Filosofia - Estado do Paraná

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FILOSOFIA
A)
Apresentação da Disciplina
A Filosofia teve sua origem na Grécia Antiga e se constituiu como
pensamento há mais de 2600 anos. O ensino desta está pautado na problemática
do embate entre o pensamento de Platão e as teorias dos sofistas, sendo que
naquele momento histórico buscava-se compreender a relação entre o
conhecimento e o papel da retórica no ensino. Pensamentos como o de Platão e
de outros é que sustentaram o ensino dessa disciplina, sendo que muitas idéias se
divergiam como a de Platão que defendia que, sem uma noção básica das
técnicas de persuasão, a prática do ensino de filosofia teria efeito nulo sobre os
jovens. Já por outro lado também se pensava que o ensino de Filosofia se
limitasse somente a técnicas de sedução do ouvinte esta poderia estar
favorecendo posturas polêmicas, como o relativismo moral ou o uso pernicioso do
conhecimento (Diretrizes Curriculares/Livro de Filosofia, Antologia da Filosofia).
Uma das maiores preocupações ao delinear uma metodologia para o
ensino de Filosofia é a garantia de que os métodos não modifiquem o conteúdo,
pois não há verdades absolutas em determinados conteúdos, característica essa
que fundamenta a Filosofia.
Dessa forma a história do ensino da Filosofia no Brasil e no mundo tem
apresentado várias possibilidades de abordagem, De acordo com Ferrater Mora
citado nas Diretrizes Curriculares (2008) destacam-se: a divisão cronológica linear,
a divisão geográfica e a divisão por conteúdos.
Quanto à primeira esta se divide em: Filosofia Antiga, Medieval,
Renascentista, Moderna, Contemporânea e etc. Já a Geográfica em Filosofia
Ocidental, Africana, Oriental, Latino-Americana, dentre outras e etc. A dos
conteúdos em Teoria do Conhecimento, Ética, Filosofia Política, Estética, Filosofia
da Ciência, Ontologia, Metafísica, Lógica, Filosofia da Linguagem, Filosofia da
História, Epistemologia, Filosofia da Arte, etc.
Vale ressaltar que as divisões cronológicas e geográficas não ficam em
segundo plano pelo fato de se conceber a filosofia por meio de conteúdos
estruturantes, sendo estes vistos como conhecimentos basilares, que se
constituíram ao longo da História da Filosofia e de seu ensino, em momentos
diferentes, contextos e sociedades, ao contrário estas são absorvidas. No entanto
cabe enfatizar que cabe ao professor, tendo como norte suas leituras,
experiências, sua formação e especialidade fazer o recorte que achar necessário,
tendo em vista a pertinência do assunto a ser tratado, bem como contemplar os
desafios contemporâneos como à inclusão e à diversidade.
A Filosofia é muito ampla em relação a sua história e seus textos e por isso
muitas vezes nem sempre esgota sua produção, seus problemas e suas
especificidades. Neste sentido faz-se opção pelos conteúdos estruturantes que
serão citados no decorrer deste. Contudo, esta seleção não deixa de lado a
possibilidade de se trabalhar em sala de aula com história da filosofia, ao
contrário, pois sem uma base pautada no contexto histórico os temas filosóficos
poderão se tornar superficiais. Na verdade o que não deve acontecer é uma
seqüência linear e cronológica dos conteúdos a serem abordados em sala de aula,
pois tanto a história da filosofia quanto a ideias defendidas por renomados
filósofos constituem-se em fonte inesgotável de inspiração e devem instigar
discussões constantes na escola. O ensino de Filosofia deve ser desenvolvido de
tal forma a contemplar os diversos períodos da história da filosofia, bem como as
diversas maneiras por meio das quais discute-se as questões filosóficas.
É papel da Filosofia considerar as características e perspectivas que
marcaram cada período da história da filosofia. É preciso garantir que o ensino da
filosofia não perca algumas características essenciais tais como a capacidade de
dialogar de forma crítica e mesmo provocativa com o presente.
Cabe
enfocar
quanto
a
importância
da
filosofia
que
esta não estuda as descobertas cientificas, frases, respostas prontas. Na verdade
ela não se limita às verdades ligadas as condições humanas, ou a ciência, que por
sua vez possuem limitações (Diretrizes Curriculares/livro Didático, Antologia da
Filosofia).
O objetivo do estudo da Filosofia é a criação de conceitos. Ela está
preocupada com uma verdade maior, uma verdade que ultrapassa os limites da
razão humana, à qual somos instigados a buscar constantemente, por isso
enquanto o homem existir ele vai estar sempre em busca dessa verdade maior.
Quanto ao ensino de Filosofia no Brasil como disciplina esta aparece desde
o ensino jesuítico, sendo entendidos neste período como instrumentos de
formação moral e intelectual. Esta passou a fazer parte dos currículos oficiais e
tornou-se disciplina obrigatória com a Proclamação da República.
A Lei de Diretrizes e Bases n. 4.024/61 extinguiu a obrigatoriedade desta
disciplina e com a Lei n. 5.0692/71, durante o período da ditadura, esta
desapareceu dos currículos escolares do Segundo Graus, tendo em vista que a
mesma não servia aos interesses do período.
Nos anos 80 com o processo de abertura e de redemocratização política
voltou-se a discutir o retorno da Filosofia no Ensino Médio, tendo apoio de vários
movimentos, o que significou um grande marco na afirmação desta disciplina na
formação do estudante do Ensino Médio. Contudo não se teve grande êxito.
Porém, no ano de 1994 com o apoio dos professores da Rede Pública de
Ensino iniciaram-se novas discussões e estudos, a fim de elaborar uma proposta
curricular para esta disciplina no Ensino Médio, o que resultou num documento
denominado “Proposta Curricular de Filosofia para o Ensino de Segundo Grau”, no
entanto mais uma vez devido a mudança de governo esta caiu mais uma vez no
esquecimento e deixou de ser aplicada nas escolas do Estado do Paraná. Em
seguida muitos outros direcionamentos foram tomados, mas nada que realmente
assegurasse a importância desta disciplina.
Foi somente em fevereiro de 2006 que discutiu-se a proposta de mudança
na Resolução CNE/CEB n. 03/98, no seu artigo 10°, sendo que a mesma foi
aprovada por unanimidade, o que tornou a Filosofia e a Sociologia como
disciplinas obrigatórias no Ensino Médio.
No que se refere ao Estado do Paraná por meio da aprovação da lei n.
15.228 tornou-se obrigatório o ensino de Sociologia e Filosofia na Matriz Curricular
do Ensino Médio.
Tendo em vista o exposto acima os professores de Filosofia começaram a
discutir sobre uma série de questões relacionadas a essa disciplina e entre tais
mostraram uma grande preocupação no que diz respeito a metodologia e o
conteúdo. Diante disso o grande desafio que se instaura é que cada educador
deve definir para si mesmo o lugar de onde pensa e fala, ou seja, definir o local
onde o ensino se realiza e a qual sujeito ele se dirige. Dessa forma é que se
poderá pensar em qual Filosofia ensinar. Vale ressaltar que as questões históricas
ganham espaço neste cenário.
Não podemos esquecer ainda, de tratar da cultura afro-brasileira, como
objetivo da disciplina de Filosofia, reconhecendo positivamente a história desta
cultura, aproveitando os conhecimentos dessa área e resgatando assim a
importância da mesma, e também despertar o interesse pela cultura afro-brasileira
através de uma educação compatível com uma sociedade democrática,
multicultural e pluri-étnica e levando ao conhecimento do aluno a cultura afrobrasileira amparados pela Lei nº 10.639/03 traz a obrigatoriedade da inserção da
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
Estudar a história e a Cultura Afro-Brasileira e Africana é muito mais do que
buscar relações de igualdade e superação do preconceito racial, pois com essa
inserção busca-se o aceitamento da diversidade humanística a fim de construir
identidades. Essa mudança no conteúdo dessa disciplina é uma forma de trazer
para a sociedade uma nova luz a respeito das relações sociais, bem como a
importância de todos os grupos étnicos raciais que compõem a população
mundial.
É importante também desenvolver atividades relacionadas A Educação
Fiscal também vista como uma proposta de estimular o cidadão a refletir sobre a
função socioeconômica, possibilitar aos cidadãos o conhecimento sobre
administração pública, incentivar o acompanhamento, pela sociedade, da
aplicação dos recursos públicos e criar condições para uma relação harmoniosa
entre o Estado e o cidadão ( Diretrizes Curriculares)
Também deve ser trabalhado o tema Meio Ambiente, tendo em vista
atuação situação de degradação em que se encontra o Planeta, sendo muitas
vezes causas da ação humana e assim todo sujeito deve ser atuante no sentido
de mudar o atual quadro.
Destaca-se que todos esses temas serão trabalhados em todas as séries
do Ensino Médio.
B) Conteúdos
1º ANO
Conteúdo Estruturante:
 Mito e Filosofia e Teoria do Conhecimento.
Conteúdo Básico:

Saber mítico;

Saber filosófico;

Relação Mito e Filosofia;

Atualidade do mito;

O que é filosofia;

Possibilidade do conhecimento;

As formas de conhecimento;

O problema da verdade;

A questão do método;

Conhecimento e lógica.
Conteúdo Específico:
1º Trimestre
1- Introdução ao estudo da filosofia:

Para quê a Filosofia;

Origem da Filosofia;

O conhecimento filosófico;

Filosofia e conhecimento de si;

A filosofia na História.
2º Trimestre
2- Mito:

Passagem do mito para a razão;

O pensamento mítico;

Diferença de conhecimento mítico para conhecimento
filosófico.
3º Trimestre
3- Teoria do Conhecimento:

A concepção de verdade;

O que é verdade;

O que é conhecer;

O senso comum;

A Ideologia.
2º ANO
Conteúdo Estruturante:
 Ética e Filosofia Política.
Conteúdo Básico:

Ética e Moral;

Pluralidade Ética;

Éica e Violência;

Razão, desejo e vontade;

Liberdade: autonomia do sujeito e a necessidade de
normas;

Relações entre comunidade e poder;

Liberdade e igualdade política;

Política e Ideologia;

Esfera Pública e Privada;

Cidadania formal e participativa.
Conhecimento Específico:
1º Trimestre
1- Ética:

A violência e suas múltiplas manifestações;

Os meios de comunicação de massa;

A alienação;

O que são valores éticos e morais (Educação Fiscal,
Cultura Afro-brasileira, Meio Ambiente).
2º Trimestre

Cultura;

Afetividade -paixão, amor e amizade;

A estética e o Universo das Artes;
3º Trimestre
2- Filosofia Política:

O que é política;

Concepções Políticas.
3ºANO
Conteúdo Estruturante:

Filosofia da Ciência;

Estética.
Conteúdos Básicos:

Concepções de Ciência;

A questão do método científico;

Contribuições e limites da ciência;

Ciência e Ideologia;

Ciência e Ética;

Natureza da Arte;

Filosofia e Arte;

Categorias Estéticas: Feio, belo, sublime, trágico,
cômico, grotesco, gosto, etc.
Estética e Sociedade.

Conteúdos Específicos:

Ética

Política e suas concepções

O que é política

Cidadania e participação

Razão, desejo e vontade
1º Trimestre
1- Filosofia da Ciência:
 A ciência- uma análise filosófica.
2º Trimestre
2- Estética:
 A estética.
3º Trimestre
3- Cultura Afro-brasileira:

Visão histórica do trabalho e cultura;

Visão filosófica do trabalho e cultura.
C) Metodologia da disciplina
Sendo
que
um
dos
objetivos
do
Ensino
Médio
é
a
formação
pluridimensional e democrática que seja capaz de oferecer aos educandos a
possibilidade de compreender o mundo que a cerca, suas particularidades e
especializações para que com esse conhecimento o aluno possa dialogar e
pensar seu cotidiano com mais clareza. Para tanto serão utilizados os seguintes
encaminhamentos em sala de aula:
1- Pesquisa sobre o tema a ser abordado com roteiro pré-estabelecido pelo
professor;
2- Questionamentos, discussões dirigidas e seminários acerca do tema,
levando o aluno a dialogar com os problemas do cotidiano e com seu
próprio universo;
3- Buscar em diversas produções materiais, em especial, textos filosóficos
clássicos e seus comentadores para trabalhar em sala de aula;
4- Leituras com roteiro de análise;
5- Sínteses de textos debatidos com roteiro estabelecido pelo professor;
6- Produção de textos com temas pré-estabelecidos pelo professor, cartazes,
painéis, maquetes e relatórios;
7- Exercícios orais e escritos contextualizados e que exijam cognição e não
privilegiem somente a memorização;
8- Exibição de vídeos relacionados ao tema com roteiros ou itens de análise;
9- Pesquisa de campo com roteiros ou itens de análise;
10-Resolução de problematizações sugeridas pelo professor e/ou alunos.
Encaminhamento Metodológico
O trabalho com os conteúdos estruturantes da filosofia e seus conteúdos
básicos dar-se-á em quatro momentos:
 A mobilização para o conhecimento
 A problematização
 A investigação
 A criação de conceitos
D) Avaliação
É certo que a avaliação é discutida e definida por diversos estudiosos e
entre esses se destaca Luckesi (2005,172), o qual assim a conceitua: “Defino a
avaliação como um ato amoroso, no sentido de que a avaliação por si é um ato
acolhedor, integrativo, inclusivo”.
As palavras do autor acima citado em relação a avaliação vem ao encontro
com a proposta das DCEs que incita a responsabilidade da Escola Pública que
deve agir no sentido da diminuição das desigualdades sociais e na participação da
construção de uma sociedade mais justa e igualitária, opondo-se aquela avaliação
classificatória e autoritária que perpetua a exclusão.
Luckesi (2005) também defende a idéia de uma avaliação diagnóstica,
formativa e somativa, sendo que a mesma deverá servir como um instrumento de
compreensão do estágio de aprendizagem que o aluno se encontra para então de
posse dos resultados dessa sondagem que estabeleça critérios avaliativos a
serem observados pelo professor e que conduzam o aluno a uma progressão do
conhecimento histórico, tomar atitudes e procedimentos que façam com que o
aluno avance.
Nesta perspectiva a avaliação deverá ser contínua e de diferentes formas
como: pesquisas, participação oral e escrita, produções etc. Deve ser feita
também
uma
retomada
imediata
dos
conteúdos
após
as
avaliações,
proporcionando aos alunos que não atingiram o objetivo a oportunidade de
prestarem outra avaliação, ou demonstrarem aptidão por meio de trabalhos a
atividades diferentes daquela primeira, visando à superação do conteúdo não
apropriado.
Critérios de Avaliação
 Compreende a importância da preservação da memória da filosofia
para a evolução humana.
 Analisa a importância da ética para a evolução como pessoa.
 Analisa a visão e a capacidade que o jovem tem de pensar e como
pensar as coisas.
 Desenvolve a capacidade de pensar e avaliar o comportamento
humano.
 Elabora o desenvolvimento das relações, passado/presente da
humanidade.
 Estabelece a civilidade no comportamento dos jovens com relação a
Deus e aos homens.
 Recuperação paralela.
E) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da Aprendizagem na Escola. Ed. Cortez, São
Paulo, 2005.
PARANÁ. Secretaria de Estado da educação Superintendência da Educação.
Diretrizes Curriculares de Filosofia para a Educação Básica. Curitiba: SEED,
2008.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação Superintendência da Educação
Departamento de Ensino Fundamental. História e Cultura Afro-Brasileira e
Africana: Educando para as Relações Étnico-Raciais. Curitiba: SEED, 2006.
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