quase 100% de suas florestas certificadas. (KLABIN, 2008). A Klabin conquista a certificação Forest Stewardship Council (FSC) para a cadeia de custódia de papel cartão e kraftliner na unidade do Paraná tornando-se a única empresa do mundo a receber tal selo. Concomitantemente, acontece o lançamento do Programa Klabin Jovem de Futuro nas unidades de Feira de Santana, Goiana, Itajaí, Jundiaí, Lages, Piracicaba, Ponte Nova, São Leopoldo e Telêmaco Borba. (KLABIN, 2009a). A Klabin conquista 29 prêmios ao longo do ano em várias áreas com destaque para: a) Prêmio Eco com o caso Unidade Monte Alegre que foi premiado na categoria Gestão Empresarial para a Sustentabilidade. O Prêmio Eco é uma realização da Câmara Americana de Comércio (AMCHAM); b) Prêmio CNI através do Projeto Plasma, desenvolvido pela Klabin em parceria com Tetra Pak, Alcoa e TSL Ambiental, onde foi o vencedor na categoria Desenvolvimento Sustentável, modalidade Produção Mais Limpa no âmbito estadual e nacional. O prêmio é uma iniciativa da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP); c) Prêmio USP de Comunicação Corporativa onde a empresa foi vencedora na categoria Campanha com o caso ―A Comunicação Integrada Como Alicerce para a Construção da Marca‖. O prêmio é uma realização da ECA- Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo; d) Klabin, Tetra Pak, Alcoa e TSL Ambiental inauguram, em Piracicaba (SP) no interior de São Paulo, a primeira planta do mundo do projeto Plasma para a reciclagem de embalagens longa vida (KLABIN, 2009a). Em 2006, a Klabin conquista o selo FSC para a produção de papéis e sacos industriais na unidade de Angatuba, no estado de São Paulo. Em março recebe o XV Troféu Embanews, vencedora em duas categorias: Projeto Plasma de reciclagem de embalagens longa vida, e o papel cartão da Klabin na categoria máquinas, equipamento e sistemas. (KLABIN, 2009a). 30 Em maio é premiada no V Prêmio Qualidade Exportação, organizado pela revista Madeira, o prêmio que é considerado um dos mais importantes dos setores madeireiros, moveleiro e papel e celulose, é um reconhecimento das maiores empresas exportadoras do país. (KLABIN, 2009a). Acontece nova conquista do selo FSC nas produções de papel cartão e kraftliner nas Unidades de Angatuba (SP), sacos industriais em Lages (SC), e sacraft e kraftliner (papéis para embalagem) em Correia Pinto e Otacílio Costa (SC). (KLABIN, 2009a). A Klabin é eleita pela revista Exame, na edição Maiores e Melhores como a empresa do setor de papel e celulose no ranking de 2006. (KLABIN, 2009a). A conquista do certificado FSC para embalagem de papel cartão a empresa torna-se a primeira embalagem brasileira a conquistar o selo, sendo uma parceria entre a Klabin, a gráfica Box Print e a Natura. A conquista desse selo representa toda a cadeia de produção da embalagem e a certificação também garante a rastreabilidade das matérias primas em toda a cadeia produtiva. (KLABIN, 2009a). Em 2006 acontece também a recertificação do Sistema Integrado de Gestão (SIG) que compreende a ISO9001, ISO 14.001 e OHSAS 18.001 nas Unidades de Otacílio Costa e Correia Pinto (SC). Em agosto e setembro é feito o lançamento do Programa Jovem de Futuro nas Unidades de Betim (MG), Angatuba (SP) e Guapimirim (RJ). Em setembro, outubro e novembro, respectivamente novas Unidades são envolvidas no Programa Klabin Jovem de Futuro: Goiana (PE), Feira de Santana (BA), Piracicaba e Jundiaí (SP), Ponta Grossa (MG), Correia Pinto, Itajaí, Lages e Otacílio Costa (SC), São Leopoldo (RS) e Telêmaco Borba (PR). Em dezembro acontece a unificação dos escritórios corporativos da Klabin, Rocio e Formosa para a nova sede do Edifício Faria Lima Square. (KLABIN, 2009a). Em 2007 a Klabin conquista o selo FSC para a produção de papéis reciclados e embalagens de papelão ondulado nas unidades de Jundiaí Distrito Industrial, Jundiaí Tijuco Preto, Piracicaba (SP), Itajaí (SC), Ponte Nova, Betim (MG), Feira de Santana (BA), Goiana (PE), Guapimirim (RJ). Em fevereiro iniciam-se as obras do Centro de Capacitação para adolescentes em Feira de Santana (BA). A Klabin contribuiu com a doação do terreno. (KLABIN, 2009a). 31 Em 19 de abril a Klabin comemorou 108 anos de muita história e tradição e a empresa faz o lançamento de um novo produto: o palete de papelão ondulado, mais resistente e mais leve. (KLABIN, 2009a). O Programa Caiubi de Educação Ambiental é lançado em Santa Catarina. (KLABIN, 2009a). Conquista-se novamente o selo FSC nas categorias Papel Reciclado pelas Unidades de Guapimirim e Piracicaba e Papelão Ondulado pelas Unidades de Jundiaí(TP/DI), Piracicaba e Itajaí. (KLABIN, 2008). Ao longo dos 109 anos de história, a Klabin produziu ricos acervos documentais que constituem testemunhos do seu passado e referência para o futuro. Reunir, catalogar e disseminar esses acervos é o maior objetivo do Centro de Documentação e Memória Klabin. (KLABIN, 2008). A preservação da memória e seu uso como fonte de informação retrospectiva à gestão empresarial é um diferencial importante no contexto dos negócios. Incentivar e preservar o registro da memória, agregando valor à gestão empresarial, é um de seus principais focos. (KLABIN, 2009a). Atualmente, o acervo conta com imagens, peças audiovisuais, livros, objetos museológicos, milhares de documentos textuais e depoimentos. (KLABIN, 2009a). 1.1 A empresa A Klabin S/A é uma empresa de destaque no ramo de embalagem de papelão ondulado no Brasil, sendo a maior produtora, exportadora e recicladora de papéis do Brasil. (KLABIN, 2009a). Aos 110 anos, a Klabin é líder nos segmentos de papéis e cartões para embalagens, embalagem de papelão ondulado e sacos industriais, também produz e comercializa madeira em toras para serrarias e laminadoras, para uso na indústria moveleira e na construção civil. (KLABIN, 2008). Referência mundial no desenvolvimento sustentável posiciona-se como uma das seis maiores fabricantes globais de cartões de fibras virgens, sendo sua unidade no Estado do Paraná uma das dez maiores fábricas integradas de 32 celulose e papel do mundo. (KLABIN, 2009a). A Klabin comercializa seus produtos para mais de 50 países, em cinco continentes (Figura 6). Fonte: Klabin (2009b) Figura 6: Presença mundial No final de 2008, registrava mais de 13,4 mil empregados próprios e prestadores de serviços. O número de fornecedores chegou a 2.063 empresas nacionais e 170 internacionais. Em áreas próprias e de parceiros, possui 224 mil hectares de florestas plantadas com alta produtividade e 187 mil hectares de matas nativas preservadas Alegre, em Telêmaco Borba (PR), detém ainda nos estados de São Paulo, do Paraná e de a certificação OHSAS 18001, de segurança Santa Catarina. (KLABIN, 2009a). Os cerca de 3 mil clientes regulares da Klabin podem contar com produtos certificados pelo FSC. (KLABIN, 2009a). As florestas do Paraná e de Santa Catarina e todas as unidades industriais no Brasil, de papéis, cartões, sacos industriais e papelão ondulado, possuem o selo internacional atestando a rastreabilidade das matérias-primas em todas as etapas da produção, um indicativo de atuação sustentável. Em 33 2008 a Klabin completou dez anos da certificação florestal, como pioneira no hemisfério sul dentre as companhias do setor. (KLABIN, 2009a). Possui certificações de gestão de qualidade ISO 9001 e ambiental ISO 14001 em todas as unidades de negócio. A Unidade Monte Alegre, em Telêmaco Borba (PR), detém ainda a certificação OHSAS 18001, de segurança e saúde ocupacional, e ISO 22000, que regulariza o Sistema de Gestão para Segurança de Alimentos. Conta também com a avaliação pelo instituto alemão Isega de que os papéis para embalagem podem ser utilizados em contato direto com os alimentos. (KLABIN, 2008). Empresa de capital aberto, é controlada pela holding Klabin Irmãos, que detém 59,5% do capital votante. Suas ações são negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo desde 1979. No ano, o volume de vendas consolidado (excluindo madeira) totalizou 1.579 mil toneladas. A receita bruta atingiu R$ 3,7 bilhões e a receita líquida, R$ 3,1 bilhões. Em 2009, a Klabin completa 110 anos. E se prepara para um novo ciclo de compromisso com seus clientes, colaboradores, fornecedores, acionistas, meio ambiente e sociedade. Ao longo de sua história, a Klabin soube se renovar, criando valor e crescendo. E está pronta para os novos desafios e conquistas em seu futuro. 1.1.1 Missão Atrair, aperfeiçoar e reter profissionais de talento, desenvolvendo e estimulando potenciais e habilidades. Isso se dá por meio de constantes programas de formação, além de um amplo programa de beneficios. 1.1.2 Unidades Com 17 unidades industriais no Brasil e uma na Argentina, totaliza 34 capacidade anual de produção de 2 milhões de toneladas de papéis. Presente em oito estados está organizada em quatro unidades de negócios: Florestal, Papéis, Embalagens de Papelão Ondulado e Sacos Industriais (Figura 7). (KLABIN, 2008). Fonte: Klabin (2009b) Figura 7: Mapa das unidades Klabin 1.1.2.1 Unidade florestal A Unidade Florestal é responsável pelo abastecimento de madeira e 35 matéria-prima para todas as fábricas de papel da empresa, a Unidade de Negócio Florestal é a maior produtora brasileira de toras destinadas a serraria e laminação originadas de florestas plantadas. Com processos de produção que garantem confiabilidade e baixo custo a seus produtos, a Klabin é referência mundial em manejo florestal. Para cada 100 hectares de florestas plantadas, a empresa mantém cerca de 83 hectares de matas nativas preservadas. A preocupação com a preservação do meio ambiente, a responsabilidade social e a adoção do conceito Desenvolvimento Sustentável vêm rendendo à empresa o reconhecimento público e de importantes organizações ligadas à proteção ambiental. (KLABIN, 2008). A Klabin foi a primeira empresa do setor de Papel e Celulose das Américas a ter suas florestas, no Paraná, certificadas pelo FSC, confirmando que a empresa desenvolve suas atividades dentro dos mais elevados padrões de conservação ambiental e sustentabilidade socioeconômica. O processo foi iniciado em 1996, obtendo-se o certificado de Manejo Florestal em 1998. (KLABIN, 2008). Em 1999, a empresa recebeu a certificação de manejo de plantas medicinais. E, em 2001, completou-se o ciclo com a certificação da cadeia de custódia dos produtos florestais não-madeireiros, abrindo para a Empresa oportunidades de comercialização de fitoterápicos e fitocosméticos com o selo do FSC. (KLABIN, 2008). As florestas localizadas em Santa Catarina foram certificadas pelo FSC em 2004. A FSC internacional atesta a aderência entre o manejo florestal e seus princípios e critérios, além de rastrear e certificar produtos oriundos dessas florestas em toda a sua cadeia de produção. (KLABIN, 2008). A Unidade de Monte Alegre, em Telêmaco Borba, no Paraná, que é a maior fábrica de papéis do Brasil, recebeu em julho de 2005 o selo FSC Mixed, que garante que pelo menos 70% da madeira utilizada na produção dos papéis é certificada pelo próprio FSC, e que o restante é madeira controlada, originada do cultivo de produtores fomentados. (KLABIN, 2008). A política de compra de madeira da Klabin S/A evita a aquisição de produtos que integrem as seguintes categorias: a) madeira oriunda de exploração ilegal; 36 b) madeira cuja exploração implicou na violação de direitos civis e tradicionais; c) madeira obtida de florestas cujo alto valor de conservação está ameaçado pelas atividades de manejo; d) madeira oriunda de florestas cujas terras estão sendo convertidas em plantações ou destinadas a outros usos que não o florestal; e) madeira de florestas onde são plantadas árvores geneticamente modificadas. (KLABIN, 2008). As certificações vieram comprovar uma política que acompanha a Klabin há décadas, de respeito ao meio ambiente e em favor do desenvolvimento socioeconômico sustentado. Reforçam ainda a imagem internacional do grupo, como incentivador da utilização racional dos recursos naturais. (KLABIN, 2009a). Praticamente 100% das florestas da Klabin têm o selo FSC, abrangendo as áreas do Paraná e de Santa Catarina. Em 2008, foram recertificadas as florestas no Paraná, com validade pelos próximos cinco anos. (KLABIN, 2009a). Durante o ano, a Klabin movimentou 8,4 milhões de toneladas de toras e cavacos de pínus e eucalipto e biomassa para produção de energia, volume 16% superior ao de 2007. Desse total, 6,1 milhões de toneladas foram transferidas para as fábricas do Paraná, de Santa Catarina e de São Paulo. O volume de vendas de toras para serrarias e laminadoras foi de 2,3 milhões de toneladas em 2008, 5% inferior a 2007, afetado pelo declínio do mercado de construção residencial norte-americano, principal destino das exportações de produtos sólidos de madeira dos clientes da companhia. (KLABIN, 2008). Em 2008, a Klabin continuou a sua expansão de áreas florestais nos estados do Paraná e de Santa Catarina, buscando, com isso, oportunidades de assegurar o crescimento da empresa. Em 2008 foram plantados 16 mil hectares em terras próprias e 6 mil hectares em áreas de parceiros. No final do exercício, a Klabin detinha, em áreas próprias e de parceiros, 224 mil hectares de florestas plantadas – 155 mil hectares com pínus e araucária e 69 mil hectares com eucalipto – e 187 mil hectares de áreas de preservação permanente e reserva legal, crescimento de 4% e 7%, respectivamente, em comparação a 2007. (KLABIN, 2008). 37 No ano, foi introduzida uma importante mudança no sistema de colheita de madeira e de coleta de resíduos florestais, reflexo de uma visão abrangente de longo prazo e de melhoria contínua. Iniciada no Paraná e estendida para Santa Catarina tem como um dos principais objetivos otimizar o processo de colheita de madeira e produção de biomassa como fonte de energia, com base em práticas sustentáveis. Todas as etapas foram aprimoradas, o que permitiu criar um modelo bem-estruturado, com maior produtividade e redução de custo. O projeto para o novo modelo, chamado de Módulo de Colheita, demandará investimento total de R$ 77 milhões, dos quais R$ 30 milhões aplicados em 2008, com previsão de estar concluído em 2009. Ele proporciona: a) mais segurança e conforto aos operadores, que trabalham em cabines ergonômicas e protegidas inclusive contra tombamento; b) redução de 90% na quebra de madeira. c) ganho adicional proporcionado pela retirada e pelo aproveitamento dos resíduos florestais (galhos e copas de árvores), que se tornam biomassa para a geração de energia limpa na fábrica; d) melhor conservação do solo, efeito da menor pressão dos equipamentos sobre o terreno, e facilidade no preparo de solo dos plantios futuros de florestas; e) a operação de derrubada é realizada com precisão para evitar danos às áreas de preservação. (KLABIN, 2009a). Processadores computadorizados são capazes de medir os diâmetros e os comprimentos desejados para as toras, fazendo o corte exato. Eles também fornecem relatórios de quantidade de toras e volume cortado no turno de trabalho. Os motores a diesel que equipam as máquinas são de última geração, visando à menor emissão possível de gases poluentes. Outra preocupação foi garantir que a manutenção e o gerenciamento dos módulos de colheita estejam próximos à operação. Uma oficina bem-equipada e um escritório móvel, conectado via satélite aos sistemas da Klabin, fazem parte de cada módulo operacional. (KLABIN, 2009a). O Programa de Fomento Florestal da Klabin, desde o início, em 1984, beneficiou 18 mil proprietários com o plantio de 87 mil hectares e 145 milhões de mudas distribuídas, em 76 municípios dos estados do Paraná, de Santa Catarina e de São Paulo. Em 2008, o fomento atingiu 14 mil hectares, 38 abrangendo 4,7 mil produtores rurais. No ano, eles responderam por 9% do abastecimento da madeira consumida pelas unidades industriais. (KLABIN, 2009a). A meta é que essa parcela represente 20% do consumo em 2012. O programa tem o objetivo de ampliar a renda dos produtores rurais, com a formação de florestas em áreas ociosas e marginais das propriedades. Além de promover a recuperação da mata nativa, a atividade auxilia na fixação de populações rurais, pois garante poupança futura para pequenos e médios proprietários. (KLABIN, 2009a). O fomento florestal também traz benefícios ambientais, pois as florestas preservam e protegem os solos da erosão, evitam o assoreamento dos rios e regularizam o fluxo de água e de chuvas. (KLABIN, 2009a). Os fomentados contam com orientação técnica da Klabin em todas as etapas do cultivo – do fornecimento das mudas e correto manejo florestal a noções sobre a comercialização de madeira. A atividade conta com apoio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e do Programa de Plantio Comercial e Recuperação de Florestas (Propflora), modalidades de financiamento em que a Klabin se torna avalista dos produtores rurais. Os fomentados também têm a garantia de compra do produto por parte da empresa ao preço de mercado. (KLABIN, 2008). Já o Programa Matas Legais, criado em 2005, direcionado aos fomentados, já beneficia mais de 200 produtores rurais em Santa Catarina e 140 no Paraná, onde foi iniciado em 2008. (KLABIN, 2008). Desenvolvido em parceria com a Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi), tem como objetivo ajudar os produtores a planejar suas propriedades atendendo à legislação ambiental, com o desenvolvimento de atividades sustentáveis. Uma equipe técnica especializada é responsável por ensinar aos produtores conceitos de ecologia e orientar o desenvolvimento de atividades como agricultura, ecoturismo e fomento florestal. O resultado é o cumprimento das normas ambientais vigentes e, ainda, a formação de um lugar agradável para viver e trabalhar. (KLABIN, 2008). 39 1.1.2.2 Unidade papéis A Klabin é pioneira e líder na produção de kraftliner e maior produtora e exportadora de papéis para embalagens na América Latina. É responsável por cerca de 6% do papel kraftliner comercializado no mercado internacional, oferecendo a seus clientes produtos certificados e de alta qualidade. (KLABIN, 2008). Fonte: Klabin (2009a) Figura 8: Processo produtivo do papel O papel kraft fabricado pela Klabin abastece de forma integrada as nove fábricas de embalagens de papelão ondulado da Companhia, além de ser comercializado para fabricantes de embalagens em mais de 60 países. (KLABIN, 2008). Já na linha de papel cartão, os produtos da Klabin são diferenciados por ser produzidos a partir de um mix de fibras virgens curtas (de eucalipto) e longas (originadas de pínus), conferindo resistência e printabilidade às 40 embalagens dos clientes. (KLABIN, 2008). A Figura 8 mostra o processo produtivo da Unidade Papéis. Os papéis e cartões Klabin possuem o selo FSC para cadeia produtiva e a certificação alemã do ISEGA, uma garantia de que os produtos podem ter contato direto com alimentos. (KLABIN, 2008). O setor de papel cartão é a expressão da alta tecnologia da Klabin, voltada para o desenvolvimento de produtos de maior valor agregado, para atender às demandas dos clientes mais exigentes. (KLABIN, 2008). Aprovado em janeiro de 2006 pelo Conselho de Administração da Klabin, o Projeto MA - 1100 tem como objetivo elevar a capacidade da fábrica de Monte Alegre, em Telêmaco Borba, no Paraná, de 700 mil toneladas/ano para 1,1 milhão de toneladas/ano – elevando a produção total da empresa de papel cartão de 340 para 740 mil toneladas/ano. A Licença Prévia e a Licença de Instalação já foram aprovadas, o que significa que todos os pré-requisitos ambientais foram atendidos para o início das obras. (KLABIN, 2008). O volume de vendas de papéis e cartões foi de 964 mil toneladas (com Liquid Packaging Board – LPB), 18% acima do exercício anterior. A receita líquida somou R$ 1,48 bilhão, 21% superior à de 2007. O resultado positivo deve-se à entrada em produção da nova máquina do Projeto de Expansão MA - 1100, aliada a fatores como inovação tecnológica, presença comercial, estrutura da empresa, certificação e gestão ambiental. (KLABIN, 2008). O MA - 1100 coloca a Klabin em uma excelente posição no mercado global, como um grande produtor com custo de produção e de distribuição altamente competitivos, pois a participação da Klabin no mercado doméstico de papel cartão, passou de 12% em 2007, para 18%, em 2008 (sem LPB). Tudo isso, sem nunca esquecer de seu compromisso histórico com o desenvolvimento sustentável e com a excelência em atendimento ao cliente. (KLABIN, 2008). Os investimentos em pesquisa e desenvolvimento permitiram lançar novas linhas de papéis com gramatura menor, mantendo as mesmas características técnicas estruturais e de qualidade. Nos segmentos de cartões e kraftliner, a redução de gramatura variou de 4% a 10%, com ganhos econômicos para os clientes e vantagens ambientais, pelo uso de menos fibras para fabricar a embalagem. (KLABIN, 2008). 41 A aquisição de uma nova máquina de papel de última geração, a Máquina 9 (Anexo A), a instalação de uma linha de produção de fibra de eucalipto pelo processo Chemi-Thermo Mechanical Pulp (CTMP), a maior do Brasil, e a implementação de uma nova planta de co-geração de vapor e energia com base em biomassa, através de uma nova caldeira de biomassa, com capacidade de 250 toneladas de vapor/hora, trabalhando a 5000 ºC e 100 bar de pressão que, com essa configuração, será a planta de co-geração mais eficiente no setor de Papel e Celulose no Brasil. Com isso, a Klabin pretende, além de aumentar a capacidade produtiva, elevar o uso do eucalipto no processo produtivo, resultando em cartões mais competitivos nos mercados internacionais, tanto na qualidade quanto nos custos. (KLABIN, 2008). Com a aquisição da Máquina 9 a Klabin ampliou a capacidade de produção da Unidade Monte Alegre para 1,1 milhão de toneladas/ano, posicionando a unidade entre as dez maiores fábricas de papel do mundo e como a sexta maior fabricante global de papel cartão de fibras virgens. A Máquina 9 possui capacidade para produzir 350.000 toneladas/ano de papel cartão dos tipos: a) Folding Box Board, utilizado na fabricação de embalagens para alimentos, de higiene e limpeza, eletrodomésticos, brinquedos, entre outros; b) Carrier Board, usado em embalagens multipack para cervejas, refrigerantes, iogurtes, entre outros; c) Liquid Packaging Board (LPB), utilizado na fabricação de embalagens longa vida para alimentos líquidos e pastosos. (KLABIN, 2008). Com a entrada em operação da MP9 em Monte Alegre, o volume de vendas de cartões da Klabin atingiu 506 mil toneladas, aumento de 43% em relação a 2007. A receita líquida acumulou R$ 935 milhões, incremento de 35% quando comparado ao ano anterior. (KLABIN, 2009a). O crescimento das vendas de papel cartão no mercado externo em 2008 foi de 110% sobre a mesma base do ano anterior. O volume exportado, de 216 mil toneladas, representou 43% do total comercializado no ano (29% em 2007). Isso se deve, principalmente, à maior disponibilidade de cartões com a expansão de capacidade na Unidade Monte Alegre, projeto executado com 42 base na mais moderna tecnologia industrial e ambiental disponível no momento. (KLABIN, 2008). A empresa investirá nesta expansão cerca de R$ 1,5 bilhão. A Unidade de Monte Alegre, que já é a maior fábrica de papéis do Brasil, ficará entre as dez maiores fábricas de papel do mundo, e a Klabin se tornará uma das seis maiores fabricantes globais de cartões de fibras virgens. (KLABIN, 2008). Aberta no segundo semestre de 2008, a nova estrutura comercial na Europa obteve excelente resultado, com o fechamento de contratos e propostas de novos negócios. (KLABIN, 2008). A empresa também investe na ampliação das vendas para os mercados da Austrália e da Nova Zelândia. (KLABIN, 2008). Os cartões da Klabin já inovam no mercado pela associação das fibras longas (pínus) e curtas (eucalipto), com vantagens comparativas, por agregarem as melhores qualidades de ambas: resistência e qualidade de impressão. As principais utilizações do papel cartão são nos segmentos de alimentos (leite, lácteos, sucos, molhos, vinhos e refrigerados), bebidas (refrigerantes e cervejas), higiene, limpeza e farmacêuticos. (KLABIN, 2008). A Klabin é a única fabricante no hemisfério sul de cartões da linha Liquid Packaging Board (LPB) para embalar líquidos e alimentos pastosos. Também produz cartões para embalagens em geral – produtos alimentícios (refrigerados e congelados), de higiene e limpeza, brinquedos, calçados e eletroeletrônicos – tipo multipack (como as de cervejas, refrigerantes e iogurtes). (KLABIN, 2008). Fonte: Klabin (2009b) Figura 9: Embalagens produzidas com papel cartão da Klabin No ano de 2008, foi desenvolvido o papel cartão triplex, dirigido a 43 segmentos de mercado que valorizam também a brancura do verso em algumas embalagens, como em fast food cosméticos e impressos promocionais. (KLABIN, 2008). Os principais fornecedores já foram escolhidos. Estão com a Klabin importantes empresas, como Metso Paper (pátio de madeira, branqueamento e cozinha de tinta para revestimento), Andritz (CTMP), Voith Paper (MP 09), CBC (Caldeira de Recuperação 2), Babcock Power Espanha (Caldeira de Força), Kvaerner (reforma do digestor, evaporação, caustificação e novo forno de cal), ABB (automação), Siemens/CNEC (Turbogerador), Centroprojekt (ETE) e Enfil (tratamento de água para caldeiras). A previsão é de que todo o projeto de expansão termine com o início das atividades fabris no final de 2007. (KLABIN, 2009a). Os benefícios socioambientais para a região serão diversos, como a redução da carga específica de emissões para o rio Tibagi, a redução do consumo de óleo com a instalação da nova caldeira de biomassa, com a consequente redução de emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE), a redução dos resíduos sólidos e do consumo de água na Klabin e na região de Telêmaco Borba. O projeto prevê a criação de cerca de 1.000 empregos diretos, sendo 250 na operação da fábrica e 750 na área florestal. Durante a implantação do projeto, estima-se a criação de até 4,5 mil empregos. Prevê-se o pagamento de R$ 350 milhões em impostos e de R$ 13 milhões por ano em salários na região, beneficiando o seu desenvolvimento e estimulando ainda mais os programas de Fomento e Arrendamentos Florestais. (KLABIN, 2009a). O papel kraftliner fabricado pela Klabin abastece de forma integrada as nove fábricas de embalagens de papelão ondulado da empresa e é exportado para mais de 50 países, sendo a maior fornecedora de vários mercados na América Latina. (KLABIN, 2008). As vendas de kraftliner em 2008 atingiram 458 mil toneladas, 1% inferior a 2007. A receita líquida acumulou R$ 545 milhões, crescimento de 3%. O preço internacional médio do kraftline em 2008 foi de US$ 732/t, segundo dados da Foex – companhia privada, situada em Helsinki, Finlândia, que levanta semanalmente os índices de preços para os principais tipos de celulose e papel negociados na Europa. (KLABIN, 2008). A empresa é pioneira e líder na produção e exportação desse tipo de 44 papel na região, respondendo por 74% das exportações brasileiras. Atualmente, a Klabin possui 6% do mercado extrazona de kraftliner Em 2008, em continuidade ao processo de oferecer ao mercado soluções para embalagens cada vez mais competitivas e sustentáveis, foram reduzidas as gramaturas do papel kraftliner, de 140 para 135 gramas por metro quadrado e de 115 para 110 gramas por metro quadrado, com propriedades físicas similares. O papel white top liner também teve redução de gramatura, passando de 150 para 140 gramas por metro quadrado. (KLABIN, 2008). Fonte: Klabin (2009b) Figura 10: Bobina de kraftliner As vantagens são econômicas e ambientais, pois, com a redução da gramatura, o metro quadrado fica mais barato para o cliente e utiliza-se menos matéria-prima para a fabricação do produto, o que reduz custos de transporte e, principalmente, diminui os descartes. (KLABIN, 2008). 1.1.2.3 Unidade papelão ondulado A Klabin é líder em papelão ondulado no Brasil e possui a maior capacidade de produção do mercado nacional. As embalagens de papelão ondulado são produzidas utilizando-se papéis fabricados pela própria empresa, 45 o que garante a qualidade do produto final. Comercializadas principalmente no mercado interno, as embalagens atendem aos mais diversos segmentos com soluções inovadoras. São ideais para o acondicionamento e o transporte de variados produtos dos setores alimentício, de higiene e limpeza, frigorificados para exportação, fruticultura, entre outros. (KLABIN, 2008). Para atuar em um segmento altamente competitivo, a Klabin investe constantemente na inovação dos produtos e processos, o que inclui reengenharia de materiais, canais de distribuição, sistemas de embalagem e prestação de serviços. (KLABIN, 2009a). Todo o papel utilizado para a fabricação das embalagens é produzido pela própria Klabin, tanto os papéis de fibra virgem quanto os papéis reciclados, permitindo garantia da qualidade da matéria prima. Atualmente, a produção de embalagens de papelão ondulado e papéis reciclados produzidos pela Klabin já pode ser comercializada com o selo de sustentabilidade FSC. (KLABIN, 2008). As fábricas de conversão da empresa possuem tecnologia para produzir caixas com os mais diversos tipos de papelão ondulado, desde ondas maiores, como a A, B e C, até o Microondulado. Algumas dessas ondas podem ser combinadas entre si, permitindo uma ampla gama de aplicações e resistências. Além disso, a Klabin trabalha com diferentes tratamentos para aumentar a resistência térmica das embalagens, protegê-las contra umidade e impedir a penetração de gordura. Para o armazenamento e transporte de produtos alimentícios, a empresa utiliza produtos isentos de contaminantes. (KLABIN, 2009a). A flexografia é o tipo de impressão preponderante no papelão ondulado, mas a Klabin também trabalha com impressão em offset, utilizando parceiros especializados. A impressão flexográfica de até 4 cores permite resultados incríveis, com agilidade e economia. A utilização de combinações através da cromia aumenta a gama de cores e tons obtidos a partir das 4 cores primárias, permitindo que o resultado desejado na embalagem seja atingido da melhor forma. Além disso, a Klabin trabalha com tintas atóxicas, ideais para o transporte de alimentos. (KLABIN, 2009a). Com foco nas necessidades dos clientes, a Klabin desenvolve todo tipo de embalagem, respondendo aos desafios apresentados pelas mais diversas 46 especificações e exigências. Para isso, a Klabin mantém uma equipe de profissionais de excelência e laboratórios de alta tecnologia, pesquisando e desenvolvendo novos produtos para atender às necessidades de forma inovadora, conjunta, personalizada e diferenciada. (KLABIN, 2009a). Mais do que fornecer produtos, a Klabin busca atuar como uma verdadeira consultoria em soluções de embalagem. A área de Sistemas de Embalagem cria processos de montagem automática de embalagens na própria planta do cliente, usando equipamentos que podem ser integradas à sua linha de produção. (KLABIN, 2009a). Os sistemas de embalagem possibilitam ganho de competitividade para o cliente por meio do aumento de produtividade, redução de custos e agilidade no processo de fabricação. (KLABIN, 2009a). A assistência técnica da Klabin garante total apoio na utilização das suas embalagens dentro dos critérios definidos pelas necessidades dos clientes. Para assegurar isso, a equipe de técnicos faz visitas preventivas, acompanhamento de lotes-piloto e lotes comerciais. (KLABIN, 2009a). A Klabin oferece treinamentos em manuseio, armazenagem e transporte que auxiliam seus clientes a obter o melhor aproveitamento de suas embalagens. Os técnicos da Klabin vão até as fábricas dos clientes para capacitar as equipes que lidarão diretamente com a embalagem, desta forma o cliente evita danos nas embalagens, melhora a sua performance e portanto reduz seus custos. (KLABIN, 2009a). 1.1.2.4 Unidade de sacos industriais A Klabin é reconhecida pela qualidade de seus sacos industriais, mais resistentes e econômicos. A empresa aposta na permanente atualização tecnológica de seu parque industrial, na inovação do desenvolvimento de seus produtos e na maior oferta de soluções para seus clientes. (KLABIN, 2009a). A Klabin fornece sacos com padrão de qualidade internacional para os mercados interno e externo, com destaque nos segmentos de alimentos, construção civil, produtos químicos e agronegócios. (KLABIN, 2009a). 47 1.2 Visão e política de sustentabilidade A Klabin S/A é uma empresa que produz madeira, papeis e cartões para embalagem, embalagens de papelão ondulado e sacos. Atua nos mercados externo e interno, e se fundamenta nos seguintes princípios de sustentabilidade para todas as atividades relativas aos seus produtos e serviços: a) buscar a qualidade competitiva, visando a melhoria sustentada dos seus resultados, aperfeiçoando continuamente os processos, produtos e serviços para atender às expectativas de clientes, colaboradores, acionistas, comunidade e fornecedores; b) assegurar o suprimento de madeira plantada para as suas unidades industriais, de forma sustentada, sem agredir os ecossistemas naturais associados; c) praticar e promover a reciclagem de fibras celulósicas em sua cadeia produtiva; d) evitar e prevenir a poluição por meio da redução dos impactos ambientais relacionados efluentes hídricos, resíduos sólidos e emissões atmosféricas; e) promover o crescimento pessoal e profissional de seus colaboradores e a busca de melhoria continua de trabalho, saúde e segurança; f) praticar a responsabilidade social com foco nas comunidades onde atua; g) atende à legislação e normas aplicáveis ao produto, meio ambiente, saúde e segurança. (KLABIN, 2008). O desenvolvimento sustentável na Klabin é um modelo que permite conciliar a produção de riquezas com a geração de bem-estar social, sem comprometer o futuro da espécie humana e do planeta. (KLABIN, 2009b). A adoção do desenvolvimento sustentável, sobretudo pelo setor privado, é um movimento que vem tomando forma no Brasil, dentro de um contexto de crescimento e de adequação aos padrões internacionais de responsabilidade empresarial. A Klabin é referência mundial em desenvolvimento sustentável. (KLABIN, 2009b). Na responsabilidade ambiental, a Klabin desenvolve suas atividades florestais com base no conceito de desenvolvimento sustentável, para garantir 48 a biodiversidade e o equilíbrio dos ecossistemas das regiões onde atua. (KLABIN, 2009b). 1.2.1 Controle ambiental As atividades industriais da Klabin incorporam tecnologias para produção limpa, como a eliminação de cloro elementar no processo de branqueamento de celulose na Unidade de Monte Alegre, no Paraná. A empresa tem investido no uso racional de recursos e no controle de emissões atmosféricas, reduzindo os efeitos do processo produtivo sobre o meio ambiente. (KLABIN, 2008). Fonte: Salomão (2009, p. 57) Figura 11: Fábrica ecológica Em 2008, somente 18% da energia consumida foi proveniente de combustíveis fósseis e fontes não-renováveis (óleo combustível e gás natural). 49 Em 2008, tornou-se a primeira empresa brasileira do setor de papel e celulose na América Latina a completar dez anos com a certificação do FSC que atualmente compreende as áreas do Paraná e de Santa Catarina. A recertificação das florestas da Klabin no Paraná é válida pelos próximos cinco anos. (KLABIN, 2008). Já a certificação ISO 14001 para as unidades de Lages 1 e Goiania, de sacos industriais, e para todas as unidades de embaiagens, foi uma importante conquista do ano, pois essa norma de qualidade de gestão ambiental passa a engíobar todos os negócios da empresa no Brasil. (KLABIN, 2008). Fonte: Salomão (2009, p. 57) Figura 12: Fábrica ecológica Do total de R$ 2,2 bilhões investidos em todo o Projeto MA - 11 00, de expansão da Unidade Monte Alegre, R$ 300 milhões foram aplicados em melhorias de desempenho ambiental. Isso permitiu, entre outros benefícios, redução no consumo de água, decréscimo de 15% no volume de efluentes por tonelada produzida, diminuiçãode 20 mil toneladas/ano de óleo combustível, pois a geração de vapor passou a ser realizada na nova caldeira de biomassa. Esse equipamento também usa os resíduos de madeira do distrito industrial local e 50 elimina,dessa forma, um passivo ambiental do munidpio. (KLABIN, 2008). Os benefícios ambientais obtidos foram: a) redução em 25% da carga específica de DQO e 22% da carga específica de DB0, para o rio Tibagi; b) aproveitamento integral da biomassa, reduzindo resíduos sólidos. c) redução de 36 m³/t para 30 m³/t do consumo de água; d) redução do consumo de óieo em 20 mil t/a, com a instalação da nova caldeira de biomassa; e) redução em 15% do volume de efluentes por tonelada produzida; f) créditos de carbono. (KLABIN, 2008). 1.2.2 Emissões atmosféricas O principal desafio atual da indústria de papel e celulose é o controle das emissões atmosféricas. Os controles ambíentais têm como objetivo reduzir os materiais particulados (MP), óxidos de enxofre (SOx), monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx) e o odor na produção de celulose (TRS) para minímizar o impacto ambiental pertinente e atender à legislação ambiental. (KLABIN, 2009a). Para controle de emissões atmosféricas são adotadas algumas meddas de mitigação como: a) captação e incineração dos gases odoriferos e controle das emissões de SOx resultantes; b) novos equipamentos contemplam queimadores com baixa emissão de Nox; c) as emissões de enxofre total reduzido (TRS) das caldeiras de recuperação são controladas por controles eficientes da combustão; no forno de cal, são mitigadas por meio do controle do excessode ar e do residual de sódio na lama de cal; d) os gases de combustão das caldeiras de recuperação, caldeiras auxiliares e fornos de cal são controlados por precipítadores 51 eletrostáticos; e) a energia obtida pela queima dos licores e de biomassa é utilizada para cogeração de energia; f) otimização do consumo de biomassa para reduzir o consumo de combustíveis fósseis que reduz os gases de efeito estufa. (KLABIN, 2008). A Figura 13 mostra o índide de emissão de DBO5 e DBQ (Kg/t papel) na Klabin papéis. Fonte: Klabin (2009b, p. 55) Figura 13: Emissão de DBO5 e DBQ na Klabin papéis A Klabin também busca alternativas para limpar sua matriz energética como uso de combustíveis alternativos e a melhoria de tecnologia para menores emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). (KLABIN, 2008). As emissões de GEE provenientes da participação de gás natural cresceram 3% e de óleo combustível apresentaram redução de 1% em relação ao ano anterior. As unidades de Piracicaba (SP), Jundiaí - Distrito Industrial (SP), Guapimirim (RJ), Goiana (PE), Del Castilho (RJ) e Betim(MG) utilizam gás natural como combustível na geração de vapor. Dentre os fósseis, é o combustível mais limpo, e tal substituição permite reduzir de 76 para 56 kg de CO²/GJ, ou seja, 26% menos emissão de GEE por unidade de energia. (KLABIN, 2008). Em 2008, as emissões fósseis foram originadas 87% pelo uso de óleo pesado, 11% de gás natural e 2% de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo). (KLABIN, 2008). 52 1.2.3 Efluentes hídricos Em 2008, o consumo total de água das unidades da Klabin foi de 74.076.942 m³, aumento de 5% em reiação ao ano anterior, em comparação ao acréscimo de 10% no volume total de vendas de papel pela companhia. (KLABIN, 2008). Fonte: Klabin (2009b, p. 57) Figura 14: Consumo específico de água (m3/t) Klabin Papéis A busca pela redução no consumo de água e o fechamento de circuitos integram os novos investimentos de todos os negócios da empresa. Em embalagens e sacos industriais, o fechamento de circuito de água é adotado na maioria das unidades. (KLABIN, 2008). O consumo específico de água de 2008 das unidades de papéis foi 13% mais baixo em relação ao ano anterior devido principalmente à conclusão do Projeto MA - 1100 e ao bom andamento operacional nas unidades de Correia Pinto e Otacílio Costa (SC) e Angatuba (SP). (KLABIN, 2008). A implantação do Sistema de Gestão Ambiental nas unidades de embalagens e sacos industriais propordonou redução no consumo específico de água em decorrênte de padronização de procedimentos operacionais, meIhorianos nos controles ambientais e aumento de conscientzação dos funcionários próprios e de terceiros. 53 As unidades industriais possuem tanto indicadores ambientaís internos como definidos pela legislação ambiental. As demandas bioquimica e química de oxigênio (DBO5 e DQO) são os prindpais parâmetros monitorados e fazem parte da licença de operação de todas as unidades.A Klabin atende à legislação e busca superá-Ia, com programas de redução de perdas de insumos e matérias-primas, uso racional de recursos e melhoria de processos, para prevenir e restringir impactos ambientais relacionados a efluentes hídricos, emissões atmosféricas e resíduos sólidos. (KLABIN, 2008). A emissão de DQO teve redução de 16% e a de DBO5 de 19%, principalmente devido ao desempenho da Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) das unidades Otacílio Costa (SC) e Monte Alegre, em Telêmaco Borba (PR). (KLABIN, 2008). Em sacos industriais, um destaque no ano foi o tratamento de efluentes na Unidade de Lages (SC). Foram realizados trabalhos de melhorias para minimizar impactos ambientaís com aumento da concentração do iodo líquido e reduçâo da umidade em 30%. (KLABIN, 2008). Também foi adotada a coleta seletiva de lixo e consolidado o sistema de captação de água da chuva, com aumento de tanques e, consequentemente, maior economia da quantidade de água usada em diferentes atividades, como lavagem de peças. (KLABIN, 2009a). 1.2.4 Residuos sólidos Um dos desafios na fabricação de papel e celulose é minimizar a grande geração e dar o destino adequado aos resíduos do processo produtivo. Os principais resíduos são não-inertes (grits, dregs, lama de cal, rejeitos fibrosos entre outros) que necessitam de disposição adequada. As áreas de disposição e triagem são devidamente monitoradas, assegurando a não contaminação de lençóis freáticos. A destinação de resíduos é feita por terceiros devidamente regularizados. (KLABIN, 2009a). A Klabin empenha-se numa constante busca por tecnologias nãoagressoras ao meio ambiente, com o objetivo de harmonizar e minimizar o 54 impacto de suas atividades produtivas. Esse respeito à natureza fica evidente em todo o seu setor industrial, em que cada unidade fabril possui equipamentos que garantem o equilíbrio do ecossistema da região onde está inserida. (KLABIN, 2009a). Em novembro, entrou em operação o novo aterro industrial para resíduos não-perigosos na Unidade de Goiana (PE). (KLABIN, 2009a). A Figura 15 mostra a emissão de resíduos sólidos na empresa em 2007 e 2008. Fonte: Klabin (2009b, p. 60) Figura 15: Resíduos sólidos (mil t) Klabin Papéis 1.2.5 Energia O consumo global de energia da Companhia foi 14% superior ao de 2007, passando de 38.104.762 GJ para 43.378.000 GJ produzida, principalmente em razão do aumento de produção na Unidade Monte Alegre com a conclusão do Projeto MA - 1100. A capacidade de produção da unidade passou de 700 mil para 1,1 milhão t/ano. (KLABIN, 2008). O aumento da capacidade de produção a partir do Projeto de Expansão MA – 1100 foi acompanhado por ganhos de eficiência energética obtidos com a instalação de equipamentos complementares. (KLABIN, 2009a). A geração de energia proveniente de biomassa reduziu 4% e a energia proveniente do óleo combustível aumentou 1,62% em 2008, devido principalmente ao atraso do cronograma da nova caldeira de biomassa. 55 (KLABIN, 2009a). O início de operação dessa caldeira - em julho de 2008 - proporcionou a redução de 70% no consumo de óleo para produção de vapor, que passou da média de 8.280 para 2.460 t/mês. (KLABIN, 2009a). Fonte: Klabin (2009b, p. 57) Figura 16: Consumo de energia elétrica em 2008 (1.875.312 MWh) O consumo de energia gerada termicamente aumentou 4%, devido principalmente ao início de operação (em março de 2008) do novo turbo gerador de 70 MW. O consumo total de energia aumentou 28% em relação ao ano anterior, principalmente pelo aumento de produção após a implantação do Projeto MA - 1100, que aumentou 10% o volume de vendas de papel da empresa no período. (KLABIN, 2009a). Fonte: Klabin (2009b, p. 57) Figura 17: Consumo de energia térmica em 2008 – Unidade de Negócios de 56 Papéis (723.772 MWh) A energia térmica gerada pelas turbinas a vapor totalizou 723.772 MWh em 2008, acréscimo de 42% sobre 2007, principalmente devido ao novo turbogerador da Unidade Monte Alegre. (KLABIN, 2008). A participação de combustíveis fósseis na cogeração de energia elétrica atingiu 18%. Houve incremento de 3% sobre o ano anterior, especialmente em decorrência do atraso no cronograma de instalação na nova caldeira de biomassa, o que levou a suprir a demanda de vapor por meio de caldeiras a óleo combustível. (KLABIN, 2008). 1.2.6 Bidiversidade As propriedades da Klabin mesclam florestas plantadas e extensas áreas de mato nativa preservada. (KLABIN, 2009a). A Klabin possuía, em 31 de dezembro de 2008, 83 hectares de florestas nativas preservadas para cada 100 hectares de florestas plantadas. Algumas das áreas da empresa são consideradas de alto valor de conservação, como Tabual do Mauã e Varanal (PR) e Fazenda Farofa (SC). (KLABIN, 2009a). A empresa também possui em Telêmaco Borba (PR), o Parque Ecológico da Klabin que ocupa área total de 11.196 hectares dos quais 7.883 são formados por florestas naturais, representadas pela mata de araucária. Algumas dessas florestas ainda se encontram em estado primitivo ou pouco alteradas. Em 2008, o parque recebeu 33.224 visitantes. O Criadouro Científico de Animais Silvestres instalado no parque é espaço para atividades de reprodução em cativeiro de espécies da região, principalmente as consideradas em extinção. Os visitantes encontram recintos para mamíferos e aves, além de um serpentário. (KLABIN, 2008). 1.2.7 Pacto Global 57 Em sintonia com o compromisso de sustentabilidade, a Klabin aderiu, em 2002, ao Pacto Global, resultado de um convite feito ao Setor privado, em 1999, pelo ex-secretário-geral das Nações Unidas Kofi Annan para que as empresas contribuam na busca de uma economia global mais sustentável e inclusiva, com base no atendimento a dez princípios de sustentabilidade. Esses princípios abrangem direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção. (KLABIN, 2008). Como um indicador da adesão ao Pacto Global. a Klabin também apóia os Oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, desafio a ser atingido até 2015 por meio de ações concretas dos governos e da sociedade. (KLABIN, 2008). 1.3 Projetos sociais 1.3.1 Colaboradores A missão da área de Recursos Humanos da Klabin consiste em: a) atuar no desenvolvimento das competências organizacionais, alinhada aos movimentos da organização, promovendo a contínua e permanente capacitação da liderança e times de trabalho; b) contribuir continuamente no aprimoramento do conhecimento técnico e desenvolvimento comportamental, instrumentalizando a organização com novas ferramentas, sistemas e metodologias, possibilitando a aplicação das melhores práticas e a adoção de critérios de equidade e coerência; c) assegurar uma força de trabalho capacitada e motivada para os desafios de competitividade crescente no mercado mundial, contribuindo para a perpetuidade organizacional. (KLABIN, 2008). No final de 2008, o quadro de pessoal registrava 7.498 colaboradores próprios, sendo 7.403 no Brasil e 95 na Argentina, e 5.934 de terceiros, somando 13.432 colaboradores. (KLABIN, 2008). 58 O processo de recrutamento e seleção está estruturado de forma a garantir o alinhamento de conceitos e uniformização de padrões consistentes no processo de análise, avaliação e seleção de candidatos. (KLABIN, 2009b). Toda e qualquer admissão para o quadro efetivo é precedida pelo processo técnico de seleção, mantendo o compromisso de equidade no tratamento dos candidatos em análise. As vagas que surgem são destinadas prioritariamente aos colaboradores internos. A decisão sobre o recurso humano Menores de 18 anos são contratados somente na condição de aprendizes, nos termos da lei, e, eventualmente, em áreas administrativas. (KLABIN, 2009b). Em relação à saúde e segurança dos colaboradores da Klabin, o Programa Klabin de Excelência em Segurança e Saúde Ocupacional proporcionou 80% de redução nos índices de acidentes desde sua criação, em 2005. O programa é composto de 11 diretrizes e 75 ferramentas/requisitos de gestão, sendo 17 já implementadas e 13 em andamento. Mais de 800 profissionais foram preparados e treinados para observar o comportamento dos trabalhadores quanto à segurança do trabalho. Todas as fábricas mantêm um Comitê de Segurança e Saúde Ocupacional, composto de gestores que direcionam ações de prevenção e possuem também a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). (KLABIN, 2008). No que se refere ao treinamento e educação, pode-se dizer que as atividades de treinamento contaram com 76.508 participações em 2008 envolvendo todos os níveis hierárquicos. Foram 5.278 ações, representando a média de 44,6 horas por colaborador. O investimento destinado a desenvolvimento e capacitação somou R$ 4.3 milhões no período. (KLABIN, 2008). O programa Competências do Gestor Klabin – tem como público-alvo diretores, gerentes e coordenadores - aproximadamente 285 profissionais com principal objetivo de nortear os planos de preparação e desenvolvimento dos gestores da empresa para que eles possam atuar de forma coesa e alinhada aos valores e objetivos organizacionais. (KLABIN, 2008). O desenvolvimento de equipes é realizado sob demanda, atende a todos os níveis hierárquicos. São programas estruturados sob medida, com o objetivo de buscar melhores resultados, por meio do desenvolvimento de aspectos 59 comportamentais e habilidades de gestão de pessoas e equipes, explorando a realidade do dia a dia de cada área e desenvolvendo posturas e comportamentos que facilitem o processo de interação das equipes. (KLABIN, 2008). No tocante a bolsas de estudos, pode-se dizer que em 2008, 295 colaboradores receberam bolsas de estudos de acordo com os critérios definidos na Política de Educação da Klabin: a) o percentual de participação da empresa na mensalidade, incluindo matrícula, deverá ser de até 30% do valor da mensalidade, limitado a R$ 300 por mês; b) critérios de elegibilidade: o curso solicitado deve estar vinculado à área de atuação do colaborador; o solicitante deve ter no mínimo seis meses de admissão e não poderá ter se envolvido em acidente de trabalho com afastamento nos 12 meses que antecedem a concessão da bolsa. (KLABIN, 2008). Em relação à remuneração e benefícios, a política de remuneração da Klabin é permanentemente acompanhada, para assegurar condições de competitividade em relação ao mercado, sendo integrada por uma parte fixa e outra variável, atrelada a desempenho e resultados. (KLABIN, 2009a). O Programa de Participação nos Resultados caracteriza-se por uma premiação adicional baseada em indicadores de resultados operacionais da empresa, como EBITDA (geração operacional de caixa), volume de produção, custos, indicadores de segurança, qualidade e meio ambiente. Em 2008, significou um montante de R$ 12,1 milhões. (KLABIN, 2008). Além de assistência médica, vale-transporte e vale-alimentação, a Klabin oferece uma série de benefícios a seus colaboradores, tais como: assistência odontológica, seguro de vida, empréstimo consignado em folha de pagamento, coberturas para incapacidade/invalidez e auxílio-excepcional (para filhos). O Programa de Benefício de Medicamentos é executado em todas as unidades por uma única operadora. Desde 1998, é mantido um programa de previdência privada com o objetivo de complementar o benefício pago pelo INSS e, assim, proporcionar uma renda maior na aposentadoria. (KLABIN, 2008). O programa de medicina preventiva da empresa relaciona: exames 60 periódicos ampliados, programa de prevenção e tratamento ao tabagismo, saúde ocular, campanha de combate à hipertensão arterial, grupo esteatose hepática, monitoramento de doenças crônicas, grupo síndrome metabólica, campanha de combate ao diabetes e terapias alternativas (quickmassage, shiatsu, reflexolagia e auriculoterapia). (KLABIN, 2009a). A empresa também oferece orientação nutricional, atividade física/integração e ações educativas, tais como: TPM e hábitos alimentares, finanças pessoais e qualidade de vida, como tornar sua vida mais ativa, HPV (Human Papiloma Vírus ou Papilomavírus Humano), primeiros socorros, a importância de uma alimentação saudável em sintonia com a prática de atividade física. (KLABIN, 2009a). 1.3.2 Sociedade Meta é o desenvolvimento comunitário A relação com a comunidade é a base das diferentes ações sociais desenvolvidas nos municípios onde a Klabin atua. As iniciativas abrangem os mais diferentes campos, como saúde, assistência social, cultural, educação técnica e ambiental - com incentivo à participação voluntária dos colaboradores. (KLABIN, 2009a). Dentre os programas desenvolvidos pode-se citar o Programa Jovem Futuro que apóia os jovens como agentes de desenvolvimento comunitário nos municípios onde está presente com unidades fabris, o Programa de Educação ambiental para adultos e crianças como é o caso do Projeto Força Verde Mirim. (KLABIN, 2009a). 1.3.3 Ações sociais A preocupação da Klabin com a educação é perceptível nas doações feitas a escolas e entidades. Uma delas é a Fundação do ABC, que aplicou os recursos em pesquisas científicas e na manutenção de sua estrutura e 61 administração. (KLABIN, 2008). A Klabin contribui com diversas entidades ligadas às comunidades das regiões onde estão instaladas suas unidades industriais, seja com doações financeiras, campanhas de conscientização ou arrecadação de produtos. A empresa incentiva o voluntariado através do Programa Terra Viva Associação de Voluntários, entidade sem fins lucrativos criada em 2003, é um instrumento para incentivar e organizar as ações voluntárias na empresa. (KLABIN, 2008). Outro Programa da Klabin refere-se à apicultura e meliponicultura, pois é uma importante alternativa para pequenos e médios produtores rurais, além de apresentar grande potencial de integração com atividades florestais, valorizando os produtos florestais não-madeireiros. O Programa é desenvolvido em parceria com a Associação de Apicultores de Telêmaco Borba e reúne 14 produtores de mel da região de Telêmaco Borba (PR). (KLABIN, 2008). 1.3.4 Saúde Nessa área a Klabin destina recursos para hospitais, institutos, centros de ensino, associações que se dedicam a pesquisa, cirurgias e atividades de reabilitação. (KLABIN, 2009a). O Programa de Fitoterapia – atividade certificada pelo FSC e ainda inédita na área de não-madeireiros no mundo – direciona atendimento por meio de um plano de saúde em. autogestão. São atendidas cinco doenças básicas, que representam praticamente metade de todos os problemas de saúde apresentados: gripes e resfriados, ferimentos e lesões de pele, dispepsias, diarréia e hipertensão arterial leve. São beneficiados colaboradores e seus familiares, na Unidade Monte Alegre, em Telêmaco Borba (PR). (KLABIN, 2009a). 1.3.5 Cultura 62 Um projeto sociocultural mantido pela empresa é o Coral Meninas Cantoras da Klabin, que contribui para a prática de valores éticos e morais e, sobretudo, para a formação das crianças, filhas de colaboradores da empresa. (KLABIN, 2009a). A Klabin também patrocina outras iniciativas artísticas e culturais, como o projeto Cresci na Mangueira, da produtora de audiovisual Bossa Nova Films, e o documentário Doce Brasil Holandês, feito para a tevê pela M. Schmiedt Produções, com lançamento previsto para setembro de 2009. (KLABIN, 2009a). 1.3.6 Políticas públicas Por meio de diferentes fóruns, associações e outros grupos que envolvem entidades do setor florestal, a Klabin tem participado e buscado influenciar a elaboração de políticas públicas direcionadas a criar condições de desenvolvimento das comunidades em que está presente, assim como defender os interesses do setor em que atua. Nesse sentido, diretores e gerentes representam a empresa em associações e entidades, a exemplo da Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO) e da Associação Brasileira de Embalagens (Abre) - ambas presididas, em 2008, por um diretor da Klabin. (KLABIN, 2009a). 1.4 Investimentos A Klabin investiu R$ 653 milhões em 2008, sendo os maiores volumes destinados ao Projeto de Expansão MA – 1100. Além desse foram adquiridas terras destinadas ao plantio de florestas e a um novo sistema de mecanização de colheita no Paraná e em Santa Catarina. Nos últimos cinco anos, a empresa aplicou R$ 3,8 bilhões em projetos de expansão, modernização e continuidade operacional. (KLABIN, 2008). 63 Reconhecida como fábrica ecológica, a Unidade Monte Alegre passa a ser uma das dez maiores fábricas integradas de papel e celulose do mundo. Trata-se do maior investimento da Klabin, no valor de R$ 2,2 bilhões, e um dos mais importantes já feitos por uma empresa brasileira do setor de papel e celulose. A capacidade de produção de papéis da unidade passou de 700 mil para 1,1 milhão de toneladas/ano. Dessa forma, a capacidade total de produção da empresa passou de 1,6 milhão para 2 milhões de toneladas/ano de papéis para embalagens. (KLABIN, 2008). A aquisição de equipamentos para a mudança na mecanização do processo de colheita florestal recebeu recursos da ordem de R$ 30 milhões em 2008, de um total de R$ 77 milhões. O total de investimentos absorvidos pela Unidade de Negócio Florestal foi de R$ 301 milhões, aplicados também na compra de terras, pesquisa e desenvolvimento. (KLABIN, 2009a). A Unidade de Negócio Sacos Industriais investiu em projetos de inovação, modernização tecnológica, automação de processos produtivos e em novos produtos. (KLABIN, 2008). A Unidade de Negócio de Papelão Ondulado está aumentando a produtividade nas fábricas localizadas nas regiões Sul e Sudeste, o que incluiu a aquisição de novas impressoras e a atualização tecnológica de onduladeiras e de outros equipamentos. (KLABIN, 2008). 64 CAPÍTULO II CONTEXTUALIZANDO SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 2 EVOLUÇÃO DA QUESTÃO AMBIENTAL Desde 1960 discutem-se nas empresas questões que se referem ao consumo responsável, valores organizacionais, respeito à comunidade, aos consumidores, à diversidade, discriminação racial e trabalho infantil, entre outros. (OLIVEIRA; DENARDIN; MURINI, 2009). De acordo com Moura, (2000), na década de 1960 alguns recursos passaram a ser mais valorizados com o aumento da população e do consumo como a água, petróleo e madeiras. Nesta década o Clube de Roma divulgou o relatório denominado Os limites para o crescimento, onde através de simulações matemáticas foram feitas projeções de crescimento populacional, poluição e esgotamento dos recursos naturais da Terra, daí surge o termo responsabilidade ambiental. (MOURA, 2000). Segundo Dias (2006), no início da década de 70, tomaram-se mais consistentes os questionamentos sobre o modelo de crescimento e desenvolvimento econômico que perdurava desde a Revolução Industrial, que teve início no século XVIII. O que se questionava era que, embora tivessem ocorrido profundas mudanças na economia, os níveis de subdesenvolvimento e pobreza não abaixavam, e em muitos casos aumentavam; além disso, a desigualdade social entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos se tornava cada vez maior. (DIAS, 2006). É a partir dos trabalhos desenvolvidos pelo Professor Ignacy Sachs (1986/2002) e também pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento que resulta no Relatório Brundtland, intitulado Nosso Futuro 65 Comum (1987) nos quais o termo ecodesenvolvimento ou desenvolvimento sustentável começa a ter destaque no movimento ambientalista, com defensores e críticos em todas as áreas. Falar em sustentabilidade segundo a Comissão é usar os recursos de forma racional que permitam manter uma qualidade de vida no presente preservando os recursos para as gerações futuras. (MATSUNAGA, 2008). De acordo com Maurice Strong, em prefácio de livro de Sachs, o conceito normativo básico de desenvolvimento sustentável emergiu na Conferência de Estocolmo de 1972, e foi designado à época como abordagem do ecodesenvolvimento e, posteriormente, renomeado com a denominação atual. Segundo ele, que foi Secretário Geral da Conferência, o desenvolvimento sustentável será alcançado se três critérios fundamentais forem obedecidos simultaneamente: equidade social, prudência ecológica e eficiência econômica. (DIAS, 2006). A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (CNUMAH), na cidade de Estocolmo na Suécia; foi considerada marco internacional da internacionalização e institucionalização do debate ambiental. Nesta conferência cria-se o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Também influenciados pelo Relatório Meadows, ou Limites do crescimento publicado pelo Clube de Roma em 1971, ainda hoje discutido, atualizado e estudado. (MATSUNAGA, 2008). Segundo Martins (2006), como previsto e em função da crescente preocupação com o problema ambiental, a ONU realiza em 1972, na capital da Suécia, Estocolmo, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, que teve como resultado uma Declaração e um Plano de Ação para o Meio Ambiente Humano que contém 109 recomendações. A Conferência das Nações Unidas (ONU) de Estocolmo (1972) reconhece a importância da gestão ambiental e fundamenta o conceito de desenvolvimento sustentável. Na mesma época, o Clube de Roma, empregando fórmulas matemáticas e computadores para determinar o futuro ecológico do planeta, previu um desastre em médio prazo. Nos anos seguintes, vinculou-se definitivamente o tema ambiente ao tema desenvolvimento, e o termo ecodesenvolvimento aparece na revisão do relatório da ONU de 1978. (SACHS, 2002). 66 O conceito surge formalmente com o Relatório Brundtland, apesar de ser uma consequência das preocupações expostas na Conferência de Estocolmo, e propõe o desenvolvimento sustentável como um processo de mudança onde a exploração de recursos, os investimentos e o desenvolvimento, deveriam estar vinculados às necessidades das gerações atuais e futuras. (SIENA; COSTA; OLIVEIRA, 2007) Com a Conferência sobre Desenvolvimento e Ambiente (Rio-92) foram assinados documentos que direcionariam as discussões sobre o meio ambiente nos anos subsequentes: Agenda 21, Desertificação, entre outros. No entanto, talvez a maior herança da Conferência tenha sido a difusão do conceito de desenvolvimento sustentável. (DIAS, 2006) Em 1980, o documento Estratégia Mundial para a Conservação da Natureza, elaborado conjuntamente pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), pelo Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (PNUMA) e pelo World Wildlife Fund (WWF), define sustentabilidade como uma característica de um processo ou estado que pode manter-se indefinidamente. (OLIVEIRA; DENARDIN; MURINI, 2009). Na década de 1990 houve um grande impulso com relação à consciência ambiental, as empresas passaram a se preocupar com a racionalização do uso de energia e matérias primas, estimulando a reciclagem e reutilização dos recursos naturais. (OLIVEIRA; DENARDIN; MURINI, 2009). Em 1997, segundo Cortizo (2007) a recomendação da Convenção Quadro sobre as Mudanças Climáticas Globais para que os países desenvolvidos reduzissem as suas emissões não estava sendo cumprida, foi aprovado um novo instrumento, o Protocolo de Kyoto, A legislação ambiental está diretamente ou indiretamente ligada à preservação do meio ambiente, da saúde, da segurança e do bem estar da população, envolvendo esferas: municipal, estadual e federal. Em abril de 1998, no Brasil, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) define e publica sua Declaração de Princípios da Indústria para o Desenvolvimento Sustentável (Quadro 1), iniciativa que permite o incremento da divulgação da perspectiva de maior interação entre economia e meio ambiente junto ao empresariado. Pode-se notar que as ações que levaram ao termo sustentabilidade 67 fazem parte de todo um processo histórico longo e cada autor coloca a origem em um ponto específico. O fato de ter sido posto em um documento das Nações Unidas em 1987 é um acontecimento muito importante, mas não podese negar que existiram influências e processos anteriores que ainda hoje são motivo de críticas e desconfianças. O termo adotado pelas Nações Unidas é para levar a cabo seus projetos e ações ambientais. Declaração de princípios da indústria para o desenvolvimento sustentável 1 Promover a efetiva participação proativa do setor industrial, em conjunto com a sociedade, os parlamentares, o governo e organizações não governamentais no sentido de desenvolver e aperfeiçoar leis, regulamentos e padrões ambientais 2 Exercer a liderança empresarial, junto à sociedade, em relação aos assuntos ambientais 3 Incrementar a competitividade da indústria brasileira, respeitados os conceitos de desenvolvimento sustentável e o uso racional dos recursos naturais e de energia 4 Promover a melhoria contínua e o aperfeiçoamento dos sistemas de gerenciamento ambiental, saúde e segurança do trabalho nas empresas 5 Promover a monitoração e a avaliação dos processos e dos parâmetros ambientais nas empresas. Antecipar a análise e os estudos das questões que possam causar problemas ao meio ambiente e à saúde humana, bem como implementar ações apropriadas para proteger o meio ambiente 6 Apoiar e reconhecer a importância do envolvimento contínuo e permanente dos trabalhadores e do comprometimento da supervisão nas empresas, assegurando que os mesmos tenham o conhecimento e o treinamento necessários com relação às questões ambientais 7 Incentivar a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias limpas, com o objetivo de reduzir ou eliminar impactos adversos ao meio ambiente e à saúde da comunidade 8 Estimular o relacionamento e as parcerias do setor privado com o governo e com a sociedade em geral, na busca do desenvolvimento sustentável, bem como na melhoria contínua dos processos de comunicação 9 Estimular as lideranças empresariais a agir permanentemente junto à sociedade com relação aos assuntos ambientais 10 Incentivar o desenvolvimento e o fornecimento de produtos e serviços que não produzam impactos inadequados ao meio ambiente e à saúde da comunidade 11 Promover a máxima divulgação e conhecimento da Agenda 21 e estimular sua implementação Fonte: CNI (2002, p. 24) Quadro 1: Declaração de princípios da indústria para o desenvolvimento sustentável 2.1 Protocolo de Kyoto e o crédito de carbono O Protocolo de Kyoto é consequência de uma série de eventos iniciada com a Toronto Conference on the Changing Atmosphere, no Canadá (outubro 68 de 1988), seguida pelo IPCC's First Assessment Report em Sundsvall, Suécia (agosto de 1990). (MARCHEZI; AMARAL, 2008). Constitui-se no protocolo de um tratado internacional com compromissos mais rígidos para a redução da emissão dos gases que provocam o efeito estufa, considerados, de acordo com a maioria das investigações científicas, como causa antropogênicas do aquecimento global. (MARCHEZI; AMARAL, 2008). Em 1997, na cidade de Kyoto, durante a realização da COP-3 foi apresentado um protocolo que visava transformar as reduções voluntárias em obrigatórias. Foi aberto para assinaturas em 11 de dezembro de 1997 e ratificado em 15 de março de 1999. Sendo que para este entrar em vigor precisou que 55% dos países, que juntos, produzem 55% das emissões, o ratificassem, assim entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005, depois que a Rússia o ratificou em Novembro de 2004. (MARCHEZI; AMARAL, 2008). Por ele se propõe um calendário pelo qual os países-membros (principalmente os desenvolvidos) têm a obrigação de reduzir a emissão de gases do efeito estufa em, pelo menos, 5,2% em relação aos níveis de 1990 no período entre 2008 e 2012, também chamado de primeiro período de compromisso (para muitos países, como os membros da UE, isso corresponde a 15% abaixo das emissões esperadas para 2008). (MARCHEZI; AMARAL, 2008). As metas de redução não são homogêneas a todos os países, colocando níveis diferenciados para os 38 países que mais emitem gases. Países em franco desenvolvimento (como Brasil, México, Argentina e Índia) não receberam metas de redução, pelo menos momentaneamente. (OLIVEIRA; DENARDIN; MURINI, 2009). A redução dessas emissões deverá acontecer em várias atividades econômicas. O protocolo estimula os países signatários a cooperarem entre si, através de algumas ações básicas, conforme Oliveira; Denardin; Murini, (2009): a) reformar os setores de energia e transportes; b) promover o uso de fontes energéticas renováveis; c) eliminar mecanismos financeiros e de mercado inapropriados aos fins da Convenção; d) limitar as emissões de metano no gerenciamento de resíduos e dos 69 sistemas energéticos; e) proteger florestas e outros sumidouros de carbono. Se o Protocolo de Kyoto for implementado com sucesso, estima-se que a temperatura global reduza entre 1,4°C e 5,8°C até 2100, entretanto, isto dependerá muito das negociações pós período 2008/2012, pois há comunidades científicas que afirmam categoricamente que a meta de redução de 5% em relação aos níveis de 1990 é insuficiente para a mitigação do aquecimento global. (MARCHEZI; AMARAL, 2008). Em março de 2001, os Estados Unidos anunciaram sua oposição ao Protocolo de Kyoto, declarando-o falho por isentar os países em desenvolvimento da redução ou limitação das emissões e por ser passível de comprometer sua economia. (CHAN, 2006). Após diversos impasses, a ratificação da Rússia, ocorrida em 18 de novembro de 2004, possibilitou a entrada em vigor deste tratado em 16 de fevereiro de 2005. (CHAN, 2006). De acordo com a alegação do ex-presidente George W. Bush de que os compromissos acarretados por tal protocolo interfeririam negativamente na economia norte-americana. A Casa Branca também questiona a teoria de que os poluentes emitidos pelo homem causem a elevação da temperatura da Terra. (MARCHEZI; AMARAL, 2008). Mesmo o governo dos Estados Unidos não assinando o Protocolo de Kyoto, alguns municípios, Estados (Califórnia) e donos de indústrias do nordeste dos Estados Unidos já começaram a pesquisar maneiras para reduzir a emissão de gases promotores do efeito estufa — tentando, por sua vez, não diminuir sua margem de lucro com essa atitude. (MARCHEZI; AMARAL, 2008). Em julho de 2001, o Protocolo de Kyoto foi referendado em Bonn, Alemanha, quando abrandou o cumprimento das metas previstas anteriormente, através da criação dos sumidouros de carbono. Segundo essa proposta, os países que tivessem grandes áreas florestadas, que absorvem naturalmente o CO2, poderiam usar essas florestas como crédito em troca do controle de suas emissões. (GUIMARÃES, 2007). Devido à necessidade de manter sua produção industrial, os países desenvolvidos, os maiores emissores de CO2 e de outros poluentes, poderiam transferir parte de suas indústrias mais poluentes para países onde o nível de 70 emissão é baixo ou investir nesses países, como parte de negociação. (OLIVEIRA; DENARDIN; MURINI, 2009). Entretanto, é necessário fazer estudos minuciosos sobre a quantidade de carbono que uma floresta é capaz de absorver, para que não haja super ou subvalorização de valores pagos por meio dos créditos de carbono. Porém, a partir da Conferência de Joanesburgo esta proposta tornou-se inconsistente em relação aos objetivos do Tratado, qual seja, a redução da emissão de gases que agravam o efeito estufa. (OLIVEIRA; DENARDIN; MURINI, 2009). Deste modo, a política deve ser deixar de poluir, e não poluir onde há florestas, pois o saldo desta forma continuaria negativo para com o planeta. (OLIVEIRA; DENARDIN; MURINI, 2009). O Protocolo começou a vigorar em 2005, quando 139 países o ratificaram demonstrando a intenção da comunidade mundial de combater o aquecimento global. (OLIVEIRA; DENARDIN; MURINI, 2009). Hoje, 169 países mais a União Européia estão dentro do tratado, menos os Estados Unidos, que é um país que polui muito (cerca de 25% das emissões) ainda não ratificou o Protocolo. (OLIVEIRA; DENARDIN; MURINI, 2009). Verde: Países que ratificaram o protocolo. Amarelo: Países que ratificaram, mas ainda não cumpriram o protocolo. Vermelho: Países que não ratificaram o protocolo. Cinzento: Países que não assumiram nenhuma posição no protocolo Fonte: Wikipédia (2009) Figura 18: Mapa do Protocolo de Kyoto em 2009 Marchezi; Amaral (2008) comentam que na busca de medidas que 71 auxiliem a implementação das metas previstas, foram estabelecidos no Protocolo de Kyoto três mecanismos que visam ajudar os países do Anexo I1 a reduzirem os custos para cumprimento de suas metas de emissão: Implementação Conjunta (IC); Comércio de Emissões e Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). A Implementação Conjunta (IC) é prevista no artigo 6º do Protocolo de Kyoto, onde é estabelecido que somente os países do Anexo I poderiam fazer uso desse mecanismo. A IC tem como objetivo permitir que os países do Anexo I possam transferir ou adquirir de qualquer outro país Anexo I unidades de reduções de emissões resultantes de projetos que visem reduções das emissões antrópicas por fontes ou aumento das remoções antrópicas por sumidouros. (MARCHEZI; AMARAL, 2008). O Comércio Internacional de Emissões (CIE) foi previsto no artigo 17º do Protocolo, onde por meio dele os países do Anexo I poderiam negociar o limite de emissões com outros países com o objetivo de cumprir suas metas de redução. (MARCHEZI; AMARAL, 2008). O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo foi previsto no artigo 12 do Protocolo de Kyoto, sendo o único mecanismo que permite a participação pelos países emergentes. (MARCHEZI; AMARAL, 2008). Com base no MDL os países não constantes do Anexo I, ou seja, os países em desenvolvimento, poderiam se beneficiar de ajuda dos países do Anexo I na implementação de medidas que auxiliem a redução de emissões de gases do efeito estufa e alcançar o desenvolvimento sustentável. O MDL proporciona aos países emergentes a possibilidade de implantação de projetos de controle de emissão e o desenvolvimento sustentável, os quais dão origem ao chamado crédito de carbono. (GUIMARÃES, 2007). O instrumento de troca do MDL são as Reduções Certificadas de 1 O Anexo I é a relação dos 40 países e a Comunidade Européia, listados na Convenção do Clima, que assumiram compromissos de reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE). São, basicamente, os países da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE): Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Bielo-Rússia, Bulgária, Canadá, Comunidade Européia, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Federação Russa, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Islândia, Itália, Japão, Letônia, Liechtenstein, Lituânia, Luxemburgo, Mônaco, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Polônia, Portugal, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, República Tcheca, Romênia, Suécia, Suíça, Turquia, Ucrânia e Estados Unidos. (COELHO, 2008). 72 Emissões (RCE), que poderão ser utilizadas, pelos países do Anexo I, como comprovações das suas metas de redução de emissões estabelecidas no Protocolo de Kyoto. (GUIMARÃES, 2007). Dessa forma os países do Anexo I poderão comprar créditos que serão computados na sua meta de redução. Essas transações têm como moeda padrão o carbono equivalente (CO2), ou seja, a quantidade de quilogramas de carbono correspondente à redução do gás que está sendo eliminado. (GUIMARÃES, 2007) Para a implantação de projetos de MDL é necessário atendimento a algumas exigências e, principalmente, comprovação que as reduções são adicionais aquelas em que se alcançaria na ausência do projeto, bem como não apresentar impacto colateral negativo ao meio ambiente. (GUIMARÃES, 2007) Cada país não Anexo I definiu suas prioridades de implantação de projetos de MDL. No Brasil estas prioridades estão em projetos de fontes renováveis de energia, eficiência/conservação de energia, reflorestamento ou estabelecimento de novas florestas e outros projetos de redução de emissão, tais como projetos de aterros sanitários e projetos agropecuários. Segundo o Governo brasileiro são estes os projetos que podem contribuir para a mitigação da mudança do clima. (GUIMARÃES, 2007) O Brasil não tem compromissos formais de redução ou com a limitação de suas emissões antrópicas de gases de efeito estufa estabelecidas no Protocolo de Kyoto, no entanto, o Protocolo de Kyoto é importante para os países em desenvolvimento porque possibilita a aplicação do princípio de responsabilidades comuns, porém diferenciadas, adotado na Convenção. Até o momento no Protocolo, que vigora desde 16 de fevereiro de 2005, cabe aos países industrializados, maiores emissores históricos, assumirem os compromissos relativos ao controle do aquecimento global. (MARCHEZI; AMARAL, 2008). No Quadro 2 são apresentados os países integrantes do Anexo I do Protocolo de Kyoto, bem como suas metas. 73 Países integrantes do Anexo I do Protocolo de Kyoto Metas de Emissão de CO2 Áustria, Bélgica, Bulgária, República Tcheca, Dinamarca, Estônia, Comunidade Européia, França, Alemanha, Grécia, Itália, Liechtenstein, Lituânia, Luxemburgo, Mônaco, Finlândia, - 8% Portugal, Eslováquia, Eslovênia, Países Baixos, Irlanda, Romênia, Suécia, Suíça, Letônia, Reino Unido da Grã Bretanha e Irlanda do Norte Estados Unidos* - 7% Canadá, Hungria, Japão e Polônia - 6% Croácia - 5% Nova Zelândia, Federação Russa, Ucrânia 0% Noruega 1% Austrália 8% Islândia 10% *País que não ratificou o Protocolo de Kyoto Fonte: Brasil (2004) Quadro 2: Anexo I e metas de emissão 2.2 Conceitos e considerações sobre sustentabilidade e responsabilidade socioambiental O conceito de sustentabilidade é relativamente novo se comparado com todo o movimento ambientalista e este último tem passado por grandes transformações ao longo dos anos. Mesmo o termo sustentável já foi muito utilizado sem o peso ambiental que tem hoje, por exemplo, os termos econômicos: crescimento e economia sustentáveis (ou auto-sustentáveis) não se relacionam, necessariamente, a causa ecológica. O termo usa sustentável com o significado de sustentação, continuidade ou estabilidade. (MATSUNAGA, 2008). Sustentabilidade é um conceito sistêmico, relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana. (MIRANDA; COSTA, 2005). Propõe-se a ser um meio de configurar a civilização e atividade humanas, de tal forma que a sociedade, os seus membros e as suas 74 economias possam preencher as suas necessidades e expressar o seu maior potencial no presente, e ao mesmo tempo preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais, planejando e agindo de forma a atingir pró-eficiência na manutenção indefinida desses ideais. (MIRANDA; COSTA, 2005). ―A sustentabilidade abrange vários níveis de organização, desde a vizinhança local até o planeta inteiro‖. (SEPÚLVEDA, 2005, p. 22). Sustentabilidade, é hoje em dia usado como um termo amplo para todas as atividades humanas. (MIRANDA; COSTA, 2005). O empreendimento humano ser sustentável, deve contemplar quatro requisitos básicos: ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito. (SEPÚLVEDA, 2005). O Instituto Ethos em seu glossário conceitua sustentabilidade como: Ter sustentabilidade significa assegurar o sucesso do negócio a longo prazo e ao mesmo tempo contribuir para o desenvolvimento econômico e social da comunidade, um meio ambiente saudável e uma sociedade estável. [...] Geralmente definido como a forma de satisfazer as necessidades da presente geração sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazer as suas necessidades, de acordo com a comissão Brundtland. A sustentabilidade tem três amplos componentes, geralmente descritos como as pessoas, os lucros e o planeta, ou seja, os aspectos sociais, econômicos e ambientais. A necessidade de as empresas darem conta dessas três dimensões tem sido resumida no conceito da triple bottom line. (ETHOS, 2009). Miranda; Costa (2005) observam que a sustentabilidade é prover o melhor para as pessoas e para o ambiente tanto agora como para um futuro indefinido. Segundo o Relatório de Brundtland (1987, apud MIRANDA; COSTA 2005, p. 12), sustentabilidade é: "suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as suas". A gestão sustentável é uma capacidade para dirigir o curso de uma empresa, comunidade, ou país, por vias que valorizam, recuperam todas as formas de capital, humano, natural e financeiro de modo a gerar valor ao stakeholders (lucro). A gestão de processos deve ser vista sempre como um processo evolutivo de trabalho e gestão e não somente como um projeto com início, meio e fim. Se não for conduzida com esta visão, a tendência de se tornar um modismo dentro da empresa ou do país e logo ser esquecida ao sinal de um primeiro tropeço é grande. Muitos esforços e investimentos têm sido gastos sem o retorno esperado. (MIRANDA; COSTA, 2005). 75 Sepúlveda observa que: Se pensarmos que 10% de tudo o que é extraído do planeta pela industria (em peso) é que se torna produto útil e que o restante é resíduo, torna-se urgente uma Gestão Sustentável que nos leve a um consumo sustentável, é urgente minimizar a utilização de recursos naturais e materiais tóxicos. O Desenvolvimento Sustentável não é ambientalismo nem apenas ambiente, mas sim um processo de equilíbrio entre os objetos económicos, financeiros, ambientais e sociais. (SEPÚLVEDA, 2005, p. 24). Nesse contexto surge o conceito de responsabilidade ambiental com a percepção de que os recursos naturais podem se esgotar com a ação predadora do homem. Isso ocorreu quando terríveis acidentes industriais além de deixar doente e até matar populações também degradou os recursos naturais que serviam de insumos para a própria indústria. Com estudos climáticos foi identificado, por exemplo, a nocividade de gases poluentes e seu efeito sob as condições de vida da população. Foi através de um desses estudos que se proibiu a emissão de CFC. Ainda sobre sustentabilidade, o professor holandês Peter Nijkamp (apud DIAS, 2006, p. 15), envolve três aspectos: ecologicamente correta, atividade economicamente viável e socialmente justa. O primeiro, ecológico, diz respeito à manutenção do ecossistema em longo prazo. O segundo, econômico, trata da obtenção de renda suficiente para o custeio da vida em sociedade. E o terceiro, social, aborda o respeito aos valores sociais e culturais e a justiça na distribuição de custos e benefícios. Traduzindo: os três fatores, em equilíbrio, como num triângulo compondo cada um dos três lados, formam o ideal de sustentabilidade para uma população, manifestando preocupação tanto com questões ambientais, como econômicas e sociais. A multidimensionalidade do fenômeno da sustentabilidade é, por sua vez, bastante explorada na obra de Sachs (2002), onde encontram-se a proposta de alguns critérios de sustentabilidade que compreendem as seguintes dimensões, a saber: a) social – implica o alcance de um patamar razoável de homogeneidade social; distribuição de renda justa; e igualdade no acesso aos recursos e serviços sociais; b) cultural – equilíbrio e respeito à tradição e inovação; capacidade de 76 autonomia para elaboração de um projeto nacional integrado e endógeno; e autoconfiança combinada com abertura para o mundo; c) ecológica – preservação do potencial da natureza na produção de recursos renováveis e limitação do uso dos recursos não renováveis; d) ambiental – respeito e realce da capacidade de autodepuração dos sistemas naturais; e) territorial – manutenção das configurações urbanas e rurais de forma balanceada; melhoria disparidades inter-regionais; desenvolvimento do ambiente e urbano; utilização ambientalmente de superação das estratégias seguras para de áreas ecologicamente frágeis; f) econômica – desenvolvimento intersetorial equilibrado; segurança alimentar; capacidade contínua de modernização dos instrumentos de produção; e inserção soberana na economia internacional; g) político nacional – coesão social, democracia e desenvolvimento da capacidade do Estado em implementar o projeto nacional, em parceria; h) político internacional – eficácia do sistema de prevenção de guerras da ONU; do co-desenvolvimento Norte-Sul, baseado em princípios de igualdade; do controle institucional do sistema internacional financeiro e de negócios; e da aplicação do princípio da precaução na gestão do meio ambiente e recursos naturais e do sistema de cooperação científica e tecnológica internacional. A busca do significado do termo sustentabilidade encontra uma clara interface no desenvolvimento sustentável que emerge, como importante paradigma da atualidade, a temática da sustentabilidade. Vista, a princípio, sob o prisma da preservação ambiental, a temática da sustentabilidade tem a sua discussão ampliada, abarcando inúmeras dimensões. Já em relação à responsabilidade ambiental encontra uma estreita ligação com a responsabilidade social. A evolução desses dois conceitos em paralelo ocorreu por causa desses documentos e eventos que geraram modificações não somente na cultura como nas leis de muitos países. A responsabilidade social é entendida como aquela que cuida dos interesses das pessoas em sentido amplo. Normalmente essa responsabilidade 77 tem a forma de distribuição de renda feita em modo de filantropia. As motivações que levam os sócios das empresas a praticar a filantropia são suas convicções morais ou religiosas. Juntando a responsabilidade social com a responsabilidade ambiental surgiu a Responsabilidade Socioambiental. Na verdade nunca existiu essa separação. Apenas o homem conseguiu perceber que tanto o ser humano depende de uma sociedade mais justa como de um local adequado para se viver. Sendo assim, não basta ter alimentos se estes estão contaminados ou exigir saneamento básico se as favelas não param de crescer. Para se ter um planeta limpo e com pessoas vivendo dignamente é preciso uma nova cultura onde todos são responsáveis pela conservação da dignidade humana e dos recursos naturais. Concluindo a responsabilidade socioambiental não é um simples jargão do novo século. É apenas a percepção de que tanto recursos naturais como humanos precisam de cuidados especiais e que nenhum dos dois podem ser dissociados, pois são parte de um mesmo ambiente. 2.3 Desenvolvimento sustentável O conceito de desenvolvimento sustentável é dinâmico e está sujeito a dimensões e interpretações que refletem visões consideradas culturalmente apropriadas e de relevância local. (RESENDE, 2006). O termo desenvolvimento sustentável foi adaptado pela Agenda 21, programa das Nações Unidas. Algumas pessoas hoje, referem-se ao termo desenvolvimento sustentável como um termo amplo, pois implica desenvolvimento continuado, e insistem que ele deve ser reservado somente para as atividades de desenvolvimento. (MIRANDA; COSTA, 2005). O crescimento industrial evidenciado nos dois últimos séculos tem elevado o padrão de vida da população humana a altos custos ambientais. A partir da tomada de consciência desses problemas, as discussões sobre o tema ambiental têm evoluído muito. (SILVA; QUELHAS, 2006). 78 A relação sociedade e meio ambiente passou a ser analisada de forma menos localizada e mais globalizada, levando a um posicionamento mais crítico que tem determinado o surgimento de novas alternativas de relacionamento da sociedade contemporânea com seu ambiente, com o intuito de reduzir os impactos que ela produz sobre o meio que a cerca. (BELLEN, 2006, p. 58). O Relatório Brundland define desenvolvimento sustentável como ―o desenvolvimento que preenche as necessidades do presente, sem comprometer a habilidade das gerações futuras de preencherem suas próprias necessidades―. Nessa conceituação devem ser considerados os aspectos relativos às dimensões social e ecológica, aliada à dimensão econômica, de recursos vivos e não vivos e às vantagens de curto e longo prazo de ações alternativas. (AMARAL, 2002, p. 1). Ainda há controvérsias sobre a concepção da sustentabilidade que envolve o consumo de recursos não renováveis que devem ser explorados em bases sustentáveis. Sobre isso, Silva; Quelhas (2006) salientam que o conceito de desenvolvimento sustentável deve apresentar preocupação com a manutenção, a renovação e a recuperação de recursos naturais, mas deve, principalmente, incluir uma dimensão ética de integridade, para pesar entre as pressões econômicas atuais e as necessidades ambientais futuras. Amaral (2002) relata o aspecto ambiental e envolve a redução de consumo de recursos naturais e a preocupação com a degradação ambiental decorrente da poluição. A Agenda 21 consolidou a idéia de que os modelos tradicionais de crescimento devem ser modificados a ponto de reconduzir a sociedade industrial aos princípios do desenvolvimento sustentável, de modo a garantir o direito ao desenvolvimento, principalmente em países com níveis insatisfatórios de renda e riqueza, e o direito a ambiente saudável das futuras gerações. (DEGANI, 2003, p. 9). Com o aprimoramento do conceito de desenvolvimento sustentável a sustentabilidade tem, a cada dia, se incorporado à visão corporativa. O desenvolvimento sustentável sob o ponto de vista corporativo pode ser definido como: ―A busca do equilíbrio entre o que é socialmente desejável, economicamente viável e ecologicamente sustentável‖, conforme Silva (2003, p. 18). A preocupação mundial com o meio ambiente e o desenvolvimento de padrões ambientais internacionais tem criado a necessidade das empresas 79 adotarem formalmente estratégias e programas ambientais, e essa preocupação, tem provocado mudanças nas condições competitivas no mercado de atuação, exigindo uma agilidade na adaptação de estratégias, incorporando qualidade e conhecimento gerencial. Muitas estratégias de gerenciamento ambiental têm passado do status de controle para a atuação preventiva. (SILVA, 2003). No Brasil, segundo estudos de Rohrich; Cunha (2004), algumas empresas acreditam que não podem usar seus recursos financeiros para melhorar a performance ambiental e social, sem reduzir o valor do acionista, argumentando que para aderir a padrões éticos a empresa eleva seus custos, aumentando o preço do produto final, reduzindo a vantagem competitiva e a lucratividade. Outras empresas acreditam o fato de investir na performance ambiental e social pode melhorar a eficiência operacional da empresa e gerar novas oportunidades de mercado. Sobre isso Porter (1989, apud DIAS,2006) observa que políticas ativas de melhoria de performance ambiental podem criar uma vantagem competitiva, em função da maior eficiência no uso dos recursos. Para melhorar a competitividade de empresas, é fundamental incorporar o conceito de competitividade ambiental, podendo ser considerado o paradigma da sustentabilidade. Para Silva; Quelhas (2006) as empresas interagem de quatro maneiras com o meio ambiente: pelo consumo de recursos (entradas); no consumo de energia (consumo indireto de recursos); no gerenciamento de resíduos (coleta, tratamento, reaproveitamento, transporte e descarte apropriado); e poluição (não gerenciamento de resíduos). Silva; Quelhas (2006) observam que a literatura acadêmica tem investigado o relacionamento entre performance ambiental e financeira, no entanto, as evidências empíricas são inconsistentes. Normalmente, devido às diferentes metodologias e a escolha dos indicadores de performance ambiental e financeira é que ocorrem os conflitos de resultados. 2.4 Dimensões de sustentabilidade 80 Segundo Gamboa; Mattos; Silva (2005), o desenvolvimento sustentável nas organizações apresenta três dimensões, que são: a econômica, a social e a ambiental. Do ponto de vista econômico, a sustentabilidade prevê que as empresas têm que ser economicamente viáveis. Seu papel na sociedade deve ser cumprido levando em consideração esse aspecto da rentabilidade, ou seja, dar retorno ao investimento realizado pelo capital privado. Segundo Dias (2006), em termos sociais, a empresa deve satisfazer aos requisitos de proporcionar as melhores condições de trabalho aos seus empregados, procurando contemplar a diversidade cultural existente na sociedade em que atua além de propiciar oportunidade aos deficientes de modo geral. Além disso, seus dirigentes devem participar ativamente das atividades socioculturais de expressão da comunidade que vive no entorno da unidade produtiva. Para Martins (2006), do ponto de vista ambiental, deve a organização pautar-se pela eco-eficiência dos seus processos produtivos, adotarem a produção mais limpa, oferecer condições para o desenvolvimento de uma cultura ambiental organizacional, adotar uma postura de responsabilidade ambiental, buscando a não-contaminação de qualquer tipo do ambiente natural, e procurar participar de todas as atividades patrocinadas pelas autoridades governamentais locais e regionais no que diz respeito ao meio ambiente natural. Para Dias (2006) o mais importante na abordagem das três dimensões da sustentabilidade empresarial é o equilíbrio dinâmico necessário e permanente que devem ter, e que tem de ser levado em consideração pelas organizações que atuam preferencialmente em cada uma delas: organizações empresariais (econômica), sindicatos (social) e entidades ambientalistas (ambiental). Deve ser estabelecido um acordo entre as organizações de tal modo que nenhuma delas atinja o grau máximo de suas reivindicações e nem o mínimo inaceitável, o que implica num diálogo permanente para que as três dimensões sejam contempladas de modo a manter a sustentabilidade do sistema. 81 2.5 Gestão ambiental Dentre as muitas definições apresentadas na literatura, destaca-se, por sua concisão, aquela adotada por Nilsson (1998, apud CORAZZA, 2003): Gestão ambiental envolve planejamento, organização, e orienta a empresa a alcançar metas [ambientais] especificas, em uma analogia, por exemplo, com o que ocorre com a gestão de qualidade. Um aspecto relevante da gestão ambiental é que sua introdução requer decisões nos níveis mais elevados da administração e, portanto, envia uma clara mensagem à organização de que se trata de um compromisso corporativo. A gestão ambiental pode se tornar também um importante instrumento para as organizações em suas relações com consumidores, o público em geral, companhias de seguro, agências governamentais, e outros. (NILSSON, 1998, apud CORAZZA, 2003, p. 134). As contribuições da gestão ambiental para as diferentes atividades da organização (quer ela esteja subsumida ao respectivo cargo, quer esteja vinculada às atribuições de um departamento específico ou, ainda, dispersa horizontalmente por suas diversas áreas de competência) são agrupadas por Groenewegen; Vergragt (1991, apud CORAZZA, 2003) em três esferas: produtiva, da inovação e estratégica. Em termos de competitividade empresarial, há duas variáveis ambientais que são relevantes: a gestão ambiental de processos e a de produtos. (DIAS, 2006). Na gestão ambiental de processos, as principais ferramentas com as quais se obtêm os melhores resultados são as tecnologias ambientais, com destaque para a Produção Mais Limpa, que traz melhores resultados competitivos, além da certificação de processos, que em alguns setores (como o florestal e o têxtil) é essencial. Em relação à gestão ambiental de produtos, as principais ferramentas são a análises do ciclo de vida, a certificações dos produtos (selos ecológicos) e o ecodesign. (DIAS, 2006). De modo geral, as empresas, após melhorarem a eficiência de seus processos de produção, passam a se ocupar com o projeto de seus produtos. E, neste sentido, a importância da avaliação do ciclo de vida dos produtos é inquestionável, constituindo-se numa análise dos impactos ambientais causados pelo produto, que se inicia com a matéria-prima utilizada, como é transportado, o modo de fabricação e o transporte do produto acabado, sua 82 utilização e descarte. Em função do produto, outras fases do ciclo de vida podem ser incluídas na análise. (DIAS, 2006). Outra ferramenta que vem ganhando destaque nos últimos anos, e relacionada com a gestão ambiental do produto, é o ecodesign, que pode ser definido como um conjunto específico de práticas de projeto, orientadas para a criação de produtos e processos ecoeficientes, respeitando-se os objetivos ambientais, de saúde e segurança durante todo o ciclo de vida destes produtos e processos. Na realidade, o ecodesign foca prioritariamente o projeto e o desenvolvimento de produtos. E, através do ecodesign, por exemplo, pode-se reduzir a utilização de matéria-prima, de energia e de água necessários para a fabricação do produto. (DIAS, 2006). Na esfera estratégica, a gestão ambiental fornece avaliações sobre os potenciais de desenvolvimento e sobre as restrições ambientais emergentes (resultantes tanto da regulamentação quanto da concorrência). (DIAS, 2006). Corazza (2003) ressalta que quando se trata de avaliar a influência da gestão ambiental sobre a orientação estratégica de uma organização, são determinantes o posicionamento dos responsáveis ambientais da gestão ambiental na estrutura hierárquica e o alcance de suas atribuições específicas. Faucheux et al. (1997, apud CORAZZA, 2003) identificam dois conjuntos de razões estratégicas que explicam a integração da gestão ambiental pelas empresas: as defensivas e as proativas. Quando se trata das estratégias defensivas, o meio ambiente é encarado como uma restrição suplementar às atividades da empresa. A integração da gestão ambiental corresponde apenas à internalização coercitiva dos custos externos. Entrar em conformidade com a regulamentação vigente é a tônica deste tipo de integração, que corresponde à situação da gestão ambiental nas empresas antes da década de 80. Quando se trata das estratégias proativas, o meio ambiente é encarado como elemento de competitividade extra-custos. A introdução da gestão ambiental nas empresas se faz com o objetivo inicial de prevenir o impacto ambiental e de antecipação com respeito à evolução da regulamentação – a que Godard (1993, apud CORAZZA, 2003) chamou de gestão antecipada de uma legitimidade contestável – e, a seguir, com a finalidade de prospecção e desenvolvimento de novas oportunidades de negócio – no sentido do que 83 Porter; Van Der Linde (1995, apud CORAZZA, 2003) consideram como a construção de uma competitividade assegurada pelos investimentos na área ambiental. Este tipo de estratégia corresponde à situação da gestão ambiental nas empresas que, como menciona-se, começa a se desenvolver paulatinamente a partir da década de 80. Segundo Dias (2006), o nível de competitividade de uma empresa depende de um conjunto de fatores, variados e complexos, que se interrelacionam e são mutuamente dependentes, tais como: custos, qualidade dos produtos e serviços, nível de controle de qualidade, capital humano, tecnologia e capacidade de inovação. Ainda de acordo com Dias (2006), ocorre que nos últimos anos a gestão ambiental tem adquirido cada vez mais uma posição destacada, em termos de competitividade, devido aos benefícios que traz ao processo produtivo como um todo e a alguns fatores em particular que são potencializados. Entre as vantagens competitivas da gestão ambiental, pode-se identificar as seguintes: a) com o cumprimento das exigências normativas, há melhora no desempenho ambiental de uma empresa, abrindo-se a possibilidade de maior inserção num mercado cada vez mais exigente em termos ecológicos, com a melhoria da imagem junto aos clientes e a comunidade; b) adotando um design do produto de acordo com as exigências ambientais, é possível torná-lo mais flexível do ponto de vista de instalação e operação, com um custo menor e uma vida útil maior; c) com a redução do consumo de recursos energéticos, ocorre a melhoria na gestão ambiental, com a consequente redução nos custos de produção; d) ao se reduzir ao mínimo a quantidade de material utilizado por produto, há redução dos custos de matéria-prima e do consumo de recursos; e) quando se utilizam materiais renováveis, empregando-se menos energia pela facilidade de reciclagem, melhora-se a imagem da organização; f) com a otimização das técnicas de produção, pode ocorrer melhoria na capacidade de inovação da empresa, redução das etapas de 84 processo produtivo, acelerando o tempo de entrega do produto e minimizando o impacto ambiental do processo; g) com a otimização do uso do espaço nos meios de transporte, há redução nesse tipo de gasto com a consequente diminuição do consumo de gasolina, o que diminui a quantidade de gases no meio ambiente. O grau de envolvimento da empresa com a questão ambiental variará em função da importância que a organização dá para a variável ecológica e sua decisão dependerá: do ambiente natural externo e próximo à unidade produtiva, dos recursos naturais de que necessita e do grau de contaminação ambiental que seu processo produtivo gera. Outros motivos que afetam o envolvimento da empresa com uma gestão ambiental mais efetiva são: a dificuldade de obtenção do investimento necessário para adaptação de seu processo produtivo, falta de conhecimento técnico-científico sobre a questão ambiental envolvida e o grau de compromisso do seu quadro de pessoal com a ética ambiental. Uma forma de classificar as diferentes estratégias adotadas pelas empresas diante da problemática ambiental e, principalmente, da legislação. (DIAS, 2006). 2.5.1 Estímulos para a adoção de métodos de gestão Conforme Tachizawa (2009), há diversas razões que podem incentivar uma empresa a adotar métodos de gestão ambiental; além dos interesses econômicos, obviamente, podem surgir de estímulos internos ou externos. 2.5.1.1 Estímulos internos Para Tachizawa (2009), entre os estímulos internos que motivam uma organização a se envolver mais concretamente com a implementação de técnicas de gestão ambiental, como parte de seu processo de desenvolvimento 85 e inovação de produtos, estão: a) a necessidade de redução de custos; b) incremento na qualidade do produto; c) melhoria da imagem do produto e da empresa; d) a necessidade de inovação; e) aumento da responsabilidade social; f) sensibilização do pessoal interno. Segundo Dias (2006), na necessidade de redução de custos pode-se dizer que os benefícios financeiros imediatos podem ser obtidos com a redução de aquisição de material por unidade produzida, utilizando-se mais eficientemente a energia, a água e os materiais auxiliares durante o processo produtivo. Em médio prazo se obtêm outros benefícios com a redução do desperdício e dos resíduos mais perigosos, o que implica um investimento futuro nos custos de manejo desses dejetos. Em relação ao incremento na qualidade do produto, Almeida (2007) comenta que em consequência da obtenção de alto nível na qualidade ambiental, ocorre elevação na qualidade do produto, relacionada a fatores tais como: funcionalidade, confiabilidade, durabilidade e maior facilidade para sua manutenção. Para Almeida (2007), a melhoria da imagem do produto e da empresa refere-se a um produto ambientalmente correto, desenvolvido por uma empresa de reconhecido mérito ambiental, tem uma imagem positiva junto aos consumidores. Essa imagem pode ser fortalecida, havendo possibilidades de associação com normas que agreguem um selo de qualidade ambiental ao produto. Segundo Dias (2006), a necessidade de inovação refere-se a uma empresa que tem necessidade de inovação por vários motivos, por exemplo: buscar diferenciação em relação aos seus concorrentes, ou para manter-se no mercado em condições de competitividade vantajosa. A modificação de um produto, através de sua embalagem, por exemplo, pode levar as modificações em todo o sistema, ou seja, na tecnologia empregada, no produto em si e no mercado. Pode chegar-se ao ponto em que, através do processo de inovação, o produto acesse mercados em que antes não teria nenhuma oportunidade. Em sua essência, portanto, a necessidade de 86 adoção da inovação em processos e produtos implica a adoção de técnicas de gestão ambiental. Um aspecto importante é que o Sistema de Gestão Ambiental incorpora de forma sistemática a inovação como componente fundamental e permanente da estrutura organizacional. Tachizawa (2009) ressalta que o aumento da responsabilidade social corresponde ao aumento da conscientização ambiental na sociedade, as diferentes camadas da população são afetadas de diversos modos. Aqueles que possuem postos de direção nas empresas, nos seus diversos níveis, sentem-se cada vez mais responsáveis junto à comunidade, pois compreende o papel das empresas na contaminação ambiental, o que reflete no seu cotidiano. O nível de responsabilidade social adquirido para a conservação do meio ambiente inclui a preocupação com a diversidade, com as necessidades das gerações futuras e com os efeitos do processo produtivo na comunidade local. Essa sensibilização do segmento gerencial tem levado a que cada vez mais essa camada social tome a iniciativa de implementar processos de implantação de Sistema de Gestão Ambiental. (TACHIZAWA, 2009). A sensibilização não ocorre somente no grupo de gerentes de uma empresa. Afetado da mesma forma pelas campanhas de mídia, ou por influência de amigos e parentes, o pessoal interno das empresas muitas vezes constitui uma opinião pública que influencia o quadro dirigente a adotar medidas corretivas ou proativas em relação ao meio ambiente, não só interno como também externo à organização. (TACHIZAWA, 2009). 2.5.1.2 Estímulos externos Segundo Almeida (2007), os estímulos externos envolvem: a) demanda do mercado; b) a concorrência; c) o poder público e a legislação ambiental; d) O meio sociocultural; e) As certificações ambientais; 87 f) Os fornecedores. Na demanda do mercado, Dias (2006) observa que há um crescente aumento das exigências ambientais por parte de clientes e consumidores finais, o que obriga as empresas a melhorar sua forma de atuar, modificando seus processos e produtos. Um exemplo claro desta situação é que muitas corporações não querem assumir os problemas ambientais de seus fornecedores e exigem que estes demonstrem claramente que seus processos internos e produtos não afetam o meio ambiente. Nestes termos, muitas pequenas e médias empresas disputam em condições melhores com seus concorrentes contratos das grandes empresas, quando possuem, por exemplo, o certificado ISO 14.000. De modo geral, quando um cliente é uma grande corporação, esta tem melhores condições de influenciar uma empresa do que um consumidor; o resultado é a formação de uma cadeia de fornecedores com orientação ambiental, constituindo uma cadeia produtiva ambientalmente correta. (DIAS, 2006). De acordo com Almeida (2007), a concorrência pode ser motivada pela introdução de métodos de gestão ambiental por parte das empresas. O posicionamento de uma empresa em relação aos seus concorrentes está cada vez mais relacionado com a adoção ou não de técnicas de gestão ambiental. O desempenho ambiental das empresas as posiciona melhor em relação aos concorrentes, ou ao menos não as impede de disputar mercado quando assume maior peso em outros fatores. Não é só a pressão dos clientes que torna uma empresa ambientalmente responsável, mas assume forte apelo e entendimento de que o meio ambiente pode se tornar importante ferramenta competitiva e de formação de Imagem. O poder público e a legislação ambiental aumentam em todo o mundo o papel de controle exercido pelos governos em relação a questões ambientais. Assim, as empresas, além de conhecer a legislação atual, devem ser capazes de prever a legislação futura de seus próprios países e daqueles para os quais exportam. Há crescente aumento de políticas e normas ambientais em relação aos produtos. (ALMEIDA, 2007). Em pesquisa realizada junto aos empresários brasileiros, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) constatou que a regulação ambiental 88 ainda é um dos fatores mais fortes para que as empresas adotem medidas gerenciais voltadas para a gestão ambiental. Conforme Dias (2006), atender ao regulamento ambiental (45,2%) e atender a exigências para licenciamento (37,8%) ocupa respectivamente o 1º e o 3º lugares nas preocupações dos empresários. A responsabilidade das empresas sobre seus produtos vai até o momento em que o consumidor descarta os produtos, como no caso das pilhas e baterias de celulares, ou seja, o produtor assume o compromisso de recuperação quando o material é descartado após o consumo. As políticas ambientais devem afetar consideravelmente os custos energéticos (combustíveis e eletricidade) que nos próximos anos deverão se elevar. Os métodos de produção com uso intensivo de energia deverão ser os mais afetados, e deverá sofrer forte impacto que deverá afetar as decisões tomadas pelas empresas e as preferências dos consumidores. (DIAS, 2006). Em relação ao meio sociocultural, pode se dizer que a parte mais significativa da pressão exercida pelo meio social é efetuada pelos consumidores e a sociedade como um todo, colocando exigências sobre os produtos e os processos de produção. No entanto, as pessoas que integram as organizações são também questionadas, através de suas relações sociais, sobre as responsabilidades que assume a empresa com respeito ao meio ambiente. (DIAS, 2006). Na pesquisa da CNI junto aos empresários brasileiros, melhorar a imagem perante a sociedade (16%) e atender ao consumidor com preocupações ambientais (15%) ocuparam, respectivamente, a 4ª e a 5ª posições na preocupação dos empresários. (DIAS, 2006). Os processos produtivos antes conhecidos por alguns dentro das empresas, sob certos aspectos, popularizam-se através dos meios de comunicação de massa e do acesso à Internet, fazendo com que em pouco tempo percam a credibilidade as declarações superficiais que têm como objetivo somente um melhor posicionamento no mercado, sem alterações significativas nos processos e produtos. (DIAS, 2006). Nas sociedades, de modo geral, cresce a cultura de que a qualidade de vida é um valor essencial do ser humano, e isto inclui um relacionamento harmonioso com a natureza. Em muitas regiões, recém-incorporadas ao 89 mercado global, às populações têm uma relação com a natureza que a industrialização e o consumo de massa não modificaram. Estas são bastante sensíveis à propaganda enganosa, e devido à facilidade propiciada pelos meios de comunicação, podem transformar-se em focos de resistência a produtos, e se tornarão símbolos de resistência à irresponsabilidade ambiental, que marcará de forma profunda as corporações envolvidas. (TACHIZAWA, 2009). Em relação às certificações ambientais, Seiffert (2008) salienta que em muitos casos, as certificações, que se evidenciam em selos de qualidade ambiental, têm se tornado um estímulo externo de peso para as empresas. Clientes dos países desenvolvidos exigem em muitos casos uma certificação reconhecida internacionalmente, como a norma ISO 14000, para alguns produtos. Segundo Seiffert (2008), os Sistemas de Gestão Ambiental constituem processos sob os quais, de forma sistemática e planejada, se controlam e minimizam os impactos ambientais negativos de uma organização. Para se obter a certificação de um modelo de gestão ambiental, como, por exemplo, a série ISO 14000, a empresa deve implementar ferramentas para monitorar atividades, produtos ou serviços que podem interagir com o meio ambiente; e desenvolver programas ambientais que promovam redução ou eliminação do impacto eventualmente produzido. Os chamados selos ecológicos se referem à identificação dos produtos por meio de um selo ou etiqueta, emitidos por entidades, organizações comerciais ou não governamentais, reconhecendo que o produto cumpriu determinados padrões ambientais previamente estabelecidos, segundo Dias (2006). A adesão aos selos verdes é voluntária; eles estão mais estabelecidos nos países onde os consumidores têm maior consciência ecológica. Um dos primeiros foi o selo alemão Blue Angel, que foi introduzido em 1977. O selo canadense Ecologic Choice de 1988 é um dos mais rigorosos. (DIAS, 2006). O Japão criou um selo em 1989, o Eco-Mark, que é concedido pela Associação Japonesa do Meio Ambiente. Nos EUA, há os selos ecológicos Green Cross e Green Seal, que são apoiados por ONGs ambientais (Quadro 3). 90 País Selo Ano de início Comunidade Européia Ecolabel 1992 Suécia Environmental Choice 1990 Suécia Nordic Swan 1986 Canadá Ecological Choice 1988 Alemanha BlueAngel 1977 EUA Green Seal 1990 Japão Eco-Mark 1989 França NF Environment 1989 Fonte: Epelbaum (2004, apud DIAS, 2006, p. 56) Quadro 3: Principais selos ecológicos mundiais Os fornecedores influenciam a conduta das empresas de diversos modos, por exemplo, ao introduzirem novos materiais e processos, que contribuem para diminuir ameaças ao meio ambiente e que são adotados pelas grandes corporações. Os fornecedores que apresentam iniciativas deste tipo podem converter-se em aliados promotores da inovação dos produtos, provocando ao mesmo tempo a atualização tecnológica, que trará benefícios tanto financeiros como ambientais. (DIAS, 2006). 2.6 Normas ambientais e ISO-14000 Com base no ISO/IEC Guide 2 (2004, apud SORATTO et al., 2006), a certificação deve ser entendida como o modo pelo qual uma terceira parte, independente, provê garantia escrita de que um determinado sistema de gestão está em conformidade com os requisitos, que geralmente são especificados em normas de referência. Esse conceito justifica a importância da normalização para a certificação de sistemas de gestão, no âmbito do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade - SBAC. No Brasil, a certificação de sistemas de gestão normalizados é concedida por Organismos Certificadores, cuja competência técnica é 91 reconhecida pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), que por sua vez é o gestor do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade - SBAC (INMETRO, 2004). Vários são os tipos sistemas de gestão organizacionais e muitas são as normas, nacionais e internacionais, utilizadas como referência em processos de implementação e de certificação desses sistemas. Entretanto, ao se realizar uma análise histórica percebe-se, conforme mostra a Figura 19, uma clara tendência na evolução e disseminação dos sistemas de gestão. Questões como sustentabilidade e responsabilidade social passam a receber mais atenção, principalmente de organizações mais competitivas. Fonte: Adaptado de Soratto et al. (2006, p. 145) Figura 19: Evolução dos sistemas de gestão normalizados De acordo com Seiffert (2008), acompanhando essa tendência, algumas normas conquistaram seu espaço, especificando diretrizes para a gestão da responsabilidade social nas organizações. A norma internacional mais conhecida, atualmente, é a SA 8000, publicada em 1997 pela entidade americana Social Accountability International. Seu foco está na responsabilidade das organizações para com as relações com seus trabalhadores, com base nos direitos humanos postulados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). (SEIFFERT, 2008). Outra norma muito conhecida é a AA 1000, cuja primeira versão foi introduzida em 1999 pela entidade britânica Institute of Social and Ethical AccountAbility. Essa norma não é certificável e busca o comprometimento das organizações para com as partes interessadas, vinculando as questões sociais 92 e éticas à gestão estratégica e às operações da empresa. (SEIFFERT, 2008). A elaboração de normas para a gestão da responsabilidade social é uma tarefa complexa, pois envolve questões como ética e cultura, o que dificulta a obtenção do consenso dos requisitos, principalmente, em nível internacional. (SEIFFERT, 2008). Essa dificuldade vem sendo encontrada pela International Organization for Standardization (ISO) na elaboração da norma internacional ISO 26000, que propõe o estabelecimento de diretrizes para a responsabilidade social nas organizações dos países membros. Após três anos de estudo, a ISO optou por elaborar uma espécie de guia de referência para orientar as nações que desejam elaborar norma de SGRS. (SEIFFERT, 2008). Ante aos esforços de normalizar SGRS, em todo o mundo, surge a ABNT NBR 16001:2004 com o potencial de alavancar a sistematização da gestão da responsabilidade social nas organizações brasileiras e possibilitar a certificação no âmbito do SBAC. (SEIFFERT, 2008). A certificação desse tipo de sistema no SBAC, segue o Regulamento de Avaliação da Conformidade – RAC, elaborado pelo Inmetro e aprovado em fevereiro de 2006. Nesse documento estão estabelecidos os critérios do Programa de Avaliação da Conformidade de SGRS, com base na ABNT NBR 16001:2004. (SEIFFERT, 2008). De acordo com o RAC (apud SEIFFERT, 2008), o processo de certificação desse tipo de sistema de gestão deve contemplar, diferentemente da avaliação dos demais tipos de sistemas de gestão, a auditoria em duas fases: a) Auditoria fase 1: tem início com a análise crítica, pelo Organismo Certificador, da solicitação da certificação, compreendendo a análise da documentação (manual, procedimentos e instruções), a consulta prévia e divulgação às partes interessadas; b) Auditoria fase 2: compreende a auditoria do Sistema de Gestão da Responsabilidade Social (SGRS) nas instalações da organização com entrevistas com a força de trabalho da mesma para verificar o atendimento aos requisitos da norma ABNT NBR 16001 (2004). É na fase 2 da auditoria que se encontram as dificuldades potenciais para os auditores, no que diz respeito ao trabalho de constatação da 93 conformidade do sistema de gestão A ABNT NBR 16001 estabelece uma estrutura de requisitos relativos à sistema da gestão da responsabilidade social, fundamentados na promoção da cidadania, no desenvolvimento sustentável (econômico, ambiental e social) e na transparência das atividades das organizações. (SEIFFERT, 2008). Partindo da abordagem de processos, a norma utiliza a metodologia PDCA (Plan, Do, Check, Act), conforme mostra a Figura 20, buscando facilidade para seu entendimento e aplicabilidade. (SEIFFERT, 2008). Fonte: ABNT NBR 16001 (2004) Figura 20: Modelo do sistema de gestão da responsabilidade social Tanto sua estrutura, quanto parte do seu conteúdo se assemelham à NBR ISO 14001 o que lhe confere a característica de flexibilidade, no que diz respeito a sua integração aos demais sistemas de gestão, como o da qualidade e o ambiental. (SEIFFERT, 2008). Um dos grandes diferenciais da ABNT NBR 16001 está no item planejamento, que contraditoriamente pode ser considerado o ponto mais crítico da norma. No item 3.3.3, a norma menciona, de modo superficial, os objetivos, metas e programas que a organização deve contemplar na área de responsabilidade social, ressaltando que estes devem ser documentados, 94 implementados e mantidos, tanto na organização, quanto em relação às partes interessadas. (SEIFFERT, 2008). Segundo Tachizawa (2009), os objetivos e metas devem ser quantificados sempre que exequível e compatíveis com a política da responsabilidade social, contemplando ações vinculadas às seguintes temáticas: a) boas práticas de governança; b) combate a pirataria, sonegação, fraude e corrupção; c) práticas leais de concorrência; d) direitos da criança e do adolescente, incluindo o combate ao trabalho infantil; e) direitos do trabalho, incluindo o de livre associação, de negociação; f) a remuneração justa e benefícios básicos, bem como o combate ao trabalho forçado; g) a promoção da diversidade e combate à discriminação (por exemplo: cultural, de gênero, de raça/etnia, idade, pessoa com deficiência); h) promoção da saúde e segurança; i) promoção de padrões sustentáveis de desenvolvimento, produção, distribuição e consumo, contemplando fornecedores, prestadores de serviço, entre outros; j) proteção ao meio ambiente e aos direito das gerações futuras; e, k) ações sociais de interesse público. Essas temáticas são propostas pela norma sem suficiente contextualização,dando margem à livre interpretação e à identificação de outros temas pertinentes, o que, aliás, é textualmente recomendando, conforme Tachizawa (2009). A partir da definição de governança que consta da norma, as boas práticas de governança estão vinculadas ao modo como as organizações são dirigidas e controladas, implicando no relacionamento entre acionistas e cotistas, na existência dos conselhos fiscal e de administração, bem como na prática da auditoria independente. As boas práticas de governança devem permitir que proprietários, acionistas e cotistas tenham perfeita visibilidade da organização, considerando a prestação de contas, equidade e transparência. (TACHIZAWA, 2009). 95 O combate à pirataria, sonegação, fraude e corrupção é uma temática bem objetiva para as organizações, entretanto é, sem dúvida, a de maior dificuldade para a constatação dos auditores. (DIAS, 2006). Pressupõe que para combater esses crimes é necessário primeiramente que as organizações não os pratique. A auditoria pode verificar o licenciamento de softwares e outras mídias, a conscientização dos colaboradores, a ocorrência de denúncias e o histórico de problemas relacionados à sonegação, fraude e corrupção. (DIAS, 2006). O culto a práticas leais de concorrência remete aos princípios da organização no que tange à prática de preços e concorrência. O auditor pode verificar estas práticas e se ocorreram denúncias no Conselho de Administração de Defesa Econômica (CADE). (DIAS, 2006). Os direitos da criança e do adolescente, incluindo o combate ao trabalho infantil, pode ser demonstrado pela organização também por meio de: incentivo a adoção da mesma prática pelos fornecedores e outras partes interessadas, emprego de menores entre 14 e 16 anos como aprendizes e destinação de um percentual do imposto de renda devido aos fundos geridos pelos conselhos dos direitos da criança e do adolescente. (DIAS, 2006). Os direitos do trabalhador, incluindo o de livre associação, de negociação, a remuneração justa e benefícios básicos, bem como o combate ao trabalho forçado estão relacionados, respectivamente, ao cumprimento da legislação vigente a respeito do trabalho de menores, à manutenção dos benefícios garantidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, ao estímulo a livre associação, à remuneração justa e à inexistência de trabalho forçado. Evidenciar o cumprimento dessas leis vai exigir um razoável conhecimento do direito e habilidade na condução de entrevistas. (SEIFFERT, 2008). A promoção da diversidade e combate à discriminação se traduz no respeito ao indivíduo e na valorização da diversidade que está na consideração às diferenças (cultura, gênero, raça/etnia, idade, necessidades especiais), no exercício da tolerância e nas relações de parceria, que tenham como base a ética e a valorização do bem comum. O estabelecimento de estratégias de recrutamento e promoção, indicadores que demonstrem qual a real situação do quadro funcional da empresa, oferecer salários idênticos entre homens e 96 mulheres, negros e brancos para uma mesma função e outras ações que demonstrem equidade devem ser consideradas. (DIAS, 2006). O compromisso com o desenvolvimento profissional deve ser estendido aos diversos níveis hierárquicos da organização com a instituição de programas focados na erradicação do analfabetismo, educação básica ou ensino supletivo, especialização de técnicos e profissionais graduados e estímulo a evolução profissional de aprendizes e estagiários. (DIAS, 2006). A promoção da saúde e segurança está vinculada ao cumprimento das obrigações legais vigentes e à adesão à programas que objetivem melhorar a saúde dos trabalhares. Neste tema, patamares superiores para a gestão da saúde e segurança organizacional podem ser alcançados com a certificação pela BS 8800 e OHSAS 18001, por exemplo. (SEIFFERT, 2008). A promoção de padrões sustentáveis de desenvolvimento, produção, distribuição e consumo, contemplando fornecedores, prestadores de serviço enfoca a perspectiva do desenvolvimento sustentável que pressupõe a sustentabilidade como um processo dinâmico e que deve ser analisado a partir de uma visão sistêmica dos fenômenos que o envolvem. Essa visão, deve contemplar não apenas ações da organização relacionadas ao produto ou serviço ofertado, tais como produção, distribuição e consumo, mas também o agir no desenvolvimento de seus fornecedores e prestadores de serviço, através de transferência de conhecimento técnico e valores éticos. (DIAS, 2006). A proteção ao meio ambiente e aos direitos das gerações futuras segue os mesmos postulados da sustentabilidade, exigindo que a organização demonstre seu comprometimento com o meio ambiente, entre outros, pela adesão a certificações com base em norma ambiental e promoção campanhas educativas, inclusive sobre os impactos gerados a partir de suas atividades. (SEIFFERT, 2008). A organização pode desenvolver campanhas periódicas de redução de consumo de energia e de água e reciclagem de materiais ou desenvolver fóruns e debates internos sobre preservação ambiental, coleta seletiva e reciclagem de resíduos ou sobre os impactos ambientais causados por seus produtos ou serviços. As ações podem contemplar um programa de gerenciamento de resíduos, informações no produto sobre seu destino final, 97 não utilização de materiais e insumos provenientes de exploração ilegal, contribuição para a preservação da biodiversidade e conservação de áreas protegidas e outros. (SEIFFERT, 2008). E, por fim, as ações sociais de interesse público que podem ser direcionadas, tanto à comunidade de entorno, quanto a áreas mais abrangentes. Investimentos no desenvolvimento sócio-econômico da comunidade, geração de emprego e renda, construção de áreas comuns (parques, praças, centros comunitários) e estímulo à prática do serviço voluntário pelos funcionários, estão entre as ações possíveis. (SEIFFERT, 2008). O esforço de interpretar esses requisitos, só acentua a dificuldade de evidenciá-los nas auditorias de certificação, demonstrando que essa tarefa vai exigir um nível de competência das equipes auditoras, de forma a atender a ABNT NBR 16002:2005, principalmente no que diz respeito à compreensão da interação das relações, processos e produtos da organização auditada com o meio ambiente, contexto econômico e contexto social, tendo como referência as temáticas aqui discutidas. (SEIFFERT, 2008). A que se considerar, ainda, que a falta de detalhamento, na norma, das temáticas acima comentadas, tende não apenas a dificultar o processo de auditoria de certificação, mas a aumentar a responsabilidade do auditor no julgamento de requisitos menos qualificáveis, intangíveis e até certo ponto subjetivos. (DIAS, 2006). Essa situação pode dar margem a proliferação de critérios diferenciados entre os auditores no momento de se evidenciar a conformidade ou, o que é pior, diante da necessidade de se caracterizar uma não-conformidade. A variabilidade oriunda da interpretação dos requisitos da norma pode influenciar significativamente na consistência dos serviços de certificação oferecidos pelos diversos organismos de certificação. Associa-se a essas dificuldades o fato da norma ressaltar que duas organizações que desenvolvam atividades similares, mas que apresentem níveis diferentes de desempenho de responsabilidade social, podem, ambas, atender aos seus requisitos. Entende-se que, mesmo que a ABNT NBR 16001 não se proponha a prescrever critérios de desempenho e que o Regulamento da Avaliação da Conformidade não faça menção a esses critérios, faz-se 98 necessário o estabelecimento de diretrizes mais específicas para o atendimento de cada uma das temáticas comentadas, objetivando orientar as organizações e os auditores e minimizar conflitos indesejáveis, bem como discrepâncias no processo de concessão da certificação. (SEIFFERT, 2008). 2.7 A importância da sustentabilidade na empresa Martins (2006) observa que a penetração do conceito de desenvolvimento sustentável no meio empresarial tem se pautado mais como um modo de empresas assumirem formas de gestão mais eficientes, como práticas identificadas com o eco-eficiência e a produção mais limpa, do que uma elevação do nível de consciência do empresariado em tomo de uma perspectiva de um desenvolvimento econômico mais sustentável. Embora haja um crescimento perceptível da mobilização em torno da sustentabilidade, ela ainda está mais focada no ambiente interno das organizações, voltada prioritariamente para processos e produtos. Os empresários atualmente não vêem as questões ambientais como privilégios de poucos com sobras de caixa ou interesses de ecologistas. A preocupação com o meio ambiente, principalmente depois da década de 70, passou a ser vista como investimento rentável se tratada de forma adequada, ou seja, quando este investe nas melhores práticas de produção, sem agredir o meio ambiente e reduz ou reutiliza, cada vez mais, os resíduos industriais. (ANDREOLA, 2008). Andreola (2008) ainda salienta que é constante a preocupação dos empresários de sucesso com o meio ambiente, não sendo diferente em relação aos bancos financiadores. Isso porque emprestar recursos financeiros a empreendedores que demonstram efetiva preocupação com o meio ambiente representa uma parceria de sucesso duradouro, na medida em que se percebe que a mudança comportamental dos fornecedores, clientes e consumidores passou a exigir atitudes conscientes dos empresários em relação à natureza. Na concessão de créditos e financiamentos, alguns elementos são decisivos como: risco ambiental e desenvolvimento de novas tecnologias. 99 Trata-se de compartilhar a responsabilidade ambiental, tarefa de todos os segmentos da sociedade, aí incluso o setor produtivo. (JESUS et al., 1997). A comunidade confere os novos produtos lançados no mercado para verificar se eles não representam nenhuma agressão ao meio ambiente. Essa preocupação, segundo Grizzi et al. (2003), já representa um dos melhores argumentos de venda dos novos produtos lançados no mercado, já que consumidores passaram a exigir das empresas a variável ambiental na fabricação de seus produtos. Os consumidores atuais preferem produtos de empresas que demonstrem de forma efetiva que não estão agredindo o meio ambiente e estão investindo na sua regeneração ou manutenção. Além da valorização da imagem, as empresas ambientalmente conscientes verificam, no mercado acionário, que sua empresa vale mais, pois a procura dos investidores é maior quando se trata de empresas que atuam de forma adequada com relação ao meio ambiente. E, quanto maior for a procura pelas ações patrimoniais dessa companhia, maior será seu valor de mercado. (GRIZZI et al., 2003). É uma dimensão pautada nos aspectos debatidos pela visão econômica clássica em que a empresa deve ser um empreendimento viável, ou seja, a sustentabilidade não menospreza a necessidade da organização ser rentável e remunerar o capital privado investido. Essa é a condição, segundo Dias (2006), para que ela possa desenvolver a sua dimensão social gerando emprego, oportunidades para minorias e projetos sociais para a sociedade. Outra preocupação atual das empresas, observada por Andreola (2008), refere-se à certificação ambiental que remetem a estas a se submetem aos respectivos processos de auditoria ambiental e auditoria dos sistemas de gestão ambiental (SGA). As empresas a cada dia adotam as práticas de gestão ambiental, como forma de competir com seus concorrentes num mercado cada vez mais exigente e porque o consumidor atual está preferindo os produtos das empresas que investem no meio ambiente ou deixaram de agredi-lo (DIAS, 2006, p. 168) No Brasil, segundo Dias (2006), as práticas de gestão ambiental nas empresas podem ser certificadas pela ISO 14000 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através de entidades credenciadas e visam às organizações que atenderem a todos os respectivos requisitos (NBR ISO 100 14001:1996) e desejarem: implementar, manter e aprimorar um sistema de gestão ambiental; assegurar-se de sua conformidade com sua Política Ambiental definida; demonstrar tal conformidade a terceiros; buscar certificações/registro do seu Sistema de Gestão Ambiental por uma organização externa e realizar uma auto-avaliação e emitir autodeclaração de conformidade com esta Norma. A certificação ambiental, segundo Andreola (2008), é um reconhecimento de que determinada empresa cumpriu todos os requisitos exigidos para sua obtenção. No entanto, os empresários devem atentar para o fato de que não basta atingir, em determinado momento, o reconhecimento através da ISO 14000. É necessário atentar para a melhoria contínua, pois, em questão ambiental, a evolução é constante. Para a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental na empresa, primeiramente deve-se analisar as condições em que se encontra a empresa e seu processo produtivo frente ao que prevê a legislação vigente e as expectativas do mercado consumidor e da concorrência. A utilização da gestão ambiental, como diferencial de mercado é assim explicada por Andrade; Chiuvite: Existe uma tendência natural das empresas em abandonar uma postura ―reativa‖ quanto às questões ambientais e passarem a assumir uma posição pró-ativa na sociedade, encabeçando, inclusive, iniciativas focadas na sustentabilidade ambiental. Evidente que não se trata de um surto repentino de consciência ambiental dos dirigentes do setor produtivo do país. Trata-se de uma briga de mercado. (ANDRADE; CHIUVITE, 2004, p. 77) O conceito de responsabilidade social empresarial é um produto do século XX e das corporações modernas que, segundo Ashley et al. (2005), nasce com forte conotação normativa e cercada de debates filosóficos sobre o dever das corporações de promover o desenvolvimento social. Diante dele formaram-se duas correntes: uma contra e outra a favor a responsabilidade social das empresas. A pratica de ações socialmente responsáveis pelas empresas garantem ganhos de reputação – reconhecimento e legitimação da empresa. Contudo, a relação com retornos financeiros (razão instrumental) é inconclusiva, até porque ações ambientais, entre outras, não tem ligações facilmente mensuráveis com o negócio da empresa (MACHADO FILHO, 2006). 101 Portanto, segundo Moura; Leal: Independente da racionalidade subjacente, se ética ou instrumental, ações de responsabilidade social alteram os paradigmas de negócios tradicionais ao integrar valores altruístas de solidariedade, reciprocidade e amor ao próximo dentro da gestão empresarial. Mas, ainda assim é preciso definir: qual o significado de responsabilidade social empresarial e em que medida esse construto teórico se corelaciona com a perspectiva do desenvolvimento sustentável. (MOURA; LEAL, 2007, p. 7). 2.8 Indicadores O desenvolvimento sustentável emerge hoje como o mais importante desafio global. Neste cenário, o sucesso das organizações depende de uma nova forma de pensar e de um novo modo de gerir, uma vez que os resultados econômicos estão cada vez mais atrelados aos impactos ambientais e sociais causados por suas decisões e ações (WEINGRILL; HEFFERNAN, 2009). Em resposta ao anseio mundial de responsabilidade social, surgem os índices de sustentabilidade empresarial no mercado financeiro. O primeiro deles foi o Sustainability Index, lançado em 1999 pela Dow Jones, empresa americana dedicada a informações sobre negócios. Funciona como uma ferramenta para investidores que busquem empresas ao mesmo tempo lucrativas e eficientes na integração dos fatores econômicos, ambientais e sociais nas estratégias de seus negócios (ETHOS, 2009). Segundo Itacarambi (2008), os indicadores de avaliação têm o desafio de avaliar o comportamento da empresa e a contribuição da mesma para o desenvolvimento sustentável da sociedade, além de medir o desempenho de uma política voltada à sustentabilidade. Os indicadores de avaliação no Brasil são: a) Indicadores Ethos; b) ISE; c) GRI; d) Balanço Ibase; e) Escala Akatu. Itacarambi (2008) apresenta o seguinte modelo PDCA para os 102 indicadores de avaliação nas empresas (Figura 21). Fonte: Itacarambi (2008, p. 69) Figura 21: Gestão da empresa Idealizado por Shewhart e mais tarde aplicado por Deming, o Ciclo PDCA compõe o conjunto de ações em sequência dada pela ordem estabelecida pelas letras que compõem a sigla: P (plan: planejar), D (do: fazer, executar), C (check: verificar, controlar), e finalmente o A (act: agir, atuar corretivamente) sob o conceito de uma organização qualquer, encarregada de atingir um determinado objetivo, necessita planejar e controlar as atividades a ela relacionadas (SOUSA, 2006). 2.8.1 Indicadores Ethos Os Indicadores Ethos têm por missão de sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornandoas parceiras na construção de uma sociedade mais próspera e justa (ITACARAMBI, 2008). Os Indicadores Ethos propicia a auto-avaliação da cultura de gestão da empresa quanto à incorporação da responsabilidade social corporativa. Os funcionários avaliam a qualidade do relacionamento da empresa com as diferentes partes interessadas e são voltados para a própria gestão da 103 empresa, de forma que possibilite o processo de planejamento e implementação de políticas e ações. Fonte: Itacarambi (2008, p. 70) Figura 22: Indicadores Ethos 2.8.2 Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) O índice é uma análise comparativa da performance das empresas listadas na Bovespa e selecionadas sob o aspecto da sustentabilidade As empresas listadas na Bovespa e que desejam participar do ISE respondem a um questionário cuja classificação as incluirá ou não no Índice. O Índice é voltado para investidores que procuram empresas socialmente responsáveis, sustentáveis e rentáveis para aplicar seus recursos. Mostra a carteira de empresas do ISE está disponível no mesmo formato dos outros índices da Bovespa. 104 Fonte: Itacarambi (2008) Figura 23: Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) 2.8.3 Global Reporting Initiative (GRI) A Global Reporting Initiative (GRI) é uma rede internacional que elaborou o modelo para relatórios de sustentabilidade mais usado no mundo atualmente. As Figuras 24 e 25 mostram respectivamente os princípios e critérios do GRI e os três 3 tipos de selos para todos os níveis. Fonte: Itacarambi (2008) Figura 24: Princípios e critérios do GRI 105 Fonte: Itacarambi (2008) Figura 25: Três tipos de selos para todos os níveis 2.8.4 Balanço Social Ibase O Balanço Social Ibase avalia a contribuição social da empresa através da distribuição dos seus gastos em aspectos sociais, ambientais e de cidadania empresarial. A Figura 26 mostra o modelo do Balanço Social Ibase. (IBASE, 2009). A empresa divulga, por meio de uma planilha padrão, informações sobre seu quadro funcional e seus gastos e investimentos sociais internos e externos, para os públicos de interesse da empresa e à sociedade em geral. (IBASE, 2009). O Ibase fornece o Selo Balanço Social/Betinho para as empresas que divulgam todas as informações requeridas, Os itens do Balanço Social Ibase são: a) base de calculo; b) indicadores sociais internos; c) indicadores sociais externos; d) indicadores ambientais; e) indicadores de corpo funcional; f) informações relevantes empresarial. (IBASE, 2009). quanto ao exercício da cidadania 106 Fonte: Chesf (2009) Figura 26: Balanço Social Ibase 2.8.5 Escala Akatu A Escala Akatu é um instrumento para auxiliar o consumidor na avaliação de empresas conforme seu grau de responsabilidade social corporativa. A escala é preenchida de forma automática e baseada nas declarações das empresas que se propõem a participar da iniciativa. As informações são ponderadas por critérios objetivos e uniformes (iguais para todas as empresas de determinado perfil). É desenvolvida para clientes e consumidores das empresas e mostra as respostas das empresas ao questionário da Escala ficam disponíveis no site do Akatu para consulta dos consumidores. 107 Fonte: Instituto Akatu (2009) Figura 27: Escala Akatu 2.8.6 Iniciativas Internacionais 2.8.6.1 Metas do Milênio O Projeto do Milênio foi especialmente constituído pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, em 2002, para desenvolver um plano de ação concreta para que o mundo reverta o quadro de pobreza, fome e doenças opressivas que afetam bilhões de pessoas. O Plano Global propõe soluções diretas para que os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio sejam alcançados até 2015. O Plano Global do Projeto do Milênio apresenta recomendações para que isso seja feito tanto em países pobres quanto em países ricos. (MILLENNIUM PROJECT, 2005). O Projeto tem trabalhado com países em desenvolvimento, ajudando a identificar: quantas mães necessitam de acesso a clínicas médicas, quantas 108 crianças necessitam de imunização, quantos professores devem existir em cada distrito, quantas bombas de água devem ser instaladas, entre outros, para que cada país entre nos eixos para 2015. (MILLENNIUM PROJECT, 2005). As forças tarefas envolvem: fome, educação, igualdade de gênero, saúde infantil e saúde materna, acesso a medicamentos essenciais, malária, tuberculose, meio ambiente, água, moradores de assentamentos precários, comércio e ciência, tecnologia e inovação (MILLENNIUM PROJECT, 2005). De acordo com o Millennium Project (2005) são 8 as metas do Milênio: a) meta 1: erradicar a pobreza extrema e a fome; b) meta 21: atingir o ensino básico universal; c) meta 3: promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres; d) meta 4: reduzir a mortalidade infantil; e) meta 5: melhorar a saúde materna; f) meta 6: combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças; g) meta 7: garantir a sustentabilidade ambiental; h) meta 8: estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento. Fonte: Itacarambi (2008) Figura 28: Metas do Milênio 109 2.8.6.2 Pacto Global O Pacto Global é uma iniciativa proposta pela Organização das Nações Unidas para encorajar empresas a adotar políticas de responsabilidade social corporativa e sustentabilidade. (PACTO GLOBAL, 2008). A idéia da criação do Pacto Global considerou que atualmente as empresas são protagonistas fundamentais no desenvolvimento social das nações e devem agir com responsabilidade na sociedade com a qual interagem. Na medida em que se envolvem nesse compromisso, contribuem para criar uma sociedade mais justa e compreendem mais profundamente as oportunidades existentes num contexto social complexo e dinâmico. (PACTO GLOBAL, 2008). Fonte: Pacto Global (2008) Figura 29: Pacto Global no Mundo O Pacto Global é um instrumento de livre adesão pelas empresas, sindicatos e organizações da sociedade civil. A entidade que adere ao pacto assume voluntariamente o compromisso de implantar os dez princípios em suas atividades cotidianas e prestar contas à sociedade, com publicidade e transparência, dos progressos que está realizando no processo de implantação 110 dos princípios mediante Comunicações de Progresso (COP). Essas comunicações devem ser feitas com o envio anual de um relatório elaborado pelas empresas. A adesão ao pacto ocorre com o preenchimento de uma carta de adesão que deve ser assinada pelo principal executivo da organização e, então, enviada ao secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. (PACTO GLOBAL, 2008). O Pacto Global possui dez princípios que o fundamentam, sendo que nove foram estabelecidos na sua criação e um incluído posteriormente. Eles se derivaram de algumas declarações, são elas: Declaração Universal de Direitos Humanos, Declaração da Organização Internacional do Trabalho sobre Princípios e Direitos Fundamentais do Trabalho, Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e, também, Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção. (PACTO GLOBAL, 2008). Fonte: Pacto Global (2008) Figura 30: Pacto Global no Brasil O Pacto Global vem para incentivar o alinhamento das políticas e práticas empresariais com os valores e fins internacionalmente acordados. 111 Assim, seus princípios reproduzem tais objetivos condizentes a direitos humanos, direitos do trabalho, proteção ambiental e combate à corrupção. (PACTO GLOBAL, 2008). O Pacto Global no Brasil, por meio de seu Comitê, definiu alguns dos pontos a serem alcançados. São eles a massificação de seus princípios no país, ampliar a adesão de empresas e organizações brasileiras, apoio às empresas para a implementação de tais princípios, incentivo à troca de experiências e aprendizados, articular internacionalmente com as demais redes do Pacto global, bem como com o escritório em Nova York, promover o vínculo entre os princípios do PG e os objetivos do desenvolvimento do milênio e, por fim, assessorar o presidente do Comitê Brasileiro do Pacto Global (CBPG). (PACTO GLOBAL, 2008). 2.8.6.3 FSC O Conselho Brasileiro de Manejo Florestal (FSC Brasil) é uma organização não-governamental, independente e sem fins lucrativos, reconhecida como uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) e com cadastro no CNEA (Cadastro Nacional de Entidades Ambientalistas). A missão do Conselho Brasileiro de Manejo Florestal é difundir e facilitar o bom manejo das florestas brasileiras conforme Princípios e Critérios que conciliam as salvaguardas ecológicas com os benefícios sociais e a viabilidade econômica. (FSC, 2009). A certificação é um processo voluntário em que é realizada uma avaliação de um empreendimento florestal, por uma organização independente, a certificadora, e verificado os cumprimentos de questões ambientais, econômicas e sociais que fazem parte dos Princípios e Critérios do FSC. (FSC, 2009). O processo pode ser resumido em macro etapas: a) contato inicial - a operação florestal entra em contato com a certificadora; 112 b) avaliação - consiste em uma análise geral do manejo, da documentação e da avaliação de campo. o seu objetivo é preparar a operação para receber a certificação. nessa fase são realizadas as consultas públicas, quando os grupos de interesse podem se manifestar; c) adequação - após a avaliação, a operação florestal dve adequar as não confirmidades (quando houver); d) certificação da operação - a operação florestal recebe a certificação. nessa etapa, a certificadora elabora e disponibiliza um resumo público; e) monitoramento anual - após a certificação é realizado pelo menos um monitoramento da operação ao ano. (FSC, 2009). O processo da certificação é conduzida pela certificadora. O Conselho Brasileiro de Manejo Florestal não emite certificado. Cabe às certificadoras avaliar operações de manejo florestal ou de cadeias de custódia para conceder o uso do selo FSC nos produtos, e auditar operações certificadas, seja de manejo florestal ou de cadeia de custódia. Também cabe à certificadora precificar e cobrar por este serviço. (FSC, 2009). O FSC Internacional (FSC IC) estabelece regras para o credenciamento das certificadoras que serão as responsáveis pela liberação do selo FSC. Para garantir a credibilidade e acompanhar a evolução da certificação no mundo, as certificadoras são monitoradas constantemente pelo FSC IC. (FSC, 2009). No Brasil existem atualmente cinco certificadoras credenciadas pelo FSC IC. Estas certificadoras estão autorizadas a avaliar as unidades de manejo florestal - empresariais ou comunitárias - e as indústrias processadoras cadeia de custódia – e permitir o uso da logomarca do FSC. (FSC, 2009). 113 CAPÍTULO III A PESQUISA 3 INTRODUÇÃO As questões acerca da sustentabilidade têm sido amplamente utilizadas pelas empresas como diferencial competitivo e pela consciência ambiental que levam-nas à obtenção do lucro com a manutenção e melhorias do meio ambiente, com vistas a qualidade de vida das futuras gerações. A fim de demonstrar a importância das práticas ambientais e verificar o resultado das ações de sustentabilidade adotadas no processo produtivo do papelão ondulado na Klabin S/A visando a contribuição com a responsabilidade ambiental. Foi realizada uma pesquisa de campo na Klabin S/A, unidade de Jundiaí (SP), no período de fevereiro a outubro de 2009. Foram utilizados os seguintes métodos para realização da pesquisa: a) Estudo de caso na Klabin - divisão papelão ondulado, Jundiaí (SP) no período de fevereiro a outubro de 2009 analisando as ações de sustentabilidade e responsabilidade ambiental da empresa; b) Observação sistemática acompanhados os - foram procedimentos observados, aplicados analisados nas ações e de sustentabilidade, como suporte para o desenvolvimento do estudo de caso; c) Método histórico – foram observados os dados e a evolução histórica da empresa nas ações de sustentabilidade: responsabilidade socioambiental na empresa Klabin S/A - divisão papelão ondulado Jundiaí (SP), como suporte para o desenvolvimento do estudo de caso. As técnicas utilizadas foram: a) Roteiro de Estudo de Caso (Apêndice A); 114 b) Roteiro de Observação Sistemática (Apêndice B); c) Roteiro histórico (Apêndice C); d) Roteiro de entrevista para o Coordenador Industrial (Apêndice D); e) Outros registros: foram utilizados gráficos e fotos. 3.1 A Klabin S/A – Unidade de Jundiaí (SP) Estrategicamente localizada entre a capital e o interior paulista, no entroncamento de duas importantes rodovias, a Bandeirantes e a Anhanguera, a Unidade de Jundiaí Tijuco Preto encontra-se na Via Anhanguera, s/nº Km 48,7, Sitio Tijuco Preto, Caixa Postal 881, CEP: 13201-970 em Jundiaí (SP). Fonte: Klabin (2009a) Figura 32: Klabin S/A – Unidade de Jundiaí Tijuco Preto (SP) A Unidade Jundiaí – TP destaca-se entre as outras unidades, devido às áreas nela sediadas, como, por exemplo, a área Comercial, Desenvolvimento de Produtos, Tecnologia da Informação e Suprimentos. Abriga o Centro de Documentação e Memória Klabin, o qual preserva toda a história da empresa, 115 reconstruindo sua trajetória por meio de documentos textuais, fotografias, vídeos e objetos. Além do showroom de produtos, onde estão expostas as embalagens criadas pelo departamento de Desenvolvimento de Produtos. O principal produto produzido na Unidade é Embalagem de Papelão Ondulado. 3.1.1 Histórico A Unidade Jundiaí Tijuco Preto foi inaugurada em 13 de março de 1992, quando a Klabin encerrou suas atividades na Unidade Vila Anastácio (19611992), na capital paulista, que produzia embalagens de papelão ondulado. Grande parte do maquinário e funcionários da Unidade Vila Anastácio foram transferidos para a nova Unidade de Jundiaí, mais ampla e moderna. A Unidade de Vila Anastácio foi responsável pela formação de grandes técnicos na área de produção de embalagens de papelão ondulado, sendo considerada, dentro do Grupo Klabin, uma escola-modelo. 3.1.2 Projetos sustentáveis A Klabin estimula a disseminação de boas práticas sociais e ambientais como exercício da cidadania corporativa em cada comunidade onde está presente. Na Unidade de Jundiaí Tijuco Preto não é diferente, na cidade de Jundiaí (SP) a Klabin oferece apoio financeiro ou doação de material para confecção de artesanato à APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais). A Klabin colabora anualmente com a Campanha do Agasalho, promovida pelo Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo, doando 12 mil caixas de papelão. Distribuídas por 640 municípios paulistas, as caixas são para a captação de cobertores e agasalhos. Em 2004, foram recolhidos 11 milhões de itens e o material arrecadado, 116 encaminhado para 1.900 entidades de assistência a crianças, idosos e portadores do vírus HIV. Com doações mensais de cestas básicas, a Klabin colabora com a Associação dos Renais Crônicos do município de Jundiaí, em São Paulo. Em 2004, a empresa ajudou 200 famílias de Petrolina e Goiana, em Permambuco, vítimas da forte chuva que atingiu a região nos meses de fevereiro e julho. Ao todo, foram doadas 200 cestas básicas para os desabrigados. Juntamente com a ONG Terra Viva, associação formada por funcionários voluntários da Klabin, a empresa também doa cestas básicas para dez famílias da região de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, que, para receber as doações, devem manter suas crianças na escola. A Klabin destina 1% do Imposto de Renda devido a Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente, permitindo que Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente tenham condições de desenvolver projetos capazes de melhorar a vida de milhares de pessoas. O Programa Klabin Jovem de Futuro envolve todos os municípios onde a Klabin possui unidades fabris, incluindo a Unidade de Jundiaí Tijuco Preto. O Programa Klabin Jovem de Futuro tem por objetivo apoiar o jovem como agente do desenvolvimento comunitário. A realização do Programa está baseada em quatro pilares, sendo eles: Formação da Rede Klabin para Juventude; Capacitação de Educadores Sociais; Desenvolvimento de Lideranças Juvenis; e Mobilização Comunitária. Nesta última etapa os jovens, os educadores sociais, a rede de cada município e a Klabin definirão em conjunto, e de forma democrática, um projeto social que contará com o apoio financeiro da empresa. Atualmente, cerca de 700 pessoas pertencem à Rede Klabin para a Juventude, representando 300 organizações. A Klabin apóia financeiramente a Pastoral da Criança, uma organização comunitária de ação social da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). O objetivo da instituição, que tem atuação nacional, é o desenvolvimento integral das crianças, da concepção aos seis anos de idade, com ações de caráter preventivo e que fortaleçam o tecido social e a integração entre a família e a comunidade. Possui uma imensa rede de voluntários, 250 mil pessoas que dão sustentação ao trabalho da instituição e são responsáveis 117 pelo acompanhamento de mais de um milhão de famílias brasileiras. A Klabin também apóia desde 2003 as ações sociais realizadas por funcionários que atuam como voluntários em campanhas e ações nas comunidades de Feira de Santana, na Bahia; São Leopoldo, no Rio Grande do Sul; Jundiaí e São Paulo, em São Paulo; Telêmaco Borba, no Paraná; e Ponte Nova, em Minas Gerais. Em 2003, um grupo de 30 funcionários da sede administrativa da empresa, na cidade de São Paulo, criou a ONG Terra Viva Associação de Voluntários da Klabin, para promover o trabalho solidário. Atualmente, a ONG conta com a participação de 260 voluntários, entre funcionários e familiares. Os projetos desenvolvidos atendem a crianças, idosos e portadores de deficiência física e mental. Em 2005, foram realizadas 13 campanhas pontuais, que proporcionaram atendimento a mais de 5.000 pessoas nas localidades onde a Terra Viva atua. Entre as atividades realizadas pelos voluntários, destaca-se o Projeto Adotar, que anualmente seleciona entidades para desenvolver programas de atividades educacionais e assistenciais durante o ano. Foram seis as beneficiadas pelo Adotar: Lar do Irmão Velho e Creche Rubem Teixeira, em Feira de Santana, na Bahia; Abrigo Casa Aberta e Asilo Sono Tranquilo, em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul; APAT (Associação para Pesquisa e Assistência ao Transplantado) e Asilo Cidade dos Velhinhos, em São Paulo. 3.1.3 A produção de papel ondulado Em um mercado bastante pulverizado no Brasil, a Klabin ocupa um lugar de destaque na produção de embalagens de papelão ondulado, tendo o foco da sua estratégia em qualidade, custo e capacidade de produção de forma alinhada às demandas dos clientes. A atuação da empresa é marcada pela completa orientação às necessidades dos clientes, para atender às encomendas específicas. A unidade abastece, principalmente, os setores de alimentos, higiene e 118 limpeza, avicultura e fruticultura. Em 2008, iniciou-se a introdução de inovações tecnológicas nas onduladeiras em Jundiaí (SP). O investimento tornou-se possível produzir embalagens mais competitivas, com ganhos em qualidade de impressão, aprimorando o serviço aos clientes. O papel utilizado em caixas de papelão ondulado que embalam alimentos é produzido exclusivamente com fibras virgens, de florestas plantadas, com certificação de origem. O papel reciclado, que entra na composição de outras embalagens, tem certificação mista (atestado da origem do papel de fibra virgem, mas não das aparas). Cerca de 20% das caixas expedidas pela Klabin para o mercado doméstico têm como destino final o mercado externo, com destaque para os segmentos de fumo, frutas, frigorificados e produtos alimentícios (carnes e frangos). A Unidade produz caixa de papel normal, caixa corte e vinco, caixa com Label (etiquetas adesivas offset), caixa de papelão microondulado, acessórios, brinquedos e chapa de papelão ondulado. Devido à sua versatilidade, a caixa de papel normal, pode ser utilizada pela maior parte dos segmentos, como alimentício, bebidas, higiene e limpeza, papelaria e outros. Impressas pelo sistema flexográfico, permitem excelente resultado com qualidade e economia. É o tipo de embalagem mais utilizado e também o mais conhecido. Possui abas de fechamento na parte superior e inferior e tem sua resistência adequada conforme o produto a ser transportado. Com foco nas necessidades dos clientes, a Klabin desenvolve todo tipo de embalagem, respondendo aos desafios apresentados pelas mais diversas especificações e exigências. Para isso, a Klabin mantém uma equipe de profissionais de excelência e laboratórios de alta tecnologia, pesquisando e desenvolvendo novos produtos para atender às necessidades de forma inovadora, conjunta, personalizada e diferenciada. A caixa de papel normal é utilizada para embalagens de alimentos, couro e derivados, farmacêutico, higiene e limpeza, materiais elétricos, metalúrgica, produtos plásticos, químicos e derivados, utilidade doméstica, vidros e cerâmicas. A embalagem é dimensionada para diferentes condições de peso e empilhamento. Conhecida mundialmente como FEFCO 0201. 119 Fonte: Klabin (2009a) Figura 33: Caixa de papel normal Com cortes e vincos personalizados, a caixa corte e vinco podem ser utilizadas por todos os segmentos, como hortifruti, flores, frigorificados, alimentos em geral, bebidas, higiene e limpeza e outros. Impressas pelo sistema flexográfico, permitem excelente resultado com qualidade e economia. Fibras virgens em um papelão ondulado resistente a grandes variações de temperatura e umidade, na caixa corte e vinco produzidas pela Klabin os produtores brasileiros exportam frutas frescas para todo o mundo. O controle de qualidade da sua cadeia produtiva deu à Klabin o diferencial para o atendimento ao mercado internacional com a produção de embalagens livres de contaminantes. As mangas exportadas para o Japão superam as rígidas exigências do mercado local para a importação de produtos vegetais. A caixa destinada àquele mercado comporta seis quilos de manga e é perfurada para assegurar que a fruta amadureça dentro do período necessário. A embalagem também é utilizada para alimentos congelados/refrigerados, cosméticos, hortifrutis e floricultura, higiene e limpeza, materiais elétricos, mecânica, metalúrgica, saúde e beleza, utilidade doméstica, vestuário e calçados e vidros e cerâmicas e está dimensionada para diferentes condições de peso e empilhamento. 120 Fonte: Klabin (2009a) Figura 34: Caixa corte e vinco A caixa com Label (etiquetas adesivas offset), além de proteger o produto durante o transporte, destaca também o produto e a marca no pontode-venda. É utilizada para embalagem de alimentos e eletroeletrônicos e está dimensionada para diferentes condições de peso e empilhamento. Fonte: Klabin (2009a) Figura 35: Caixa com Label A caixa de papelão microondulado são ideais para projetos de embalagem-display, que, além de transportarem os produtos, também organizam e permitem exposição diretamente no ponto-de-venda, aumentando sua visibilidade. Esse conceito inovador reduz o manuseio dos produtos e 121 tempo de serviço, uma vez que podem ser expostos na própria embalagem na qual foram transportados. Esse tipo de embalagem é utilizada para alimentos, eletroeletrônico, utilidade doméstica, vestuário e calçados e está dimensionada para diferentes condições de peso e empilhamento. Fonte: Klabin (2009a) Figura 36: Caixa de papelão microondulado A Unidade de Jundiaí Tijuco Preto também produz acessórios. Com a utilização dessas peças, é possível realizar um correto transporte com economia de custos. Os acessórios são criados de acordo com o produto e às mais diferentes necessidades e tipos de embalagens, podendo servir como separadores e suporte para aumento de rigidez, entre outros. Este tipo de embalagem é utilizada para alimentos, bebidas e eletroeletrônico dimensionada para diversos tipos de embalagem. Fonte: Klabin (2009a) Figura 37: Acessórios Os brinquedos produzidos na Unidade são produtos seguros, pois são 122 fabricados com tintas atóxicas e papeis ausentes de contaminantes, além de serem biodegradáveis e 100% recicláveis, contribuindo para a proteção do meio ambiente. A versatilidade das embalagens de papelão ondulado da Klabin é destaque para o segmento de brinquedos, embalando-os ou transformando-os no próprio brinquedo. Fonte: Klabin (2009a) Figura 38: Brinquedos A chapa de papelão ondulado é produzida na Unidade de Jundiaí Tijuco Preto com a qualidade já conhecida dos produtos Klabin, as chapas comercializadas atendem os diversos segmentos da economia. São embalagens utilizadas para material de transporte e papel para embalagem de papelão ondulado. Fonte: Klabin (2009a) Figura 39: Chapa de papelão ondulado 123 Os produtos produzidos na Unidade de Jundiaí Tijuco Preto receberam a ISO 9001 - Bureau Veritas Quality International e a Certificação FSC. A Figura 40 apresenta como acontece o processo produtivo da Klabin e dentro dele a produção de papelão ondulado. Fonte: Klabin (2009) Figura 40: Processo produtivo 3.2 Apresentação e análise dos dados 3.2.1 Apresentação dos dados da pesquisa de campo Em visita à Klabin S/A – Unidade de Jundiaí (SP), verificou-se que a unidade transforma especificamente caixa de papelão ondulado. A empresa possui setores de estoque (armazenamento de bobinas), produtivos, onduladeira onde são produzidas todas as chapas de papelão ondulado, e flexografia onde são feitas as impressões e acabamento final das embalagens. 124 Atualmente, a unidade produz entre 200 a 250 t/dia, ou seja, 8 mil toneladas mês de embalagem de papelão ondulado. Os setores produtivos trabalham em 3 turnos de 8 horas cada. A Klabin é reconhecida mundialmente como uma das indústrias brasileiras mais fortes em seu seguimento, preocupada com a inovação e o desenvolvimento tecnológico para a fabricação integrada de madeira, celulose, papel e embalagens. Foi possível observar a responsabilidade ativa demonstrada dentro da empresa, o nível de sustentabilidade e responsabilidade social e ambiental que a Klabin aplica nos dias de hoje. A principal matéria-prima na produção da embalagem de papelão ondulado e causador de grande impacto ambiental para a fauna e flora. Desta forma, para reduzir este impacto a empresa tem preservado a mata nativa localizada ao próxima da fábrica para que o impacto na reprodução dos pássaros e dos animais silvestres sejam a mínimo possível. O projeto de sustentabilidade e gestão ambiental é de responsabilidade corporativa, mais ligadas às divisões de papel e celulose e todo o grupo tem consciência de todas estas responsabilidades. Verificou-se que a empresa faz o ciclo completo de reciclagem. A reciclagem de papel é uma prática sustentável e otimiza o consumo de recursos naturais, reduz o volume dos sanitários e ainda gera renda. As fases do processo industrial de reciclagem da Klabin são: a) coleta, seleção e vendas das aparas; b) produção do papel: as aparas são desagregadas em um equipamento conhecido como hidrapulper, que com a ajuda de água separa as fibras transformando-as em uma mistura homogênea que depois de refinada é transformada em bobinas de papeis; c) conversão do papel em embalagens de papelão ondulado; d) os refiles e refugos provenientes do processo das embalagens e do mercado retornam para as unidades de papel reciclado, dando início a um novo ciclo. Os resíduos advindos da produção de papel ondulado na Unidade de Jundiaí são de classe II e III. A empresa ainda possui uma equipe de meio ambiente para além de 125 outras atividades verifica e soluciona possíveis derramamento de resíduos na planta ou fora dela. Caso o derramamento ocorrer dentro da planta a equipe encaminha-se para o local a fim de solucionar o problema da melhor forma possível minimizando os impactos ambientais. Caso o derramamento aconteça fora da planta, ou seja, por exemplo, no derramamento de líquido no transporte do fornecedor à fábrica, a Klabin possui um telefone onde a comunidade poderá avisar a empresa para tomar as medidas cabíveis que são tomadas imediatamente ao comunicado. A Klabin entende que a base para a prática da sustentabilidade com o meio ambiente é o treinamento de seus colaboradores, pois isto pode além de fazer com que os processos sejam eficientes ele também quebra paradigmas na conscientização das práticas adotadas pró meio-ambiente. A empresa atende a legislação vigente e faz além do que exige a normatização. A Klabin é também uma das maiores recicladoras mundiais de embalagens Tetra Pack, para quem fornece papel cartão com exclusividade no Brasil e no Mercosul. Com capacidade anual de 28 mil toneladas de embalagens longa vida, esse processo é realizado na unidade de Piracicaba (SP), onde as embalagens são recicladas, com aproveitamento integral das fibras de celulose. O resíduo desse processo – plástico e alumínio, e encaminhado para EET (Environmental Edge Technology), uma usina de reciclagem também em Piracicaba (SP), que permite separar o alumínio e o filme de polietileno com uso da tecnologia Plasma. Fruto de uma parceria entre Klabin, Tetra Pak, Alcoa e TSL Ambiental, foi inaugurada em maio de 2005, a empresa EET a qual separa o alumínio e o plástico que compõe a embalagem cartonada. Já sob o aspecto social, ocorre um incremento na renda de catadores, que se beneficiam do maior valor agregado das embalagens longa vida. O conceito e modelo de gestão praticada no projeto Plasma procura atender às necessidades do presente sem comprometer a capacidade de gerações futuras. É a execução prática dos conceitos do desenvolvimento sustentável, com efeitos econômicos, sociais e ambientais, possibilitando processos mais eficientes, mais empregos, melhores produtos e serviços, ao mesmo tempo em que reduz o uso de recursos, a geração de resíduos e a poluição ao longo de toda cadeia. 126 3.2.2 Apresentação dos dados da pesquisa com o Coordenador Industrial O atual Coordenador Industrial da Klabin S/A, tem 55 anos, é do sexo masculino Engenheiro Mecânico Industrial pela Universidade São Francisco e possui MBA pela FGV e Especialização pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSCAR). Tem experiência nas áreas de produção, planejamento, qualidade e manutenção. Eis seu depoimento: O mercado entende e exige pouco sobre sustentabilidade, o cenário econômico atual não favorece a movimentação de mais produtos de empresas que possuem de uma forma mais aprimorado a gestão da sustentabilidade, mas entendo que nos próximos anos o mercado abosorrverá naturalmente e se tornará valor a gestão de sustentabilidade. Com isso as empresas que já se movimentaram nesse sentido tendem a ter sucesso e manutenção dos seus negócios em um futuro mais competitivo. Em sua maioria o mercado consumidor é fiel as grandes marcas e os produtos mais competitivos no preço final, existe aí um grande espaço para o trabalho de marketing com foco no consumidor final, será um processo natural que conforme a evolução do tema na mídia e nos meios de comunicação fará com que as pessoas entendam o valor de um produto fabricado em uma organização que não está agradindo ao meio-ambiente. Existem algumas organização que estão realizando divulgações e podemos relacionar seus produtos ao meio-mabiente (Exe.: Natura, Unilever, Klabin e outras Atualmente as ações de responsabilidade sócio-ambiental não se tornaram uma exigência do consumidor, mas em médio prazo o consumidor irá entender que as ações de responsabilidade sócioambiental são indispensavéis para o futuro do mundo em que vivemos. Hoje no Brasil temos muitas empresas sérias que estão se adequando conforme a evolução do cenário economico, considerando que todos sem excessão possuem heranças de instalações e processos que não estão adequados aos requisitos da ISO 14000, mas tenho a visão de que em pouco tempo teremos mais empresas no caminho da sustentabilidade. A sustentabilidade logo será inserida na cadeia das grandes organizações, fazendo com seus fornecedores e parceiros estejam alinhados, é um processo para continuidade dos negócios. 127 Entendo que o consumo em muitos aspectos será aumentado, o que devemos reduzir são os aspectos e impactos desse consumo no meio ambiente. Esse é um processo de educação da população que se inicia com gestos simples, tais como, racionalização de recursos finitos, separação dos resíduos, inecentivos a reciclagem. Nas empresas as pessoas podem aprender e usar em suas comunidades. O feedback esperado pelas empresas que aplicam os conceitos de desenvolvimento sustentável é o reconhecimento do mercado, valorização da sua marca e continuidade e sustentação dos seus negócios. Na Klabin a sustentabilidade está inserida na sua politica e a nossa imagem está diretamente relacionada ao respeito pelo meioambiente. A implantação foi patrocinado pela alta administração e multiplicado a todas as ramificações organizações. No processo de implantação aconteceram imprevistos e dificuldades, mas é um processo de aprendizado que a cada ano estamos melhorando. Essses disponibilidade imprevistos para são treinamentos, obtenção de adapatações recursos, aos novos processos, entre outros. Ao implantar ações sustentáveis no processo produtivo da Klabin, o nível de comprometimento dos funcionários foi alcançado devido ao resultado das ações de treinamento e entendimento dos funcionários, é muito gratificante hoje sabermos que as pessoas estão comprometidas e dispostas a se desenvolver no tema. Os funcionários passaram por treinamento na unidade em que trabalho a participação foi superior a 93%, considerando empregados próprios e terceiros. Esse treinemento envolveu itens da norma ISO 14000, treinamento de aspectos e impactos da sua atividade, orientações sobre coleta seletiva, politica de sustentabilidade e relação da politica com a nossa atividade. Para incentivar os funcionários foram realizadas planos de comunicação, palestras e campanhas sobre o desenvolvimento sustentável. Na minha opinião, a Klabin é reconhecida pela comunidade pelas ações de Sustentabilidade. Aqui na unidade em que trabalho somos convertedores de embalagens de papelão, a comunidade e o mercado da região reconhece e respeita muito a Klabin pelo trabalho que os profissinais do grupo realiza. A Klabin S/A possui um processo integrado, plantio, corte, produção e conversão de papéis e reciclagem. 128 A Klabin S/A possue parcerias com universidades para desenvolvimento de novos processos voltados a sustentabilidade. A Klabin S/A possue certificações e reconhecimentos internacionais voltadas a meio-ambiente FSC e Rainforest Alliance. Existem diversar ações com as comunidades onde estão as instalações industriais. Existe forte controles da biodiversidade de fauna e flora em suas florestas. A Klabin S/A comercializa crédito de carbono. (Coordenador Industrial, 55 anos) 3.3 Parecer final sobre o caso A pesquisa contemplou que a Klabin cumpre todos os requisitos a que se propõe em relação ao meio ambiente, seus colaboradores e a comunidade. Verificou-se que a preocupação da empresa com a sustentabilidade é fato em projetos que realmente são colocados em prática. A Klabin concilia ativismo e profissionalização, entendidos, não como instâncias antagônicas mas, sim, complementares e essenciais para a sustentabilidade organizacional. Outro fato marcante foi de que toda a organização está comprometida com os ideais da Klabin, incorporando e contribuindo com a empresa para que seja responsável socioambientalmente. Portanto, cumpre destacar que mediante os fatos verificados in loco fica difícil relacionar sugestões em ações que a empresa já não as tenha tomado ou está em vias de adotar no que tange à sustentabilidade. Os resultados das ações de sustentabilidade praticadas pelas empresas Klabin na verticalização do seu processo produtivo são extremamente positivos como apresentado em números no primeiro capítulo deste trabalho e isto não ocorre somente na produção de papelão ondulado, ocorre em todas as atividades da empresa. E esses resultados são reconhecidos através dos prêmios e certificações da empresa. A sustentabilidade da Klabin envolve não só recursos financeiros, mas, sobretudo, engajamento político, uma missão bem definida, condução ética, diálogo com os vários setores da sociedade, efetivação de parcerias, produção 129 e socialização de conhecimento, afetividade e respeito nas relações interpessoais, bem como coragem para construir ações coletivas. Enfim, a pergunta problema que norteou esse trabalho foi respondida e a hipótese de que as ações de sustentabilidade praticadas pelas empresas Klabin na verticalização do seu processo produtivo apresenta efetivamente os resultados esperados na concretização da responsabilidade socioambiental diante da empresa e comunidade externa foi comprovada. 130 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO Atualmente a gestão da sustentabilidade adotada pela Klabin a difere das demais empresas tornando-a uma empresa modelo, possibilitando que seus acionistas a reconheçam como uma opção rentável. Assim, os investidores buscam empresas que possuam políticas sustentáveis que viabilize a condição humana no futuro. Diante disso e após a pesquisa realizada na Klabin propõe-se: a) maior divulgação dos relatórios de sustentabilidade, e dos projetos de responsabilidade social e ambiental, através de campanhas publicitárias, para que seus clientes sintam-se atraídos, motivando e possibilitando um contato direto e diferenciado, otimizando os valores que a empresa possui; b) objetivar parcerias com seus maiores clientes efetivos de sua carteira, e impulsionar a valorização da empresa através dessas divulgações; c) captação de águas pluviais diminuindo assim o consumo em determinados períodos, das águas extraídas da natureza; d) emissão de fumaça em sistema de vapor em todas as unidades, melhorando assim a qualidade do ar nessas regiões; e) criação de plano de carreira: através da análise interna da cultura organizacional da empresa para que o funcionário saiba claramente como planejar sua vida profissional dentro da mesma; f) criação de uma creche para atender aos filhos das funcionárias; g) criação da universidade corporativa. 131 CONCLUSÃO A sociedade atual tem novos valores éticos que visam o bem estar humano, a justiça social e o meio ambiente. Esses valores abominam a busca única pelo lucro. A empresa socioambientalmente responsável promove o direito humano e a preservação do meio ambiente garantindo a boa qualidade de vida dos seres humanos. Essa consciência pode ir além de um fator ético ou instrumental, como legislação, ou uma possível necessidade de certificação que é uma exigência do mercado ou de geração de novos negócios. O presente estudo procurou alinhavar os conceitos que envolvem sustentabilidade ambiental e o posicionamento da Klabin no desenvolvimento sustentável. A pesquisa bibliográfica deu subsídios para responder que a primeira função das organizações seja gerar lucro com a garantia da qualidade dos seus produtos e serviços, alinhada a um desenvolvimento sustentável com responsabilidade social e ecológico. O estudo procurou estabelecer basicamente conceitos e reflexões acerca da sustentabilidade socioambiental analisando a sua prática no processo produtivo do papelão ondulado na Klabin S/A, unidade de Jundiaí (SP) e seus resultados frente as ações de sustentabilidade adotadas. A pesquisa de campo permitiu verificar que a sustentabilidade corporativa da Klabin está associada à estratégia do negócio. A política de sustentabilidade da Klabin (entendida como prática da atividade econômica com uma visão ambiental e social) rege a atuação da companhia e a atuação individual de seus colaboradores. Em resposta à pergunta-problema pode-se dizer que a Klabin é uma empresa responsável que investe e implementa pesquisas tecnológicas que promovem a preservação do meio ambiente, mediante a utilização de práticas não predatórias no processo produtivo e reaproveitamento dos resíduos oriundos da produção. A empresa demonstra uma elevada consciência socioambiental, em pleno exercício da sua cidadania empresarial através do investimento em 132 projetos ambientais e sociais tanto na dimensão interna quanto externa, de tal forma que o volume dos seus investimentos constituem o tripé de autopreservação empresarial, equilibrando-se em uma elevada consciência socioambiental, investimentos no pleno crescentes, exercício o que da cidadania implica num empresarial novo e em paradigma de desenvolvimento sustentável qualitativo e isto se confirma através do reconhecimento com diversos prêmios na categoria gestão ambiental para a sustentabilidade. Além disso, a Klabin procura incentivar a participação dos trabalhadores nos resultados e decisões da empresa, a fim de que se sintam integrados ao ambiente de trabalho e, ainda no âmbito das relações de trabalho. A empresa respeita os direitos dos cidadãos mediante pagamento de salário justo, implementando no âmbito interno e externo, a adoção de práticas não discriminatórias, como também prima pela segurança do trabalho investindo em desenvolvimento e aprimoramento profissionais. A empresa também apóia o desenvolvimento das comunidades. A Klabin parte do princípio de que a empresa faz parte da comunidade, mas que quem sabe o que é melhor para a comunidade é ela mesma. Assim, a estratégia da empresa é abrir um canal de diálogo com a comunidade e não levar uma proposta pronta. Desta forma, conclui-se que a abordagem de desenvolvimento sustentável é intrínseca à responsabilidade social e empresarial e a importância do estudo conjugado dos termos encontra-se no fato em que longo prazo não haverá crescimento econômico sem progresso social e também sem gestão ambiental responsável. Este trabalho não esgota o assunto podendo servir de fonte para novas pesquisas. 133 REFERÊNCIAS ABNT. 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A Klabin está localizada no estado de São Paulo, mais precisamente na cidade de Jundiaí, atuando no ramo de embalagens de papelão ondulado. 1.1 Relato do trabalho realizado referente ao assunto estudado a) descrição das ações de Sustentabilidade da Klabin S/A – Divisão Papelão Ondulado; b) depoimento do coordenador Industrial para o desenvolvimento do estudo de caso; c) relato das técnicas utilizadas pela empresa; d) levantamento do reconhecimento provenientes das ações sustentáveis. 1.2 DISCUSSÃO Foi realizada pesquisa de campo na Klabin confrontando o conceito de Sustentabilidade e verticalização no processo produtivo com a Responsabilidade Ambiental da empresa. 1.3 RESULTADOS E SUGESTÕES Parecer final sobre o caso e sugestões para desenvolver na empresa suas atividades de forma a atender as necessidades da geração atual, sem comprometer as gerações futuras. 141 APÊNDICE B - ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA I IDENTIFICAÇÃO Empresa: .............................................................................................................. Localização: .......................................................................................................... Atividade Econômica: ........................................................................................... II ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS 1 Departamento de produção 2 Departamento Administrativo 3 Levantamento e Pesquisa de Projetos Ambientais 142 APÊNDICE C - ROTEIRO HISTÓRICO DA EMPRESA E DAS ACÕES DE SUSTENTABILIDADE I IDENTIFICAÇÃO Empresa: .............................................................................................................. Localização: .......................................................................................................... Atividade Econômica: ........................................................................................... II ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS 1 Evolução das instalações 2 Projetos Ambientais 3 Ações sustentáveis da empresa 4 Cenário atual da empresa 143 APÊNDICE D - ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA O COORDENADOR INDUSTRIAL I IDENTIFICAÇÃO Cargo: Experiência Profissional: Profissão: Formação: II PERGUNTAS ESPECÍFICAS 1 A gestão da sustentabilidade é uma prática que vem sendo adquirida pelas empresas há poucos anos, porém demonstra ser inimaginável que as empresas deixem de praticá-las futuramente. De acordo com sua percepção, qual a sua visão em relação à sustentabilidade no futuro diante do mercado atual? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 2 Como fazer com que os consumidores adquiram cada vez mais produtos de empresas que praticam a gestão ambiental, deixando de ser influenciados por sabor, aparência, tecnologia, no momento de consumir? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 3 Atualmente, as ações de responsabilidade sócio-ambiental não se tornaram uma exigência do consumidor, algo indispensável para as empresas sobreviverem? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 144 4 As empresas brasileiras estão caminhando em direção a sustentabilidade? 4.1 De que forma? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 5 É necessário diminuir o consumo para preservar recursos mas, como isso é possível num mundo onde países populosos, como a China e índia, estão juntamente buscando aumentar seus padrões de vida? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 6 Qual o feedback esperado pelas empresas que aplicam os conceitos de desenvolvimento sustentável? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 7 De que forma foram implantadas as ações de sustentabilidade na Klabin? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 7.1 No processo de implantação houve dificuldades? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 7.1.1 Quais? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 8 Ao implantar ações sustentáveis no processo produtivo da Klabin, como foi o nível de comprometimento dos funcionários? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 145 8.1 Os funcionários tiveram algum treinamento? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 8.1.1 Se sim, qual? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 8.1.2 Os funcionários tiveram algum incentivo? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 8.1.3 Se sim, qual? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 9 Em sua opinião, a Klabin é reconhecida pela comunidade pelas ações de Sustentabilidade? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 9.1 Como? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 146 ANEXOS 147 ANEXO A – MÁQUINA 9 148 ANEXO B – AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA 149 ANEXO C – FOTOS DA VISITA DOS COMPONENTES DO GRUPO À KLABIN - DIVISÃO PAPELÃO ONDULADO EM JUNDIAÍ (SP) Foto 1: Chegada do Grupo à Klabin em Jundiaí Foto 2: Na recepção da empresa 150 Foto 3: Banner da política de sustentabilidade da Klabin Foto 4: Banner informando que a empresa é certificada pela ISSO 14001 151 Foto 5: O Grupo dentro da divisão de papelão ondulado