Philosophia – O que nos dizem os grandes amantes da sabedoria.1 (Parte 1) A verdadeira filosofia é reaprender a ver o mundo. Merleau-Ponty Entre os antigos gregos predominava inicialmente a consciência mítica. Na passagem dessa consciência para a racional, aparecem os primeiros filósofos. Pitágoras (séc. VI a.C.), um dos filósofos pré-socráticos e também matemático, teria usado pela primeira vez a palavra filosofia (philos – sophia), que significa “amor à sabedoria”. A filosofia supõe uma onipresente disponibilidade para a indagação. Por isso, segundo Platão, a primeira virtude do filósofo é admirar-se. Essa é a condição para problematizar o que marca a filosofia não como posse da verdade, mas como sua busca. Ou seja, se o filósofo é capaz de se surpreender com o óbvio e questionar as verdades dadas, aceita a dúvida como desencadeadora desse processo crítico. O próprio tecido do pensar do filósofo é o cotidiano. O professor Dermeval Saviani conceitua a filosofia como uma reflexão radical, rigorosa e de 2 conjunto sobre os problemas que a realidade apresenta. Interpretemos esses tópicos. Radical: a filosofia é radical não no sentido cotidiano de ser inflexível, mas na medida em que busca explicitar os conceitos fundamentais usados em todos os campos do pensar e do agir. A filosofia investiga as raízes, as bases, os fundamentos. Rigorosa: o filósofo deve dispor de um método claramente explicitado a fim de proceder com rigor. São inúmeros os métodos filosóficos em que se apóiam os filósofos para desenvolverem um pensamento rigoroso, fundamentado a partir da argumentação, coerente em suas diversas partes e, portanto sistemático. De conjunto: a filosofia examina os problemas sob a perspectiva de conjunto, relacionando os diversos aspectos entre si. A filosofia visa a totalidade, daí sua função de interdisciplinaridade ao estabelecer o elo entre as diversas formas de saber e agir humanos. A filosofia é um modo de pensar que acompanha o ser humano na tarefa de compreender o mundo e agir sobre ele. Mais que postura teórica, é uma atitude diante da vida, tanto nas condições corriqueiras como nas situações-limites que exigem decisões cruciais. Por isso no encontro com a tradição filosófica não devemos nos restringir a recebê-la passivamente como um produto, mas sermos capazes de nos aproximarmos da filosofia como processo, ou seja, como reflexão crítica e autônoma a respeito da realidade vivida. Lembrando o filosofo Karl Jaspers, “fazer filosofia é estar a caminho; as perguntas em filosofia são mais essenciais que as respostas e cada resposta transforma-se numa nova pergunta”. 1 ARANHA, Maria Lúcia Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando - Introdução à Filosofia. 3. Ed. São Paulo: Moderna, 2003. p. 438, pp. 87-91, 117-154. 2 SAVIANI, Demerval. Educação Brasileira: estrutura e sistema. São Paulo, Saraiva, 1973. P. 68-69. Philosophia – O que nos dizem os grandes amantes da sabedoria. (Parte 2) FILOSOFIA ANTIGA Filosofia pré-socrática: os filósofos pré-socráticos discutem de maneira racional sobre a natureza, distanciando-se das explicações míticas do período anterior. A cosmogonia é descritiva e explica como do caos surge o cosmo, a partir da geração dos deuses, identificando às forças da natureza. Já na cosmologia, as explicações rompem com o mito: a arché (princípio) não se encontra na ordem do tempo mítico, mas significa princípio teórico, fundamento de todas as coisas. Dos escritos dos présocráticos, nos restaram apenas fragmentos e comentários feitos pelos filósofos do período clássico. Dentre eles destacamos Heráclito de Éfeso e Parmênides de Eléia. 1. Heráclito de Éfeso: Procura compreender a multiplicidade do real. Não rejeita as contradições e quer aprender a realidade na sua mudança, no seu devir. Todas as coisas mudam sem cessar, e o que temos diante de nós em dado momento é diferente do que foi há pouco e do que será depois. “Para os que entram nos mesmos rios, correm outras e novas águas. [...] Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio”. 2. Parmênides de Eléia: Sua filosofia contrapõe ao “tudo flui” heraclitiano, a imobilidade do ser. Para ele é absurdo que e impensável considerar que uma coisa pode ser e não ser ao mesmo tempo. Sua teoria influenciou de forma decisiva o pensamento ocidental. “Permanecendo idêntico e em um mesmo estado, [o ser] descansa em si próprio, sempre imutavelmente fixo e no mesmo lugar”. Os sofistas: Dos sofistas, só nos restam fragmentos de suas obras e referências feitas por filósofos posteriores – muitas vezes tendenciosas. São considerados sábios e pedagogos. Vindos de todas as partes do mundo, ocupam-se de um ensino itinerante pelos locais em que passam, mas não se fixam em lugar algum. Deve-se a isso o gosto pela crítica, o exercício do pensar resultante da circulação de idéias diferentes. Dão importante contribuição para a sistematização do ensino: gramática (são os iniciadores), retórica e dialética, aritmética, geometria, astronomia e música. Costumavam cobrar por suas aulas e por isso Sócrates os acusava de “prostituição”. Porém é importante lembrar que os sofistas não eram suficientemente ricos, como a aristocracia grega, e por isso, o que cobravam, era para a sua subsistência. Sócrates: nada deixou escrito e teve suas idéias divulgadas por dois de seus principais discípulos, Xenofonte e Platão. Foi acusado pelos poderosos de seu tempo de não crer nos deuses da cidade, de propor novos deuses e de corromper a juventude: foi condenado a morte. Seu método filosófico é dividido em: Ironia: diante do oponente que se diz conhecedor de determinado assunto, Sócrates afirma inicialmente nada saber - “Sei que nada sei”. Com hábeis perguntas, desmonta as certezas até o outro reconhecer a própria ignorância. Maiêutica (em grego, parto): nome dado em homenagem a sua mãe, que era parteira. Segundo Sócrates, se ela fazia parto de corpos, ele “dava à luz” idéias novas. Por meio de perguntas, destrói o saber constituído para reconstruí-lo na procura da definição do conceito. Platão: Divide a realidade em dois mundos: o sensível e o inteligível. O sensível, percebemos pelos nossos sentidos. É o mundo da multiplicidade, do movimento; é ilusório, pura sombra do verdadeiro mundo (inteligível). Acima deste mundo, há o mundo das idéias gerais, das essências imutáveis, que atingimos pela contemplação e pela depuração dos enganos dos sentidos. Como as idéias são a única verdade, o mundo dos fenômenos só existe na medida em que participa do mundo das idéias, do qual é apenas sombra ou cópia. Por exemplo, mesmo que existam inúmeras abelhas dos mais variados tipos, a idéia de abelha deve ser una, imutável, a verdadeira realidade. Aristóteles: Frequentou a academia de Platão e a fidelidade ao mestre foi entremeada por críticas. Retoma a problemática do conhecimento e define a ciência como conhecimento verdadeiro, conhecimento pelas causas, capaz de superar os enganos da opinião e de compreender a natureza do devir. Ao analisar a interpretação levada a efeito por Platão sobre a oposição entre o mundo sensível e o mundo inteligível, recusa as soluções apresentadas e critica o mundo “separado” das idéias platônicas, fundindo o mundo sensível e o inteligível no conceito de substância. Para ele a substância é aquilo que é em si mesmo. Quando nos referimos aos atributos de uma substância, sem os quais ela não seria o que é, estamos falando de essência. Em oposição, os atributos que a substância pode ter ou não, sem deixar de ser o que é, chamamos de acidentes. Por exemplo, “este homem”, tem características essenciais pelas quais é homem (Aristóteles diria que a essência humana é a racionalidade) e outros, acidentes, como ser gordo, velho ou belo, atributos que não mudam o ser do homem em si. FILOSOFIA MEDIEVAL A grande questão discutida pelos intelectuais da Idade Média é a relação entre razão e fé, entre filosofia e teologia. Patrística: A filosofia dos padres. No esforço de converter os pagãos, combater as heresias e justificar a fé, desenvolvem a apologética, elaborando textos de defesa do cristianismo. A aliança entre fé e razão estende-se por toda a Idade Média: a razão é auxiliar da fé e a ela subordinada. Daí a expressão de Santo Agostinho “Credu ut intelligam”, que significa “Creio para que possa entender”. Os padres recorrem inicialmente à filosofia platônica por intermédio do neoplatonismo de Plotino (204 – 270) e realizam uma grande síntese com a doutrina cristã, adaptando o pensamento pagão. Santo Agostinho, principal nome da patrística, retoma a dicotomia platônica “mundo sensível e mundo das idéias”, mas substitui este último pelas idéias divinas. Escolástica: Filosofia cristã que teve seu apogeu no século XIII, com Santo Tomás de Aquino. Permanece com a aliança entre fé e razão em que a razão é sempre considerada a “serva da teologia”. Porém no segundo período medieval, conhecido como Baixa Idade Média, começam a ocorrer mudanças fundamentais no campo da cultura. Ameaças de ruptura na unidade da igreja e heresias anunciam o novo tempo de contestação e debates em que a razão busca sua autonomia. Fundamental nesse processo é a criação de inúmeras universidades por toda a Europa, indicativas de gosto pelo racional e que se tornam focos por excelência de fermentação intelectual. Devido à influência aristotélica, Tomas de Aquino, reconhece a participação dos sentidos e do intelecto: o conhecimento começa pelo contato com as coisas concretas, passa pelos sentidos internos da fantasia ou imaginação até a apreensão de formas abstratas. IDADE MODERNA Até então os filósofos se caracterizam pela atitude realista, no sentido de não colocarem em xeque a realidade do mundo. Na Idade Moderna é invertido o pólo de atenção, ao centralizar no sujeito a questão do conhecimento. Como já vimos, segundo a tradição, o conhecimento decorre da idéia que o sujeito tem do objeto. Mas qual é o critério de certeza para saber se o pensamento corresponde realmente ao objeto? As soluções apresentadas dão origem a duas correntes filosóficas, o racionalismo e o empirismo. Racionalismo cartesiano: René Descartes (1596-1650) é considerado o pai da filosofia moderna. O filósofo tem como ponto de partida a busca de uma verdade primeira que não possa ser posta em dúvida; por isso, converte a dúvida em método. Começa duvidando de tudo: das afirmações do senso comum, dos argumentos, da autoridade, do testemunho dos sentidos, das informações da consciência, das verdades deduzidas pelo raciocínio, da realidade do mundo exterior, de Deus e até de si próprio. Podemos perceber no percurso realizado por Descartes uma incontestável valorização da razão, do entendimento, do intelecto. Acentua-se o caráter absoluto e universal da razão que, partindo do cógito, e só com suas próprias forças, descobre todas as verdades possíveis. Empirismo inglês: ao contrário do racionalismo, enfatiza o papel da experiência sensível no processo do conhecimento. Segundo Francis Bacon (1561-1626) valoriza, no espírito da nova ciência, não o saber contemplativo e desinteressado, mas o saber instrumental, que possibilite a dominação da natureza. John Locke (1632-1704) critica a doutrina das idéias inatas de Descartes, afirmando que a alma é como uma tábula rasa (sem inscrições), como uma cera em que não há qualquer impressão, e o conhecimento só começa após a experiência sensível. Se houvesse idéias inatas, as crianças já as teriam; além disso, a idéia de Deus não se encontra em toda parte, pois há povos sem essa representação ou, pelo menos, sem a representação de Deus como um ser perfeito. Criticismo Kantiano: Immanuel Kant (1724-1804) nasceu na Alemanha. Em sua obra Crítica da razão pura, questiona se é possível uma “razão pura” (metafísica) independente da experiência. Ao desenvolver seu método, Kant “desperta do sono dogmático” em que estavam mergulhados os filósofos anteriores, já que eles não questionam a existência da realidade nem duvidam que as idéias da razão correspondam à realidade. Pretende superar a dicotomia racionalismo-empirismo. Condena os empiristas (tudo o que conhecemos vem dos sentidos) e, da mesma forma, não concorda com os racionalistas (tudo quanto pensamos vem de nós): o conhecimento deve constar de juízos universais, da mesma maneira que deriva da experiência sensível, ou seja, o conhecimento se dá na relação sujeito-objeto. IDADE CONTEMPORÂNEA – SÉC. XIX Auguste Comte: Reduz o trabalho da filosofia à mera síntese dos resultados das diversas ciências particulares, já que não cabe ao filósofo teorizar sobre “idéias sem conteúdo”. É o principal representante do pensamento positivista, decorrente do aparecimento das ciências, onde as ilusões são superadas pelo conhecimento das relações invariáveis dos fatos, por meio de observações e do raciocínio que visam alcançar as leis efetivas. Para Comte, o estado positivo corresponde à maturidade do espírito humano. O termo positivo designa o real em oposição ao quimérico, a certeza em oposição à indecisão, o preciso em oposição ao vago. “Somente são reais os conhecimentos que repousam sobre fatos observados”. O idealismo hegeliano: introduz a noção de que a razão é histórica, ou seja, a verdade é construída no tempo. Partindo da noção kantiana de que a consciência (ou o sujeito) interfere ativamente na construção da realidade, propõe o que se chama filosofia do devir, do ser como processo, como movimento, como vir-a-ser. Desse ponto de vista, o ser está em constante transformação, donde surge a necessidade de fundar uma nova lógica que não parta do princípio de identidade (estático), mas do princípio de contradição para dar conta da dinâmica do real, a que chama de dialética. Para o idealismo, o mundo material é a encarnação da idéia absoluta, da consciência. Ou seja, primeiro existe a consciência e partir dela o mundo material. O materialismo marxista: Trata-se de uma visão oposta ao idealismo: o movimento é a propriedade fundamental da matéria e existe independentemente da consciência. A matéria, como dado primário é a fonte da consciência. E a consciência é um dado secundário, derivado, pois é reflexo da matéria. O espírito não é conseqüência passiva da ação da matéria, podendo reagir sobre aquilo que o determina. A consciência humana, mesmo determinada pela matéria e historicamente situada, não é pura passividade: o conhecimento do determinismo liberta o ser humano por meio da ação dele sobre o mundo, possibilitando inclusive a ação revolucionária. Segundo Marx, para estudar a sociedade não se deve partir do que os indivíduos dizem, imaginam ou pensam, mas da forma como produzem os bens materiais necessários a sua vida. Analisando o contato que estabelecem com a natureza para transformá-la por meio do trabalho e as relações criadas entre eles, é que se descobre como produzem sua vida e suas idéias. IDADE CONTEMPORÂNEA – A CRISE DA RAZÃO A crise da modernidade e a crítica ao racionalismo: Chamamos modernidade ao período que se esboça no Renascimento, desenvolve-se na Idade Moderna e atinge seu auge no Iluminismo. O modelo de racionalidade se sustenta em uma razão livre de crenças e superstições, fundamentandose na própria subjetividade. A esperança de encontrar na razão a compreensão da realidade e do sujeito, bem como a possibilidade de agir de forma eficaz sobre a natureza, dominando-a, apresentou-se como empreitada cada vez mais difícil, senão inviável. Dessa desconfiança nutrem-se alguns pensadores que começam a colocar em xeque o primado da razão: Sören Kierkegaard (1813-1885): pensador dinamarquês e precursor do existencialismo contemporâneo, é crítico severo da filosofia moderna de Descartes e Hegel. Afirma que nela o ser humano não aparece como ser existente, mas como abstração, quando, na verdade, a existência subjetiva, pela qual o indivíduo toma consciência de si, é irredutível ao pensamento racional, e por isso mesmo possui valor filosófico fundamental. A existência é permeada de contradições que a razão é incapaz de solucionar. Para ele o salto qualitativo do espírito está na paixão e não no conceito, sendo a fé a mais alta paixão humana, embora uma paixão cheia de paradoxos. Friedrich Nietzsche (1844-1900): O conhecimento não passa de interpretação, de atribuição de sentidos, sem jamais ser uma explicação da realidade. O conferir sentidos é também o conferir valores, ou seja, os sentidos são atribuídos a partir de determinada escala de valores que se quer promover. “Um batalhão móvel de metáforas, metonímias, antropomorfismos, enfim, uma soma de relações humanas, que foram enfatizadas poética e retoricamente, transpostas, enfeitadas, e que, após longo uso, parecem a um povo sólidas, canônicas e obrigatórias: as verdades são ilusões, das quais se esqueceu que o são, metáforas que se tornaram gastas e sem força sensível, moedas que 3 perderam sua efígie e agora só entram em consideração como metal, não mais como moedas”. A tarefa da filosofia é a de interpretar a escrita de camadas sobrepostas das “expressões e gestos humanos”. O trabalho interpretativo volta-se, em primeiro lugar, para o exame do conjunto do texto metafísico, a fim de desmascarar o modo pelo qual a linguagem passou do nomear as coisas concretas para o sistematizar verdades eternas. 3 NIETZSCHE, F. “Introdução teorética sobre verdade e mentira no sentido extramoral”. In MARTON. Scarlett. Nietzsche, a transvaloração dos valores. São Paulo, Moderna. p.80-81. Michel Foucault (1926-1984): Estabelece um nexo entre saber e poder. Ao contrário da tradição moderna, pela qual o saber antecede o poder, para ele, a verdade não se encontra separada do poder, antes é o poder que gera o saber. Propõe então o processo genealógico pelo qual busca descobrir como a verdade tem sido produzida no âmbito das relações de poder. “A burguesia compreende perfeitamente que uma nova legislação ou uma nova constituição não serão suficientes para garantir sua hegemonia; ela compreende que deve inventar uma nova tecnologia que assegurará a irrigação dos efeitos do poder por todo o corpo social, até mesmo em suas menores 4 partículas”. Para tal, inicia com os processos disciplinares que visam deixar os indivíduos dóceis e submissos e se torna fórmula geral de dominação exercida em diversos espaços: colégios, hospitais, organização militar, normatização da sexualidade, na família etc. A fenomenologia: O principal representante dessa corrente é Edmund Husserl (1859-1958), a que se juntaram outros expoentes como: Martin Heidegger, Max Scheler, Nicolai Hartmann, Ludwig Binswanger, Alphonse De Waelhens, Paul Ricoeur, Maurice Merleau-Ponty, Karl Jaspers e Jean-Paul Sartre. O postulado básico da fenomenologia é a noção de intencionalidade, pela qual toda consciência é intencional, isto é, visa algo fora de si. Contrariando o que afirmam os racionalistas do século XVII, não há pura consciência de alguma coisa. Ao contrário dos empiristas, para os fenomenólogos não há objeto em si, já que é sempre um sujeito que dá significado aos objetos. O objeto depende do sujeito para existir. A Escola de Frankfurt: Fundada em 1923 sob o nome de Instituto de Pesquisa Social, tem como principais pensadores Theodor Adorno, Marx Horkheimer, Herbert Marcuse e Walter Benjamin. Concluem que a razão não ilumina, não revela a natureza que se emancipa do mito por meio da ciência. Afastam-se do cientificismo materialista, da crença na ciência e na técnica como condições de emancipação social, pois o progresso se paga com o desaparecimento do sujeito autônomo, engolido pelo totalitarismo uniformizador da indústria cultural ou da sociedade unidimensional. Defendem que o indivíduo autônomo, consciente de seus fins, deve ser recuperado. Sua emancipação só será possível, no âmbito individual, ao ser resolvido o conflito entre autonomia da razão e as forças obscuras e inconscientes que invadem essa mesma razão. Pragmatismo e neopragmatismo: O pragmatismo é herdeiro da tradição do empirismo inglês, que via na experiência as condições para definir a validade do conhecimento. Porém a experiência em que se baseia o empirismo clássico era, substancialmente uma experiência passada, já para o pragmatismo, a experiência é substancialmente a abertura para o futuro. Uma verdade é, não porque possa ser confrontada com os dados acumulados da experiência passada, mas sim por ser suscetível de um qualquer uso na experiência futura. A verdade depende dos resultados úteis que podem ser alcançados pela ação. Uma proposição é verdadeira quando permite que nos orientemos na realidade, levando-nos de uma experiência a outra. 4 FOUCALT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro, Graal, 1979. p. 218. No final do século XX, o neopragmatismo tem em Richard Rorty seu principal expoente. Para ele o significado está sempre em aberto, mantendo-se assim por meio da reflexão que não dispensa o diálogo permanente, na “grande conversação” capaz de buscar as novas crenças e novas descrições de um mundo em mutação. A filosofia da linguagem: Representa o esforço de diversos pensadores no sentido de rever o conceito de verdade. Verifica uma crítica radical na tentativa tradicional de encontrar a verdade na relação sujeito e objeto, deslocando esse fundamento para a linguagem. Privilegia a apreensão da verdade a partir da análise dos conceitos. Segundo Wittgenstein, “cumpre à filosofia tornar claros e delimitar precisamente os pensamentos, antes como que turvos e indistintos”.